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Faculdade de Zootecnia, Veterinária e Agronomia – PUCRS Curso de Medicina Veterinária Cirurgia Veterinária I UNIDADE I – INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA CIRURGIA 1) INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA CIRURGIA VETERINÁRIA DEFINIÇÃO: Entende-se por cirurgia o uso da manipulação para o diagnóstico e tratamento de doenças, para modificar a função fisiológica ou estrutura anatômica, ou ainda, para cumprir propósitos específicos. PROPÓSITO DA CIRURGIA VETERINÁRIA: • Aumento do valor econômico dos pacientes: orquiectomia em eqüinos; descorna em bovinos. • Aumento do valor afetivo dos animais de estimação: ovariohisterectomia na cadela. • Diagnóstico de doenças através de cirurgias exploratórias: celiotomia exploratória. • Abordagem com objetivos pré-determinados ou para o tratamento de afecções cirúrgicas: introdução de catéteres para a verificação da pressão sanguínea, cistorrafia nas perfurações de bexiga. • Cirurgia cosmética ou plástica: conchectomia e caudectomia em cães. • Cirurgia experimental: importante recurso na pesquisa biomédica. CLASSIFICAÇÃO DAS CIRURGIAS : DE ACORDO COM A ATIVIDADE: • Reparação de feridas: parte fundamental de qualquer procedimento cirúrgico. • Cirurgia de extirpação: remoção de órgãos ou tecidos doentes. • Cirurgia de reconstituição: reconstitui órgãos ou tecidos lesados. Ex: osteossínteses. • Cirurgia fisiológica: são as que modificam a fisiologia do animal. Ex: ovariohisterectomia. QUANTO AO TIPO DE CIRURGIA: • Leve: cirurgia sem risco de vida. • Grave: cirurgia com risco de vida. • Simples: cirurgia rápida que envolve somente uma estrutura ou tecido. Ex: retirada de um nódulo da pele. • Composta: cirurgia meticulosa, envolve várias estruturas. Ex: cesariana. 1 Prof. Daniel Roulim Stainki Faculdade de Zootecnia, Veterinária e Agronomia – PUCRS Curso de Medicina Veterinária Cirurgia Veterinária I • Cruenta: quando há presença de muito sangue no local durante o ato cirúrgico. Ex: enucleação ocular, extração dentária. • Regular: é uma cirurgia planejada, seguindo normas pré-estabelecidas. Ex: ovariohisterectomia em animais sadios. • Irregular: é uma cirurgia sem planejamento prévio. • Urgente: é de apresentação grave, com o paciente correndo risco de vida. • Eletiva ou não urgente: não é grave, pode ser protelada. • Paleativa: cirurgia que melhora as condições de vida do paciente, mas não cura a doença. DE ACORDO COM A ESPECIALIDADE (baseada em sistemas): • Cirurgia cardiovascular • Cirurgia do trato respiratório • Cirurgia gênito-urinária • Neurocirurgia • Cirurgia oftálmica, etc... TEMPOS OPERATÓRIOS OU CIRÚRGICOS: Resultam da reunião e classificação de muitas manobras gerais, ordenadas e executadas em uma determinada região anatômica, com finalidade didática, descritiva e de estudo. FINALIDADE DA CIRURGIA: • Cirurgia humana: salvar ou manter a vida dos pacientes a qualquer custo (muitas vezes exigindo mutilações). • Cirurgia veterinária: Pequenos animais: por via de regra apresenta-se da mesma forma que a humana, pois existe envolvimento afetivo entre paciente e cliente. Grandes animais: geralmente ocorrem limitações de ordem econômica, cujo principal objetivo passa a ser a qualidade de produção e trabalho do paciente. PRÉ, TRANS E PÓS-OPERATÓRIO Pré-operatório: envolve desde as manobras gerais, como a preparação do local para a cirurgia, esterilização dos instrumentos, banho do paciente, jejum, preparação da indumentária cirúrgica, aplicação de soro, antibioticoterapia profilática, contenção do paciente, tranqüilização, tricotomia, posicionamento na mesa e anti-sepsia. Trans-operatório: compreende manobras como a diérese (secção das estruturas), hemostasia, procedimentos especiais da técnica e a síntese tecidual. Pós-operatório: inclui limpeza da ferida, colocação de bandagens protetoras, administração de medicamentos e controle clínico diário do paciente e da ferida cirúrgica. 