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. A´lgebra linear e geometria anal´ıtica Enori Carelli - Jane Mery Richter Voigt Estudante: Univille - 2014 2 1 Algebra vetorial 3 1 Vetores: Conceitos iniciais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3 1.1 Vetor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6 1.2 Operac¸o˜es com vetores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8 1.3 Combinac¸a˜o linear . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11 2 Vetores no espac¸o . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15 2.1 Pontos no plano e no espac¸o . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15 2.2 Expressa˜o anal´ıtica de um vetor. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15 2.3 Igualdade de vetores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17 2.4 Adic¸a˜o de vetores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18 2.5 Vetor definido por dois pontos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20 3 Produto de Vetores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25 3.1 Produto escalar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25 3.2 Mo´dulo de um vetor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27 3.3 Produto Vetorial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39 3.4 @Produto misto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46 3.5 Propriedades do produto misto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47 3.6 Interpretac¸a˜o geome´trica do produto misto . . . . . . . . . . . . . 48 4 Retas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55 4.1 Objetivos do cap´ıtulo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55 4.2 Equac¸o˜es da reta . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55 4.3 Equac¸o˜es parame´tricas da reta . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57 4.4 Equac¸o˜es Sime´tricas da reta . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59 4.5 Reta definida por dois pontos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61 4.6 Condic¸a˜o para que treˆs pontos estejam em linha reta . . . . . . . 63 4.7 Equac¸o˜es reduzidas da reta . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64 4.8 Retas paralelas aos planos coordenados . . . . . . . . . . . . . . . 65 4.9 Posic¸o˜es relativas das retas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66 4.10 Condic¸a˜o de paralelismo entre duas retas . . . . . . . . . . . . . . 68 4.11 Condic¸a˜o de ortogonalidade entre duas retas . . . . . . . . . . . . 69 4.12 Condic¸a˜o de coplanaridade de duas retas . . . . . . . . . . . . . . 70 4.13 Ponto de intersec¸a˜o entre duas retas . . . . . . . . . . . . . . . . . 73 4.14 Distaˆncia entre um ponto Q e reta r, d(Q,r) . . . . . . . . . . . . 74 4.15 Distaˆncia entre duas retas r e s, d(r,s) . . . . . . . . . . . . . . . 75 5 Planos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 82 5.1 Objetivos do cap´ıtulo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 82 5.2 Equac¸o˜es do plano . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 82 5.3 Equac¸o˜es parame´tricas de um plano . . . . . . . . . . . . . . . . . 84 5.4 Determinac¸a˜o de um plano . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 86 5.5 Caso I: o plano passa por um ponto A e e´ paralelo a dois vetores−→u e −→v na˜o colineares. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 86 5.6 Caso II: o plano passa por dois pontos A e B e´ paralelo a um vetor −→v na˜o colinear ao vetor −→AB. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 88 5.7 Caso III: o plano passa por treˆs pontos A, B e C na˜o colineares. . 89 5.8 Caso IV: o plano conte´m duas retas r e s concorrentes. . . . . . . 90 5.9 Caso V: o plano conte´m duas retas r e s paralelas. . . . . . . . . 91 5.10 Caso VI: o plano conte´m uma reta r e um ponto B /∈ r. . . . . . 93 5.11 Casos particulares para equac¸a˜o geral de um plano . . . . . . . . 95 5.12 Intersec¸a˜o de dois planos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 98 5.13 Intersec¸a˜o entre reta e plano . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 98 5.14 Intersec¸a˜o de um plano com os eixos e planos coordenados. . . . . 99 1. Algebra vetorial 1. Vetores: Conceitos iniciais Reta orientada Uma reta e´ orientada quando munida de um sentido de percurso, indicado por uma seta, que pode ser positivo ou negativo. Veja a reta r na figura 1.1. Quando e´ fixado o sentido positivo, o sentido oposto e´ o negativo. Uma reta orientada e´, tambe´m, denominada eixo. Por exemplo, eixo das abscissas ou das ordenadas. Segmento orientado. Um segmento orientado e´ determinado por um par ordenado de pontos em que o primeiro e´ denominado origem e o segundo extremidade. Por exemplo, o segmento orientado de origem A e extremidade B sera´ denotado algebricamente por AB ou AB e, geo- metricamente, por uma seta que caracteriza visualmente o sentido do segmento. Neste documento usaremos a notac¸a˜o alge´brica AB para o segmento orientado de origem A e extremidade B. Ver figura 1.1. r A B Figura 1.1: Reta orientada e segmento orientado Segmento nulo Um segmento e´ nulo quando sua origem coincide com sua extremidade. 3 4 Segmentos opostos Se AB e´ um segmento orientado, enta˜o o segmento BA e´ seu oposto. Note que nos segmentos opostos a origem de AB e´ a extremidade de BA. Medida de um segmento. Amedida de um segmento AB e´ seu comprimento ou seu mo´dulo, denotado porm ( AB ) . Para medir um segmento procedemos como segue: 1. Estabelecemos uma unidade de comprimento; 2. Associamos a esta unidade um nu´mero real na˜o negativo que sera´ a medida do segmento em relac¸a˜o a` unidade. Por exemplo, a medida do segmento representado na figura 1.2 e´ de 5 unidades de comprimento ou m ( AB ) = 5uc observac¸a˜o 1. Observac¸a˜o: A medida do segmento nulo e´ zero se a origem A e a extremidade B sa˜o coincidentes, isto e´ AB = AA = BB. A B uc Figura 1.2: Unidade uc de comprimeno do segmento AB Direc¸a˜o e sentido de um segmento A direc¸a˜o de um segmento e´ dada pelo aˆngulo que ele forma com uma reta suporte. Assim, dois segmentos AB e CD tem a mesma direc¸a˜o quando suas retas suportes sa˜o paralelas ou coincidentes como na figura 1.3. Na figura 1.3, o segmentos AB e CD tem mesma direc¸a˜o e mesmo sentido, pore´m direc¸a˜o diferente do segmento EF . Ja´ os segmentos GH e IJ tem mesma direc¸a˜o, pore´m sentidos opostos. 5 A B C D E F G H I J ϕ ϕ β Figura 1.3: Direc¸a˜o e sentido de um segmento orientado Segmentos equipolentes Dois segmentos AB e CD sa˜o equipolentes e sa˜o denotados por AB ∼ CD se satisfazem as seguintes condic¸o˜es 1. mesma direc¸a˜o; 2. mesmo sentido; 3. mesmo comprimento (mo´dulo) Na figura 1.4 sa˜o equipolentes os segmentos AB e DC, AD e BC, ja´ FG na˜o e´ equipolente a nenhum deles. Propriedades dos segmentos equipolentes Os segmentos equipolentes apresentam as seguintes propriedades. 1. Reflexiva - qualquer segmento e´ equipolente a ele mesmo, isto e´ AB ∼ AB; 2. Sime´trica — se AB for equipolente a CD enta˜o CD e´ equipolente a AB, isto e´ se AB ∼ CD enta˜o CD ∼ AB; 3. Transitiva — se AB for equipolente a CD e CD for equipolente a FG enta˜o AB e´ equipolente a FG; isto e´, se AB ∼ CD e CD ∼ FG enta˜o AB ∼ FG. 6 A B C D F G Figura 1.4: Segmentos equipolentes 1.1. Vetor Vetor determinado por um segmento orientado AB e´ o conjunto de todos os segmentos orientados XY que sa˜o equipolentes ao segmento AB. Nesse caso, simbolicamente, denotamos −→v = −→AB. Assim,−→v = {XY tais que XY ∼ AB}. Ver figura 1.5 O vetor determinado por AB sera´ denotado por −→ AB, B − A, ou −→v . observac¸a˜o 2. O qualquer segmento orientado XY representado pelo vetor −→ AB tem as mesmas caracter´ısticas, isto e´, mesma direc¸a˜o, mesmo sentido e mesmo mo´dulo do vetor −→ AB. O mo´dulo do vetor −→v sera´ denotado simbolicamente por |−→v|. A B X Y Figura 1.5: O vetor −→v =−→AB e´ um representante de todos os segmentos orientados XY do conjunto. Vetores iguais Dois vetores −→ AB e −→ CD sa˜o iguais se, e somente se, AB ∼ CD 7 Vetor nulo Os segmentos nulos sa˜o equipolentes entre si, logo determinam um u´nico vetor, denom- inado vetor nulo e indicado por −→ 0 Vetores opostos Dado um vetor −→v = −→AB, o vetor −→BA e´ o oposto de −→AB e sera´ indicado por −−→AB ou −−→v . Vetor unita´rio Um vetor v e´ unita´rio se tiver o mo´dulo igual a unidade, isto e´, |−→v | = 1. Versor de um vetor O versor de um vetor na˜o nulo −→v = −→AB e´ o vetor unita´rio −→u de mesma direc¸a˜o e sentido de −→v figura 1.6. Note que um vetor unita´rio −→a de mesma direc¸a˜o, pore´m sentido oposto a −→v na˜o e´ seu versor. A B u a Figura 1.6: Versor de um vetor Vetores colineares Dois vetores −→u e −→v sa˜o colineares se tiverem a mesma direc¸a˜o, isto e´, dois vetores −→u e−→v sa˜o colineares se tiverem segmentos representantes AB e CD pertencentes a mesma reta ou a retas paralelas. Na figura 1.7, AB e CD pertencem a` retas paralelas, ja´ EF e GH pertencem a` mesma reta. Vetores coplanares. Treˆs ou mais vetores −→u , −→v , −→w , etc , que pertencem ao mesmo plano sa˜o denominados coplanares. Dois vetores sa˜o sempre coplanares pois e´ sempre poss´ıvel passar um plano 8 A B C D E F G H