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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO	03
2 NEOLIBERALISMO	04
2.1 A implementação do Neoliberalismo no Brasil	06
2.2 Comparação entre governos FHC, LULA e DILMA no que se refere as políticas sociais ........................................................................................................................10
4 CONCLUSÃO	13
REFERÊNCIAS .........................................................................................................15
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INTRODUÇÃO
O presente trabalho tem por objetivo refletir sobre o processo de crise e o modelo intervencionista estatal, inaugurado no Brasil da década de 30, o qual teve no Estado Desenvolvimentista o seu centro impulsionador e consequentemente sua substituição nos anos 80/90/2000 pelo padrão neoliberal, em contrário, uma redução das funções estatais no campo econômico, seguida de uma redefinição na área social. 
Assim, para atingir o objetivo geral vamos partir da contextualização desse processo transitório, são problematizadas as suas determinadas, as quais foram iniciadas de forma abrangente no último ano do governo Sarney, sendo prosseguidas de maneira crescente no contexto das gestões dos presidentes Collor, Cardoso e Lula. 
Por fim, vamos abordar sobre uma reformulação das ações que vem sendo implementada no pais no processo de desenvolvimento, admite-se o fato inexorável de que a dinâmica dessas administrações impulsionou de maneira efetiva a consolidação da estratégia político-econômica neoliberal na sociedade brasileira, cuja expressão paradigmática deu-se, sobretudo, por meio do processo de privatização da esfera pública. Quanto às implicações mais contundentes desse percurso de cariz regressivo, salienta-se o processo de precarização das políticas sociais.
NEOLIBERALISMO
O chamado “neoliberalismo” é um dos temas mais polêmicos em se tratando de debates públicos, isto é, discussões entre políticos, jornalistas, analistas de conjuntura política e professores universitários. O conceito “neoliberal” remonta a dois momentos diversos: 1) à virada do século XIX para o século XX e 2) ao período dos anos 1980 e 1990. As discussões e polêmicas circundam ambos os períodos, como veremos.
Sabe-se que o liberalismo, ou liberalismo clássico, foi um conjunto de doutrinas econômicas e reflexões políticas que vigorou entre os séculos XVIII e XIX, influenciando uma grande geração de intelectuais e políticos. Adam Smith e David Ricardo estão entre os principais nomes da tradição liberal clássica. 
O termo neoliberalismo, a princípio, deveria indicar precisamente uma simples renovação ou uma reafirmação das doutrinas liberais. Entretanto, não é bem assim.
Os neoliberais (ou “novos liberais”) da virada do século XIX para o início do século XX possuíam certa interferência de ideologias mais à esquerda e pendiam a uma posição socialmente reformista e intervencionista, o que ia contra as bases do pensamento liberal clássico. Esses “novos liberais” ainda davam especial ênfase nas políticas de justiça social e em práticas reformadas de controle estatal da economia, expressando, segundo José Guilherme Merquior, um desejo de substituir a economia do laissez-faire (“deixe fazer”), isto é, da livre iniciativa.
Essas ideias neoliberais, no início do século XX, foram endossadas por intelectuais como Hans Kelsen (no campo jurídico) e John M. Keynes (no campo da política econômica), mas duramente criticadas por outros herdeiros da tradição liberal clássica. Entre esses últimos, o principal foi o representante da Escola Austríaca de Economia, Ludwig Von Mises. Mises, junto a outros economistas vinculados à sua perspectiva, era radicalmente contra qualquer tipo de intervenção do Estado no seio da liberdade do mercado e do indivíduo.
