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Abordagens Socioantropológicas Expedito Leandro Silva Vera Cristina de Souza Revisada por Expedito Leandro Silva e Vera Cristina de Souza (maio/2012) É com satisfação que a Unisa Digital oferece a você, aluno(a), esta apostila de Abordagens Socioan- tropológicas, parte integrante de um conjunto de materiais de pesquisa voltado ao aprendizado dinâmi- co e autônomo que a educação a distância exige. O principal objetivo desta apostila é propiciar aos(às) alunos(as) uma apresentação do conteúdo básico da disciplina. A Unisa Digital oferece outras formas de solidificar seu aprendizado, por meio de recursos multidis- ciplinares, como chats, fóruns, aulas web, material de apoio e e-mail. Para enriquecer o seu aprendizado, você ainda pode contar com a Biblioteca Virtual: www.unisa.br, a Biblioteca Central da Unisa, juntamente às bibliotecas setoriais, que fornecem acervo digital e impresso, bem como acesso a redes de informação e documentação. Nesse contexto, os recursos disponíveis e necessários para apoiá-lo(a) no seu estudo são o suple- mento que a Unisa Digital oferece, tornando seu aprendizado eficiente e prazeroso, concorrendo para uma formação completa, na qual o conteúdo aprendido influencia sua vida profissional e pessoal. A Unisa Digital é assim para você: Universidade a qualquer hora e em qualquer lugar! Unisa Digital APRESENTAÇÃO INTRODUÇÃO .................................................................................................................................................. 5 1 INTRODUÇÃO À SOCIOLOGIA E OS CLÁSSICOS EUROPEUS ................................... 7 1.1 Sociologia – Como Surgiu: Aspectos Históricos Importantes ....................................................................... 7 1.2 Auguste Comte e a Ciência Positivista ................................................................................................................... 8 1.3 A Sociologia de Émile Durkheim: Abordagens Importantes .......................................................................10 1.4 A Sociologia de Max Weber: os Três Tipos de Dominações Legítimas .....................................................12 1.5 A Sociologia de Karl Marx - a práxis Marxista ....................................................................................................14 1.6 Resumo do Capítulo ....................................................................................................................................................16 1.7 Atividades Propostas ...................................................................................................................................................17 2 INTRODUÇÃO À ANTROPOLOGIA .............................................................................................19 2.1 Definições e Objetivos ................................................................................................................................................19 2.2 As Metodologias Científicas Sociológicas e Antropológicas .......................................................................20 2.3 As Principais Escolas do Pensamento Antropológico Clássico ...................................................................21 2.4 Resumo: Antropologia ................................................................................................................................................23 2.5 Clássicos da Antropologia Brasileira ......................................................................................................................24 2.6 Resumo do Capítulo ....................................................................................................................................................28 2.7 Atividades Propostas ...................................................................................................................................................29 3 ASPECTOS SOCIAIS E ANTROPOLÓGICOS APLICADOS ÀS ORGANIZAÇÕES: PODER E PRÁTICAS SOCIAIS ................................................................31 3.1 A Relação da Força de Trabalho e a Geração de Valor ...................................................................................32 3.2 As Relações Sociais e o Mundo do Trabalho ......................................................................................................33 3.3 A Noção de Cultura Empresarial .............................................................................................................................34 3.4 Consumidores e Cidadãos: Conflitos Multiculturais da Globalização ......................................................37 3.5 Organizações Sociais e suas Instituições .............................................................................................................39 3.6 Família e Sociedade .....................................................................................................................................................40 3.7 Religião e Sociedade ...................................................................................................................................................42 3.8 Estratificação Social .....................................................................................................................................................42 3.9 O Estado ...........................................................................................................................................................................43 3.10 Resumo do Capítulo .................................................................................................................................................45 3.11 Atividades Propostas ................................................................................................................................................45 4 GLOBALIZAÇÃO: CONCEITOS E RELAÇÕES SOCIOCULTURAIS NO PROCESSO DA AÇÃO LOCAL ..........................................................................................................47 4.1 A Globalização e Padronização Cultural: o Caráter de Mudança no Contexto da Modernidade...51 4.2 Resumo do Capítulo ....................................................................................................................................................54 4.3 Atividades Propostas ...................................................................................................................................................54 RESPOSTAS COMENTADAS DAS ATIVIDADES PROPOSTAS ........................................55 REFERÊNCIAS .................................................................................................................................................61 SUMÁRIO Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 5 INTRODUÇÃO Caro(a) aluno(a), A Sociologia é uma palavra híbrida: sócio, originada do latim e quer dizer sociedade / logia, origem grega que significa estudo; assim, Sociologia é o estudo das sociedades, das instituições, dos comporta- mentos sociais. Atendendo ao caráter introdutório do curso, o objetivo é possibilitar a você, aluno(a), entender e confrontar a formação e evolução da sociedade, bem como analisar as desigualdades sociais e o impacto da tecnologia no contexto social, e frente às transformações advindas da globalização. Como objetivos específicos, o material didático propiciará: situar você, aluno(a), no contexto social, enquanto ser social e agente dos processos de mudan- ças, capaz de analisar as relações sociais e as desigualdades; entender o surgimento dos conflitos entre as classes sociais e como esses padrões ou condutas sociais se tornaram fundamentais para a sobrevivência da sociedade; analisar as implicações do processo de globalização no Mundo e, em especial, no Brasil; discutir as perspectivas para o século XXI, a expansão das tecnologiase seu impacto sobre os empregos; pensar possibilidades para um crescimento sustentável e socialmente justo, que favoreça o fortalecimento da democracia. Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 7 Sociologia é uma palavra híbrida: sócio, ori- ginada do latim e quer dizer sociedade / logia, origem grega que significa estudo; assim, Socio- logia é o estudo das sociedades, das instituições, dos comportamentos sociais. Seu surgimento – século XIX – decorre, entre outros motivos, da eclosão de duas revoluções ocorridas na Europa: a Inglesa (1640) e a Francesa (1789). Como é sabido, são significativas as trans- formações históricas, socioculturais, políticas e econômicas delas decorrentes, como os processos de urbanização e industrialização verificados nas grandes cidades. Frente a isso, o pensador fran- cês Auguste Comte cria a “Ciência da Sociedade” (Sociologia), com o objetivo de investigar e com- preender o significado desse novo e conturbado cenário europeu. Para compreendermos as especificidades dos estudos sociológicos, apresentaremos, na primeira parte deste estudo, os clássicos da So- ciologia europeia, iniciando por Auguste Comte, passando por Émile Durkheim, Max Weber e finalizando com Karl Marx. Discutiremos, igual- mente, dois clássicos da Sociologia brasileira, mediante aos pensamentos de Gilberto Freire e Darcy Ribeiro. DicionárioDicionário Especificidade: “(De específico + (i)dade). 1. Qualidade do que é específico. 2. Qualidade típica de uma espécie. 