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Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● MICROBIOLOGIA 1 www.medresumos.com.br PRINCIPAIS INFECÇÕES BACTERIANAS Vimos ao longo dos últimos capítulos algumas das bactérias mais importantes para a clínica médica, bem como algumas doenças por elas causadas. Neste capítulo, abordaremos de forma objetiva algumas patologias bacterianas de maior relevância para a clínica médica (algumas até já estudadas). PNEUMONIA BACTERIANA ADQUIRIDA NA COMUNIDADE (PAC) A pneumonia bacteriana se refere a uma infecção pulmonar causa por bactérias causando inflamação, secreção purulenta e aumento dos fluídos nos pulmões, dificultando a troca gasosa e, consequentemente, a oxigenação do sangue. Pode ser clinicamente classificada em: PAC típica Quadro clínico clássico (de início hiperagudo, com febre alta e tosse produtiva) Geralmente, causada por agentes típicos (que coram pelo Gram e respondem bem aos β-lactâmicos). PAC atípica quadro semelhante à gripe (de início subagudo, com febre baixa e tosse seca) Geralmente, causada por agentes atípicos (não coram pelo Gram e não respondem bem aos β-lactâmicos, mas sim, aos Macrolídeos). O diagnóstico da pneumonia é eminentemente clínico, sem que seja necessária a solicitação de exames laboratoriais. Entretanto, eles podem ser opção para avaliar a extensão da doença. Podem ser solicitados hemograma (que pode mostrar aumento das células de defesa – leucocitose) e radiografia simples de tórax (pode mostrar opacidades pulmonares, derrame pleural, etc.). Em ordem de frequência, os germes mais comuns da PAC são: Streptococcs pneumoniae / Pneumococo (típico) Mycoplasma pneumoniae / Micoplasma (atípico) Chlamydophila pneumoniae / Clamófila (atípico) Vírus (atípico) Haemophilus influenzae (típico) Moraxella catarrhalis O tratamento consiste basicamente no uso de antibióticos e, a depender da classificação de risco do paciente, optaremos pela internação hospitalar ou pelo tratamento ambulatorial. CURB-65 Tratamento Variável Pontos C Confusão mental 1 U Ureia > 50mg/dl 1 R “Respiração”: FR ≥ 30irpm 1 B “Baixa” PA: PAS<90 ou PAD≤60 1 65 ≥ 65 anos 1 CURB = 0 ou 1 Considerar tratamento ambulatorial. CURB = 2 Considerar tratamento hospitalar. CURB (CRB) ≥ 3 Internação Hospitalar ou em UTI. Internar em UTI quando (Critérios de Ewing): Houver 1 critério maior: Necessidade de ventilação mecânica Choque séptico Houver 2 critérios menores: PaO2/FiO2 ≤ 250 Pneumonia multilobar PAS < 90mmHg PAD < 60mmHg FR ≥ 30 irpm Confusão mental Leucopenia < 4.000 células/mm 3 Hipotermia (<36 o C) Arlindo Ugulino Netto. MICROBIOLOGIA 2016 Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● MICROBIOLOGIA 2 www.medresumos.com.br ENDOCARDITE INFECCIOSA E endocardite infecciosa é definida como uma infecção microbiana da superfície endotelial do coração. O termo “vegetação” é empregado para referir-se à lesão característica deste comprometimento. Ela é composta de plaquetas e fibrina e uma quantidade variável de micro-organismo e células inflamatórias imersos em seu interior. Embora as valvas cardíacas sejam mais frequentemente acometidas, a endocardite pode comprometer áreas de defeitos septais, as cordas tendíneas ou o endocárdio mural. Ela é classificada pela exuberância da sintomatologia: Endocardite aguda: o Clínica: muito toxêmico. o Agente mais comum: S. aureus. Endocardite subaguda: o Clínica: quadro arrastado (se confunde com quadros reumatológicos). o Agentes mais comuns: germes Gram-positivos de orofaringe (Streptococcus viridans) ou entéricos (Enterococos). OBS 1 : Válvula mais acometida por ordem: Mitral > Aórtica > Mitro-aórtica > Válvulas à direita. Perceba, entretanto, que pacientes usuários de drogas intravenosas fogem a esta regra: nestes, a válvula tricúspide é a mais acometida. Os agentes mais relacionados são: S. aureus, Pseudomonas, Candida. Nestes casos, por acometer mais as válvulas direitas, pode acontecer mais embolização para os pulmões (causando pneumonite por embolia séptica). OBS 2 : Em caso de pacientes que apresentam prótese valvar, devemos considerar que eles podem ser de origem nosocomial (adquiridos na internação em que o paciente executou a cirurgia cardíaca), e devemos