As ideias críticas de Mises deitaram raízes sobre uma nova geração de intelectuais que despontou após a Segunda Guerra Mundial. Em meio a essa geração estava o também austríaco Friedrich A. Hayek, cujas ideias disputaram espaço nas décadas seguintes (e principalmente nas décadas de 1980 e 1990, em razão do colapso da União Soviética) com as ideias de John Keynes, no campo econômico, mas também com as de outros, em campos fora do estritamente econômico, como John Rawls, NorbertoBobbio e Robert Nozick. Esse cenário intelectual, que teve grande impacto sobre os governos dos Estados Unidos da América e do Reino Unido nas figuras de Ronald Reagan e Margareth Thatcher configurou o segundo momento em que se empregou o conceito de “neoliberalismo”.
Esse momento (décadas de 1980 e 1990), como acentuou José Guilherme Merquior, em sua obra O Liberalismo – Antigo e Moderno, possuía uma mensagem diferente daqueles da passagem do século XIX para o XX. 
Diz Merquior:
[...] os triunfantes “neoliberalismos” de cerca de 1980 tinham uma mensagem muito diferente. Os neoliberais “hayekianos” tendem a desconfiar da liberdade positiva como uma permissão para o “construtivismo”, julgam a justiça social um conceito desprovido de significado, defendem um retorno ao liberalismo, e recomendam um papel mínimo para o Estado. Quanto aos neocontratualistas que se alçaram à fama na década de 1970, alguns deles, como Rawls e Bobbio, estão espiritualmente próximos às inclinações do novo liberalismo, enquanto outros, como Nozick, aparentam-se antes como os neoliberais. (MERQUIOR, 1991, p. 218-19)
Sob o termo “neocontratualistas”, Merquior queria referir-se aos intelectuais pertencentes ao campo neoliberal que defendiam ideias com teor progressista (contratualismo remete ao pensamento social de Rousseau, sobretudo à obra “Do contrato social”). Além desses e da posição defendia por Hayek, houve também a posição da Escola de Chicago, cujo representante principal foi Milton Friedman.
Resta dizer, todavia, que, tanto por parte de quem segue a tradição liberal clássica ou endossa políticas econômicas de viés conservador como por parte de quem defende posições políticas de esquerda, como o intervencionismo do Estado na economia, política de assistencialismo social etc., sempre houve críticas ao conceito e às ações consideradas neoliberais. Um exemplo pode ser observado da história recente do Brasil.
A implementação do Neoliberalismo no Brasil 
Conforme Oliveira (2003), a partir dos anos 30, instaura-se no Brasil um novo modelo de acumulação de cariz “qualitativa e quantitativamente distinto, que dependerá substancialmente de uma realização parcial interna crescente”. (OLIVEIRA, 2003, p. 35). 
Esse modelo consolida-se na sociedade brasileira em substituição ao esgotamento do antigo padrão agrário-exportador, centralizado na produção e na exportação de matérias-primas, caracterizando-se pela presença ativa do Estado na economia, além de possuir, no setor industrial, o núcleo impulsionador do processo de acumulação. 
No âmbito desse modelo de dimensão marcadamente intervencionista, coube ao Estado efetivar determinados empreendimentos, tais como: a criação de um mercado de trabalho e de uma legislação trabalhista que, entre outras ações, instituiu o salário mínimo; a reestruturação de uma rede de bancos oficiais com vistas a resolver a questão relativa ao financiamento do processo de acumulação; e a dinamização do setor produtor de bens de capital (máquinas, equipamentos e instalações) e de insumos básicos. 
Nesse sentido, são sumariamente estabelecidas, pela instituição estatal, todas as condições materiais em favor da expansão do novo modelo de acumulação industrial. No interior desse contexto, tem-se o Estado operando, segundo Oliveira (1999), “como um capital financeiro geral, e, na maior parte dos casos, como capital estatal produtivo” (OLIVEIRA, 1999, p. 67). 
