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A etica e a pluralidade aula 4

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Prévia do material em texto

A ÉTICA E A PLURALIDADE CULTURAL CONTRIBUINDO NA FORMAÇÃO 
DE CIDADÃOS 
Andrêza Gomes de Souza 
andrezgeo@yahoo.com.br 
Camilla Ferreira Gouveia 
camilla_fgouveia@yahoo.com.br 
Elaine Aparecida Borges 
eab8284@yahoo.com.br 
Michelly de Lourdes Lopes 
michelly_geo@yahoo.com.br 
Instituto de Geografia – Universidade Federal de Uberlândia 
INTRODUÇÃO 
Parâmetros  Curriculares  Nacionais  ­  PCN  ­  são  referências  para  os  Ensinos 
Fundamental e Médio, e foram elaborados pelo Governo Federal com o objetivo de auxiliar 
as equipes escolares na execução de seus trabalhos, tendo em vista um projeto pedagógico 
em função da cidadania do aluno. O mesmo é resultado de meses de trabalho e de discussão 
realizados por especialistas e educadores de todo o país, devendo ser aplicado às escolas da 
rede pública e particular de todo o território brasileiro (BRASIL, 2007). 
Os PCN´s  foram  estruturados em dez  volumes, em razão de possuir um  conteúdo 
extenso  e  proporcionar  manuseio  mais    prático  e  eficiente.  O  primeiro  volume  é  a 
introdução  geral  que  se  aplica  a  todas  as  disciplinas  curriculares,  do  segundo volume  ao 
oitavo  trabalham­se  com  os  conteúdos  das  disciplinas  obrigatórias  como  Língua 
Portuguesa, Matemática,  Geografia,  História,  Ciências Naturais,  Arte,  Educação  Física  e 
Língua Estrangeira. O décimo volume caracteriza­se por sua transversalidade, ou seja, trata 
dos  temas  que  devem  ser  trabalhos  em  todas  as  disciplinas  curriculares  consideradas 
obrigatórias. 
Os  temas  transversais dos Parâmetros Curriculares  incluem Ética, Meio ambiente, 
Saúde,  Pluralidade  cultural  e  Orientação  sexual.  Eles  expressam  conceitos  e  valores 
fundamentais à democracia e à cidadania e correspondem a questões importantes e urgentes 
para a sociedade, presentes sob várias formas na vida cotidiana.
Neste  sentido,  objetiva­se  com  o  presente  trabalho,  compreender  conceitos  e 
conteúdos a serem abordados que estão inseridos nas temáticas Ética e Pluralidade Cultural, 
pensando  ainda  em  formas  de  trabalhar  tais  conceitos  em  sala  de  aula.  Para  tanto, 
fundamentou­se  o  trabalho  baseando­se  nos  preceitos  do  10º  volume  dos  PCN’s, 
correspondente aos temas transversais. 
ÉTICA 
De  acordo  com  Instituto  Paulo  Freire  (2008),  o  tema  Transversal  Ética,  deverá 
proporcionar ao aluno o entendimento do conceito de justiça baseado na equidade e ainda 
sensibilizá­lo para a necessidade de construção de uma sociedade  justa, adotando atitudes 
de solidariedade, cooperação e repúdio às  injustiças sociais. Para tanto, deve­se discutir a 
moral  vigente e  tentar  compreender os valores presentes  na sociedade analisando quando 
eles devem ou podem ser mudados, visto que os mesmos são instrumentos de construção da 
sociedade. 
O  Trabalho  pedagógico  que  envolve  os  temas  transversais  exige  que  o  professor 
adeque sua ação, uma vez que esse projeto envolverá, além do conteúdo específico de sua 
área, as demais temáticas pertinentes aos temas transversais. 
A ética e a moral são termos freqüentemente usados como sinônimos, no entanto há 
uma distinção  entre  eles. A  ética  é  uma das  áreas  da  filosofia  que  investiga  sobre  o  agir 
humano na convivência com os outros e a moral que surge dessa convivência. A palavra 
ética provém do grego ethos, que significa hábitos, costumes, e se refere à moradia de um 
povo  ou  sociedade.  O  termo  moral,  por  sua  vez,  provém  do  latim  moralis  e  significa 
costume,  conduta.  A  Moral  é  o  conjunto  de  normas  e  condutas  reconhecidas  como 
adequadas  ao  comportamento  humano  por  uma  dada  comunidade  humana  e  estabelece 
princípios  de  vida  capazes  de  orientar  o  homem  para  uma  ação  moralmente  correta 
(NASCIMENTO; OLBRZYMEK, 2007). 
A  moral,  segundo  PCN  (1998),  é  o  conjunto  de  princípios,  crenças,  regras  que 
orientam o  comportamento  dos  indivíduos  nas  diversas  sociedades  é  no  campo da moral 
que dominam os valores relacionados ao bem e ao mal, como aquilo que deve ser buscado 
ou  de  que  se  deve  afastar.  Assim,  torna­se  necessária  a  elaboração  de  critérios  que
classifiquem  as  ações  como  boas  ou  más,  corretas  ou  inadequadas,  e  que  orientem  e 
justifiquem a escolha do cidadão. A ética, por sua vez, é a reflexão crítica da moral e serve 
para  verificar  a  coerência  entre  práticas  e  princípios,  questionando  e/ou  reformulando os 
valores e as normas estabelecidas pela moral. 
Em relação às regras morais, é  importante que estas sejam  legitimadas, e para que 
essa  legitimação  ocorra  de  fato,  é  necessário  haver  a  possibilidade  de  pertencimento  e 
inclusão na sociedade. Para que o individuo se incline a legitimar determinado conjunto de 
regras, é necessário que o veja traduzindo algo de bom para si. Se vir nas regras aspectos 
contraditórios ou estranhos ao seu bem estar,  esse  indivíduo simplesmente não  legitimará 
os valores subjacentes a ela (BRASIL, 1998). 
