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XVII Congresso Brasileiro de Custos – Belo Horizonte, MG, Brasil, 03 a 05 de novembro de 2010 Redução de custos de estoque, inventário e armazenagem de uma empresa do ramo eletroeletrônico através do uso de três práticas do supply chain management Resumo A competição entre as organizações, o conhecimento da cadeia de suprimentos e melhorias que ela pode trazer são pontos que despertam interesse a estas empresas industriais. Este estudo foi realizado, em uma empresa do ramo de eletroeletrônico do pólo industrial de Manaus e em dois de seus fornecedores local, para entender uma parte da cadeia de suprimentos e que tipo de melhoria e redução dos custos de estoques, inventário e armazenagem pode-se obter. Para isso, foi utilizado o mapeamento de processo para identificar os pontos falhos e de desperdício no fluxo de material e informação, como também conceitos de supply chain management. Para propor as melhorias, usou-se três práticas e iniciativas do supply chain management (EDI, ECR e VMI) resultando em um fluxograma futuro com as melhorias. Palavras-chave: Cadeia de suprimentos. Supply chain management. Redução de custos. Área Temática: Gestão de Custos Logísticos e nas Cadeias Produtivas. 1 Introdução A competição entre as organizações tem aumentado a cada dia, por isso reduzir custos, melhorar a qualidade e aumentar a produtividade são pontos fundamentais para a sobrevivência destas. Na busca de atingir estes objetivos, empresas e seus fornecedores têm trabalhado em parceria, desenvolvendo ações para se obter uma cadeia de suprimentos consistente e harmoniosa. Toda empresa tenta encontrar a melhor forma de gerenciar seus materiais (insumos e produtos acabados) e suas informações. A cadeia de suprimentos é um dos nichos de análise que pode mostrar para qualquer organização seus ganhos ou perdas. Estudos e o gerenciamento voltado a esta questão tem crescido para resolução de problemas das empresas. Este trabalho consiste no estudo realizado em uma parte da cadeia de suprimento de uma empresa do Pólo industrial de Manaus do setor de eletroeletrônico. O estudo analisou o abastecimento de dois fornecedores, de diferentes tipos de insumos, e o abastecimento de insumos dentro da área produtiva desta empresa. Utilizando o mapeamento de processo se identificou alguns pontos falhos e de desperdício nesta parte da cadeia, tanto nos dois fornecedores com a empresa quanto dentro da mesma, e através de três práticas/iniciativas a serviço do planejamento e gestão colaborativa no Supply Chain (SC) se propõem algumas idéias de melhoria que poderiam ser aplicadas e que tipo de redução de custo relacionado ao estoque poderá ocorrer. 2 Logística O termo logística é oriunda do grego logistiké voltada a parte da aritmética e da álgebra relacionadas às quatros operações fundamentais. Mas o termo mais utilizado atualmente é de origem francesa logistique que é uma aplicação prática da arte de mover exércitos, compreendendo os meios e arranjos permitindo a aplicação de planos militares XVII Congresso Brasileiro de Custos – Belo Horizonte, MG, Brasil, 03 a 05 de novembro de 2010 estratégicos e táticos (Tixier et al., 1983). Segundo Council of Logistics Management (CLM) define logística como “a parte do processo de gestão da cadeia de suprimentos, que trata do planejamento, implementação e controle eficiente e eficaz do fluxo e armazenagem de bens, serviços e informações relacionados, do seu ponto de origem até seu ponto de consumo, de maneira a satisfazer plenamente as necessidades do cliente”. A logística está voltada em estabelecer a integração entre todos os empreendimentos na busca do melhoramento dos processos produtivos, onde visa garantir: o melhor dimensionamento de recursos para a produção, armazenar as matérias- primas e bens processados quando necessários fluxo e seqüência das atividades de produção, informação relacionados ao fluxo de produção. A logística de suprimento está relacionada com o transporte e suprimentos dos recursos (mão-de-obra, materiais, equipamentos entre outros) que vão atender aos processos produtivos, ou seja, a disponibilização dos recursos no momento exato para o inicio ou andamento da produção. 2.1 Objetivos da Logística As organizações industriais têm como objetivos a obtenção altos de níveis de serviço ao menor custo, ou seja, agregar valor ao cliente ao menor custo possível. Segundo Ballou (1997) “O valor na logística é expresso em termos de tempo e lugar”. Interpretando a idéia do autor a disponibilização do produto no tempo certo e na hora evita a insatisfação do cliente e reduz os custos como de retrabalho e atrasos de entrega. 