3. Propriedade de uma doença cujos caracteres são nítidos e constan- tes, e cuja causa é sempre semelhante.” (FERREIRA, 1999). AtençãoAtenção Sociologia: é o estudo das sociedades, das instituições, dos comportamentos sociais. No que se refere aos pensadores clássicos da Sociologia europeia, estuda- remos: Auguste Comte, Emile Durkheim, Max Weber e Karl Marx. Quanto aos clás- sicos da Sociologia brasileira, refletiremos sobre os pensamentos de Gilberto Freire e Darcy Ribeiro. INTRODUÇÃO À SOCIOLOGIA E OS CLÁSSICOS EUROPEUS1 1.1 Sociologia – Como Surgiu: Aspectos Históricos Importantes Expedito Leandro Silva e Vera Cristina de Souza Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 8 1.2 Auguste Comte e a Ciência Positivista Auguste Comte, pensador francês, nasceu no ano de 1798 e veio a falecer em 1857, aos 59 anos de idade. Embora, nos dias atuais, Comte seja considerado por muitos um pensador de li- nha conservadora, há de se considerar que tinha ideias bastante avançadas para o seu tempo, sen- do, inclusive, assim visto pela intelectualidade da época. Exemplo disso pode ser visto nas suas ma- nifestações favoráveis aos ideais republicanos e, portanto, igualmente favoráveis aos princípios que fundamentavam a Revolução Francesa, quais se- jam: liberdade, igualdade e fraternidade (MORAES FILHO, 1983). A Sociologia Comteana e a Filosofia Positivista Para Comte, frente aos novos contextos so- ciais, econômicos, políticos e culturais que toma- vam curso após as revoluções burguesas (francesa e inglesa), a sociedade deveria ser reorganizada, sendo readequadas, inclusive, as formas de pensar de seus indivíduos. Para tanto, de acordo com ele, seria necessá- rio produzir uma ciência que, mediante uma meto- dologia científica específica, permitisse promover tais reestruturações. Com esse objetivo criou a Fi- losofia Social, mais tarde denominada Sociolo- gia, bem como elaborou a respectiva metodologia, a filosofia positivista ou positivismo. O positivismo é, então, uma corrente do pen- samento sociológico proposto e idealizado por Auguste Comte, que defende e propõe que os fa- tos sociais sejam vistos, entendidos e analisados mediante os aspectos racionais, previsíveis e con- cretos. Despreza, portanto, toda e qualquer expli- cação de cunho teológico, metafísico ou transcen- dental. Em substituição à crença do sobrenatural, invisível, o positivismo deveria estar presente nas mentes dos indivíduos e ser encarado como a nova religião da humanidade, sem, no entanto, nenhu- ma conotação teológica. O fundamento do pensa- mento positivista é o “ver para crer”, ou seja, ver o concreto, o real, o verdadeiro, indubitável. Para Comte, a previsibilidade e as certezas dos fatos sociais se justificavam na crença de que a sociedade funcionaria tal como funciona um or- ganismo humano (cientificismo). Entendia que os fatos sociais seriam previsíveis, assim como são os fenômenos naturais (Biologia, Física, Astronomia, Fisiologia). Comte entendia, também, que os fatos so- ciais analisados mediante a análise racional, pre- visível, concreta, substituiriam os pensamentos e práticas teológicas e metafísicas existentes até então. Citados anteriormente, os fatos sociais foram concebidos por Comte como sendo os objetos de estudos sociológicos, cabendo a essa nova ciência a investigação rigorosa acerca de suas razões, seus atores e suas consequências. No entanto, como tra- AtençãoAtenção Auguste Comte: considerado conserva- dor por parte dos estudiosos, há de se des- tacar que defendia ideias avançadas para o seu tempo. Era, por exemplo, favorável aos ideais republicanos que alicerçavam a Re- volução Francesa, quais sejam: liberdade, igualdade e fraternidade. AtençãoAtenção Positivismo: metodologia de investi- gação científica idealizada por Auguste Comte. Defendia que os fatos sociais fos- sem analisados com racionalidade, des- prezando, portanto, explicações de cunho teológico, metafísico ou transcendental. Os fatos sociais – objeto de estudos socio- lógicos –, para serem classificados como tal, deveriam apresentar três característi- cas simultâneas: serem gerais, repetitivos e apresentarem significâncias. Abordagens Socioantropológicas Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 9 taremos adiante, não são todos os acontecimentos que são considerados “fatos sociais”. Para serem assim classificados, devem ser gerais, repetitivos e apresentarem significâncias. A esse respeito, Com- te conceituou os “fatos sociais significativos” e os “fatos sociais não significativos” (MORAES FILHO, 1983). A Lei dos Três Estágios Auguste Comte, na defesa veemente do mé- todo positivista, estabeleceu a Lei dos Três Está- gios, que tratava da evolução humana, a qual obe- deceria a três estágios: teológico (crença em Deus), metafísico (sobrenaturais) e positivo (concreto, de- finitivo e verdadeiro). É interessante chamar a atenção para o fato de que o lema da filosofia positivista era “Ordem e Progresso” significando o Amor por princípio, a Ordem por base e o Progresso por fim. O Positivismo no Brasil No Brasil, a filosofia positivista foi trazida por parte dos alunos das escolas de Medicina, Politéc- nica e de Direito que frequentavam a Europa a fim de adquirir ou aperfeiçoar seus conhecimentos nas respectivas cátedras, sendo que alguns chegaram a ser alunos do próprio Comte. Cabe destacar que o positivismo ocupou lu- gar relevante na sociedade brasileira, sobretudo no final do século XIX, quando houve a Proclamação da República, em 15 de novembro de 1889. Haja vista, o slogan “Ordem e Progresso”, escrito na ban- deira brasileira, concretiza o ideal positivista que foi e continua sendo uma marca de inspiração aos republicanos. DicionárioDicionário Concretizar: “Tornar-se concreto, possível; realizar(se), efetivar(se): Concretizou seu ideal de escrever um livro; Seu velho sonho concreti- zou-se; é hoje escritor célebre”. (FERREIRA, 1999) AtençãoAtenção Lei dos Três Estágios: Auguste Comte entendia que a evolução humana obede- ceria a três estágios: teológico (crença em Deus), metafísico (sobrenaturais) e positi- vo (definitivo). AtençãoAtenção Positivismo ocupou papel de destaque no Brasil, sobretudo no final doséculo XIX, quando houve a Proclamação da Re- pública (15 de novembro de 1889). Está presente em um dos nossos maiores sím- bolos que é a Bandeira Nacional, median- te o slogan “Ordem e Progresso”. Saiba maisSaiba mais A Metodologia de Investigação So- cial segundo os Pensadores da Socio- logia Clássica: Auguste Comte: Pensamento Princi- pal: Positivismo, o qual defendia a ob- jetividade – ou “coisificação” – dos Fatos Sociais. Para Comte os Fatos Sociais de- veriam ser vistos como “coisas”. Embora Auguste Comte seja considerado “O Pai fundador da Sociologia”, para muitos a Sociologia se estabelece e se desenvol- ve enquanto ciência mediante os estu- dos de Émile Durkheim, como veremos em seguida. Expedito Leandro Silva e Vera Cristina de Souza Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 10 Émile Durkheim nasceu na cidade de Epnal (França), no ano de 1858, vindo a falecer no ano de 1917, em Paris, aos 59 anos de idade. Embora Auguste Comte seja considerado o fundador da Sociologia, muitos consideram que os estudos so- ciológicos se consolidaram e se expandiram a par- tir da produção intelectual de Émile Durkheim. Em síntese, o pensamento durkheimiano conceitua-se, inicialmente, pelos fatos sociais, representações so- ciais, consciente coletivo e anomia social. Fatos Sociais Totais e suas Características Como já apontado, os fatos sociais são obje- tos de estudos da Sociologia, porém, para serem considerados enquanto tal, devem apresentar três características próprias: generalidade, exteriorida- de e coercitividade (DURKHEIM, 2007). 1. Coercitividade: ações que mostram aos indivíduos que, no interior dos diferen- tes grupos sociais, existem padrões cul- turais próprios que devem ser seguidos e legitimados; 2. Exterioridade: práticas sociais coerciti- vas que atuam sobre os comportamen- tos dos indivíduos, independentemente de suas vontades serem consideradas, portanto, “exteriores aos indivíduos”. A esse respeito exemplifica Durkheim (2007, p. 46-47): Quando desempenho meus deveres de irmão, de esposo ou de cidadão, quando me desincumbo de encargos que con- traí, pratico deveres que estão definidos fora de mim e de meus atos, no direito e nos costumes. Mesmo estando de acordo com sentimentos que me são próprios, sentindo-lhes interiormente a realidade, esta não deixa de ser objetiva; pois não fui eu quem os criou, mas recebi-os, atra- vés da educação [...] estamos, pois diante de maneiras de agir, de pensar e de sentir que apresentam a propriedade marcante de existir fora das consciências individuais. 3. Generalidade: revela que os fatos so- ciais são gerais, ou seja, refere-se a toda a sociedade e não apenas a um ou outro indivíduo. “As regras do método socioló- gico.” (DURKHEIM, 2007, p. 48). Fatos sociais totais e o consciente coletivo Para tratar das questões relacionadas aos fa- tos sociais totais, Durkheim discute, entre outros, a formação do consciente coletivo. Defende que é a partir do aprendizado e da aceitação dos hábitos, crenças e práticas culturais existentes no interior dos grupos sociais que o homem desenvolve a so- ciabilidade. 