pensar em: S. epidermidis (agente mais comum da endocardite valvar protética de início precoce, isto é, dentro dos primeiros 12 meses da troca valvar); S. aureus; Bacilos Gram-negativos entéricos; Fungos (Candida albicans). O tratamento depende do tipo de valva e do perfil do paciente: Válvula nativa: devemos cobrir empiricamente (antes da cultura) S. aureus, S. viridans e Enterococos com as seguintes drogas: Oxacilina + Penicilina + Gentamicina. Depois do resultado da cultura, devemos ajustar a antibioticoterapia. Válvula nativa em usuários de drogas: devemos pensar também em MRSA (S. aureus meticilino resistente) e, portanto, devemos lançar mão das seguintes drogas: Vancomicina + Gentamicina. Válvula artificial com mais de 1 ano: já foi assimilada pelo organismo do paciente e, por isso, o tratamento é a mesma ao de válvula nativa (para cobrir S. viridans). Válvula artificial com menos de 1 ano: pode-se dizer que a válvula “ainda não é do paciente”, pois não foi assimilada por seu organismo. Nestes casos, devemos cobrir S. epidermidis e MRSA, lançando mão das seguintes drogas: Vancomicina + Gentamicina +/- Rifampicina (via oral). MENINGITE A meningite, por definição, é a infecção do espaço subaracnoide (onde corre o líquor). Sua fisiopatologia geralmente está associada com a aquisição e colonização da oro-nasofarínge por germes que invadem a corrente sanguínea e, por conseguinte, acometem a meninge. Os germes envolvidos com a meningite são: Diplococos Gram-negativos: Meningococo (Neisseria meningitidis). Diplococos Gram-positivos: Pneumococo. Bacilos Gram-negativos: Haemophilus. Bacilos Gram-positivos: Listeria. As principais manifestações clínicas são: Febre e cefaleia; Rigidez de nuca (não acontece em neonatos); Rebaixamento do nível de consciência (75%); Vômito, Fotofobia; Sinais de irritação meníngea: Sinal de Kerning: com uma mão no joelho e outra no calcanhar, eleva o membro inferior do paciente refere dor. Sinal de Brudzinski: com uma mão no tórax do paciente e outra na nuca, eleva a cabeça do paciente refere dor ou recolhe os membros inferiores. Convulsão: em apenas 20-40% (diagnóstico diferencial: Febril, Meningoencefalite ou Abscesso); Secreção Inapropriada do ADH (40%); Neonatos: abaulamento de fontanela, choro frequente, irritação. Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● MICROBIOLOGIA 3 www.medresumos.com.br O tratamento da meningite bacteriana é, inicialmente, empírico, para o qual devemos nos basear na faixa etária do paciente. Faixa etária Principais germes Tratamento Recém-nascidos Streptococcus agalactiae; E. coli; Listeria Ampicilina + Cefotaxima 4 semanas a 3 meses Os mesmos do RN: S. agalactiae; E. coli; Listeria; Pneumococo; Haemophilus Ampicilina + Ceftriaxona 3 meses a 55 anos Meningococo; Pneumococo Ceftriaxona +/- Vancomicina Após 55 anos, gestantes, imunossuprimidos Meningococo; Pneumococo; Listeria Ampicilina + Ceftriaxona +/- Vancomicina Após neurocirurgias, infecção de shunts S. aureus; S. epidermidis; Pseudomonas e enterobacterias; Listeria Ampicilina + Cefepime + Vancomicina Após TCE ou fístula liquórica Pneumococo; Outros estreptococos Ceftriaxona +/- Vancomicina. INFECÇÃO DO TRATO URINÁRIO O diagnóstico de infecção urinária é definido pelo paciente com bacteriúria significativa + sinais e sintomas compatíveis com “irritação” local do trato urinário e/ou resposta inflamatória sistêmica: Se houver apenas “irritação” do trato urinário (ex.: disúria, polaciúria, urgência), o diagnóstico será de ITU “baixa” (cistite,uretrite); Por outro lado, se houver também sinais e sintomas de resposta inflamatória sistêmica (ex.: febre, leucocitose, taquicardia) o diagnóstico é de ITU “alta” (pielonefrite). CISTITES Colonização se dá a partir do introito vaginal. A maioria é autolimitada. Diagnóstico: clínico (disúria e polaciúria, basicamente); exame de urina. Tratamento: Antibióticos (Quinolonas; Nitrofurantoína); Analgésicos. Profilaxia se o paciente queixar-se de recorrência (observar os hábitos higiênicos e sexuais). PIELONEFRITE AGUDA Consiste na infecção de rim e pelve renal. Diagnóstico: normalmente, é clínico; porém, é fundamental uma complementação diagnóstica. Quadro clínico: febre; calafrios; dor lombar uni ou