3 Custo de manutenção de inventário Os estoques são ativos tangíveis que visam à comercialização ou utilização das operações das empresas. Cada empresa possui o seu nível de estoque que depende de suas políticas e decisões cabíveis a elas quanto à incerteza na demanda ou no fornecimento. A análise preliminar do grau de eficiência do transporte, do armazém e do processamento de pedidos para a redução dos níveis de estoque gera um aumento do Custo Logístico Total. 3.1 Custos de serviços de inventário Segundo Faria e Costa (2008, p.110), “os custos de serviços de inventário incluem os custos com impostos e seguros”. No Brasil, não existem tributos incidentes sobre os estoques. Já no que diz respeito aos seguros, Segundo Bowersox e Closs (2001), estes incidem sobre o valor dos estoques, por um determinado período de tempo, função do risco ou exposição ao risco a que o material ou produto está exposto, ou seja, produtos com maior valor agregado ou materiais perigosos têm custos de seguros mais elevados. 3.2 Custos de espaço para armazenagem (estocagem) Na ocorrência de custos variáveis em relação ao espaço de armazenagem, como o caso de armazéns públicos/gerais ou alugados, onde o custo é calculado em função do volume estocado, devem ser considerados como custos de manutenção dos estoques, pois segundo Lambert et al. (1998, p. 374), “ apenas as cobranças do armazém público devem ser incluídas XVII Congresso Brasileiro de Custos – Belo Horizonte, MG, Brasil, 03 a 05 de novembro de 2010 nos custos de manutenção de estoques, uma vez que trata-se de cobranças de armazenagem pública que variarão com o nível de estoques”. 3.3 Custos de riscos de estoques Os custos de riscos de estoques dependem do tipo de materiais e produto estocados e, de acordo com Lambert et al. (1998, p. 375 - 376), incluem: obsolescência, avarias, perdas e custos de realocação. As avarias (quebras, produtos danificados etc.) nos estoques podem ocorrer nos Subprocessos/atividades de transporte e armazenagem, enquanto as perdas envolvem possíveis roubos que requerem segurança. Na visão dos membros do presente artigo, Estes custos podem ser considerados como perdas efetivas para a empresa e não deveriam ser tratados como Custos de Manutenção de inventário, pois são custos irrecuperáveis. 3.4 Custos total de manutenção de inventário Na intenção de se obter o custo total para manter o estoque, faz-se a somatória de todos os custos inerentes ao mesmo, sendo: custos de capital sobre investimentos em estoques (custo de oportunidade), custos de serviços de inventário, custos de espaço para armazenagem (variável) e custos de riscos de estoques, mas devem ser considerados os trade-offs entre outros elementos de custos, tais como transporte e armazenagem. 4 Supply chain managment (scm) Com o desenvolvimento da logística e análise da cadeia de suprimentos num todo, o SCM surgiu não apenas como forma de função logística, mas também de outras funções empresariais – marketing, vendas, finanças, planejamento, pesquisa e desenvolvimento (P&D) e recursoshumanos dentre outras - e em todas as empresas da cadeia. Bowersox (1998), diz que o Supply Chain é um termo que considera a sequência de compradores ou vendedores trabalhando em conjunto para levar o produto de origem até a casa do consumidor, ou seja, série de relacionamentos de movimentação de materiais e informações entre os parceiros incluindo-se transporte, armazenagem e estoque. O SCM também pode ser definido “como uma metodologia desenvolvida para alinhar todas as atividades de produção de forma sincronizada, visando a reduzir custos, minimizar ciclos e maximizar o valor percebido pelo cliente final por meio do rompimento das barreiras entre os departamentos e áreas. (WOOD e ZUFFO, 1998). O Supply Chain pode ser entendido como sendo o conjunto de processos que envolvem fornecedores e clientes que interligam suas empresas desde a fonte inicial de matéria prima até o ponto de consumo do produto acabado. A figura 1 mostra a relação dentro do supply chain bem como os seus personagens. XVII Congresso Brasileiro de Custos – Belo Horizonte, MG, Brasil, 03 a 05 de novembro de 2010 Figura 1: Representação do Supply Chain (SC) Upstream ou sentido Montante representa o sentido dos fornecedores da empresa; Downstream ou sentido Jusante representa o sentido do cliente final. Os esforços, desde o primeiro fornecedor até o último cliente, que envolvem a produção e a liberação do produto final são baseadas em quatro processos: o Planejar (Plan), o Abastecer (Source), o