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Sociologia Marx Weber Durkheim

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Introdução
A análise sobre as origens da vida social e de sua natureza são quase tão antigas quanto o próprio homem, mas a ciência que a estuda e que busca compreende-la só surge em meados do século XIX. É preciso compreender que este período é um momento em há mudanças na economia, política e no âmbito social, é um momento em que a sociedade começa a entrar na era da modernidade, onde ela revisa as suas bases bem como os seus pensamentos.
Antes de mais nada é necessário deixar claro que o momento então referido é marcado por uma instabilidade, esta que por sua vez é expressa em diversos setores – cultural, material e moral. É nesse cenário que surge a Sociologia, que de certa forma é uma maneira de tentar explicar o “caos” que a sociedade havia se tornado. É importante analisar, brevemente algumas das dimensões sócias e intelectuais deste percurso.
A sociedade nesse momento passa por um processo de industrialização – prenúncios do emergente modo de produção capitalista, que altera a base produtiva, agora a força de produção não são mais os braços dos camponeses, mas máquinas, acarretando mudanças no comércio e na forma de produzir, e isso traz rupturas radicais na ciência e na filosofia. As industrias começam a se multiplicar, o que gera um êxodo rural, muitas famílias perderam seu sustento decorrente das maquinas e migram para as cidades em busca de trabalho nas indústrias.
É nesse período e contexto que surge os pensadores, cujos pensamentos atemporais são usados para compreender e analisar a sociedade contemporânea: Karl Marx, Émile Durkheim e Karl Weber. 
Karl Marx
Karl Heinrich Marx nasceu na Alemanha, na cidade de Trevas em 1818. Adquiriu o doutorado de filosofia pela Universidade de Berlim, em 1842 mudou-se para Paris onde conheceu Friedrich Engels, seu companheiro de ideias e trabalhos. Suas principais obras são: A ideologia alemã, Miséria da filosofia, A luta de classes na Alemanha, O capital. Suas obras, notoriamente, serviram de inspiração e base, e agiram diretamente na ação política. 
Suas formulações teóricas foram feitas com base na vida social, sobretudo ele faz uma análise da sociedade capitalista bem como os meios de sua superação, suas ideias provocam deste o princípio imenso impacto entre o meio intelectual. 
Sendo herdeiro de ideias iluministas Marx acreditava que a razão não era um simples instrumento de compreensão da realidade, mas um meio de construção de uma sociedade mais justa, a qual fosse capaz de possibilitar da realização de todo o potencial existente na humanidade. 
Os pensamentos Marxistas são uma síntese de diferentes preocupações, eles não se limitam a pensar e atuar em somente um campo, mas busca compreender sobre filosofia, política e ciência de sua época. Não esquecendo que assim como Marx serviu de inspiração para outros autores ele teve influência em suas formulações, ele absorveu bastante das formulações filosóficas de Hegel, sendo assim sua percepção da história, está para ele não seguia um sentido linear, ascendente, como os evolucionistas propunham, a história segundo ele é um processo, no qual a sociedade passaria por diversas instâncias – no caso a dialética. Este foi um método do qual Marx usou para explicar os agentes sociais e a dinâmica dos acontecimentos.
E todo percurso teórico de Marx rendeu conceitos de extrema importância, não somente restrito ao meio filosófico, mas também social e político, uma vez que aborda questões inerentes a economia e a sociedade capitalista, tais conceitos que foram desenvolvidos por ele foram o da alienação, classes sócias, trabalho, mais-valia e modo de produção. 
Para Marx o fundamento de alienação repousa em uma pratica da atividade humana – o trabalho. Ele exalta isso veemente em suas manifestações sobre alienação que ocorre na sociedade capitalista. Ele descreve que quando o homem se torna alienado é um momento em que os homens se perdem e ao seu trabalho para o capitalismo. Pois o trabalhador assalariado está em uma posição desigual de barganha ante o capitalismo (neste caso refere-se ao empregador). Assim este modo de produção consegue não somente dominar os meios e a forma de produção, mas também o próprio trabalhador. Mas Marx também afirmava que o trabalho é uma das mais expressões da natureza do homem, é inerente dele próprio, mas que quando ele perde o controle entra-se em um processo que conduz a sociedade a uma ordem social de alienados.
Como se sabe Marx morreu antes de concluir seus trabalhos, algumas obras públicas por seu companheiro Hegel parecem inacabadas, ou rascunhos de seus pensamentos, isso ocorre com o conceito de classes sociais, embora este seja um tema obrigatório para que suas interpretações acerca das desigualdades sociais, da exploração e do Estado sejam compreendidas. Neste tema ele estabelece uma posição de oposição ao modo de produção capitalista. Segundo ele a luta económica deveria transformar-se em uma luta política e numa revolução social que provocasse o afundamento do modo de produção capitalista e o desaparecimento das classes.
