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Resumo sobre asma

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ANOTAÇÕES EM FARMACOLOGIA E FARMÁCIA CLÍNICA 
Marcelo A. Cabral 
 
1
08) TRATAMENTO FARMACOLOGICO DA ASMA 
 
 
A asma é uma doença caracterizada pela inflamação 
crônica das vias aéreas, envolvendo particularmente 
mastócitos, eosinófilos e linfócitos T. Em indivíduos 
suscetíveis, esta inflamação causa episódios recorrentes de 
broncoespasmos, dispnéia, opressão torácica e tosse 
predominantemente noturna ou no início da manhã. Estes 
sintomas estão invariavelmente associados à limitação 
generalizada do fluxo aéreo, que pode reverter-se 
espontaneamente ou sob tratamento. A inflamação está 
relacionada também com a hiper-reponsividade brônquica a 
vários estímulos alérgicos e não alérgicos. Seu curso clínico é 
caracterizado por exacerbações e remissões. 
 
 
 
 Tratamento farmacológico: O tratamento 
farmacológico da asma consiste basicamente na administração 
por aerossóis de: 
1) Broncodilatadores: agonistas beta2-adrenérgicos, 
xantinas e antagonistas dos receptores muscarínicos; e 
2) Antiinflamatórios: glicocorticóides. 
 
 
 
 
 
 
 
Broncodilatadores: 
 
a) Agonistas beta2-adrenérgico (salbutamol – Aerolin, 
terbutalina – Brycanil, salmeterol, fenoterol – Berotec): 
 
Os agonistas dos receptores beta-adrenérgicos são os 
melhores fármacos para aliviar os ataques repentinos de asma 
(fármacos de resgate) e prevenir os ataques que o exercício 
possa causar. Ao estimularem os receptores beta-adrenérgicos, 
causam a broncodilatação e inibição da função de várias 
células inflamatórias. Esses fármacos estimulam receptores do 
tipo beta2-adrenérgicos da membrana celular, resultando em 
aumento do AMPC intracelular, que causa relaxamento da 
musculatura lisa, aumento da freqüência do batimento ciliar e 
redução da viscosidade do muco. Por causa da presença dos 
receptores beta2-adrenérgicos em muitos tecidos, efeitos 
indesejáveis ocorrem pela absorção sistêmica destes agonistas. 
A prevenção de tais efeitos pela redução da concentração 
plasmática da droga é uma das vantagens da administração 
dos beta-agonistas por via inalatória. 
Os broncodilatadores que atuam seletivamente sobre os 
receptores beta2-adrenérgicos, que se encontram, sobretudo 
nas células pulmonares, têm poucos efeitos nos restantes dos 
órgãos. Esses broncodilatadores, como o albuterol, provocam 
menos efeitos secundários que os broncodilatadores que atuam 
sobre todos os receptores beta-adrenérgicos (como no caso da 
adrenalina, que atualmente não é mais usada para esse fim). 
Nesse último caso, o efeito adverso mais comum são: 
- tremor: devido à ativação dos receptores beta2 no 
músculo esquelético; 
- taquicardia e arritmia: devido à vasodilatação com 
taquicardia reflexa, e estímulo beta2 no coração; e 
- vasodilatação periférica. 
 
Os agonistas podem ser classificados ainda em agentes de 
ação curta ou longa. Essa subdivisão é útil sob o ponto de 
vista farmacológico, porque os agonistas de ação curta 
(albuterol, metaproterenol, terbutalina e pirbuterol) são usados 
apenas para o alívio sintomático da asma, enquanto os de ação 
longa (salmeterol) são utilizados profilaticamente no controle 
da doença. 
É importante ressaltar que a estimulação dos receptores 
beta2-adrenérgicos inibe a função de várias células 
inflamatórias, incluindo os mastócitos, basófilos, eosinófilos, 
neutrófilos e linfócitos. Em geral, a estimulação dos 
receptores beta2-adrenérgicos dessas células provoca elevação 
do AMPc celular, desencadeando uma série de reações de 
 
 
sinalização que levam à inibição da liberação dos mediadores 
inflamatórios e das citocinas. 
 