Fazer (Make) e o Entregar (Delivery). Então, considera-se Supply Chain como a rede de companhias autônomas, ou semi- autonomas, que são efetivamente responsáveis pela obtenção, produção e liberação de um determinado produto e/ou serviço ao cliente final. O SCM é multifuncional e abrange interesses de diversas áreas tradicionais das empresas industriais. Por essa perspectiva podemos considerar a SCM como uma área contemporânea que, certamente, tem mais de uma origem. Isso significa que ela pode ser considerada um ponto de convergência na expansão de outras áreas tradicionais no ambiente empresarial. A figura 2 representa as quatro áreas constituintes do SCM. Figura 2: Potenciais origens da SCM A finalidade do SCM é unificar as metas das empresas pertencentes à cadeia e sincronizar suas atividades na busca de resultados expressivos para todos os integrantes da XVII Congresso Brasileiro de Custos – Belo Horizonte, MG, Brasil, 03 a 05 de novembro de 2010 cadeia, tanto em termos econômicos como na satisfação do cliente. Para obtenção destes resultados, o SCM envolve, basicamente, três gerenciamentos de fluxo: o de produtos, o de demanda e de informações. À medida que é usado o SCM é criada uma sinergia e o gerenciamento do fluxo de informações entre os elos da cadeia faz com que cada elo e, conseqüentemente, o consumidor final receba os produtos de acordo com as características, quantidades e prazos desejados. 5 JIT A indústria japonesa, nos anos 50, focada na melhoria contínua (kaisen), produção Just–in-time (JIT), flexibilidade da mão de obra e redução de desperdícios, iniciou uma revolução inspirada nas idéias propostas pelos engenheiros Eiiji Toyota e Taiichi Ohno que mudou profundamente o sistema de gestão nas empresas de manufatura. Deste processo evolutivo, emergiu o chamado paradigma do Lean Production (Produção Enxuta) que se difundiu inicialmente nas indústrias do setor automobilístico. Womack e Jones definem Manufatura Enxuta como sendo uma nova abordagem para organizar e gerenciar os relacionamentos de uma empresa com os clientes, cadeia de fornecedores, desenvolvimento de produtos e operações de produção. A base para a Manufatura Enxuta é a identificação de desperdícios no processo bem como atividades que não agregam valor ao produto final. (WOMACK e JONES, 1998) Segundo Slack et. al (2002), “[...] JIT significa produzir bens e serviços exatamente no momento em que são necessários”. Isto significa não gerar estoques, ou seja, não produzir antes gerando custos e insatisfação do cliente. Então, o JIT visa atender a demanda instantaneamente, com qualidade e sem desperdício. O JIT ajuda na estratégia competitiva melhorando em alguns pontos, como: • Redução de custos; • Melhoria da Qualidade; • Aumento do fluxo; • Aumento da flexibilidade, através da resposta do sistema, atingido pela redução dos tempos de processamento; • Maior confiabilidade dos sistemas. 6 Análise da cadeia de suprimentos existente entre os fornecedores A e B e empresa Como característica de muitas empresas do Pólo Industrial de Manaus, a empresa em estudo possui fornecedores de âmbito nacional quanto internacional. O conceito do Suplly Chain Managament já tem sido estudado entre os fornecedores e a empresa, ou seja, a parceria já é algo pretendido entre os membros A análise da cadeia de suprimento total desta empresa é complexa. Para o objetivo do estudo, foi proposta uma análise em uma parte desta cadeia em dois fornecedores, de diferente tipo de insumos, e dentro da própria empresa, entre o estoque e as linhas de produção. A figura 3 mostra um fluxo da informação e de material bem como a relação existente atualmente entre os fornecedores e a empresa, onde: • Os fornecedores ficam no aguardo da confirmação do pedido pela empresa; • Com o pedido confirmado o fornecedor envia o material solicitado, se não há o material requisitado faz-se uma renegociação, não sendo critico na produção, ele é armazenado no estoque da empresa; • Com o pedido de material pela produção, o supermercado é responsável em solicitar o material requisitado para o estoque com os códigos e quantidades XVII Congresso Brasileiro de Custos – Belo Horizonte, MG, Brasil, 03 a 05 de novembro de 2010 certas; • Com o material solicitado, o supermercado aloca o material requisitado nas respectivas linhas da produção. Figura 3: Fluxo de material e informação 6.1 Fluxograma de material e informação dos fornecedores A e B Os fornecedores do estudo têm características diferentes quanto ao insumo fornecido para empresa. O fornecedor A produz material gráfico do produto final e o fornecedor B produz