Por intermédio da consolidação desse modelo, a ação estatal passa a assumir um formato de dimensões renovadas, na medida em que, para muito além de meramente ocupar-se da garantia doscomponentes estruturais concernentes à reprodução do sistema produtor de mercadorias, passa também a instituir, por meio dos fundos públicos, as condições absolutamente necessárias à deflagração do processo de acumulação de capital. Dessa forma, o Estado, nesse novo contexto, transmuta-se da sua função clássica de Estado gendarme, típica da contextualidade liberal, à função moderna de Estado interventor. Nesta última manifestação, caracteriza-se essencialmente por fundar as bases da nova sociedade brasileira capitalista industrializada. 
A esse padrão intervencionista estatal, Fiori apud Soares (2001), denomina de Estado Desenvolvimentista, cuja dimensão peculiar dá-se fundamentalmente por sustentar-se “no tripé Estado-capital estrangeiro-capital nacional, com surtos de crescimento e desenvolvimento que possibilitavam os movimentos de ‘fuga para frente’ onde se acomodavam os diversos interesses dominantes”. (FIORI apud SOARES, 2001, p. 153, grifo do autor). 
Entretanto, ocorre que esse Estado Desenvolvimentista, fundado na substituição de importações e orientado para um crescimento do mercado interno e dos núcleos urbanos, além de se pautar na defesa do capital nacional em relação ao estrangeiro, entra irreversivelmente em colapso nos anos 80, tendo em vista a crise financeira deflagrada em decorrência do aumento progressivo das dívidas interna e externa. 
Nesse contexto conjuntural demasiadamente crítico, destaca-se, de maneira paradoxal, a vigência da democracia política deflagrada em 1985 com a eleição do presidente civil Tancredo Neves (sendo substituído por José Sarney após a sua morte) existindo uma expressiva mobilização popular protagonizada pelos movimentos sociais e centrais sindicais que, entre outras conquistas, registram suas demandas na Constituição federal promulgada em 1988. Assim, após 20 anos de regime autocrático burguês, o Estado brasileiro vai se deparar com a crise dos anos 80 (a denominada “década perdida”) em uma conjuntura democrática, sem dispor, todavia dos recursos econômico-políticos necessários à implementação das medidas concernentes ao ajuste neoliberal, plenamente em vigor na maioria dos países latino-americanos. 
À explicação dessa situação particular, vivenciada pelo Estado brasileiro, Soares (2001) ressalta o fato relativo à posição assumida pelo país na década de 80, o qual representava o caso mais avançado de industrialização da América Latina. Assim, segundo a autora, tendo em vista esse relevante status adquirido pela economia brasileira, “não era possível um ajuste ‘passivo’ à nova ordem econômica mundial, na medida em que não possuía complementaridades decisivas com qualquer bloco comercial regional” (SOARES, 2001, p. 153). 
Essa condição relativamente asséptica da economia brasileira em relação ao neoliberalismo, não consegue se sustentar, por um período mais extenso, ocorrendo, de maneira retardatária, no limiar dos anos 90, segundo Soares (2001), “o retorno à ortodoxia, acompanhado da ‘onda’ neoliberal” (SOARES, 2001, p. 154).
Quanto às principais razões da adesão do Brasil ao projeto neoliberal, têm destaques o agravamento da crise econômica, desencadeada entre os anos de 1989/1990, e o esgotamento do modelo intervencionista estatal, inaugurado na década de 30. 
Dessa forma, efetivamente, segundo Tavares & Melin (1998), diz: 
o Brasil foi o último dos países latino-americanos, já no começo da década de 1990, a entrar nesse circuito de submissão às políticas de liberalização financeira e comercial e de desregulamentação cambial com o objetivo de atrair recursos externos, a qualquer custo, inserindo-se de forma subordinada no novo quadro financeiro mundial (TAVARES & MELIN, 1998, p. 51). 
O momento crucial da absoluta falência do Estado Desenvolvimentista que, de maneira imperativa, condiciona-o a posicionar-se favoravelmente em relação ao neoliberalismo, vai materializar-se particularmente no último ano da gestão do presidente José Sarney, onde ocorrem a completa erosão da autoridade governamental e a hiperinflação. A conjunção desses fenômenos resultou num processo caracterizado por uma profunda instabilidade política, exigindo, por sua vez, uma mudança radical da perspectiva político-econômica e social até então adotada. 
