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30/03/2013 1 Amebíase e outras amebas intestinais Universidade Estadual de Feira de Santana Departamento de Ciências Biológicas Disciplina: Parasitologia Humana ProfProfaa. Simone Souza de Oliveira. Simone Souza de Oliveira Introdução � Uma das principais causas de mortalidade (100.000/ano no mundo) e 2ª causa de morte por parasitoses humanas � Estima-se que existam cerca de 650 milhões de pessoas infectadas no mundo por E. histolytica/E. dispar � 10% apresentam sintomas da doença � E. dispar responsável pelas infecções assintomáticas (colite nao disentérica) TaxonomiaTaxonomia • Filo: Sarcomastigophora • Sub-Filo: Sarcodina • Ordem: Amoebida • Família: Entamoebidae Dientamoebidae • Gêneros: Entamoeba Endolimax Iodamoeba Dientamoeba Gênero Gênero EntamoebaEntamoeba • Entamoeba com cistos contendo até 8 núcleos: E. coli • Entamoeba de cistos com até 4 núcleos: – E. histolytica – E. dispar – E. hartmanni – E. moshkovskii (vida livre) • Entamoeba que não possui cistos: E. gingivalis (homem e macacos) Morfologia das espécies de Morfologia das espécies de EntamoebasEntamoebas intestinais humanasintestinais humanas Outras Amebas Parasitas do HomemOutras Amebas Parasitas do Homem • Gênero Endolimax: E. nana � Menor ameba que vive no homem �Cisto com 4 pequenos núcleos, corpos cromátoides pequenos e ovóides �Vivem na região cólica • Gênero Iodamoeba: I. butschlii �Cisto com 1 núcleo e 1 grande vacúolo de glicogênio �Comensal do ceco �Porcos e várias espécies de primatas • Dientamoeba que não possui cistos e trofozoítos com 2 núcleos: D. fragilis 30/03/2013 2 Amebas encontradas no homemAmebas encontradas no homem FORMAS TROFOZOITAS 1,2 – E. histolytica 3,4 – E. hartmanni 5 – E. coli 6,7 – Endolimax nana 8 – Iodamoeba butschlii FORMAS CISTICAS 9,10 – E. histolytica 11 – E. hartmanni 12 - E. coli 13 – Endolimax nana 14 – Iodamoeba butschlii Entamoeba histolytica Ciclo Biológico Estágios do parasita: cisto, metacisto, trofozoíta, pré-cisto � Cisto: • Imóvel, não se alimenta, estágio infectante � Trofozoíta: • Móvel (pseudópodes) • Se reproduz (divisão binária) • Se alimenta (fagocitose, pinocitose) • Estágio comensal ou invasivo Entamoeba histolytica Ciclo Biológico Estágios do parasita: cisto, metacisto, trofozoíta, pré-cisto � Metacisto: • Forma multinucleada • Emerge do cisto no intestino delgado • Dá origem ao trofozoíto � Pré-cisto: • Fase intermediária entre o trofozoíto e o cisto • Oval ou ligeiramente arredondado • Corpos cromatóides no citoplasma em forma de bastonete Amebíase Ciclo Biológico Ciclo Biológico Ciclo Patogênico 30/03/2013 3 Ciclo Patogênico Loc. primária Intestino grosso Abcesso hepático (hematogênico) Úlcera perineal Abcesso pulmonar (contiguidade) Abcesso esplênico (hematogênico) Úlcera cutânea (contiguidade) Abcesso pulmonar (hematogênico) Abcesso cerebral (hematogênico) Entamoeba histolytica Biologia do parasito Habitat: � Trofozoítas não invasivos (comensais): alimentam-se de bactérias • Luz do intestino grosso �Trofozoítas invasivos (patogênicos): alimentam-se de células (podem ser visualizadas hemácias no seu citoplasma) • Mucosa intestinal, fígado, pulmão, rim e, mais raramente, no cérebro Entamoeba histolytica Biologia do parasito Transmissão: � Ingestão de cistos • Contato direto • Agua e alimentos contaminados • Falta de higiene domiciliar Fonte de infecção: � Portadores sãos � Portadores convalescentes Período de incubação: � 7 dias a 4 meses (2 a 4 semanas) Patogenia Forma assintomática intestinal (80-90%): E. dispar? � Não invasiva Forma sintomática: � Amebíase intestinal invasiva � Amebíase extraintestinal invasiva Poder invasivo: Quebra do equilíbrio parasito-hospedeiro � Fatores ligados ao hospedeiro • Resposta imune • Sexo • Idade • Estado nutricional • Localização geográfica Patogenia Poder invasivo: Quebra do equilibrio parasito-hospedeiro � Fatores ligados ao parasito • Cepa ou linhagem • Eritrofagocitose • Adesão entre a ameba-célula epitelial mediada por lectinas – liberação de enzimas proteolíticas – progressão e destruição dos tecidos � Fatores ligados ao meio • Bactérias anaeróbicas (potencializar a virulência da cepa) • Passagens sucessivas em diversos hospedeiros • Reinfecções sucessivas Manifestações Clínicas Forma assintomática intestinal (80-90%) dos casos: E. dispar? Forma sintomática � Colite não disentérica � Colite amebiana ou forma disentérica � Amebíase extraintestinal 30/03/2013 