Buscar

Resenha OZKAYNAK et al (2012)(1)

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 3 páginas

Prévia do material em texto

Resenha: ÖZKAYNAK, B., ADAMAN, F., DEVINE, P. The identity of ecological economics: retrospects and prospects. Cambridge Journal of Economics 36, p. 1123-1142, 2012.
Douglas Dias
LeonneMagnani
Paulo Assunção
A economia ecológica contempla uma visão de mundo natural onde reconhece a centralidade da interdependência, complexidade, dinamismo e incerteza. Os métodos de valoração tradicionais, baseados na agregação dos valores individuais não devem ser utilizados sem ressalvas. Em vez dessas simplificações da realidade, a economia ecológica busca na física (leis da termodinâmica) uma forma de aproximação entre a economia e a ecologia. A economia só deve ser entendida, assim, como compreendida dentro de um sistema maior: a própria Terra. 
A termodinâmica é um “recurso” que permite uma análise quantitativa das transformações que ocorrem dentro do sistema econômico e suas trocas com o meio ambiente. Esta análise é importante, dada à interligação dinâmica dos elementos econômico, social e ambiental. Assim, uma mudança em um dos sistemas irá requerer a adaptação dos outros. A coevolução é pensada como um conjunto para equilibrar natureza e sociedade. A sociedade capitalista, que surgira a partir da revolução industrial, está baseada nos combustíveis fosseis como fonte energética. Assim, nossas tecnologias e nossos valores (materialistas e individualistas) coevoluiram em torno dessa fonte energética.
A complexidade e incerteza inerentes não permitem que a análise científica não seja suficientemente adequada para tomada de decisões sobre o meio ambiente. Isto se deve por que a complexidade dos sistemas envolvidos é tal que nossa atual tecnologia não consegue dirimir a incerteza das decisões a serem tomadas. Assim, aliado aos procedimentos de modelagem dinâmica baseada em computadores deverão estar outros tipos de metodologias que levem em conta as questões políticas, éticas e sociais.
A economia ecológica tem desenvolvido diversos indicadores e índices de sustentabilidade ao invés de um único indicador agregado. Essa tentativa de desenvolver uma abordagem metodológica pluralista leva a uma aproximação com a análise multicritério, que torna transparente a análise entre os diferentes objetivos levando em conta diversos indicadores de diferentes formas. Este tipo de perspectiva não está preocupada apenas com o resultado em si, mas com as relações entre os conflitos que pode oferecer a compreensão sobre sua própria natureza e a gerar soluções para isso.
Para alcançar a sustentabilidade é necessário: a escala econômica deve estar de acordo com a capacidade do ecossistema em absorver seus impactos, isto é, a capacidade de resiliência do meio ambiente deverá ser respeitada; a distribuição equitativa e justa de recursos deverá ser estabelecida; após as condições anteriores serem respeitadas, a eficiência alocativa será alcançada.
Os autores, então, descreverão o que a economia ecológica deverá fazer para se desenvolver como ciência política capaz de prover as melhores soluções de sustentabilidade para o mundo real. Primeiramente, a economia ecológica enfatiza a ideia de que não é possível crescer infinitamente, contrariamente ao mainstream que diz que o desenvolvimento tecnológico permitirá um crescimento econômico infinito e ecologicamente sustentável. No entanto, essa visão mais otimista de que o crescimento pode ser infinito contraria as leis da termodinâmica. Levando em conta essa discrepância, muitos economistas ecológicos são contrários ao crescimento econômico dos países desenvolvidos, buscando, assim, um estado estacionário da economia. Para estes países, indicadores como o crescimento do PIB per capita deve entrar em desuso. Avaliações multidimensionais de sustentabilidade no nível macro devem ser utilizadas.
