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Introdução ao Direito Societário

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Introdução ao Direito Societário
 A sociedade envolve a pluralidade de sujeitos, que assumem a titularidade do empreendimento para realizar a atividade econômica. Entre esses personagens, desenvolvem-se relações jurídicas (pessoais, patrimoniais, deliberativas...) para que bem se comportem dentro da sociedade e possam se concentrar no exame da atividade econômica.
• Noção de Pessoa Jurídica:
 O Direito brasileiro adota a teoria da ficção, que entende a PJ como uma entidade legal (criação do direito), uma estrutura de direito, e não real. Assim, necessita de previsão legal.
 A PJ é um centro de imputação, cuja criação deu-se para aliviar as responsabilidades das PF que desempenhavam uma atividade econômica. É importante ressaltar que as PJs necessitam de um pressuposto, previsto no art. 43 do CC, a pluralidade de sujeitos**.Trata-se de uma entidade, ou seja, é dotada de direitos e deveres.
 O art. 44 do CC descreve as modalidades de PJ existentes e estabelece, no sentido lógico, uma relação de igualdade entre todas as entidades. No entanto, isto não procede, devido a seguinte questão:
O art. 45 estabelece o marco de formação da PJ, ou seja, em que momento ela é reconhecida: mediante a INSCRIÇÃO do ato constitutivo, ou seja, a partir do registro (que representa a entrega do ato constitutivo ao órgão de registro). Assim, conclui-se que a PJ é dependente e derivada do ato registral, logo não existe PJ de fato, uma vez que o registro é a referência legal necessária para que a PJ exista.
 No entanto, há uma estrutura de fato dentre as modalidades previstas, assim é reconhecida sua existência legal antes do registro: a SOCIEDADE.
 
Obs.: Estrutura: pluralidade de pessoas que elaboram o ato constitutivo e que pretendem um fim específico, por exemplo, explorar atividade econômica.
 Ato constitutivo (contrato social ou estatuto): é um documento, que é elaborado por aqueles que pretendem formar a entidade, os membros, e é submetido ao registro.
** É possível a formação da PJ a partir de uma PF, o EIRELI, que destaca do se patrimônio uma fração de 100 salários mínimos, que será a atribuída ao patrimônio da PJ
 A fundação tem como pressuposto a pluralidade de bens, o patrimônio.
• Noção de Sociedade:
 O art. 981 do CC define a natureza jurídica da sociedade: um CONTRATO. 
 “Celebram contrato de sociedade as pessoas que reciprocamente se obrigam a contribuir, com bens ou serviços, para o exercício de atividade econômica e a partilha, entre si, dos resultados.”
 Assim, é um contrato que envolve pessoas que se conectam subjetivamente e cujo objetivo comum é a exploração simultânea da atividade econômica. É o arranjo obrigacional para o exercício da atividade econômica. O referido art. não exige o registro desta sociedade como pressuposto para sua existência, logo estas pessoas podem ter a pretensão (explorar atividade econômica), ou seja, declarar a sua vontade independentemente do registro. Desse modo, a sociedade existe antes da formação da PJ, uma vez que se trata de uma estrutura de fato. 
 A sociedade não se extingue com o registro, ou seja, com o surgimento da PJ, mas sim se perpetua. Desse modo, a sociedade e a PJ existem simultaneamente e se complementam, pois aquela controla e se utiliza desta, por isso há a manutenção dos institutos a sua própria integridade. A PJ para sociedade é uma forma de realizar uma operação. 
Não há como haver a sociedade formada por um só indivíduo, pois ninguém contrata consigo mesmo.
 • Personificação e Consequências:
 Personalidade Jurídica é um instituto que é deferido as pessoas e que reúne todos os direitos e deveres vigentes de um determinada território e governo, ou seja, que a estrutura legal confere, assim ser uma PJ é ser uma estrutura dotada de personalidade, assim como tem as PF, que possui alguns direitos e deveres em comum com aquela, como obrigações tributárias¹, ser parte em processo judicial, responder criminalmente, o elemento de identificação – o nome², a imagem³.
 Além do art. 45 do CC, o art. 985 também prevê que a personalidade jurídica é atribuída em razão do registro, assim esta personalidade é atribuída à sociedade com a inscrição dos atos constitutivos no registro público e na forma da lei, com isso esta sociedade terá direitos e deveres a partir deste registro.
 A autonomia é um direito inerente a PJ, assim ela é regida por normas próprias; é independente; por isso, há PJs seculares, cujas respectivas sociedades já tenham se transformado (ex: PJ centenária, logo sua membresia já se modificou). Ou seja, apesar da sociedade sofrer transformações, a sua respectiva PJ mantém-se estável, uma vez que são entidades diferentes.
 A autonomia manifesta-se em 3 diferentes aspectos: patrimonial, negocial e processual.
1) Patrimonial: a PJ pode titularizar bens, direitos e deveres que lhe são específicos, inerentes e exclusivos, ainda que eles sejam derivados da contribuição dos sócios, uma vez que a formação dela deriva desta contribuição dos seus membros. Assim, após esta contribuição entrar na titularidade da PJ, passa a pertencer a ela exclusivamente, como se fosse um ato de doação (transmissão gratuita de parcelas do patrimônio do sócio), afim de que a PJ produza vantagens. Desse modo, a partir do momento que este patrimônio do sócio ingressa na PJ, ele passa a ser titularizado por ela e passa a ser da gestão dela, logo o sócio perde a titularidade do bem/patrimônio, podendo ter direito ao crédito, mas não ao bem – nenhuma garantia de devolução.
2) Negocial: a PJ participa de negócios, contratando ou sendo contratado. Por isso, pode realizar operações compatíveis com a sua natureza, porém sempre dependendo de alguém para realizar por ela (Ex: Alugar um imóvel no qual elas irão funcionar; assinar a carteira de trabalho que estão sob sua administração; contratar um advogado para cuidas de seus interesses - ela será o outorgante)
(ex: caso a PJ comprar um imóvel, o imóvel lhe pertence, ainda que a compra for feita com a contribuição do sócio, por isso a PJ tem conta-corrente/poupança, pode investir no tesouro nacional e no mercado financeiro etc...)
3) Processual: na relação jurídica processual, tanto pode agir a PJ como autora, assim como ré, ou seja, pois tem capacidade processual (aptidão para praticar atos processuais). Isto não deriva de uma previsão legal, uma vez que a autorização é derivada da personalidade, assim como a PF pode ir à juízo por qualquer motivo**.
Obs.: Se o uso da PJ, pelo responsável de suas operações, vier eivado da má-fé, os sócios poderão ser alcançados (Desconsideração da personalidade jurídica – art. 50 do CC)
** Os direitos são auto-componíveis, dinâmicos, logo, ainda que não esteja o fato previsto da legislação, pode-se levar a demanda ao judiciário (ex: entidades que ajuizavam ações por danos morais, mesmo sem previsão legal).
¹CNPJ: identificação do quadro de contribuintes – é rastreável.
²O nome empresarial é dotado de proteção. Este nome tem em torno da P por uma imagem pública, que se for denegrida,
³Se for denegrida, pode ensejar ações indenizatórias
 • Características da Sociedade:
 O contrato de sociedade não é prevista da parte especial, Livro I, Titulo IV, em que estão previstos os contratos nominados, uma vez que ele é sui generis (único no seu gênero), sendo um contrato de colaboração.
Cabe ressaltar que os contratos da parte da parte especial são de permuta, que é antagônico, tendo em sua configuração dois centros de imputação (alienante e adquirente), em que há a disputa de objetos diferentes (os interesses se divergem), mas que se harmonizam, ou seja, há o conflito de interesses (pretensões e prestações diversas entre as partes – ideia de troca). Assim, o consenso é um ponto de equilíbrio. É comutativo. Há a extinção desta categoria de contrato pelo cumprimento das prestações.