1.3 A Sociologia de Émile Durkheim: Abordagens Importantes AtençãoAtenção Para Émile Durkheim, para serem conside- rados objetos de estudos sociológicos, os fatos sociais deveriam apresentar três ca- racterísticas fundamentais e simultâneas: coercitividade, exterioridade e generalida- de. DicionárioDicionário Simultâneo: “Que ocorre ou é feito ao mesmo tempo ou quase ao mesmo tempo que outra coisa; concomitante; tautócrono: disparos si- multâneos; catástrofe simultânea.” (FERREIRA, 1999). Abordagens Socioantropológicas Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 11 Para ele, o consciente coletivo é formado pela soma dos vários conscientes individuais. Estes, por sua vez, ora se diferenciam, ora se assemelham nos respectivos saberes, concepções de mundo, manifestações culturais, comportamentos físicos e expressões emocionais. A isso Durkheim chamou fatos sociais totais. Fatos sociais totais consistem nas interações dos elementos biológicos (físicos) somados aos psicológicos (emocionais) aos sociológicos (fenô- menos sociais) e aos culturais (diversidades/plura- lidades) (DURKHEIM, 2007). Os fatos sociais totais e o conceito de neutralidade Durkheim, ao tratar dos fatos sociais totais, desenvolve a metodologia de investigação cientí- fica pertinente à sua investigação e produz a obra célebre intitulada As regras do método sociológico. Com ela, discute, entre outros, a existência das di- versidades culturais e seus desdobramentos. Dur- kheim entendia que o pesquisador, quando do desenvolvimento do trabalho de campo, deveria conceber os fatos sociais estudados como “coisas”. Essa “coisificação” seria necessária para que pudes- se investigá-los de modo neutro (neutralidade) e distante (distanciamento). Representações Sociais e Consciente Coletivo As representações sociais são as formas pelas quais os distintos grupos sociais se veem – e são vistos –, se valorizam – e são valorizados –, social e culturalmente. Tais representações podem ser positivas ou negativas, sendo formadas pela ação do consciente coletivo. Quando positivas, significa que as diversidades sociais e culturais foram res- peitadas. Em oposição a isso, quando negativas, observam-se as manifestações racistas, sexistas, xenófobas, entre os diferentes grupos sociais. DicionárioDicionário Coletivo: “Adj. 1. Que abrange ou compreende muitas coisas ou pessoas. 2. Pertencente a, ou utilizado por muitos. 3. Diz-se do substantivo que, no singular, designa várias pessoas, ani- mais ou que, no singular, designa várias pesso- as, animais ou coisas.” (FERREIRA, 1999). DicionárioDicionário Xenofobia: “Aversão a pessoas e coisas estran- geiras; xenofobismo.” (FERREIRA, 1999). AtençãoAtenção Fatos sociais totais e o consciente coletivo: o consciente coletivo é formado pela soma dos vários conscientes individuais. Logo, os fatos sociais totais consistem nas inte- rações dos elementos biológicos (físicos) somados aos psicológicos (emocionais) aos sociológicos (fenômenos sociais) e aos culturais (diversidades/pluralidades). AtençãoAtenção Fatos sociais totais e neutralidade: os fa- tos sociais totais deveriam ser investigados e analisados pelo pesquisador com neutrali- dade, objetividade e distanciamento. AtençãoAtenção Representações sociais: são as formas pelas quais os distintos grupos sociais se veem – e são vistos –, se valorizam – e são valorizados –, social e culturalmente. Tais representações podem ser positivas ou negativas, sendo formadas pela ação do consciente coletivo. Expedito Leandro Silva e Vera Cristina de Souza Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 12 Anomia Social Ao tratar do conceito de anomia social, Dur- kheim defende a existência e as funções das insti- tuições políticas, por entender que desenvolvem importante função na manutenção e no cumpri- mento da ordem pública. Para ele, o indivíduo em estado anômico – não existência das leis – perde os seus referencias éticos e morais (DURKHEIM, 2007). AtençãoAtenção Anomia social: inexistência de ordem pública nas instituições políticas. Na sua ausência, o indivíduo, em estado anômico, perde os seus referenciais éticos e morais. Saiba maisSaiba mais A Metodologia de Investigação So- cial segundo os Pensadores da Socio- logia Clássica: Emile Durkheim: entre as várias impor- tantes contribuições de Émile Durkheim para o pensar sociológico, cabe desta- car seus estudos acerca da definição dos objetos da Sociologia e a respectiva Metodologia de Investigação Científica, considerados por muitos como sendo a sua reflexão mais relevante. Para Durkheimo pesquisador quando do desempenho de suas funções deve se manter neutro ou distante dos fatos sociais, portanto entendia que o pes- quisador deveria encarar os fatos sociais com neutralidade ou objetividade. Para tanto, produziu, entre outras, a obra Re- gras do Método Sociológico. 1.4 A Sociologia de Max Weber: os Três Tipos de Dominações Legítimas Max Weber, pensador alemão, nasceu no ano de 1864 e faleceu em 1920, aos 56 anos de idade. Aspectos Sociológicos e Metodológicos do Pensamento Weberiano A busca pelos sentidos e a ação social Ao longo de sua trajetória intelectual, Max Weber desenvolveu importantes estudos voltados à Filosofia, Sociologia, Direito e História, todos eles imprescindíveis para a compreensão das relações sociais, econômicas, políticas e culturais nos dias atuais. Ao tratar da compreensão dos fatos ou fe- nômenos sociais, Weber chama a atenção para a metodologia investigativa a ser aplicada. Para ele, cabe ao pesquisador se debruçar detidamente so- bre aquilo que denominou “busca pelos sentidos”, sendo necessário proceder à análise profunda e detalhada de três características que compõem a ação social: 1. compreensão; 2. motivos; 3. consequências. DicionárioDicionário Intelectual: “1. Relativo ao intelecto. 2. Que pos- sui dotes de espírito, de inteligência.” (FERREIRA, 1999) Abordagens Socioantropológicas Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 13 Weber entende que as ações sociais ocorrem mediante fatores objetivos (racionais) e subjetivos (emocionais) e, também, que, devem ser levados em consideração os papéis desempenhados pelas variáveis sociais, políticas, econômicas e culturais, bem como as diferentes concepções de mundo. Para tanto, no campo metodológico – contraria- mente a Auguste Comte e Émile Durkheim –, de- fende a aplicação do método compreensivo, ou seja, da pesquisa documental, das observações, dos indícios, das evidências minuciosas. Estrutura do poder: os três tipos puros de dominações legítimas É importante apresentar algumas das carac- terísticas do pensamento de Max Weber voltadas à estrutura do poder visualizado nos “três tipos de dominações legítimas”. Para Weber, o ato de dominar (mandar, impor) executado pelo dominador (dominante) somente é possível de acontecer se o dominado (submisso, aquele que recebe e executa as ordens) legitimá-lo. Essa legitimação ocorre mediante a obediência. É importante registrar que, para todas as re- lações de mando, é esperada a ocorrência de obe- diência. Em caso contrário, ou seja, na ausência dela, o dominador se utiliza de práticas coercitivas (punição, repressão, coibição), igualmente legiti- madas (COHN, 1986). Características das Dominações Legíti- mas (Legal, Carismática e Tradicional) a) Dominação carismática: caracteriza-se pelas subjetividades verificadas nos sen- timentos de devoção, defesa, lealdade ao senhor. Este, por sua vez, apresenta características comportamentais – na maioria das vezes, inatas – sedutoras, ca- rismáticas, simpáticas e demagógicas. b) Dominação tradicional: neste tipo de do- minação, a obediência dos súditos ocor- re devido às tradições, hábitos, costumes e fidelidade voltados aos senhores, pa- triarcas, santidades. As normas que legi- timam esse tipo de relação não podem ser alteradas, violadas, pois são conside- radas sagradas; c) Dominação legal: é legitimada mediante a existência de regras, normas, leis, es- tatuto, os quais podendo ser alterados, modificados pelo chefe, de acordo com as suas avaliações, julgamentos, interes- ses ou vontades. Estão presentes nas em- presas/instituições públicas ou privadas (COHN, 1986). Weber chama a atenção para o fato de que os três tipos de dominações descritos não são ex- cludentes, podendo, portanto, estar presentes em uma mesma situação (COHN, 1986). AtençãoAtenção Busca pelos sentidos: metodologia científica voltada à investigação e análise dos fenômenos sociais, idealizada por Max Weber. Para a sua aplicação, o pesquisador deveria considerar as três características que compõem a ação social: compreensão, motivos e consequências. DicionárioDicionário Estrutura: “1. Aquilo que é, ou foi, construído; obra de construção [...]” (FERREIRA, 1999) AtençãoAtenção Os três tipos de dominações legítimas são: carismática (carisma), tradicional (hábito) e legal (normas). Expedito Leandro Silva e Vera Cristina de Souza Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 14 Karl Marx e as Relações Políticas e Sociais Karl Marx nasceu em uma família judia de classe média na Alemanha, no ano de 1818, e fa- leceu em 1883, aos 65 anos. Produziu estudos de cunhos econômicos, sociológicos, filosóficos e po- líticos. Toda a sua produção intelectual teve como fundamento as questões voltadas à acumulação do capital e relações de trabalho, estando presen- te, inclusive, o componente revolucionário. Entre as suas obras, podemos citar a mais expoente, de- nominada O capital (1867), bem como O manifesto Partido Comunista (1848). Marx objetivava que suas obras se estendes- sem a toda classe operária, pois entendia que o tra- balhador, de posse do conhecimento das questões que fundamentam o sistema capitalista, partiria com sucesso para a revolução social, pondo fim às explorações a que estavam expostos. Chama atenção para a contradição existente entre riqueza/opulência, de um lado, e pobreza/ miséria, de outro, o que Marx denominou classes e contradição de classes. Nesse contexto, analisa as formas pelas quais ocorre a exploração da mão de obra assalariada, os baixos salários, as longas jor- nadas de trabalho. Trata, também, da dinâmica da mais-valia – situação em que o trabalho executado, visando à obtenção de lucro, não é recebido. Esse processo evidencia que o Estado capitalista cria e legitima a “divisão social do trabalho”. Com ela, fica determinado quem produz o lucro e quem recebe e acumula capital. Saiba maisSaiba mais A Metodologia de Investigação Social segundo os Pensadores da Socio- logia Clássica: Max Weber: com o objetivo de compreender a sociedade de modo cien- tífico, Weber entendia que o pesquisador, quando do desenvolvimento de suas funções, deveria – diferente do Método Positivista – utilizar o “Método Compreensivo de Investigação Sociológica”. Por meio dessa metodologia, o pesquisador saberia identificar as causas e efeitos das Ações Sociais. 