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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ CENTRO DE ENGENHARIAS E CIÊNCIAS EXATAS CURSO DE ENGENHARIA QUÍMICA COEFICIENTE DE ARRASTO TOLEDO- PARANÁ 07 DE NOVEMBRO DE 2017 1 DRIELLY GAMA LETÍCIA BESEN POLIANA ROBERTA FRARE SHARA POPIK TALYTA WENZEL COEFICIENTE DE ARRASTO Trabalho entregue ao Prof Dr. Marcos Moreira como avaliação da disciplina de Fenômenos de Transporte I do curso de Engenharia Química da Universidade Estadual do Oeste do Paraná – Campus Toledo. TOLEDO- PARANÁ 07 DE NOVEMBRO DE 2017 2 RESUMO Para um corpo posto em movimento quando imergido em um fluido, ocorre o surgimento de forças contrárias ao movimento, denotadas como Forças de arrasto. Essas forças são dependentes do formato do corpo, o meio em que se encontra o corpo, a velocidade do movimento, entre outros fatores. Para esse trabalho, utilizou-se como corpo, um submarino de caráter militar, sendo que esses costumam navegar em águas menos profundas, visto que esses costumam ser submarinos para pesquisas científicas. Para alcançar o objetivo do trabalho, sendo esse, encontrar a potência e energia necessária para um Riachuelo S40, partindo de Rio de Janeiro e atracando na Base Naval do Rio Grando do Sul, utilizou-se de tabelas e fórmulas para encontrar os coeficientes de arrasto para cada parte do corpo. Com isso, encontrou-se uma potência necessária de 𝑃 = 24 𝑀𝑊𝑎𝑡𝑡𝑠, resultando em uma energia igual a 𝐸 = 3,84.1012𝐽. Para finalizar, encontrou-se que essa viajem requer cerca de 104000𝑙 de diesel S-10 para ser concluída. 3 INTRODUÇÃO Considerando o escoamento de certos fluidos contornando corpos como objeto de análise, tem-se na Mecânica dos Fluidos uma grande aplicação prática no que se refere às Forças de Arrasto, com suas características físicas e conceitos (Pinho, 1999). A interação que é dada entre o fluido e o objeto, representada pelo escoamento, resulta no estabelecimento de forças e momentos. De acordo com Fox & McDonald (1998), a superfície de um corpo imerso em um fluido em movimento, fica submetida a uma força dinâmica, resultante de forças de pressão (normal à superfície) e de cisalhamento (tangente à superfície). Tensões cisalhantes devido à viscosidade e gradientes de velocidade na superfície do corpo causam forças tangenciais à superfície enquanto variações nas intensidades de pressão ao longo da superfície, devido aos efeitos dinâmicos, resultam em forças normais à superfície do corpo. A componente da força total exercida pelo fluido no sólido, na direção do escoamento é denominada arrasto. Tem-se então que a força sobre a superfície divide-se m duas partes, uma devida ao arrasto de atrito e a outra ao arrasto de pressão. A contribuição relativa de cada uma varia de acordo com o regime do escoamento e com as condições da superfície do corpo. O arrasto de pressão depende, basicamente, da forma do corpo e pode ser reduzido a um mínimo. O arrasto de atrito não depende significativamente da forma do corpo; entretanto, é influenciado pelas características da superfície, Tabak & Wolf (1998), Dong et al.