partes plásticas. A forma de solicitação e o fluxo de material da empresa são similares para os dois fornecedores. Isto pode ser observado no fluxograma da figura 4. XVII Congresso Brasileiro de Custos – Belo Horizonte, MG, Brasil, 03 a 05 de novembro de 2010 Figura 4: Mapeamento do fluxo material e informação dos fornecedores A e B O fluxo inicia-se com uma previsão de demanda de material baseado em um software de planejamento utilizado pelos fornecedores. Este software faz uma análise dos pedidos anteriores e a cada semana é atualizado com a previsão de entrega para as duas semanas à frente. O grande problema é a não exatidão, pois os pedidos da empresa são flexíveis, ou seja, sempre os fornecedores estão fabricando acima ou abaixo ou material diferente do requisitado. Isto gera grandes estoques, retrabalhos e renegociações. Toda quinta feira da semana a empresa envia para os fornecedores um forecast com as quantidades a serem entregues nas próximas semanas (mas este forecast muda a cada dia). Como base, são visualizadas apenas as próximas duas semanas para produção, onde a confirmação da entrega – entrega feita sempre um dia após a confirmação - é feita todos os dias até ao meio dia. Como os pedidos são suscetíveis a mudanças constantes, o ato de renegociar é muito comum. Para o atendimento das quantidades e cumprimento de prazos os fornecedores realizam atividades de verificação em seus estoques, processos e material em trânsito para suprir as necessidades do cliente. Não possuindo o material necessário e reorganizadoos prazos de produção e entrega. Com o pedido confirmado, todo o material é separado, embalado e enviado pelos fornecedores até a empresa. O fornecedor é responsável pelo transporte do material desde sua empresa até a empresa do cliente. XVII Congresso Brasileiro de Custos – Belo Horizonte, MG, Brasil, 03 a 05 de novembro de 2010 7 Mapeamento do fluxo de material e informação dentro da empresa Para o fluxo de material na empresa são analisados dois setores, o estoque e o supermercado, conforme a figura 5. O recebimento faz a conferência do material, documentação e quantidades, onde são repassadas para o setor fiscal. O departamento de qualidade é acionado, caso o material seja suspeito quanto à sua qualidade. Ocorrendo algum tipo de falha, este material é rejeitado e comunicado ao fornecedor para o seu tratamento. Todo material “conforme” é enviado para o estoque para ser armazenado e fica aguardando a solicitação do supermercado. A única situação onde o material não fica armazenado no estoque é quando ele é critico nas linhas de produção, pois é enviado diretamente para o supermercado. Figura 5: Mapeamento do fluxo material no estoque da empresa O supermercado é o lugar onde as linhas de produção requisitam apenas o material necessário para sua produção. Ele compreende a uma zona entre o estoque e as linhas de produção e é responsável em fazer o pedido para estoque com as quantidades e tipos de materiais que o planejamento de produção da empresa requer de tal forma que não falte material nas linhas e conseqüentemente não haja parada. O supermercado solicita a cada duas XVII Congresso Brasileiro de Custos – Belo Horizonte, MG, Brasil, 03 a 05 de novembro de 2010 horas o material suficiente para as linhas. A figura 6 mostra o fluxo que ocorre no Supermercado. Figura 6: Mapeamento do fluxo material e informação no supermercado da empresa O fluxo de material e informação no supermercado inicia com a emissão do plano de produção da empresa, onde os operadores do supermercado são informados sobre quais produtos serão fabricados na linha de produção e que tipo de material serão utilizados e abastecidos. Cada material é requisitado pelo supermercado nas quantidades e tipos corretos. Os pedidos devem ser realizados ao estoque a cada duas horas para que não haja falta destes materiais na linha de produção. Todo o material quando vem do estoque para o supermercado, é conferido entre os operadores do estoque e supermercado, onde utilizam o documento de verificação, que é uma lista de material, retirado do sistema e enviado anteriormente. Cada material é separado e organizado sobre um pallet onde será enviado para linha de produção correspondente verificando o tempo de duas horas para o abastecimento. Com o material alocado corretamente, ou seja, na linha de produção, o operador deve confirmar no sistema a sua entrega com as quantidades, tipo de material e lugar alocado. XVII Congresso Brasileiro de Custos – Belo Horizonte, MG, Brasil, 03 a 05 de novembro de 2010 8 Pontos falhos identificados Com o mapeamento do fluxo de material e informação em uma parte da cadeia dos fornecedores e da empresa foi possível identificar alguns pontos de melhoria. Neste tópico serão analisados os pontos identificados como deficientes e as melhorias que poderiam ser aplicadas. 