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ESTABILIDADE DE ESTABILIDADE DE MEDICAMENTOSMEDICAMENTOS Prof. Erika Liz ESTABILIDADEESTABILIDADE � É a capacidade de um produto de manter suas características originais conforme as suas especificações de pureza, qualidade e potência. � O estudo da estabilidade se realiza em uma fase prévia da comercialização de um produto novo, ou quando se efetuaram mudanças no processo de elaboração. Portaria nº 500/MS/SNVS, de 9 de outubro de 1997 INTRODUÇÃOINTRODUÇÃO � Todos os materiais sofrem alterações, com o tempo, sob a ação do ambiente: ◦ Materiais extraídos da natureza ◦ Materiais sintéticos � Meio ambiente: fatores ambientais ◦ Físicos: luz (radiação UV, IV) ◦ Umidade ◦ Calor ◦ Microrganismos IntroduçãoIntrodução � Com os fármacos ocorre o mesmo: ◦ Fármacos puros são mais estáveis que em misturas: as chances de interação com outros materiais aumentam � Medicamentos são misturas de fármacos e veículos ou excipientes ◦ Fármacos em formas sólidas são mais estáveis que em formas líquidas: as reações químicas ocorrem melhor em meio líquido IntroduçãoIntrodução ◦ Fármacos sujeitos a algum processamento são também mais facilmente decompostos: granulação úmida, secagem, aquecimento para facilitar a solubilização, etc. � Maior exposição aos agentes ambientais: oxigênio, luz, aquecimento, microrganismos IntroduçãoIntrodução � A decomposição dos fármacos, puros ou nos medicamentos, obriga aos fabricantes estipular a sua data de validade ◦ Baseados em experimentos que permitem estimar o tempo em que os fármacos permanecem em condições de exercer seu efeito sem alterar sua toxicidade Estabilidade físicaEstabilidade física � A estabilidade física significa que o medicamento não sofreu alterações, durante seu armazenamento, que impliquem em mudança das características físicas: ◦ Aspecto, cor, odor, sabor ◦ Aparecimento de cristais em soluções ◦ Dureza ou friabilidade em comprimidos ◦ Separação de fases em emulsões Estabilidade físicaEstabilidade física ◦ Separação de fases em emulsões Estabilidade físicaEstabilidade física � Outros exemplos: ◦ Supositórios: fusão fora da faixa ideal ◦ Comprimidos e cápsulas: alteração do tempo de dissolução do fármaco ◦ Suspensões: formação de sedimento compactado; alteração do tamanho de partícula ◦ Todas as formas: aparecimento de polimorfismo Polimorfismo do Polimorfismo do ibuprofenoibuprofeno em diversos solventesem diversos solventes � Optical micrographs of crystal habit of racemic (±)-ibuprofen grown in various solvents by cooling with various shape factors (in square brackets) (scale bar = 200 µm): (a) acetonitrile [2.5], (b) benzene [5.0], (c) n-butyl alcohol [2.0], (d) chloroform [2.2], (e) N,N- dimethylaniline [4.0], (f) N,N- dimethylformamide [1.6], (g) dimethyl sulfoxide [6.5], (h) 1,4-dioxane [3.6], (i) ethanol [2.9], (j) ethyl acetate [3.3], (k) n-heptane [4.3], (l) isopropyl alcohol [2.3], (m) methanol [3.1], (n) methyl tert-butyl ether [4.3], (o) methyl ethyl ketone [3.1], (p) tetrahydrofuran [2.6], (q) toluene [4.5], and (r) p-xylene [5.3]. Estabilidade químicaEstabilidade química � É a capacidade da forma farmacêutica em manter a identidade molecular do fármaco � Mecanismos principais de degradação química: ◦ Hidrólise ◦ Oxidação ◦ Fotólise ◦ Outros (racemização, dimerização, etc.) Estabilidade químicaEstabilidade química � A estabilidade química depende de: ◦ Umidade: em meio líquido as reações de decomposição aumentam pois as moléculas estão mais sujeitas a colisões estando em solução ◦ Temperatura: a temperatura catalisa a maioria das reações ◦ Luz ◦ pH Estabilidade químicaEstabilidade química � Efeito da temperatura: ◦ Em geral, o aumento de 10 graus na Temperatura, acelera em 2 a 5 vezes a velocidade de uma reação ◦ Importante lembrar que, em nosso país, a temperatura ambiente varia muito, ultrapassando os 30º C ◦ A temperatura é um importante catalisador das reações de hidrólise e oxidação Estabilidade químicaEstabilidade química � Hidrólise ◦ Ocorre quebra da molécula de fármaco pela ação da água – a