O homem, por natureza, é um ser produtivo, e, por isso, essencialmente ativo. Desse modo, o trabalho é uma peça-chave para sua dignidade, uma vez que se trata de uma potência humana. O sistema capitalista, de forma nociva, produz riqueza a partir da força de trabalho dos indivíduos, uma vez que esta busca somente seu lucro e somente isso – a mais-valia – conceito que trata da diferenciação entre o valor gerado pelo trabalho empregado pelo indivíduo e qual a remuneração que recebe do empregador capitalista. E isso consequentemente rebate na classe trabalhadora, gerando em uma luta de classes – que em suma refere-se a uma tensão imposta pela desigualdade de forças dos grupos sociais, que se dividem entre os proprietários – dos meios de produção – e o proletariado – os trabalhadores em si.
 Segundo Marx, esse sistema seria abalado por crises, de tempos em tempos, que se caracterizariam tanto por serem estruturais, quanto por sua periodicidade. Após essas instabilidades viria a crise final, acumulando as demais crises, detonando o fim do modo de produção capitalista. Pois o grupo de proletários seria maior e, por isso, seus direitos podem prevalecer. Fariam protestos nas ruas, dando início a uma sociedade justa, equilibrada, acabando com a propriedade privada de todos os meios produtivos. Tudo isso culminaria em um desenvolvimento pleno do ser humano.
Émile Durkheim
Nascido na região de Lorraine, na França, o sociólogo Emile Durkheim (1858-1917) é considerado um dos autores fundadores da sociologia moderna. Ministrou o primeiro curso de sociologia, criado em 1887, em Bordeaux, França. Suas contribuições para a área ajudaram a moldar a forma da abordagem sociológica e ainda hoje seus métodos de pesquisa são usados como referência de abordagem científica no campo das ciências sociais.
Durkheim é apontado com um dos primeiros grandes teóricos da Sociologia, embora Comte possa ser considerado o pai por tê-la batizado. Durkheim e seus colaboradores emanciparam a Sociologia da Filosofia Social e colocou-a como disciplina científica rigorosa. Sua preocupação foi definir o método e as aplicações desta nova ciência. Ele formulou com clareza o tipo de acontecimento sobre os quais o sociólogo deveria se debruçar: os fatos sociais que deveriam ser o objeto da Sociologia. A educação desempenha, uma importante tarefa na conformação dos indivíduos à sociedade em que vivem, a ponto de, após algum tempo, as regras estarem internalizadas e transformadas em hábitos. Uma vez identificados e caracterizados os fatos sociais, a preocupação de Durkheim dirigiu-se para a conduta necessária ao cientista, a fim de que seu estudo tivesse realmente bases científicas. Para Durkheim, como para todos os positivistas, não haveria explicação científica se o pesquisador não mantivesse certa distância e neutralidade em relação aos fatos, resguardando a objetividade de sua análise. Foi preciso que o sociólogo deixe de lado seus valores e sentimentospessoais em relação ao acontecimento a ser estudado, pois eles nada têm de científico e podem distorcer a realidade dos fatos. Procurando garantir à Sociologia um método tão eficiente quanto o desenvolvido pelas ciências naturais, Durkheim aconselhava o sociólogo a encarar os fatos sociais como coisas, exteriores, deveriam ser medidos, observados e comparados independentemente do que os indivíduos pensassem ou declarassem a seu respeito. Estas formulações seriam apenas opiniões, juízos de valor individuais que podem servir de indicadores dos fatos sociais, mas mascaram as leis de organização social, cuja racionalidade só é acessível ao cientista. Para se apoderar dos fatos sociais, o cientista deve identificar, dentre os acontecimentos gerais e repetitivos, aqueles que apresentam características exteriores comuns. Os fenômenos devem ser sempre considerados em suas manifestações coletivas, distinguindo-se dos acontecimentos individuais ou acidentais. Para Durkheim, a Sociologia tinha por finalidade não só explicar a sociedade como encontrar remédios para a vida social. A sociedade, como todo organismo, apresentaria estados normais e patológicas, isto é, saudáveis e doentios. Durkheim considera um fato social como normal quando se encontra generalizado pela sociedade ou quando desempenha alguma função importante para sua adaptação ou sua evolução. Assim, Durkheim afirma que o crime, por exemplo, é normal não só por ser encontrado em qualquer sociedade, em qualquer época, como também por representar a importância dos valores sociais que repudiam determinadas condutas como ilegais e as condenam a penalidades. A generalidade de um fato social, isto é, sua unanimidade, é garantia de normalidade na medida em que representa o consenso social, a vontade coletiva, ou o acordo de um grupo a respeito de uma determinada questão. 
Segundo Durkheim, os fatos sociais possuem três características principais:
•	São externos ao indivíduo, ou seja, os fatos sociais existem independentemente de nossas vontades individuais;
•	São de natureza coercitiva, o que quer dizer que eles possuem força para nos “obrigar” a agir de determinada maneira sob a ameaça de punições como o isolamento social, por exemplo, no caso de um comportamento socialmente inaceitável; 
•	São também generalistas, ou seja, atingem a todos sem exceções.