b) Xantinas (teofilina, aminofilina) – inibidores das 
fosfodiesterases. 
A teofilina é outro fármaco que produz broncodilatação, 
porém menos eficaz do que os agonistas beta-adrenérgicos. A 
teofilina inibe as enzimas fosfodiesterases (PDE) III e IV, que 
são as responsáveis por catalizarem a decomposição do AMPc 
e do GMPc. Isso aumenta os níveis de AMPc e GMPc nas 
células da musculatura lisa brônquica e nas células 
inflamatórias, o que facilita a transdução dos sinais efetivada 
por estas vias. 
Além disso, a teofilina também é um antagonista 
competitivo dos receptores da adenosina, que pode atuar como 
autacóide. Geralmente, administra-se por via oral e encontra-
se em várias apresentações, desde comprimidos de ação 
imediata e xaropes, até cápsulas e comprimidos de libertação 
controlada e ação prolongada. Nos EUA, esse fármaco foi 
praticamente relegado como uma terceira opção para os 
pacientes com asma difícil de controlar com outros 
mediadores. Quando se verifica um ataque grave de asma, 
pode administrar-se a teofilina por via endovenosa. 
O valor da teofilina no sangue pode ser medido em 
laboratório e deve ser rigorosamente controlado por um 
médico (manter entre 10 a 20 microgramas/mililitro), dado 
que uma quantidade muito reduzida do fármaco no sangue 
proporciona escassos resultados, enquanto uma quantidade 
excessiva pode provocar uma freqüência cardíaca anormal ou 
convulsões potencialmente mortais. Uma pessoa com asma 
que toma teofilina pela primeira vez pode sentir náuseas 
ligeiras ou nervosismo. Ambos os efeitos secundários 
desaparecem, geralmente, quando o organismo se adapta ao 
fármaco. Quando se tomam doses maiores, produz-se muitas 
vezes um aumento da freqüência cardíaca ou palpitações. A 
pessoa pode também experimentar insônia, agitação, vômitos 
e convulsões. 
 
c) Antagonistas de receptores muscarínicos (atropina, 
ipratrópio) 
Os fármacos anticolinérgicos, como a atropina e o 
brometo de ipratrópio, impedem que a acetilcolina provoque 
a contração do músculo liso e a produção de mucosidade 
excessiva nos brônquios. Estes fármacos ajudam a alargar 
ainda mais as vias aéreas nos doentes que já receberam 
agonistas dos receptores beta2-adrenérgicos. Contudo, são 
pouco eficazes para o tratamento da asma. 
O subgrupo de pacientes asmáticos que apresentam 
exacerbações psicogênicas pode ter resposta particularmente 
favorável ao ipatrópio. A broncodilatação produzida pelo 
ipatrópio nos pacientes asmáticos desenvolve-se mais 
lentamente e, em geral, é menos intensa do que a induzida 
pelos agonistas adrenérgcos. A variabilidade da resposta dos 
indivíduos asmáticos ao ipatrópio reflete provavelmente as 
diferenças de potência do tônus parassimpático e no grau 
com que a ativação reflexa das vias colinérgicas participa da 
geração dos sintomas de cada paciente. Desta forma, a 
utilidade do ipatrópio deve ser avaliada caso a caso por uma 
experiência terapêutica. 
O tratamento simultâneo com ipatrópio e agonistas 
beta2-adrenérgicos possibilita uma broncodilatação 
ligeiramente melhor e mais prolongada do que a conseguida 
com apenas um desses agentes na asma basal. 
 
Antiinflamatórios: 
 
a) Glicocorticóides: 
Os pacientes asmáticos que necessitam de 4 ou mais doses 
semanais de agonistas beta2-adrenérgicos inalados são 
considerados como candidatos aos glicocorticóides inalados, 
tais como abeclometasona, triancinolona, flunisolida e 
fluticasona. 
Os corticosteróides evitam a resposta inflamatória do 
organismo e são excepcionalmente eficazes para reduzir os 
sintomas da asma. Esses agentes não relaxam a musculatura lisa 
das vias respiratórias e, por essa razão, têm pouco efeito na 
bronco constrição aguda. Por outro lado, esses fármacos são 
especialmente eficazes para inibir a inflamação das vias 
respiratórias. Quando são tomados durante períodos 
prolongados, os corticosteróides reduzem, gradualmente, as 
probabilidades dos ataques de asma, tornando as vias aéreas 
menos sensíveis a certos estímulos. 
O glicocorticóide se liga ao receptor intracelular e este 
sofre uma mudança conformacional expondo o domínio de 
ligação com o DNA. Forma dímeros, migra para o núcleo e se 
liga ao DNA.Ocorre então a repressão de genes específicos 
responsáveis pela síntese de algumas proteínas envolvidas na 
inflamação tais como a COX-2 e citocinas, além de indução da 
sínteses de lipocortina-1 que é importante na retroalimentação e 
como antiinflamatório, pois inibe a fosfolipase A2, que é a 
responsável pela degradação dos fosfolipídeos da membrana 
celular com formação de ácido arquidônico. Esse mecanismo de 
ação promove uma redução na formação das citocinas, 
particularmente aquelas produzidas pelos linfócitos Th2, 
diminuição da ação dos eosinófilos e outras células 
inflamatórias, e formação reduzida de prostaglandinas. 
 