1.5 A Sociologia de Karl Marx - a práxis Marxista DicionárioDicionário Revolucionário: “1. Relativo à, ou próprio de re- volução. 2. Que é adepto da revolução (2 a 5). V. guerra – socialismo. Aquele que prega ou lidera revoluções. Indivíduo partidário do progresso, progressista. Aquele que é partidário de renova- ções políticas, morais ou sociais.” (FERREIRA, 1999) AtençãoAtenção Karl Marx: entre outras, tem duas obras de expressão internacional: O capital (1867) e O manifesto Partido Comunista (1848). DicionárioDicionário Opulência: “1. Abundância de riquezas; grande riqueza. 2. Luxo, magnificência, fausto. 3. Abun- dância, fartura, fertilidade, feracidade.” (FERREIRA, 1999) Abordagens Socioantropológicas Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 15 Frente a isso, para Marx, o regime socialista não reuniria ideais transformadores, mas apenas reformadores. No entanto, considerava que o so- cialismo seria uma etapa necessária para se chegar ao sistema ideal, ou seja, ao comunismo (IANNI, 1988). Karl Marx considerava fundamental que os trabalhadores se reunissem nos sindicatos para tratar de questões correlatas às contradições exis- tentes entre capital e trabalho. Propunha a união, a conscientização e, consequentemente, a prática revolucionária, a tomada do poder que extermina- ria a burguesia. Entendiaque o sucesso das revoluções so- ciais e políticas estaria diretamente associado à conscientização da classe operária. Para ele, o tra- balhador consciente reuniria condições para bus- car melhores condições de trabalho e de qualidade de vida, ao aprofundar as discussões acerca das condições materiais de vida e, consequentemente, das desigualdades sociais (MARX; ENGELS, 2001). AtençãoAtenção “Proletariado de todo o mundo, uni-vos”: esta frase é bastante significativa e ampla- mente conhecida. Com ela, Karl Marx e Friedrich Engels expressam seus posicio- namentos revolucionários. Saiba maisSaiba mais A Metodologia de Investigação So- cial segundo os Pensadores da Socio- logia Clássica: Karl Marx: para Karl Marx, o sistema ca- pitalista seria injusto e opressor. Nas so- ciedades capitalistas o trabalhador (ope- rário) exerceria tão somente a função de reprodutor de riquezas sem que delas tomasse posse. De outro lado, a burgue- sia (donas dos modos de produções) se beneficiaria do trabalho produzido pelo trabalhador. Assim, a burguesia (do- minadores), mediante a exploração da mão de obra dos trabalhadores (domi- nados), multiplicaria mais e mais o seu lucro. AtençãoAtenção Organização sindical, conscientização, lu- tas de classes, práxis, mais-valia, modos de produção capitalistas, capital x trabalho, miséria x opulência e outros expressam o pensamento marxista. Expedito Leandro Silva e Vera Cristina de Souza Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 16 Prezados(as) alunos(as), Chegamos ao final do primeiro capítulo de nossa Apostila, onde fizemos as seguintes discussões: Definição de Sociologia: é o estudo das sociedades, das instituições, dos comportamentos sociais. Seu idealizador foi o pensador europeu (francês) Auguste Comte, que definiu o primeiro método cientí- fico para a análise social, qual seja, o Positivismo (racionalidade, “ver para crer”). Importante lembrar que o Positivismo esteve – e ainda se faz presente – na sociedade brasileira. Pode ser verificado no lema da Bandeira Brasileira, por meio do lema Ordem e Progresso. A análise sociológica requer que sejam destacados seus principais precursores: Émile Durkheim, Max Weber e Karl Marx, entre outros. Émile Durkheim: pensador francês que entendia ser necessário definir os objetos da investigação sociológica, consagrando para tanto os Fatos Sociais. Igualmente positivista, se debruçou, entre outros, sobre os estudos acerca da Metodologia de Investigação Científica dos Fatos Sociais. Para tanto, produ- ziu – entre outras – a obra As Regras do Método Sociológico. Émile Durkheim compõe então o segundo Clássico da Sociologia Europeia. Max Weber: pensador alemão que se preocupou em discutir as estruturas e formas de dominações e poder existentes no meio social. Para tanto, refletiu sobre as três formas legítimas de poder/domina- Sistema Capitalista ou Capitalismo: meio de produção onde predomina a propriedade privada. Fundamenta-se na obtenção do lucro, acúmulo de riquezas, de capital, dos con- troles dos meios de produções e de comunicações. Culmina nas divisões de classes sociais. Nesse Sistema há a presença do Estado, que o regula e o legitima. Países onde vigora o Capitalismo: Brasil, Estados Unidos, entre outros. Sistema Socialista ou Socialismo: para se entender o conceito de Socialismo, se faz ne- cessário primeiramente compreendermos o significado do Sistema Comunista ou Comu- nismo. Vejamos: o Comunismo compreende a superação do Socialismo, ou seja, o Comu- nismo seria a etapa que supera o Socialismo. Seria a fase de transição entre capitalismo e socialismo para se chegar ao Comunismo. Em ambos os Sistemas (Socialismo e Comunismo), estariam ausentes a concentração do poder político e econômico (meios de produções e comunicações) nas mãos de uma mi- noria (dominadores) e, consequentemente, não haveria exploração da mão de obra traba- lhadora, desigualdades sociais. Aqui, a classe trabalhadora que deteria tal poder e, dessa forma, o Estado estaria ausente. No socialismo, haveria um equilíbrio na distribuição dos meios de produções, das despesas e das riquezas obtidas. Cabe ressaltar que foi Karl Marx o idealizador do Socialismo. Países onde vigora o Sistema Socialista: Alemanha, Cuba, China e União Soviética (atual- mente Rússia). Cabe ressaltar que – nos dias atuais – somente Cuba mantém os fundamen- tos socialistas com veemência (fortemente). (BOBBIO; MATTEUCCI; PASQUINO, 1986) CuriosidadeCuriosidade 1.6 Resumo do Capítulo Abordagens Socioantropológicas Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 17 ções, quais sejam: 1. Poder/Dominação Legal (normas, estatuto); 2. Poder/Dominação Carismática (sedu- ção, carisma); 3. Poder/Dominação Tradicional (hábitos, costumes). Karl Marx: o quarto clássico aqui foi Karl Marx. Esse pensador se destaca pela sua ideologia política revolucionária. Combatente do regime capitalista por entender que tal sistema é o responsável pelas desigualdades e injustiças sociais; lutava então pelo fim da burguesia em prol do sistema socialista/co- munista. 1.7 Atividades Propostas 1. O que é Sociologia? Quais são os seus objetivos e objeto de investigação? 2. Quem foi Auguste Comte? 3. Conceitue positivismo. 4. Qual é o significado da expressão “positivismo: religião da humanidade”? 5. Considerando a filosofia comteana, descreva a Lei dos Três Estágios. 6. Qual era o lema da filosofia positivista e quais são os seus significados? 7. De que forma Auguste Comte concebia os fatos sociais? 8. Discuta o histórico básico do positivismo no Brasil. 9. Para Durkheim, quais são as características que os fatos sociais devem apresentar para serem considerados enquanto tais? 10. De que forma Durkheim discute a formação do consciente coletivo associado aos fatos sociais totais? 11. Quais são os elementos que integram os fatos sociais totais apregoados por Durkheim? 12. Considerando a obra As regras do método sociológico, quais são as orientações dadas por Dur- kheim ao pesquisador quando de suas investigações e análises sociológicas? 13. De que forma Durkheim conceitua representações sociais? 14. Conceitue anomia social, segundo os ensinamentos de Durkheim. 15. De que forma Weber defende a metodologia científica para as investigações e análises dos fenômenos sociais? 16. De que forma Weber denomina a metodologia científica por ele defendida? Em que ela con- siste? 17. De que forma Weber descreve a aplicação do método compreensivo? 18. Quais são os três tipos de dominações legítimas apresentadas por Weber e quais são as res- pectivas características? 19. No que se refere à sociologia de Marx, quais são as obras de maior expressão apresentadas no conteúdo desta disciplina? De que forma apresentam o pensamento marxista? 20. De que forma Marx conceitua classes e contradições de classes? 21. De que forma Marx denomina as situações em que o trabalho executado pelo trabalhador não é recebido? 22. Em qual obra consta a frase “Proletariado de todo o mundo, uni-vos”! e qual é o seu principal significado? Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 19 Antropo origina do grego e significa homem. Logia, de origem igualmente grega, quer dizer es- tudo. A Antropologia divide-se em quatro áreas de conhecimento: 1. Antropologia Física ou Biológica (aspec- tos orgânicos); 2. Antropologia Cultural (símbolos, mitos, ritos, valores); 3. Antropologia Social (organização social, econômica, política, jurídica); 4. Arqueologia (sociedades antigas exis- tentes ou não). Seus objetivos estão voltados aos estudos dos diferentes comportamentos sociais e culturais exercidos pelos distintos grupos humanos. O estu- do antropológico – ou o estudo do homem – nos torna possível conhecer o homem e a interação com seu meio cultural (MARCONI; PRESOTO,2007). Cultura é os diferentes hábitos, costumes, expressões linguísticas, danças, alimentação, reli- gião, crenças, valores, estrutura familiar, diversão, enfim, o modo, o estilo de vida de cada grupo po- pulacional que compõe as sociedades. A Antropologia busca investigar, compreen- der e, sobretudo, respeitar e considerar aquilo que é considerado diferente, distinto em uma dada so- ciedade. Busca considerar as pluralidades (diversi- dades), sem emitir julgamentos de valor. 