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Cidadania UN02

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CidadaniaCidad
U2
Objetivo do estudo
Esperamos que ao final do estudo dessa unidade você seja capaz de assimilar 
questões étnico-raciais, assim como compreender suas características histórico 
culturais, o conceito de raça, os critérios adotados e principalmente aqueles que se 
baseiam na cor da pele como fundamento para a as diferenças existentes. 
Apresentação
Questões étnico-raciais
 “Comunidades negras, indígenas, quilombolas, ciganos e 
ribeirinhos, são comunidades étnicas que, somente a partir 
das últimas décadas, passaram a ser tratadas pelo Estado 
brasileiro, não como inimigo dentro do próprio território nacional, 
nem numa perspectiva de isolamento e marginalização, 
mas como sujeitos de direitos constitucionais e símbolos da 
resistência aos regimes escravocratas e às ideologias racistas 
que marcam a nossa história. “ (PASSOS, 2013)
Como levar a sociedade a valorizar e a respeitar o direito à cidadania de cada 
um dos povos formadores da nossa sociedade?
Conhecemos as origens dos povos que formam a sociedade brasileira? 
Porque as influências das origens desses povos devem ser conhecidas 
e reconhecidas por todos? 
Assim, o estudo da história e da cultura afro-brasileira em todos os níveis de ensino, 
começando pela escola básica, é fundamental para a formação de cidadãos que 
respeitam as diferenças e lutam por sua afirmação cultural.
Questões 
étnico-raciais
raça
2
Questões étnico-raciais Cidadania | UNISUAM 
Questões 
étnico-raciais
2
Para se aprofundar mais sobre o tema leia o texto 
de referência.
textoUNESCO.PDF
aprofundando
T1 Relações étnico-raciais e cidadania: a matriz Afro-brasileira
Afi nal, que povo é esse?
Como abordar as relações entre raças e etnias em um país de formação tão múltipla como 
o Brasil? Antes, é preciso entender: 
Usando conceitos: Raças, Etnias e Racismo
Usando conceitos: Raças, Etnias 
e Racismo 
Raça – Um conceito biológico
Conjunto de indivíduos que tem a mesma cor da pele. 
Esse conceito começa a se fi rmar no século XV, quando os 
europeus entraram em contato com outros povos: índios, 
negros etc. Esses povos seriam iguais aos europeus? Não, 
eram de uma raça diferente. 
Os europeus não atribuíam humanidade a esses povos e a 
forma de adquirirem essa humanidade seria a conversão ao 
cristianismo. Assim, a escravidão se justifi caria, como forma 
de converter índios e negros ao cristianismo e dar a essas 
raças a “humanidade” europeia.
Esse conceito de raça adota critérios que não se pode 
demonstrar, são critérios que se baseiam principalmente na 
cor da pele como fundamento para a as diferenças existentes. 
3
Questões étnico-raciais Cidadania | UNISUAM
As diferenças 
percebidas 
entre “nós”
e os “outros”
Com o iluminismo, surge outra perspectiva que diz que através da razão explicar essas 
diferenças: São raças como nós, mas diferentes pela cor da pele. 
No século XX a genética começa a estabelecer critérios e marcadores genéticos. Em seguida 
estabelece a comparação de patrimônios genéticos. 
Finalmente cruzando os critérios genéticos existentes, descobrem que a diversidade humana 
não pode ser classifi cada em raças. Não há portanto, a existência de raças, mas uma raça 
humana. 
Raça – Um conceito político-ideológico
Esse conceito é determinado pelas relações de poder que se formam nas sociedades e culturas. 
O conceito de raça atualmente deixou de ser biológico e passou a ser histórico, político e social. 
O preconceito se justifi ca pelas diferenças, que mesmo quando não existem naturalmente, 
são inventadas para difi cultar o acesso dos diferentes aos espaços. 
As diferenças percebidas entre “nós” e os “outros” constituem o ponto de partida para a 
formação de diversos tipos de preconceitos, de práticas de discriminação e de construção 
das ideologias delas decorrentes 
O mesmo olhar que inventa o outro, estereotipando-o, é capaz de fazê-lo desapercebido, 
inviabilizado e negado. Por séculos, transformadas em “o outro”, estigmatizadas e 
sistematicamente destituídas de seus direitos. 
Etnia – Um conceito 
Uma etnia é um conjunto de indivíduos que possuem em comum um ancestral, um território 
geográfi co, uma língua, uma história, uma religião e uma cultura.
Etnocentrismo: Colocando-se numa posição etnocêntrica, seus membros desenvolvem 
preconceitos étnicos ou culturais quando manifestam tendência em valorizar sua cultura, visão 
do mundo, religião etc. e em menosprezar as de outras etnias que consideram inferiores. 
É o que chamamos de etnicismo, que está na base do nepotismo africano que as mídias 
chamam de tribalismo.
4
Questões étnico-raciais Cidadania | UNISUAM 
https://www.youtube.com/watch?v=L5Qn3OJk_Z4
Música : ETNIA Chico Science
https://www.youtube.com/watch?v=1o4koOMZBnE
http://www.vagalume.com.br/chico-science-
nacao-zumbi/etnia.html
aprofundando
Racismo - Um conceito 
O racismo é uma ideologia que se realiza nas relações 
entre pessoas e grupos, no desenho e desenvolvimento das 
políticas públicas, nas estruturas de governo e nas formas de 
organização dos Estados. Ou seja, trata-se de um fenômeno 
de abrangência ampla e complexa que penetra e participa 
da cultura, da política e da ética. 
Para isso, requisita uma série de instrumentos capazes 
de mover os processos em favor de seus interesses e 
necessidades de continuidade, mantendo e perpetuando 
privilégios e hegemonias. 