A  educação  tem  tido  o  papel  de  socialização  da  cultura,  do  conhecimento  e  dos 
valores.  A  moral  e  a  ética  devem,  portanto,  ser  transmitidas  às  novas  gerações  e  essa 
difusão do conhecimento ocorre dentro da escola. A escola tem uma dimensão moral, mas 
esta  não  deve  ser  considerada  a  única  instituição  social  capaz  de  educar  moralmente  os 
cidadãos.  A  família  tem  também  papel  importante  ao  lado  da  escola,  sendo  o  primeiro 
espaço de convivência do  indivíduo, onde o mesmo  inicia seu processo de conhecimento. 
Outro importante meio de socialização da moral e da ética são os meios de comunicação de 
massa nos espaços públicos e privados, o que lhes conferem um grande poder de influência, 
de veiculação de valores e de modelos de comportamento (BRASIL, 1998). 
Assim,  as  relações  entre  as  pessoas  são  mediadas  pelas  instituições  em  que  elas 
convivem, pelas classes e categorias a que pertencem e pelos interesses e poderes que nelas 
circulam.  A  sociedade  é  constituída  pela  diversidade,  que  tem  como  implicação  uma 
multiplicidade  de  comportamentos  e  relações,  o  que  guarda  a  possibilidade  de 
enriquecimento  das  pessoas  envolvidas.  Entretanto,  cada  indivíduo  possui  sua 
particularidade, se diferenciam um dos outros. Verifica­se que nem sempre a diversidade e 
a  singularidade  são  reconhecidas,  gerando  o  preconceito  tal  qual  como  conhecemos. Do 
ponto de vista ético, o preconceito pode traduzir­se de várias formas, sendo a mais comum 
o  não  reconhecimento  da  universalidade  de  alguns  princípios  morais  universais.  Outra 
tradução dos preconceitos é a intolerância, pois não se aceita a diferença e tenta­se, de toda 
forma,  censurá­la  e  silenciá­la.  No  contexto  escolar  o  professor,  enquanto  mediador  do 
conhecimento,  deve  trabalhar  com  a  multiplicidade  de  comportamentos  e  culturas,
considerando a individualidade de cada individuo, incentivando o respeito mútuo com base 
em regras de convívio social estabelecidas. 
A  moral  pode  ser  percebida  no  contexto  escolar  por  meio  das  regras  instituídas 
pelos  professores,  nos  livros  didáticos  e  pela  instituição  escolar  como  um  todo,  a  ética, 
sendo a reflexão da moral, deve ser  trabalhada pelos educadores em sala de aula, visando 
despertar nos educandos o  senso crítico e  fazendo com que os mesmos sejam capazes de 
compreender  as  relações  existentes  na  sociedade  em que vivem. Em  referência  à  ética,  é 
fundamental que, ao planejar as atividades a serem abordadas com os alunos, os professores 
selecionem conteúdos que explicitem e despertem a curiosidadepelas diferentes formas de 
organização social e culturas existentes no mundo e pelos diferentes valores que sustentam 
o convívio, na escola e fora dela. 
A  escola  é  uma  instituição  pela  qual espera­se  que  passem  todos  os membros  da 
sociedade,  coloca­se  na  posição  de  ser  mais  um  meio  social  na  vida  desses  indivíduos. 
Também veicula valores que podem convergir ou conflitar com os que circulam nos outros 
meios  sociais  que  os  indivíduos  freqüentam  ou  a  que  são  expostos.  Nesse  contexto,  ao 
longo dos anos, algumas tendências surgiram como forma de abordar a questão da moral e 
da ética, de forma que, segundo o PCN (1998), as tendências propostas são: 
o  Tendência Filosófica: Não se procura  fazer uma discussão sobre o 
que  é  o  bem  e  o  mal,  mas  promover  o  conhecimento  das  várias 
opções  de  pensamento  ético,  para  que  os  alunos  os  conheçam  e 
reflitam sobre eles. 
o  Tendência Cognitivista: Esta tendência dá importância ao raciocínio 
e  à  reflexão  sobre  questões  morais,  e  não  à  apresentação  de  um 
elenco de valores a serem ‘aprendidos’ pelos alunos. Apresentam­se 
dilemas morais a serem discutidos em grupo 
o  Tendência  Afetivista:  Procura­se  fazer  com  que  cada  um  tome 
consciênencia de suas orientações afetivas concretas, na esperança 
de  que,  de  bem  consigo  mesmo,  possam  conviver  de  forma 
harmoniosa com seus semelhantes. A tendência Afetivista acerta ao 
levar em conta os sentimentos dos alunos, porém, quando cada um 
tem seus próprios valores se torna individual e esse individualismo 
é incompatível com a vida em sociedade. 
o  Tendência  Moralista:  Ela  tem  um  objetivo  claramente 
normatizador:  ensinar  valores  e  levar  os  alunos  a  atitudes 
consideradas corretas de antemão. Os alunos  ficam sabendo muito 
bem quais valores os educadores querem que sejam legitimados.
o  Tendência  Democrática:  A  escola  democrática  não  pressupõe 
espaço  de  aula  reservado  aos  temas  morais.  Trata­se  de 
democratizar  as  relações  entre  os  membros  da  escola,  cada  um 
podendo  participar  da  elaboração  das  regras  e  discussões  e  das 
tomadas  de  decisão  a  respeito  de  problemas  concretamente 
ocorridos na instituição (BRASIL, 1998). 
Atualmente,  a  escola  deve  possibilitar  ao  aluno  a  capacidade  de  realizar  seus 
projetos, sendo que a qualidade desse aprendizado é condição fundamental para alcançar a 
qualidade moral de seus alunos. Além disso, é papel da escola proporcionar um convívio 
pautado  na  justiça,  no  respeito  e  na  solidariedade,  de modo que  estes  alunos  vivenciarão 
esses valores, incorporando­os a sua personalidade e levando essas práticas ao convívio em 
sociedade.  Para  que  esses  objetivos  sejam  alcançados,  cabe  a  escola  enfrentar  o  conflito 
existente entre as suas normas e regras pré­estabelecidas e aqueles valores que cada um de 
seus membros traz consigo. 
