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Histologia Sistema Tegumentar Christian Natã Melo Recife 2015 Histologia Sistema Tegumentar O sistema tegumentar, ou também tegumento, é a união de órgãos mais extenso do organismo. É composto pela pele e por seus anexos, tais como as unhas, os pelos e as glândulas. No tegumento, podem ser realizadas as seguintes funções: ● Proteção do organismo ● Regulação da temperatura corporal ● Barreira impermeável ● Síntese de vitamina D ● Excreção de sais (pelo suor) ● Sinalização sexual ● Indicador de desordens (cianose, icterícia, hipocratismo digital, albinismo, etc.) ● Defesa e apresentação de microrganismos ● Sensações Adentremos nosso estudo a partir da pele: ● Pele A pele é composta por três camadas: a epiderme, derivada do ectoderma e formada por epitélio estratificado pavimentoso altamente queratinizado; a derme, camada advinda do mesoderma, e que possui tanto tecido conjuntivo frouxo quanto denso; e, por último, a hipoderme, camada de tecido adiposo (tecido conjuntivo modificado), também chamada de placa subcutânea. No nosso organismo, encontramos dois tipos de pele: delgada e espessa. A delgada tem cerca de 1 a 2 mm de espessura e é o tipo de pele que reveste a maior parte do organismo. A pele espessa, entretanto, é encontrada na palma das mãos, na planta dos pés e no revestimento tegumentar de algumas articulações e tem 5 mm de espessura. ○ Epiderme Como já foi dito, a epiderme é composta por epitélio estratificado pavimentoso altamente queratinizado. Nela, podem ser encontradas quatro tipos de células: os queratinócitos, os melanócitos, as células de Langerhans e as células de Merkel, além das várias modalidades de receptores cutâneos sensoriais. ■ Queratinócitos: são as células que ocupam a quase totalidade da epiderme, além de serem as únicas vistas em um microscópio óptico. Possuem em seu citoplasma. Estão agrupadas na epiderme em um conjunto de cinco camadas ou estratos (de dentro para fora): ➢ Camada basal: camada em contato com a membrana basal. Seus queratinócitos tem um formato prismático ou cúbico e tendem a passar por sucessivas mitoses, servindo como células-tronco que constituirão as outras camadas da epiderme. Possuem vários filamentos intermediários em seu citoplasma que se ligam a outras células por meio dos desmossomos. São chamados de tonofilamentos, que são compostos por queratina e que aumentam em número conforme a célula migre para a superfície epitelial. ➢ Camada espinhosa 1 : camada de queratinócitos mais achatados ou de formato cuboide. Também possui células-tronco porém a mitose é menos comum que na camada basal. ➢ Camada granulosa: camada mais fina que a espinhosa. Suas células são achatadas e abundantes de grânulos de querato-hialina e de grânulos lamelares, que são um dos responsáveis pela impermeabilidade da pele. ➢ Camada lúcida: camada finíssima com células achatadas e translúcidas, o que torna impossível sua visualização no microscópio óptico. ➢ Camada córnea: trata-se da camada mais externa da epiderme. Sua espessura depende do tipo de pele estudada (maior na pele espessa). Possui algumas células vivas e outras já mortas, sem núcleo e com um citoplasma repleto de queratina, algo que muda a interação intercelular com modificação na composição dos tonofilamentos. 1: a camada espinhosa, junto com a camada basal formam a camada (ou estrato) de Malpighi. ■ Melanócitos: células produtoras de melanina2,3. Oriundas da crista neural, os melanócitos se estabelecem na junção entre epiderme e derme. De seu citoplasma saem prolongamentos que atingem as camadas basal e espinhosa de queratinócitos, prolongamentos esses que servem de vias de acesso de grânulos de melanina para toda a epiderme. 