Por sua ampla e complexa atuação, o racismo deve ser 
reconhecido também como um sistema, uma vez que se 
organiza e se desenvolve através de estruturas, políticas, 
práticas e normas capazes de defi nir oportunidades e valores 
para pessoas e populações a partir de sua aparência, atuando 
em diferentes níveis: pessoal, interpessoal e institucional.
Aprofundando o conceito e 
refl etindo
Se a ciência já abandonou a teoria da 
divisão de raças humanas, então onde está 
o problema?
Os estudos mostram que o conceito de raça não tem mais um 
fundamento biológico e que as ciências sociais o utiliza como 
uma construção teórica utilizada para fazer uma melhor 
análise de um sistema social. No entanto, não se pode 
afi rmar, por isso, que essa utilização deste conceito pelas 
ciências sociais tem uma intenção da divisão das raças.
Logo, se percebe que o problema que atinge a sociedade é o 
racismo que no século XXI, se consolida independentemente 
do conceito da raça, as suas bases estão em diferenças 
de caráter histórico e culturais e não necessariamente 
biológicos ou raciais. Não basta, então, tentar suprimir a 
palavra (raças), quando o racismo se expande e fortalece 
através do acirramento das diferenças históricas e culturais 
e da própria negação da sua existência, através do mito da 
democracia racial, particularmente difundido no Brasil.
Relações étnico-raciais e o negro na formação 
da sociedade brasileira
 Já sabemos que o Brasil é um país de imensas desigualdades 
sociais, desigualdades que se estendem a diversos setores 
e que tem como principais vítimas, aqueles grupos que 
historicamente foram excluídos da sociedade. 
São formas de exclusão que atingem às regiões específi cas 
do país, como norte e nordeste, aos gêneros e os grupos 
étnicos raciais.
5
Questões étnico-raciais Cidadania | UNISUAM
Mas onde estão as origens das desigualdades?
Essas desigualdades possuem fortes raízes, porque foram sendo construídas ao longo da 
formação histórica da sociedade brasileira. Hoje elas fazem parte dos processos sociais, 
econômicos, culturais. 
Segundo Nascimento (2014) a formação da sociedade brasileira é, historicamente por 
preconceitos, discriminações e relações assimétricas entre gêneros, raças e culturas, além 
da divisão social em classes, típica das relações de capital. O país, que teve uma economia 
fortemente baseada no trabalho escravo ainda mantém os traços dessaformação, o que se 
traduz nas desigualdades que ainda recaem sobre o povo negro. 
Assim, vale a pena percorremos os caminhos dessa desigualdade, retomando um pouco da 
história da formação da sociedade brasileira.
RACISMO NÃO É LEGAL: Veja o que dizem as leis
Um Histórico das Leis Antirracistas
Aqui está uma síntese das normas que tratam da questão do racismo. Esta síntese inclui 
artigos constitucionais, decretos, tratados internacionais e outras leis alteradas pelo Estatuto 
da Igualdade Racial.
Código Penal - Decreto-lei nº 2.848, de 7 de Dezembro de 1940
TITULO IX
DOS CRIMES CONTRA A PAZ PUBLICA
Incitação ao crime
Art. 286 - Incitar, publicamente, a prática de crime:
Pena - detenção, de três a seis meses, ou multa.
Apologia de crime ou criminoso
Artigo 140, § 3º do Código Penal Brasileiro
§ 3o Se a injúria consiste na utilização de elementos referentes a raça, cor, etnia, religião, 
origem ou a condição de pessoa idosa ou portadora de defi ciência: (Redação dada pela Lei 
nº 10.741, de 2003) Pena - reclusão de um a três anos e multa. (Incluído pela Lei nº 9.459, 
de 1997).
Lei nº 2.889, de 1º de Outubro de 1956
A referida lei tipifi ca em seu artigo 1º:
- como homicídio qualifi cado os casos em que haja intenção de matar grupo nacional, étnico, 
racial ou religioso (pena de 12 a 30 anos de reclusão);
- como crime de lesão corporal os casos em que haja intenção de causar lesão grave à 
integridade física ou mental (pena de detenção, de três meses a um ano).
O artigo 3º trata dos casos de incitação direta e pública aos crimes prescritos no artigo 1º, 
que se referem aos casos em que haja intenção de destruir, no todo ou em parte, grupo 
nacional, étnico, racial ou religioso. 
Decreto nº 65.810, de 8 de Dezembro de 1969
Convenção Internacional Sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial 
(1968)
Na Convenção Internacional Sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial, 
o Brasil comprometeu-se a promover políticas que eliminem todas as formas de discriminação 
racial por meio de ações como: garantia de igualdade de todos os indivíduos perante a lei; 
elaboração de leis que declarassem atos de discriminação delitos puníveis; e favorecimento 
a organizações e movimentos multirraciais.
6
Questões étnico-raciais Cidadania | UNISUAM 
Constituição da República Federativa do Brasil - 1988
Artigo 3º, inciso IV: 
Este artigo estabelece como objetivo fundamental da República: “IV - promover o bem de 
todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de 
discriminação.”.
Artigo 4°, inciso VIII:
O inciso VII do artigo 4º defi ne que as relações internacionais brasileiras regem-se pelo 
“VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo;”
Artigo 5º, XLII, prática do racismo transformada em crime inafi ançável e imprescritível, sujeito 
à pena de reclusão.
Lei nº 7.716, de 5 de Janeiro de 1989 
Trabalho: A lei defi ne os crimes de preconceito de raça e cor e estabelece penas para os 
casos que envolvem discriminação em ambientes de trabalho públicos e privados, para 
casos em que a pessoa tenha o emprego negado, seja impedida de ter acesso a cargos de 
administração direta, sofra tratamento diferenciado, seja impedida de prestar serviço militar.
Acesso a meios de transporte e locais públicos: A lei estabelece pena de 1 a 5 anos para os 
casos em que a pessoa seja impedida de ter acesso a transportes públicos e locais públicos 
como restaurantes, clubes, estabelecimentos desportivos, edifícios públicos, edifícios públicos 
ou residenciais, elevadores e escadas e instituições de ensino.
