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TRABALHO EM GRUPO – TG Licenciatura em Artes Visuais Estudos Disciplinares VIII PROFESSORA SONIA BERCITO EDUCAÇÃO PATRIMONIAL: PROPOSTA EDUCACIONAL PARA AS ESCOLAS DA COMUNIDADE DOS FIGUREIROS DE TAUBATÉ SANDRA APARECIDA DOS SANTOS KECEK – 1607212 CAMPOS DO JORDÃO – SP 2017 SANDRA APARECIDA DOS SANTOS KECEK – 1607212 EDUCAÇÃO PATRIMONIAL: PROPOSTA EDUCACIONAL PARA AS ESCOLAS DA COMUNIDADE DOS FIGUREIROS DE TAUBATÉ Trabalho apresentado à Universidade Paulista – UNIP INTERATIVA, referente ao curso de Licenciatura em Artes Visuais, como um dos requisitos para avaliação em Estudos Disciplinares VIII Orientadora: Professora Sonia Bercito CAMPOS DO JORDÃO – SP 2017 SUMÁRIO 1- INTRODUÇÃO....................................................................................................................4 2- OBJETIVOS.........................................................................................................................4 3- EDUCAÇÃO PATRIMONIAL: PROPOSTA EDUCACIONAL PARA AS ESCOLAS DA COMUNIDADE DOS FIGUREIROS DE TAUBATÉ ........................5 3.1- A ARTE DOS FIGUREIROS....................................................................................5 3.2- ATIVIDADES EDUCACIONAIS – INVENTÁRIO E OFICINA DE MODE- LAGEM COM OS FIGUREIROS...........................................................................9 3.2.1- ROTEIRO PARA ORGANIZAÇÃO DAS ATIVIDADES.............................10 4- CONSIDERAÇÕES FINAIS...........................................................................................16 REFERÊNCIAS....................................................................................................................16 4 1- INTRODUÇÃO Patrimônio cultural é o conjunto de manifestações, realizações e representações de um povo, e que está presente em todos os lugares e atividades. Podemos encontrá-lo nas ruas, em nossas casas, em nossas danças e músicas, nas artes, nos museus, nas escolas, nas igrejas e praças, e ainda nos nossos modos de fazer, criar e trabalhar. Está presente nos livros que escrevemos, em nossa poesia, nossas brincadeiras, e em nossas manifestações religiosas. O patrimônio cultural simboliza nossa referência cultural e faz parte de nosso cotidiano, colaborando na formação de nossas identidades e determinando os valores de nossa sociedade. Dentro dessa definição de patrimônio cultural, encontramos na cidade de Taubaté, no Estado de São Paulo, a arte figurativa em barro dos “Figureiros de Taubaté”, que há mais de 150 anos tem sido passada de geração para geração, fazendo parte da cultura dos habitantes da cidade e região, constituindo, assim, um patrimônio imaterial dos saberes e práticas desse povo, que conta muito da história da comunidade onde está inserida. A compreensão sócio histórica das referências culturais da comunidade dos Figureiros de Taubaté, bem como o reconhecimento, e a valorização da prática da arte figurativa local, com suas características e peculiaridades, garante a preservação de um modo de fazer algo representativo de sua identidade, e representa um patrimônio cultural. O presente trabalho apresenta uma proposta educacional voltada à comunidade escolar do bairro Imaculada Conceição, em Taubaté, que busca incrementar o contato dos alunos com a tradição da arte figurativa local, colaborando, assim, na construção coletiva e democrática do conhecimento, pela articulação e diálogo entre os agentes culturais e a participação das comunidades detentoras e produtoras de referências culturais nesse processo. 2- OBJETIVOS Aproximar os alunos de um patrimônio cultural local e promover a construção de conhecimento, através de produções artísticas, pesquisas, reflexões e debates sobre questões culturais que envolvem a sociedade como um todo, bem como dialogar a respeito do patrimônio como um recurso de representação cultural. 