água é um reagente ◦ Há grupos funcionais que favorecem a hidrólise: � Lactonas (ésteres cíclicos) � Lactamas (amidas cíclicas) � Ésteres � Amidas Hidrólise Hidrólise �Mecanismo: Hidrólise Hidrólise � Lactamas Hidrólise Hidrólise Hidrólise Hidrólise Hidrólise da cefotaxima sódica Hidrólise e pHHidrólise e pH � O pH é um importante catalisador da hidrólise ◦ Em pH baixo: aumenta a eletrofilicidade da carbonila com a protonização do Oxigênio ◦ Em pH alto aumentam hidroxilas nucleófilas para ataque � Existe um pH ótimo, no qual a hidrólise é mínima Hidrólise e pHHidrólise e pH HidróliseHidrólise � Como evitar ou diminuir a hidrólise: ◦ Remover a água: substituir por solventes como glicerina, sorbitol. Nem sempre é possível. ◦ Proteger da umidade, usar dessecantes formas sólidas ◦ Preparar suspensões em vez de soluções ◦ Acondicionamento impermeável Estabilidade químicaEstabilidade química � Como evitar ou diminuir a hidrólise: ◦ Remover traços de metais que podem catalisar a hidrólise: � uso de quelantes: EDTA, ác. tartárico, ác. cítrico, polifosfatos, ác. Glucônico ◦ Ajustar o pH e propiciar sua manutenção: � Soluções tampões de fosfato, de ácido bórico, acetato, entre outras ◦ Manter boas condições de temperatura e umidade OxidaçãoOxidação � Reação que ocorre na presença de oxigênio, com o ganho de oxigênio ou perda de hidrogênio � É iniciada tanto pela luz como pela presença de metais � Caracteriza-se por uma série de reações em cadeia mediadas por radicais livres OxidaçãoOxidação �Compostos sujeitos à oxidação ◦ Alcenos ◦ Aldeídos ◦ Heteroátomos adjacentes a anel benzênico (hidroquinonas) ◦ Tióis e compostos de enxofre não totalmente oxidados OxidaçãoOxidação � Reação de degradação da vitamina C OxidaçãoOxidação �Como evitar ou reduzir a oxidação: ◦ Remover traços de metais ◦ Evitar a luz ◦ Reduzir o contato com oxigênio ◦Manter a temperatura ◦ Usar anti-oxidantes OxidaçãoOxidação � Quelantes ◦ EDTA (edetato de sódio, ác. edético) � Anti-oxidantes ◦ Ácido ascórbico ◦ Sulfitos (sulfito e metabissulfito de sódio) ◦ Ácido ascórbico e seus ésteres, ◦ Tocoferóis ◦ BHT (butilhidroxitolueno), BHA (butilhidroxianisol) ◦ Sulfoxilato Fotólise Fotólise � A luz UV afeta as ligações químicas fornecendo energia para a separação dos elétrons compartilhados entre os dois átomos dessa ligação. Pode resultar em: ◦ Formação de radicais livres no processo de oxidação ◦ Lise da molécula formando dois radicais ◦ A quebra da molécula pode causar isomerização FotóliseFotólise � Fármacos sujeitos à fotólise: ◦ Vitaminas (A, B1, B12, D, E) ◦ Ácido fólico ◦ Corantes ◦ Dipirona ◦ Ácido meclofenâmico ◦ Metotrexato ◦ Fenotiazinas ◦ Corticóides:hidrocortisona, metilprednisolona Fotólise Fotólise � Como prevenir os efeitos da ação da luz: ◦ Fármacos oxidáveis: uso de anti-oxidantes e quelantes, proteção contra O2, temperatura de armazenagem adequada, material de acondicionamento opaco ou âmbar. ◦ Fármacos sujeitos à fotólise: proteção da luz Racemização Racemização � É a conversão de um isômero em outro, resultando em mistura de ambos, geralmente, acompanhada de perda de atividade � Ocorre com compostos que possuem C assimétricos � Seus isômeros são denominados de enantiômeros � Pode ocorrer: ◦ Luz ◦ pH ◦ Tipo de solvente ◦ Presença de grupos aromáticos na molécula podem facilitar Racemização Racemização � O ibuprofeno, embora tenha isômeros, não é administradona forma de um enantiômero, pois transforma-se rapida e preferencialmente na forma mais ativa no organismo Racemização Racemização � O naproxeno é fornecido na forma S suas preparações requerem controle de pH para não haver racemização Racemização Racemização � A teratogenicidade da talidomida se deve a um de seus enantiômeros. Não só pode haver perda de atividade na racemização... Racemização Racemização �Como prevenir a racemização: ◦ Escolha adequada de solvente e pH ◦ Proteção da luz ◦ Controle de temperatura Estabilidade microbiológicaEstabilidade microbiológica � A contaminação microbiana acarreta em perda de estabilidade química e física ◦ Odor, cor e cheiro