Figura 1.7: Vetores colineares por dois vetores quaisquer. Treˆs ou mais vetores podem ser coplanares ou na˜o. Os vetores da figura 1.7 sa˜o todos coplanares enquanto que os vetores −→ AB, −→ AD e −→ AC da figura 1.8 na˜o sa˜o coplanares. Podemos observar que os vetores −→ AB, −→ AD determinam o plano da face lateral do paralelepipedo, os vetores −→ AC e −→ AD determinam o plano da base e os vetres −→ AB e −→ AC determinam o plano da face lateral esquerda do paralelepipedo. A B C D Figura 1.8: Vetores na˜o coplanares 1.2. Operac¸o˜es com vetores Dois ou mais vetores podem ser adicionados ou subtra´ıdos. 9 Adic¸a˜o de vetores. Seja −→v = −→AB e −→u = −→CD dois vetores. Suponhamos que desejamos determinar −→v +−→u . Enta˜o para adiciona´-los procedemos como segue: 1. Deslocamos o vetor −→u de forma que sua origem C coincida com a extremidade B de −→v ; 2. Trac¸amos o vetor −→ AD = −→v +−→u cuja origem e´ a origem A de −→v e a extremidade e´ a extremidade D de −→u . Figura 1.9 Propriedades da adic¸a˜o A adic¸a˜o de vetores apresenta as seguintes propriedades: 1. Comutativa: −→v +−→u = −→u +−→v 2. Associativa: (−→v +−→u ) +−→w = −→v + (−→u +−→w ) 3. Elemento neutro: −→v +−→0 = −→v 4. Elemento inverso: −→u + (−−→u ) = −→0 A B C D A B C D Figura 1.9: Soma de vetores Subtrac¸a˜o de vetores Seja −→v = −→AB e −→u = −→CD dois vetores. Suponhamos que desejamos determinar −→v −−→u . Enta˜o para subtra´ı-los procedemos como segue: 1. Trac¸amos o vetor −−→u com origem D na extremidade B de −→v ; 2. Trac¸amos o vetor −→v −−→u = −→AC cuja extremidade e´ a origem A de −→v e a extrem- idade e´ a extremidade C de −−→u .Figura ?? 10 A B C D A B C D D Figura 1.10: Subtrac¸a˜o de vetores Multiplicac¸a˜o de um vetor por um nu´mero real Dado um vetor −→v e um escalar k �= 0, denominamos produto do nu´mero real k pelo vetor −→v ao vetor −→p = k−→v que satisfaz as seguintes condic¸o˜es em relac¸a˜o: 1. ao mo´dulo: |−→p | = |k−→v | = |k| |−→v |; 2. a` direc¸a˜o: a direc¸a˜o de −→p e´ a mesma de −→v ; 3. ao sentido: o sentido de −→p e´ a mesma de −→v se k > 0 e oposto a −→p se k < 0. Versor de um vetor O versor de um vetor na˜o nulo −→v = −→AB e´ o vetor unita´rio −→u dado por: −→u = −→v |−→v | (1.1) Note que |−→u | = ∣∣∣∣ −→v|−→v | ∣∣∣∣ = |−→v ||−→v | = 1 Da fo´rmula 1.1 conclu´ımos que −→v = |−→v | −→u . Propriedades da multiplicac¸a˜o de um vetor por ou nu´mero real. Sejam−→v , −→u dois vetores quaisquer e a, b dois nu´meros reais quaisquer, enta˜o sa˜o va´lidas as seguinte propriedades: 1. associativa: (ab)−→v = a (bv); 2. distributiva em relac¸a˜o a` adic¸a˜o de escalares: (a+ b)−→v = a−→v + b−→v ; 3. distributiva em relac¸a˜o a adic¸a˜o de vetores: a (−→v +−→u ) = a−→v + a−→u ; 4. identidade −→v · 1 = −→v . 11 Aˆngulo entre dois vetores Sejam −→v = −→AB e −→u = −→CD dois vetores quaisquer na˜o nulos. Para determinar o aˆngulo entre esses vetores procedemos como segue: 1. reproduz os vetores fazendo com que a origem A de −→v = −→AB coincida com a origem C de −→u = −→CD; 2. mede o aˆngulo φ que eles formam junto unia˜o das origens. Ver figura 1.11 A B C D A B C D φ Figura 1.11: Aˆngulo entre dois vetores 1.3. Combinac¸a˜o linear Dados dois vetores −→v = −→AB e −→u = −→CD e dois nu´meros reais a e b a combinac¸a˜o linear entre eles e´ o vetor −→w = a−→v + b−→u . Quando a = b = 1, a combinac¸a˜o linear e´ a soma −→w = −→v +−→u . Na figura 1.12 o vetor −→w e´ a combinac¸a˜o linear dos vetores −→v = −→AB e −→u = −→CD em que a = 3 e b = 1 2 , isto e´, −→w = 3−→AB + −→ CD 2 . Qualquer vetor −→w no plano pode ser escrito como combinac¸a˜o linear de dois outros vetores −→u e −→v na˜o colineares. O problema consiste em determinar dois nu´meros reais a e b tais que −→w = a−→v + b−→u . Na figura 1.13 vemos no primeiro caso os vetores−→w , −→u e −→v em qualquer posic¸a˜o no plano e, no segundo, a combinac¸a˜o linear de −→w . Note que para escrever −→w como combinac¸a˜o linear de −→v e −→u consiste em formar um paralelogramo em que os vetores a−→v e b−→u sa˜o os lados e −→w a diagonal. 12 A B C D 3AB (CD)/2 w = 3AB+(CD)/2 Figura 1.12: Combinac¸a˜o linear Exerc´ıcios para entregar no dia da prova valendo 20% da nota obtida na prova 1. Dados os vetores !u e !v da figura, mostrar num gra´fico, um representante do vetor: a) !u− !v b) !v − 2!u c) !u− 3!v ��� �� !v !u 2. Na figura abaixo, representa-se um cubo. Desenhe a flecha de origem H que representa a) (E − F ) + (B −D) + (C −D); b) −(G−B) + (B −A). � � � � � � � � A B CD E H F G 3. Sabendo que o aˆngulo entre os vetores !u e !v e´ de 60◦, determinar o aˆngulo formado pelos vetores −!u e 2!v. 4. Considerando a figura 1.14, em que valem as igualdades −→ AC = 2 −→ FC 3 , −→ DE = −→ CE 4 , 13 v u w av bu w = av+bu Figura 1.13: Combinac¸a˜o linear −→ BG = −→ BD 4 , −→ AB = −→a , −→CE = −→b , sabendo que C e´ o ponto me´dio do segmento −→ FE escreva −→ AG como combinac¸a˜o linear (soma) dos vetores −→a e −→b . F A C D E B G Figura 1.14: Combinac¸a˜o linear de vetores 5. Um jovem parte de um ponto A, caminha 100 metros para norte, ate´ um ponto B; em seguida, orienta-se para o leste e caminha mais 50 metros do ponto B ate´ um ponto C. 1. Determine o mo´dulo do deslocamento resultante. 14 2. Encontre o aˆngulo formado pelo entre vetor que representa o deslocamento resultante e o vetor −→ AB. 6. Observe a figura 1.15 em que M e´ o ponto me´dio do segmento CB, −→ CB = −→a , −→ AB = −→ b e −−→ HD = −→ CD 4 . Escreva os vetores −→ OC e −→ OH em func¸a˜o dos vetores −→a e −→ b . A B O D C H M A B O D C H M Figura 1.15: Figura para o exerc´ıcio 7. No trape´zio ABCD da figura 1.16 tem-se −→ AB = −→a , −→DC = 2−→a , −→DA = −→b e −→ BE = −→ BC 3 . Expressar os vetores −→ AC e −→ DE como combiac¸a˜o linear dos vetores −→a e −→b . 15 AB C D E 2a a b Figura 1.16: Trape´zio 2. Vetores no espac¸o 2.1. Pontos no plano e no espac¸o O conjunto R2 = {(x, y)/x, y ∈ R} e´ interpretado geometricamente como sendo o plano cartesiano de eixos x ey. Ja´ o conjunto R3 = {(x, y, z)/x, y, z ∈ R} e´ interpretado geometricamente como sendo e espac¸o tridimensional de eixos x, y e z. Assim, cada ponto no plano tera´ coordenadas (x, y) e cada ponto no espac¸o, coordenadas (x, y, z). Por exemplo, na figura 2.1, os pontos P(1,2) e Q(-2,3) pertencem ao plano R 2, ja´ o ponto M(2,3,5) e pertence ao espac¸o R3. 1 2 -2 3 x y P(1,2) Q(-2,3) 2 3 5 M(2,3,5) x y z Figura 2.1: Pontos no plano e no espac¸o 2.2. Expressa˜o anal´ıtica de um vetor. Qualquer vetor no plano R2 pode ser escrito como combinac¸a˜o linear de dois vetores na˜o paralelos ou, de treˆs vetores na˜o coplanares, no caso no espac¸o R3. Por exemplo, 16 nas figuras a e b abaixo, temos −→v = a−→v 1 + b−→v 2 para o um vetor no plano e−→v = a−→v 1 + b−→v 2 + c−→v 3 para um vetor no espac¸o. Para escrever um vetor−→v do plano R2 como combinac¸a˜o linear sa˜o necessa´rio, no mı´nimo dois vetores −→v 1e −→v 2 na˜o paralelos. O conjunto de vetores {−→v 1,−→v 2} e´ de- nominados base do plano. Ja´ escrever um vetor −→v do plano R3 como combinac¸a˜o linear sa˜o necessa´rio, no mı´nimo treˆs vetores −→v 1,−→v 2 e −→v 3 na˜o coplanares. O conjunto de vetores {−→v 1,−→v 2,−→v 3} e´ denominados base do espac¸o R3. Os nu´meros a, b, c ∈ R sa˜o denominadas coordenadas o vetor −→v em relac¸a˜o a base. Por outro lado, os vetores a−→v 1, b−→v 2 e c−→v 3 sa˜o as projec¸o˜es de −→v sobre −→v 1,−→v 2 e −→v 3 respectivamente. av bvav + bv 1 2 1 2 Figura a: Combinac¸ao linear no plano v1 v2 v 3 av bv cv av + bv + cv 1 1 3 2 2 3 Figura b: Combinac¸ao linear no espac¸o Bases ortogonais e ortonormais Definic¸a˜o 2.1. Uma base e´ denominada ortogonal quando seus vetores sa˜o dois a dois ortogonais. Isto e´, o aˆngulo entre eles e´ 90o. Definic¸a˜o 2.2. Quando uma base for ortogonal e o mo´dulo dos vetores que a compo˜e e´ igual a` unidade, enta˜o ela e´ denominada base ortonormal. observac¸a˜o 3. Existem muitas bases ortonormais, mas uma base importante e´ a base canoˆnica, em que os segmentos teˆm origem no ponto O(0, 0) e cujas extremidades sa˜o(1, 0) e (0, 1) quando no plano R2. No espac¸o R3, os segmentos tem origem O(0, 0, 0) e extremidades (1, 0, 0), (0, 1, 0) e (0, 0, 1). Nesse caso os vetores da base sa˜o denotados por −→ i = (1, 0) e −→ j = (0, 1) quando no plano e −→ i = (1, 0, 0), −→ j = (0, 1, 0) e −→ k = (0, 0, 1) quando no espac¸o R3. Veja na figura 2.2 Um ponto importante da base canoˆnica e´ que qualquer vetor pode ser deno- tado analiticamente pelas coordenadas da extremidade do segmento −→ OP , em que O e´ origem do sistema e P tem coordenadas (x, y) ou (x, y, z) conforme o espac¸o em que e´ representado. Assim, um vetor −→ OP no R3 sera´ representado por: 17 x y x y z V (0,1) (1,0) (0,0) (0,0,1) (0,1,0) (1,0,0) i i j j k Figura 2.2: Bases canoˆnicas −→ OP = P −O = (x, y, z)− (0, 0, 0) = (x, y, z) Pois, quando escrito como combinac¸a˜o linear dos vetores −→ i = (1, 0, 0),−→ j = (0, 1, 0) e −→ k = (0, 0, 1) assumem a mesma forma, isto e´, −→ OP = x −→ i + y −→ j + z −→ k = x(1, 0, 0) + y(0, 1, 0) + z(0, 0, 1) = (x, 0, 0) + (0, y, 0) + z(0, 0, 1) = (x, y, z) Ver figura 2.3 Exemplo 2.3. Vetores escritos na forma anal´ıtica e como combinac¸a˜o dos vetores da base {−→ i , −→ j , −→ k } . 