O professor, enquanto membro constituinte da instituição escolar deve planejar suas 
atividades de modo que, consiga estimular a participação dos alunos a serem co­autores do 
seu processo de aprendizagem. Ainda deve ser enfatizada a  importância de que o docente 
conheça  a  realidade  dos  seus  educandos,  para  proporcionar  aulas  com  conteúdos 
significativos  a  eles.  Cabe  destacar  ainda,  que  para  o  funcionamento  de  uma  gestão 
democrática, é importante que a escola possibilite a participação de todos nas decisões que 
são tomadas neste ambiente, uma vez que as determinações realizadas por uma pessoa ou 
por um grupo pequeno não abrangem o desejo e as necessidades da maioria. 
A  formação moral  do  cidadão  é  um dos  objetivos  previstos  pelo PCN,  para  tanto 
trabalham com temas referenciados ao principio da dignidade do ser humano. 
Tendo  em  vista  que  a  ética  é  um  tema  amplo  e  que  visa  o  desenvolvimento  da 
autonomia  moral  pelos  alunos,  para  que  estes  possam  compreender  e  atuar  de  maneira 
crítica diante dos valores e regras sociais, o PCN subdividiu os conteúdos éticos em blocos, 
são eles: Respeito, Justiça, Solidariedade e o Diálogo. 
Respeito mútuo 
O  respeito  pode  ser  entendido  como  a  valorização  da  cada  indivíduo  em  sua 
particularidade.  É  uma  atitude  carregada  de  sentimento  que  podem  ser  confundidos  de 
formas  diferentes,  como  de  submissão,  medo,  inferioridade  ou  pode  estar  associado  a
veneração  ou  consideração.  Este  deve  deixar  de  ser  apenas  uma  atitude  baseada  nas 
empatias das relações pessoais para tornar­se um princípio que norteie todas as condutas. 
O  princípio  de  que  todas  as  pessoas  devem  ser  respeitadas  independentes  de  sua 
origem social, etnia, sexo, religião, opinião assim como as manifestações sociais culturais 
dos diferentes grupos sociais que constituem a sociedade, fundamenta o respeito. 
A escola possibilita o convívio com diversos “tipos” de pessoas e assim os alunos 
podem e devem aprender ter o respeito por todos os alunos, isso é um dos papeis da escola. 
Assim,  se  verifica  que  dentro  das  escolas  o  preconceito  com  as  pessoas  que  não 
correspondem  ao  “modelo”  padrão  estabelecido  pela  sociedade  estão  presentes,  cabe  a 
escola (toda equipe) trabalhar para que isto não se estabeleça na instituição. 
Justiça 
O conceito de justiça remete ao respeito/cumprimento das leis. Mas essa dimensão 
legal de  justiças deve ser contemplada pelos cidadãos. No entanto, a ética é  insubstituível 
para avaliar de forma crítica, certas leis, permitindo perceber se há privilégio de alguns em 
detrimento de outros. Fazer  justiça é considerar a diversidade, pois só critério de equidade 
restabelece a igualdade respeitando as diferenças. Dentro da escola deve­se fazer da mesma 
maneira ao avaliar e julgar as atitudes dos alunos. 
Ouvir e valorizar diferentes opiniões também partilhar decisões ajuda na escolha da 
melhor decisão e a diminuir as injustiças e a escola também tem o papel de ensinar isso aos 
alunos. 
Os  indivíduos  desde  criança  está  sujeito  as  ações  justas  e  injustas,  a  medida  que 
crescem aumenta a capacidade de compreensão a respeito disso, e suas atitudes dependem 
de seu meio de convívio. 
Solidariedade 
Os  gestos  de  solidariedade  são  demonstrações  de  respeito  entre  os  indivíduos. 
Solidariedade  está  associada  à  doação,  a  ajuda,  a  tomar  para  si  questões  coletivas  e  se 
aplica também no exercício da cidadania. É importante que o aluno perceba a solidariedade 
ao ajudar um colega, assim como ao lutar por um ideal coletivo.
Diálogo 
O  diálogo  é  a  expressão  fundamental  da  relação  entre  os  seres  humanos,  doação 
mútua da palavra. Ser humano é ser  com os outros. Mas não deve ser confundido com o 
passar ordens, impor visões de mundo. Na escola o diálogo ocorre constantemente, mas não 
deve  se  limitar  a  perguntas  e  respostas  entre  professor  e  aluno  para  avaliação,  suas 
experiências devem ser integradas aos conteúdos trabalhados. Nas salas de aula pode ocorre 
que  alguns  alunos  monopolizam  a  fala,  enquanto  que  outros  não  se  manifestam  muitas 
vezes  por  medo  ou  insegurança,  cabe  ao  educador  assim  como  toda  a  sala  encontrar  o 
equilíbrio, para que assim as aulas tornem mais dinâmicas para todos. 
PLURALIDADE CULTURAL 
O  Brasil  é  marcado  como  sendo  um  país  com  uma  sociedade  plural,  onde  são 
encontrados  diferentes  grupos  étnicos  possuindo  diferentes  culturas,  com origem desde o 
inicio do processe de colonização, além dos posteriores movimentos migratórios, que foram 
responsáveis ao longo da historia do país, por colocar em contato grupos diferenciados. De 
acordocom  o  PCN,  convivem  hoje  no  território  nacional  cerca  de  210  etnias  indígenas, 
junto  com  uma  imensa  população  formada  pelos  descendentes  de  povos  africanos  e  um 
grupo numeroso de imigrantes e descendentes de povos de vários continentes. 
Visto  isso,  pode­se  destacar  assim,  a  importância  de  se  abordar  a  temática  da 
pluralidade  cultural  que  é  característica  do  país,  especialmente  durante  a  formação  dos 
indivíduos na escola, sendo que, segundo Gonçalves (2004): 
A temática da pluralidade cultural diz respeito ao conhecimento e á 
valorização  das  características  étnicas  e  culturais  dos  diferentes 
grupos sociais que convivem no território nacional, às desigualdades 
socioeconômicas  e  a  crítica  às  relações  discriminatórias  e 
excludentes  que  permeiam  a  sociedade  brasileira,  oferecendo  ao 
aluno a possibilidade de conhecer o Brasil como um país complexo, 
multifacetado e algumas  vezes paradoxal.  (GONÇALVES, 2004, p. 