Todavia, na configuração do contrato de colaboração,o interesse é comum, assim todos aqueles que se utilizam do contrato de sociedade tem a mesma pretensão em comum: a exploração da atividade econômica. Isto é, este contrato tem a sua configuração de natureza circular, pois todos os membros daquela coletividade não estão interessados no que o outro possui, mas sim em usar a estrutura (sociedade) para exercer a atividade econômica, logo o contrato de sociedade é de finalidade comum, em que os interesses se convergem.
Ademais, o contrato de sociedade não necessita ser comutativo (as prestações se equivalem), uma vez que cada membro pode dar a contribuição que puder assim a distribuição das prestações poderá ser desigual. Aliás, se todos os sócios disponibilizarem recursos, ou seja, se houver o cumprimento da prestação (pagamento à PJ), o contrato de sociedade não se extingue, pelo contrário, mantém-se, posto que a sua estrutura não permite que o cumprimento da obrigação o faça desaparecer. Dessa maneira, a dissolução da sociedade dá-se por outras razões, até mesmo pelo descumprimento da obrigação.
Elementos do contrato de sociedade (art. 981 do CC):
1) Estabelece que todos os sócios contribuam, assim estabelece a contribuição como um dever geral para todos os sócios.
2) Estabelece que o contrato de sociedade é de forma livre, portanto, caso ele for um documento escrito, reconhecerá o pacto (o contrato social ou estatuto). Assim, contrato de sociedade é o arranjo obrigacional, a vinculação, que se utiliza do critério da realidade (princípio da primazia da realidade**), pois para caracterizar os sócios de uma sociedade não há a necessidade do contrato escrito.
3) Atribui aos sócios a divisão dos resultados (positivos e negativos), das áleas***. Caso a sociedade perceba o lucro, que é a finalidade desta estrutura, este será distribuído entre seus membros, entretanto, se houver a apuração de prejuízo, este será também igualmente distribuído. Ou seja, o lucro não é o elemento essencial, o objeto, da estrutura empresarial, mas sim é o seu fim. O objeto é o exercício da atividade econômica.
4) Affectio societatis: elemento subjetivo que traduz a intenção do sócio de se submeter as todas as vicissitudes* da sociedade. É elemento intencional que o sócio precisa revelar na sociedade, sujeitando-se a todos os benefícios e malefícios impostos por esta estrutura. Logo, o sócio é aquele que se dedica ao empreendimento, para que a atividade econômica realizada se transforme em lucro, que é fruto de condutas, de gestão, de riscos, que são assumidos, definidos e compartilhados por seus membros. A Affectio societatis define a possibilidade de sócios serem afastados da sociedade pela perda desse elemento subjetivo (que indica que estas pessoas denunciam que não estão mais interessadas em fazer parte da sociedade).
* volubilidade; acontecimento casual e imprevisível
** visa à priorização da verdade real em face da verdade formal
*** Característica não prevista do contrato de permuta
Classificação das Sociedades
• Quanto aos tipos societários:
 A realização da atividade econômica é tão complexa que admitiu, ao longo da existência do contrato de sociedade, que esse contrato admitisse algumas variações, que originam os tipos de sociedade.
 Denominam-se “tipos”, pois são variações do contrato que são rígidas (rol taxativo), ou seja, de adesão, não sendo possível alterar as condições mínimas (configurações) estabelecida na legislação. São eles:
Sociedade comum (não personificada)
Sociedade de conta de participação (não personificada)
Sociedade simples (personificada)
Sociedade de nome coletivo (personificada)
Sociedade em comandita simples (personificada)
Sociedade limitada (personificada)
Sociedade anônima (personificada - L6404/76)
Sociedade em comandita por ações (personificada – L6404/76 )
Sociedade cooperativa (personificada)
 • Quanto a personificação:
 Existem modelos de sociedades tanto personificados como não personificados. No entanto, a personificação é atributo da pessoa, e não do contrato, assim existem tipos societários que produzem efeitos independentemente do registro. Desse modo, se duas ou mais pessoas decidem explorar a atividade econômica, porém elas não tem a iniciativa/ não podem levar o contrato (ato constitutivo) à registro, ou seja, não têm a iniciativa de legalizar a operação, o sistema legal entende que a existência desse vínculo que conduz ao exercício da atividade econômica já deve se objeto de regulação. Assim, a legislação já incide nessa relação jurídica, ainda que não tenha havido o registro, por isso indivíduos que exercem a atividade econômica sem nenhum tipo de episódio de legalização não são eximidos das consequências legais dessa operação, realizando essa operação vinculados aos tipos de sociedade despersonificadas.
 Além disso, há os modelos que produzem efeitos somente após o registro – a legalização – e que podem ser escolhidos pelos sócios: as sociedades personificadas. Dessa maneira, se o objetivo de duas pessoas ou mais é o de se vincularem aos direitos e deveres previstos para determinado tipo societário, submetendo-se aos efeitos reservados para tal modelo, a legislação determina no art. 982 do CC :
1) A elaboração do ato constitutivo ; 2) Levar esse ato à registro
• Quanto ao regime legal:
 (Folha)
 
• Quanto a estrutura econômica:
Dentro das sociedades, em cada um dos modelos de contrato, existe uma organização entre os sócios, que consiste numa distribuição de poder entre os sócios e que diferencia, de uma forma definida, determinados de modelos de sociedade de outros. Assim, os tipos societários são Personalistas ou Capitalistas.
Personalistas: são modelos de sociedade que reúnem, simultaneamente, pessoas (sócios) e capital (investimento). Apesar de qualquer sociedade constituída possuir esses dois elementos, há a valorização demasiada da pessoa do sócio em suas regras, ainda que isso represente menor atenção ao investimento. Com isso, valoriza-se mais a qualidade do sujeito do que o investimento realizado por ele. Assim, tende-se a escolher os sócios de acordo com os seus atributos pessoais.
Exceto pela Sociedade Anônima e a Comandita por Ações, todas os demais tipos societários previstos no Código Civil pertencem a esse segmento.
 
Capitalistas: também reúnem pessoas (sócios) e capital (investimento). Todavia, há preponderância do investimento realizado pelos sócios nas regras e princípios destes tipos societários. Dessa forma, os sócios, geralmente, são eleitos conforme a sua capacidade financeira.
Alinham-se a esse perfil a Sociedade Anônima e a Comandita por Ações, que, normalmente, são voltadas para grandes investimentos (Lei 6.404/76).
1) Princípios de Gestão:
I. Princípio da Isonomia (Personalista): a posição dos sócios é isonômica, logo os direitos que se concebem numa sociedade são igualmente distribuídos em favor de todos (ex: Direito de voto, de fiscalização, de participar da administração...). Assim, será relevante o papel que cada um desempenha na sociedade.
II. Princípio da Paridade (Capitalista): os sócios não estão em posição de igualdade, pois há a divisão do tratamento dos sócios. Os sócios ocupam posição de controle ou posição de propriedade, e há uma tendência em separá-los. Estes são investidores, ou seja, apenas injetam capital na sociedade para colherem frutos do investimento, enquanto aqueles se preocupam com a estrutura política da sociedade (o que deverá ser feito para o melhoramento de desempenho, faturamento; aprimoramento dos bens e dos recursos), ou seja, todo gerenciamento da sociedade (todas as decisões da sociedade, todos os atos mais complexos) ficam a cargo desses indivíduos que assumem o poder de controle e que definem como aplicar os recursos.
Na S.A., apenas os sócios que têm poder de controle possuem o direito ao voto.
Os proprietários, geralmente, possuem vantagem financeira na sociedade, porém a legislação subtrai dele o direito ao voto.
A diferenciaçãoentre os sócios dá-se conforme o investimento realizado por eles. Assim, quem assume o controle são os sócios que compram ações que dão direito ao voto, as quais, geralmente, são as mais caras.
(Na SA, há a ações ordinárias e a preferenciais. Estas são mais vantajosas, pois são mais caras e dão maior retorno financeiro, porém não concedem direito ao voto e são emitidas, no máximo, em 50% das ações disponíveis, enquanto aquelas concedem o direito ao voto).
Dessa forma, mais da metade que tem o poder de controle (que, em relação ao total, pode ser uma minoria) podem tomar uma determinada deliberação sobre a sociedade (ex: mudança de objeto, requerimento de autofalência; mudança de sede; venda de unidade), ao contrário da categoria personalista, que necessita da maioria absoluta do total dos sócios para essa tomada de decisões.