8.1 Pontos falhos nos fornecedores A e B Nos fornecedores A e B um problema encontrado em ambos é a informação quanto ao pedido e entrega. Como a empresa envia apenas uma previsão de pedido toda quinta feira os fornecedores devem criar estoque para que possam atender aos pedidos, isto gera: • Estoque grande de material; • Pode gerar retrabalho, caso o material já em estoque não seja exatamente o desejado. Outro problema identificado é quanto às quantidades a serem entregues, como os pedidos sempre estão sujeitos a mudança, quantidades requisitadas podem não ser atendidas gerando assim uma renegociação entre a empresa e o fornecedor para se obter um consenso quanto à entrega. 8.2 Pontos falhos na cadeia da empresa O planejamento da produção da empresa é bem flexível, ou seja, sempre modifica seus pedidos. Com estas constantes mudanças alguns problemas também são gerados não só aos fornecedores, como também ao estoque, supermercado e as linhas de produção. A flexibilidade gera estoques desnecessários. Vejamos a linha de produção, ela esta configurada para produzir um produto Z, mas a certo tempo do turno o planejamento, sem aviso prévio, diz que deve mudar para o produto W; isto causa um transtorno, pois o supermercado deverá retirar todo o material que teria que ter sido consumido e como já deve estar desembalado, a contagem do restante será uma grande dificuldade. Este material devolvido da linha de produção não poderá ficar no supermercado e deverá ser contado e organizado para ser enviado para o estoque. O material devolvido pelo supermercado fica armazenado no estoque até que uma nova solicitação da produção seja feita, isto pode ocorrer de um dia até vários dias, causando até mesmo estoques de materiais obsoletos. Além da dificuldade para fazer esta logística reversa, outro agravante é a reorganização do novo material desde estoque até as linhas de produção em um tempo reduzido. 9 Colaboração na supply chain para melhoria Para a melhoria da cadeia existente entre os dois fornecedores e a empresa, algumas práticas terão que ser realizadas, ou seja, deve-se trabalhar em mudanças educacionais e comportamentais. O SCM deve ser construído em torno da integração dos parceiros de negócios. Com isso, para se fazer a melhoria se propõe utilizar três práticas e iniciativas a serviço do planejamento e gestão colaborativa na SC. XVII Congresso Brasileiro de Custos – Belo Horizonte, MG, Brasil, 03 a 05 de novembro de 2010 9.1 Melhorias através do Eletronic Data Interchange (EDI) Através do EDI pode-se obter a comunicação entre sistemas das empresas envolvidas, onde se utiliza uma estrutura de rede e softwares de comunicação de dados que as interligam. Esta iniciativa traria grandes benefícios na cadeia entre os fornecedores e a empresa, tais como: • Melhor comunicação e precisão dos dados transacionais; • Maior rapidez no acesso à informação; • Maior produtividade nas transações de dados; • Diminuição dos custos administrativos e transacionais; • Redução de lead times; • Redução de estoques; • Maior agilidade nas tomadas de decisão. 9.2 Melhorias através do Efficient Consumer Response (ECR) Através do ECR, há o atendimento das reais demandas dos clientes que é feita através de um sistema de reposição automática dos estoques. Com o auxilio do EDI, trabalhando em um processamento on line, pode-se planejar e providenciar a reposição do produto consumido. Com a aplicação do ECR, os fornecedores poderiam ter melhora na gestão de demanda, na precisão de entregas, a redução de custos operacionais, a redução de burocracia e de atividades improdutivas no geral, a redução dos estoques, a diminuição da depreciação e obsolescência dos estoques, dentre outros. Para o cliente pode haver o aumento da exposição e opções dos produtos, a redução das faltas de estoques, maior giro de estoques, melhor atendimento ao cliente final, redução de custos no geral. 