Marx Weber 
Marx Weber nasceu na Alemanha, em Efurt, (1864-1920) em uma família de burgueses liberais. Desenvolveu estudos sobre direito, filosofia, história e foi o grande sistematizador da sociologia na Alemanha. Suas principais obras são: Artigos reunidos de teoria da ciência, Economia e Sociedade (obra póstuma) e A ética protestante e o espirito do capitalismo (nesta obra ele relaciona o papel do protestantismo na formação do comportamento típico do capitalismo ocidental moderno).
Este autor teve grande influência de, também pensadores, Marx e Nietzsche, os quais abordavam questões sobre o capitalismo ocidental, mostrando como as ideias e fatores materiais intervinham na sociologia. Este autor consegue distinguir ciência de política, sendo que a ciência é racional, é aquela que traz esclarecimento e conhecimento, e tem como obrigação dizer a verdade. Logo, pode-se dizer que a política é uma reflexão da ação do homem.
Weber, em suas abordagens, buscava compreender, através de analises sócio histórica, os caminhos pelos quais a sociedade passou, essa era uma tentativa de construir um conjunto de modelos teórico que pudessem ajudar a compreender os aspectos sociais da civilização da sua época. Desta forma buscava relacionar os caminhos percorridos ao longo da história e como isso rebatia na estrutura da moderna sociedade, na cultura e na economia. Sua preocupação era de tentar compreender os processos pelo qual o pensamento racional – a racionalidade – passou e como isso impacta nas instituições modernas como o Estado, no governo, na cultura, no meio social e individual. Logo, de forma concisa ele aponta que as ciências sociais buscam compreender os eventos culturais, a vida que rodeia o homem, com todas as suas particularidades. E são esses fatos particulares que esses cientistas devem estudar.
Em sua visão um sociólogo tem a função de compreender o sentido das ações sociais – e isso envolve comunicação dentro da sociedade, envolvendo ação e reação, mas é somente estabelecida quando se entra em contato com outro indivíduo, e isso influencia em seu comportamento.
Segundo ele o objeto da Sociologia é uma realidade infinita e para que seja possível compreendê-la é necessário construir tipos ideais, embora não existam de fato, todavia orientam a análise. São como modelos, que podem ser resumidos em quatro ações fundamentais do saber, sendo duas racionais e as outras duas irracionais:
Ações Sociais Racionais:
•	Ação social racional com relação a fins: o importante é atingir os objetivos determinados pelo agente, assim, este tipo de ação busca, racionalmente, um fim.
•	Ação social racional com relação a valores: não é o fim que orienta, mas a norma moral do agente, seja este ético, religioso, político ou estético.
Ações Sociais Irracionais:
•	Ação social afetiva: conhecida também como "ação social emocional", o agente é motivado pelas emoções, como orgulho, vingança, loucura, paixão, inveja, medo.
•	Ação social tradicional: motivada pelos costumes e hábitos de uma sociedade.
Max Weber foi um estudioso do processo de pesquisa social, ele observava que ao se estudar um determinado fenômeno, aborda-se apenas um fragmento finito da realidade. Assim para explicação dos fatos sociais ele proporem um instrumento de analise denominado “tipo ideal”. É um trabalho teórico indutivo com o objetivo de sintetizar o que é realmente essencial dentro da diversidade social. Permite conceituar fenômenos e formações sociais e identificar e comparar a realidade observada e suas manifestações, permite comparações e a percepção entre semelhanças e diferenças. Desta forma percebe-se que é uma construção teórica abstrata que é utilizada pelos cientistas ao longo do seu processo de pesquisa.
É importante frisar que o tipo ideal nada tem a ver com as espécies sociais de Durkheim, que pretendiam ser exemplos de sociedades observadas em graus diferentes num continuum evolutivo. E que sua contribuição para a sociologia se tornou referência obrigatória, onde há também, nessa ciência, por ele, o desenvolvimento da ideia do indeterminismo histórico. Seus trabalhos abriram portas para as particularidades históricas das sociedades e para a descoberta do papel da subjetividade na ação e na pesquisa social.
 
Considerações finais 
Os trabalhos e formulações autores possibilitaram compreender a estrutural social bem como ao conjunto de múltiplas logicas que ela oferece, suas ideias oferecem perspectivas de analise para uma sociedade que cada vez mais se torna complexa. As diferenças sociais, a indústria e as tendências de informatização do comercio, os sistemas financeiros, não são temas que vieram ser discutidos recentemente, essa conjuntura atual a muito foi prevista por eles, e seus trabalhos relevam isso.
Referências Bibliográficas
QUINTANEIRO, Tania; BARBOSA, Maria Ligia de Oliveira; OLIVEIRA, Márcia Gardênia Monteiro. Um toque de clássicos: Marx, Durkheim e Weber. 2. ed. rev. amp. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2002.
CABRAL, João Francisco Pereira. "A definição de ação social de Max Weber"; Brasil Escola. Disponível em <http://brasilescola.uol.com.br/filosofia/a-definicao-acao-social-max-weber.htm>. Acesso em 07 de outubro de 2017.
COSTA, Maria Cristina Castilho. Sociologia: Introdução à ciência da sociedade. 3a ed. São Paulo: Moderna, 2005. 81-135 p.

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