No plano ideológico, todavia, a ascensão da programática neoliberal no Brasil remonta ao Consenso de Washington, ocorrido em 1989 na capital dos EUA, em que, no bojo das discussões travadas, se concretizou a efetiva ratificação da proposta neoliberal que o governo norte-americano recomendava como pré-condição à concessão de ajuda financeira externa. Para Teixeira (1998), o conjunto das deliberações aprovadas no Consenso de Washington pode ser condensado em dois aspectos fundamentais: “redução do tamanho do Estado e abertura da economia” (TEIXEIRA, 1998, p. 225). 
Diante desse panorama neoliberal de dimensões mundiais, o governo Collor se estrutura no cenário “democrático brasileiro” em conformidade à sua estratégia políticoeconômica, definida previamente no documento de campanha intitulado Diretrizes de Ação do Governo Fernando Collor de Mello, em que ressalta centralmente a intenção de estabelecer uma nova relação entre o Estado e a iniciativa privada com vistas ao processo de modernização da esfera estatal. Posteriormente, por meio do documento denominado Brasil: Um Projeto de Reconstrução Nacional propõe, conforme Boschetti-Ferreira (1993), entre outras medidas neoliberais, “uma ampla Reforma Administrativa, o Programa Federal de Desregulamentação e o Programa Nacional de Desestatização” (BOSCHETTIFERREIRA, 1993, p. 48), cujo ponto comum era o processo de privatização do Estado. 
Em perfeita sintonia aos princípios neoliberais em vigência, o eixo central de condução da política econômica implementada pelo governo Collor era o combate à inflação, adquirindo efetiva materialidade no contexto mais amplo do chamado “Plano de Estabilização”. Estreitamente vinculada a essa proposta, somaram-se outras, com dimensões equivalentes, as quais passaram a integrar o projeto neoliberal brasileiro. 
Dentre essas propostas, destacam-se: a desregulamentação da economia, que visava à abolição da regulação do Estado, simultaneamente, sobre a economia e sobre a relação capital-trabalho, perspectivando a plena liberdade dos mercados; a sumária retirada do Estado como agente produtivo, derivando daí as propostas de privatização das empresas estatais e de “Estado mínimo”, esta última direcionada no sentido da compreensão da esfera estatal respaldada num compromisso que se pautava na implementação de apenas algumas funções elementares, a exemplo da educação básica e da saúde pública, além da criação e/ou manutenção de uma infraestrutura essencial ao desenvolvimento econômico; e a liberalização do comércio exterior, em seu propósito de tornar a economia brasileira ao mesmo tempo internacionalizada e moderna, por meio do estímulo às importações. 
Contudo, a implementação dessas diretrizes, genuinamente neoliberais, culminou na realidade com o aprofundamento da recessão, a qual atingiu o conjunto da sociedade brasileira de maneira assaz diferenciada, na medida em que penalizou, sobretudo, os setores mais fragilizados do ponto de vista político e econômico. Quanto aos seus efeitos tem-se que eles repercutiram densamente no recrudescimento da inflação, no aumento do desemprego e na precarização das políticas sociais.
No que diz respeito às relações do governo Collor com as políticas sociais, essa administração deu continuidade, de maneira progressiva, ao desmonte dessa área, então iniciado no final do governo Sarney, em absoluta coerência com o ideário neoliberal ativamente em vigor. Nessa perspectiva, ocorreu o completo descumprimento das deliberações sociais consagradas na Constituição federal de 1988, sendo contraditoriamente proposta uma Reforma Constitucional com indicações clarividentes de uma postura neoliberal que se caracterizava por proporcionar a anulação das garantias sociais contempladas. 