1) −→v = (3, 4, 5) ou −→v = 3−→i + 4−→j + 5−→k ou −→v = 3 (1, 0, 0) + 4 (0, 1, 0) + 5 (0, 0, 1) 2) −→u = (−2, 1, 5) ou −→u = −2−→i +−→j + 5−→k−→u = −2 (1, 0, 0) + (0, 1, 0) + 5 (0, 0, 1) 3) −→w = (1, 3, 2) ou −→w = −→i + 3−→j + 2−→k−→w = (1, 0, 0) + 3 (0, 1, 0) + 2 (0, 0, 1) 2.3. Igualdade de vetores Definic¸a˜o 2.4. Dizemos que dois vetores −→v = (x, y, z) e −→u = (r, s, t) sa˜o iguais se (x, y, z) = (r, s, t), isto e´, se ocorrer x = r, y = s e z = t. Exemplo 2.5. Os vetores −→v = (3, 2, 6) e −→u = (3, 2, 6) sa˜o iguais, pois satisfazem as condic¸o˜es da igualdade. 18 x y z (0,0,1) (0,1,0) (1,0,0) i j k y j x i z k O P =x i+ y j+ z k P(x,y,z) Figura 2.3: Forma anal´ıtica de um vetor Exemplo 2.6. Dados os vetores −→v = (3 + a, 2− b, 6 + c) e −→u = (1, 3, 4) determine x, y, e z para que a igualdade −→v = −→u seja verdadeira. Soluc¸a˜o: Sabendo que o vetores −→v = (x, y, z) e −→u = (r, s, t) sa˜o iguais se ocorrer x = r, y = s e z = t resolvemos as equac¸o˜es x = r y = s z = t ou seja 3 + a = 1 2− b = 3 6 + c = 4 a = 1− 3 −b = 3− 2 c = 4− 6 a = −2 b = −1 c = −2 Portanto, a igualdade −→v = −→u ocorre se a = −2 b = −1 c = −2 2.4. Adic¸a˜o de vetores I caso: Vetores escritos na forma anal´ıtica Definic¸a˜o 2.7. Sejam os vetores −→v = (x, y, z) e −→u = (r, s, t), enta˜o −→v + −→u e´ dada por −→v + −→u = (x, y, z) + (r, s, t) ou −→v + −→u = (x+ r, y + s, z + t). Exemplo 2.8. Adicionar os vetores −→v = (3, 4, 5) , −→u = (−2, 1, 5) Soluc¸a˜o: Como a soma −→v + −→u e´ dada por−→v +−→u = (x, y, z) + (r, s, t) = (x+ r, y + s, z + t) temos−→v +−→u = (3, 4, 5) + (−2, 1, 5) = (3 + (−2) , 4 + 1, 5 + 5)−→v +−→u = (1, 5, 10) 19 II caso: Vetores escritos como combinac¸a˜o dos vetores da base {−→ i , −→ j , −→ k } . Exemplo 2.9. Adicionar os vetores −→v = (3, 4, 5) , −→u = (−2, 1, 5) Soluc¸a˜o: Como −→v = 3−→i + 4−→j + 5−→k e −→u = −2−→i +−→j + 5−→k , a soma−→v + −→u e´ dada por −→v +−→u = ( 3 −→ i + 4 −→ j + 5 −→ k ) + ( −2−→i +−→j + 5−→k ) −→v +−→u = (3− 2)−→i + (4 + 1)−→j + (5 + 5)−→k −→v +−→u = −→i + 5−→j + 10−→k−→v +−→u = (1, 0, 0) + 5 (0, 1, 0) + 10 (0, 0, 1)−→v +−→u = (1, 0, 0) + (0, 5, 0) + (0, 0, 10)−→v +−→u = (1, 5, 10) Exemplo 2.10. Na figura abaixo temos a representac¸a˜o geome´trica da soma dos vetores−→v = (2, 3, 1) e −→u = (4, 4, 3) com resultado −→v +−→u = (6, 7, 4) 2 3 1 4 4 7 6 3 4 v u v+ u Figura 2.4: Soma Propriedades da adic¸a˜o As propriedades da adic¸a˜o de vetores, ja´ apresentadas anteriormente, sa˜o: 20 1. Comutativa: −→v +−→u = −→u +−→v 2. Associativa: (−→v +−→u ) +−→w = −→v + (−→u +−→w ) 3. Elemento neutro: −→v +−→0 = −→v 4. Elemento inverso: −→u + (−−→u ) = −→0 Multiplicac¸a˜o de um vetor por um nu´mero real Dado um vetor −→v = (x, y, z) e um escalar k �= 0, denominamos produto do nu´mero real k pelo vetor −→v ao vetor −→p = k−→v dado por: −→p = k−→v−→p = k (x, y, z)−→p = (kx, ky, kz) Propriedades da multiplicac¸a˜o de um vetor por ou nu´mero real. Sejam−→v , −→u dois vetores quaisquer e a, b dois nu´meros reais quaisquer, as propriedades da multiplicac¸a˜o, ja´ apresentadas anteriormente, sa˜o: 1. associativa: (ab)−→v = a (b−→v ); 2. distributiva em relac¸a˜o a` adic¸a˜o de escalares: (a+ b)−→v = a−→v + b−→v ; 3. distributiva em relac¸a˜o a adic¸a˜o de vetores: a (−→v +−→u ) = a−→v + a−→u ; 4. identidade −→v · 1 = −→v . 2.5. Vetor definido por dois pontos Definic¸a˜o 2.11. Sejam P (x, y, z) e Q (r, s, t) dois pontos de R3, enta˜o as coordenadas do vetor −→ PQ sa˜o dadas como segue:−→ PQ = Q− P−→ PQ = (r, s, t)− (x, y, z)−→ PQ = (r − x, s− y, t− z) Na figura 2.5 podemos observar os pontos P (x, y, z) e Q (r, s, t) como sendo ve´rtices de dois paralelep´ıpedos. Ja´ o vetor −→ PQ e´ dado pelo segmento orientado que une os dois ve´rtices P e Q. O vetor −→ PQ de coordenadas (r − x, s− y, t− z) e´ representado em forma anal´ıtica na origem do sistema cartesiano R3. Exemplo 2.12. Consideremos os pontos P (2, 3, 5) e Q (4, 7, 8), enta˜o o vetor −→v = −→PQ tem coordenadas −→v = (4− 2, 7− 3, 8− 5) = (2, 4, 3). Veja a representac¸a˜o na figura 2.6. 21 x y z P(x,y,z) r s t Q(r,s,t) Figura 2.5: Vetor determinado por dois pontos Vetores paralelos Definic¸a˜o 2.13. Sejam −→v e −→u dois vetores, dizemosque −→v e´ paralelo (ou colinear) a−→u se existir k ∈ R tal que −→v = k−→u . Exemplo 2.14. Verifique se os vetores −→v = (4, 6, 4) e −→u = (2, 3, 4) sa˜o paralelos. Soluc¸a˜o: Devemos verificar se existir k ∈ R tal que −→v = k−→u . Assim,−→v = k−→u (4, 6, 4) = k (2, 3, 4) (4, 6, 4) = (k2, 3k, 4k) isso implica em { 4 = 2k 6 = 3k 4 = 4k ou seja { k = 2 k = 2 k = 1 Como o valor de k na˜o e´ u´nico significa que os vetores −→v e −→u na˜o sa˜o paralelos. 22 2 3 5 P(2,3,5) 4 7 8 Q(4,7,8) 2 4 3 P(2,4,3) Figura 2.6: Vetor determinado por dois pontos no espac¸o representado na origem do sistema Exerc´ıcios 1. Fac¸a o gra´fico do paralelep´ıpedo para cada um dos pontos: A (2,−3, 1), B (4, 5,−2), C (2, 3, 2), D (4, 5, 3), E (−2,−3,−1) e F (4,−5,−2) 2. Determinar a extremidade do segmento que representa o vetor !u = (2,−5), sabendo que sua origem e´ A (−1, 3). R: (1,−2) 3. Dados os vetores −→u = (3,−1) e −→v = (−1, 2) encontre o vetor −→w tal que: 1. 4 (−→u −−→v ) + −→w 3 = 2 −→u −−→w . R: (15 2 ,−15 2 ) 2. 3−→w− (2−→v −−→u ) = 2 (4−→w − 3−→u ). R: (23 5 ,−11 5 ) 4. Dados os pontos A (−1, 3), B (2, 5) e C (3,−1), encontre −→OA −−→AB, −→OC − −→BC e 3 −→ BA− 4−→CB. 5. Dados os vetores −→u = (3,−4) e −→v = (−9 4 , 3 ) , verifique se existem s, t ∈ R tais que −→u = s−→v e −→v = t−→u . 6. Dados os vetores −→u = (2, 4), −→v = (−5, 1) e −→w = (−12, 6), verifique se existem s, t ∈ R tais que −→w = s−→u + t−→v . R: s = 9 11 , t = 30 11 . 23 7. Dados os pontos A (2,−3, 1) e B (4, 5,−2), determine o ponto P tal que −→AP = −→PB. R: P ( 3, 1,−1 2 ) 8. Dados os pontos A (−1, 2, 3) e B (4,−2, 0), determine o ponto P tal que −→AP = 3 −→ AB. R: P (14,−10,−6) 9. Dados os pontos A (3, 7, 1) e B (6, 10, 4), determine o vetor !v tal que A+2!v = B−!v. R: (1, 1, 1) 10. Dados os vetores −→u = (1,−2, 1), −→v = (2, 0,−4) e −→w = (−4,−4, 14), verifique se existem s, t ∈ R tais que −→w = s−→u + t−→v . 11. Dados os vetores −→u = (8, 1,−3), −→v = (4, a, b) determinar a e b tais que −→u e −→v sejam paralelos. R: a = 1 2 , b = −3 2 . 12. Verificar se sa˜o colineares os pontos: 1. A (−1,−5, 0), B (2, 1, 3) e C (−2,−7,−1); 2. A (2, 1,−1), B (3,−1, 0) e C (1, 0, 4); 13. Dados os pontos A (3, 1,−2), B (1, 5, 1) e C (a, b, 7), encontre a, b ∈ R tais que A, B e C sejam colineares. R: a = −3, b = 13 14. Sabendo que o aˆngulo entre os vetores !u e !v e´ de 60◦, determinar o aˆngulo formado pelos vetores −!u e −2!v. 15. Dados os vetores !u = (1, 3, 2) e !v = (2, 1, 3), calcular !u + !v e 2!u. Fazer a repre- sentac¸a˜o geome´trica desses vetores. R: !u+ !v = (3, 4, 5) e 2!u = (2, 6, 4) 16. Dados os vetores !u = (3,−1, 1) e !v = (−1, 2, 2), determinar o vetor !w tal que 4(!u− !v) + !w = !u− 2!w. R: (−13 3 , 11 3 , 5 3 ) 17. Dados os pontos A(2,−1, 0), B(−1, 3, 0) e C(4,−2, 0), determinar D(x, y, z) de modo que !CD = 3 !AB. 18. Dados os vetores !u = (−2, 3,−4) e !v = (−4, 3,−8), verificar se sa˜o paralelos. 19. Determinar a e b de modo que sejam colineares os pontos A(3, a, b), B(1, 5, 1) e C(−3, 13, 7). R: a = 1, b = 2 20. Dar as expresso˜es das coordenadas do ponto me´dio do segmento da reta de ex- tremidades A(x1, y1) e B(x2, y2). 21. Determinar a e b de modo que sejam colineares os pontos A(3, a, b), B(1, 4, 1) e C(−3, 12, 7). R: a = 0, b = −2 22. Na figura abaixo tem-se CM = CA 3 , CN = CB 3 . Prove que os segmentosMN e AB sa˜o paralelos, e que o comprimento do primeiro e´ 1 3 do comprimento do segundo. � � � � � � � � � � � � � � � � � � A B M N C 24 23. Represente no espac¸o os seguintes vetores: 1. −→u = 2−→i + 3−→j + 5−→k ; 2. −→v = −→i + 2−→j + 3−→k ; 3. −→w = 3−→i + 2−→j + 5−→k . 25 3. Produto de Vetores 3.1. Produto escalar Introduc¸a˜o Ana´lise de uma nota convencional de compra e venda: Tomemos como exemplo uma nota de compra e venda emitida por uma loja na˜o infomatizada. Em geral, a forma e´ a seguinte: Tabela 3.1: Padaria serve bem Ordem Descric¸a˜o das mercadorias Quantidade Prec¸o unita´rio $ Total 1 Cafe´ 2 pacotes 4,00 8,00 2 Pa˜o de queijo 1 kg 7,00 7,00 3 Sonhos 5 unidades 1,00 5,00 Total a pagar 20,00 Nesta nota, o total a pagar e´ $ 20. Obtendo o total a pagar por meio de multiplicac¸a˜o de matrizes: Para poder usar uma calculadora que fac¸a produto de matrizes, poder´ıamos formar duas matrizes, uma matriz linha, digamos matriz U = [ 2 1 5 ], distribuindo o nu´mero de unidades vendidas de cada item e uma matriz coluna, digamos matriz P = [ 4 7 1 ] , com a dis- tribuic¸a˜o dos prec¸os unita´rios. Nesse caso, o total a pagar e´ a matriz T dada pelo produto das matrizes U e P , isto e´, T = UP . Portanto, T = [ 2 1 5 ] [ 4 7 1 ] = [ 2 ∗ 4 + 1 ∗ 7 + 5 ∗ 1 ] = 20 Obtendo o total a pagar com uma calculadora que opere com vetores: Tambe´m as matrizes U e P podem ser interpretadas como vetores escritos na forma canoˆnica, isto e´: −→u = (2, 1, 5) e −→p = (4, 7, 1) Nesse caso, a operac¸a˜o e´ efetuada como segue: −→u · −→p = (2, 1, 5) · (4, 7, 1) = 2 ∗ 4 + 1 ∗ 7 + 5 ∗ 1 = 8 + 7 + 5 = 20 26 A operac¸a˜o −→u · −→p e´ denominada produto escalar dos vetores −→u e −→p . For- malmente, podemos definir o produto escalar de vetores como segue: Definic¸a˜o 3.1. Sejam −→u e −→v dois vetores escritos como combinac¸a˜o linear na base canoˆnica, isto e´, −→u = x−→i +y−→j + z−→k e −→v = r−→i + s−→j + t−→k , enta˜o o produto escalar entre −→u e −→v , denotado por −→u · −→v e´ o nu´mero real −→u · −→v = xr+ ys+ zt obtido como segue: −→u · −→v = ( x −→ i + y −→ j + z −→ k ) · ( r −→ i + s −→ j + t −→ k ) −→u · −→v = (x, y, z) · (r, s, t) −→u · −→v = xr + ys+ zt Notac¸a˜o 3.2. Alguns autores denotam o produto escalar por < −→u ,−→v >. Exemplo 3.3. Sejam −→u e −→v dois vetores −→u = (2, 1, 5) e −→v = (4, 7, 1), encontrar o produto escalar −→u · −→v . Soluc¸a˜o: A operac¸a˜o e´ efetuada como segue: −→u · −→v = (2, 1, 5) · (4, 7, 1)−→u · −→v = 2 ∗ 4 + 1 ∗ 7 + 5 ∗ 1−→u · −→v = 8 + 7 + 5−→u · −→v = 20 Exemplo 3.4. Dados os vetores −→u = (4, a,−2) e −→v = (a, 2, 3) e os pontos A(4, 2, 3) e B(3, 4, 5)¸ determine o valor de a para que −→u ·(−→v +−→AB) = 10. Soluc¸a˜o: A operac¸a˜o e´ efetuada como segue: Dados do Problema I) { −→u = (4, a,−2)−→v = (a, 2, 3) II) { A(4, 2, 3) B(3, 4, 5) III) { Encontrar −→u · (−→v +−→AB) = 10 Inicialmente temos−→ AB = B − A−→ AB = (3, 4, 5)− (4, 2, 3)−→ AB = (−1, 2, 2) Agora −→u · (−→v +−→AB) = 10 (4, a,−2) · ((a, 2, 3) + (−1, 2, 2)) = 10 (4, a,−2) · (a− 1, 4, 5) = 10 4 (a− 1) + 4a− 10 = 10 4a− 4 + 4a− 10 = 10 8a− 14 = 10 8a = 24 Logo, a = 3 27 3.2. Mo´dulo de um vetor Introduc¸a˜o: Sejam os pontos O (0, 0, 0) e P (x, y, z) vamos determinar a distaˆncia entre os pontos O e P . Na figura I podemos ver que a distaˆncia entre os pontos O e P e´ dada pelo teorema de Pita´goras, isto e´,( OP )2 = ( OQ )2 + ( QP )2 mas ( OQ )2 = ( OE )2 + ( EQ )2 Assim( OP )2 = ( OE )2 + ( EQ )2 + ( QP )2 Como OE = x, EQ = y e QP = z obtemos( OP )2 = x2 + y2 + z2 Finalmente∣∣OP ∣∣ =√x2 + y2 + z2 observac¸a˜o 4. No caso de dois pontos fora da origem A(x, y, z) e B(r, s, t), a distaˆncia entre A e B e´ obtida considerando o vetor −→v = −→AB transportando para origem dos sistema, isto e´ −→v = (r − x, s− y, t− z), ou seja |−→v | = √ (r − x)2 + (s− y)2 + (t− z)2 � � � � � � � � �� O P x y z QE � −→v d Figura I 28 Relac¸a˜o entre produto escalar e mo´dulo −→v : Sendo −→v = −→OP e |−→v | = ∣∣∣−→OP ∣∣∣ por analogia com a definic¸a˜o de produto escalar obtemos ∣∣∣−→OP ∣∣∣2 = x2 + y2 + z2 |−→v|2 = xx+ yy + zz |−→v |2 = (x, y, z) · (x, y, z) |−→v |2 = −→v · −→v |−→v | = √−→v · −→v Em outras palavras ”o mo´dulo do vetor |−→v | e´ igual a raiz quadrada do produto escalar −→v · −→v .” Exemplo 3.5. Sabendo que a distaˆncia entre os pontos A(−1, 2, 3) e B(−3, 5, α) e´ d = 7, encontre o valor de α. Soluc¸a˜o: A operac¸a˜o e´ efetuada como segue: Dados do Problema I) { A(−1, 2, 3) B(−3, 5, α) II) {d = 7 III) { Encontrar α Inicialmente temos−→ AB = B −A−→ AB = (−3, 5, α)− (−1, 2, 3)−→ AB = (−2, 3, α− 3) Agora |−→v | = ∣∣∣−→AB∣∣∣ = 7√−→v · −→v = 7√ x2 + y2 + z2 = 7√ (−2)2 + (3)2 + (α− 3)2 = 7 4 + 9 + α2 − 6α+ 9 = 49 α2 − 6α− 27 = 0 de onde vem α = 9 ou α = −3 Propriedades do produto escalar Para quaisquer vetores −→u , −→v e −→w valem as seguintes propriedades: 1. para o produto escalar −→u · −→u : 1. −→u · −→u ≥ 0; 2. −→u · −→u = 0 somente se −→u = −→0 ; 3. −→u · −→u = |−→u |2 29 2. comutativa −→u · −→v = −→v · −→u ; 3. distributiva em relac¸a˜o a adic¸a˜o de vetores −→u · (−→v +−→w ) = −→u · −→v +−→u · −→w ; 4. seja m ∈ R, enta˜o m (−→u · −→v ) = (m−→u ) · −→v = −→u · (m−→v ) Igualdades importantes Dados os vetores −→u e −→v sa˜o importantes para o desenvolvimento dos estudos as seguintes igualdade obtidas pela aplicac¸a˜o das pro- priedades: 1. Igualdade associada ao |−→u +−→v |2 |−→u +−→v |2 = (−→u +−→v ) · (−→u +−→v ) , pela propriedade 1c = −→u · −→u +−→u · −→v +−→v · −→u +−→v · −→v - pela propriedade 3 = |−→u |2 + 2 (−→u · −→v ) + |−→v |2 − pelas propriedade 1c e 2 2. Igualdade associada ao |−→u −−→v |2 |−→u −−→v |2 = (−→u −−→v ) · (−→u −−→v ) − pela propriedade 1c = −→u · −→u −−→u · −→v −−→v · −→u +−→v · −→v - pela propriedade 3 = |−→u |2 − 2 (−→u · −→v ) + |−→v |2 − pelas propriedades 1c e 2 Determinac¸a˜o do aˆngulo entre dois vetores por meio do produto escalar A figura II representa a diferenc¸a entre os vetores −→u e −→v Pela lei dos cossenos podemos escrever a igualdade |−→u −−→v |2 = |−→u |2 − 2 |−→u | |−→v | cos θ + |−→v |2 Tomando a igualdade 2 mais a lei dos cossenos podemos escrever o sistema de equac¸o˜es:{ |−→u −−→v |2 = |−→u |2 − 2 (−→u · −→v ) + |−→v |2 |−→u −−→v |2 = |−→u |2 − 2 |−→u | |−→v | cos θ + |−→v |2 Resolvendo o sistema de equac¸o˜es acima temos: |−→u |2 − 2 |−→u | |−→v | cos θ + |−→v |2 = |−→u |2 − 2 (−→u · −→v ) + |−→v |2 − 2 |−→u | |−→v | cos θ = −2 (−→u · −→v ) |−→u | |−→v | cos θ = −→u · −→v obtemos as igualdades I) e II) dadas por I) −→u · −→v = |−→u | |−→v | cos θ II) cos θ = −→u · −→v |−→u | |−→v | 30 � −→u −→v θ � −→u -−→v −→u -−→v � −→u -−→v figura II Exemplo 3.6. Dados os vetores −→u = (1, 1, 4) e −→v = (−1, 2, 2) encontre o produto escalar −→u · −→v e o aˆngulo entre −→u e −→v . Soluc¸a˜o: I) O produto escalar e´ dado por: −→u · −→v = (1, 1, 4) · (−1, 2, 2)−→u · −→v = 1 (−1) + 1 (2) + 4 (2)−→u · −→v = −1 + 2 + 8−→u · −→v = 9 II) Para determinar o aˆngulo entre −→u e −→v , primeiro encontraremos cos θ. 31 cos θ = −→u · −→v |−→u | |−→v | = −→u · −→v(√−→u · −→u )(√−→v · −→v ) = 9(√ (1, 1, 4) · (1, 1, 4) )(√ (−1, 2, 2) · (−1, 2, 2) ) = 9√ (1 + 1 + 16 √ 1 + 4 + 4 = 9√ 18 √ 9 = 9( 3 √ 2 ) 3 = 1√ 2 = √ 2 2 Conclusa˜o: como cos θ = √ 2 2 segue que θ = 45o. Exemplo 3.7. Sejam os pontos A(3, 1,−2) e B(4, 0, α) e −→u = (2, 1,−1) um vetor que forma um aˆngulo de 60o com o vetor −→ AB, determinar o valor de α. Soluc¸a˜o: Dados do problema: I) Pontos A(3, 1,−2) e B(4, 0, α) II) −→u = (2, 1,−1) III) aˆngulo entre −→u e −→AB igual a 60o isto e´ cos 60o = −→u · −→AB |−→u | ∣∣∣−→AB∣∣∣ Tarefa: Determiar α de I) −→ AB = B −A = (4, 0, α)− (3, 1,−2) = (1,−1, α+ 2) Agora: 1) −→u · −→AB = (2, 1,−1) · (1,−1, α+ 2) = 2 + (−1) + (−1) (α+ 2) = 2− 1− α− 2 = −α− 1 2) |−→u | =√(2, 1,−1) · (2, 1,−1) = √ 4 + 1 + 1 = √ 6 3) ∣∣∣−→AB∣∣∣ =√(1,−1, α+ 2) · (1,−1, α+ 2) = √ 1 + 1 + (α+ 2)2 = √ 2 + α2 + 4α+ 4 = √ α2 + 4α+ 6 Substituindo 1), 2) e 3 em cos 60o = −→u · −→AB |−→u | ∣∣∣−→AB∣∣∣ vem 32 cos 60o = −→u · −→AB |−→u | ∣∣∣−→AB∣∣∣ 1 2 = −α− 1√ 6 √ α2 + 4α+ 6( 1 2 )2 = (−α− 1)2(√ 6 )2 (√ α2 + 4α+ 6 )2 1 4 = α2 + 2α+ 1 6 (α2 + 4α+ 6) 6 (α2 + 4α+ 6) = 4 (α2 + 2α+ 1) 6α2 + 24α+ 36 = 4α2 + 8α+ 4 α2 + 8α+ 16 = 0 A soluc¸a˜o da equac¸a˜o α2 + 8α+ 16 = 0 e´ a raiz dupla α = −4. Versor de um vetor Definic¸a˜o 3.8. Seja −→v um vetor, como ja´ estudamos, o versor de −→v e´ o vetor unita´rio−→u que tem a mesma direc¸a˜o de −→v e e´ dado por: −→u = −→v |−→v | Exemplo 3.9. Determinar o versor do vetor −→v = (2, 4, 4). Soluc¸a˜o: devemos determinar o vetor −→u tal que |−→u | = 1. Usando a fo´rmula da definic¸a˜o 3.8 teremos −→u = −→v |−→v | = (2, 4, 4)√ 22 + 42 + 42 = (2, 4, 4)√ 36 = (2, 4, 4) 6 = ( 1 3 , 2 3 , 2 3 ) E´ fa´cil ver que |−→u | = 1, pois |−→u | = √( 1 3 )2 + ( 2 3 )2 + ( 2 3 )2 = √ 1 9 + 4 9 + 4 9 = √ 9 9 = 1 Assim, |−→u | = (1 3 , 2 3 , 2 3 ) e´ o versor de −→v = (2, 4, 4). 33 Condic¸a˜o de ortogonalidade Sejam −→u e −→v dois vetores ortogonais, enta˜o o aˆngulo entre eles e´ θ = 90o. Assim, na fo´rmula cos θ = −→u · −→v |−→u | |−→v | podemos escrever: cos 90o = −→u · −→v |−→u | |−→v | 0 = −→u · −→v |−→u | |−→v |−→u · −→v = 0 (|−→u | |−→v |)−→u · −→v = 0 Desse modo, definimos vetores ortogonais como segue: Definic¸a˜o 3.10. Dois vetores −→u e −→v sa˜o ortogonais se −→u · −→v = 0. Exemplo 3.11. Sejam os pontos A(3, 1,−2) e B(4, 0, α) e −→u = (2, 1,−1) um vetor ortogonal ao vetor −→ AB, determinar o valor de α. Soluc¸a˜o: Dados do problema: I) Pontos A(3, 1,−2) e B(4, 0, α) II) −→u = (2, 1,−1) III)−→u e −→AB sa˜o ortogonais isto e´ −→u · −→AB = 0 Tarefa: Determiar α de I) −→ AB = B −A = (4, 0, α)− (3, 1,−2) = (1,−1, α+ 2) Agora: 1) −→u · −→AB = (2, 1,−1) · (1,−1, α+ 2) = 2 + (−1) + (−1) (α+ 2) = 2− 1− α− 2 = −α− 1 Substituindo 1) em −→u · −→AB = 0 vem −→u · −→AB = 0 −α− 1 = 0 α = −1 Portanto, para que −→u e −→AB sejam ortogonais deve ocorrer α = −1. Exemplo 3.12. Sejam os pontos A(3, 1,−2) e B(4, 0, α), −→u = (2, β,−1) e−→v = (β, 4, 2) dois vetores, determinar os valores de α e β para que −→u e −→v sejam simultaneamente ortogonais ao vetor −→ AB. 34 Soluc¸a˜o: Dados do problema: I) Pontos A(3, 1,−2) e B(4, 0, α) II) −→u = (2, β,−1) e −→v = (β, 4, 2) III)−→u e −→v sa˜o simultaneamente ortogonais a −→AB isto e´ −→u · −→AB = 0 e −→v · −→AB = 0 Tarefa: Determinar α de I) −→ AB = B − A = (4, 0, α)− (3, 1,−2) = (1,−1, α+ 2) Para determinar α devemos resolver o sistema de equac¸o˜es{ −→u · −→AB = 0 −→v · −→AB = 0 Assim, 1) −→u · −→AB = (2, β,−1) · (1,−1, α+ 2) = 2− β + (−1) (α+ 2) = 2− β − α− 2 = −β − α 2) −→v · −→AB = (β, 4, 2) · (1,−1, α+ 2) = β + (−4) + 2 (α+ 2) = β − 4 + 2α+ 4 = β + 2α Substituindo 1) e 2) em { −→u · −→AB = 0 −→v · −→AB = 0 obtemos{ −β − α = 0 β + 2α = 0 cuja soluc¸a˜o e´ α = 0 e β = 0. Exemplo 3.13. Detreminar o vetor −→v que satisfaz as seguintes condic¸o˜es: −→v e´ ortog- onal ao vetor −→u = (2,−3,−12), e´ colinear ao vetor −→w = (−6, 4,−2) e |−→v | = √56. Soluc¸a˜o: Condic¸o˜es para soluc¸a˜o i) −→v · −→u = 0; ii) −→v = k−→w iii) |−→v | = √56 Seja −→v = (x, y, z) enta˜o i) −→v · −→u = 0 ii)−→v = k−→w (x, y, z) · (2,−3,−12) = 0 (x, y, z) = k (−6, 4,−2) 2x− 3y − 12z = 0 x = −6k y = 4k z = −2k 35 iii) |−→v | = √56√ (−6k)2 + (4k)2 + (−2k)2 = √56 56k2 = 56 k = ±1 Resposta: os vetores −→v = (−6, 4,−2) ou −→v = (6,−4, 2) satisfazem tambe´m a condic¸a˜o i), logo correspondem a` soluc¸a˜o. Aˆngulos diretores e cossenos diretores Os aˆngulosdiretores do vetor −→v sa˜o os aˆngulos que ele forma com suas projec¸o˜es sobre os eixos x, y e z. Na figura III α, β e γ sa˜o os aˆngulos diretores do vetor −→v = −→OH Os cossenos diretores sa˜o dados por cosα = −→ i · −→v∣∣∣−→i ∣∣∣ |−→v | , cosβ = −→ j · −→v∣∣∣−→j ∣∣∣ |−→v | e cos γ = −→ k · −→v∣∣∣−→k ∣∣∣ |−→v | � � B C D EF G H � � � � �� A α β γ figura III Propriedade: cos2 α+ cos2 β + cos2 γ = 1. 