2: apesar de a melanina ser conhecida por definir a cor da pele, é preciso deixar claro que ela não é o fator único da cor. Também são importantes a irrigação da pele, a cor sanguínea presente e a prese~ça de caroteno. 3: a incapacidade do melanócito de produzir melanina vai gerar a condição conhecida como albinismo. Enquanto que a destruição ou degeneração da célula em si vai causar o vitiligo, principalmente se for em determinadas áreas do corpo. ■ Células de Langerhans: células apresentadoras de antígeno (APC’s) da epiderme. Recebem o antígeno do ambiente e o “apresenta” a um linfócito T, que se encarregará de replicar mais linfócitos específicos contra o antígeno no sistema linfático a fim de eliminá-lo. ■ Células de Merkel: são queratinócitos modificados com função mecanorreceptora. Instalam-se no estrato basal e são ligados a fibras mielínicas que perdem a bainha quanto mais se aprofundam na epiderme. Está mais presente na palma das mãos e na planta dos pés. ○ Derme É a região de tecido conjuntivo propriamente dito (TCPD) encontrado no sistema tegumentar. É ligada à epiderme por meio das papilas dérmicas, regiões que se invaginam na epiderme, mais exatamente nos locais entre as cristas epidérmicas, que são reentrâncias da camada basal. Na derme, podemos encontrar os dois tipos de TCPD existentes: o frouxo, que vai estar presente nas papilas dérmicas (derme papilar) e o denso, que vai ocupar a maior parte da derme e que promove a elasticidade da pele (derme reticular) Pela derme passarão os vasos que irrigam a pele. Esses vasos estão divididos em três plexos presentes no TCPD: ■ Plexo subpapilar: percorre a camada papilar da derme e adjacências. ■ Plexo cutâneo: percorre o limite entre as camadas papilar e reticular. ■ Plexo subcutâneo: percorre a hipoderme Mais especificamente nas veias, encontramos os glomos, anastomoses venosas que têm uma importância prática na regulação térmica da pele. Na parte da inervação, além das células de Merkel que já vimos, também encontramos outros tipos de receptores que podem ficar apenas na derme ou que podem invadir a epiderme. Exemplos de receptores são os corpúsculos de Krause, Ruffini, Vater-Paccini, nocireceptores, etc.. ○ Hipoderme Também chamada de camada subcutânea ou panículo adiposo, é a região da pele formada por tecido adiposo amarelo, que pode adquirir variadas espessuras dependendo da região do organismo em que se encontra. Tem como funções a modelagem e a regulação térmica corporal, além de servir de reserva energética e amortecedor (coxins das mãos e pés). ● Anexos Tegumentares ○ Pelos Os pelos são estruturas derivadas de invaginações da epiderme da pele delgada e que são feitas de queratina dura. Durante a vida embrionária, temos o lanugo, que são pelos menores em diâmetro e em comprimento e mais espaçadas umas das outras. Em seguida, já próximo ao nascimento, se tornam os velos, pelos desbotados maiores que os anteriores4, que são substituidos, já depois do nascimento peor pelos terminais, cuja caracterização e fases de crescimento (anagênica), regressão (catagênica) e repouso (telogênica) são determinados por hormônios sexuais (em especial, a testosterona), dependendo da região. O pelo irá ser encontrado como parte do folículo piloso, sendo que sua matriz é o bulbo piloso e a parte aonde emerge-se é chamada de haste. Acoplada a esta estrutura, visualizamos também os ductos de glândulas sebáceas - região do ducto é chamado de istmo -, por onde seu produto é lançado para a superfície; e o músculo eretor de pelo - região de contato entre folículo e músculo é denominado infundíbulo - que torna o pelo eriçado. 