Práticas de incitação à discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou 
procedência nacional: A lei estabelece punições para a fabricação, comercialização, 
distribuição ou veiculação de símbolos, emblemas, ornamentos, distintivos ou propaganda.
Lei nº 8.072, de 25 de Julho de 1990
A Lei nº 8.072, de 25 de julho de 1990 dispõe dos crimes hediondos e considera:
“também hediondo o crime de genocídio previsto nos arts. 1º, 2º e 3º da Lei no 2.889, de 1o 
de outubro de 1956, tentado ou consumado.”
Decreto nº 592, de 6 de Julho de 1992
Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos
Artigo 2º:
O artigo trata do comprometimento dos Estados que assinaram o pacto em garantir os 
direitos presentes neste documento sem que haja discriminação de “raça, cor, sexo. língua, 
religião, opinião política ou de outra natureza, origem nacional ou social, situação econômica, 
nascimento ou qualquer condição”.
Garante ainda que todas as pessoas que tenham tido seus direitos e liberdades violados 
entrem com recurso judicial para questionar a violação destes direitos.
Artigo 26º:
“Todas as pessoas são iguais perante a lei e têm direito, sem discriminação alguma, a igual 
proteção da Lei. A este respeito, a lei deverá proibir qualquer forma de discriminação e garantir 
a todas as pessoas proteção igual e efi caz contra qualquer discriminação por motivo de raça, 
cor, sexo, língua, religião, opinião política ou de outra natureza, origem nacional ou social, 
situação econômica, nascimento ou qualquer outra situação.”
Decreto nº 678, de 6 de Novembro de 1992
Convenção americana sobre Direitos Humanos
Artigo 5º:
Trata do direito de integridade física, psíquica e moral e dos casos em que os Estados que 
tenham pena de morte podem aplica-la.
Artigo 24:
“Todas as pessoas são iguais perante a lei. Por conseguinte, têm direito, sem discriminação, 
a igual proteção da lei. ”
RACISMO 
NÃO É 
LEGAL
RA
CI
SM
O 
NÃ
O 
É L
EG
AL
7
Questões étnico-raciais Cidadania | UNISUAM
Lei nº 10.446, de 8 de Maio de 2002
O artigo 1º determina que, quando houver repercussão interestadual ou internacional, o 
Departamento de Polícia Federal do Ministério da Justiça poderá investigar os casos de 
infrações penai de violação dos direitos humanos “que a República Federativa do Brasil se 
comprometeu a reprimir em decorrência de tratados internacionais de que seja parte”.
Estatuto da Igualdade Racial (Lei Federal no 12.288, de 29 de julho de 2010)
Enfrentamento das desigualdades étnicas (raciais) nas áreas da educação, segurança, cultura, 
trabalho, esporte e lazer, saúde, moradia, meios de comunicação de massa, fi nanciamentos 
públicos, acesso à terra, à Justiça.
Leis 10.639 (09 de janeiro de 2003) e 11.645 (10 de março de 2008),
Educação e cultura que alteraram a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
Fonte: http://gemaa.iesp.uerj.br/dados/legislacao-anti-racista.html
T2 Refazendo os passos das desigualdades na formação da sociedade brasileira
O pós-abolição e a condição do negro
A abolição da escravatura no Brasil esteve longe de atender aos interesses da população 
escrava. Exatamente por isso, o Brasil foi o último país a abolir a escravidão e o fez apenas 
para atender aos interesses das elites regionais da época. Além das questões políticas as 
quais essas elites estavam ligadas, como independência 
nacional, apoio à monarquia, etc, a mão de obra escrava já 
vinha sendo reduzida como efeito de diversas leis anteriores 
à Lei Aurea. 
Todo esse contexto político, social e econômico colaborou 
para um esvaziamento da utilização efetiva do trabalho 
escravo, reduzindo signifi cativamente essa mão de obra no 
ano da abolição. 
à Lei Aurea. à Lei Aurea. 
Todo esse contexto político, social e econômico colaborou Todo esse contexto político, social e econômico colaborou 
para um esvaziamento da utilização efetiva do trabalho para um esvaziamento da utilização efetiva do trabalho 
escravo, reduzindo signifi cativamente essa mão de obra no escravo, reduzindo signifi cativamente essa mão de obra no 
ano da abolição. ano da abolição. 
Não precisamos mais dos negros
Música A mão da Limpeza de Gilberto Gil 
https://www.youtube.com/watch?v=tzFxd4gxbpQ
http://letras.mus.br/gilberto-gil/574045/aprofundando
“mesmo depois de abolida a escravidão, 
negra é a mão, nos preparando a 
mesa...” (Música de Gilberto Gil) 
8
Questões étnico-raciais Cidadania | UNISUAM 
No Brasil pós-abolição a sociedade fundamentou suas bases em pressupostos racistas 
que impediram a população negra de ter acesso à educação, saúde, emprego, moradia. A 
libertação formal do negro não foi acompanhada de uma politica de distribuição de terras e 
apoio efetivo para seu ingresso na sociedade.
Largados à própria sorte 
“Em que pesem alguns episódios específicos, a base fundamental 
da campanha abolicionista movida por setores da elite econômica 
dos anos 1880 estava longe de ser um humanitarismo solidário aos 
negros, ou a busca de reformas sociais democratizantes. Isso tornou-se 
evidente com o passar dos anos, apesar de um discurso contraditório 
de setores das classes dominantes, simpáticos à libertação. Havia, por 
exemplo, o caso do projeto abolicionista de Joaquim Nabuco. Rejeitado 
pela Câmara dos Deputados, em fins de 1880, o texto manifestava 
alguma preocupação social. Seu artigo 49 definia: Serão estabelecidas 
nas cidades e vilas aulas primárias para os escravos. Os senhores de 
fazendas e engenhos são obrigados a mandar ensinar a ler, escrever, 
e os princípios de moralidade aos escravos”.