72) 
Assim,  ao  deixar  claro  a  que  se  refere  a  temática  da  Pluralidade  Cultural,  vê­se 
como é fundamental o papel da escola como instituição formadora dos indivíduos que serão 
atuantes  no  cenário  da  sociedade,  pois  cabe  a  escola  o  papel  desafiador  de  formar  uma 
consciência baseada na existência da diferença entre pessoas e no respeito mútuo que deve
existir e permear as relações sociais. Dessa maneira, com a elaboração de um documento 
como os PCNs (Parâmetros Curriculares Nacionais), pautados na Lei de Diretrizes e Bases 
da  educação,  a  discussão  a  respeito  da  pluralidade  que  envolve  o  país  deve  passar  a  ser 
tratada nas escolas, procurando agir conforme propõe o próprio documento: 
O grande desafio da escola é reconhecer a diversidade como parte 
inseparável  da  identidade  nacional  e  dar  a  conhecer  a  riqueza 
representada  por  essa  diversidade  etnocultural  que  compõe  o 
patrimônio  sociocultural  brasileiro,  investindo  na  superação  de 
qualquer tipo de discriminação e valorizando a trajetória particular 
dos grupos que compõe a sociedade. (BRASIL, 1998) 
A partir disso, se espera que na escola aconteça a aprendizagem de que, no espaço 
público  pode  e  deve  ocorrer  a  coexistência  dos  diferentes,  eliminando­se  preconceitos  e 
discriminações  decorrentes  de  diferenças  raciais,  étnicas  e  culturais.  Isso,  entretanto,  só 
ocorrerá  a  partir  do  trabalho  com  alunos,  docentes  e  demais  membros  da  escola  e 
comunidade, tomando­se como base o contato com informações e discussões não somente 
durante um período pré­definido, mas sempre que necessário. O documento propõe ainda 
que o tema da Pluralidade Cultural traga uma concepção que explicita a diversidade étnica 
e cultural brasileira, buscando ainda compreender suas relações, apontando transformações 
necessárias,  além de oferecer  elementos  para  valorizar  as  diferenças  étnicas  e  culturais  e 
respeitar os valores do outro como expressão da diversidade. 
Ao aprofundar­se  na  temática da Pluralidade Cultural,  é necessário primeiramente 
que sejam relembrados alguns pontos, tais como o fato de que as culturas são produzidas 
pelos grupos sociais ao longo do tempo e de acordo com suas experiências e relações com o 
meio  e  com  outros  grupos.  A  diferença  entre  culturas  é  fruto  da  singularidade  desses 
processos em cada grupo social distinto, sendo que as mesmas, em geral, são transmitidas 
através  das  gerações  pela  linguagem  escrita,  fotográfica,  mas  principalmente  pela 
linguagem  oral.  Na  sociedade moderna,  inserida  no  modelo  capitalista  de  produção,  são 
claras  as  desigualdades  sociais  produzidas  pela  relação  de  dominação  e  exploração 
socioeconômica e política, sendo que, ao associar essa relação de dominação com a divisão 
social de classes, observa­se que, na maioria das vezes, a discriminação em relação a alguns 
grupos sociais é importante fator que impõe a esses uma inserção diferenciada na dinâmica 
social, sendo a eles destinada uma posição em classes consideradas inferiores, e que estarão
submetidas  a  exploração  pelas  classes  dominantes,  compostas,  em  geral,  por  indivíduos 
pertencentes a etnias ou raças consideradas superiores. 
Desse  modo,  quando  ocorre  a  articulação  entre  a  desigualdade  social  e  a 
discriminação  étnica,  racial  e  cultural,  tem­se  como  conseqüência  a  chamada  “exclusão 
social”, que leva essa parcela da população a impossibilidade de acesso a bens materiais e 
culturais  produzidos  pela  sociedade,  além  de  não  se  efetivar  a  participação  na  gestão 
coletiva  do  espaço  público  (Brasil,  1998,  PCN).  E  é  nesse  momento  que  deve  ser 
considerada  a  função  da  escola,  que  apresenta  a  possibilidade  de  mudar  a  situação  de 
discriminação praticada contra grupos sociais com etnia, raça e cultura diversas, visto que a 
instituição da escola como  formadora de  indivíduos, pode e deve  reconhecer a  variedade 
cultural  especialmente  em  se  tratando  de  um  país  como  o  Brasil,  ensinando,  assim,  a 
conhecer e valorizar a diversidade cultural. 
Porém,  essa  tarefa  da  escola  não  pode  ser  vista  de  forma  simplista,  pois  a 
dificuldade  em  se  tratar  sobre  temas  relacionados  a  preconceito  e  diversidade  cultural, 
étnica  e  racial  é  um  fator  histórico.  Neste  sentido,  visto  o  número  de  manifestações 
reivindicatórias  provenientes  especialmente  do  movimento  negro  no  Brasil,  inicia­se,  na 
década de 1990, um processo de surgimento de leis relativas ao reconhecimento e defesa da 
diversidade cultural brasileira, que propunham uma mudança curricular, tendo como base o 
artigo  5º  da  Carta Magna,  que  expõe:  “Todos  são  iguais  perante  a  lei  sem  distinção  de 
qualquer  natureza,  garantindo­se  aos  brasileiros  e  aos  estrangeiros  residentes  no  país  a 
inviolabilidade  do  direito  à  vida,  à  liberdade,  à  igualdade,  à  segurança  e  à  propriedade”. 