2.1 Definições e Objetivos DicionárioDicionário Interação: “Ação que se exerce mutuamente entre duas ou mais coisas, ou duas ou mais pes- soas; ação recíproca.” (FERREIRA, 1999) AtençãoAtenção Antropologia: estudo do homem social e suas relações culturais. Divide-se em quatro áreas do saber: An- tropologia Física ou Biológica (aspectos or- gânicos), Antropologia Cultural (símbolos, mitos, ritos, valores), Antropologia Social (organização social, econômica, política, jurídica) e Arqueologia (sociedades antigas existentes ou não). DicionárioDicionário Distinto: “1. Que não se confunde; diverso; di- ferente. 2. Separado; isolado. 3. Que sobressai, notável, ilustre, eminente, preeminente.” (FERREIRA, 1999) AtençãoAtenção Cultura: deve ser compreendida como sendo os distintos estilos de vida – hábitos alimentares, vestimentas, religiosidade, mi- tos, ritos, expressões artísticas, entre outros. INTRODUÇÃO À ANTROPOLOGIA2 Expedito Leandro Silva e Vera Cristina de Souza Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 20 Julgamento de valor é uma prática etno- cêntrica (o homem no centro do Universo) que julga a cultura, o comportamento, a forma de ser, de se relacionar, a partir de seus próprios valores (MARCONI; PRESOTO, 2007). AtençãoAtenção Julgamento de valor: visões etnocêntri- cas que resultam – em larga medida – em práticas racistas, discriminatórias e xenófo- bas. Saiba maisSaiba mais Conceitos Antropológicos importantes para entender a máxima anterior: 1. Aculturação: troca (aspecto positivo) ou perda (aspecto negativo) de cultura. 2. Diversidades Culturais: diferentes estilos de vidas. Valorações simbólicas di- ferentes. 3. Etnocentrismo: o homem no centro do Universo, onde somente os seus pró- prios estilos de vida são considerados corretos e verdadeiros, portanto aptos a serem seguidos. 4. Julgamentos de Valor: diversas formas de conceber os distintos comporta- mentos e práticas culturais. Podem ser positivos (respeito às diversidades) ou negativos (desrespeito às diversidades). 5. Xenofobia: aversão ao diferente, gerando práticas homofóbicas, racistas, se- xistas e classistas. Para se proceder aos corretos estudos antro- pológicos ou sociológicos, bem como ao de todas as demais disciplinas, é de fundamental importân- cia dominar a definição de Ciência. Ciência consiste na produção de teorias e conceitos obtidos a par- tir de pressupostos teóricos resultantes de inves- tigações científicas. A produção do conhecimento científico requer o auxílio de múltiplos saberes e, por essa razão, tem caráter multidisciplinar (soma dos conhecimentos produzidos pelas diferentes disciplinas). Fundamenta-se no conhecimento científico que, por sua vez, é produzido mediante o rigor científico, que, para ser considerado cientí- fico, deve empírico (experimentado, testado, com- provado). DicionárioDicionário Pressupostos: “1. Que se pressupõe. Pressuposi- ção; Conjetura antecipada. 2. Proposição de cuja asserção depende a verdade ou falsidade de ou- tra preposição.” (FERREIRA, 1999) AtençãoAtenção Ciência ou conhecimento científico: produções de teorias alicerçadas na mul- tidisciplinaridade e advindas de estudos e pesquisas empíricos. 2.2 As Metodologias Científicas Sociológicas e Antropológicas Abordagens Socioantropológicas Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 21 Como dito, a Antropologia se propõe ao estu- do dos comportamentos individuais inseridos nos contextos sociais e, nesse sentido, as diferenças entre os saberes sociológicos e antropológicos são tênues, quase imperceptíveis e estão basicamente voltadas à metodologia de investigações científica. Enquanto a Sociologia privilegia as técnicas quan- titativas, os resultados mensuráveis, estatísticos, a Antropologia preocupa-se com a história oral, com o dizível, com o relatado. Há de se notar que tais práticas não são rígidas, mas complementares, uma vez que se somam, se completam, se confluem. As Ciências dividem-se em: Humanas (Antro- pologia, Sociologia, Psicologia, etc.), Naturais (Quí- mica, Física, Astronômica etc.) e Abstratas (pensa- mento lógico – Matemática, Estatística etc.). Em oposição ao conhecimento científico, te- mos o conhecimento de senso comum. Senso comum é os conhecimentos ditos de forma não científica, não empírica; são as suposições. Então, a aplicação dos conceitos acerca de Ciência cabe a todas as áreas do saber. No entanto, cada uma de- las apresenta os seus próprios instrumentais ou a sua própria metodologia. A Antropologia utiliza-se da Etnografia (etno = povo e grafia = escrita), que significa a prática me- todológica responsável pela coleta de dados, pela pesquisa de campo (MARCONI; PRESOTO, 2007).DicionárioDicionário Confluem: “Correr para o mesmo ponto, con- vergir, afluir. 2. Juntarem-se.” (FERREIRA, 1999) DicionárioDicionário Inatas: “1. Que nasce com o indivíduo; congê- nito; conato. 2. Que pertence à natureza de um ser.” (FERREIRA, 1999) AtençãoAtenção Conhecimento científico e conhecimen- to de senso comum: o conhecimento científico é empírico (testado), em oposição ao conhecimento de senso comum, que não se fundamenta em estudos e pesqui- sas, logo, é abstraído de cientificidade. AtençãoAtenção Metodologia científica antropológica: Etnografia (coleta de dados, pesquisa de campo) e Etnologia (análise dos dados advindos da pesquisa de campo). 2.3 As Principais Escolas do Pensamento Antropológico Clássico Entre os séculos XVI e XIX (antes do surgi- mento da Antropologia como ciência), os relatos sobre as especificidades culturais dos povos que aqui habitavam eram produzidos de forma espe- culativa pelos primeiros missionários, viajantes, co- merciantes que aqui estiveram. Escola Evolucionista: Século XIX A Escola Evolucionista – baseada nos estudos de Charles Darwin (A origem das espécies, de 1859) – acreditava haver superioridade entre as raças. En- tendia que o progresso viria mediante a evolução do estado primitivo para o estado mais “civilizado”, ou seja, uns chegariam aos estados de civilização e, aos outros, devido às suas incapacidades inatas, o mesmo não ocorreria. Expedito Leandro Silva e Vera Cristina de Souza Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 22 Escola Sociológica Francesa: Séculos XIX e XX A Escola Sociológica Francesa defendia a in- vestigação dos fatos sociais totais. Para tal processo investigativo, é criada uma metodologia, denomi- nada regras do método sociológico. Escola Funcionalista: Século XX Privilegia a produção dos estudos etnográfi- cos e etnológicos, bem como da monografia. Me- diante as diversidades culturais, busca entender as formas de funcionamento de determinadas socie- dades. Escola Culturalista: Século XX Entende que, por serem as sociedades dife- rentes entre si, são distintas também as respectivas realidades culturais existentes. Busca estabelecer conexões/comparações entre aspectos culturais e aspectos da personalidade. Escola Estruturalista: Século XX Procura entender de que maneira os homens concebem, estruturam, legitimam e reproduzem as especificidades culturais, além de investigar as estruturas de familiares e de parentesco. Escola Interpretativa: Século XX Privilegia a compreensão minuciosa acercado valor, do significado, da interpretação que cada grupo social atribui à sua própria cultura. Escola Crítica: Pós-Modernidade Nos anos recentes, os antropólogos se enve- redaram para uma visão crítica acerca do “saber an- tropológico”, ou seja, reveem os fundamentos das escolas e os elementos teóricos e metodológicos que a compõem (LAPLANTINE, 2000). AtençãoAtenção As principais escolas do pensamento antropológico clássico: 1. Escola Evolucionista: Século XIX; 2. Escola Sociológica Francesa: Séculos XIX e XX; 3. Escola Funcionalista: Século XX; 4. Escola Culturalista: Século XX; 5. Escola Estruturalista: Século XX; 6. Escola Interpretativa: Século XX; 7. Escola Crítica: Pós-Modernidade. Bronislaw Malinowski – O Kula Bronislaw Malinowski – Polaco (Cracóvia, 1884 – EUA, 1942). Antropólogo, fundador da Antropologia Social e Escola Funcionalista. Crítico da Escola Evolucionista. Reconhecido mundialmente, entre ou- tras razões, pelos estudos/pesquisas de campo desenvolvidos junto aos povos das Ilhas Trobriand, na Austrália. Entre sua obra, destaca-se a denominada Os Argonautas do Pacifico (1922), estudo mono- gráfico-etnográfico realizado junto a tribos da Nova Guiné (Nova Guiné: segunda maior ilha do mun- do, localizada no Oceano Pacífico – compreendendo parte da América, Ásia, Austrália e Antártida). Cabe destacar os estudos de Malinowski sobre o Kula (Circuito Kula/Intercâmbio Kula). Trata-se de um sistema de trocas intertribais (entre as tribos localizadas em um arquipélago – grupo de ilhas – locali- zado na Nova Guiné, onde se incluem as Ilhas Trobriand). O Ritual Kula: milhares de moradores residentes nesse arquipélago viajavam horas a fio – de ilhas a ilhas – para promoverem trocas – dar e receber mercadorias – de importantes valores grupais, tam- bém conhecidos como “dádivas”. Tal ritual de trocas consistia no respeito às produções das mercado- rias, ao