 
2) Ato Constitutivo: é o instrumento de regência; a vontade dos sócios é lançada nesse documento, que é levado a registro para formar a PJ.
I. Contrato Social (Personalista): (art 997 do CC) Documento em que se registram cláusulas sobre toda a gestão da sociedade (quem são os sócios; as regras que orientam os sócios: como são admitidos ou afastados, como se nomeia ou afasta um administrador, as consequências do falecimento e do divórcio do sócio; os investimentos realizados e a participação de cada um dos sócios; a sede contratual); enumera-se todas as vicissitudes da existência da sociedade. Suas principais características são:
 
a) Liberdade de contratar : pode-se agregar institutos que não são previstos no art 997 do CC. Desse modo, é possível customizar a sociedade de acordo com os interesses dos sócios (ex: definição de questões relacionadas a gestão da sociedade),realizando acordos que não são vedados por lei.
b) Consenso: é necessário que os sócios concordem com o pacto estabelecido – há a discussão sobre as cláusulas, uma vez que o atributo pessoal é priorizado. Ainda que não aceitem todas as cláusulas, pois, a partir do instante em que lançam a sua assinatura, subordinam-se a todas as regras. Assim, há a exigência da assinatura dos sócios no momento da fundação da sociedade.
II. Estatuto Social (Capitalista): Também é um instrumento que define a orientação da sociedade. No entanto, suas principais características são:
a) Dirigismo Estatal: opção legal que define, para o tipo societário, determinadas faculdades fechadas. Não há liberdade de contratar, assim só é possível inserir, no estatuto, o que a lei prevê, uma vez que lida com capital de terceiros.
b) Ato unilateral x Consenso: o estatuto poderá derivar:
• do consenso entre os indivíduos que fundaram a sociedade (que tenham colaborado para estruturar o estatuto)
• de um ato unilateral: uma única pessoa poderá criar o estatuto e subordinar os demais a sua vontade. Dessa maneira, aqueles que fundam uma sociedade capitalista podem até não concordar com o que está previsto no estatuto, mas, se não for autorizado pelo fundador, não há a possibilidade de alterá-lo – não há discussão sobre as cláusulas: há o ingresso ou não do sócio.
 Portanto, o consenso na sociedade capitalista não é uma exigência, ao contrário da sociedade personalista. Com isso, o estatuto não depende da assinatura de todos os acionistas, mas sim da assinatura do seu fundador (es) - na ata de fundação.
3) Unidade de Capital: 
 Pela definição do contrato de sociedade (Art. 981 do CC), para que o indivíduo seja sócio, é necessário que ele contribua e sujeite-se aos resultados (benéficos ou não) que a sociedade proporciona. Assim, o indivíduo deve estabelecer com a PJ uma relação de contribuição – de investimentos, que são deveres ou condutas que são exigidas para o sócio. Logo, os sócios entregam parte de seu patrimônio para a formação do patrimônio da PJ, a qual possui autonomia patrimonial – titulariza bens, ou seja, os recursos deixarão de ser do sócio e passarão a ser da PJ.
É necessário contabilizar as contribuições dos sócios, ou seja, a definição apurada da participação dos sócios na composição do patrimônio.
Capital Social: é um dado contábil que documenta (quantifica) a contribuição de cada sócio – montante de contribuição dos sócios, afim de que a sociedade cumpra seu objeto social. Representa o aporte do investimento – é uma cláusula no ato constitutivo que define o montante necessário para constituir a PJ. É dividido em unidades (de capital), que geralmente é dividido em frações menores, para que o sócio possa adquiri-las conforme o seu poder de compra. Poderá ser chamada de quota ou de ação, dependendo da natureza da sociedade e o montante necessário para inaugurar a PJ.
À medida que o sócio investe na PJ, ele recebe um nº de unidades correspondente ao seu investimento, assim as quotas e ações são agregadas ao patrimônio do sócio – titulariza quotas e ações.
• Quota (Personalíssima): é um direito (natureza jurídica). É alienável, assim é utilizada a cessão (gratuita ou onerosa) como instrumento de transmissão do direito, uma vez que não é corpóreo.
 Além disso, a quota é documentada no contrato social (por uma cláusula que indica a distribuição do capital social entre os sócios), ainda que pertença ao patrimônio dos sócios, logo a alienação da quota depende da anuência dos sócios, uma vez que implica numa mudança do contrato (o sócio está vinculado aos demais mediante o contrato social), abalando os direitos dos demais – de ter determinado sócio, que pode ter um papel relevante, na sociedade.
 Essa autorização também é necessária devido ao fato dessa categoria de sociedade prezar pela qualidade pessoal - estrutura isonômica que busca preservar o aspecto pessoal dos sócios, com isso as quotas que serão alienadas devem ser previamente oferecidas aos demais sócios (direito de preferência).
 Obs.: Se os demais não concordarem com a cessão (mecanismo negociável que preserva a PJ), o sócio não poderá se desligar por essa modalidade, mas poderá exercer o direito de retirada, que é unilateral e mais gravoso para sociedade, pois retira da PJ todos os investimentos que o sócio realizou, causando um desfalque da PJ.
• Ação (Capitalista): é um bem móvel; o titular detém poder de fruição. Logo, tende a ser perceptível/materializada, pode ser entregue (tradicionado) e alienado (onerosa – contrato de compra e venda- ou gratuita – doação). A ação é corporificada e destacável, totalmente, do estatuto social.
 Caso alguém quiser deixar de ser sócio, deverá transferir a propriedade da ação para o patrimônio de outra pessoa, mediante o pagamento deste à aquele do preço correspondente a ação– venda de ações, além de não depender da anuência de nenhum dos outros para a alienação.
 As sociedades capitalistas admitem que os seus sócios deixem de ser membros mediante a alienação das suas ações. As ações podem ser vendidas sem a autorização do consorte ou entre membros casados.
• Quanto ao falecimento do sócio:
1) Quotista (Personalíssima): O objetivo da PJ personalista é não ter afetado o corpo societário, em virtude dos atributos de cada um deles. Logo, a morte do sócio poderá abalar a estrutura da sociedade. Assim, há uma resistência de ingresso dos sucessores na sociedade.
 Dessa maneira, os sucessores não serão cotistas automaticamente, para não abalar a composição do corpo societário, porém as suas quotas poderão ser liquidadas (convertidas em dinheiro) – espécie de distrato: o investimento é devolvido aos sucessores e as quotas (atribuídas ao falecido na capital social) serão canceladas (devolvidas). Com isso, a fração patrimonial decorrente da contribuição dos sócios será utilizada para o pagamento da indenização (em relação as cotas) aos sucessores. Esse pagamento é feito pela PJ e não os sócios.
 No entanto, ao realizar esse pagamento, a PJ sofre um desfalque, pois o seu capital social reduz-se. Trata-se da aplicação do Art. 1028 do CC, o qual prevê que, no caso de morte de sócio,liquidar-se-á a quota, salvo se o contrato dispuser diferente (ex: se prevê que não serão indenizados os sucessores) ou se os sócios remanescentes optarem pela dissolução da sociedade.
2) Acionista (Capitalista): O objetivo da PJ capitalista é não ter afetado o seu investimento. O indivíduo torna-se acionista porque entregou capital e, em troca, recebeu ações. Logo, a morte do sócio não abala a sociedade, pois o investimento que ela recebeu no acionista é mantido com a sucessão.
Assim, ao falecer, os sucessores serão os destinatários do patrimônio do acionista. Pelo princípio da Saisine (Art. 1784 do CC), quando o indivíduo falece, os bens, direitos e deveres são automaticamente transmitidos aos seus sucessores. Dentre os bens que serão transmitidos de modo automático, em razão da sucessão, estão as ações, logo os sucessores tornam-se, automaticamente, acionistas (independentemente da vontade dos sócios) - Art.31, §3º da lei 6404/76.
 Caso os sucessores não desejarem ser acionistas, poderão vender as suas ações após a partilha.