5 3- EDUCAÇÃO PATRIMONIAL: PROPOSTA EDUCACIONAL PARA AS ESCOLAS DA COMUNIDADE DOS FIGUREIROS DE TAUBATÉ 3.1- A ARTE DOS FIGUREIROS Taubaté é uma cidade localizada no Vale do Paraíba, Estado de São Paulo. Fundada em 1645 é passagem obrigatória entre São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro. Lá nasceu Monteiro Lobato, em 1882, um dos mais influentes escritores brasileiros do século XX, e, assim como outras cidades da região, possui uma produção artesanal bastante representativa. O barro é uma matéria-prima abundante na região, e por décadas é usado na produção de peças figurativas por artesãos da cidade. A origem dessa arte ainda é controversa, porém registros apontam para uma influência indígena, pela conhecida produção em barro, e portuguesa, pela religiosidade, muito presente ainda nos dias atuais, principalmente na tradição dos presépios. Os frades franciscanos introduziram na cidade o culto ao presépio, atribuído à São Francisco de Assis, que teria feito o primeiro presépio de Natal na Itália. Os moradores da cidade que possuíam recursos, conseguiam importar as peças da Europa, mas os moradores mais pobres aprenderam a fazer suas próprias figuras, tradição que se mantém até os dias de hoje. A tradição dos Figureiros teve início há mais de 150 anos, com o trabalho de D. Maria da Conceição Frutuoso Barbosa, que era faxineira no Convento de Santa Clara, em Taubaté, e se ofereceu para restaurar uma imagem de Nossa Senhora da Imaculada Conceição, que encontrou guardada lá. Para isso buscou no rio Itaim a argila que utilizou para restaurar a imagem. D. Maria da Conceição tomou gosto pelo trabalho e, também com argila, copiou um presépio vindo da Europa. O presépio encantou os membros da Igreja e também a população da cidade. Logo, várias pessoas aprenderam a arte com a restauradora. As peças produzidas pelos artesãos, que são chamados de Figureiros de Taubaté, possuem cores alegres e vivas, especialmente o azul-ultramar. São presépios, representações do divino espírito santo, animais como o burrinho, o carneirinho, o galinho do céu, e o pavão, que é o animal mais presente na coleção e símbolo do artesanato paulista. Também produzem figuras que retratam costumes e profissões diversas, como a cozinheira, a tricoteira, o pescador 6 e o violeiro. Os Figureiros de Taubaté são provavelmente os únicos no Brasil a utilizar esse tom de azul-ultramar em suas peças, que pode mesmo ser considerado como um símbolo dessa produção no contexto do artesanato brasileiro. Outro diferencial são as “chuvas”, como são chamadas as formas em hastes, que conferem espacialidade às peças. Presépios com “chuvas” de pombas Fonte:http://2.bp.blogspot.com/3JFFNvAgSY4/TrRgSZmovtI/AAAAAAAA594/t05S YgovCyo/s400/2.JPG A produção figurativa de Taubaté sempre foi associada ao bairro Imaculada Conceição, e ainda hoje é um dos principais pontos de referência dessa produção. Tal associação se dá pelo fato da maioria dos figureiros morarem ou terem morado ali por muito tempo. Segundo a tradição transmitida pelos atuais figureiros, a maioria dos artesãos são descendentes de uma população rural que, ao migrar para o núcleo urbano, buscou nas figuras uma maneira de reencontrar suas raízes rurais. Atualmente, a maior parte dos figureiros, com idades que variam de 10 a 81 anos, está organizada na Associação Maria da Conceição Frutuoso Barbosa, também conhecida como Casa do Figureiro e localizada no próprio bairro.7 A denominação “figureiro” vem de uma história antiga, que remonta ao início do século XX, e se relaciona à produção de figuras para presépios e do fato de que alguns artesãos faziam apenas as “figurinhas” do presépio. É uma palavra tão folclórica que não existe no dicionário. Antigamente os artesãos do bairro da Imaculada eram chamados de santeiros, porque faziam e consertavam santos, principalmente figuras do presépio. No presépio tinham as figuras de gente e as figuras de bichos, que as pessoas chamavam de figurinhas. Porém, nem todos conseguiam fazer as figuras humanas, como da sagrada família, dos anjos e dos reis magos. Tinham dificuldade para fazer o rosto, o olho, o nariz, o cabelo, a mão. Achavam mais difícil. Aí eles começaram a fazer os bichinhos do presépio porque achavam mais fácil. Faziam as figurinhas do burro, da vaca, do carneiro... Daí veio a denominação “Figureiros de Taubaté”. As manifestações de cultura popular próprias da cidade de Taubaté sofreram pouca influência externa e puderam, ao longo do tempo, sobreviver e perpetuar uma tradição enraizada nos valores religiosos e representações rurais. Nesse grupo de manifestações destaca-se a comunidade dos Figureiros, que segue a tradição religiosa cristã e se mantem graças à devoção dos artistas e do crescimento de um mercado consumidor do seu trabalho, composto por diversas pessoas que conhecem e divulgam a existência desse grupo. Numa definição de Educação Patrimonial, de acordo com publicação do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), considera-se que: “[...] a Educação Patrimonial constitui-se de todos os processos educativos formais e não formais que têm como foco o Patrimônio Cultural, apropriado socialmente como recurso para a compreensão sócio histórica das referências culturais em todas as suas manifestações, a fim de colaborar para seu reconhecimento, sua valorização e preservação. Considera, ainda, que os processos educativos devem primar pela construção coletiva e democrática do conhecimento, por meio do diálogo permanente entre os agentes culturais e sociais e pela participação efetiva das comunidades detentoras e produtoras das referências culturais, onde convivem diversas noções de Patrimônio Cultural. ” (FLORÊNCIO, Sonia et al. Educação patrimonial: histórico, conceitos e processos. 