(MARINGONI, 2011 http://www.ipea.gov.br/desafios/index.
php?option=com_content&id=2673%3Acatid%3D28&Itemid=23 (IPEA) 
Assim, podemos dizer que o Estado deixou de cumprir o seu papel quando relegou o negro 
à condição de excluídos da sociedade. Na verdade não havia espaço para os ex-escravos 
e seus descendentes. As novas condições sociais e econômicas contemplam e amparam 
apenas os ex-donos de escravos, que podem contar com subsídios financeiros e toda uma 
estrutura que reorganiza a vida social, política e econômica.
Eles lutam sem armas 
“Florestan Fernandes, (2007) enfatiza que os efeitos pós-abolição foram 
extremamente diferentes para os ex-escravos e seus descendentes 
e os que exploravam o trabalho escravo no âmbito rural ou urbano: 
enquanto os primeiros precisaram lutar, sem armas disponíveis, dentro 
de uma nova lógica, onde existiam obstáculos como a abundância de 
mão-de-obra, os segundos contavam com compensações através da 
política de subsídio oficial da imigração, medidas de amparo financeiro 
e – importantíssimo observar, já que sua manutenção é uma realidade 
até os dias atuais.” (apud MORAES, 2013).
Os passos das desigualdades seguem 
Já vimos que a desigualdade social no Brasil teve suas origens no processo de colonização 
e portanto são históricas. O imaginário racista que prevaleceu durante na formação da 
sociedade brasileira se mantem até os dias atuais. 
A desigualdade não é apenas econômica 
Tão nítido quanto a desigual distribuição de riqueza e renda na sociedade brasileira são 
as visíveis práticas de segregação e discriminação que as regras de funcionamento de 
instituições públicas e privadas conferem a pessoas e grupos sociais considerados inferiores. 
Assim, a condição de negro morador de periferia ou favela, impõe a esses grupos um 
tratamento desigual e inferior por parte do poder e dos valores instituídos. Para tanto, são 
criados critérios subjetivos de seleção calcados em barreiras sociais e raciais que impõem 
obstáculos ao acesso desses grupos aos direitos e oportunidades.
9
Questões étnico-raciais Cidadania | UNISUAM
E como resultado: o Racismo dos nossos dias
Agora podemos retomar o conceito inicial de Raças, Etnias e Racismo e percebemosque as 
desigualdades se dão em vários níveis: econômicos, de gêneros, de cor, etc. 
Aqui, as relações sociais, baseadas no Racismo - que se baseia na crença da superioridade 
de algumas raças, e inferioridade de outras, notadamente os negros e índios - é o que 
determina os preconceitos e discriminações e submetem certos grupos a constrangimentos 
e inferioridades. 
O preconceito racial e a discriminação não ficaram no passado escravista, estão presentes 
nas práticas sócias e institucionais, que seguem segregando e impedindo o acesso desses 
grupos a espaços que lhes confiram alguma visibilidade.
as desigualdades se dão em vários níveis
10
Questões étnico-raciais Cidadania | UNISUAM 
O mito e o erro da democracia racial no Brasil
Como entender o nosso racismo? 
No Brasil ainda se tem muita de dificuldade para entender e decodificar as manifestações 
do nosso racismo, por causa de suas peculiaridades, que o diferenciam das outras 
formas de manifestações de racismo. A sociedade brasileira não se assume racista e 
essa crença do “não somos racistas” se traduz em uma determinação para a negação 
das práticas racistas. 
O Sociólogo e Antropólogo Gilberto Freyre, defendeu em seus inúmeros livros a chamada 
Democracia Racial brasileira. Com ele teria surgido a ideia de que no Brasil não há racismo, 
seguindo os passos de Freyre, muitos estudiosos adotaram e repetiram esse “mito” ao longo 
do século XX. Dentre os expressivos livros que tratam do tema está a obra Casa Grande 
e Senzala, obra que faz um estudo sobre a constituição da nossa sociedade, mostrando os 
benefícios da mestiçagem e proclamando a existência de uma harmonia no quesito racial. 
Para Freyre, o tão chamado “elemento português” não possuía preconceito de raça e os 
conflitos eram apenas de ordem religiosa. Havia, portanto, uma convivência pacífica, até 
porque o português era aberto para a miscibilidade.
Aqui cabe uma critica ao pensamento de Freyre, e para isso precisamos questionar sobre 
a possibilidade de harmonia em um sistema que nega a humanidade de um dos setores da 
sociedade, partindo do pressuposto de que a situação de desvantagem da população negra 
em todos os índices socioeconômicos é resultado, apenas, do passado escravocrata que 
posicionou os negros na camada social destituída de direitos. 
Ainda, para contribuir com a disseminação do mito da democracia racial, tendemos a pensar 
a questão da raça, em termos exclusivamente sociais, deixando de lado outros parâmetros, 
como o racial, propriamente dito. Todo povo tem uma forma específica de imaginar sua 
comunidade e construir um sentimento de pertencimento a este grupo. No caso do Brasil, 
forjado e alimentado o entendimento de uma comunidade que vive a tranquilidade da 
democracia racial.
Desfazendo o mito
A existência de racismo, de discriminações 
baseadas na cor da pele ou na origem 
étnica dos indivíduos foi formalmente 
reconhecida pelo governo brasileiro 
nos anos 90. Esta violação aos direitos 
humanos torna-se ainda mais grave 
quando constatamos a magnitude da 
população brasileira que está sujeita, 
cotidianamente, a agressões, humilhações 
e outros tipos de violências baseadas na 
sua cor ou raça. 