9.3 Melhorias através do Vendor Managed Inventory (VMI) Nesta prática, o fornecedor tem a responsabilidade de gerenciar o estoque do cliente, incluindo o processo de reposição. O VMI só tem sucesso na sua implementação e operacionalização se houver uma relação de parceria e confiança entre os membros da cadeia, com um compartilhamento extensivo de informações. O funcionamentoefetivo requer integração de informações e de coordenação de processos e de operações entre as empresas envolvidas na cadeia As melhorias que os fornecedores e clientes poderiam obter são: • Fornecedores: Melhor atendimento e maior “fidelização” do cliente; a gestão de demanda melhorada; melhor conhecimento do mercado. • Cliente: custo de estoque e capital de giro menor; melhor atendimento do fornecedor; simplificação da gestão dos estoques e das compras. XVII Congresso Brasileiro de Custos – Belo Horizonte, MG, Brasil, 03 a 05 de novembro de 2010 10 Redução de custos com aplicação das melhorias Baseado nas três iniciativas mencionadas no tópico anterior, utilizadas no serviço de planejamento e gestão colaborativa no SC, foi possível propor um fluxograma futuro da cadeia de suprimentos com suas novas relações de melhoria. O fluxograma proposto pode ser observado na figura 7. Figura 7: Fluxograma hipotético da melhoria A proposta mostra que a partir de cada solicitação feita do processo produtivo para o supermercado, é mostrada em um sistema online à condição do estoque do supermercado, ou seja, a cada retirada de material do estoque é confirmado no sistema à transição e isto pode ser acompanhado pelos fornecedores parceiros. Com a visualização do que esta acontecendo no supermercado cada fornecedor (A e B) pode verificar e estudar antecipadamente a forma de reabastecimento do cliente sem causar prejuízos, tais como: atraso no tempo de entrega, quantidades erradas a serem utilizadas naquele período, tipo de material incorreto, dentre outros. Para utilização do EDI, ECR e VMI o uso do estoque seria mínimo, a comunicação com o fornecedor seria mais direta sem nenhum tipo de burocracia, sem falar na rapidez das respostas quanto à utilização dos materiais requisitados. Cabe ressaltar que, para se ter sucesso na implementação das práticas de SCM alguns investimentos em TIC (Tecnologia da Informação e Comunicação) deve ser realizados. Com essas melhorias a redução de custos dentro da cadeia logística seria perceptível. A geração de estoques na empresa seria mínima quase inexistente, visto que, todo o estoque seria controlado pelo fornecedor. Com a nova proposta os riscos de estoques seriam inexistentes porque os fornecedores XVII Congresso Brasileiro de Custos – Belo Horizonte, MG, Brasil, 03 a 05 de novembro de 2010 atenderiam no momento certo, o tipo de insumo e na quantidade correta, evitando assim possíveis obsolescências causadas pelo dinamismo do produto e mudanças constantes de sazonalidade. Quanto às avarias, os insumos não sofriam possíveis danificações que poderiam ser gerados pelas atividades de transporte e armazenamento dentro dos estoques. Quanto às perdas aos custos de realocação, os insumos não precisariam ser transferidos de um armazém para outro com a justificativa de excesso ou obsolescência. Outro custo que pode ser levado em consideração é quanto ao de transporte, o fornecedor sabendo antecipadamente o quanto deve entregar para o cliente ele consegue prever a entrega dos insumos, evitando assim viagens desnecessárias ou viagens menores que o planejado. 11 Considerações finais Após o estudo, confirmou-se que as melhorias devem ser realizadas quanto o SC existente entre os dois fornecedores e a empresa e dentro da empresa. Alguns investimentos são necessários para que a SCM possa obter sucesso, estes investimentos devem ser aplicados não apenas à empresa ou fornecedor, mas em toda cadeia. A aplicação de ferramentas para se obter o estado atual é de grande valia para que se conheçam os pontos falhos e as verdadeiras necessidades que uma organização possa estar vivendo sem ao menos percebê-las. O estudo mostrou que muitos conceitos estão sendo utilizados sobre SCM, mas que falta o amadurecimento do mesmo, principalmente em empresas nacionais, pois conceitos são novos para estas empresas. A proposta de melhoria do SCM no cenário analisado está baseada em fundamentos utilizados hoje em dia sobre o assunto. Para se obter sucesso, os membros envolvidos terão que mudar algumas de suas práticas, expondo-se um ao outro, trabalhando como parceiros verdadeiramente, visto que, o que é melhor para os fornecedores é melhor para empresa e vice-versa. Referências BALLOU, Ronald H. Business logistics – importance and some research opportunities. Revista Gestão e Produção, São Carlos, n. 2, ago.1997. ______. Logistica empresarial. 1.ed. São Paulo: Atlas, 2007. BARNES, R. M. Estudo de movimentos e de tempos. 6. ed. São Paulo: Edgard Blücher, 1982. BOWERSOX, D. Renascimento da logística. Revista Tecnologística, São Paulo, ano 4, n. 37, dez. 1998. ______; CLOSS, David J. 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