tempo, ao espaço e às hierarquias, estabelecendo-se dessa forma amplas relações sociais e culturais (DURHAM, 1986). CuriosidadeCuriosidade Abordagens Socioantropológicas Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 23 Prezado(a) aluno(a), Espero que tenha gostado, entendido e com- preendido as discussões antropológicas anterior- mente apresentadas. Considerando todo o seu es- copo, cabe destacar os seguintes tópicos: Definição de Antropologia e seus objeti- vos: a Ciência Antropológica tem como objetivos investigar e compreender os diferentes estilos de vida apresentados pelos diversos grupos sociais. Para tanto, sua metodologia de investigação se divide em duas etapas. A primeira, denominada Etnografia, está voltada para a realização da pes- quisa de campo, ou seja, para a coleta de dados. A segunda fase, chamada de Etnologia, se destina à análise do material coletado em campo. A Antropologia nos desperta para a impor- tância do respeito às diferenças de todas as ordens, sejam elas sociais, étnicas, econômicas, políticas ou filosóficas. Essa Ciência nos remete à compreensão de que não existem supremacias entre os diversos es- tilos de vida. Aprendemos, também, que a Antropologia divide-se em quatro áreas de conhecimento: 1. Antropologia Física ou Biológica (aspec- tos orgânicos); 2. Antropologia Cultural (símbolos, mitos, ritos, valores); 3. Antropologia Social (organização social, econômica, política, jurídica); 4. Arqueologia (sociedades antigas exis- tentes ou não). Aprendemos também sobre importantes conceitos, tais como: diversidades, cultura, julga- mentos de valor, etnocentrismo, aculturação, entre outras. Cabe lembrarmos também das principais Es- colas do Pensamento Clássico, quais sejam: 1. Escola Evolucionista; 2. Escola Sociológica Francesa; 3. Escola Funcionalista; 4. Escola Culturalista; 5. Escola Estruturalista; 6. Escola Interpretativa; 7. Escola Crítica: Pós-Modernidade. Como mostrado nos tópicos anteriores, o conhecimento científico é empírico e não estáti- co. Logo, de posse dos conhecimentos produzidos pelos pensadores responsáveis pelas 7 Escolas ci- tadas, verificamos que o desenvolvimento do pen- samento antropológico acompanha as transforma- ções culturais do homem em sociedade. 2.4 Resumo: Antropologia Expedito Leandro Silva e Vera Cristina de Souza Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 24 AtençãoAtenção Gilberto Freire foi antropólogo, sociólogo e escritor, sendo referência obrigatória nos estudos voltados à Sociologia e An- tropologia brasileiras. Destaca-se a obra Casa-grande & senzala, publicada no ano de 1933. 2.5 Clássicos da Antropologia Brasileira Esta seção tratará de dois clássicos da Antro- pologia e Sociologia brasileiras: Casa-grande & sen- zala, de Gilberto Freire, e O povo brasileiro: a forma- ção e o sentido do Brasil, de Darcy Ribeiro. Gilberto Freire – Vida e Obra Gilberto Freire nasceu em Recife, no ano de 1900, e faleceu em 1987. Foi antropólogo, soció- logo e escritor de renome internacional, sendo uma referência fundamental quando se objetiva estudar a formação da sociedade brasileira. Autor de vários livros com a temática regional, cultural, política e econômica, publicou, em 1933, o clássi- co Casa-grande & senzala, do qual nos ocuparemos adiante. Em 2010, Flip vai celebrar Gilberto Freyre “A Festa Literária Internacional de Paraty, o evento literário de maior prestígio do país, vai homenagear em sua oitava edição o sociólogo pernambucano Gilberto Freyre (1900-87). [...] Freyre é um dos nomes essenciais para os estudos de interpretação do Brasil. ‘A ideia é que a discussão em torno da sua obra possa trazer para o primeiro plano questões que estão na ordem do dia. A tentativa de fixar uma ‘identidade brasileira’, a volta do ufanismo nesses últimos anos de era Lula, as aspirações de protagonismo do Brasil no cenário internacional’, diz Moura. Freyre ganhou em 2008 uma retrospectiva no Museu da Língua Portuguesa. A maior parte das suas obras está sendo reeditada pela editora Global. A editora vai lançar em julho, na véspera da Flip, um inédito do sociólogo que deve provocar muito debate em torno de sua figura, já bastante polêmica. Trata-se da segunda parte de suas memórias, ‘De Menino a Homem’, obra inédita que permanecia na Fundação Gilberto Freyre, em Recife. [...].” Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2010-flip-vai-celebrar-gilberto-freyre. CuriosidadeCuriosidade Abordagens Socioantropológicas Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 25 Aspectos do pensamento freiriano em Casa-Grande & Senzala Considerada uma obra de especial excelên- cia, nela Gilberto Freire trata dos elementos econô- micos, políticos, humanos e regionais responsáveis pela gestação populacional brasileira. Logo no início de seu estudo, Freire mostra que o Brasil, país miscigenado, foi formado pelo cruzamento de etnias distintas, ou seja, do branco europeu, do indígena e do negro africano. Os resul- tados mais expressivos são verificados, até os dias atuais, na constituição do caboclo ou mameluco (branco + índio), do mulato (branco + negro) e do cafuzo (índio + negro) (FREIRE, 2005). O povo mulato foi gerado sob duas égides: a econômica – era preciso povoar o Brasil, bem como se obter mão de obra para o cultivo da terra – e a “sexual”, pois os portugueses passaram a se rela- cionar sexualmente, primeiramente com as índias (nativas) e, mais tarde, com as negras trazidas da África. Em ambos os casos, tais relações, em larga medida, não eram consentidas. O Indígena No que se refere à composição do povo bra- sileiro, o autor destaca o papel relevante ocupado e desenvolvido pela mulher indígena, pois foram elas as responsáveis pela gestação e reprodução dos “índios puros” que aqui habitavam, bem como pela primeira geração de povos miscigenados (FREIRE,2005). Freire (2005) trata também das violências fí- sicas, morais e culturais que vitimaram as popula- ções indígenas, executadas pelos colonizadores; o que pode ser exemplificado na invasão de seus ter- ritórios, na escravização praticada pelos imigrantes europeus, que os forçava ao trabalho na terra, e nas dilapidações religiosas pelo processo de evangeli- zação (catequese), de responsabilidade dos padres jesuítas. Do ponto de vista econômico, o índio não se adaptou ao trabalho escravo tampouco cedeu fa- cilmente ao processo de aculturação imposto pela Igreja Católica. A resistência da cultura indígena re- sultou em disputa por terras, fugas de seu próprio habitat – compuseram, junto aos africanos, os qui- lombos –, doenças mortais, mortes, destruição de famílias inteiras. Frente a isso, para o cumprimento de seus propósitos, os europeus entendem ser necessá- rio substituir a mão de obra indígena pela mão de obra negra, dando início, dessa forma, ao processo de escravidão africana (FREIRE, 2005). O negro africano no Brasil Dando continuidade aos estudos acerca da composição da população brasileira, Freire (2005) discute o papel exercido pela mulher negra africa- na neste particular, que, segundo ele, substitui a mulher indígena nos ambientes das casas-grandes, bem como no interior das senzalas. Para habitar as casas-grandes, os senhores escolhiam aquelas que consideravam ser as mais belas e sensuais, a fim de desenvolverem as funções domésticas, os cuidados com as crianças, bem como para servi-los sexualmente. DicionárioDicionário Miscigenado: “Cruzamento inter-racial; mestiça- mento, mestiçagem, caldeamento.” (FERREIRA, 1999) DicionárioDicionário Dilapidações: “1. Ato ou efeito de dilapidar, des- barato, esbanjamento. 2. Roubo; furto.” (FERREIRA, 1999) AtençãoAtenção Na obra Casa Grande & Senzala, Gilberto Freire discute os diversos aspectos sociais, econômicos e culturais que contribuíram para a formação da família e da socieda- de brasileiras. Reflete, igualmente, o pro- cesso de miscigenação, o patriarcalismo, bem como as relações étnico-sociais en- tre brancos, negros e índios. Expedito Leandro Silva e Vera Cristina de Souza Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 26 Darcy Ribeiro – Vida e Obra Darcy Ribeiro nasceu em 1922, na cidade de Montes Claros (Minas Gerais), e faleceu em 1997. Foi antropólogo, professor e escritor. Entre outras ativi- dades de consideráveis envergaduras, dedicou-se aos estudos relacionados à Educação e à questão indígena. Fundou o Museu do Índio e criou a Uni- versidade de Brasília, da qual foi o primeiro reitor. Antropólogo e educador brasileiro Darcy Ribeiro Nascimento: 26/10/1922, Montes Claros (MG) Morte: 17/2/1997, Brasília (DF) “Já sabendo que sua doença era terminal, Darcy Ribeiro confessou no livro de memórias: ‘Termino esta minha vida já exausto de viver, mas querendo mais vida, mais amor, mais saber, mais travessuras.’ Tudo muito coerente com quem sempre se declarou um ‘fazedor’. Filho de farmacêutico e professora, Darcy Ribeiro mudou-se para o Rio de Janeiro com o objetivo de estudar medicina. Até ingressou na faculdade, mas abandonou o curso depois de três anos. Transferiu-se para São Paulo, indo estudar ciências sociais na Escola de Sociologia e Política e ali graduando-se em 1946. Depois, em 1949, entrou para o Serviço de Proteção aos Índios (antecessor da Funai), onde trabalharia até 1951. Passou várias temporadas com os indígenas do Mato Grosso (então um só estado) e da Amazônia, publicando as anotações feitas durante essas viagens. Colaborou ainda para a fundação do Museu do Índio (que dirigiu) e a criação do parque indígena do Xingu. Na época, Darcy Ribeiro escreveu diversas obras de etnografia e defesa da causa indigenista, contribuindo com estudos para a Unesco e a Organização Internacional do Trabalho. Em 1955, organizou o primeiro curso de pós-graduação em antropologia, na Universidade do Brasil (Rio de Janeiro), onde lecionou etnologia até 1956. No ano seguinte, passou a trabalhar no Ministério da Educação e Cultura. Lutou em defesa da escola pública e (junto com Anísio Teixeira) fundou a Universidade de Brasília (da qual seria reitor em 1962-3). Em 1961, foi ministro da Educação no governo Jânio Quadros. Mais tarde, como chefe da Casa Civil no governo João Goulart, desempenhou papel relevante na elaboração das chamadas reformas de base. Com o golpe militar de 1964, Darcy Ribeiro teve os direitos políticos cassados e foi exilado. Viveu então em vários países da América Latina, defendendo a reforma universitária. Foi professor na Universidade Oriental do Uruguai e assessorou os presidentes Allende (Chile) e Velasco Alvarado (Peru). Naquele período, Darcy Ribeiro redigiu grande parte de sua obra de maior fôlego: os estudos antropológicos da ‘Antropologia da Civilização’, em seis volumes (o último, ‘O Povo Brasileiro’, ele publicaria em 1995). Em 1976, retornou para o Brasil, dedicando-se à educação pública. Quatro anos depois, foi anistiado, iniciando uma bem-sucedida carreira política. Em 1982, elegeu-se vice-governador do Rio de Janeiro. Nesse cargo, trabalhou junto ao governador Leonel Brizola na criação dos Centros Integrados de Educação Pública (Ciep). Em 1990, foi eleito senador, posto em que teve destacada atuação. Em 1992, passou a integrar a Academia Brasileira de Letras. Além da obra antropológica, Darcy Ribeiro publicou os romances ‘Maíra’, ‘O Mulo’, ‘Utopia Selvagem’ e ‘Migo’. No último ano de vida, Darcy Ribeiro dedicou-se a organizar a Fundação Darcy Ribeiro, com sede na antiga residência em Copacabana (no Rio de Janeiro). Vítima de câncer, Darcy Ribeiro morreu aos 74 anos.” Fonte: http://educacao.uol.com.br/biografias/darcy-ribeiro.jhtm. CuriosidadeCuriosidade Abordagens Socioantropológicas Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 27 O povo brasileiro Em O povo brasileiro, Darcy Ribeiro (2005) ini- cia a sua discussão tratando da composição étnica da população brasileira, enfocando o processo da miscigenação. Ao tratar dos primórdios da colonização bra- sileira, logo de pronto, discute o “choque cultural” ocorrido entre os índios e os europeus: de um lado, estavam os europeus, com suas visões etnocên- tricas, e, de outro, os indígenas, com suas culturas próprias. Assim como Freire, Darcy Ribeiro discute – entre outros – a composição da população brasi- leira e reflete sobre o delicado tema voltado à iden- tidade étnica dos grupos miscigenados. Questiona: o mestiço de qualquer etnia, como se identifica e é identificado etnicamente? Posteriormente, apro- funda e amplia a discussão acerca da identidade étnica dos cafuzos, mamelucos e mulatos, asso- ciando-os às variáveis socioeconômicas. Ao investigar as condições de vida do povo brasileiro, Ribeiro não se furta da discussão acerca das acentuadas e perversas contradições de clas- ses sociais existentes na sociedade brasileira, nas quais os grupos mais afetados são justamente os descendentes daqueles que construíram o país. Ao se referir às suas especificidades culturais e econô- micas, classifica o Brasil em cinco “diferentes Brasis”, da seguinte forma: 1. Brasil crioulo: predominantemente no li- toral do país, sendo caracterizando pela cultura da cana-de-açúcar/engenho açu- careiro; 2. Brasil caboclo (mamelucos): predomi- nantemente na região do Amazonas, sendo caracterizado pelo extrativismo; 3. Brasil sertanejo: predominantemente na região Nordeste, sendo caracterizado pela economia pastoril, agreste e caatin- ga; 4. Brasil caipira: predominantemente nas regiões Sudeste e Centro-Oeste, sendo caracterizado pelas economias minera- doras e do café; 5. Brasil sulino: predomínio dos gaúchose imigrantes europeus, na região Sul, e ja- poneses, em São Paulo (RIBEIRO, 2005). Analisando cada um desses “cinco Brasis”, Ribeiro (2005) mostra que, de um lado, a riqueza da diversidade étnica, da miscigenação, deve ser destacada e enaltecida, mas, de outro, chama a atenção para as perversidades econômicas e seus efeitos devastadores. AtençãoAtenção Darcy Ribeiro: antropólogo, professor e escritor de renome internacional. Dedicou parte de sua vida aos estudos voltados à população indígena (fundador do Museu do Índio, em 1953) e à Educação (foi um dos fundadores da Universidade de Brasí- lia, no ano de 1962). Entre sua bibliografia, destaca-se O povo brasileiro: a formação e o sentido do Brasil, publicado em 1995. Nes- sa obra, Darcy Ribeiro discute os aspectos sociais, econômicos, geográficos, políticos e culturais que compõem a sociedade brasileira. As relações étnico-sociais entre brancos, negros e índios também se fa- zem presentes. DicionárioDicionário Primórdios: “1. Aquilo que se organiza ou se or- dena primeiro. 2. Fonte; origem; princípio.” (FERREIRA, 1999) DicionárioDicionário Devastadores: “Devastação”: “1. Destruição vandá- lica. 2. Ruína proveniente de grande desgraça. 3. Assolação; destruição.” (FERREIRA, 1999) Expedito Leandro Silva e Vera Cristina de Souza Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 28 A esse respeito, estudos mostram que, à me- dida que se acentuam as situações de miserabili- dade e as privações – verificadas, sobretudo, na escassez da oferta de trabalho e de emprego –, elevam-se igualmente as situações de violência, verificadas nos casos de homicídios, suicídios, uso e tráfico de drogas, e agravamento das doenças fí- sicas e emocionais. AtençãoAtenção Os cinco “diferentes Brasis”: 1. Brasil crioulo; 2. Brasil caboclo; 3. Brasil sertanejo; 4. Brasil caipira; 5. Brasil sulino. Caro(a) aluno(a), Certamente gostou e apreendeu os princi- pais pensamentos de Gilberto Freire (Casa Grande & Senzala) e Darcy Ribeiro (O povo brasileiro). Vamos retomá-los? Gilberto Freire: preocupa-se em apresentar uma leitura científica acerca da formação da família brasileira. Para tanto, desenvolve um estudo etno- gráfico por todo o país, inclusive no exterior. Com tal metodologia, discute e valoriza as diversidades sociais relativas às populações indíge- na, negra e europeia. Diz ele: “em outubro de 1930 ocorreu-me a aventura do exílio. Levou-me primei- ro à Bahia; depois Portugal, com escala pela África. O tipo de viagem ideal para os estados e as preocu- pações que esse ensaio reflete.” (FREIRE, 2005, p. 9). Importante considerar a fundamental con- tribuição de Gilberto Freire para o desmonte dos pensamentos evolucionistas, por meio da defesa do Culturalismo. Darcy Ribeiro: como visto, assim como Gil- berto Freire, Ribeiro busca pela formação da popu- lação brasileira considerando os aspectos patriar- cais, culturais e da miscigenação, no entanto o faz com críticas ao violento processo de colonização e escravização das populações indígena e negra. Ainda a esse respeito, avança nas discussões considerando as especificidades sociais e culturais presentes nas cinco regiões brasileiras, o que deno- minou como sendo “os cinco brasis”. Condena as posturas evolucionistas enalte- cendo, portanto, as especificidades étnicas de to- dos aqueles que compõem a sociedade brasileira. Nas palavras do autor: “faltava ainda uma teoria da cultura, capaz de dar conta da nossa rea- lidade, em que o saber erudito é tantas vezes espú- rio e o não saber popular alcança, constantemente, atitudes críticas, mobilizando consciências para movimentos profundos de reordenação social.” (RI- BEIRO, 2005, p. 16). 2.6 Resumo do Capítulo Abordagens Socioantropológicas Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 29 2.7 Atividades Propostas 1. Cite as áreas do conhecimento que compõem a Ciência Antropológica. 2. O que é e quais são os objetivos da Ciência Antropológica? 3. De que forma podemos conceituar cultura? 4. Como conceituar julgamento de valor? 5. Qual é a metodologia científica utilizada pela Antropologia quando do desenvolvimento de seus estudos/pesquisas? 6. Cite as principais escolas do pensamento antropológico clássico. 7. Quem foi Gilberto Freire? Qual é a sua obra de maior expressão? Do que trata este estudo? 8. Quem foi Darcy Ribeiro? Qual é a sua obra de maior expressão? Do que trata este estudo? 9. Ainda considerando a obra O povo brasileiro, de que forma Darcy Ribeiro classifica os cinco “diferentes Brasis”? 10. Ainda a esse respeito, o que quis dizer o autor com tal classificação? Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 31 Existe um conceito-chave para o conheci- mento das organizações: o de práticas sociais. An- tes, porém, é bom lembrar que as relações sociais articulam-se com os agentes coletivos que cons- tituem o objeto de estudo das Ciências Sociais. Nesse sentido, são elas as relações de produção, as relações de poder e as relações de saber. A combi- nação desses três gêneros de relação define o cor- po do espaço social. Isso ocorre porque as relações coletivas articulam agentes empenhados em inte- rações sobre as realidades materiais e imateriais; demarcam, portanto, processos de transformação da natureza e da sociedade. São esses processos que denominamos práticas sociais, sendo que mui- tas práticas correspondem a rituais, cerimoniais ou ritos, mas, por definição, são processos de trabalho, atividades padronizadas que visam a transformar o mundo. Nesse sentido, as práticas sociais envolvem dispêndios de energia e movimentação de bens e de agentes. No mais, parecem celebrar a con- vivência social, pois, a despeito das turbulências que produzem, ocorrem de forma ordenada, ficam adequadas a figurinos previamente estabelecidos, obedecem a formalidades, mobilizam disciplinas “pequenas” e exigem o cumprimento de deveres. Em suma, as práticas sociais são conjuntos pla- nejados de atividades, ou empreendimentos em termos gerais, que implicam intervenções na rea- lidade. Por isso, as normas sociais inspiram-se em valores e são, por isso mesmo, socialmente contro- ladas, desenvolvem-se de maneira estruturada ao obedecer a padrões recorrentes, constituem a di- nâmica da própria vida social e representam a cha- ve para a reprodução das relações vigentes numa dada sociedade. Para isso, faz necessário pensar numa organi- zação que integre o poder da empresa e as organi- zações sociais. Nesse aspecto, o setor empresarial se depara com um grande desafio no final deste sé- culo, que poderá colocá-lo como importante ator na construção de uma nova sociedade. Diante das novas tecnologias e da moderni- zação econômica, a sociedade civil tem assumido uma função estratégica e fundamental. No perío- do liberal, o empresariado priorizava o modelo metal de sociedade, isto é, fundamentava-se em dois grandes setores: o privado e o público. O sé- culo XXI caracteriza-se pela consolidação da ideo- logia neoliberal e uma nova categoria conceitual, a das organizações da sociedade civil, o chamado terceiro setor. DicionárioDicionário Liberal: “li.be.ral. adj (lat liberale). 1. Dadivoso, fran- co, generoso. 2. Amigo da liberdade política e ci- vil. 3. Próprio de homem livre. 4. Que tem idéias avançadas sobre a vida social. 5. Que tolera e acei- ta opiniões diferentes das suas; tolerante, indul- gente. 6. Amplo, grande, abundante. 7. Diz-se de profissões de nível superior como o magistério, a advocacia, a medicina, a engenharia etc. Antôn (acepção 1): avarento. s m+f Pessoa partidária da liberdade política e religiosa.” (FERREIRA, 1999) AtençãoAtenção O terceiro setor é constituído por orga- nizações sem fins lucrativos e não gover- namentais, que têm comoobjetivo gerar serviços de caráter público. ASPECTOS SOCIAIS E ANTROPOLÓGICOS APLICADOS ÀS ORGANIZAÇÕES: PODER E PRÁTICAS SOCIAIS 3 Expedito Leandro Silva e Vera Cristina de Souza Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 32 O terceiro setor, tendo a solidariedade como valor básico das relações entre as pessoas, apresen- ta uma alternativa para o individualismo prevale- cente nas relações mercantilistas. O mercado seria, metaforicamente, como um corpo sem alma. O terceiro setor não coloca como referência de suas relações a cumulação material, mas a mudança qualitativa das pessoas, ou seja, o desenvolvimen- to humano. Instituem-se, dessa forma, condições para que os atores sociais recuperem a sua dimen- são humana e, com isso, possam aumentar a sua participação como cidadãos na construção de uma sociedade para todos. Diante da participação ativa da sociedade or- ganizada e da preocupação de alguns setores do empresariado, surgiu a empresa de responsabilida- de social, que tem seus dirigentes como responsá- veis pela função social da empresa. Inicialmente, o investimento social visa a uma melhor qualidade de vida para a comunidade, além da aceitação dos seus produtos e da sua marca pela sociedade, ob- jetivando o lucro, que fundamenta o patrimônio da empresa. No entanto, observa-se que os governos procuram destacar os indicadores de desenvolvi- mento humano. Cada vez mais, as empresas serão questionadas não somente por seus resultados econômicos, mas também pelo seu “balanço so- cial”. Logo, a parceria que envolve as organizações e a sociedade civil organizada pode ser uma viabi- lidade para as demandas por melhoria nas condi- ções de vida e bem-estar social. DicionárioDicionário Metáfora: “me.tá.fo.ra. sf (gr metaphorá). Ret Em- prego de uma palavra em sentido diferente do próprio por analogia ou semelhança: Esta cantora é um rouxinol (a analogia está na maviosidade).” (FERREIRA, 1999) 3.1 A Relação da Força de Trabalho e a Geração de Valor Entende-se que o trabalho é uma faculdade quase exclusivamente humana. Diante disso, para garantir a sobrevivência da sua espécie, o homem sempre investiu na transformação de objetos natu- rais em produtos sociais. Essa transformação cons- titui a prática social básica da humanidade, ou seja, a constituição do trabalho como parte integral das coletividades humanas. O trabalho é o cerne da produção econômica, de modo que, sem ele, a vida em sociedade seria inviabilizada e a geração de valor não surtiria efei- to. Todavia, não se deve confundir trabalho com emprego. Esse último consiste em prestar serviços a um empregador, sob a dependência dele e me- diante alguma forma de pagamento. Tal atividade se caracteriza por certa permanência no tempo ou pela eventualidade. Já o trabalho caracteriza-se por meio de outra natureza: refere-se a um processo de transformação do mundo, a uma intervenção ope- rada por um trabalhador sobre uma matéria-prima, com auxílio de um equipamento ou de uma ferra- menta, resultando na concretização do produto. Todo trabalho possui uma capacidade ímpar: a de produzir mais do que seu agente consome, para repor as energias gastas. Vale dizer que todo trabalho pode gerar excedentes econômicos; en- tão, onde reside o segredo do processo de traba- lho? Na capacidade de acrescentar um valor a mais, uma riqueza maior do que a necessária para repro- duzir a própria energia despendida. Entretanto, as relações de trabalho e confli- tos entre patrões e empregados dominam o ce- nário histórico desde o advento da indústria e se tornaram elementos essenciais das posições po- líticas nas mais diversas instituições. A sociedade pós-industrial, também chamada sociedade pós- -moderna, passa por transformações profundas nesse setor. A mecanização do processo produtivo assume dimensões nunca vistas; com o desenvol- vimento da robótica, cada vez mais as fábricas em- Abordagens Socioantropológicas Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 33 pregam um contingente menor de operários, cau- sando desemprego estrutural e redução de cargos e serviços. A Sociologia do Trabalho procura compreen- der e analisar a dinâmica da sociedade que não tem no trabalho seu principal objetivo, pois, menos em relação ao contingente de operários emprega- dos, há uma tendência para a redução da jornada do trabalho. Diante das transformações que ocor- rem nas empresas e indústrias, novas relações de trabalho se organizam. Essas relações de trabalho e renda estão cada vez mais presentes no setor de prestação de serviços, no trabalho individual, no trabalho não registrado ou temporário, entre ou- tros; são meios que estão substituindo as relações empregatícias. 3.2 As Relações Sociais e o Mundo do Trabalho Em toda sociedade, a produção econômica é considerada uma das principais atividades de um povo. Pode-se dizer que o homem, por meio do seu trabalho, produz bens e serviços; assim, viver socialmente significa participar de toda cadeia de produção, tendo como sua principal atividade eco- nômica a produção, a distribuição, a circulação dos bens e serviços. Em suma, a organização dos indiví- duos incorpora a vida econômica de uma nação ou grupo social, ou seja, aglutina desde a produção e distribuição até o consumo de bens e serviços. Em síntese, o processo de produção se de- senvolve em três elementos principais: trabalho; matéria-prima; instrumentos de produção. O trabalho é uma atividade exercida pelo ho- mem, seja ela física ou mental. No entanto, os bens e serviços que resultam desse trabalho podem ser vistos como uma atividade manual ou intelectual, pois ambas almejam a obtenção de bens e servi- ços. Nesse sentido, vale dizer que toda atividade manual está inserida numa atividade mental. Haja vista, algumas profissões exigem do trabalhador uma atividade intelectual maior; por exemplo, um engenheiro da Construção Civil tem obrigações e exigências intelectuais maiores do que o mestre de obras. É visível a relação de interdependência en- tre os dois tipos de atividade, manual e intelectual; logo, conclui-se que não existe trabalho exclusiva- mente manual ou exclusivamente intelectual. Há, de fato, um predomínio para cada tipo de trabalho. No decorrer da sua execução, o trabalho pode ser visto por meio de uma classificação, isto é, cada pessoa exerce sua atividade de acordo com sua capacidade. Portanto, o trabalho classifica-se em trabalho qualificado e trabalho não qualifi- cado: Saiba maisSaiba mais Trabalho qualificado: é aquele que não se realiza sem o grau de conhecimento e aprendizagem. Trabalho não qualificado: refere-se a toda e qualquer atividade que pode ser realizada praticamente sem aprendizagem, ou seja, de maneira intuitiva ou pela repetição. Expedito Leandro Silva e Vera Cristina de Souza Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 34 No entanto, a matéria-prima é nada mais do que elementos que, em processo de produção, são convertidos em bens para satisfazer às necessida- des do grupo social. Portanto, os instrumentos de produção estão ligados à ação transformadora da matéria-prima, em conjunto com as ferramentas de trabalho, ou seja, os equipamentos e as máqui- nas. Além disso, existem os instrumentos de pro- dução que atuam de forma indireta. Nesse caso, podemos incluir o local de trabalho e as condições físicas necessárias, como, por exemplo, iluminação, ventilação, entre outros. Em suma, o instrumento de produção é todo bem utilizado pelo homem na produção de outros bens e serviços. Todavia, sem matéria-prima e instrumentos de produção, não será possível produzir nada. Eles são meios mate- riais essenciais para a efetivação de todo tipo de trabalho. Por isso, são denominados meios de pro- dução. As relações
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