Entretanto, cabe relembrar que anteriormente a  isso, e também alcançada graças a muitas 
reivindicações, a mudança legal  já  instituída a partir da Constituição Federal Brasileira de 
1988 foi um marco, pois considerada como uma “Constituição Cidadã” representou “uma 
vitória  dos  ativistas  dos  direitos  civis”  (Gonçalves,  2004).  Porém,  embora  a  legislação 
tenha  evoluído  em  relação  a  seus  conceitos,  ainda  é  sabido  que mesmo que  a  prática  do 
racismo  seja  considerada  crime;  são  encontradas  dificuldades  para  o  enquadramento  da 
mesma conforme previsto em lei 
Dessa forma, o artigo 5º da “Carta Magna”, base das Diretrizes e Bases da Educação 
Nacional,  foi  também  fundamental  para  que  ocorresse  uma  mudança  nas  formas  de  se 
pensar  a  elaboração  de  currículos  escolares  sem  deixar  de  lado  questões  pertinentes  à
formação dos jovens como cidadãos críticos, atuantes e conscientes. Por isso, a lei 9394/96 
estabelece diretrizes e  bases da educação nacional,  estabelecendo diretrizes curriculares e 
os  conteúdos  mínimos  que  estas  devem  abordar.  Nessa  mesma  lei,  um  de  seus  artigos 
afirma que deve existir uma base curricular nacional, mas que essa poderá ser adaptada e 
complementada de acordo com as características regionais e locais, culturais e econômicas. 
Na  lei  10.639/03,  que  altera  a  anterior, ocorre  a  inclusão  no  currículo  oficial  da  rede  de 
ensino a obrigatoriedade da temática “História e Cultura afro­brasileira”, além da inserção 
do dia 20 de novembro como “Dia Nacional da Consciência Negra”. Todas essas alterações 
são  importantes  por  auxiliarem  na  valorização  não  apenas  da  cultura  negra,  mas  por 
permitiremcada  vez mais  que  haja  espaço  para  discussões  sobre  a  variedade  cultural  do 
país,  compreendendo  as  diferenças  e  valorizando­as. Complementar  às  leis  que  regem as 
diretrizes  e  bases  da  educação  nacional,  os  Parâmetros  Curriculares  Nacionais  (PCNs) 
surgem  como  documentos  apresentados  como  meta  educacional,  dando  orientação  às 
escolas  em  relação  as  suas  ações.  Esses  documentos  trazem  os  temas  transversais, 
essenciais  para  serem  tratados  na  escola,  não  esporadicamente  ou  em  uma  disciplina 
especifica,  mas  sim,  como  temáticas  interdisciplinares,  devem  ser  abordadas 
constantemente,  seja  em  debates,  trabalhos,  informações  ou  sempre  que  algum  ponto 
relativo  aos  temas  for  levantado  dentro  da  escola.  A  pluralidade  cultural,  como  tema 
transversal dos PCNs, deve passar a ser mais trabalhada nas escolas, sendo que seu caráter 
interdisciplinar permite seu tratamento dentre diversos campos do conhecimento, os quais 
oferecerão diferentes contribuições à temática, dentre eles: 
o  Fundamentos  éticos:  é  a  ética  que  norteia  e  exige  de  todos, 
propostas e  iniciativas que  visem  à superação do preconceito e da 
discriminação.  A  contribuição  da  escola  na  construção  da 
democracia  é  a  de  promover  os  princípios  éticos  de  liberdade, 
dignidade,  respeito  mútuo,  justiça  e  equidade,  solidariedade, 
diálogo no cotidiano; é a de encontrar formas de cumprir o principio 
constitucional de igualdade 
o  Conhecimentos jurídicos: a Constituição Federal Brasileira de 1988 
é uma das mais avançadas quanto aos temas do respeito à diferença 
e  do  combate  à  discriminação.  Possibilidades  se  abrem  com 
trabalho,  embates  e  entendimentos,  mediante  a  colocação  em 
prática de instrumentos jurídicos já disponíveis. 
o  Conhecimentos  históricos  e  geográficos:  a  formação  histórica  do 
Brasil mostra formas de resistência ao processo de dominação, em
busca da preservação da cultura de cada um dos povos que ajudam 
a  compor  a  população  brasileira:  índios,  europeus,  negros  e 
asiáticos 
o  Conhecimentos  sociológicos:  esses  conhecimentos  são 
indispensáveis  na  discussão  da  Pluralidade  Cultural,  pelas 
possibilidades que abrem de compreensão de processos complexos, 
onde se dão  interações entre  fenômenos de diferentes naturezas. A 
sociologia  permite  uma  discussão  acurada  de  como  as  diferenças 
étnicas,  culturais  e  regionais  não  podem  ser  reduzidas  à  dimensão 
socioeconômica de classes sociais. 
o  Conhecimentos antropológicos: antropologia caracteriza­se como o 
estudo das alteridades, no qual se afirma o reconhecimento do valor 
inerente  a  cada  cultura,  por  se  tratar  do  que  é  exclusivamente 
humano,  e  próprio  de  cada  grupo,  não  cabendo  qualquer 
classificação  que  sobreleve  uma  em  detrimento  da  outra.  Os 
conceitos  de  raça,  cultura  e  etnia  estão  intrinsecamente  ligados  à 
antropologia. 
o  Linguagens  e  representações:  a  escola  tem  a  oportunidade  de 
trabalhar demonstrando a existência, estrutura e uso de centenas de 
línguas,  podendo  promover  a  compreensão  de  como  se  instituem 
identidades e singularidades de diferentes povos e etnias. 
o  Conhecimentos populacionais: dados estatísticos sobre a população 
brasileira  conforme  distribuição  regional  podem  fornecer  um 
quadro  informativo  de  como  se  vive no Brasil,  sendo que para  os 
alunos,  essas  informações  significariam  a  possibilidade  de  um 
conhecimento mais adequado sobre o Brasil. 
