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Código de ética Rogério Dias Chaves Você sabe o que é um código de ética? Conseguiria reconhecer as diferenças entre os diver- sos códigos de ética existentes? Nesta aula, vamos compreender tais materiais e descobrir as vantagens práticas da aplicação dos códigos de ética pelas organizações. Objetivos de aprendizagem Ao final deste conteúdo, você será capaz de: • conhecer a função do código de ética; • compreender os diferentes tipos de código e as vantagens de sua aplicação na prática. Bom estudo! 1 Código de Ética: conceito e funções Sabemos que o comportamento guiado pela ética, ou seja, pautado em valores morais, é impor- tante nas sociedades atuais. Apesar disso, a existência de hábitos comportamentais dos indivíduos nas organizações pode representar obstáculos ao alinhamento de interesses necessários às corporações. Uma das formas de obter controle sobre tais desencontros comportamentais é a adoção de códigos de ética. Entenda que um código de ética é um conjunto sistematizado de normas por meio das quais as organizações definem os padrões de postura e de comportamento aceitáveis para seus gestores, associados, colaboradores, sócios, parceiros etc. A função dos códigos é regular as ações desses agentes e alinhar sua conduta à postura dos acionistas. Eles também vêm sendo utilizados como indicadores da preocupação ética, acrescen- tando valor às organizações (ZYLBERSZTAJN, 2002, p. 136). FIQUE ATENTO! Estruturas de controle como os códigos de ética são necessárias para direcionar o comportamento dos agentes de forma cooperativa, incentivando-os a seguirem voluntariamente os princípios da organização. Figura 1 – Código de ética como valor adicional às organizações. Fonte: Number1411/Shutterstock.com Assim, um código de ética pode ser entendido como uma espécie de contrato entre os entes corporativos. Entre seus objetivos, podemos citar o de manter os agentes interessados informa- dos quanto às expectativas dos acionistas ou do núcleo estratégico da organização. Dependendo do perfil corporativo, os agentes podem ser incentivados até mesmo financeira- mente para a adequação comportamental e divulgação do código de ética. A importância da ado- ção do código está no fato de que as questões éticas envolvem todas as áreas do conhecimento científico, todas as fases da vida em sociedade e todas as classes sociais. SAIBA MAIS! Segundo Lyra, Gomes e Jacovine (2009), stakeholder designa um grupo ou um indivíduo que pode afetar ou ser afetado pelas ações de uma empresa, incluindo aqueles que detêm o poder ou habilidade para influenciar tais ações, e cuja atuação não deve ser negligenciada. Empresas decidem adotar códigos de ética por variados motivos. Tenha em mente que o código pode representar uma perspectiva distante da realidade da organização, tendo sido criado exatamente como uma forma de passar uma imagem institucional positiva ou, eventualmente, para servir como prevenção legal em casos de litígios judiciais. Entenda, portanto, que os códigos podem existir sem serem aplicados. Por outro lado, podem existir verdadeiros programas de estímulo à adequação da postura de clientes, fornecedores e colaboradores às definições do código de ética corporativo, como forma de fortalecimento e ampliação da imagem da organização. FIQUE ATENTO! O simples fato de cumprir o código de ética de sua categoria profissional, de sua corporação, não confere a ninguém qualquer dignidade ou direito adicional. Não importa se por medo das consequências ou por convicção moral, o código deve ser cumprido em função do bom trato com o outro (RIBEIRO, 2003). Entre as várias justificativas que levam empresas a criarem e adotarem códigos de ética, podemos destacar: incentivos legais oferecidos por alguns países; a globalização que muitas vezes exige a adequação a outras culturas e regiões; prevenção de risco ou impossibilidade de eximir-se perante responsabilidades quanto a ocorrências que possam afetar negativamente a imagem da organização; adequação aos princípios e valores organizacionais. Figura 2 – Código de ética profissional. Fonte: jesadaphorn/Shutterstock.com SAIBA MAIS! O Código de Ética da Magistratura é uma ferramenta essencial para guiar os juízes em seus julgamentos, atestando perante à sociedade sua autoridade moral. O documento foi editado e aprovado pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e está disponível no website institucional do CNJ. Vale a pena conferir: <http://www.cnj. jus.br/publicacoes/codigo-de-etica-da-magistratura>. Veremos agora os tipos de códigos de ética. Continue acompanhando! 2 Códigos de ética: tipos e vantagens práticas Como você já deve saber, moral e ética são termos considerados sinônimos. Os códigos de ética, portanto, são considerados como conjuntos de valores, princípios ou padrões de conduta moral vigentes dentro de uma organização, de um grupo profissional, de uma entidade pública ou privada. EXEMPLO Códigos não-escritos são pouco comuns, por isso valem ser exemplificados. Juttel e Mezzacappa (2008) apresentam um estudo que aponta a existência de um rígido código de ética dentro dos presídios. Segundo os autores, a quebra de suas nor- mas gera violentas sanções que podem ir desde repreensões até espancamentos e outras formas de violência. Figura 3 – Códigos de ética permitem alinhar ações dos colaboradores. Fonte: VLADGRIN/Shutterstock.com Saiba que os códigos de ética podem ser de diversos tipos. Há códigos de