bilateral; sinal de Giordano positivo; podem estar presentes disúria, polaciúria e urgência urinária. Exames complementares: Hemograma: leucocitose, com desvio a esquerda. VHS e Proteína C Reativa geralmente elevados. Exame de urina: sinais de infecção. Radiológicos: à USG, avaliar processos obstrutivos associados; sinais parenquimatosos de aumento de difusão de ecogenicidade (pouco específico). Por meio da USG, podemos classificar a ITU como complicada (presença de obstrução ou coleção) ou não complicada (ausência deles). Tratamento: Pacientes com sinais de toxicidade ambulatorial. Sempre descartar obstrução (devido a maior gravidade). 10 a 30% dos casos apresentarão recorrência. Antibioticoterapia: Quinolonas; Cefalosporinas; Aminoglicosídes. PIODERMITES As principais infecções cutâneas (piodermites) são: Impetigo; Foliculite; Furúnulo e carbúnculo; Erisipela e celulite; Ectima; Hidradenite supurativa; Abscesso; Fasciíte necrosante. Os principais germes envolvidos: Staphylococcus aureus e Streptococcus pyogenes. Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● MICROBIOLOGIA 4 www.medresumos.com.br IMPETIGO É uma forma de pioderma superficial causada pelo Streptococcus e/ou Staphylococcus. As lesões são caracteristicamente espessas e crostosas, com margens irregulares, muitas vezes localizadas na face. As mais afetadas são crianças entre 2-10 anos, principalmente as com baixa condição socioeconômica e higiene precária. Podemos diferenciar os dois tipos: Impetigo na forma crostosa (70% dos casos) Impetigo na forma bolhosa - Suspeitar de infecção por Streptococcus pyogens (beta- hemolítico do grupo A). - Tratamento: Penicilina G Benzatina (Benzetacil®)em dose única; ou Penicilina V oral. Pela possibilidade de S. aureus associado, alguns autores recomendam cobrir esta bactéria. - Suspeitar de Staphylococcus aureus. - Tratamento: Cefalexina; Outras opções: Amoxicilina; Mupirocina tópica. OBS 3 : A principal complicação do impetigo é a Glomerulonefrite pós-estreptocócica. FOLICULITE X FURÚNCULO X CABÚNCULO As foliculites são abscessos focais pequenos formados na superfície da pele, onde os folículos pilosos servem como porta de entrada. Quando progridem, as foliculites transforma-se em furúnculos, que são pequenos abscessos aglomerados. A drenagem acontecem espontaneamente na maioria dos casos. Quando os furúnculo progridem em regiões de pele espessa e inelástica, formam um aglomerado de furúnculos dolorosos, chamados de carbúnculos. No caso dos carbúnculos, o tratamento é realizado com antibióticos e drenagem cirúrgica. - Tratamento: Em geral, compressas mornas locais e suspensão da depilação do local. Nos furúnculos grandes ou complicados (cercados por halo de celulite > 3cm), nos carbúnculos e nas lesões em face, a drenagem deve ser realizada. Um antibiótico oral com cobertura para S. aureus (cefalexina, clindamicina ou doxicilcina) é iniciado e mantido até que não haja evidência de inflamação local. Mas perceba que a drenagem é a principal abordagem terapêutica. As indicações para antibioticoterapia sistêmica são: furúnculos ao redor do nariz, dentro das narinas ou ao redor do canal auditivo (lesões consideradas graves, já que há o risco de disseminação da infecção pelas veias emissárias angulares para o seio cavernoso); lesões grandes e recorrentes; lesões com celulite ao redor; lesões não responsivas aos cuidados locais. ERISIPELA X CELULITE Por definição, temos: Erisipela: Infecção superficial da pele (derme) com envolvimento linfático. Agentes etiológicos: S. pyogenes beta-hemolítico do grupo A (ocasionalmente, outros estreptococos: grupos B, C e D). Dados clínicos: eritema de limites precisos; localização em locais com drenagem linfática prejudicada (face e membros inferiores). Tratamento: Grave: penicilina G cristalina OU ceftriaxona OU cefazolina. Leve: penicilina G procaína OU penicilina V oral OU Amoxicilina. Celulite: Infecção mais profunda da pele (hipoderme e tecido subcutâneo). Agente etiológico: S. pyogenes e S. aureus. Dados clínicos: eritema de limites imprecisos; apresenta um pródromo sistêmico (febre, calafrios) + sintomas locais. Geralmente, apresenta uma porta de entrada. Tratamento: Graves: Oxacilina OU Cefazolina. Leve: Cefalexina. Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● MICROBIOLOGIA 5 www.medresumos.com.br OBS 4 : É importante saber diferenciar as duas entidades, pois na celulite, precisamos cobrir um germe a mais. Erisipela Celulite Profundidade Superficial (derme) Profunda (Subcutâneo) Coloração Vermelhidão Rósea Bordas Bem delimitadas Imprecisas Sensibilidade Dor intensa Dor menos intensa Agente etiológico S. pyogens S. aureus e/ou S. pyogens Tratamento (10 a 14 dias) Penicilina G cristalina EV Penicilina G benzatina IM Cefalosporina de 1ª geração ou Oxacilina Um dos grandes fatores de risco para essas condições é insuficiência venosa crônica (o que também repercute no sistema linfático), além de outras condições mórbidas (idade avançada, diabetes, micose entre os dedos ou no leito ungueal). Para esses pacientes, realizar profilaxia com Penicilina Benzatina (Benzetacil®). FASCIÍTE NECROSANTE Infecção profunda de tecido subcutâneo, que invade a fáscia e o tecido gorduroso, mas pode eventualmente poupar a pele em si. Em 24h, aparecem edema, dor, calor, eritema e dor que espalham-se rapidamente a partir do foco inicial, normalmente localizado no membro inferior. Durante as próximas 24-48h, ocorre escurecimento do eritema, passando do vermelho para o roxo e o azul, com bolhas hemorrágicas e violáceas. No 4º dia ou 5º dia, as regiões arroxeadas tornam-se nitidamente gangrenosas, áreas que posteriormente ficarão anestésicas, já que os nervosos cutâneos são destruídos. Entre o 7º e o 10º dia, acontece uma demarcação das áreas lesadas, o paciente apresenta toxemia, prostração e queda do nível de consciência. Agente causador: existem diversos micro-organismos associados, incluindo desde bactérias aeróbias a anaeróbias, como o Clostridium perfrigens. Os fatores predisponentes relacionados são: diabetes tipo II, idade avançada, trauma, câncer, etilismo, desnutrição, obesidade, AIDS, corticoterapia, quimioterapia, herpes-zoster e doença vascular prévia. O tratamento consiste em: Reposição volêmica e debridamento cirúrgico extenso com fasciotomia representam a base do tratamento; Terapia antibacteriana inicial deve ter amplo espectro de cobertura para bacilos gram-negativos, estafilococos, estreptococos e anaeróbios (Ex: Piperaciclina-Tazobactam); em pacientes sépticos, acrescentar Ciprofloxacino. OBS 5 : Quando ocorre extensão desse processo infeccioso para a região perineal, ocorre a chamada Síndrome ou Gangrena de Fournier, que se caracteriza por edema maciço da bolsa escrotal e do pênis, com extensão para o períneo ou para a parede abdominal e membros inferiores. Geralmente, a infecção poupa a glande, testículos e cordões espemárticos. Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● MICROBIOLOGIA 6 www.medresumos.com.br GERMES RELACIONADOS COMINFECÇÃO HOSPITALAR Infecção hospitalar é toda contaminação contraída durante o período de internação hospitalar e normalmente é desenvolvida após o desequilíbrio da flora bacteriana humana, após métodos invasivos e do contato com a própria microbiota hospitalar. É toda aquela infecção que está relacionada à hospitalização, quando o hospital, após a clínica laboratorial, não detectou o patógeno que está causando esta devida infecção, comprovando que o paciente não a possui no início da internação e nem 72 horas após, tempo necessário para que haja alguma evidência sintomática. A infecção hospitalar é vista como um fator preocupante e por ter índices elevados de mortalidade é considerado problema de saúde pública. O ambiente hospitalar oferece agentes infecciosos variados e muito resistentes. Os doentes internados têm um maior risco de adquirirem infecções devido à própria natureza hospitalar, pois vão se expor a microrganismos que no seu dia-a-dia não entrariam em contato. Estes doentes encontram-se mais enfraquecidos e as suas defesas contra as infecções estão debilitadas, por este motivo se torna necessário a efetivação dos procedimentos invasivos, técnica propícia para o desenvolvimento de uma infecção hospitalar. A resistência das bactérias aos antimicrobianos está ligada a genética, pois estes microrganismos possuem genes que codificam diferentes mecanismos bioquímicos que impedem a ação dessas drogas. Esta