11
Questões étnico-raciais Cidadania | UNISUAM
Para saber mais sobre o assunto acesso 
ao texto de referência Brasil Dados Das 
Desigualdades Genêro Raça. Disponível em:
ht tp: / /www.p lana l to .gov.br /seppi r /
pesquisas_indicadores/raca/presskit/
unifem.pdf
TEXTO REFERENCIA: Racaepobreza.pdf
Saiba mAIS
O que os dados nos apontam é que, em 2003, de um país de aproximadamente 174 milhões 
de brasileiros, 82 milhões, ou 47%, são pessoas pretas ou pardas, as brancas representam 
52%, as amarelas 4% e os indígenas 2%. Isso signifi ca que quase metade da população 
brasileira é potencialmente vítima das discriminações raciais e sofre com as desigualdades 
– educacionais, no mercado de trabalho, no acesso a bens e serviços. 
Desta população negra, aproximadamente a metade é composta de mulheres, o que 
corresponde a quase 27% da população brasileira. São estas que sofrem com o fenômeno 
da dupla discriminação, ou seja, estão sujeitas a “múltiplas formas de discriminação social 
(...), em conseqüência da conjugação perversa do racismo e do sexismo, as quais resultam 
em uma espécie de asfi xia socialcom desdobramentos negativos sobre todas as dimensões 
da vida”1. 
As discriminações de gênero e raça não são fenômenos mutuamente exclusivos, mas, ao 
contrário, são fenômenos que interagem, sendo a discriminação racial freqüentemente 
marcada pelo gênero, o que signifi ca, portanto, que as mulheres tendem a experimentar 
discriminações e outros abusos de direitos humanos de forma diferente dos homens. 
É interessante notar, também, que a população negra tem uma 
menor expectativa de vida ao nascer. Dados do IBGE apontam 
que, enquanto os brancos têm uma esperança de vida de 71 anos 
ao nascer, esse valor cai para 66 no caso dos negros, distância 
esta que se ampliou entre 1980 e 2000. Cruzando essa análise 
com o sexo dos indivíduos, e considerando-se que mulheres 
têm maior esperança de vida do que homens, chegamos a um 
ranking, onde encontramos que mulheres brancas, em 2000, 
esperavam viver 73,8 anos quando nasciam, mulheres negras, 
69,5, homens brancos, 68,2 e homens negros, 63,2. Fica claro, 
portanto, que quando tratamos de esperança de vida, os grandes 
penalizados são os negros e, particularmente, os homens negros.
Tal fenômeno está relacionado, dentre outros fatores, ao menor acesso a bens e serviços 
de saúde, a educação, a uma maior incidência da pobreza e indigência – que leva a uma 
menor presença de infraestrutura adequada em seus domicílios, como abastecimento de 
água, esgoto, etc - e à maior mortalidade por causas externas (homicídios, acidentes) a que 
estão sujeitos.
Ano 2009 2010 2011 2012 (até julho)
Ocorrências 210 175 353 522
Crimes de racismo/preconceito/discriminação/injúria qualifi cada racial
Disfarçando o racismo
“Parece ser politicamente correto tratar o afrodescendente como ‘moreno’. 
Este eufemismo, fortemente enraizado na cultura brasileira, é um recurso 
simbólico de fuga da realidade em que a discriminação impera. 
Assim, os aspectos étnicos-raciais são escamoteados pela maioria 
das pessoas que procuram elementos de identifi cação em símbolos 
do grupo social e economicamente dominante”. (MORAES, 2013)
12
Questões étnico-raciais Cidadania | UNISUAM 
soma de “pretos” 
e “pardos”) 
somam 50,75%.
Os dados comprovam o que até aqui exposto. 
Para se aprofundar no tema não deixe de 
ler a reportagem O racismo em números. 
Disponível em:
http://www.cartacapital.com.br/revista/767/
o-racismo-em-numeros-6063.html
música de Caetano Veloso: Haiti 
Música Caetano Veloso
 
http://letras.mus.br/caetano-veloso/44730/
h t t p s : / / w w w . y o u t u b e . c o m /
watch?v=nSJHrHrBkPI
leitura obrigatória
O que resta? 
Resta a esses grupos: INVISIBILIDADE, DESRESPEITO, 
VIOLÊNCIA e POBREZA
Os Dados Da Questão Racial No 
Brasil
Cotas Raciais 
Segundo o Censo Demográfi co de 2010, pela primeira vez 
o Brasil deixou de ser um país majoritariamente branco. Os 
negros (soma de “pretos” e “pardos”) somam 50,75%. Essa 
representação, contudo, não se espelha da forma igualitária 
em toda a sociedade.
As desigualdades de escolarização entre brancos e negros, 
por exemplo, têm caído muito lentamente, sobretudo no 
ensino superior. A expansão das faculdades particulares, 
junto com políticas como o ProUni, favoreceu a presença de 
negros nesse nível de ensino. No entanto, apenas 26,2% dos 
estudantes do ensino superior são negros, como podemos 
notar na fi gura abaixo.
Dis t r ibu ição dos/as estudantes 
brasileiros/as do ensino superior, por 
sexo e cor/raça, de todas as idades. 
(Fonte: PNAD 2003 e 2009, extraído de 
Rosemberg & Madsen, 2011)
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As cotas raciais apresentam-se como uma possível medida a fi m de equiparar, em parte, 
essas históricas desigualdades. 
É sabido que a condição desfavorecida da população negra remete ao passado escravagista, 
mas não basta apenas reafi rmar essa óbvia constatação, como também cobrar que o Estado 
se responsabilize pela situação de exploração da força de trabalho negra, assim como pela 
negligência, de fundo racista, que se seguiu pelas décadas posteriores ao abolicionismo.
É essencial que fi que claro que a inexistência de uma “raça biológica” não elimina a 
possibilidade de um racismo, de origem social. 