o  Conhecimentos  psicológicos  e  pedagógicos:  sabe­se  que  um  dos 
fundamentos  psicológicos  da  discriminação  é  o  medo:  ele  é  a 
manifestação da insegurança, que deve ser revertido apenas quando 
encarado  e  trabalhado.  Existem  dois  pólos  do  preconceito  em 
relação  ao  medo:  quem  tem  preconceito  (medo  do  desconhecido, 
aquilo  que  pode  ser  ameaçador)  e  quem  o  sofre  (medo  como 
ameaça permanente diante da discriminação na sua forma extrema, 
que  busca  eliminar  o  discriminado). Deve­se  tratar  do  medo  com 
informação. (BRASIL, 1998) 
Assim  sendo,  como  já  foi  dito,  o  papel  da  escola  como  formadora  de  uma 
consciência pautada no conhecimento da diversidade que envolve a sociedade é definitivo, 
sendo  que,  através  da  freqüência  na  instituição  escolar,  os  alunos,  professores  e 
funcionários estão submetidos a convivência com a diferença, tendo que compreender que 
no espaço público, sempre existirá o contato entre variadas culturas, etnias, raças e modo de 
vida,  e  que  o  respeito  mútuo  deve  fazer  parte  dessa  relação.  Ao  abordar  a  temática  da 
pluralidade  cultural  em  sala  de  aula,  especificamente,  o  professor  oferece  aos  alunos
oportunidades de conhecimento de suas origens como brasileiros e como participantes de 
grupos  culturais  específicos,  valorizando  sua  própria  cultura  e  apreendendo  seu  próprio 
valor,  elevando  sua  auto­estima,  além  de  propiciar  também  a  valorização  da  cultura  do 
outro enquanto pertencente a grupos sociais diferenciados. 
A educação em conjunto com a veiculação de informações, seguindo­se essa  linha 
de pensamento, é capaz de combater a discriminação que se manifesta em gestos, palavras e 
atitudes, sendo que, para que isso aconteça, é necessária uma análise por parte da escola de 
suas relações, práticas e valores transmitidos. Ou seja, “a escola possui um desafio de criar 
outras formas de relação social e  interpessoal, posicionando­se critica e responsavelmente 
diante  delas”  (Brasil,  PCN,  1997). A  “prática  do  acobertamento  do  preconceito”  embora 
seja  a  mais  usual,  muitas  vezes  por  medo  de  admitir  a  idéia  de  preconceito,  deve  ser 
abandonada,  pois  essa  prática  apenas  esconde  a  discriminação  e  acaba  por,  mesmo  que 
indiretamente,  incentivá­la.  O  que  deve  ser  feito,  especialmente  em  sala  de  aula  com  os 
alunos,  é  que o  professor  traga  à  luz  sempre  essas  questões,  que  deverão  ser  entendidas 
como forma de aprendizagem e crescimento do grupo escolar. 
Considerando  o  exposto,  é  preciso  que  se  aprenda  a  ter  uma  posição  definida, 
entretanto, sem menosprezar a opinião do outro, compreendendo a relatividade de opiniões, 
gostos  e  escolhas.  Uma  atividade  proposta  pelos  PCNs  é  a  do  “olhar­se”,  ou  seja,  seria 
interessante  realizar um  trabalho conjunto com a comunidade, pais, professores,  alunos e 
demais membros que constituem o corpo escolar a fim de que estes realizem o exercício de 
se entreolharem, percebendo a diferença de grupos, famílias e origens a que cada indivíduo 
pertence, sendo como objetivo dessa atividade perceber como cada pessoa é única e como 
todos  têm  algo  a  aprender  e  ensinar  aos  demais.  Assim,  com  a  realização  de  trabalhos 
teóricos e práticos com os alunos, o professor pode conseguir que sua atuação na sociedade 
ocorra  de  forma  positiva,  levando  ao  aprendizado  do  próprio  docente  assim  como  da 
população trabalhada, tendo sempre em mente o papel que o professor exerce como sendo 
um exemplo aos seus alunos. Nessa situação, é importante que seja enfatizada a formação 
do  professor,  que  deve  ter  discernimento  para  tratar  da melhor  forma  possível  questões 
surgidas entre seus alunos, não  ignorando ações discriminatórias e esclarecendo sempre o 
que  é  o  respeito  mútuo.  Além  disso,  os  docentes  devem  sempre  se  manter  informados,
preparando­se com leituras e estando atento a manifestações gestuais e comportamentais a 
sua volta. 
Conteúdos de Pluralidade Cultural 
Considerando  a  abrangência  da  Temática  proposta,  foi  necessário  organizaros 
conteúdos  de maneira  que  se  eles  estivessem  integrados  ao  conhecimento  da  realidade  e 
cultural brasileira. Nesse Sentido, a partir desta seleção de conteúdos, objetiva­se viabilizar 
o trabalho do docente na sala de aula. Assim, para serem contemplados, os temas propostos 
nos  conteúdos,  o  professor  deverá  adequá­los  a  sua  realidade  local,  tornando­os 
compreensíveis aos alunos. 
Nessa conjuntura, de amplitude do tema foi necessário instituir alguns critérios para 
a seleção dos conteúdos,  são eles:  relevância social/política e o papel da escola enquanto 
fornecedora de  informações sobre a pluralidade cultural a  fim de eliminar preconceitos; a 
possibilidade  de  incentivar  o  exercício  da  cidadania  (respeito  mútuo,  direitos  humanos 
propostos na Constituição Federal);  a possibilidade de compreensão e respeito dos alunos 
para com a diversidade cultural e da possibilidade da convivência numa sociedade  justa e 
finalmente,  a  adequação  as  características  de  organização,  limites  e  possibilidades  no 
ensino fundamental. 
Os conteúdos selecionados foram estruturados em quatro blocos, sendo que em cada 
um  destes  estão  dispostos  os  núcleos  temáticos. A  organização  desta  estrutura  permite  a 
reciprocidade  entre  os  núcleos,  de  maneira  os  assuntos  se  complementam  e  facilitam  a 
percepção dos alunos sobre a variedade e complexidade cultural. 
Os conteúdos propostos a seguir deverão ser abordados, partindo da realidade local 
dos alunos, nas disciplinas: Língua Portuguesa, Matemática, Geografia, História, Ciências e 
Artes, considerando as exigências do plano pedagógico das escolas. 
Cabe  destacar,  que  a  organização  da  temática  em  conteúdos  consiste  numa 
referência, constituída a partir dos avanços de conhecimento no assunto, das reivindicações 
de  movimentos  sociais  ligados  a  temática  racial/étnica,  da  divulgação  de  direitos  (civis, 
sociais,  culturais)  estabelecidos  na  Constituição  Federal.  Estes  itens  encontram­se 
transversalizados  com  conteúdos  das  áreas  humanas  e  exatas,  quais  permitem  diversas 
aproximações com o tema.