Não obstantea completa falência das medidas sociais e econômicas de cariz neoliberal fartamente agilizadas pela gestão do presidente Collor — na medida em que não impulsionou o desenvolvimento econômico do país nem tampouco produziu um bem-estar social à maioria da população —, não ocorreu uma rejeição radical por parte do governo que o substituiu no período pós-impeachment. Nessa direção, o presidente Itamar Franco passou a implementar uma política econômica fundamentada no Plano Real que, de maneira abrangente, apoiava-se nas diretrizes recomendadas pela ortodoxia neoliberal. 
Comparação entre governos FHC, LULA e DILMA no que se refere as políticas sociais
No contexto dos governos de Fernando Collor e Fernando Henrique Cardoso, o termo neoliberal foi associado à política das privatizações pelos críticos de posição de esquerda, que qualificavam tais medidas como “entreguismo”, ou seja, a “entrega” das riquezas da nação a potências estrangeiras, enquanto os mais alinhados ao pensamento liberal clássico não viam nessas medidas nada de propriamente liberal, mas apenas uma forma menos ostensiva de controle estatal sobre a economia.
Após o breve interregno do presidente Itamar Franco, que teve a duração de dois anos (1992-1994), assume como presidente da República o seu ministro da Fazenda, o sociólogo Fernando Henrique Cardoso que, devidamente penitenciado do seu passado esquerdista e, também, estando preparado intelectualmente para administrar o país, opta por endossar as políticas neoliberais dos dois presidentes que o antecederam. Nesse sentido, propõe-se essencialmente a implementar as seguintes medidas de cariz continuista: “acabar com a inflação, privatizar, reformar a Constituição para flexibilizar as relações entre o Estado e a sociedade, assim como as relações entre capital e trabalho” (TEIXEIRA, 1998, p. 225).
Dessa maneira, a partir da implementação da política monetária necessária à viabilização do Plano Real, a política econômica do presidente FHC fundamentou-se na articulação entre o aumento acelerado das importações e a absorção de recursos externos. Nesse âmbito, a âncora cambial — que tinha por objetivo o controle das cotações do dólar — foi o eixo da política de estabilização, associada a uma política de juros elevados e à compressão da massa salarial.
Pautado nessas medidas, o Plano Real estendeu-se até meados de 1996, institucionalizando a nova moeda (o real), em uma economia plenamente desindexada (de baixa inflação).
Um outro ponto relevante da política econômica do presidente Cardoso foi o ajuste fiscal, que incutiu a falsa idéia de que o principal problema do país se reduzia ao déficit público, requerendo, por sua vez, a implementação de medidas relativas ao equilíbrio orçamentário. Dessa forma, sob o pretexto de atingir o equilíbrio orçamentário, o presidente Cardoso promoveu a privatização das empresas estatais (de energia, de telefonia, entre outras), além de viabilizar a aprovação das reformas previdenciária e administrativa. Contudo, apesar da utilização desses recursos, notadamente antidemocráticos, o déficit público permaneceu elevado.
Os desdobramentos da política econômica patrocinada por FHC, em seu obsessivo propósito de contenção, a qualquer custo do déficit público, tiveram implicações desastrosas sobre as políticas sociais, na medida em que resultaram na redução drástica dos fundos públicos destinados ao financiamento dos serviços sociais direcionados aos segmentos mais pobres. 
Ocupando-se particularmente em investigar a condição da política social no âmbito do primeiro mandato do presidente Cardoso, Netto (1999) destaca, em princípio, a direção social adotada, a qual se materializou em notória contradição, simultaneamente, aos seus antecedentes como intelectual marxista e às suas promessas de campanha pautadas no ideário democrático. Nessa perspectiva, o autor salienta que, de maneira geral, o presidente FHC “desde os seus primeiros anos no Planalto, presidiu um governo direcionado contra os interesses e as aspirações da massa dos trabalhadores brasileiros”. (NETTO, 1999, p. 75, grifo do autor). 