• Quanto a Responsabilidade dos sócios:
 
 A responsabilidade é referência para distinguir os diversos modelos de sociedades existentes, uma vez que a PJ é detentora de um único modelo de responsabilidade, porém esta pode variar perante aos sócios (podem ser responsabilidade limitada ou ilimitada).
 A PJ, ao estabelecer relações jurídicas com outros personagens (fornecedores; consumidores; empregados; subordinação as obrigações tributárias...) utiliza do seu patrimônio para satisfação do seu crédito. Assim, nota-se que ela é dotada de um determinado alcance de responsabilidade. 
 Todavia, é possível que haja hipossuficiência patrimonial da PJ: ainda que ela tenha realizado negócios, quando a PJ não for capaz de satisfazer as suas obrigações, (sob o ponto de vista societário) os seus sócios poderão ser chamados para responder por essas obrigações.
Responsabilidade: instituto processual, que revela a submissão de um devedor perante ao seu credor, mediante o Estado.
 O vínculo existente entre a PJ e seu credor é uma obrigação perfeita, cujos elementos são o débito (dar, fazer ou não fazer) e a responsabilidade (submissão acompanhada pelo Estado). Logo, se o credor da PJ não obtiver, voluntariamente, do seu devedor a prestação devida, aquele terá instrumentos processuais para executar o patrimônio deste (a PJ). 
 O Art. 789 do CPC prevê a responsabilidade patrimonial (todo e qualquer devedor se submete a responsabilidade ilimitada). Isso significa que, enquanto a PJ tiver, sob a sua titularidade, bens agregados ao seu patrimônio, todos eles devem ser utilizados para satisfação dos credores, logo a responsabilidade da PJ ( sujeição ao Estado) será ilimitada. Com isso, submete-se a PJ (como devedora) aos interesses dos seus credores, dando em garantia todo o seu acervo patrimonial. 
 No entanto, a legislação afirma que há, entre o sócio e o credor da PJ, uma obrigação imperfeita, que é caracterizada por não haver a responsabilidade (ainda que haja o débito – obrigação prescrita e dívidas de jogo – não há exigibilidade) ou o débito (ainda que haja responsabilidade – obrigação do fiador). Isso traduz a possibilidade de que o credor da PJ possa satisfazer o seu crédito perante ao sócio, ainda que aquele não tenha contratado com este. Logo, o sócio está vinculado a uma obrigação imperfeita, sendo chamado para honrar um débito que não lhe pertence, mas sim dá PJ. 
 Vale salientar que a responsabilidade é derivada da lei, sendo examinada quanto a sua ordem, extensão e solidariedade.
1) Ordem (Momento em que o sócio é chamado para responder pelas dívidas): o patrimônio dos sócios só será alcançado após o esgotamento do patrimônio da PJ (Art. 1024 do CC). Dessa forma, o credor que não obteve o pagamento da obrigação de modo voluntário, terá como, judicialmente, propor uma medida contra a PJ, ou seja, num primeiro momento, ele deverá satisfazer o seu crédito frente a essa entidade. Isso se deve porque a PJ tem responsabilidade direta/imediata – deve ser alcançada em primeiro lugar.
 Entretanto, se o patrimônio da PJ for inferior ao seu débito, e o credor propor uma medida judicial contra esta, ela permanecerá inadimplente. Com isso, caso ela não tenha força patrimonial para honrar suas dívidas, em razão do esgotamento do se seu patrimônio, a pretensão do credor poderá voltar-se para os seus sócios. Trata-se da responsabilidade subsidiária (benefício de ordem: os sócios são alcançados em segundo lugar), que poderá ocorrer nos seguintes ambientes processuais: execução extra/judicial (ex: civil, trabalhista, tributária...), falência ou recuperação judicial, não abrangendo a tutela cautelar e o processo de conhecimento.
2) Extensão: revela-se pelo comprometimento patrimonial. O sócio será enquadrado, em razão do modelo de sociedade ao qual ele está vinculado, como de responsabilidade ilimitada ou de responsabilidade limitada. 
Sociedade em comum (Art. 990 do CC): responsabilidade ilimitada e solidária;
Sociedade em nome coletivo (Art. 1039 do CC): responsabilidade ilimitada e solidária;
Sociedade em Comandita simples (Art. 1045 do CC): Os comanditados possuem responsabilidade; ilimitada e solidária, e os comanditários, responsabilidade limitada e obrigação pro rata (pelo valor da cota – ausência de solidariedade);
Sociedade Anônima (Art. 1088 do CC): responsabilidade limitada e ausência de solidariedade.;
Sociedade Limitada (Art. 1052 do CC): responsabilidade limitada e solidária.
Responsabilidade Ilimitada: 
• A totalidade do patrimônio, salvo o bem de família, de qualquer dos sócios pode ser alcançado para satisfazer o débito da PJ para com credor. (Art. 789 do CPC)
• O credor poderá escolher qualquer um dos sócios para satisfação do crédito (solidariedade passiva).
• O sócio que pagou a dívida inteira exerce o Direito de Regresso contra os demais, uma vez que, de acordo com o art. 981 do CC, os sócios são aqueles que se subordinam aos mesmos resultados, porém apenas um dos sócios experimentou o resultado negativo, pois somente do seu patrimônio houve a subtração. Com isso, essa situação viabiliza o exercício do direito regressivo, mediante a ação de regresso, permitindo que o sócio volte-se contra os outros, a fim de exigir deles o reembolso da quantia que pagou em excedente, conforme a contribuição, que é estabelecida no contrato social, de cada um na sociedade. Se não houve, no contrato social, a previsão da contribuição de cada sócio, a proporção a contribuição será idêntica para todos, conforme o princípio da isonomia.
 
Responsabilidade Limitada:
• Em regra, a limitação não vem acompanhada pela solidariedade, logo não há a possibilidade do sócio exercer o direito de regresso contra os demais.
• É possível haver tanto uma indisponibilidade parcial (há uma fração patrimonial, a qual não poderá ser alcançado pelo credor) como uma indisponibilidade total ao patrimônio do sócio.
 Assim, a extensão de disponibilidade poderá ser distinta entre os sócios e dá-se em razão da contribuição patrimonial deles, que é um dever que o sócio precisa honrar ao se agregar a PJ e que são contabilizadas/ documentadas numa cláusula contratual: o capital social (dimensiona o quantum em espécie que é necessário para a operação de uma entidade - que é subdividido em frações), o que permite dimensionar a participação (igual ou desigual) de cada um.
• A contribuição poderá ser: 
À vista: A contribuição é totalmente integralizada, pois pagou à vista o seu investimento, cumprindo o seu compromisso com a PJ. Dessa maneira, o patrimônio do sócio é totalmente protegido do alcance dos credores da PJ, uma vez que o membro da sociedade não possui qualquer responsabilidade perante a PJ e aos credores desta, em razão de nada mais dever a essa entidade.
Parcelada: Há frações já integralizadas, e outras, que faltam para integralizar a contribuição. Essas frações faltantes definem a extensãode responsabilidade, ou seja, são usadas como referência a fração disponível no patrimônio do sócio para satisfação dos credores.
• Em razão de não haver solidariedade, o credor deverá propor ações distintas perante os sócios. Se o crédito for maior que a parte disponível no patrimônio dos sócios, caberá a execução contra credor insolvente ou a falência.
 Responsabilidade Limitada e Solidária (Art. 1052 do CC):
• Os sócios são solidários pelo que falta a integralizar para o capital social. Assim, a fração faltante vincula a todos os sócios. Assim, ainda que haja algum sócio que integralizou sua contribuição, este deverá também responder solidariamente pelas dívidas da PJ, porém poderá exercer, posteriormente, o direito de regresso.
• Promessa de contribuição X Contribuição efetiva
• Composição interna corpus (a responsabilidade de cada sócio é restrita ao valor de suas quotas – define o parâmetro do direito regressivo) X externa corpus (todos, até os que efetivarão integralmente a sua quota, respondem solidariamente pela fração do capital social que falta a integralizar).