(2001). Uma aplicação específica deste tipo de estudo está expressa na simulação de forças que irão descrever a relação entre a água e um submarino em sua rota. Variáveis que irão influenciar nesta relação, tais temperatura, massa específica, profundidade, entre outras, devem ser levadas em consideração. Os submarinos são caracterizados como embarcações que operam submersas, inicialmente desenvolvidos com finalidade militar, especificamente como artifício de guerra. Para as profundidades muito grandes, eles podem ser utilizados para fins científicos de pesquisa e ainda para a defesa de territórios. Algumas das vantagens dos submarinos referem-se à quase serem indetectáveis, no que se refere ao campo visual, visto a profundeza que operam, 4 e também à quase ausência de sons, que são até mesmo cancelados, bem como a dificuldade em destruí-los. Com estas vantagens, tem-se a capacidade de em zonas de ataque ter um boa proximidade do alvo. A Marinha do Brasil no momento possui 5 submarinos: O Tupi (S-30), o Tamoio (S-31), o Timbira (S-32), o Tapajó (S-33) e o Tikuna (S-34). Os quatro primeiros são submarinos da classe Tupi ( IKL-1400 ton ) e o último da classe Tikuna (a construção do Tapuia fora cancelada). Estes são baseados no submarino alemão U-209. Há planos de aquisição pelo governo brasileiro de novos 5 submarinos, sendo 4 Scorpéne, franceses, e 1 submarino nuclear. Todos modelos devem produzidos no Brasil, com parceria da França. Dentre as próximas aquisições brasileiras, há o modelo Riachuelo S40, que será descrito e analisado no estudo presente. 5 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Para um corpo sólido imerso em um fluido viscoso, estando esse em movimento, o corpo em questão estará sujeito a uma força resultante. Essa força depende de diversos fatores, como a massa especifica do fluido, sua viscosidade, a temperatura, a pressão no local, a velocidade de movimento do corpo e até mesmo seu tamanho. No momento em que o fluido escoa na periferia do corpo, surgem tensões superficiais por toda a extensão, resultando em uma força. Essa força é composta por tensões tangenciais devido à ação viscosa e de tensões normais devido à pressão local. Para analises teóricas, a força resultando é decomposta em diferentes formas atuantes no corpo, em específico para o caso aqui analisado, em forças normais ao corpo e paralelas ao sentido do movimento. Ao analisar o arrasto, sabe-se que o mesmo é uma componente de força que atua paralelo ao sentido do movimento do corpo. Essa força possui um coeficiente característico e determinado a partir do formato do corpo, como pode ser observado na fórmula abaixo. 𝐶𝐷 = 𝐹𝐷 1 2 𝜌𝑉2𝐴 (01) Assim, em um fluido incompressível, o coeficiente de arrasto é dado em função do número adimensional de Reynolds. Além disso, vale resaltar que essa força é aplicavél a qualquer corpo, sendo a soma das forças de arrasto de atrito e de pressão. Para os coeficientes de arrasto, existem gráficos que mostram essas dados em função do número de Reynolds. Essas gráficos variam para superfícies planas, cilíndricas e esféricas, além de alguns variarem em razão da força agir normal ao corpo ou paralelo ao mesmo. O corpo aqui analisado, foi imaginado como um paralelepipedo reto, com uma semiesfera em uma das pontas. Com isso, separou-se o submarino em partes, para facilitar o calculo da força atuante em cada qual. Assim, obteu-se um corpo retangular cuja força atua paralelamente, uma semiesfera com força atuante normal à superfcíe. 