 
 
 
 
Esses fármacos são mais utilizados profilaticamente 
para controlar a asma, em vez de para reverter os sintomas 
agudos da doença. Ao estabelecer a dose ideal do fármaco, 
deve-se ter em mente que o grau máximo de melhora da função 
pulmonar pode ocorrer apenas depois de várias semanas de 
tratamento. 
No entanto, o uso prolongado de corticosteróides, por via 
oral ou em injeção, pode provocar escassa capacidade de cura 
das feridas, desenvolvimento insuficiente do crescimento das 
crianças, perda de cálcio dos ossos, hemorragia no estômago, 
cataratas prematuras, elevadas concentrações de açúcar no 
sangue, fome, aumento de peso e perturbações mentais. Os 
principais efeitos colaterais incluem: rouquidão, candidíase de 
boca ou garganta, além dos já citados para os corticosteróides 
sistêmicos. 
Os corticosteróides por via oral ou injetados (sistêmicos) 
podem ser administrados durante uma ou duas semanas para 
aliviar um ataque grave de asma. 
 Geralmente, prescrevem-se corticosteróides por inalação para 
uso prolongado, dado que esta forma fornece 50 vezes mais 
fármaco aos pulmões do que ao resto do organismo. 
 
 Os corticosteróides por via oral prescrevem-se para um 
tratamento de longa duração somente quando nenhum outro 
tratamento consegue controlar os sintomas. 
 
b) Cromogligato dissódico - Cromolim: 
 O cromoglicato dissódico, parece ser capaz de reduzir a 
liberação de mediadores por sua ação sobre a membrana dos 
mastócitos e basófilos. Trata-se de fármaco de uso profilático 
que não deve ser usado durante as crises. 
 O cromoglicato e o nedocromil inibem a liberação, por 
parte dos mastócitos, de substâncias químicas inflamatórias e 
fazem com que as vias aéreas sejam menos propensas a 
contrair-se. São úteis para prevenir os ataques, mas não para os 
tratar. Estes fármacos são especialmente úteis nas crianças e nos 
doentes que sofrem de asma induzida pelo exercício. São muito 
seguros, mas relativamente caros e devem ser tomados 
regularmente, inclusive quando a pessoa está livre dos sintomas. 
 
Antagonistas dos receptores de leucotrienos: Zafirlukast, 
Prankulast e Montelukast 
 
Esses agentes funcionam, bloqueando a interação dos 
leucotrienos (LTs) com o receptor cis-LT1, bloqueando, assim, 
a resposta do órgão-alvo aos LTs. 
A evidência para o papel dos cisteinil-LTs (LTC4, 
LTD4, e LTE4) na asma é a presença deles no pulmão humano, 
após broncoprovocação e a capacidade de induzir características 
da asma, como broncoespasmo, secreção de muco, transporte de 
muco diminuído, migração de eosinófilos para o pulmão e 
proliferação de músculo liso. Além disso, o desenvolvimento 
dos antagonistas de receptores somou dados sobre o papel 
importante desses mediadores na asma. 
 
Inibidores de síntese de leucotrienos – Zileuton 
 
Uma abordagem também promissora para o tratamento 
de asma é diminuir a formação dos leucotrienos. Os cisteinil-Ts 
são derivados do metabolismo do ácido aracdônico pela 5-
lipoxigenase (5-LO). Várias drogas que inibem a ação da 5-LO 
estão em desenvolvimento e testes, por exemplo ZD-2138 e 
ABT-761. O zileuton está disponível para o uso clínico e é o 
inibidor da 5-LO mais estudado, incluído em vários trabalhos 
clínicos. O tratamento com zileuton proporcionou melhora da 
função pulmonar, redução dos sintomas, redução do uso de b-
agonistas e das exacerbações de asma. 
 
 
 
Referências Bibliográficas 
 
1. RANG, H. P. et al. Farmacologia. 4 edição. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2001; 
2. KATZUNG, B. G. Farmacologia: Básica & Clinica. 9 edição. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2006; 
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4. GOLAN, D. E. et al. Princípios de Farmacologia: A Base Fisiopatológica da Farmacoterapia. 2 edição. Rio de 
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5. FUCHS, F. D.; WANNMACHER, L.; FERREIRA, M. B. C. Farmacologia Clínica. 3 edição. Rio de Janeiro: Guanabara 
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