4: em algumas partes do corpo, os velosnão chegam a ser substituídos, como é no caso da pele da testa. ○ Unhas Nos pés e nas mãos, existem áreas da pele, cuja epiderme é mais sensível e com menos camadas. É nessas áreas que existem as unhas, placas de queratina fortemente aderidas à epiderme e que garantem a proteção delas. O “corpo” da unha trata-se da placa ungueal, que é sustentada pelas pregas ungueais laterais. Sua matriz está em contato contínuo com a lúnula, uma parte esbranquiçada com formato de lua crescente. Em seus limites, vemos o eponíquio (ou cutícula), uma dobra de pele delgada que ajuda na formação da placa ungueal, além de proteger a matriz ungueal. Do outro lado, temos o hiponíquio, que protege a pele subungueal da invasão de fungos e bactérias. ○ Glândulas Sebáceas Trata-se de uma glândula presente na pele delgada e do tipo alveolar simples holócrina. Seu produto é predominantemente lipídico (com ésteres de colesterol, triglicérides, etc.) e sua secreção é mais frequente durante a puberdade, sob regulação dos hormônios sexuais. A porção secretora está presente na derme porém o ducto secretor5 pode desembocar no istmo do pelo ou na própria superfície da pele, sendo este último caso presente em áreas com ausência de pelos, como nos lábios, nos mamilos, na glande peniana e nos lábios menores. 5: ducto secretor revestido por epitélio pavimentoso estratificado. ○ Glândulas Sudoríparas No organismo existem dois tipos de glândulas sudoríparas: as écrinas e as holócrinas: As glândulas sudoríparas écrinas (ou merócrinas) estão localizadas na maior parte do corpo. Ela é tubular simples enovelada e é composta por três tipos de células: as células escuras (secretoras de glicoproteinas), as células claras (secretoras de água e eletrólitos) e as células mioepiteliais (células contráteis que empurram as outras a fim de fazê-las explusar seu produto). São inervadas por fibras colinérgicas. Enquanto isso, as glândulas de natureza apócrina estão presentes apenas nas axilas, no períneo e no monte do púbis. Formam um produto de odor mais desagradável que a écrina e este é lançado no folículo piloso, o que não ocorre em sua análoga merócrina. Sua inervação é adrenérgica. Também é interessante ressaltar as glândulas sudoríparas modificadas, que são as ceruminosas, que formam o cerume de ouvido; e as glândulas de Moll, vistas na face posterior das pálpebras do olho. Fotografias das Lâminas (Aula Prática) Sistema Tegumentar • Pele Delgada (HE, PAS: 100x) camada córnea (veja queratina se desprendendo da epiderme) camada espinhosa (maior parte) camada basal (mais escura e ligada à derme) derme papilar – tecido conjuntivo frouxo (mais próxima à epiderme e com reentrâncias) derme reticular – tecido conjuntivo denso • Pele Delgada (HE, PAS: 100x) folículo piloso (procurar ponto mais escuro na lâmina) glândula sebácea (procurar um “gradeado” com núcleos na derme) glândula sudorípara (procurar glândulas menores e mais escuras) • Pele Delgada (HE, PAS: 100x) hipoderme – tecido adiposo amarelo (notar “gradeado” sem núcleos) • Pele Espessa (HE, PAS: 100x) camada córnea (observar camada bem grande e ondulada de queratina) camada granulosa (em roxo) camada espinhosa camada basal (pouco mais escura que a espinhosa e em cima da derme) derme papilar derme reticular hipoderme Obs.: não é cobrado camada lúcida na prova prática Obs.2: para diferenciar pele delgada de espessa, observe as camadas córneas de cada um e ver se existem ou não anexos como pele e glândulas sebáceas. Elas só estão presentes na pele delgada. Referências Bibliográficas JUNQUEIRA, L. C.; CARNEIRO, José. Pele e Anexos. In: JUNQUEIRA, L. C.; CARNEIRO, José. Histologia Básica: Texto & Atlas. 12. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2013. Cap. 18. p. 353-365. KIERSZENBAUM, Abraham L.; TRES, Laura L.. Sistema Tegumentar. In: KIERSZENBAUM, Abraham L.; TRES, Laura L.. Histologia e Biologia Celular: Uma Introdução à Patologia. 3. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2012. Cap. 11. p. 339-363.
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