6 RESULTADOS E DISCUSSÕES O submarino S-Br convencional, contido na figura 1 navega em profundidades de 300 m, segundo Poder Naval e possui um comprimento de 75m, diâmetro de 7,5 m, e velocidade de 17-20 nós. Considerando uma velocidade de 17 nós, converte-se: 𝑣 = 17 𝑛ó𝑠 | 0,514 𝑚 𝑠 1 𝑛ó𝑣 = 8,74 𝑚 𝑠 Figura 1: Protótipo do submarino utilizado na simulação Adotamos um submarino como o ilustrado pela figura 1, desenhado no AutoCad 2015, mantendo-se as devidas proporções das medidas listadas acima. Esse desenho demonstra as formas geométricas utilizadas para encontrar os coeficientes de arrasto, pois, como já mencionado, os mesmos variam com a geometria do corpo submerso. Figura 2: Desenho do submarino utilizado para obtenção dos coeficientes 7 Sabendo se que a temperatura da água no oceano varia conforme a termoclina, ou seja, é dependente da estação do ano, localidade geográfica e correntes marítimas, a escolhida para a simulação, foi a permanente, as termoclina existentes no local de navegação do submarino estão mostradas na figura abaixo. Figura 3: Variação das zonas aquáticas em função da temperatura e profundidade Como o submarino navega a 300 m e essa região é considerada termoclina permanente, demonstrado na figura 3, utilizou-se a temperatura de 5°C para encontrar a massa específica da água do mar e consequentemente, sua pressão. A variação da massa específica da água depende da temperatura, salinidade, correntes marítimas e profundidade. No entanto, de acordo com CGM Design ela pode ser considerada constante e igual a 1027 Kg/m3, desde a superfície até 10000 m abaixo do nível do mar. Para encontrar a viscosidade cinemática do fluido em questão, utilizou-se a literatura como forma de pesquisa. Assim, através da figura abaixo, obteve-se esse dado. 8 Figura 4: Viscosidade cinemática para água Para encontrar os coeficientes de arrasto que serão utilizados para determinas as forças das mesmas, determinou-se primeiramente o número de Reynolds. Esse número é dado pela equação abaixo. 𝑅𝑒 = 𝜌𝐷𝜗 𝜇 (02) Partindo dos dados já obtidos, e considerando a viscosidade dinâmica como 𝜇 = 1,51 ∗ 10−3 𝑘𝑔 𝑚∗𝑠 , tem-se um Reynolds: 𝑅𝑒 = 4,34 . 108 sendo assim, um escoamento denotado como turbulento. Com esse valor, pode-se encontrar os coeficientes de arrasto para as placas planas que estão paralelas ao escoamento, utilizando a fórmula abaixo. 𝐶𝐷 = 0,455 log 𝑅𝑒2,58 𝑅𝑒 < 109 (03) 9 Partindo dos dados já obtidos, o coeficiente de arrasto para essas placas foi definido como 𝐶𝐷 = 1,75 𝑥 10 −3. A força de arrasto é dada pela equação 01. Manipulando ela, obtém-se 𝐹𝐷 = 1 2 𝐶𝐷 . 𝜌𝐻2𝑂 . 𝐴. 𝑣 2 Calculando para o hemisfério existente na ponta do corpo, a força resultante e normal é dada pela formulação abaixo. O coeficiente de arrasto para essa geometria é obtido a partir da figura 5. Figura 5: Tabela com coeficientes de arrasto Assim, a força resultante nesse corpo é: 𝐹𝐷,𝑁 𝑆𝑢𝑏 = 1 2 0,38 . 1027 𝐾𝑔 𝑚3 . (2. 𝜋. ( 7,5𝑚 2 ) 2 ) . (8,74 𝑚 𝑠 ) 2 𝐹𝐷,𝑁 𝑆𝑢𝑏 = 1,32. 106𝑁 10 Já para o corpo do submarino, utilizou-se o coeficiente encontrado anteriormente. Além disso, vale salientar que o corpo é tratado como um aglomerado de placas planas de mesmo tamanho. Isso resulta em multiplicar a força resultante em uma placa por 4. 𝐹𝐷,𝑁 𝑆𝑢𝑏 = 4. 1 2 1,75.10−3 . 1027 𝐾𝑔 𝑚3 . (75𝑚. 7,5𝑚). (8,74 𝑚 𝑠 ) 2 𝐹𝐷,𝑁 𝑆𝑢𝑏 = 1,54. 106𝑁 Para determinar a potência, será necessário a força de arraste total atuante no corpo, ou seja, a somatória das forças. Além disso, ao multiplicar o somatório das forças pela velocidade do escoamento, encontra-se a potência total necessário para movimentar o corpo. Logo: 𝑃 = (𝐹𝐷,𝑁 𝑆𝑢𝑏1 + 𝐹𝐷,𝑁 𝐸𝑠𝑐2). 𝑉 𝑃 = (1,54. 106𝑁 + 1,32. 106𝑁). 