Pluralidade Cultural e a vida dos adolescentes no Brasil 
Neste bloco, foram consideradas a pluralidade cultural no âmbito educacional, tendo 
como  ponto  de  partida,  a  vida  sócio­familiar  com  sua  temporalidade  e  espacialidade  e  a 
organização política. Incluem­se também, as questões referentes à singularidade do Brasil 
acerca  de  suas  origens  e  sua  identidade.  Neste  espaço,  a  abordagem  dos  conteúdos  é 
realizada tomando como referência a vida dos adolescentes. 
o  Compreensão  da  organização  familiar  como  instituição  em 
transformação no mundo contemporâneo. 
o  Conhecimento  e  valorização  das  relações  de  cooperação  e 
responsabilidade  mútua  na  família.  A  importância  de  partilhar 
responsabilidades. 
o  Conhecimento  e  análise  da  vida  comunitária  como  referência 
afetiva  e  forma de organização. Levantamento de  indicadores da 
vida comunitária como base de relações econômicas em diferentes 
regiões. 
o  Conhecimento,  respeito  e  valorização  de  diferentes  formas  de 
relação com o tempo estabelecido pelas diferentes culturas. 
o  Levantamento  de  diferentes  formas  de  relação  com  o  espaço, 
vividas  por  diferentes  grupos  humanos,  criando  soluções 
alternativas para suas vidas. 
o  Conhecimento e valorização de como se processa a educação em 
diferentes  grupos  humanos,  quem  desempenha  o  papel  de 
educador,  conforme  a  organização  social  e  da  própria  escola 
(BRASIL, 1998). 
Almeja­se  neste  grupo  de  núcleos  temáticos,  induzir  a  compreensão  de  como  se 
organizam os distintos grupos étnicos no Brasil; a importância da família na sociedade e do 
partilhar  responsabilidade  entre  seus  membros  (crianças,  jovens  e  idosos).  Incentivar  os 
jovens  a  compreender  as  relações  sociais  a  partir  da  vida  comunitária;  a  diversidade  dos 
costumes no que tange as diferentes religiões praticadas no território brasileiro e no mundo. 
Ainda, é importante que os jovens analisem a relação do índio com seu meio e sua 
forma de sobrevivência, e que possam conceber a cultura indígena como elemento inserido 
no processo histórico do país. 
Finalmente,  propõe­se  que  o  docente  deverá  orientar  seus  alunos  sobre  as 
possibilidades da escola,  enquanto ambiente de  formação profissional ou caminho para o 
ensino superior.
Pluralidade Cultural na Formação do Brasil 
Neste bloco é proposto que seja realizada uma abordagem a face cultural brasileira, 
devido sua constante reelaborarão, e constituição realizada historicamente por indivíduos e 
pela  coletividade.  A  partir  dos  núcleos  apresentados,  cabe  uma  análise  acerca  das 
características culturais e sobre a organização política e econômicas dos grupos sociais que 
participaram da constituição do país. 
o  Conhecimento das origens continentais das diferentes populações do 
Brasil. 
o  Análise  das  influências  históricas  do  mercado  de  trabalho  na 
mobilidade  dos  diferentes  grupos  humanos  que  formam  o  Brasil  e 
levantamento de dados populacionais. 
o  Levantamento,  análise  e  valorização  da  contribuição  das  diversas 
heranças  etnoculturais,  como  mecanismos  de  resistência  ante  as 
políticas  explícitas  de  homogeneização  da  população  havidas  no 
passado. 
o  Valorização do ponto de vista dos grupos sociais para a compreensão 
dos  processos  culturais  envolvidos  na  formação  da  população 
brasileira (BRASIL, 1998). 
Os  núcleos  temáticos  deste  bloco  objetivam que  sejam  feitas  uma  abordagem  nas 
escolas,  sobre o histórico da  “população” brasileira, no que se  refere à origem (européia, 
asiática, oriente médio) e seus traços culturais que determinaram sua escolha e inserção no 
mercado  de  trabalho  brasileiro.  É  tratado  também,  a  questão  da  imigração  forçada  dos 
africanos,  os  quais  sofreram  com  o  desmembramento  familiar  de  seus  grupos  e  com  a 
dissolução de seus costumes ao serem escravizados. 
Ao  mesmo  tempo  é  importante  que  sejam  considerados,  os  mecanismos  de 
resistência  destes  grupos,  ou  seja,  como  estes  e  seus  descendentes  tentam  conservar  sua 
identidade cultural, quando a tendência atual no sistema capitalista e o da homogeneização 
de hábitos e costumes. 
O Ser humano como Agente Social e Produtor de Cultura 
É evidenciado neste bloco, o ser humano como agente produtor de cultura, o qual 
demonstra a partir de sua linguagem, expressões e valores suas peculiaridades intrínsecas,
e,  sobretudo,  a  importância  dos  simbolismos  que  permitem  a diferenciação  dos  grupos  a 
partir de se de suas características distintas (sons, fala, imagens). 
o  Conhecimento, respeito e valorização das diferentes linguagens 
pelas quais se expressa a pluralidade cultural. 
o  Levantamento  e  valorização  das  formas  de  produção  cultural 
mediadas pela tradição oral. 
o  Conhecimento de usos e costumes de diferentes grupos sociais 
em sua trajetória histórica. 
o  Conhecimento  e  compreensão  da  produção  artística  como 
expressão de identidade etnocultural. 
o  Conhecimento  e  compreensão  da  língua  como  fator  de 
identidade na interação sociopolítica e cultural. 
o  Conhecimento,  análise  e  valorização  de  visões  de  mundo, 
relações com a natureza e com o corpo, em diferentes culturas 
(BRASIL, 1998). 