• O direito de regresso será exercido contra quem ainda deve satisfazer a pretensão perante a PJ, ou seja, integralizar a sua respectiva contribuição.
Sociedades Despersonificadas
 O fato de indivíduos estarem vinculados ao exercício da atividade econômica já significa que o Direito reconhece essa estrutura, a sociedade despersonificada. Assim, ele permite a produção de efeitos pelo exercício da atividade econômica antes do registro, mas somente admite que essas estruturas estejam inseridas em dois modelos de sociedade: Sociedade Comum ou Sociedade em Conta de Participação.
• Sociedade Comum (Art. 986): 
 A contratação da sociedade antecede o seu registro. Desde quando as partes ajustaram entre si que irão constituir uma pessoa jurídica para explorar uma atividade negocial, já há um contrato de sociedade: a sociedade em comum. Os atos desenvolvidos ao longo do processo de constituição da pessoa jurídica e do estabelecimento em que atuará são atos de execução desse contrato. Quando, enfim, redigem e assinam o contrato social, levando-o ao registro, extingue-se a sociedade em comum e, simultaneamente, cria-se a sociedade, ou seja, a pessoa jurídica. Mas há contrato de sociedade em comum desde quando as partes se ajustaram.
 Os bens que os membros da sociedade em comum forem adquirindo e as dívidas que façam constituem um patrimônio jurídico especial. Não é patrimônio da sociedade, pois essa não tem personalidade jurídica; não pode, portanto, ser sujeito ativo ou passivo de relações jurídicas. Há uma situação análoga ao do condomínio: os membros da sociedade em comum são titulares em conjunto dos bens (e, havendo, créditos) e das dívidas (artigo 988 do Código Civil). A afirmação legal de um patrimônio especial traduz a existência de relações jurídicas destacadas, coletivas: todos os sócios são igualmente devedores das obrigações constituídas no âmbito da sociedade em comum. Obrigações solidárias e ilimitadas, aliás. Solidárias, pois o credor, provando a sociedade por qualquer meio, pode exigir que qualquer sócio (um, alguns ou todos) pague a dívida, sem que o escolhido possa pretender que aquele que contratou pela sociedade seja executado em primeiro lugar. Ilimitadas, pois o patrimônio pessoal de cada um dos sócios responde pelas dívidas sociais. Por outro lado, todos os sócios são donos dos bens da sociedade em comum, em condomínio; são, também, titulares comuns de seus créditos.
É sociedade presumida: Presume-se ser uma sociedade típica não elegível. Assim, se não houver demonstração que a estrutura está inserida em outro sistema de sociedade, prevalece as normas da Sociedade em Comum. É mais prevalente na categoria das sociedades despersonificadas. 
Ex: Dois indivíduos que exploram a atividade econômica verbalmente (sem levar o ato constitutivo à registro).
É sociedade irregular: sua membresia não goza de muitas prerrogativas, como, por exemplo: o sistema legal atribui-lhes responsabilidade ilimitada.
• Sociedade em Conta de Participação (Art. 991):
 Também a sociedade em conta de participação é um contrato de sociedade, por meio do qual duas ou mais partes obrigam-se a contribuir, em bens e/ou serviços, além de atuar conjuntamente para a realização de certo objeto, definindo a forma de distribuição dos resultados sociais. Essa sociedade tem por finalidade estabelecer negócios com terceiros, mas sem apresentar-se como sociedade. Um dos sócios assume uma posição ostensiva e, assim, negocia com terceiros, em seu nome individual e sob sua própria e exclusiva responsabilidade. Os terceiros, portanto, mantêm relações apenas com o sócio ostensivo. No entanto, os demais sócios, chamados sócios ocultos, participam da realização da prestação contratada e partilham os respectivos resultados. Dessa maneira, a sociedade em conta de participação é assunto exclusivo de seus sócios, sendo estranha para os terceiros que estabelecem relações exclusivamente com o sócio ostensivo.
É sociedade elegível: Os seus membros escolhem o modelo de sociedade, logo não deriva de uma presunção. 
É sociedade regular (art. 993): o registro é elemento dispensável, pois “A eventual inscrição de seu instrumento em qualquer registro não confere personalidade jurídica à sociedade”, funcionando dentro dos parâmetros legais. 
Sociedades Personificadas
 As Sociedade Personificadas dependem da sujeição do ato constitutivo à registro para a produção dos efeitos.
Ex: Se dois indivíduos decidirem explorar a atividade econômica e elaborarem um ato constitutivo (contrato social com cláusulas de direitos, deveres e prerrogativas, o qual elegeu um determinado tipo societário). O simples fato de haver um ato constitutivo com a identificação de um modelo societário, não garante a esses sujeitos a sujeição aos efeitos desse tipo societário eleito, uma vez que depende do registro para produzir efeitos. 
 Assim, se houver a exploração da atividade econômica antes do advento do registro, estão inseridos no contexto da Sociedade em Comum, por mais que o documento preveja tratar-se de um algum tipo societário personificado. No entanto, se submeter o ato constitutivo ao registro, cria-se a PJ, e a sociedade atribui a sua membresia a pretensão de torna-los membros de um tipo societário personificado, ou seja, as regras de obrigação entre os sócios passam a ser regidas pelo que está previsto no Capítulo no modelo societário escolhido.
 Vale ressaltar que, nas sociedades personificadas, a responsabilidade do sócios será sempre subsidiária.
• Sociedade em Nome Coletivo: (Art. 1039 à 1044 do CC)
A) Caracterização:
1. Os sócios estão em estrutura linear, ou seja, ocupam as mesmas funções dentro da sociedade (gerir, investir...), assim os papeis necessários à sociedade são exercidos quase que simultaneamente por todos eles. Trata-se de socieedade intuitu personae, cuja presença
na coletividade social é fruto de mútuo reconhecimento e aceitação. 
Na sociedade em nome coletivo, particular atenção deve ser dada à regra do artigo 1.002 do Código Civil (“O sócio não pode ser substituído no exercício das suas funções, sem o consentimento dos demais sócios, expresso em modificação do contrato social.”), mas sempre se tendo em conta os usos estabelecidos na vivência social, quando se tratar de sociedade empresária. A regra é a atuação pessoal do sócio e, não se tendo estabelecido na cultura organizacional da sociedade o uso de se aceitar a substituição no exercício das funções, essa não será admissível.
2. Os seus membros devem ser Pessoas Físicas.
 3. Todos os sócios possuem responsabilidade ilimitada e solidária. Aquele sobre cujo patrimônio incidir a obrigação social, por seu turno, terá direito de regresso contra a sociedade, pela totalidade da dívida, ou contra os demais, até que se reparta entre todos, na proporção estatuída para a participação nas perdas sociais, o valorda obrigação saldada. Essa distribuição final da responsabilidade entre os sócios, ademais, poderá ser disciplinada no contrato social; mas tal estipulação somente terá validade entre os sócios, esclarece o artigo 1.039 em seu parágrafo único, preservada a solidariedade perante terceiros (não os vinculam).
 4. A fonte supletiva quando o capítulo II contiver omissões serão as normas da Sociedade Simples (art.1040 do CC). As omissões poderão ser acerca das seguintes questões: falecimento do sócio; cessão de cotas; nomeação, destituição e poderes dos administradores. 
 B) Peculiaridades:
 1. Dívidas particulares do sócio: caso ele se torne inadimplente, em regra, o credor poderá penhorar as suas quotas (fazem parte de seu patrimônio), a fim de obter a sua liquidação (art. 861, III do CPC), visto que a penhora de adjudicação e de frutos são desinteressantes. Justamente por isso, os artigos 1.026 e 1.030, parágrafo único, do Código Civil, disciplinaram a possibilidade de a execução de dívida contra o sócio recair sobre a sua participação em sociedade simples ou empresária.
 Todavia, as quotas da Sociedade em Nome Coletivo não poderão ser liquidadas, salvo exceções (Art. 1043 do CC), protegendo o patrimônio do sócio de possível acesso de seus credores particulares. No entanto, é possível que as quotas sejam penhoráveis.