resistência pode ser originada através de mutações, transferências de genes causadores por determinada resistência presente no microrganismo, ou em alguns microrganismos o mecanismo de resistência é natural. BACTÉRIAS MAIS FREQUENTES Klebsiella pneumoniae: é conhecida pelos médicos como a enterobactéria causadora de pneumonias comunitárias, pois ocorre principalmente em pacientes imunocomprometidos. Klebsiella spp gera infecções pediátricas relevantes em crianças prematuras. A terapêutica de infecções causadas a partir das cepas de Klebsiella pneumoniae tem se dificultado pelo fato de que algumas cepas estão carreando plasmídios, que codificam enzimas conhecidas como betalactamases, gerando resistência as drogas betalactâmicas. Tem sido observado que as cepas produtoras de betalactamases também apresentam resistência a outras drogas antimicrobianas. Esta situação está resultando em estados preocupantes na saúde pública, gerando surtos epidêmicos. A Klebsiella pneumoniae carbapenemase (KPC) possui um mecanismo importante na resistência no contexto hospitalar mundial. A KPC é uma enzima produzida por enterobactérias gram-negativas, os carbapenens participam de uma classe empregada em tratamentos de infecções envolvendo Enterobacteriaceae multirresistente.. Staphylococcus aureus: possui como principal reservatório o homem, onde este microrganismo é o agente mais comum de infecções piogênicas localizadas na pele ou em regiões mais profundas como furúnculos, foliculites, osteomielites, endocardites, pneumonias, septicemias fatais e outros tipos de manifestações. As mãos tem sido uns dos principais meios de transmissão da bactéria para o ambiente hospitalar, de um paciente infectado para outro suscetível, de um paciente infectado para o executor dos cuidados e do executor dos cuidados para o paciente suscetível, assim contribuindo sensivelmente para o aumento de bactérias resistentes. Nos hospitais, os reservatórios de microrganismo são representados pelos pacientes colonizados, funcionários e pelo próprio ambiente, em que a bactéria Staphylococcus aureus é responsável por mais de 30% dos casos de infecções hospitalares. As características que associam os Staphylococcus aureus à virulência é a produção de coagulase e beta hemólise, onde os microbiologistas identificam este microrganismo pela sua capacidade de fermentar o manitol. A resistência do Staphylococcus aureus aos antimicrobianos é denominada pela aquisição de genes de resistência de outras bactérias da mesma espécie ou eventualmente, de outras espécies e/ou por mutações em seus genes. A resistência a penicilina é conferida pela produção de enzimas, as betalactamases, capazes de inativar essas drogas. Já a resistência a meticilina é concedida por um gene, o mecA, que codifica uma proteína que se liga à penicilina com baixa afinidade pelo antimicrobiano. Pseudomonas aeruginosa: é uma bactéria presente no ambiente hospitalar, que gera muitos transtornos por se tratar de um patógeno causador de infecções em diversas regiões do corpo, principalmente em pacientes imunocomprometidos. Além disso, é um dos principais patógenos encontrados nos efluentes hospitalares. Este microrganismo tem a capacidade de permanecer em diversos ambientes por muito tempo, além de desenvolver resistência contra antimicrobianos. Trata-se de um bacilo Gram-negativo, aeróbio facultativo, que tolera grandes variações de temperatura, têm mínimas exigências nutricionais está presente no solo, plantas, frutas e vegetais, e tem preferência por ambientes úmidos. A P. aeruginosa possui resistência natural à maioria dos antibióticos usados no tratamento das infecções causadas por bactérias Gram-negativas, mas pode também conseguir resistência aos antibióticos após exposição prévia. Este microrganismo possui uma característica própria de apresentar baixos níveis de sensibilidades aos agentes antimicrobianos, além de possuir vários mecanismos de resistência como a produção de betalactamases, hiper expressão de bombas de efluxo e a perda ou expressão reduzida de proteínas de membrana externa. Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● MICROBIOLOGIA 7 www.medresumos.com.br Staphylococcus epidermidis: é uma das bactérias encontradas na pele dos indivíduos e podem se introduzir na unidade de tratamento intensivo pelos profissionais da saúde ou por pacientes, e assim causar infecções oportunistas durante e após os procedimentos invasivos. Os pacientes com baixa resistência podem sofrer septicemia e endocardite relacionada a implantes, próteses e cateteres por S. epidermidis, embora que na maioria dos casos é difícil ter certeza que esta bactéria esteja relacionada com as infecções ao invés de fazer parte da microbiota normal da pele. O S. epidermidis possui um perfil de resistência muito parecido com S. aureus, em que a sua resistência é sugerida devido a uma provável transferência de genes de resistência de uma espécie para outra, ou formação de biofilmes. Bactérias produtoras de biofilme são altamente resistentes aos antibióticos devido ao ambiente proporcionado pelos biofilmes, o que representa uma barreira mecânica contra os antibióticos. A formação de biofilmes é o principal fator de virulência resultante da biossíntese do polissacarídeo de adesão intercelular, promovendo a agregação celular, acúmulo de biofilme e oferecendo um escudo protetor contra o sistema imunológico e contra a antibioticoterapia. MEIOS DE INFECÇÃO São inúmeras as infecções que acometem pacientes em um ambiente hospitalar, porém as mais abordadas são as infecções urinárias, respiratórias, por cateter e infecções da estrutura. A infecção do trato urinário (ITU) compõe um dos fundamentais tipos de infecção hospitalar, sendo o cateter urinário o fator relevante para os pacientes adquirirem a infecção, tendo como cofatores, entre outros, a duração e mecanismo do procedimento, a higienização e o tipo de cateterização. Os principais microrganismos capazes de colonizar e causar infecção no trato urinário pertencem à família Enterobacteriaceae, sendo esta composta por bastonetes gram-negativos, anaeróbios facultativos, oxidase negativa, fermentadores de glicose e capazes de reduzir nitrato a nitrito. Dentro dessa família destacam-se como microrganismos uropatogênicos as espécies Escherichia coli, Pseudomonas aeruginosa, Proteus mirabilis, e Klebsiella sp. Nas infecções respiratórias, a pneumonia é mais assídua em alguns países, como na Europa, por exemplo. A elevada taxa de mortalidadedevido a pneumonias está relacionada com a fragilidade do paciente devido a sua baixa imunidade e ao local de internação, por ser um ambiente repleto de microrganismos. Para facilitar o tratamento, o ideal seria como fator primário, o descobrimento imediato do patógeno, facilitando a escolha do medicamento. São muitos os fatores que estão relacionados com as infecções de cateter venoso central, dentre elas destacam as condições clínicas dos pacientes que precisam do acesso central, a migração de microrganismos presentes na pele do paciente para o cateter, a utilização de nutrição parenteral e a manipulação do cateter para a administração de medicamentos. Em cirurgia cardíaca, a infecção de ferida cirúrgica por Staphylococcus aureus, além de aumentar o tempo de internação em até 30 dias, aumenta significativamente a mortalidade. Dentre as infecções hospitalares, a infecção de sítio cirúrgico é a segunda causa mais frequente, suplantada somente pela infecção urinária. Os microrganismos mais frequentemente associados à infecção de sítio cirúrgico são Staphylococcus aureus, estafilococos coagulase negativa e bacilos Gram-negativos. OUTRAS DOENÇAS CAUSADAS POR BACTÉRIAS Tuberculose: causada pelo bacilo Mycobacterium tuberculosis. Hanseníase (lepra): transmitida pelo bacilo de Hansen (Mycobacterium leprae). Difteria: provocada pelo bacilo diftérico. Coqueluche: causada pela bactéria Bordetella pertussis. Escarlatina: provocada pelo Streptococcus pyogenes. Tétano: causado pela toxina produzida pelo bacilo do tétano (Clostridium tetani). Leptospirose: causada pela Leptospira interrogans. Tracoma: provocada pela Chlamydia trachomatis. Gonorreia ou blenorragia: causada por uma bactéria, o gonococo (Neisseria gonorrhoeae). Sífilis: provocada pela bactéria Treponema pallidum. Cólera: doença causada pela bactéria Vibrio cholerae, o vibrião colérico. Febre tifoide: causada pela Salmonella typhi.
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