2. ed. rev. ampl. Brasília: Iphan/DAF/Cogedip/Ceduc, 2014, p. 19). A educação patrimonial busca, assim, capacitar o indivíduo para o exercício da cidadania, conhecendo, se apropriando e valorizando a sua cultura, o que o levará a maior compreensão do o meio sócio cultural que está inserido. 8 Segundo HORTA, M. L. P. (1999), A Educação Patrimonial é um instrumento de “alfabetização cultural” que possibilita ao indivíduo fazer a leitura do mundo que o rodeia, levando-o à compreensão do universo sociocultural e da trajetória histórico-temporal, em que está inserido. Este processo leva o reforço da auto estima dos indivíduos e comunidades e à valorização da cultura brasileira, compreendida como múltipla e cultural. A importância de ações que promovam o reconhecimento, a valorização e preservação da arte dos figureiros como patrimônio cultural se justifica pelo sentimento de pertencimento e identidade cultural das pessoas dessa comunidade, que por décadas construíram suas práticas baseadas em seus usos e costumes, sem permitir a descaracterização do seu trabalho, mantendo suas linhas tradicionais através da transmissão dos saberes a todos que queiram aprender a sua técnica. Por outro lado, a arte produzida pelas mãos habilidosas dos figureiros, constitui uma atividade de geração de emprego que contribui para o fortalecimento dos laços geracionais e das tradições comunitárias. Divinos e galinhas d’angolas Fonte:http://2.bp.blogspot.com/e5gQn0ZVImw/TrRgULAwoCI/AAAAAAAA5- A/EPHgXwflqo0/s400/3.JPG 9 Pavão no tradicional tom de azul e “chuvas” de galinhas d’angola Fonte: https://guiadiferencial.com.br/gd/wp-content/uploads/2017/07/Figureiros3.jpg 3.2- ATIVIDADES EDUCACIONAIS – INVENTÁRIO E OFICINA DE MODELA- GEM COM OS FIGUREIROS Sendo a escola um local privilegiado para se trabalhar conceitos de Identidade, memória, temporalidade, patrimônio cultural e cidadania, o uso da Educação Patrimonial por educadores, dentro e fora da sala de aula, vem de encontro a preocupação de se fazer com que a história da comunidade, sua memória e suas lembranças, estejam conectadas de forma mais ampla ao dia-a-dia dos alunos e às atividades escolares. Inserida no tema transversal de pluralidade cultural, prevista nos Planos Curriculares Nacionais (BRASIL, 1997), a Educação Patrimonial deve perpassar o conteúdo, atravessando as temáticas de todas as disciplinas do currículo regular. A proposta de se fazer um Inventário e uma Oficina de Modelagem com os Figureiros é destinada aos alunos do ensino fundamental das escolas pertencentes à comunidade dos Figureiros de Taubaté, unindo, assim, o conhecimento oferecido pelo programa curricular com o conhecimento tradicional da comunidade em questão. Tanto com o inventário, como na oficina, os alunos aprenderão a história, as origens e as técnicas utilizadas pelos figureiros na sua arte figurativa em barro. A atividade poderá ser trabalhada nos diferentes níveis de ensino, adaptando o roteiro sugerido aos diferentes níveis de conhecimentos prévios dos alunos. 10 São atividades de educação patrimonial, e têm como objetivo construir conhecimentos a partir do diálogo entre a escola e a comunidade detentora das referências culturais a serem inventariadas. Além de fazer com que diferentes grupos e gerações se conheçam e compreendam melhor uns aos outros, promovendo o respeito pela diferença e a importância da pluralidade. Segundo GEVEHR, D. L. (2016), A preservação de elementos ligados à identidade étnica, à religiosidade, às línguas e outros tantos elementos culturais – compreendidos como práticas, representações, crenças e lembranças produzidas em sociedade – aparecem como estratégias de manutenção dessas memórias, que procuram se perpetuar, especialmente, nas esferas regionais, onde observamos um movimento cada vez mais crescente que busca dar visibilidade às expressões dos grupos que constituem essas comunidades. A memória e suas utilizações sociais passam a ser compreendidas, também, como estratégias de