 OBS.: A penhora é um ato judicial, emitido por um juiz e promovido por um oficial de justiça sempre durante o processo de execução. Na penhora, apreendem-se ou se tomam os bens do devedor, para que nele se cumpra o pagamento da dívida ou a obrigação executada. Na penhora se apreende ou se tomam os bens do devedor, para que nele se cumpra o pagamento da dívida ou a obrigação executada.
 No processo de execução judicial, o devedor pode ter bens móveis ou imóveis penhorados pelo juiz no valor suficiente para quitar a dívida. Caso não ocorra o pagamento até o final do processo de execução, o bem em penhora (desde que não seja bem de família, como a residência e único imóvel do devedor) é levado a leilão judicial para obter fundos para a quitação. 
 O art. 835, IX do novo CPC dispõe que as ações e as quotas das sociedades simples e empresarias podem ser objeto de penhora.
 
• Sociedade em Comandita Simples: (Art. 1045 à 1051 do CC)
Comanditar é fornecer fundos para uma atividade negociai, simples ou empresária, que será gerida por terceiros, que gerem, não comanditam. São os sócios comanditários que comanditam (entregar valores à custódia de outrem, formando os fundos para a sua existência e funcionamento da sociedade), enquanto os comanditados são aqueles que recebem os valores em custódia, cabendo guardá-los e protegê-los, ou seja, cabem-lhes se ocupar do negócio e concretizá-lo por meio de atos cotidianos.
A) Caracterização:
1. Os sócios são distribuídos em categorias, assim abrange sócios com comportamentos diferentes – sociedade heterogênea.
 I. Comanditados: são os responsáveis pela administração da sociedade e da atividade negocial, razão pela qual somente podem ser pessoas físicas, o que está expresso no artigo 1.045 do Código Civil. Os fundos sociais, isto é, todos os valores disponibilizados para a realização dos fins societários, seu capital escriturado, seu patrimônio, estão confiados ao sócio ou sócios comanditados, que administram e representam a sociedade, conforme o que se encontra estipulado em seu ato constitutivo. Além disso, os sócios possuem responsabilidade ilimitada e solidária, logo respondem subsidiariamente pelas obrigações sociais, nos moldes dos artigos 1.023 e 1.024 do Código Civil. Não são, porém, obrigações do comanditado ou comanditados; são obrigações da sociedade que, não sendo satisfeitas, permitem ao credor pedir a execução (e a constrição) dos bens particulares do sócio ou sócios comanditados para realizar o seu crédito – (um único processo de execução poderá ser proposto contra todos os sócios). 
Obs¹.: Os sócios são sujeitos ativos do benefício de ordem, ou seja, seus bens particulares somente podem ser executados por obrigações sociais depois de executados os bens sociais ou quando não encontrados bens suficientes para fazer frente ao crédito, aplicado, aqui também, o artigo 1.024 do Código Civil.
 Obs².: Aquele ou aqueles que tenham sofrido os efeitos da execução sobre o seu patrimônio pessoal poderão exercer direito de regresso contra a sociedade, pela totalidade da dívida, ou sobre os demais, na proporção que lhes couber, conforme participação societária ou conforme ajuste de limitação de responsabilidade que, como já visto, tem validade restrita aos próprios sócios, incidindo, também aqui, o artigo 1.039 do Código Civil.
 II. Comanditários: não é restringida a qualidade do agente. São meros sócios investidores
que, assim, estão obrigados apenas ao pagamento (realização ou integralização) das suas respectivas quotas no patrimônio social; podem ser pessoas físicas ou pessoas jurídicas, indistintamente. Além disso, os sócios possuem responsabilidade limitada e não solidária, ou seja, uma vez integralizadas suas quotas no capital social, não têm qualquer responsabilidade subsidiária pelas obrigações sociais.
 Para que os comanditários sejam alcançados, deverão ser propostas medidas (execuções) individualizadas, ou seja, para cada sócio, deve ser proposta uma ação de execução específica, assim não é possível um único processo em face de vários sócios.
 Estão legalmente excluídos da administração da sociedade; não podem praticar qualquer ato de gestão, nem ter o nome na firma social, sob pena de ficarem sujeitos às responsabilidades de sócio comanditado, como prevê o artigo 1.047 do Código Civil.
 4. A fonte supletiva quando o capítulo III contiver omissões serão as normas da Sociedade em Nome Coletivo - fonte imediata (art.1046 do CC), desde que haja compatibilidade. Caso contrário, a fonte será a Sociedade Simples – fonte mediata. 
 Obs.: O que diferencia as sociedades são os arranjos obrigacionais, e não o seu o objeto ou o seu faturamento. 
 B) Peculiaridades: 
 1. Morte de Sócio: A sociedade em comandita simples revela, também quanto ao intuito de sua constituição, uma natureza híbrida. A rigor, trata-se de uma sociedade intuitu personae, embora se deva reconhecer que a liberdade contratual permite aos sócios, no contrato social, mitigar os efeitos de tal natureza jurídica, designadamente em relação aos sócios investidores, ou melhor, aos sócios titulares dos fundos viabilizadores da atividade negocial. Em alguma medida, o próprio legislador o fez quando, no artigo 1.050 do Código Civil, estabeleceu o direito de sucessão hereditária na titularidade da quota ou quotas de sócio comanditário, salvo estipulação diversa no contrato social.
 A transferência de quotas, inter vivos ou causa mortis, está, consequentemente, submetida aos artigos 1.002, 1.003,1.027 e 1.028 do Código Civil, devendo merecer a anuência unânime dos demais sócios, salvo previsão contratual expressa de quorum específico menor ou, ainda, prévia concessão da licença para transferência da quota social. 
 Assim sendo, mediante a morte do sócio, aplica-se a regra do art. 1028: liquida-se a cota e os sucessores indenizados, salvo se o contrato dispuser diferentemente, se o sócios remanescentes dispuserem pela dissolução da sociedade ou se substituir o sócio falecido.
 Neste contexto, interpreta-se o artigo 1.050 como uma exceção legal a tal regra geral, justificada pela própria condição societária do comanditário, que não influi na gestão dos negócios societários, conforme prevê o artigo 1.047, caput, do Código Civil. Nesse contexto, mediante a morte do comanditário, as quotas são transmitidas imediatamente aos sucessores, independentemente de suas vontades, mantendo o investimento na sociedade.
2. Falta da categoria de sócios: Além das causas do art. 1044 do CC, a sociedade dissolve-se pela falta de categoria de sócios. Se a sociedade em comanditasimples passa a ter apertas sócios comanditários ou apenas sócios comanditados, perde o elemento que a distingue é, destarte, perde sua razão de sei; justificando a sua extinção.
 Aqui também, contudo, faz-se sentir o princípio da preservação das atividades negociais, razão pela qual o legislador, no artigo 1.051, II, do Código Civil, assinalou um período decadencial de 180 dias para que seja recomposta a pluralidade de categorias societárias. Não havendo sócio comanditário, os sócios comanditados seguirão na administração e gestão da atividade negociai durante esse período, até que seja encontrado novo sócio comanditário para refazer a pluralidade de categorias. Em oposição, não havendo sócio comanditado, não poderão os comanditários praticar atos de administração e gestão, sob pena de, desrespeitando o artigo 1.047 do Código Civil, tomarem-se responsáveis como se comanditados fossem. Justamente por isso, o parágrafo único do precitado artigo 1.051 lhes faculta a nomeação de administrador provisório para a prática dos atos de administração, durante o período necessário (180 dias, no máximo) para a constituição de sócio ou sócios comanditados. 
 Em ambos os casos, faltando comanditários ou comanditados, é lícito aos sócios da categoria restante deliberar a transformação do tipo societário. Caso contrário, haverá a dissolução da sociedade.
 A falta da categoria poderá ser em decorrência dos seguintes acontecimentos referentes aos sócios: morte, pena privativa de liberdade, declaração de incapacidade, ausência...