categorias profissio- nais (médicos, advogados, contadores, psicólogos etc.); de associações comerciais (de comerciantes ou de comerciários); públicos (de servidores, juízes, militares); e privados (de clubes recreativos, de grandes corporações, de micro e pequenas empresas). Independente da tipificação, a maioria dos códi- gos está associada à ideia de maior responsabilidade social por parte dos colaboradores envolvidos. Esses documentos podem, também, serem escritos como um conjunto de normas ou uma declaração de valores. Existem os que são voltados para compliance, ou seja, para auditoria, con- trole e prestação de contas, bem como os que almejam a assimilação de valores pelos funcio- nários e parceiros. Códigos de ética variam, ainda, conforme a área gestora, que tanto pode ser o departamento de gestão de pessoas, a auditoria jurídica ou contábil, quanto o mais alto nível estratégico. Os tipos podem até variar conforme sua implementação, posto que eles podem ser alimentados diária e continuamente ou existirem de forma alheia (CHERMAN; TOMEI, 2005). EXEMPLO Como código não-escrito, podemos citar ainda a referência de Burns (1964), que determinou como um rigoroso código de ética a regulamentação das atitudes do servidor público inglês em todas as suas relações de trabalho, seja com colegas, com o público em geral ou com seus superiores. Uma das vantagens de sua utilização está no fato de que os valores organizacionais expres- sos em códigos de ética acabam orientando a realidade prática das corporações, favorecendo o clima interno, o desenvolvimento de lideranças, assim como a tomada de decisões em maior conformidade com as estratégias das organizações (ALMEIDA, 2007). O alinhamento dos discursos e das posturas dos colaboradores facilita a construção da ima- gem institucional, sendo, dessa forma, um ganho adicional. Podemos perceber tal fator, por exem- plo, em associações de ordens profissionais: Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e Conselho Federal de Medicina (CFM). FIQUE ATENTO! Os códigos de ética podem ser entendidos como aspectos da ética aplicada às organizações, uma vez que estabelecem regras embasadas nos valores morais de- finidos a partir dos princípios éticos abraçados pelas entidades. Figura 4 – Somar forças em torno de valores codificados. Fonte: PHOTOCREO Michal Bednarek/Shutterstock.com Podemosconcluir, portanto, que, independente da tipologia adotada, códigos de ética têm se mostrado vantajosos para as organizações. Fechamento Nesta aula, você teve a oportunidade de: • saber em que consiste e qual a função dos códigos de ética; • conhecer os tipos mais comuns desses códigos; • entender as vantagens práticas que levam as organizações a estabelecerem seus pró- prios códigos de ética. Referências ALMEIDA, Filipe Jorge Ribeiro de. Ética e desempenho social das organizações: um modelo teó- rico de análise dos fatores culturais e contextuais.Rev. adm. contemp., Curitiba , v. 11, n. 3, p. 105-125, setembro 2007. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pi- d=S1415-65552007000300006&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 18 jul. 2016. BRASIL, Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação. Ética e cidadania: Construindo valores na escola e na sociedade. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, 2007. BURNS, Tom. Política interna e patologia da organização. Rev. adm. empres., São Paulo , v. 4, n. 11, p. 167-198, junho 1964. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttex- t&pid=S0034-75901964000200006&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 18 jul. 2016. CHERMAN, Andréa; TOMEI, Patrícia Amélia. Códigos de ética corporativa e a tomada de decisão ética: instrumentos de gestão e orientação de valores organizacionais? Rev. adm. contemp., Curi- tiba , v. 9, n. 3, p. 99-120, setembro 2005. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?scrip- t=sci_arttext&pid=S1415-65552005000300006&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 18 jul. 2016. CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA. Código de Ética da Magistratura. DJ, Brasília, 18 set. 2008, p. 1-2. Disponível em: <http://www.cnj.jus.br/publicacoes/codigo-de-etica-da-magistra- tura > Acesso em: 01 ago. 2016. JUTTEL, Luiz Paulo; MEZZACAPPA, Marina. Justiça com as próprias mãos. ComCiência, Campi- nas, n. 98, 2008. Disponível em: <http://comciencia.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pi- d=S1519-76542008000100005&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em: 18 jul. 2016. LYRA, Mariana Galvão; GOMES, Ricardo Corrêa; JACOVINE, Laércio Antônio Gonçalves. O papel dos stakeholders na sustentabilidade da empresa: contribuições para construção de um modelo de análise. Rev. adm. contemp., Curitiba, v. 13, n. spe, p. 39-52, junho 2009. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-65552009000500004&lng=en&nr m=iso>. Acesso em: 19 jul. 2016. RIBEIRO, Renato Janine. Ética e Direitos Humanos. Interface (Botucatu), Botucatu , v. 7, n. 12, p. 149-166, fevereiro 2003. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pi- d=S1414-32832003000100015&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 19 jul. 2016. ZYLBERSZTAJN, Decio. Organização Ética: um Ensaio sobre Comportamento e Estrutura das Organizações. RAC, v. 6, n. 2, maio/agosto 2002, p. 123-143. Disponível em: <http://www.scielo.br/ pdf/rac/v6n2/v6n2a08.pdf>. Acesso em: 18 jul. 2016.
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