Na gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, iniciada em 2003, as deliberações neoliberais são sumariamente prosseguidas, apesar das promessas mudancistas assumidas por este governo. Dessa forma, segundo Braz (2004), tem-se com este governo um “Estado absolutamente servil ao grande capital internacional” (BRAZ, 2004, p. 55).
Para a cientista política, o Governo Lula executou uma política de distribuição de renda e de fortalecer o mercado interno. Política que tornou o país bem menos suscetível a turbulências econômicas externas. Ela explica que o governo federal, na administração petista, voltou a investir em infraestrutura, algo que não foi feito nos governos FHC e Collor. “Isso é fundamental inclusive para as empresas privadas”.
Segundo Noll, o Governo Lula também exerceu papel central nas políticas sociais, o que não ocorria na administração tucana. Ela explica que o Governo FHC teve “uma experiência tímida de políticas sociais, que tentaram dar um ar de social-democracia”. 
Noll reconhece a preocupação social de Fernando Henrique Cardoso e de sua esposa, Ruth Cardoso, mas ressalva que nos oito anos em que ele presidiu o país, as políticas sociais eram pensadas pelo Terceiro Setor, o estado tinha pouca participação. “No Governo Lula quem pensa estas políticas é o Executivo, e ele repassa verbas aos municípios, não ao Terceiro Setor”, explica.
O grande aspecto de continuidade entre os dois governos seria, segundo ela, a constituição de um presidencialismo de coalizão. “O Governo FHC teve função importante ao estabelecer os marcos de relação entre Executivo e Legislativo”, afirma. Ela explica que esta relação pode ser vista como moeda de troca, e que há seus exageros, como denúncias de compras de voto. 
Entretanto, segundo a cientista, este é o modo como os governos têm conseguido tocar seus projetos, já que nenhum partido consegue obter sozinho uma maioria no Congresso. “É algo que foi mantido pelo Governo Lula. Para o bem e para o mal”.
CONCLUSÃO
	Tendo como referência as digressões analíticas realizadas no âmbito do desenvolvimento deste texto, conclui-se que no contexto das administrações dos presidentes Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva, deu-se efetiva continuidade ao processo de “Reforma do Estado” iniciado no governo Collor, o qual se materializou na área social pelo corte de gastos públicos. A drástica redução do orçamento estatal nesse setor estratégico provocou profundas modificações no caráter público dos serviços sociais, implicando a sua mercantilização, a qual foi assegurada por meio do privilégio da racionalidade da eficiência restrita, unicamente, à relação custo/benefício das ações. 
De outro lado, estes governos passaram a administrar a dramática “questão social” brasileira por intermédio da agilização dos fundos sociais de emergência (FSE), os quais foram institucionalizados em 1994. Valendo-se desse mecanismo institucional, esses governos legitimaram a retirada do Estado da área social, inaugurando, ao mesmo tempo, um processo de enfrentamento da pobreza desenvolvido predominantemente na esfera estritamente micros social, através das ações protagonizadas pelas organizações sociais. 
Por fim, para encerrar de maneira minimamente coerente este texto que fez uma abordagem crítica sobre as temáticas da história brasileira recente, relativas, simultaneamente, à crise do padrão intervencionista estatal, ocorrida no final dos anos 80, e à ascensão do neoliberalismo, manifestada na década de 90 nos governos de Fernando Collor e de Fernando H. Cardoso, sendo prosseguida na gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, faz-se oportuno uma sinótica reflexão com vistas a realizar uma configuração da resultante mais legítima da ofensiva neoliberal no país, a qual pode ser traduzida no nefasto processo caracterizado pela privatização do público. 