• Sociedade Limitada: (art.1.052 ao art. 1.087 do CC)
 O Estado percebeu que seria necessário constituir mecanismos jurídicos de estímulo ao investimento, garantindo uma proteção legal que limitaria os riscos corridos por aqueles que resolvessem agir economicamente. Essa proteção legal concretizou-se sob a forma de um limite de responsabilidade pelas obrigações geradas pelo empreendimento no qual se investira; os riscos limitariam-se ao capital que fora investido, protegendo-se o patrimônio particular do sócio da investida dos credores do empreendimento. Para evitar confusões, esse mecanismo foi disposto no plano do direito societário, ou seja, a limitação de responsabilidade não se daria entre investidor e empreendimento, mas se aproveitaria da distinção de personalidade e patrimônio existente entre sócio e sociedade para ali fixar a proteção ao patrimônio privado do sócio. Afastou-se, via de consequência, a responsabilidade subsidiária do sócio pelas obrigações sodais, limitando a satisfação dessas ao patrimônio ativo da própria sociedade.
No Direito Brasileiro, esse movimento consolida-se com o Código Comercial Brasileiro, que protege uma classe de sócios, os comanditários (que são meros investidores), na sociedade em comandita simples e, também, os acionistas na companhia ou sociedade anônima. A sociedade limitada foi instituída em 1919, com a edição do Decreto 3.708.
 Na sociedade limitada, a responsabilidade de cada sócio pelas obrigações da sociedade é restrita ao valor não integralizado de suas quotas (artigo 1.052 do Código Civil), embora todos sejam solidariamente responsáveis pela integralização total do capital social; assim, se um sócio já integralizou suas quotas, mas há sócios que ainda não o fizeram, todos poderão ser solidariamente demandados por esse valor em aberto. Realizado todo o capital, finda-se a possibilidade de se voltar contra os sócios - e seu patrimônio - para a satisfação de créditos contra a sociedade limitada (simples ou empresária), salvo a desconsideração da personalidade jurídica. Esse mecanismo é um incentivo jurídico ao investimento em atividade negociai: os que aceitam participar da sociedade sabem que, agindo licitamente, seu patrimônio pessoal estará protegido; assim, se o negócio não der certo, perderão apenas o que investiram (o valor de suas quotas), não mais. Uma vez que todo o capital subscrito tenha sido integralizado, realizado, não se fazem necessários novos desembolsos, não havendo responsabilidade subsidiária pelas obrigações sociais.
 1. Fontes supletivas das Sociedades Limitadas: 
 
 Deve-se analisar a natureza jurídica da atividade negocial desempenhada pela sociedade para a determinação da fonte supletiva que será adotada pela Sociedade Limitada. Por força da previsão anotada no artigo 983, caput, do Código Civil, a sociedade poderá ser simples ou empresária.
 
 Em se tratando de sociedade simples, ainda que limitada, o registro do contrato social se fará no Registro Civil das Pessoas Jurídicas e a sociedade será, de per se, considerada como tendo sido constituída intuitu personae, embora sejam lícitas cláusulas que atenuem os efeitos
dessa natureza (conferir supra), e obrigatoriamente estará submetida supletivamente às normas dos artigos 997 a 1.038 do Código Civil, conforme disposto no art. 1053 do CC; não é lícito aos sócios da sociedade simples limitada estabelecer aplicação supletiva da Lei de Sociedade Anônima (Lei 6.404/76), o que implicaria completo desvirtuamento da natureza jurídica da sociedade simples, além de negativa da vigência do antigo 982, parágrafo único, do Código Civil.
 Já a sociedade empresária, quando adotar a estrutura de sociedade limitada,
poderá optar, em seu contrato social, expressa ou tacitamente, por ser sociedade constituída em função das pessoas (intuitu personae) ou em função do capital (intuitu pecuniae). Em se tratando de constituição intuitu personae, será obrigatória a aplicação supletiva das normas da sociedade simples, mesmo sendo sociedade empresária; obrigatória em razão de ser a sociedade anônima, notoriamente, uma sociedade marcadamente de capital, o que implicaria num paradoxo, determinando um quadro de incompatibilidade entre regime e natureza jurídica. A questão toma-se mais interessante quando se tenha uma sociedade limitada intuitu pecuniae, vez que aos sócios será lícito adotar, expressa ou tacitamente, o regime da sociedade simples ou, em contraste, expressamente o regime da sociedade por ações, conforme disposto no art. 1.053, parágrafo único do CC. Não há necessidade de a sociedade limitada intuitu pecuniae ter sua regulamentação supletiva na Lei 6.404/76, certo que os artigos 997 a 1.038 do Código Civil, interpretados com cautela, acomodam-na. 
 Os principais efeitos da aplicação supletiva das normas aplicáveis à sociedade anônima são maior complexidade na administração e gestão da sociedade, adequada aos investimentos
de maior monta.
 
OBS.: Frise-se que a opção pela regência supletiva da sociedade limitada pelas normas da sociedade anônima exige cláusula expressa, constante do contrato social. Em oposição, a regência supletiva pelas normas da sociedade simples poderá fazer-se expressa ou tacitamente.
 2. Cessão de Quotas:
 A quota é um direito pessoal com expressividade patrimonial econômica e, assim, comporta transferência a outrem, inter vivos ou causa mortis, desde que atendidos os requisitos legais e contratuais para tanto. Entre vivos, à transferência se faz por cessão, regulada pelo artigo 1.057 do Código Civil. Se o cessionário é um outro sócio, a transferência independe de audiência dos demais sócios. O termo audiência está expresso no referido artigo 1.057 e seu alcance é interessante; com efeito, não se limitou o legislador a prever desnecessidade de audiência dos demais sócios e, destarte, afastar a sua discordância, ou seja, a oposição à transferência. Estabeleceu que a cessão pode concretizar-se independentemente de audiência dos outros sócios, o que inclui a dispensa de anuência
Obs.: Em fato, justamente por se tratar de uma sociedade contratual, a alteração na participação societária se faz por meio de alteração do contrato social, que se tomam por meio de deliberação dos sócios, em reunião ou assembleia, como se estudará. Se a cessão para outro sócio dependesse de audiência dos demais sócios, seria preciso convocá-los para examiná-la, ainda que não pudessem se opor à transferência. Justamentepor isso, dispensou-se a audiência: basta levar o instrumento de cessão de quotas, assinado pelos sócios, ao Registro Mercantil e pedir o seu arquivamento. Este instrumento terá, para efeitos de definir a participação no capital social, efeito de alteração contratual.
 A cessão a terceiro é distinta; não há, a priori, uma ampla faculdade de transferir as quotas para qualquer um e, nesse contexto, o mesmo artigo 1.057 prevê que o sócio pode ceder sua quota ou quotas a estranho, se não houver oposição de titulares de mais de um quarto do capital social. Já não é, portanto, cessão que se concretize independentemente de audiência dos outros. 
 O artigo 1.057 do Código Civil exige aprovação por 75% do capital social, ou seja, a previsão de que a existência de oposição de titulares de mais de um quarto do capital social (unidade acima de 25%) impede a cessão da quota. Portanto, no cenário desenhado por tal regra geral, a cessão de quota (no todo ou em parte) ou quotas para quem não seja sócio pressupõe a convocação de reunião ou assembleia de sócios para deliberar sobre a mesma, devendo lograr a aprovação de 75% do capital social.
 Com a aprovação, o negócio se completará, sendo válido e eficaz tanto para as partes - cedente e cessionário -, quanto para a sociedade e os demais sócios. A eficácia da cessão perante terceiros está vinculada à averbação do respectivo instrumento, subscrito pelos sócios anuentes; note-se não ser necessário subscrição por todos os sócios, mas apenas por aqueles que, tendo anuído, satisfizeram o quorum contratual ou, inexistindo, o legal (75% do capital social). Somente com a averbação, será atendida a necessidade de publicidade do ato, permitindo que seus efeitos alcancem terceiros.
