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Leis e Processo Penal no Tempo e no Espaço

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jusbrasil.com.br
22 de Junho de 2017
Leis e Processo Penal no Tempo e no Espaço
Antes de adentrarmos no tema, cumpre tecer alguns comentários acerca da
Emenda Constitucional 45/04 e algumas de suas alterações, ora a esclarecer
critérios a serem adotados em relação ao grau de positividade de normas previstas
em tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos, ora a impor a
submissão do Brasil às jurisdições internacionais – isso em nível constitucional.
A primeira observação é o que está contido no § 3º do artigo 5º da nossa Carta
Magna, que tem a redação dada pela citada Emenda Constitucional, dispõe: “os
tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem
aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três
quintos dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes às emendas
constitucionais”.
Aqui, nota­se que supre o debate antigo de Direito Internacional, sobre a qualidade
normativa dos comandos previstos em tratados e convenções internacionais
subscritos pelo Brasil.
A Suprema Corte ainda fixou o entendimento e que os tratados deveriam
submeter­se às regras do conflito temporal de normas, pelo princípio cronológico
(lei posterior revoga a anterior), e também pelo princípio da especialidade (lei
especial não revoga lei geral).
Portanto, a adesão às normas internacionais firmadas em tratados e convenções,
subscritas, ratificadas e promulgadas pelo Brasil (Decreto Legislativo e Decreto do
Executivo), acarretará a adoção de regras processuais penais ali previstas.
Exemplifico. A Convenção de Tortura e outros Tratamentos ou Penas Cruéis
(Decreto Legislativo nº 4/89), estabeleceu a obrigatoriedade da punição pelo
Estado, bem como indenização às vítimas.
Destaca­se, também, as estipulações do Pacto de San José da Costa Rica relativas
ao processo penal, aplicadas desde 1992 no Brasil.
PUBLICAR CADASTRE‐SE ENTRARPESQUISAR
Outro ponto de relevância é o § 4º do artigo 5º da Constituição Federal, também
incluído pela referida Emenda Constitucional 45/04, que dispõe: “o Brasil se
submete à jurisdição de Tribunal Penal Internacional a cuja criação tenha
manifestado adesão”.
Por óbvio que, para que se possa pensar na aplicação da jurisdição do Tribunal
Penal Internacional, é imperioso que exista tipificação expressa e taxativa no
ordenamento jurídico do país de origem.
Acerca das leis processuais no espaço e no tempo, cumpre salientar que a nossa
legislação processual penal não se resume ao Código de 1941.
Assim sendo, o artigo primeiro do Código de Processo Penal estipula as ressalvas
na aplicação do Código de Processo Penal no território brasileiro.
Ainda sobre tal artigo, o inciso II não tem mais aplicabilidade, visto que as
prerrogativas constitucionais já se encontram inteiramente reguladas na
Constituição Federal.
Portanto, o Processo Penal Brasileiro estrutura­se a partir da Constituição Federal,
adotando as normas previstas em tratados e convenções internacionais, bem como
a legislação infraconstitucional.
Há matérias específicas, nas quais o Código de Processo Penal não se aplica, senão
subsidiariamente, e quando for possível. É o caso do Direito Penal Militar, por
exemplo, e os crimes de responsabilidade.
Para essas matérias, há legislações específicas, em atenção à especificidade da
jurisdição: jurisdição militar e jurisdição política.
Sobre as questões relativas as leis no espaço, também são matéria constitucional,
ligadas a soberania do Estado.
Em relação as leis processuais, não há nenhuma dificuldade: aplica­se o princípio
da territorialidade.
As hipóteses de extraterritorialidade constituem matéria de Direito Penal,
conforme previsto no artigo 7º do Código Penal vigente. Nele estão previstos os
casos em que a lei penal ultrapassará os limites do nosso território para atingir
determinadas pessoas e condutas praticadas no estrangeiro.
Mas em sede de processo, não há nenhum óbice. Processo é instrumento de acesso
à jurisdição. Assim, só se aplica o nosso Processo Penal em sede da jurisdição
brasileira.
Quanto ao território, há duas definições: território em sentido estrito e território
por extensão.
A primeira compreende solo, subsolo, águas interiores, mar territorial, plataforma
continental e o espaço aéreo acima de seu território e mar territorial (Leis
7.565/86 e 8.617/93).
A segunda definição compreende as embarcações e aeronaves brasileiras, de
natureza pública ou a serviço do governo brasileiro, em qualquer lugar que
estiverem (artigo 5º, § 1º do Código Penal).
Sobre as leis processuais no tempo, a regra é que se aplicam de imediato, desde a
sua vigência, respeitando a validade dos atos realizados sob o império de legislação
anterior.
Entende­se por atos realizados também os respectivos efeitos e/ou consequências
jurídicas.
A irretroatividade da lei penal tem fundamentação absolutamente distinta daquela
pertencente à legislação processual penal.
Na primeira, parte­se da ideia de que o agente do crime, ao praticar a infração,
poderia avaliar as consequências de sua ação no campo jurídico, de tal maneira
que a pena, eventualmente aplicada a ele, pudesse ser entendida como o custo
correspondente ao benefício alcançado.
Assim, ao tempo do crime, a norma proibitiva a todos endereçada, exigia
conhecimento de todos os seus termos e de suas consequências, já que não se pode
alegar o desconhecimento da lei para a sua inobservância, princípio geral do
Direito, sem o qual não haveria como se pensar na exigibilidade e coercibilidade
das normas jurídicas.
O mesmo não ocorre, porém, em relação ao procedimento criminal. O novo
procedimento, se constitucional, deve ser aplicável a qualquer autor, respeitadas
apenas as regras atinentes aos efeitos de cada ato processual.
A regra da irretroatividade da norma penal desfavorável ao acusado deve
prevalecer sobre os comandos de natureza processual.
Se, porém, for mais favorável, deverá desde logo ser aplicada.
Se houver dúvidas quanto ao alcance da legislação penal, no que se refere à sua
benignidade em face do acusado, deve­se rejeitar a sua aplicação imediata. Isso
porque nem sempre a lei é inteiramente ou integralmente favorável, contendo
disposições que beneficiam e outras que desfavorecem o réu.
Referências Bibliográficas
RANGEL, Paulo. Direito Processual Penal – 21. Ed. – São Paulo: Atlas, 2013.
LOPES JR., Aury. Direito Processual Penal – 12. Ed. – São Paulo: Saraiva, 2015.
OLIVEIRA, Eugênio Pacelli de. Curso de Processo Penal – 17. Ed. Rev. E ampl.
Atual. De acordo com as Leis n.º 12.654, 12.683, 12.694, 12.714, 12.735, 12.736,
12.737 e 12.7600, todas de 2012. – São Paulo: Atlas, 2013.
Disponível em: http://juliodeandradeneto.jusbrasil.com.br/artigos/401011400/leis‐e‐processo‐penal‐no‐tempo‐e‐no‐espaco

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