Nessa angulação, coloca-se em princípio que,segundo Oliveira (1999), a privatização do público consiste, em efeito, uma ideologia ou uma “experiência subjetiva de desnecessidade, aparente, do público” (OLIVEIRA, 1999, p. 57). No Brasil, essa ideologia propaga-se, como vimos ao longo do desenvolvimento deste texto, sobretudo por meio da crise do Estado e do mecanismo da dívida pública interna. Frente a esses processos de crises, os apologistas neoliberais difundiram a acepção de que o Estado se constitui um agente subordinado aos monopólios empresariais, apenas podendo ser compreendido como uma extensão do privado. Ou seja, divulgaram a falsa ideia da superioridade do privado em relação ao público, desqualificando, assim, o imprescindível papel assumido pelo Estado no processo de desenvolvimento socioeconômico. 
Ocorre, todavia, que o movimento real se explica inversamente. Conforme Oliveira, é fundamentalmente a riqueza pública, em forma de fundo, que dá sustentação ao processo de reprodução do capital privado. Esta sim, segundo o autor, constitui a interpretação verdadeira e a forma moderna com que o Estado vem administrando as sucessivas crises do capital, manifestadas desde a Grande Depressão de 1929. 
Todavia, não obstante este fato inexorável, no plano da cotidianidade marcada pela ação da programática neoliberal, assume dimensão de destaque, paradoxalmente, o fenômeno pertinente à privatização do público.
REFERÊNCIAS
BOSCHETTI-FERREIRA, Ivanete. A relação Estado-mercado no processo de constituição da assistência social durante o governo Collor. Serviço Social & Sociedade. São Paulo: Cortez, ano XIV, nº. 43, p. 45-69, dezembro de 1993. 
BRAZ, Marcelo. O governo Lula e o projeto ético-político do Serviço Social. Serviço Social & Sociedade. São Paulo: Cortez, ano XXV, nº. 78, p. 48-68, julho de 2004. 
FERNANDES, Cláudio. "Neoliberalismo"; Brasil Escola. Disponível em <http://brasilescola.uol.com.br/historiag/neoliberalismo.htm>. Acesso em 17 de maio de 2017
MERQUIOR, José Guilherme. O Liberalismo – Antigo e Moderno. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1991.
NETTO, J. Paulo. FHC e a política social: um desastre para as massas trabalhadoras. In: LESBAUPIN, Ivo (Org.) O desmonte da nação: balanço do governo FHC. 3ª ed. Petrópolis; Rio de Janeiro: Vozes, 1999. p. 75-89. 
OLIVEIRA, Francisco. Neoliberalismo à brasileira. In: SADER, Emir & GENTILI, Pablo (Orgs.) Pós-neoliberalismo: as políticas sociais e o Estado democrático. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1995, p. 24-28. 
______. Privatização do público, destituição da fala e anulação da política. In: OLIVEIRA, F. & PAOLI, Mª Célia (Orgs.) Os sentidos da democracia: políticas de dissenso e hegemonia global. 2ª ed. Petrópolis; RJ: Vozes, Brasília: NEDIC, 1999, p. 55-81. 
______. Crítica à razão dualista: o ornitorrinco. São Paulo: Boitempo Editorial, 2003. SINGER, Paul. A raiz do desastre social: a política econômica de FHC. In: LESBAUPIN, Ivo (Org.) O desmonte da nação: balanço do governo FHC. 3ª ed. Petrópolis; Rio de Janeiro: Vozes, 1999. p. 25-44. 
SOARES, L. Tavares. Ajuste neoliberal e desajuste social na América Latina. Petrópolis; RJ: Vozes, 2001. 
TAVARES, Mª da C. & MELIN, L. Eduardo. Mitos globais e fatos regionais. In: FIORI, J. L., LOURENÇO, M. S. & NORONHA, J. C. (Orgs.) Globalização: o fato e o mito. Rio de Janeiro: EdUERJ, 1998. p. 41-54. 
TEIXEIRA, F. José. O neoliberalismo em debate. In: TEIXEIRA, F. Jose (Org.) Neoliberalismo e reestruturação produtiva: as novas determinações do mundo do trabalho. 2ª ed. São Paulo: Cortez, 1998, p. 195-252.
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