 Cabe ressaltar que o artigo 1.057 prevê: na omissão do contrato. Vale dizer: o legislador permite que o ato constitutivo traga disposição em contrário; por exemplo, que exija a aprovação da cessão entre sócios, estabelecendo mesmo o quorum de aprovação: de maioria simples (50%, mais um) à totalidade do capital social. Pode, até mesmo, tornar a sociedade absolutamente intuitu pecuniae, ou seja, estabelecer que a cessão, inter vivos ou causa mortis, faça-se livremente, bastando levar o instrumento de cessão de quotas, assinado pelos sócios, ao Registro Mercantil e pedir o seu arquivamento. Este instrumento terá, para efeitos de definir a participação no capital social, efeito de alteração contratual.
 OBS.: por força do artigo 1.057, parágrafo único, do Código Civil, dever-se-á aplicar o seu artigo 1.003, parágrafo único: até dois anos depois de averbada a modificação do contrato, responde o cedente solidariamente com o cessionário, perante a sociedade e terceiros, pelas obrigações que tinha como sócio.
 2. Direito de Recesso:
 Caso haja resistência dos sócios em autorizarem a saída do sócio, ele poderá exercer o direito de recesso. 
 O Código Civil regulamenta em seu artigo 1.029 o direito de recesso, ou seja, direito dos sócios de se retirarem da sociedade. O estudo do tema deve considerar, uma vez mais, a tensão entre o direito do sócio a não se manter na sociedade e o direito da coletividade à preservação da atividade negocial e, portanto, da sociedade, lembrando que a sociedade pode ser prejudicada pela descapitalização decorrente da liquidação das quotas do sócio retirante.
O direito de recesso tem lastro constitucional, sendo garantido pela previsão anotada no artigo 5º, XX, da Constituição da República. Mas isso não quer dizer que seu exercício não determine consequências para o sócio retirante; tal imunidade não lhe é garantida pela Lei Maior. Dessa forma, tem-se claro que é amplo o direito de retirar-se da sociedade, mesmo imotivadamente, mas aquele que o exerce estará submetido às consequências estabelecidas em lei e/ou no contrato social ou ato complementar. Incidem os artigos Ia, IV 5a, II e XXX e 170 da CR/88. Nessa linha, o artigo 1.029 do Código Civil cria uma distinção entre sociedades contratadas por indeterminado e sociedades contratadas por prazo determinado.
 I.Tempo determinado: Tendo a pessoa se obrigado a permanecer na sociedade por determinado tempo, deve adimplir tal ajuste. Parece-me, contudo, que o direito constitucional de retirar (artigo 5º, XX) mantém-se, mas a pessoa deverá responder pelas consequências da inadimplência, já que o direito dos demais sócios também tem base constitucional: artigos l º, I, parte final c/c 5º, II e XXXV.
 Obviamente, pode haver retirada consentida pela totalidade dos demais sócios; esse consentimento caracteriza renúncia ao direito de exigir o adimplemento da obrigação de manter-se na sociedade, exonerando o retirante da obrigação de responder pelo ilícito contratual. Também excepciona o dever de se manter na sociedade contratada por tempo determinado a existência da justa causa para a retirada, prevê o artigo 1.029 do Código Civil, segunda parte. Esse direito de recesso fundamentado deverá ser exercido por meio de ação judicial, demonstrando e, se necessário, provando motivos relevantes que justifiquem a retirada, a exemplo do inadimplemento de cláusulas pelos demais sócios, abuso de direito pela maioria (ato ilícito, segundo o artigo 187 do Código Civil), rompimento da affectio societatis que não lhe possa ser imputado, inviabilidade de realização do objeto social, ausência de resultados econômicos que justifiquem a manutenção da sociedade etc.
 Feito o pedido judicial de recesso em sociedade contratada por tempo determinado, serão citados os demais sócios o pronunciamento judicial deverá ater-se ao aspecto patrimonial,
nunca ao subjetivo. Reconhecendo ajusta causa, deferirá o recesso e a liquidação das quotas. Não reconhecendo a justa causa, não poderá impor a permanência (artigo 5º, XX, da CR/88), se o autor do pedido não o quiser (pode querê-lo, mantendo-se na sociedade se vencido na ação judicial). A sentença de improvimento, portanto, implicará a impossibilidade de liquidação da quota ou quotas, até o fim do prazo ou termo contratado para a existência social. Dessa forma, o ex-sócio estará fora da sociedade (respeitada a garantia constitucional do artigo 5º, XX), mas terá que esperar o transcurso do prazo certo de existência da pessoa jurídica, conforme a contratação original à qual anuiu, para pedir a apuração de haveres e levantar a parte correspondente à sua participação no capital social. Será, portanto, titular de direito futuro não deferido que lhe dá direito de velar pela preservação de seus direitos e interesses, inclusive pela via judicial.
 De qualquer sorte, se o sócio insiste em apartar-se, invocando o artigo 5º, XX, da Constituição da República, apesar de não haver justa causa para o recesso, a prática de ilícito contratual (desrespeito à obrigação de manter-se na sociedade pelo prazo certo contratado) determinará o dever de responder pelos danos que venham a verificar-se, aplicado o artigo 187 cominado com o artigo 927 do Código Civil.
 II.Tempo Indeterminado: O exercício do direito de recesso não carece de motivação; é hipótese legal de denúncia imotivada do contrato, condicionada exclusivamente (artigo 1.030 do Código Civil) à notificação dos demais sócios - e não da sociedade - com antecedência mínima de 60 dias, isso se tratar de retirada imotivada. 
 Se a retirada funda-se em justa causa, não é necessário notificar nem esperar 60 dias, no mínimo; o sócio pode ajuizar, de imediato, a ação de dissolução de sociedade, mesmo com pedido de antecipação de tutela (quebra da affectio societatis, ocorrência de falta grave sem que haja a iniciativa de excluir o sócio que nela incorreu). Havendo notificação, nos 30 dias subsequentes ao seu recebimento, os demais sócios poderão deliberar pela dissolução da sociedade, contra-notificando o sócio retirante. Nessa hipótese, não haverá liquidação quotas do notificante, mas liquidação de toda a sociedade, extinguindo-se sua personalidade jurídica. Não é preciso unanimidade, contudo. Bastaque a dissolução total seja aprovada por sócios cujas quotas, somadas às do retirante, totalizem a maioria absoluta do capital social, atendendo assim à exigência do artigo 1.033, II, do Código Civil, sendo que o notificante somente poderá opor-se à mesma desistindo de retirar-se. Todavia, aplicado os princípios da função social e da preservação da atividade negocial, deve-se reconhecer o direito da minoria à manutenção da sociedade.
 Após a notificação, sócio retirante e sócios remanescentes devem acordar sobre a liquidação das quotas daquele; se não há acordo para procedimento extrajudicial, “o sócio que pretenda desvincular-se da sociedade tem interesse de agir, ainda que tenha havido concordância do outro sócio sobre a dissolução, uma vez que não se trata de mera alteração contratual, mas de levantamento dos valores patrimoniais devidos a quem pretende retirar-se, mostrando-se útil o ajuizamento da ação para esse fim”
OBS.: As deliberações sobre os negócios da sociedade, no que tange a sua administração, ou seja, às decisões relativas à condução de suas atividades, devem observar o quórum da maioria de votos. É importante que não sejam confundidas as deliberações dos sócios para fins de alteração do contrato social das demais deliberações atinentes à execução do objeto mercantil, em que, por força da lei ou do próprio contrato, os sócios, administradores ou não, podem ser chamados para decidir sobre questões de maior relevância para os destinos da sociedade. O contrato social pode limitar os poderes dos sócios-gerentes encarregados da administração da sociedade, como nos casos
mais comuns de concessão de garantias, de oneração ou de alienação de bens pertencentes à sociedade. A maioria absoluta nas deliberações administrativas importa na aprovação por parte de sócios que detenham mais da metade do capital social, em que cada quota deve ser equivalente a um voto. Se houver empate nas deliberações de acordo com a participação de cada sócio no capital, o desempate deverá dar-se por meio de voto por cabeça, ou pelo número de sócios que aprovar a deliberação. Se persistir o empate, a decisão caberá ao juiz que conhecer do feito. Se algum sócio tiver interesse em deliberação que for contrária ao interesse da sociedade, este não poderá participar do processo de votação, sob pena de responder por perdas e danos perante a sociedade pelos prejuízos que esta vier a sofrer.

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