2 Prof. Daniel Roulim Stainki Faculdade de Zootecnia, Veterinária e Agronomia – PUCRS Curso de Medicina Veterinária Cirurgia Veterinária I TERMINOLOGIA CIRÚRGICA # Prefixos: indicam o órgão. Ex: Adeno: glândula; Histero: útero; Angio: vasos; Nefro: rim; Cisto: bexiga; Oofor: ovário; Cole: vesícula; Orqui: testículo; Colpo: vagina; Ósteo: osso; Entero: intestino; Procto: reto e ânus; Espleno: baço; Pneumo: pulmão; Gastro: estômago; Rino: nariz; Hepato: fígado; Traqueo: traquéia. # Sufixos: indicam o procedimento cirúrgico. Centese: punção. Ectomia: excisão de um órgão ou estrutura anatômica. Ostomia: promover uma nova abertura em um órgão. Plastia: dar uma nova forma. Pexia: fixação de um órgão em um determinado local. Ex: gastropexia. Rafia: sutura ou fechamento. Scopia: visualizar um órgão ou cavidade com o auxílio de um aparelho. Tomia: abertura e fechamento. Com a junção dos prefixos aos sufixos formamos as várias palavras na cirurgia, com os seus diferentes significados. PRINCÍPIOS DA TÉCNICA CIRÚRGICA ATRAUMÁTICA E ASSÉPTICA O rompimento excessivo das células pelo trauma cirúrgico propicia a saída de enzimas que retardam a cicatrização. Por este e outros motivos é que se deve evitar ao máximo o trauma cirúrgico. 3 Prof. Daniel Roulim Stainki Faculdade de Zootecnia, Veterinária e Agronomia – PUCRS Curso de Medicina Veterinária Cirurgia Veterinária I A prevenção do trauma é feita através de um bom planejamento da cirurgia, trabalho em conjunto da equipe, boa iluminação da sala cirúrgica, pouca e suave manipulação tecidual, conhecimento da anatomia topográfica do paciente, controle dos movimentos e gestos, busca de pontos de apoio para maior precisão cirúrgica e a diminuição no tempo de cirurgia. REGRAS BÁSICAS • O cirurgião deve permanecer calmo durante os tempos operatórios. • Movimentos mínimos e precisos. • Dissecar somente o necessário. • Reduzir ao máximo a exposição dos órgãos e tecidos. • Manipulação suave das estruturas. • Uso de instrumentos e das técnicas indicadas. • Evitar o ressecamento tecidual. INSTRUMENTAL CIRÚRGICO Os instrumentos cirúrgicos são agrupados de acordo com os tempos cirúrgicos e para fins didáticos, sendo assim classificados: diérese, hemostasia, síntese, especiais, auxiliar, campo e afastadores ou exposição. 1. Instrumental de diérese – Este grupo é composto por instrumentos cortantes, como o bisturi, tesouras, serras e trépanos. Obs.: o bisturi deve ser entregue pelo cabo ao cirurgião, tendo o instrumentador o cuidado de colocar o dorso da lâmina voltado para sua mão, permitindo com que o cirurgião pegue o bisturi pelo cabo na posição funcional. 2. Instrumental de hemostasia – É o grupo composto de materiais destinados ao pinçamento de vasos sangrentos, como as pinças hemostáticas. 3. Instrumentos de síntese – Compõe-se de instrumentos de sutura como porta agulha, agulhas e fios. 4. Instrumentos especiais – Grupo composto de instrumentos cuja indicação é determinada pelo tipo de cirurgia. Estes instrumentos são usados somente no tempo cirúrgico propriamente dito, por isso ocupam o lugar mais distante na mesa de instrumentos. Ex.: Pinças Satinsky, etc. 5. Instrumentos de auxiliares – Composto por instrumentos auxiliares de preensão, indicados para o auxílio no uso de outros instrumentos. Basicamente compõe esse grupo as pinças anatômicas serrilhada e dente de rato. 6. Pinças de campo – Esse grupo é composto por pinças que se destinam à fixação dos campos estéreis para delimitação do campo operatório. Ex.: Pinça Backhaus. 7. Afastadores – Formado por instrumentos de exposiçãoque permite a melhor visualização da cavidade operatória. Ex.: Afastadores de Farabeuf, Balfour, Finochetto, etc. 4 Prof. Daniel Roulim Stainki Faculdade de Zootecnia, Veterinária e Agronomia – PUCRS Curso de Medicina Veterinária Cirurgia Veterinária I DISPOSIÇÃO DOS INSTRUMENTOS NA MESA AUXILIAR Instrumentador Instrumental Especial Instrumental Auxiliar Instrumental de Síntese Pinças de Campo Instrumental de Hemostasia Instrumental de Diérese Paciente Os instrumentos são dispostos na mesa de modo que a ponta fique na direção do instrumentador. As tesouras e pinças curvas devem ser colocadas com a parte côncava voltada para a superfície da mesma, facilitando a entrega do material ao cirurgião na posição funcional. SUGESTÃO DE LEITURA: GHELLERE, T., ANTÔNIO, M.C., SOUZA, M.L. Centro cirúrgico: aspectos fundamentais para enfermagem. Florianópolis: Editora da UFSC, 3. ed., 1993. 182 p. KNECHT, C.D., ALLEN, A.R., WILLIAMS, D.J., JOHNSON, J.H. Técnicas fundamentais em cirurgia veterinária. 2. ed., São Paulo: Roca, 1985. 308 p. 5 Prof. Daniel Roulim Stainki
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