A Arte na cerâmica, a dança, a música o vestuário,  festas, aspectos arquitetônicos 
devem  ser  apresentados  aos  alunos  como  elementos  da manifestação  cultural,  tendo  uma 
abordagem que permita aos mesmos uma aproximação com suas vivências,de maneira que 
possa  lhes  desperta  interesse. Outros  elementos  como  a  literatura,  que no  caso  do Brasil 
contribuiu  para  a  construção  de  uma  identidade  legitimamente  nacional,  o  bilingüismo  e 
multilinguismo,  os  regionalismos  e  sotaques,  os  sistemas  de  numerações  de  medidas  e 
números  decimais.  Todos  estes  elementos  referidos,  ao  serem  trabalhados  no  ambiente 
escolar, induzem os jovens ao conhecimento e ao respeito à diversidade cultural. 
Direitos humanos, direitos de cidadania e pluralidade 
Neste bloco, a abordagem dos conteúdos esta fundamentada pela ética, uma vez que 
é proposta aos alunos a busca pelas informações em suas origem, ou seja, com os grupos a 
serem  analisados:  com  os  representantes  de  comunidades,  com  os  órgãos  públicos  que 
pregam e defendem a cidadania. Cabe destacar também, que a organização política de cada 
grupo reflete seus interesses que são variados, e que corresponde à visão de cada um destes. 
o  Prática  e  valorização  da  circulação  de  informações  para  a 
organização  coletiva  e  como  fundamento  da  liberdade  de 
expressão e associação. 
o  Compreensão  da  definição  e  do  conhecimento  de  leis  como 
princípios de cidadania. 
o  Prática e valorização dos Direitos Humanos.
o  Valorização  da  possibilidade  de  mudança  como  obra  humana 
coletiva. 
o  Conhecimento dos instrumentos disponíveis para o fortalecimento 
da cidadania (BRASIL, 1998). 
Poderão  ser  analisadas  a  partir  destes  núcleos,  a  circulação  de  informações  como 
transferência  do  poder,  a  função  dos meios  de  comunicação  na organização  política  e  na 
vida do  jovem,  o  papel  do  poder  legislativo  judiciário,  sendo que os  alunos  deverão    ter 
contato com a constituição  afim de  possibilitar o conhecimento de seus direitos. 
Nesse sentido, a escola poderá trabalhar com os alunos à relação do conhecimento 
de  seus  direitos  e  sua  prática,  a  partir  de  análises  de  documentos  jurídicos,  tratados  e 
declarações  internacionais,  visa  compreender  a  função  de organização  como  a ONU  que 
viabilizam  a  relação  entre  países  que  já  sofreram  com  o  advento  de  guerras  e  tragédias. 
Outro aspecto a ser analisado pela escola, em relação aos direitos humanos e de cidadania, 
remete­se  as  circunstancias  sociais  que  determinam  uma  reestruturação  na  sociedade  e 
induzem a mudanças jurídicas tais como: crimes e violência no trabalho, meio ambiente. 
Cabe  também  a  escola,  desenvolver  práticas  e  hábitos  cotidianos  que  valorizem  a 
solidariedade  e  o  respeito  mútuo,  e  que  conseqüentemente  este  processo  possibilite  a 
condução dos indivíduos a uma formação cidadã. 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
O presente trabalho procurou demonstrar a importância da formação escolar na vida 
dos  educandos,  e  além disso,  enfatizou  sua  formação  com base  nos  princípios  da  ética  e 
pluralidade cultural. Essa  formação é  fundamental para a convivência em  sociedade  num 
país  como  o  Brasil,  que  se  distingue  por  sua  diversidade  cultural,  étnica,  racial  e 
socioeconômica. 
Dessa maneira,  ao  realizar o estudo dos  temas  transversais apresentados, deve ser 
considerados  sua  importância  como  referência  para  elaboração  de  todas  as  atividades 
voltadas  para  as  técnicas  de  ensino,  no  entanto  percebe­se  que  nem  sempre  a  aplicação 
desses conceitos ocorre na prática de forma efetiva. 
A  fim  de  que  essa  efetivação  ocorra  de  fato,  seria  necessário  o  envolvimento  e 
mobilização de professores e alunos, juntamente com a comunidade e demais membros da 
instituição  escolar.  Para  tanto,  é  imprescindível  que  os  mediadores  dessa  ação  de
mobilização comunitária reflitam primeiramente acerca de seus conceitos e seus valores, de 
modo que, descristalizem seus preconceitos para que seu trabalho seja legítimo. 
Portanto,  vê­se  a  importância  do  trabalho  com  temas  transversais  em  atividades 
pedagógicas,  utilizando­se  da  interdisciplinaridade  para  que  constantemente  esses  temas 
sejam abordados, a fim de que sua prática cotidiana possa contribuir para formação social 
dos alunos como cidadãos críticos e atuantes, visto a urgência social desse temas tratados 
para resolução de problemas atuais da sociedade moderna. 
REFERÊNCIAS: 
BRASIL.  Ministério  da  Educação.  Secretaria  de  Educação  Fundamental.  Parâmetros 
Curriculares Nacionais. Ética e Pluralidade Cultural, 1998. 
___.Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 96: estabelece as Diretrizes e Bases da Educação 
Nacional. Brasília: [s.n.], 1996. 
___.Lei 10.639, de 9 de janeiro de 2003. Altera a Lei 9394, de 20 de dezembro de 1996, 
que estabelece as diretrizes e bases da Educação Nacional, para incluir no currículo oficial 
da Rede de Ensino a obrigatoriedade da temática “História e cultura afro­brasileira”. 
GONÇALVES,  L.  R.  D.  A  Questão  do  Negro  e  Políticas  Publicas  de  Educação 
Multicultural: Avanços e Limitações. 2004.132f. Dissertação (Mestrado em Educação) – 
Pós­graduação  em  Politicas  Publicas  e  Gestao  da  Educação,  Universidade  Federal  de 
Uberlândia, Uberlândia. 2004. 
MONTEIRO, A. M.(org); ALBUQUERQUE, L.S.; LAGES, P.A.; ALMEIDA, W. M. 
Educação para diversidade e cidadania. Recife: Ed. do Organizador, 2007. 230p. 
Secretaria de Educação Básica ­ SEB ­– 2007. Ministério da Educação. Disponível em: 
<http://portal.mec.gov.br/seb/index.php?option=content&task=view&id=265&Itemid=255 
>. Acesso em 08 maio de 2008.

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