36 Projec¸a˜o de um vetor sobre outro Na figura IV, os vetores −→w e −→v tem a mesma direc¸a˜o, logo sa˜o colineares, isto e´, existe k ∈ R tal que −→w = k−→v Sendo |−→u | a hipotenusa do triaˆngulo retaˆngulo de base |−→w | podemos escrever 1. cos θ = | −→w | |−→u | , o que implica em |−→w | = |−→u | |cos θ|; 2. mas ja´ sabemos que cos θ = −→u · −→v |−→u | |−→v | . Enta˜o substituindo este resultado em |−→w | = |−→u | |cos θ| obtemos 3. |−→w | = |−→u | ∣∣∣∣ −→u · −→v|−→u | |−→v | ∣∣∣∣, de modo que resulta em |−→w | = |−→u · −→v ||−→v | ; 4. da igualdade−→w = k−→v obtemos |−→w | = |k−→v |, ou seja, |−→w | = |k| |−→v |. Substituindo |−→w | em 4, pelo resultado de 3, obtemos | −→u · −→v | |−→v | = |k| | −→v |. Assim, o valor de |k| em func¸a˜o de −→u e −→v dado por |k| = | −→u · −→v | |−→v |2 . Consequentemente, encontramos k = −→u · −→v |−→v |2 � �−→u −→v �� −→w=k−→v θ Figura IV 37 1. Finalmente, como −→w = k−→v substituindo k por −→u · −→v |−→v |2 obtemos a fo´rmula do vetor projec¸a˜o de −→u sobre −→v dada por: −→w = (−→u · −→v |−→v |2 ) −→v Denotaremos por proj −→u−→v = (−→u · −→v |−→v |2 ) −→v Exemplo 3.14. Determinar a projec¸a˜o do −→u = (1, 2, 4) sobre −→v = (2, 2, 1). Soluc¸a˜o: usando fo´rmula proj −→u−→v = (−→u · −→v |−→v |2 ) −→v obtemos proj −→u−→v = (−→u · −→v |−→v |2 ) −→v = (1, 2, 4) · (2, 2, 1)(√ (2, 2, 1) · (2, 2, 1) )2 (2, 2, 1) = ( 2 + 4 + 4 4 + 4 + 1 ) (2, 2, 1) = 10 9 (2, 2, 1) = 10 9 (2, 3, 1) = ( 20 9 , 10 3 , 1 9 ) Exemplo 3.15. Encontre as coordenadas do ponto H, pe´ da altura relativa ao ve´rtice B, do triaˆngulo cujos ve´rtices sa˜o os pontos A (1, 1, 1), B (1, 5, 4) e C (1, 11, 1). Soluc¸a˜o: I) Calculamos a projec¸a˜o do vetor −→ AB = (0, 4, 3) sobre o vetor −→ AC = (0, 10, 0). Assim Pr oj −→ AB−→ AC = ( (0, 4, 3) · (0, 10, 0) (0, 10, 0) · (0, 10, 0) ) (0, 10, 0) = 40 100 (0, 10, 0) = (0, 4, 0). Seja H (x, y, z) pe´ da altura relativa ao ve´rtice B, enta˜o as coordenadas dos vetor −→ AH a`s coordenadas da Pr oj −→ AB−→ AC . Desse modo, −→ AH = Pr oj −→ AB−→ AC , implica em H −A = (0, 4, 0) (x, y, z)− (1, 1, 1) = (0, 4, 0).Logo, 38{ x− 1 = 0 y − 1 = 4 z − 1 = 0 , portanto, o ponto H e´ dado por H (1, 5, 1). Exemplo 3.16. Na figura V, aplicando os conceitos de vetores e conhecendo |!a| = √2 e |!b| = 2√2, determine o aˆngulo θ entre os vetores !b e !c; � !a � � � � � � � � � � � � � �� !b � � � � � � � � � � � � � �� !c � � � � � � 60◦ θ Figura V Soluc¸a˜o: 1) !b · !c = |!b||!c| cos θ implica em cos θ = !b · !c |!b||!c| Mas, !c = !a−!b. Enta˜o, cos θ = !b · (!a−!b) |!b||!c| = !b · !a−!b ·!b |!b||!c| = !b · !a− |!b|2 |!b||!c| . Ale´m disso, !a ·!b = |!a||!b| cos 60◦ = √2 (2√2) 1 2 = 2. E, pela lei dos cossenos, temos que |!c|2 = |!a|2 + |!b|2 − 2|!a||!b| cos 60◦ = 2 + 8− 2√2 2√2 1 2 = 6. Portanto, |!c| = √6. Substituindo os valores, cos θ = 2−8 2 √ 2 √ 6 = − √ 3 2 . Logo, θ = 150◦ = 5π 6 . 39 3.3. Produto Vetorial Definic¸a˜o 3.17. Dados dois vetores −→u = (x, y, z) e −→v = (r, s, t), tomados nesta or- dem, o produto vetorial de −→u por −→v e´ o vetor −→u ×−→v dado pelo determinante −→u ×−→v = ∣∣∣∣∣∣ −→ i −→ j −→ k x y z r s t ∣∣∣∣∣∣ −→u ×−→v = (yt− zs)−→i + (zr − xt)−→j + (xs− yr)−→k Exemplo 3.18. Determinar o produto vetorial de −→u = (1, 3, 4) por −→v = (2, 5, 6). Soluc¸a˜o: Para determinar −→u ×−→v basta encontrar o determinante: −→u ×−→v = ∣∣∣∣∣∣ −→ i −→ j −→ k 1 3 4 2 5 6 ∣∣∣∣∣∣ Uma te´cnica para encontrar determinantes e´ a regra de Sarrus que consiste em: a)Formar uma nova matriz acrescida das duas primeiras colunas −→ i −→ j −→ k −→ i −→ j 1 3 4 1 3 2 5 6 2 5 b) multiplicar os valores de cada diagonal descendente partindo do canto superior esquerdo e somar os resultados −→ i ց −→j ց −→k ց −→i −→j 1 3ց 4ց 1ց 3 2 5 6 2 5 (−→ i ∗ 3 ∗ 6 ) + (−→ j ∗ 4 ∗ 2 ) + (−→ k ∗ 1 ∗ 5 ) = 18 −→ i + 8 −→ j + 5 −→ k c) multiplicar os valores de cada diagonal ascendente partindo do canto inferio esquerdo e somamr os resultados −→ i −→ j −→ k −→ i −→ j 1 3ր 4ր 1ր 3 2ր 5ր 6ր 2 5 40( 2 ∗ 3 ∗ −→k ) + ( 5 ∗ 4 ∗ −→i ) + ( 6 ∗ 1 ∗ −→j ) = 6 −→ k + 20 −→ i + 6 −→ j d) Subtrair o resultado b) do resultado c), isto e´: (−→u ×−→v ) = ( 18 −→ i + 8 −→ j + 5 −→ k ) − ( 20 −→ i + 6 −→ j + 6 −→ k ) Assim , (−→u ×−→v ) = −2−→i + 2−→j −−→k Propriedades do produto vetorial Como o produto vetorial e´ um vetor obtido por meio do ca´lculo de determinantes, as suas propriedades sa˜o as mesmas associadas aos determinantes. Assim, sejam −→u , −→v e −→w treˆs vetores, enta˜o valem as seguintes propriedades para −→u ×−→v : 1. −→u ×−→u = −→0 , pois e´ um determinante com duas linhas iguais; 2. −→u ×−→v = −−→v ×−→u , pois ha´ uma troca na posic¸a˜o das linhas; 3. −→u × (−→v +−→w ) = −→u ×−→v +−→u ×−→w , distributiva em relac¸a˜o a soma de vetores; 4. −→u ×−→v e´ simultaneamente ortogonal aos vetores −→u e −→v ; (ver figura VI) 5. m (−→u ×−→v ) = m−→u ×−→v = −→u ×m−→v para m ∈ R; 6. |−→u ×−→v |2 = |−→u |2 |−→v |2 − (−→u · −→v )2. 41 � � � � −→u −→v −→u ×−→v −→v ×−→u Figura VI Igualdade importante Problema 3.19. Da propriedade 6 obtemos a seguinte igualdade; |−→u ×−→v |2 = |−→u |2 |−→v |2 − (−→u · −→v )2 = |−→u |2 |−→v |2 − (|−→u | |−→v | cos θ)2 = |−→u |2 |−→v |2 − |−→u |2 |−→v |2 cos2 θ = |−→u |2 |−→v |2 (1− cos2 θ) = |−→u |2 |−→v | sen2θ consequentemente |−→u ×−→v | = |−→u | |−→v | senθ Exemplo 3.20. Dados os vetores −→u = (1,−1, 2) e −→v = (−5,−1, 2), −→w = (2,−4, 3), determine o vetor−→a , tal que−→a seja paralelo ao−→w , e −→v seja simultaneamente ortogonal aos vetores −→a e −→u . Soluc¸a˜o: Condic¸o˜es para soluc¸a˜o I) −→a = t −→w II) −→v = −→a × −→u 42 Seja −→a = (x, y, z), enta˜o como de I) −→a = t −→w (x, y, z) = t (2,−4, 3), ou seja { x = 2t y = −4t z = 3t Da condic¸a˜o II) temos −→v = −→a × −→u , assim, (−5,−1, 2) = ∣∣∣∣∣∣ −→ i −→ j −→ k 2t −4t 3t 1 −1 2 ∣∣∣∣∣∣ = −5t−→i − t−→j + 2t−→k (−5,−1, 2) = (−5t,−t, 2t) Logo t = 1 assim, −→a = (2,−4, 3). Exemplo 3.21. Encontre o vetor −→w , simultaneamente ortogonal aos vetores −→u = −−→i − 2−→j e −→v = −−→i − 4−→j − 3−→k que satisfaz a condic¸a˜o |−→w | = 14. Soluc¸a˜o: As condic¸o˜es para resoluc¸a˜o sa˜o: i) −→w = t (−→u ×−→v ) pois −→w e´ qualquer vetor simultaneamente ortogonal aos vetores −→u e −→v . ii)|−→w | = 14 de (i) vem (x, y, z) = t det [ i j k −1 −2 0 −1 −4 −3 ] = t (2k − 3j + 6i) = (6t,−3t, 2t) Logo, { x = 6t y = −3t z = 2t ii) substiuindo em |−→w | = 14 vem√ x2 + y2 + z2 = 14√ (6t)2 + (−3t)2 + (2t)2 = 14√ (6t)2 + (−3t)2 + (2t)2 = 14√ 49t2 = 14 49t2 = 142 t = ±2 Logo { x = ±12 y = ±6 z = ±4 Portanto, teremos −→w = (12, 6, 4) ou −→w = (−12,−6,−4) 43 Exemplo 3.22. Dados os vetores −→u = (12, 8, 4) e −→v = (1,−2, 2) e −→w = (2,−3, 0), determine as coordenadas do vetor −→ b , tal que −→ b seja paralelo ao −→w − −→v e −→u seja simultaneamenteortogonal aos vetores −→ b e −→v . Soluc¸a˜o: Condic¸o˜es para soluc¸a˜o I) −→ b = t (−→w −−→v ) II) −→u = −→b × −→v Seja −→ b = (x, y, z) enta˜o I) −→ b = t (−→w −−→v ) (x, y, z) = t ((2,−3, 0)− (1,−2, 2)) = (t,−t,−2t){ x = t y = −t z = −2t II) sendo −→u = −→b × −→v vem (12, 8, 2) = −→i −→j −→kt −t −2t 1 −2 2 = −6it− 4jt− kt=(−6t,−4t,−t) Logo t = −2 assim, −→b = (−2, 2, 4). Interpretac¸a˜o geome´trica do mo´dulo do produto vetorial Geometricamente o mo´dulo do produto vetorial de −→u por −→v e´ a a´rea do paralelograma de arestas |−→u | e |−→v |. Vamos demonstrar essa afirmac¸a˜o. Seja S a a´rea do paralelogramo ACDB de arestas|−→u | e |−→v | representado na figura VII. Enta˜o, S = |−→v | h mas h = |−→u | senθ enta˜o S = |−→v | |−→u | senθ Considerando a igualdade 3.19 temos o sistema de equac¸o˜es{ S = |−→v | |−→u | senθ |−→u ×−→v | = |−→u | |−→v | senθ que implica em S = |−→u ×−→v | 44 � � �� −→u −→v θ A B C D Figura VII h Exemplo 3.23. Encontre o valor de x para que a a´rea do retaˆngulo em que treˆs dos ve´rtices sa˜o os pontos A (x, 1, 1), B (1,−1, 0) e M (2, 1,−1) seja √29. Soluc¸a˜o: Condic¸o˜es para soluc¸a˜o I) se S = √ 29 enta˜o devemos ter |−→u ×−→v | = √29 II) Sejam −→u = −→BA e −→v = −−→BM Enta˜o, −→u = −→BA = (1,−1, 0)− (x, 1, 1) = (1− x,−2− 1) −→v = −−→BM = (2, 1,−1)− (1,−1, 0) = (1, 2,−1) Agora, |−→u ×−→v | = ∣∣∣∣∣∣ −→ i −→ j −→ k 1− x −2 −1 1 2 −1 ∣∣∣∣∣∣ = 4−→i − x−→j + (4− 2x)−→k = (4,−x, 4− 2x) Como |−→u ×−→v | = √29 teremos 45 |−→u ×−→v | = √29√ 42 + (x)2 + (4− 2x)2 = √29 (2x− 4)2 + x2 + 16 = 29 5x2 − 16x+ 32− 29 = 0 5x2 − 16x+ 3 = 0 cujas raizes sa˜o x = 3 ou x = 1 5 