desenvolvimento da região, na qual a historicidade do lugar – e suas singularidades – passa a ser vista como possibilidade de geração de emprego e renda para seus moradores, na medida em que permitem a atração de visitantes, que buscam conhecer parte das expressões culturais do lugar. Nessa atividade, além do fazer artístico, os alunos poderão fazer um inventário desse patrimônio local, reunindo e organizando informações que o identifiquem, o categorizem e o reconheçam como tal. Ampliando, assim, o conhecimento do seu passado histórico, abrindo os seus horizontes para as noções de pertencimento, identidade, temporalidade e inserção no contexto histórico local. Através do conhecimento da história local e da educação patrimonial o aluno pode se reconhecer como um cidadão atuante e transformador da sociedade, participante da (re)criação de bens culturais da coletividade. 3.2.1- ROTEIRO PARA ORGANIZAÇÃO DAS ATIVIDADES A proposta educacional poderá ser desenvolvida de modo interdisciplinar, contemplando as disciplinas de Artes, História, Geografia e Língua Portuguesa, pois tais disciplinas possuem conteúdos que podem ser trabalhados dentro dos conceitos da EducaçãoPatrimonial. As atividades podem ser desenvolvidas por todos os níveis de ensino, desde que sejam considerados os conhecimentos prévios dos alunos. 11 É importante que antes da realização da oficina sejam trabalhados os conteúdos relacionados com o tema do patrimônio escolhido, no caso a arte figurativa em barro dos figureiros de Taubaté. Pesquisas, leituras de textos e imagens, conversas e entrevistas podem ser usadas no desenvolvimento do trabalho. Os alunos devem aprender que: • O patrimônio cultural dos Figureiros de Taubaté faz parte de um conjunto de bens culturais que estão muito presentes na história da comunidade, que foram transmitidos entre várias gerações. É um bem cultural que liga as pessoas aos seus pais, aos seus avós e àqueles que viveram muito tempo antes delas. É um saber que se quer transmitir às próximas gerações; • É um patrimônio cultural que tem importância para muita gente, não só para um indivíduo ou uma família. É algo coletivo que faz parte da vida das pessoas de uma maneira tão profunda, que algumas vezes elas não conseguem nem mesmo dizer o quanto ele é importante e por quê. Mas caso elas o perdessem, sentiriam sua falta. • Dentro de uma classificação de bens culturais, a arte dos Figureiros de Taubaté está inserida na categoria dos Modos de Fazer e Saberes, que são formas próprias de produzir algum bem ou realizar algum serviço, como a receita de uma comida típica, ou uma técnica especial utilizada para fazer um objeto. Alguns saberes e práticas explicam muito da história de uma comunidade. Algumas práticas estão presentes em muitos lugares, mas se desenvolvem de maneira diferente em cada um. Informações que devem ser reunidas e organizadas para se fazer um inventário da arte dos Figureiros: • O nome mais comum e outros nomes pelos quais o saber é conhecido; • O que é o saber: a descrição da prática; • Etapas: se há e quais são as etapas associadas ao saber. Os saberes geralmente se constituem de processos com diferentes etapas. Listar e explicar as etapas; • Pessoas envolvidas: quais pessoas estão envolvidas com o saber; • Materiais: quais são os materiais necessários para este saber; • Modos de fazer ou técnicas: • Identificação e descrição dos jeitos de fazer que compõem o saber. Quase sempre um saber possui várias técnicas específicas desenvolvidas durante muitas gerações por 12 pessoas diferentes e que constituem o repertório tradicional dos modos de fazer as coisas; • Produtos e suas principais características: Identificação dos principais produtos resultantes do saber; • Roupas e acessórios: vestimentas e acessórios específicos associados ao saber. Quais são, para que servem e quais são as pessoas que os usam; • Expressões corporais e orais: danças e encenações, músicas, cânticos, orações e outras formas de expressões orais e corporais próprios do saber. • Objetos importantes: ferramentas, instrumentos utilizados e objetos necessários ao saber. Um saber geralmente depende de um conjunto de ferramentas e instrumentos específicos. Eles podem ser objetos antigos, que estão presentes neste saber há vários anos, podem ser refeitos a cada ano de uma maneira especial. Diga quem os utiliza, em que momento eles aparecem e o que significam; • Estrutura e recursos necessários: quais são as estruturas e os recursos necessários para o saber. Para que o saber continue existindo, geralmente vários