	Ainda em relação ao que a economia ecológica deveria estar fazendo no sentido de melhor influenciar as decisões acerca da sustentabilidade, os autores apresentam como deveria se inserir a perspectiva coevolucionária nos esforços de se criar um arcabouço teórico mais unificado. Essa perspectiva partiria do reconhecimento de que os mais diversos aspectos de um sistema holístico são interdependentes e evoluem juntos, de modo que uma mudança em um desses aspectos acarreta uma transformação necessária em outros. Deste modo, o princípio da interdependência se faz presente na literatura da economia ecológica considerando-se o desenvolvimento coevolucionário das tecnologias baseadas em combustíveis fosseis e da industrialização.
	Destaca-se, ademais, que a industrialização, a qual evolui em conjunto com as técnicas baseadas nos combustíveis fosseis, também faz surgir um sistema socioeconômico específico, a saber, o capitalismo. Deste modo, apesar de a perspectiva coevolucionária fazer surgir alguns movimentos ecológicos que advogam o retorno ao modo de produção pré-industrial, e sabendo que existem variações do próprio capitalismo, no que se refere à distribuição de riqueza e renda e à proteção ambiental, há indicativos de que esse modo de produção necessita estruturalmente do crescimento. 
	Dado que a literatura da economia ecológica, além de focar na questão da escala de produção, também se preocupa com a questão da equidade, e considerando que, segundo essa perspectiva, os problemas de escala seriam derivados do processo de industrialização e crescimento, mostra-se necessário para essa literatura discutir a natureza do sistema capitalista de produção. Deste modo, a abordagem coevolucionária deve tratar mais detalhadamente a questão da existência (ou não) da possibilidade de se construir um sistema alternativo que não se baseie fundamentalmente no crescimento e que seja mais equitativo e sustentável. 
	Outro aspecto tratado pelos autores são as formas de se gerenciar a complexidade e a incerteza. Claramente, uma das características de destaque da economia ecológica é a forma com que esta trata os sistemas ecológicos e suas interações com outros subsistemas: um conjunto complexo e sujeito à incerteza irredutível. Surge então a questão de como alcançar resultados desejados em termos de sustentabilidade, considerando-se que a ciência não pode dizer precisamente como se comportará o objeto de estudo, no caso, a inter-relação entre os ecossistemas e seus resultados de longo prazo. Para os autores, a economia ecológica propõe que as ações estejam baseadas na racionalidade processual, através de instituições deliberativas que integrem todos aqueles que serão afetados pela decisão. 
	Apesar da participação mais abrangente dos agentes que serão afetados por determinadas decisões apresentar alguns limites, o potencial desse tipo de mobilização para a solução de problemas ambientais não pode ser subestimada. Há diversos casos em que a deliberação cooperativa entre os agentes parece ter dado bons resultados quanto à criação regulações acerca da sustentabilidade.
	Por fim, os autores apresentam as formas pelas quais a economia ecológica costuma tratar os problemas reais do mundo e as possibilidades que se apresentam para que esse paradigma seja mais efetivo no sentido da proposição de políticas ambientais. Basicamente, o procedimento adotado pela economia ecológica no que se refere à formulação de políticas foca em questões de escala, equidade e eficiência, nessa ordem. 
	Em relação às possibilidades da economia ecológica desenvolver políticas mais efetivas, os autores propõem que, primeiramente, esse paradigma identifique os impactos socioecológicos da atividade econômica sobre o meio ambiente e sobre as comunidades locais, quantificando-os em aspectos biofísicos, sociais e econômicos. Ademais, dever-se-ia tentar estimar os ganhos e perdas decorrentes desses projetos, identificando os beneficiários diretos e aqueles que mais seriam impactados. 
	Dessas considerações, deriva a conclusão de que a economia ecológica reconhece um tipo de compreensão alternativa da relação dos seres humanos com a ecologia, a qual mostra-se capaz de apresentar uma análise mais detalhada dos casos que aborda, secomparada à abordagem tradicional. Há, no entanto, alguns limites dados à economia ecológica, principalmente quando se considera a aceitação pública em relação às suas propostas, o que decorre da dificuldade de se definir adequadamente os problemas e as propostas de política.

Outros materiais