Portanto, ocorre A (3, 1, 1) ou A ( 1 5 , 1, 1 ) . Exemplo 3.24. Os pontos A(1, 2,−1), B (0, 4, 5) e C (−2, 0, 1) sa˜o ve´rtices de um triaˆngulo, encontre um vetor −→u perpendicular aos lados do triaˆngulo ABC tal que |−→u | = 48 Soluc¸a˜o: Condic¸o˜es para soluc¸a˜o I −→u = t −→AB× −→AC II |−→u | = 48 Seja −→u = (x, y, z) e sendo{ −→ AB = (0, 4, 5)− (1, 2,−1) = (−1, 2, 6)−→ AC = (−2, 0, 1)− (1, 2,−1) = (−3,−2, 2) De I) vem (x, y, z) = t ∣∣∣∣∣∣ −→ i −→ j −→ k −1 2 6 −3 −2 2 ∣∣∣∣∣∣ = 16t−→i − 16t−→j + 8t−→k Portanto,{ x = 16t y = −16t z = 8t Da condic¸a˜o II) |−→u | = 48√ x2 + y2 + z2 = 48√ (16t)2 + (−16t)2 + (8t)2 = 48√ 576t2 = 48 ±24t = 48 t = ±2 consequentemente para t = 2 teremos,{ x = 32 y = −32 z = 16 e, assim, −→u = (32,−32, 16). Para t = −2, o vetor sera´ −→u = (−32, 32,−16) 46 3.4. Produto misto De forma simplificada o produto misto e´ a mistura do produto escalar com o produto vetorial. Definic¸a˜o 3.25. Sejam −→u = (x, y, z) e −→v = (r, s, t) e −→w = (a, b, c) tomados nesta or- dem, denominamos produto misto dos vetores −→u ,−→v e −→w ao nu´mero real −→u ·(−→v ×−→w ), denotado por (−→u ,−→v ,−→w ), dado pelo determinante −→u · (−→v ×−→w ) = ∣∣∣∣∣ x y zr s ta b c ∣∣∣∣∣ Para mostrar que −→u · (−→v ×−→w ) e´ realmente dado pelo determinante∣∣∣∣∣ x y zr s ta b c ∣∣∣∣∣ procedemos como segue: −→u · (−→v ×−→w ) = −→u · ∣∣∣∣∣∣ −→ i −→ j −→ k r s t a b c ∣∣∣∣∣∣ Realizando o abaixamento de ordem obtemos −→u · (−→v ×−→w ) = −→u · (−→ i ∣∣∣∣ s tb c ∣∣∣∣−−→j ∣∣∣∣ r ta c ∣∣∣∣+−→k ∣∣∣∣ r sa b ∣∣∣∣) −→u · (−→v ×−→w ) = (x, y, z) · (∣∣∣∣ s tb c ∣∣∣∣ ,− ∣∣∣∣ r ta c ∣∣∣∣ , ∣∣∣∣ r sa b ∣∣∣∣) −→u · (−→v ×−→w ) = x ∣∣∣∣ s tb c ∣∣∣∣− y ∣∣∣∣ r ta c ∣∣∣∣+ z ∣∣∣∣ r sa b ∣∣∣∣ −→u · (−→v ×−→w ) = ∣∣∣∣∣ x y zr s ta b c ∣∣∣∣∣ Exemplo 3.26. Dados os vetores −→u = (2, 3, 4) e −→v = (1, 2, 1) e −→w = (2, 3, 1), deter- minar o produto misto −→u · (−→v ×−→w ). Soluc¸a˜o: Vamos encontrar −→u · (−→v ×−→w ) por meio de dois me´todos; I) Pelo metodo do abaixamento de ordem −→u · (−→v ×−→w ) = ∣∣∣∣∣ 2 3 41 2 12 3 1 ∣∣∣∣∣ = 2 ∣∣∣∣ 2 13 1 ∣∣∣∣− 3 ∣∣∣∣ 1 12 1 ∣∣∣∣+ 4 ∣∣∣∣ 1 22 3 ∣∣∣∣ −→u · (−→v ×−→w ) = 2 (2 ∗ 1− 3 ∗ 1)− 3 (1 ∗ 1− 2 ∗ 1) + 4 (1 ∗ 3− 2 ∗ 2) −→u · (−→v ×−→w ) = 2 (2− 3)− 3 (1− 2) + 4 (3− 4) −→u · (−→v ×−→w ) = 2 (−1)− 3 (−1) + 4 (−1) = −3 47 −→u · (−→v ×−→w ) = −3 II) Pelo metodo da regra de Sarrus (outra foram de fazer) −→u · (−→v ×−→w ) = ∣∣∣∣∣ 2 3 41 2 12 3 1 ∣∣∣∣∣ a)Forma-se uma nova matriz acrescida das duas primeiras linhas 2 3 4 1 2 1 2 3 1 2 3 4 1 2 1 b) multiplicam-se os valores de cada diagonal descendente partindo do canto superior esquerdo e somam-se os resultados 2ց 3 4 1ց 2ց 1 ց 2 ց 3 ց 1 2 ց 3 ց 4 1 2 ց 1 2 ∗ 2 ∗ 1 + 1 ∗ 3 ∗ 4 + 2 ∗ 3 ∗ 1 = 22 c) multiplicam-se os valores de cada diagonal ascendente partindo do canto inferio esquerdo e somam-se os resultados 2 3 ր 4 1 ր 2 ր 1 ր 2 ր 3 ր 1 ր 2 ր 3 4 ր 1 2 3 2 ∗ 2 ∗ 4 + 2 ∗ 3 ∗ 1 + 1 ∗ 3 ∗ 1 = 25 d) Subtrai-se o resultado de b) do resultado de c), isto e´: −→u · (−→v ×−→w ) = 22− 25 = −3 3.5. Propriedades do produto misto Como o produto misto resulta de um determinante, suas propriedades sa˜o as mesmas dos determinantes. Sejam −→u e −→v e −→w vetores na˜o nulos, enta˜o produto misto de vetores apresenta as seguintes propriedades: 1. (−→u ,−→v ,−→w ) = 0 nos seguites casos: 1. se um dos vetores for nulo; 48 2. se dois vetores na˜o nulos sa˜o colineares; 3. se −→u e −→v e −→w sa˜o coplanares; 2. (−→u ,−→v ,−→w ) = (−→v ,−→w ,−→u ) = (−→w ,−→u ,−→v ), isto e´ independe da ordem circular, mas (−→u ,−→v ,−→w ) = − (−→v ,−→u ,−→w ); 3. (−→u ,−→v ,−→w +−→r ) = (−→u ,−→v ,−→w ) + (−→u ,−→v ,−→r ); 4. (m−→u ,−→v ,−→w ) = (−→u ,m−→v ,−→w ) = (−→u ,−→v ,m−→w ) = m (−→u ,−→v ,−→w ); 3.6. Interpretac¸a˜o geome´trica do produto misto Considere o paralelep´ıpedo da figura VIII cujas aresta da base sa˜o os vetores −→u e −→v e arestas laterais o vetor −→w . Sabe-se que volume do paralelep´ıpedo e´ igual a a´rea da base Ab multiplicada pela altura h, e tambe´m sabemos que Ab = |−→u ×−→v |. Assim, i)V = Abh V = |−→u ×−→v |h pore´m, II) cos θ = h |−→w | ou |h| = |−→w | |cos θ| Substituindo II) em I) obtemos V = |−→u ×−→v | |−→w | |cos θ| = |−→w | (|−→u ×−→v | |cos θ|) como −→p · −→q = |−→p | |−→q | cos θ, fazendo |−→p | = |−→w | e |−→q | = |−→u ×−→v | obtemos V = |−→w · (−→u ×−→v )| 49 � � � � � � � � � � � � −→u −→v −→w � h θ �Figura VIII Exemplo 3.27. Dados os pontos A (3,−1, 4) e B (3, 0, 2) e os vetores −→u = (2x, 0, y) e −→w = (−3x, 1, 2y)., um paralelep´ıpedo de volume V = 12 e´ gerado pelos vetores −→u , −→v e −→w . Sabendo que −→w e´ combinac¸a˜o linear dos vetores −→u e −→v = −→AB dada por−→w = 3−→u −−→v encontre as relac¸o˜es entre x e y. Soluc¸a˜o: I) Sabemos que o volume do paralelep´ıpedo formado pelos vetores−→u , −→v e −→w e´ dado por V = |(−→u ,−→v ,−→w )| = 12. II) −→v = −→AB = B − A logo −→v = (0, 1,−2) . III) o produto misto dos vetores −→u , −→v e −→w e´ dado por: (−→u ,−→v ,−→w ) = det ∣∣∣∣∣ 2x 0 y0 1 −2−3x 1 2y ∣∣∣∣∣ Portanto, sendo o volume do paralelepipedo igual a 12 obtem-se 50 (−→u ,−→v ,−→w ) = V |4x+ 7xy| = 12 Logo, 4x+ 7xy = 12 e 4x+ 7xy − 12. Portanto, as relac¸o˜es entre x e y sa˜o 4x+ 7xy = 12 ou 4x+ 7xy = −12. Exemplo 3.28. Determine o valor de α para que os vetores −→v = (2,−1, 0), −→u = (6, α,−2) e −→w = −4−→i +−→k satisfac¸am as condic¸o˜es nos casos: 1. −→v , −→u e −→w sejam coplanares; 2. −→v , −→u e −→w formem um paralelep´ıpedo de volume igual a 8 unidades. Soluc¸a˜o: 1) os pontos sa˜o coplanares se −→u . (−→w ×−→v ) = 0. −→u . (−→w ×−→v ) = ∣∣∣∣∣ 2 −1 06 α −2−4 0 1 ∣∣∣∣∣ = 2α− 2 = 0 Logo α = 1 2) O volume do paralelep´ıpedo e´ dado por |−→u . (−→w ×−→v )| = 8, o que implica em: |2α− 2| = 8. Portanto, teremos 2α− 2 = 8 ou 2α− 2 = −8. Consequentemente, α = 5 ou α = −3. 51 Exerc´ıcos 1. Dados os vetores −→u =(2, 1, 5) e −→v = (2, 1, 2) encontre: 1. |−→u | e |−→v |; Respostas: √30 e 3. 2. −→u · −→v e o aˆngulo entre −→u e −→v ; Respostas: arccos (√ 30 3 ) . 3. os versores de −→u e −→v . Respostas: ( 2√ 30 , 1√ 30 , 5√ 30 ) e ( 2 3 , 1 3 , 2 3 ) . 2. Dados os vetores −→u = α−→i − 2α−→j + 2−→k e −→v = −3−→i +−→j + 3−→k , determine α para que −→u e −→v seja ortogonais. Resposta: α = 6 5 . 3. Dados os vetores −→u = (2, α,−2α− 1), −→v = (α,α− 1, 1) e −→w = (α, 1, 1) deter- mine α para que a igualdade −→u · −→v = (−→u +−→v ) · −→w seja verdadeira. Resposta: α = 0. 4. Dados os pontos A (−1, 0, 2), B (−4, 1, 1) e M (0, 1, 3) determine o vetor −→v tal que 2−→v −−→AB = −→v + (−−→ BM · −→AB )−−→ AM . Resposta: −→v = (−17,−13,−15). 5. Os pontos A, B e M sa˜o ve´rtices de um triaˆngulo equila´tero de lado igual a 10cm, determine o produto −→ AB · −−→AM . Resposta: 50. 6. Dados os vetores −→u = (2, 1, α), −→v = (α+ 2,−5, 2) e −→w = (2α, 8, α) determine α para que: 1. −→u +−→v seja ortogonal ao vetor −→w −−→u . Respostas: α = 3 ou α = −6. 2. −→u +−→v seja ortogonal ao vetor −→w ×−→u . Resposta: α = −4± √ 35 17 . 7. Dados os vetores −→u = (−2,−1, 1), −→v = (1,−1, 0) e −→w = (−1, 2, 2) determine: 1. −→w ×−→v ; Resposta: (2, 2,−1). 2. −→v × (−→w −−→u ); Resposta: (−1,−1, 4) 3. (−→u +−→v )× (−→u −−→v ); Resposta: (−2,−2,−6) 4. (−→u +−→v ) · −→w ; Resposta: −1. 5. (−→u +−→v ) · (−→w ×−→v ). Resposta: −7. 8. Dados os vetores −→u = (3,−1, 2), −→v = (1, 0,−3) determine um vetor simultanea- mente ortogonal aos vetores 2−→u +−→v e −→v −−→u . Resposta: t (3, 11, 1). 9. Dados os vetores −→w = (1, 2, α), −→v = (2,−1, 0) e −→u = (1,−3,−1), determine α para que −→w seja simultaneamente ortogonal aos vetores −→u e −→v . Resposta: α = −5. 10. Dados os vetores −→u = (−2,−1, 1), −→v = (1,−1, 0) e −→w = (−1, 2, 2) determine a a´rea dos paralelogramos de arestas: 1. |−→u |e |−→v |; Resposta: √11. 2. |−→u |e |−→w |; Resposta: 5√2. 52 3. |−→v |e |−→w |. Resposta: 3 11. Dados os vetores −→u = (−2,−1, 1), −→v = (1,−1, 0) e −→w = (−1, 2, 2) determine: 1. −→u · (−→v ×−→w ); −→w · (−→u ×−→v ); −→v · (−→w ×−→u ); Resposta: 7. 2. Compare os resultados. 12. Verifique se sa˜o coplanres os pontos: 1. A (1, 1, 1), B (−2,−1,−3),M (0, 2,−2) eN (−1, 0,−2); Resposta: sa˜o coplanares. 2. A (1, 0, 2), B (−1, 0, 3),M (2, 4, 1) eN (−1,−2, 2); Resposta: na˜o sa˜o coplanares. 3. A (2, 1, 3), B (3, 2, 4),M (−1,−1,−1) eN (0, 1,−1); Resposta: na˜o sa˜o coplanares. 13. Determine o valor de α para que os pontos A (α, 1, 2), B (2,−2,−3), M (5, 1,−1) e N (3,−2,−2) sejam coplanares. Resposta α = 8. 14. Determine o valor de α para que vetores −→u = (2,−1, α), −→v = (1, 0, 2) e −→w = (α, 1, α) sejam coplanares. Resposta: na˜o existe α. 15. Dados os vetores −→u = (1, 1, 0), −→v = (2, 0, 1), −→w1 = 3−→u −−→v , −→w2 = −→u + 3−→v e−→w3 = −→i +−→j − 2−→k , determine o volume do paralelep´ıpedo definido pelos vetores−→w1, −→w2 e −→w3; Resposta: V = 40. 16. Dados os vetores −→u = 2−→i − −→j , −→v = 6−→i + α−→j − 2−→k e −→w = −4−→i + −→k , determine o valor de α para que o volume do paralelep´ıpedo definido pelos vetores−→u ,−→v e −→w seja igual a 10 unidades. Resposta: α = 6 ou α = −4. 17. Ddos os pontos A (1,−2, 3), B (2,−4, 4), M (0, 2, 0) e N (−1, α, 1), determine o valor de α para que o volume do paralelep´ıpedo definido pelos vetores −→ AB, −−→ AM e−→ AN seja igual a 20 unidades . Resposta: α = 12 ou α = 8. 