FONTE:https://ensaiosdegenero.wordpress.com/category/raca-cor-etnia/page/2/
A Cor da Violência – Mapa da violência no País 
“Diante do Dia – e da Semana – da Consciência Negra de 2012, e do lançamento concomitante, 
por parte do Governo Federal, do Plano Nacional de Prevenção à Violência contra a Juventude 
Negra, visando diminuir o índice de homicídios que atingem os jovens negros do País, julgamos 
necessário elaborar um novo mapa focado exclusivamente nesse tema. Tentamos, com 
isso, ampliar ao máximo o tratamento das escassas informações disponíveis, como insumo 
e subsídio para a discussão e formulação de estratégias mais acuradas e focalizadas para 
enfrentar o grave problema.
Mais que realizar um diagnóstico, nossa intenção é fornecer subsídios para que as 
diversas instâncias da sociedade civil e do aparelho governamental aprofundem a leitura 
de uma realidade que, como os próprios dados evidenciam, é altamente preocupante. ” 
(Waiselfi sz,2012)
A tabela a seguir mostra as vítimas na população total, por raça/cor
Tabela 2.1 Evolução do número de homicídios, da participação e da vitimização
por raça/cor das vítimas na população total. Brasil, 2002/2010.
Fonte: SIM/SVS/MS
* soma das categorias preta e parda
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A tabela a seguir mostra as vítimas na população de jovens, por raça/cor 
Tabela 2.2. Evolução do número de homicídios, da participação e da
vitimização por raça/cor das vítimas na população jovem. Brasil, 2002/2010.
Fonte: SIM/SVS/MS
* soma das categorias preta e parda
A tabela a seguir mostra dos números nas capitais brasileiras. Não por coincidência, Salvador 
é a capital com umas das maiores populações negras do país, e podemos observar que o 
número de vítimas negras, por homicídio é o maior, nesta capital. No entanto, em termos 
percentuais, Maceió apresenta um dado signifi cativo na vitimização das pessoas negras.
FONTE DAS TABELAS: 
http://www.mapadaviolencia.org.br/mapa2012_cor.php
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O preconceito racial no Brasil é provocado pela 
diferença de classe econômica OU pela crença na 
superioridade do branco e na Inferioridade do negro? 
Existe uma democracia racial brasileira?
pare e reflita
Relações étnico-raciais e 
cidadania: a matriz indígena
O índio que teve o seu território invadido, suas crenças 
violentadas, seus hábitos transformados e sofreram diversas 
investidas contra a sua liberdade.
É relevante lembrarmos que nos primeiros anos de 
colonização os índios eram escravizados para as tarefas 
mais árduas, porem por conhecerem bem o território, eles 
conseguiam se articular mais facilmente, tanto para a defesa 
quanto para o resgate de índios aprisionados.
A sociedade brasileira sempre foi multicultural, desde os 
1500, data que se convencionou indicar como de início da 
organização social e política em que vivemos. Esteve sempre 
formada por grupos étnico-raciais distintos, com cultura, 
língua e organização social peculiares, como é o caso dos 
povos indígenas que por aqui viviam quando da chegada dos 
portugueses e de outros povos vindos da Europa.
Quem são? 
Em pleno século XXI a grande maioria dos brasileiros ignora 
a imensa diversidade de povos indígenas que vivem no 
país. Estima-se que, na época da chegada dos europeus, 
fossem mais de 1.000 povos, somando entre 2 e 4 milhões de 
pessoas. Atualmente encontramos no território brasileiro 241 
povos, falantes de mais de 150 línguas diferentes.
Os povos indígenas somam, segundo o Censo IBGE 
2010, 896.917 pessoas. Destes, 324.834 vivem em 
cidades e 572.083 emáreas rurais, o que corresponde 
aproximadamente a 0,47% da população total do país.
A maior parte dessa população distribui-se por milhares de 
aldeias, situadas no interior de 695 Terras Indígenas, de 
norte a sul do território nacional.
No Brasil, até meados dos anos 70, acreditava-se que o 
desaparecimento dos povos indígenas seria algo inevitável. 
Nos anos 80, verifi cou-se uma tendência de reversão da curva 
demográfi ca e, desde então, a população indígena no país 
tem crescido de forma constante, indicando uma retomada 
demográfi ca por parte da maioria desses povos, embora 
povos específi cos tenham diminuído demografi camente e 
alguns estejam até ameaçados de extinção. Na listagem de 
povos indígenas no Brasil elaborada pelo ISA (Instituto Sócio 
Ambiental), sete deles têm populações entre 5 e 40 indivíduos.
Dos 241 povos listados 49 têm parte de sua população 
residindo em outro (s) país (es). Quando há informações 
demográfi cas a respeito, essas parcelas são contabilizadas 
e apresentadas separadamente, segundo a fonte da 
informação, e não contam na estimativa global para o Brasil
índios
T3
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Tabela 1: Proporção da população não branca em relação à população total por região do 
Brasil em 2010
região 
nº absoluto população 
não branca
nº absoluto população 
branca
total proporção 
norte 12.143.777 3.720.168 15.863.945 76,55
nordeste 37.452.977 15.627.710 53.080.687 70,56
sudeste 36.029.262 44.330.981 80.360.243 44,83
sul 5.895.638 21.490.997 27.386.635 21,53
centro-oeste 8.175.891 5.881.790 14.057.681 58,16
 total 99.697.545 91.051.646 190.749.191 52,27
Fonte: Censo 2010 | IBGE. 
Com relação à distribuição da população residente no Brasil por raça/cor da pele, temos um aumento da proporção 
dos ‘pardos’ e um pequeno aumento dos ‘pretos’, que perfazem os afrodescendentes, assim como um aumento da 
proporção da população indígena, de 0,43 para 0,44% da população total. 
Fonte: http://pib.socioambiental.org/pt/c/quadro-geral
Processo de aculturação
O contato com a nossa sociedade certamente trouxe muitas mudanças no modo de viver dos 
povos indígenas. Em relação a esse assunto, é preciso ter em mente pelo menos dois pontos.