4 Formas Sintomáticas Colite não disentérica • 2-4 evacuações diarreicas, fezes moles ou pastosas as vezes com muco ou sangue • Desconforto abdominal • Alternância entre manifestações clínicas e períodos silenciosos Colite disentérica aguda ou colite amebiana • 10-20 evacuações líquidas mucossanguinolentas • Dor abdominal, febre, leucocitose, tenesmo, câimbras • Grupos vulneráveis: crianças, gestantes, desnutridos Formas Sintomáticas • Amebíase extraintestinal invasiva �Abcesso hepático (+ comum): • Dor, febre, hepatomegalia �Abcessos pulmonares e cerebrais (raros) �Lesões cutâneas (região perianal e orgãos genitais) Diagnóstico DIAGNÓSTICO CLÍNICO: Quadro clínico compátivel com a protozoose � Presença demonstrada do parasito � Teste(s) sorológico(s) positivo(s) � Resposta favorável a terapêutica anti-amebiana DIAGNÓSTICO LABORATORIAL: Amebíase Intestinal � Pesquisa de cistos e/ou trofozoítos � Retossigmoidoscopia (biopsia) � Pesquisa de coproantigenos (ELISA) e anticorpos (RIFI) Diagnóstico Laboratorial Diagnóstico parasitológico: Fezes formadas cistos Fezes diarréicas trofozoítas � Exame direto: • a fresco (disenteria amebiana ≠ bacilar) • corado com lugol � Preparações coradas: Tricrômio, hematoxilina férrica � Técnicas de concentração: • Metodo de Faust e cols. • Metodo de MIF (sedimentação por centrifugação) • Sedimentação espontânea Diagnóstico Laboratorial Pelo menos 3 amostras de fezes recentes devem ser examinadas Exames complementares (para diagnóstico de abcesso amebiano): �Ultrassonografia �Tomografia computadorizada �Ressonância magnética Diagnóstico Laboratorial 30/03/2013 5 Diagnóstico Laboratorial Trofozoítas de E. histolytica - forma magna (coloração pelo Tricrômio) Diagnóstico Laboratorial Trofozoítas de E. histolytica - forma magna (coloração pelo Tricrômio) Diagnóstico Laboratorial Trofozoítas de E. histolytica - forma minuta (coloração pelo Tricrômio) Diagnóstico Laboratorial Cisto de E. histolytica: imaturo, uninucleado (coloração pelo Tricrômio) Diagnóstico Laboratorial Cisto de E. histolytica: imaturo, binucleado (coloração pelo Tricrômio) Diagnóstico Laboratorial 30/03/2013 6 Diagnóstico Laboratorial Cisto de E. histolytica: uninucleado (coloração pelo Lugol) Diagnóstico Laboratorial Trofozoíta de E. coli (coloração pelo Tricrômio) Diagnóstico Laboratorial Cistos de Entamoeba coli A fresco Corado pelo Lugol Diagnóstico Laboratorial Trofozoíta de Endolimax nana (coloração pela Hematoxilina férrica) Diagnóstico Laboratorial Cisto de E. nana (coloração pela Hematoxilina férrica) Diagnóstico Laboratorial Cisto de E. nana (coloração pelo Lugol) 30/03/2013 7 Diagnóstico Laboratorial Trofozoíta de Iodamoeba butschlii (coloração pelo Tricrômio) Diagnóstico Laboratorial Cisto de Iodamoeba bütschlii (coloração pelo Lugol) Diagnóstico Laboratorial Cisto de Iodamoeba butschlii: maduro, uninucleado (coloração pelo Tricrômio) Diagnóstico Diferencial E. histolytica eE. dispar Diagnóstico por PCR (RNAr) � Identificação de sequencias de ácidos nucléicos específicos em E. histolytica Cultura e análise de isoenzimas � Identificação de E. histolytica ou E. dispar Epidemiologia � Maior prevalência nas regiões tropicais e subtropicais � Ligada as condições de higiene, alimentação, educação sanitária e socioeconômicas � Brasil: • Região Sul/Sudeste – 2,5 a 11% • Região Amazônica (até 19%) – maior gravidade (formas disentéricas e abcessos hepáticos) • Demais regiões – 10% � Mais frequente em adultos e grupos profissionais � Endêmica em todas as áreas de sua distribuição, não causando epidemias � Os cistos permanecem viáveis (ao abrigo da luz solar e em condições de umidade) durante cerca de 20 dias Profilaxia � Proteção dos alimentos/água potável � Exames periódicos dos manipuladores de alimentos � Tratamento dos portadores assintomáticos � Combate as moscas � Destino adequado do lixo � Saneamento básico e ambiental 30/03/2013 8 Tratamento • Amebicidas de ação tissular �Cloridrato de emetina e cloroquina (fígado) • Amebicidas que atuam na luz intestinal: �Derivados da quinoleína, diiodo-hidroxiquinoleína �Antibioticos: paramomicina e eritromicina �Outros derivados: clorobetamida • Amebicidas que atuam tanto na luz intestinal como nos tecidos � Antibióticos: tetraciclinas e derivados, eritromicina, espiramicina e paramomicina � Derivados imidazólicos: Metronidazol, ornidazol, tinidazol e secnidazol • Nitazoxanida (Annita)
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