8,74 𝑚 𝑠 𝑃 = 24 𝑀𝑊𝑎𝑡𝑡𝑠 A determinação da energia, se dá ao multiplicar a potência pelo tempo, sendo que esse é encontrado a partir da divisão da distância pela velocidade do movimento. Para a distância, encontrou-se na literatura a distância entre as cidades de Rio de Janeiro – RJ e a cidade da Base Naval no Rio Grande do Sul, em Rio Grande, cujo valor é de ∆𝑑 = 1398 𝑘𝑚. Dessa forma: ∆𝑡 = ∆𝑑 𝑉 ∆𝑡 = 1398000𝑚 8,74𝑚 𝑠 11 ∆𝑡 = 1,6.105𝑠 Aplicando na fórmula da energia, obtém-se: 𝐸 = 𝑃. ∆𝑡 𝐸 = 24.106 𝑥 1,6.105 𝐸 = 3,84.1012𝐽 = 3,84 𝑇𝐽 Para o cálculo da quantidade de combustível utilizada pelo submarino para fazer a viajem requerida, buscou-se na literatura qual o combustível utilizado pelo modelo adotado. Como o mesmo possui fabricação atual, ele utiliza S-10 como combustível, visto que este possui menor teor se enxofre em sua composição, corroendo menos o motor. Na literatura, encontrou-se o poder calorífico inferior do Diesel S-10 como 𝐶𝑃 = 43 𝑀𝐽 𝑘𝑔 e a densidade do mesmo como 𝜌𝑑𝑖𝑒𝑠𝑒𝑙 = 847𝑘𝑔 𝑚3 . 𝑉𝑑𝑖𝑒𝑠𝑒𝑙 = 𝐸 𝐶𝑃 . 𝜌𝑑𝑖𝑒𝑠𝑒𝑙 𝑉𝑑𝑖𝑒𝑠𝑒𝑙 = 3,84.1012𝐽 43 𝑀𝐽 𝑘𝑔 . 847𝑘𝑔 𝑚3 𝑉 = 104𝑚3 = 104000𝑙 Assim, ao final, o submarino necessitará de 1,04.105 litros de combustível (óleo diesel) para viajar do Rio de Janeiro para o Rio Grande do Sul, demorando em torno de dois para navegar. 12 CONCLUSÃO Ao final na simulação, notou-se que o coeficiente de arrasto é variável com diversos fatores, como temperatura, velocidade do corpo, profundidade do processo, tamanho e formato do corpo. Além disse, percebeu-se a variação das propriedades da água no oceano. Em relação ao submarino, notou-se que apesar de possuir caráter militar e de combate, sua velocidade é baixa, desfavorecendo-o, no entanto, tem a seu favor, a difícil localização por inimigo e o cancelamento dos seus sons, tornando-o quase indetectável. Por fim, compreendeu-se como a força de arrasto ocorre em corpos, podendo ser normal ao mesmo ou de atuação paralela ao sentido do movimento do escoamento. Assim, quando maior o coeficiente de arrasto, e por consequência, da força de arrasto, a potência necessária para movimentar um corpo de torna maior, dificultando o escoamento e necessitando de mais energia. 13 REFERÊNCIAS Características da água do mar. Disponível em: <http://www.cgmdesign .net/docs/oceanografia/2%20-%20Caracteristicas%20fisicas%20da%20agua %20do%20mar.pdf> Acesso em 30 de outubro de 2017. Distância entre portos de Rio Grande e Rio de Janeiro. Disponível em: <http://www.geografos.com.br/viagem-maritima-entre-portos-brasil/distancia- entre-porto-rio-grande-e-porto-rio-de-janeiro.php> Acesso em 24 de outubro de 2017. Dong, Z.; Gau, S.; Fryrear, D.W. Drag coefficients, roughness length and zero- plane displacement height as disturbed by artificial standing vegetation. Journal of Arid Environments, San Diego, v.49, n.3, p.485-505. 2001. Fox, R.W.; McDonald, A.T. Introdução à mecânica dos fluidos. 4.ed. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos Editora S.A., 1998. 662p. Pinho, F. T., Mecânica do Fluidos. Disponível em: http://coral.ufsm.br/ aerodesign/Biblioteca/pdf/documentos/escoam.pdf Acesso em 04 de novembro de 2017. Tabak, S.; Wolf, D. Aerodynamics properties of cottonseeds. Journal of Agricultural Engineering Research, Silsoe, v.70, n.3, p.257-265. 1998. Submarino. Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Submarino#Submarinos_militares> Acesso em 06 de novembro de 2017. Submarinos convencionais e nucleares de ataque. Disponível em: <http:// www.naval.com.br/blog/2013/05/25/submarinos-convencionais-e-nucleares-de- ataque/> Acesso em 30 de outubro de 2017. 14 Riachuelo S40. Disponível em: <https://www.aviationgraphic.com/naval-art- prints/1963-riachuelo-s40-brazilian-navy-iz-08p-.html> Acesso em 24 de outubro de 2017. Termoclinas. Disponível em: <http://batepapocomnetuno.blogspot.com.br /2017/06/termoclina.html> Disponível em 04 de novembro de 2017.
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