1º) As culturas indígenas não são estáticas. Ao contrário, elas são, como qualquer outra 
cultura, dinâmicas. Assim transformam-se ao longo do tempo, mesmo sem uma infl uência 
estrangeira. Por outro lado, é inegável que as mudanças decorrentes do contato com a nossa 
sociedade podem, muitas vezes, alcançar escalas preocupantes. Esse é o caso, por exemplo, 
de povos que perderam suas línguas maternas e, hoje, só falam o português.
2º) É preciso dizer que por trás das mudanças, cujo ritmo e natureza são diferentes em 
cada caso, há um aspecto fundamental: mesmo travando relações com os não-índios, os 
povos indígenas mantêm suas identidades e se afi rmam como grupos étnicos diferenciados, 
portadores de tradições próprias. E isso vale também para os povos que vivem em situações 
de contato mais intenso.
Vídeo
https://www.youtube.com/watch?v=7m-
yuzFljpc
Saiba mAIS
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T4 Educação das Relações étnicos-raciais 
Não se pode negar que tivemos muitos avanços na escolarização nacional, no entanto, ainda 
resta um vácuo educacional quando se trata da educação de brancos e negros. Essa lacuna 
representa, hoje, um espaço de disputa política, de ideias, e, consequentemente, de ideologia. 
Vejamos o que dizem os Dados do Laboratório de Análises Econômicas, Históricas, Sociais 
e Estatísticas das Relações Raciais (Laeser) da Universidade Federal do Rio de Janeiro: 
 “Em 2008, 15% de analfabetos entre a população acima dos 15 anos 
de idade. Dez anos antes, éramos quase 19% de analfabetos. Entre o 
contingente branco, entre 1988 e 2008, a taxa de analfabetismo entre 
a população acima da mesma idade passou de 12,1% para 6,2%. No 
mesmo espaço de tempo, o número de pretos e pardos analfabetos 
saiu de 28,6% para 13,6%.
Nota-se que as taxas para os dois grupos sofreram uma redução 
bastante expressiva, sendo inclusive maior entre os pretos e pardos 
(14,9 pontos contra 5,9 pontos percentuais dos brancos). Entretanto, a 
taxa de analfabetismo dos pretos e pardos ainda era superiorao mesmo 
indicador entre os brancos de vinte anos antes. 
Observando-se a evolução temporal das diferenças entreas taxas 
de analfabetismo dos dois grupos de cor ou raça, percebe-se que, 
entre 1988 e 1998, as desigualdades entrebrancos e pretos e pardos 
aumentaram. Assim, tomando por base a população com 15 anos de 
idade ou mais, as diferenças proporcionais nas taxas de analfabetismo 
entre pretos e pardos e brancos passaram de 135,5% para 146,6%. 
Já entre 1998 e 2008, as diferenças entre os grupos de cor ou raça 
obedeceram a um movimento declinante. Assim, em 2008, a taxa 
de analfabetismo da população preta e parda maior de 15 anos era, 
proporcionalmente, 118,4% superior à dos brancos”
Fonte: http://www.fundacioncarolina.es/wp-content/uploads/2014/08/AI76.pdf 
Educação para reverter o preconceito: Novas abordagens para os Livros didáticos, currículos 
e formação de professores
O livro didático e o currículo escolar, assim como a produção de recursos didáticos e 
pedagógicos foram alvo de preocupação desde a década de 80, no sentido de reverter o 
preconceito nesses instrumentos. Como resultado, percebe-se que as representações dos 
pretos, pardos e índios nos livros didáticos já não possuem um caráter desprestigioso como 
há anos atrás. A sedimentação de papéis subalternos e reifi cação de estereótipos racistas 
são combatidos mais explicitamente na produção do material didático. 
Já a formação dos professores não recebeu a atenção devida para a discussão do racismo, 
foram problematizados em um segundo momento. Assim há um certo descompasso no 
combate ao preconceito racial no espaço escolar: Por um lado os materiais didáticos 
foram, revistos visando o combate aos preconceitos, mas no âmbito das relações 
interpessoais, a presença do racismo ainda é um poderoso elemento, exatamente pela 
falta da formação do profi ssional. 
O professor termina por ser produtor e mantenedor do preconceito racial, pois ainda que os 
livros didáticos tragam outras perspectivas para as relações interpessoais, apresentando 
representações heterogêneas da sociedade brasileira, terminam sendo subutilizados em 
razão do despreparo do professor.
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Vídeo
https://www.youtube.com/watch?v=PPzAofI-
WsE
Saiba mAIS
O papel das UNIVERSIDADES 
na educação para as relações 
étnico-raciais.
A Universidade vem desempenhando seu 
papel na desestruturação do racismo na 
educação? Que papel é esses?
A falta de aproximação com a legislação criada para 
desestruturar o racismo na educação também tem raiz 
nas próprias universidades e faculdades públicas e 
privadas, inclusive aquelas responsáveis pela formação 
de professores. 
Em 2010 o artigo 13 do Estatuto da Igualdade Racial (Lei no 
12.288 de 2010) determina que o Poder Executivo federal 
incentivará as instituições de ensino superior, públicas ou 
privadas, a: 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_
Ato2007-2010/2010/Lei/L12288.htm
Saiba mAIS
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1 - “resguardar os princípios da ética empesquisa e apoiar grupos, núcleos e 
centros de pesquisa, nos diversos programas de pósgraduaçãoque desenvolvam 
temáticas de interesse da população negra”; 
2 - “incorporarnas matrizes curriculares dos cursos de formação de professores 
temas que incluam valo valoresconcernentes à pluralidade étnica e cultural da 
sociedade brasileira”; 
3 - “desenvolverprogramas de extensão universitária destinados a aproximar jovens 
negros de tecnologiasavançadas,assegurado o princípio da proporcionalidade de 
gênero entre os benefi ciários”;
4 - “estabelecer programas de cooperação técnica, nos estabelecimentos de ensino 
públicos, privados e comunitários, com as escolas de educação infantil, ensino 
fundamental, ensino médio e ensino técnico, para a formação docente baseada 
em princípiosde equidade, de tolerância e de respeito às diferenças étnicas. ”
Apesar de todas as determinações legais, na pratica observa-se que mesmo as universidades 
que têm cursos de formação de professores não cumprem esse papel. O professor, 
continua saindo sem formação voltada para as questões raciais e isso traduz a posição das 
universidades, que é a de silenciar sobre essas questões. Por sua vez, não há também uma 
política de formação continuada para quem já está no mercado.