53 Exerc´ıcios extraclasse: Entregar no dia da prova valendo ate´ 20%, sobre a nota da prova, para quem na˜o tirar 10. 1. Dados os vetores !a = 2!i− 3!j + 5!k e !b =!i− 2!j determine !a ·!b. Resposta 8. 2. Dados os vetores !u = (4, α,−1) e !v = (α, 2, 3) e os pontos A(4,−1, 2) e B(3, 2,−1), determinar o valor de α tal que !AB · (!u+ !v) = 5. Resposta: α = 9 2 . 3. Determine o mo´dulo do vetor !v = (5, 4, 3). Resposta: 5 √ 2. 4. Determine o versor do vetor !v = (5, 4, 3). Resposta: (√ 2 2 , 2 √ 2 2 , 3 √ 2 10 ) . 5. Sabendo que a distaˆncia entre os pontos A(−1, 2, 3) e B(1,−1,m) e´ 7, calcular m. Resposta: m = −3 ou α = 9. 6. Determinar α para que o vetor !u = ( √ 11 4 ,−1 2 , α) seja unita´rio. Resposta α = ±1 4 7. Determinar os aˆngulos do triaˆngulo de ve´rtices A(2, 1, 3), B(1, 0,−1) e C(−1, 2, 1). Resposta: 50057, 74012 ′ e 54050 ′ . 8. Provar que os pontos A(5, 1, 5), B(4, 3, 2) e C(−3,−2, 1) sa˜o ve´rtices de um triaˆngulo retaˆngulo. 9. Qual o mo´dulo do vetor projec¸a˜o de !u = (3, 5, 2) sobre o eixo dos y ? Resposta: proj vy = (0, 5, 0). 10. Detreminar o vetor −→v que satisfaz as seguntes condic¸o˜es: −→v e´ ortogonal ao vetor−→u = (2,−3, 12), e´ colinear ao vetor −→w = (−6, 4,−2) e |−→v | = √56. Resposta:−→v = (−6, 4,−2) ou −→v = (6,−4, 2). 11. Dados os vetores −→u = (3,−2, 1) e −→v = (1, 2,−3), determiar α ∈ R tal que a combinac¸a˜o linear −→u + α−→v seja colinear com o vetor −→w = (3, 2,−4). Resposta: α = 3. 12. Se !u = 2!i + 3!j + 4!k e !v = −!i + !k, determine !u × !v e !v × !u. Resposta: (3,−6, 3) ou (−3, 6,−3). 13. Calcular a a´rea do triaˆngulo de ve´rtices A(2, 3,−1), B(3, 1,−2) e C(−1, 0, 2). Resposta: A = 9 √ 2 2 . 14. Calcular a a´rea do paralelogramo que tem um ve´rtice no ponto A(3, 2, 1) e uma diagonal de extremidades B(1, 1,−1) e C(0, 1, 2). Resposta: A = √74. 15. Mostre que se 3!u− 2!v + 17!w = !0 enta˜o 3!u× !v = 17!v × !w. 16. Dados os vetores −→u = (1,−1, 0) e −→v = (0, 0, 2) determine as coordenadas do vetor −→w = (2,−3, 0), determine o vetor −→b tal que −→b seja paralelo ao −→w e −→u seja simultaneamente ortogonal aos vetore −→ b e −→v . Resposta: −→b = (4,−6, 0). 17. Dados os vetores !u = (2,−1, 1), !v = (1,−1, 0) e !w = (−1, 2, 2), calcular !u×(!v× !w) e !w × (!u× !v). Resposta: (1,−4,−6). 54 18. Verificar se sa˜o coplanares os pontosA(2, 1, 3), B(3, 2, 4), C(−1,−1,−1) eD(0, 1,−1). Resposta: sa˜o coplanares. 19. Determinar o valor de k para que os seguintes vetores !a = (2, k, 1), !b = (1, 2, k) e !c = (3, 0,−3) sejam coplanares. Resposta: k = −3 ou k = 2. 20. Os vetores !a = (3,−1,−3), !b = (−1, 1,−4) e !c = (m + 1,m,−1) determinam um paralelep´ıpedo de volume 42. Calcular m. Resposta: m = 37 22 . 21. Sendo !u e !v vetores do espac¸o, com !v �= !0: a) determinar o nu´mero real r tal que !u− r!v seja ortogonal a !v e b) mostrar que (!u+ !v)× (!u− !v) = 2!v × !u. 55 4. Retas 4.1. Objetivos do cap´ıtulo Ao final deste cap´ıtulo o estudante devera´ ser capaz de: 1. Reconhecer equac¸o˜es da reta: vetorial, parame´tricas, sime´tricas, e reduzidas; 2. Determinar equac¸o˜es da reta que passam: por um ponto, por dois pontos e por treˆs pontos alinhados; 3. Reconhecer equac¸o˜es de retas paralelas aos eixos coordenados e planos coordena- dos; 4. Calcular o aˆngulo entre duas retas; 5. Resolver problemas que envolvam paralelismo e ortogonalidade e coplanaridade de retas; 6. Identificar as posic¸o˜es relativas entre duas retas; 7. Resolver problemas que envolvam intersec¸a˜o de retas; 8. Determinar distaˆncias entre ponto e reta; 9. Determinar distaˆncia entre duas retas. 4.2. Equac¸o˜es da reta Equac¸a˜o vetorial da reta Seja r uma reta que passa pelo ponto A e tem a direc¸a˜o do vetor na˜o nulo −→v , enta˜o um ponto P (x, y, z) do espac¸o R pertence a` reta r, se os vetores −→v e −→AP forem colineares, isto e´, existe t ∈ R tal que −→AP = t−→v . (ver Figura I) 56 � � � x y y � � � � −→v� � � � � r A P Figura I Da igualdade −→ AP = t−→v podemos escrever P − A = t−→v ou P = A+ t−→v A igualdade P = A+ t−→v e´ denominada equac¸a˜o vetorial da reta r. Exemplo 4.1. A equac¸a˜o vetorial da reta que passa pelo ponto A(2, 1, 5) e tem a direc¸a˜o do vetor −→v = (1, 3, 4) e´ dada por (x,y, z) = (2, 1, 5) + t(1, 3, 4), ou tambe´m pode ser escrita como (x, y, z) = (2 + t, 1 + 3t, 5 + 4t). (ver Figura II) 57 � � � 2 3 4 5 1 −→v A r Figura II 4.3. Equac¸o˜es parame´tricas da reta Seja r uma reta que passa pelos pontos A(x0, y0, z0) e P (x, y, z) e tem a direc¸a˜o do vetor−→v = (a, b, c), enta˜o substituindo A e −→v na equac¸a˜o vetorial da reta r obtemos P = A+ t−→v (x, y, z) = (x0, y0, z0) + t (a, b, c) (x, y, z) = (x0, y0, z0) + (ta, tb, tc) (x, y, z) = (x0 + ta, y0 + tb, z0 + tc) ou seja{ x = x0 + ta y = y0 + tb z = z0 + tc 58 As equac¸o˜es { x = x0 + ta y = y0 + tb z = z0 + tc sa˜o denominadas equac¸o˜es parame´tricas da reta r que passa pelo ponto A(x0, y0, z0) e tem vetor diretor −→v = (a, b, c). A varia´vel t e´ denominada paraˆmetro. Exemplo 4.2. Escrever as equac¸o˜es equac¸o˜es parame´tricas da reta r que passa pelo ponto A(2, 1, 3) e tem vetor diretor −→v = (1, 3, 4). Soluc¸a˜o: Sendo o ponto A(2, 1, 3) e o vetor diretor −→v = (1, 3, 4), temos:{ x0 = 2 y0 = 1 z0 = 3 e { a = 1 b = 3 c = 4 , logo, as equac¸o˜es parame´tricas da reta r sa˜o: { x = 2 + t y = 1 + 3t z = 3 + 4t . Exemplo 4.3. Determinar os pontos A,B,C e D da reta r de equac¸o˜es parame´tricas{ x = 2 + t y = 1 + 3t z = 3 + 4t para os valores t = −1, t = 0, t = 1, t = 2, respectivamente. Soluc¸a˜o: Podemos formar a tabela Pontos t x = 2 + t y = 1 + 3t z = 3 + 4t A −1 1 −2 −1 B 0 2 1 3 C 1 3 4 7 D 2 4 7 11 Logo, os pontos sa˜o dados porA (1,−2,−1), B (2, 1, 3) , C (3, 4, 7) eD (4, 7, 11). Exemplo 4.4. Verifique se os pontos A (1, 7,−1), B (1,−2,−1) pertencem a` reta r de equac¸o˜es parame´tricas { x = 2 + t y = 1 + 3t z = 3 + 4t . Soluc¸a˜o: Devemos verificar se, para cada ponto, o valor de t nas equac¸o˜es parame´tricas { x = 2 + t y = 1 + 3t z = 3 + 4t e´ u´nico. Verificac¸a˜o para o ponto A (1, 7,−1): 59 x = 2 + t y = 1 + 3t z = 3 + 4t 1 = 2 + t 7 = 1 + 3t −1 = 3 + 4t t = −1 6 = 3t −4 = 4t t = 2 t = −1 Como o valor de t na˜o e´ u´nico, o ponto A na˜o pertence a` reta r. Verificac¸a˜o para o ponto B (1,−2,−1): x = 2 + t y = 1 + 3t z = 3 + 4t 1 = 2 + t −2 = 1 + 3t −1 = 3 + 4t t = −1 −3 = 3t −4 = 4t t = −1 t = −1 Como o valor de t e´ u´nico, o ponto B pertence a` reta r. Exemplo 4.5. Determinar os pontos A, B e C da reta r, de equac¸o˜es parame´tricas{ x = 2 + t y = 1 + 3t z = 3 + 4t , em que: 1. a abscissa e´ 4; 2. a ordenada e´ −5; 3. a cota e´ 3. Soluc¸a˜o: Em cada caso, primeiro determinamos o valor de t e apo´s o valor das coordenadas faltantes. 1. Como a abscissa e´ x = 4, substituindo em x = 2 + t obtemos 4 = 2 + t, portanto, t = 2, consequentemente, y = 7 e z = 11. Logo, o ponto procurado e´ A (4, 7, 11). 2. Como a ordenada e´ y = −5, substituindo em y = 1 + 3t obtemos −5 = 1 + 3t, portanto, t = −2, consequentemente, x = 0 e z = −5. Logo, o ponto procurado e´ A (0,−5,−5). 3. Como a cota e´ z = 3, substituindo em z = 3 + 4t obtemos 3 = 3 + 4t, portanto, t = 0, consequentemente, x = 2 e y = 1. Logo, o ponto procurado e´ A (2, 1, 3). 4.4. Equac¸o˜es Sime´tricas da reta Seja r uma reta que passa pelos pontos A(x0, y0, z0) e P (x, y, z) e tem a direc¸a˜o do vetor −→v = (a, b, c), enta˜o, para P (x, y, z), suas equac¸o˜es parame´tricas sa˜o { x = x0 + ta y = y0 + tb z = z0 + tc . Agora, em cada equac¸a˜o, isolamos o paraˆmetro t, isto e´: 60 x = x0 + ta y = y0 + tb z = z0 + tc x− x0 = ta y − y0 = tb z − z0 = tc t = x− x0 a t = y − y0 b t = z − z0 c Sendo os treˆs resultados iguais a t podemos escrever x− x0 a = y − y0 b = z − z0 c Esta igualdade, define as equac¸o˜es sime´tricas da reta r que passa pelo ponto A(x0, y0, z0) e tem a direc¸a˜o do vetor −→v = (a, b, c). Exemplo 4.6. Escrever as equac¸o˜es equac¸o˜es sime´tricas da reta r que passa pelo ponto A(2, 1, 3) e tem vetor diretor −→v = (1, 3, 4). Soluc¸a˜o: Sendo o ponto A(2, 1, 3) e o vetor diretor −→v = (1, 3, 4), temos:{ x0 = 2 y0 = 1 z0 = 3 e { a = 1 b = 3 c = 4 , como as equac¸o˜es sime´tricas da reta sa˜o: x− x0 a = y − y0 b = z − z0 c temos x− 2 1 = y − 1 3 = z − 3 4 Exemplo 4.7. Verifique se o ponto M (1,−3, 2) pertence a`s retas r de equac¸a˜o x+ 2 −2 = y − 3 1 = z 1 , s de equac¸o˜es { x = 3 + t y = 2 + t z = −1− 2t e t de equac¸o˜es { x = 2z + 1 y = −z + 3 . Soluc¸a˜o: I - Para verificar se M ∈ r, substitituimos as coordenadas x = 1 , y = −3 e z = 2 do ponto M na equac¸a˜o x+ 2−2 = y − 3 1 = z 1 e verificamos se as igualdades se verificam: x+ 2 −2 = y − 3 1 = z 1 1 + 2 −2 = −3− 3 1 = 2 1 3 −2 = −6 1 = 2 1 igualdades na˜o se verificam Portanto, M /∈ r. II - Para verificar se M ∈ s, substitituimos os x = 1 , y = −3 e z = 2 na equac¸a˜o { x = 3 + t y = 2 + t z = −1− 2t e verificamos se o valor de t e´ u´nico. Assim, 61{ x = 3 + t y = 2 + t z = −1− 2t implica em { 1 = 3 + t −3 = 2 + t 2 = −1− 2t ou seja t = −2 t = −5 t = −3 2 . Desse modo, como o valor de t na˜o e´ u´nico M /∈ s. III - Para verificar se M ∈ t, Substituimos z ∈ M em { x = 2z + 1 y = −z + 3 e verificamos se x e y encontrados corresponde a`s coordenadas x e y de M. Temos { x = 2 (2) + 1 y = − (2) + 3 ou { x = 5 y = 