desagradável ◦ Presença de patogênicos � Os agentes são: algas, bactérias e fungos � As formas particularmente susceptíveis são as preparações líquidas e semi- sólidas Estabilidade microbiológicaEstabilidade microbiológica �Principais causas ◦ contaminação ambiental ◦ pessoal ◦matérias-primas: água, produtos de origem natural, insumos em geral ◦ concentração ou tipo de conservante inadequado ◦ inativação de conservantes Estabilidade microbiológicaEstabilidade microbiológica � Como evitar a perda de estabilidade microbiológica: ◦ Uso de matérias-primas dentro dos limites microbianos especificados ◦ Boa qualidade microbiológica da água ◦ Produção dentro das GMPs – qualidade ambiental adequada, higiene pessoal, etc. ◦ Uso de conservantes para não estéreis ◦ Controle e validação de processos de esterilização Estabilidade microbiológicaEstabilidade microbiológica � Conservantes: � São adjuvantes que mantém, dentro dos limites preconizados, a carga microbiana presente nas formas não estéreis durante o armazenamento e a qualidade microbiana nas estéreis multidose durante o uso ◦ Uso externo:álcool benzílico, parabenos, imidazolidiluréia, cloreto de benalcônio, cloroxilenol ◦ Uso interno: Benzoato de sódio ( até 0,5%), ácido benzóico (0,01%), parabenos – metil, propil, hidroxietil (0,05 a 0,4%) Outros fatores que levam a perda Outros fatores que levam a perda de estabilidadede estabilidade � Interações entre fármaco e excipientes ◦ Físicas: formação de misturas eutéticas ◦ Químicas: interação química (lactose e metformina, lactose e ranitidina, conservantes e tensoativos) ◦ Outras: alteração da dissolução de fármaco com o tempo � Interações entre o fármaco e o recipiente Outros fatores que levam a perda Outros fatores que levam a perda de estabilidadede estabilidade � Interações entre o fármaco e o recipiente: ◦ Vidros: tipos I, II. III e NP - dependendo do tipo pode ceder OH-, óxidos de sódio e cálcio ou traços de metais (Fe, Mg) que catalisam reações de oxidação; ◦ Metais - cedem Fe, Cu, Pb, Al catalisando reações; ◦ Plásticos e borrachas - possuem na sua composição estabilizantes, anti-oxidantes, lubrificantes, corantes, plastificantes e outros. Também adsorvem fármacos e conservantes Estabilidade de produtos Estabilidade de produtos manipuladosmanipulados � Data ou prazo de validade: deve ser fixado pelo Controle de Qualidade � Deve ser apoiado por informações da literatura � Orientações da Farmacopéia Americana Estabilidade de produtos Estabilidade de produtos manipuladosmanipulados � Conforme USP/NF para formulações manipuladas extemporâneas e válidas para recipientes bem vedados e armazenagem à temperatura controlada, o tempo de validade pode se estender por: ◦ Líquidos não aquosos e formulações sólidas � Matérias-primas USP/NF: não mais que 6 meses � Contendo produtos industrializados: 25% do prazo de validade original e no máximo 6 meses Estabilidade de produtos Estabilidade de produtos manipuladosmanipulados ◦ Fórmulas contendo água: quando preparadas com matérias-primas sólidas, não mais que 14 dias ◦Outras: 30 dias ou o tempo da duração da terapia, podendo se estender caso haja informações sobre a estabilidade que possam justificar Estabilidade de produtos Estabilidade de produtos industrializadosindustrializados � Estudos de estabilidade: ◦ Conhecer os produtos de decomposição ◦ Estabelecer o acondicionamento ◦ Estabelecer o prazo de validade Estabilidade de produtos Estabilidade de produtos industrializadosindustrializados � Prazo de validade: ◦ Período no qual os medicamentos mantém seus atributos dentro de limites considerados aceitáveis, ex.: �Teor de fármaco (95-105%) �Carga microbiana �Compostos de decomposição Estabilidade de produtos Estabilidade de produtos industrializadosindustrializados �Prazo de validade: ◦ Testes de estabilidade: �Preliminar �Condições drásticas �Acelerada �Condições de temperatura e umidade relativa que permitam extrapolação �Tempo de prateleira ou shelf –life �Condições de temperatura e umidade ambiente
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