 Em 2003, a Lei que é considerada um marco histórico na busca da superação do racismo no 
Brasil, Lei Federal nº 10.639/03, que altera a Lei de Diretrizes e Bases de 1996, incluindo 
o artigo 26-A, tornando obrigatória a temática História e Cultura Afro-brasileira no currículo 
ofi cial da rede de ensino. Incluiu ainda o artigo 79-B, que estabelece para o calendário 
escolar o dia 20 de novembro como o Dia Nacional da Consciência Negra. Em 2008, houve 
uma alteração na Lei de Diretrizes e Bases (Lei 11.645 de 10 de março) para a inclusão da 
história do povo indígena.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
leis/2003/l10.639.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_
ato2007-2010/2008/lei/l11645.htm
Escola é lugar de todos!
Leia o texto abaixo e refl ita sobre o tema. 
Disponível em:
h t t p : / / p o r t a l . a p r e n d i z . u o l . c o m .
br/2015/05/12/escola-e-o-espaco-onde-
criancas-de-religioes-afro-mais-se-sentem-
discriminadas-afi rma-pesquisadora/
Saiba mAIS
aprofundando
A Lei vem com o intuito de transformar em realidade a 
obrigatoriedade do ensino da história africana e da cultura 
negra e indígena é um dos mais poderosos instrumentos 
para mitigar a herança deixada e mantida pelo preconceito 
e discriminação no cotidiano escolar. 
A sanção da legislação representa uma mudança não só nas 
práticas e nas políticas, mas ainda no imaginário pedagógico 
e na sua relação com o diverso.
Texto Referência para adaptação: No país do racismo institucional: dez anos 
de ações do GT Racismo no MPPE Capítulo 3 – Ensino e a cor pele. http://
www.mppe.mp.br/mppe/images/Livro10web.pdf
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REFERÊNCIAS
BRASIL, Constituição da República Federativa do Brasil – 1988 – Brasília 
CADERNOS PENESB, Organizadores Maria Elena Viana Souza e Iolanda Oliveira. Niterói, 
n. 9, 2007.
FREYRE, Gilberto. Casa–grande & Senzala: formação da família brasileira 
sob o regime da economia patriarcal. 49ª Ed. São Paulo: Global, 2004. (Original de 1933)
MUNANGA, Kabengele. Uma abordagem conceitual das noções de raça, racismo, identidade 
étnica e etnia. Cadernos Penesb, Niterói, n. 5, p. 17-34, 2000.
MORAES, Fabiana. No país do racismo institucional: dez anos de ações do GT Racismo 
no MPPE /Fabiana Moraes; Coordenação Assessoria Ministerial de Comunicação Social do 
MPPE, Grupo de Trabalho sobre Discriminação Racial do MPPE - GT Racismo. -- Recife: 
Procuradoria Geral de Justiça, 2013.
NASCIMENTO, Alexandre do. Do direito ``a Universidade à Universalização de direitos; O 
Movimento dos cursos pré-vestibulares populares e as políticas de ação afirmativa/Alexandre 
do Nascimento. – Rio de Janeiro: Litteris Ed; 2012.
GELEDÉS, INSTITUTO DA MULHER NEGRA. Racismo institucional: uma abordagem 
conceitual. Parte 1 - racismo, racismo institucional e gênero. Disponível em: http://www.
onumulheres.org.br/wp-content/uploads/2013/12/Racismo-Institucional-uma-abordagem-
conceitual1.pdf. 
PASSOS, Flavio dos. Quilombolas e a reflexão sobre ações afirmativas na universidade 
estadual da Bahia (UESB). Disponível em: http://www.koinonia.org.br/oq/revistaoq/artigos-
detalhes.asp?cod=12929&revista=, acesso em 13/03/2015
WAISELFISZ, Julio Jacobo Mapa da Violência 2012: A Cor dos Homicídios no Brasil / Julio 
Jacobo Waiselfisz – Rio de Janeiro: CEBELA, FLACSO; Brasília: SEPPIR/PR, 2012.
REVISTA ELETRONICA DO IPEA – Desafios do desenvolvimento, o destino dos negros 
após a abolição – GILBETO MARINGONI - 2011. Ano 8. Edição 70 - 29/12/2011 - 
Disponível em: http://www.ipea.gov.br/desafios/index.php?option=com_content&id=2673%
3Acatid%3D28&Itemid=23
Revista eletrônica – Ensaios de Genero – Disponível em: https://ensaiosdegenero.
wordpress.com/category/raca-cor-etnia/page/2/ acesso em: 05/2015
Outros Sites Consultados:
UNESCO:
http://www.unesco.org/new/pt/brasilia/social-and-human-sciences/ethnic-and-racial-
relations/
http://unesdoc.unesco.org/images/0023/002321/232103POR.pdf 
IPEA: http://www.ipea.gov.br/desafios/index.php?option=com_content&id=2673%3Acatid%
3D28&Itemid=23
Fundacion Carolina:
Educação e população afro descendente no Brasil: avanços, desafios e perspectivas: 
Pablo Gentili, Mary Garcia Castro Miriam Abramovay y Shayana Busson, in http://www.
fundacioncarolina.es/wp-content/uploads/2014/08/AI76.pdf - acesso em: 15/03/2105.
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