materiais e recursos são necessários. Às vezes são matérias primas; às vezes, recursos financeiros. Saber se há necessidade de apoio institucional ou de uma articulação entre várias pessoas para viabilizar a existência desse saber; • Localização do saber: onde ele ocorre e como é esse local. Se há algum motivo especial para que o saber ocorra ali. Se há mais de um local onde ocorre o saber, quais e como são eles. • A história do saber: as origens e transformações do saber ao longo do tempo. Informações sobre o saber desde antigamente até os dias de hoje, as diferentes versões sobre suas origens desde quando ele acontece no território pesquisado. Pessoas, grupos e acontecimentos relacionados a ele. As transformações ao longo do tempo e como ocorreram; • Significados: quais os significados e funções que o saber tem para a comunidade. Esta descrição é um item importante no inventário, pois trará os motivos pelos quais o saber foi identificado como relevante. Um saber pode ter diversos significados para diferentes grupos ou pessoas. Alguns podem estar explícitos, outros podem ser menos claros, porém é importante descobrir e interpretar esses significados. Os alunos irão conhecer os motivos pelos quais as pessoas guardam e transmitem os seus saberes de uma certa maneira e porque os julgam importantes. Por isso é importante ouvir os “causos” e 13 narrações das pessoas. Se verifica por meio dessas histórias como o saber pode ter diferentes sentidos. Por exemplo: “apesar de ter uma função prática de decoração, os artesanatos também demonstram o cotidiano das pessoas do lugar”; • Períodos importantes: descobrir os momentos ou datas importantes associadas ao saber. Se há datas ou épocas importantes associadas ao saber. Pode ser que alguma ação decorrente do saber só possa acontecer em algum período específico. Outras vezes, o saber é utilizado sempre, sem se vincular a nenhuma data importante. É preciso saber, também, qual é a duração das práticas vinculadas ao saber: se horas, dias ou um período maior, que envolva vários processos ou etapas; • Transmissão do saber: descobrir como se aprende e se ensina esse saber. O saber, por ser um conjunto de conhecimentos, depende das pessoas para continuar existindo. É preciso que sempre haja indivíduos ou grupos que aprendam as técnicas e desenvolvam as habilidades necessárias para que esse bem cultural se mantenha vivo. É importante compreender como o saber continua existindo e se permanecerá para as futuras gerações. Por exemplo: “não há escolas ou cursos sobre essa forma de construção. Ela é aprendida na prática quando o aprendiz ajuda e observa o mestre”; “as artesãs aprendiam com suas mães e avós, mas hoje em dia se organizam em associações que promovem cursos onde se ensinam as técnicas tradicionais e se aprendem novas técnicas”. Os alunos podem produzir um “Livro dos Figureiros”, com fotos, textos, entrevistas e todas as informações coletadas durante a atividade. Ter um bem cultural documentado pode servir como fonte para pesquisas, como referências do passado para se entender melhor o presente e desenhar o futuro. As atividades realizadas durante a Oficina de Arte com os Figureiros também devem fazer parte do livro. Orientações para realização da Oficina de Modelagem com os Figureiros Boa parte dos figureiros de Taubaté está organizada na Associação Maria da Conceição Frutuoso Barbosa, A Casa do Figureiro, localizada na Rua dos Girassóis, 60 - no Bairro 14 Imaculada Conceição. A associação se propõe a ensinar sua técnica de modelagem em barro a todos os interessados. Para a realização da oficina a escola precisa: • Entrar em contato com a associação para combinar os detalhes da oficina e iniciar o planejamento conjunto das atividades. Para um maior aproveitamento da atividade pelos alunos, é mais interessante que a oficina seja realizada na própria associação; • Listar os equipamentos de registro necessários para a saída a campo: máquina fotográfica, gravador, filmadora etc. • Verificar as permissões necessárias para realização da atividade; • Planejar o deslocamento até a associação; • Prever medidas e atitudes para garantir a segurança dos alunosfora da escola; • Estabelecer o tempo disponível para a realização do trabalho; • Verificar a necessidade de aquisição de material específico para realização da oficina, como barro, tintas, espátulas, etc. • Orientar os alunos antes e durante a oficina para que as atividades ocorram com disciplina e aproveitamento. Aula de modelagem
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