1 , que na˜o correspondem a`s coordenadas de M . Logo, M /∈ t. Exemplo 4.8. Escrever { x = 2z + 1 y = −z + 3 nas formas sime´trica e prarame´trica. Soluc¸a˜o: I - Para escrever a equac¸a˜o a { x = 2z + 1 y = −z + 3 na forma sime´trica isolamos a varia´vel independente em cada equac¸a˜o, isto e´: x = 2z + 1 y = −z + 3 x− 1 = 2z z = 3− y z = x− 1 2 z = 3− y 1 que resulta em x− 1 2 = y − 3 −1 = z 1 . II- Para determinar as equac¸o˜es parame´tricas igualamos cada termo das equac¸o˜es sime´tricas ao paraˆmentro t e apo´s escrevemos x, y e z em func¸a˜o de t. x− 1 2 = t y − 3 −1 = t z 1 que resulta em { x− 1 = 2t y − 3 = −t z = t ou seja { x = 1 + 2t y = 3− t z = t 4.5. Reta definida por dois pontos Seja r uma reta que passa pelos pontos A(x0, y0, z0) e B(x1, y1, z1), enta˜o o vetor diretor de r e´ −→v = −→AB, ou −→v = B −A. Assim, −→v = (x1 − x0, y1 − y0, z1 − z0), ver figura III. Substituindo as coordenadas de −→v nas equac¸o˜es sime´tricas, para P (x, y, z) obtemos x− x0 x1 − x0 = y − y0 y1 − y0 = z − z0 z1 − z0 62 Observe que comparando as equac¸o˜es sime´tricas da reta x− x0 a = y − y0 b = z − z0 c com a equac¸a˜o da reta definida por dois pontos x− x0 x1 − x0 = y − y0 y1 − y0 = z − z0 z1 − z0 temos as coordenadas do vetor diretor −→v da reta r dadas por a = x1 − x0, b = y1 − y0 e c = z1 − z0 � � � � A B x0 x1 y0 y1 z0 z1 � Figura III Exemplo 4.9. Seja r uma reta que passa pelos pontos A(1, 2, 3) e B(3, 4, 6), encontre a equac¸a˜o da reta que passa por A e B. 63 Soluc¸a˜o: A equac¸a˜o da reta definida por dois pontos x− x0 x1 − x0 = y − y0 y1 − y0 = z − z0 z1 − z0 em que{ x0 = 1 y0 = 2 z0 = 3 e { x1 = 3 y1 = 4 z1 = 6 enta˜o podemos escrever x− 1 3− 1 = y − 2 4− 2 = z − 3 6− 3 ou x− 1 2 = y − 2 2 = z − 3 3 4.6. Condic¸a˜o para que treˆs pontos estejam em linha reta Sejam os pontos A(x0, y0, z0), B(x1, y1, z1) e M (x2, y2, z2) enta˜o A,B e M esta˜o alinhados se os vetores −→ AB e −−→ AM forem paralelos, isto e´, existe t ∈ R tal que−→AB = t−−→AM , assim −→ AB = t −−→ AM B − A = t (M −A) (x1, y1, z1)− (x0, y0, z0) = t ((x2, y2, z2)− (x0, y0, z0)) (x1 − x0, y1 − y0, z1 − z0) = t (x2 − x0, y2 − y0, z2 − z0) (x1 − x0, y1 − y0, z1 − z0) = (t (x2 − x0), t (y2 − y0) , t (z2 − z0)) pela igualdade de vetores obtemos { t (x2 − x0) = x1 − x0 t (y2 − y0) = y1 − y0 t (z2 − z0) = z1 − z0 ou x1 − x0 x2 − x0 = t y1 − y0 y2 − y0 = t z1 − z0 z2 − z0 = t e, finalmente, x1 − x0 x2 − x0 = y1 − y0 y2 − y0 = z1 − z0 z2 − z0 Exemplo 4.10. Sejam os pontos A(5, 2,−6), B(−1,−4,−3) e M (7, 4,−7) enta˜o A,B e M esta˜o alinhados, pois satisfazem a condic¸a˜o x1 − x0 x2 − x0 = y1 − y0 y2 − y0 = z1 − z0 z2 − z0 −1− 5 7− 5 = −4− 2 4− 2 = −3− (−6) −7− (−6) = 3 64 4.7. Equac¸o˜es reduzidas da reta Cosidere as equac¸o˜es sime´tricas da reta x− x0 a = y − y0 b = z − z0 c , podemos escrever es equac¸o˜es da reta com y e z dependendo apenas de x por meio do sistema de equac¸o˜es x− x0 a = y − y0 b x− x0 a = z − z0 c . Isolando y e z obtemos x− x0 a = y − y0 b x− x0 a = z − z0 c b (x− x0) a = y − y0 c (x− x0) a = z − z0 ou ou y = y0 + bx− bx0 a z = z0 + cx− cx0 a y = y0 + bx a − bx0 a z = z0 + cx a − cz0 a y = b a x+ ( y0 − bx0 a ) z = c a x+ ( z0 − cz0 a ) Fazendo b a = m y0 − bx0 a = n e c a = p z0 − cz0 a = q obtemos as equac¸o˜es reduzidas da reta dadas por: { y = mx+ n z = px+ q Exemplo 4.11. Encontrar as equac¸o˜es reduzidas da reta de equac¸o˜es x− 1 2 = y − 2 2 = z − 3 4 . Soluc¸a˜o: Fazemos 65 x− 1 2 = y − 2 2 x− 1 2 = z − 3 4 2 (x− 1) 2 = y − 2 4 (x− 1) 2 = z − 3 ou ou x− 1 = y − 2 2 (x− 1) = z − 3 y = x+ 1 2x− 2 = z − 3 z = 2x+ 1 Portanto, as equac¸o˜es reduzidas da reta sa˜o { y = x+ 1 z = 2x+ 1 4.8. Retas paralelas aos planos coordenados Se uma das coordenadas do vetor diretor −→v = (a, b, c) for nula, a reta r e´ paralela ao plano gerado pelos eixo em que as coordenadas de −→v forem na˜o nulas. Assim se r passa pelo ponto A(x0, y0, z0) obtemos: 1. Se −→v = (0, b, c) a reta r e´ paralela ao plano yOz e tem equac¸a˜o dada por{ x = x0 y − y0 b = z − z0 c ou { x = x0 + 0t y = y0 + bt z = z0 + ct ; 2. Se −→v = (a, 0, c) a reta r e´ paralela ao plano xOz e tem equac¸a˜o dada por{ y = y0 x− x0 a = z − z0 c ou { x = x0 + at y = y0 + 0t z = z0 + ct ; 3. Se −→v = (a, b, 0) a reta r e´ paralela ao plano xOy e tem equac¸a˜o dada por{ z = z0 x− x0 a = y − y0 b ou { x = x0 + at y = y0 + bt z = z0 + 0t . Ver figura IV 66 � � � � � � −→vr = (a, b, 0) r −→vt = (a, 0, c) t −→vs = (0, b, c) s x y z Figura IV 4.9. Posic¸o˜es relativas das retas Retas paralelas aos eixos coordenados Se duas das coordenadas do vetor diretor −→v = (a, b, c) forem nulas, a reta r e´ paralela ao o eixo gerado pela coordenada de −→v que na˜o for nula. Assim se r passa pelo ponto A(x0, y0, z0) obtemos: 1. Se−→v = (0, 0, c) a reta r e´ paralela ao eixo z e tem equac¸a˜o dada por { x = x0 + 0t y = y0 + 0t z = z0 + ct ou { x = x0 y = y0 z = z0 + ct ; 2. Se−→v = (a, 0, 0) a reta r e´ paralela ao eixo x e tem equac¸a˜o dada por { x = x0 + at y = y0 + 0t z = z0 + 0t ou { x = x0 + at y = y0 z = z0 ; 67 3. Se−→v = (0, b, 0) a reta r e´ paralela ao exo y e tem equac¸a˜o dada por { x = x0 + 0t y = y0 + bt z = z0 + 0t ou { x = x0 y = y0 + bt z = z0 . Ver figura V � � � � � −→vr = (0, 0, c) −→vt = (0, b, 0) −→vs = (a, 0, 0) r s t Figura V Aˆngulo entre duas retas r e s O aˆngulo entre as retas r e s e´ o aˆngulo formado pelos seus vetores diretores −→vr e −→vs . Exemplo 4.12. Encontrar o aˆngulo entre as retas r de equac¸a˜o x+ 2 −2 = y − 3 1 = z 1 e s de equac¸a˜o { x = 3 + t y = t z = −1− 2t . Soluc¸a˜o: Primeiro determinamos os vetores diretores −→vr e −→vs . Comparando a equac¸a˜o de r dada por x+ 2 −2 = y − 3 1 = z 1 com a equac¸a˜o 68 sime´trica x− x0 a = y − y0 b = z − z0 c , obtemos −→vr = (−2, 1, 1) e comparando a equac¸a˜o de s dada por { x = 3 + t y = t z = −1− 2t com as equac¸o˜es parame´tricas { x = x0 + ta y = y0 + tb z = z0 + tc obtemos −→vs = (1, 1,−2). Como segundo passo determinaremos o cosseno do aˆngulo formado pelos vetores −→vr e −→vs , isto e´ cos θ = |−→vr · −→vs | |−→vr | |−→vs | cos θ = |(−2, 1, 1) · (1, 1,−2)|√ (−2)2 + 12 + 12 √ 12 + 12 + (−2)2 cos θ = |−2 + 1− 2|√ 6 √ 6 cos θ = |−3| 6 = 1 2 Portanto, o aˆngulo entre as retas r e s e´ 60o 4.10. Condic¸a˜o de paralelismo entre duas retas Duas retas r e s sa˜o paralelas se seus vetores diretores −→vr e −→vs forem colineares, isto e´−→vr = k−→vs , k ∈ R. Exemplo 4.13. Verifique se as retas r de equac¸a˜o x+ 2 −2 = y − 3 1 = z 1 e s de equac¸a˜o{ x = 3 + t y = t z = −1− 2t sa˜o paralelas. Soluc¸a˜o: Primeiro determinamos os vetores diretores −→vr e −→vs . Comparando a equac¸a˜o de r dada por x+ 2 −2 = y − 3 1 = z 1 com a equac¸a˜o sime´trica x− x0 a = y − y0 b = z − z0 c , obtemos −→vr = (−2, 1, 1) e comparando a equac¸a˜o de s dada por { x = 3 + t y = t z = −1− 2t com as equac¸o˜es parame´tricas { x = x0 + ta y = y0 + tb z = z0 + tc 69 obtemos −→vs = (1, 1,−2). Como segundo passo varificaremos se existe k ∈ R tal que −→vr = k−→vs . Assim, −→vr = k−→vs (−2, 1, 1) = k (1, 1,−2) (−2, 1, 1) = (k, k,−2k) ou k = −2 k = 1 k = −1 2 Conclusa˜o: como o valor de k na˜o e´ u´nico, existe k ∈ R talque −→vr = k−→vs , logo r e s na˜o sa˜o paralelas. 4.11. Condic¸a˜o de ortogonalidade entre duas retas Duas retas r e s sa˜o ortogonais se o produto escalar de seus vetores diretores −→vr e −→vs for nulo isto e´ −→vr · −→vs = 0. Exemplo 4.14. Verifique se as retas r de equac¸a˜o x+ 2 −2 = y − 3 2 = z 1 e s de equac¸a˜o{ x = 3 + t y = 2 + 2t z = −1− 2t sa˜o ortogonais. Soluc¸a˜o: Primeiro determinamos os vetores diretores −→vr e −→vs . Comparando a equac¸a˜o de r dada por x+ 2 −2 = y − 3 2 = z 1 com a equac¸a˜o sime´trica x− x0 a = y − y0 b = z − z0 c , obtemos −→vr = (−2, 2, 1) e comparando a equac¸a˜o de s dada por { x = 3 + t y = 2 + 2t z = −1− 2t com as equac¸o˜es parame´tricas { x = x0 + ta y = y0 + tb z = z0 + tc obtemos −→vs = (1, 2,−2). Como segundo passo verificaremos se −→vr · −→vs = 0. Assim, −→vr · −→vs = (−2, 2, 1) · (1, 2,−2)−→vr · −→vs = −2 ∗ 1 + 2 ∗ 2 + 1 ∗ (−2)−→vr · −→vs = −2 + 4− 2−→vr · −→vs = 0 Conclusa˜o: como −→vr · −→vs = 0 segue que r e s sa˜o ortogonais. 70 4.12. Condic¸a˜o de coplanaridade de duas retas Para verificar se duas retas r e s sa˜o coplanares procedemos como segue: 1. determinamos os vetores diretores −→vr e −→vs ; 2. determinamos um ponto A pertencente a` reta r; 3. determinamos um ponto B pertencente a` reta s; 4. determinamos o vetor −→ AB; 5. determinamos o produto misto (−→vr ,−→vs ,−→AB). Conclusa˜o: a) se o produto misto (−→vr ,−→vs ,−→AB)for igual a zero, enta˜o r e s sa˜o coplanares. b) se o produto misto (−→vr ,−→vs ,−→AB) for diferente de zero, enta˜o r e s na˜o sa˜o coplanares e nesse caso sera˜o denominadas reversas. observac¸a˜o 5. Duas retas coplanares ou sa˜o paralelas ou tem um ponto de intersec¸a˜o. Ja´ duas retas reversas na˜o possuem ponto de intersec¸a˜o e nem sa˜o paralelas Na figura IV, as retas r e t sa˜o coplanares, as retas r e s sa˜o coplanares, bem como as retas t e s. Na figura VI, as retas s e t sa˜o coplanares, r e t sa˜o coplanaresas e as retas r e s sa˜o reversas. 71 � � � � s t r Figura VI Exemplo 4.15. Verifique se as
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