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Direito Penal III

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Direito Penal III
O que é o Direito?
R: Direito tem um significado e uma definição muito ampla para abranger todos os pontos em uma só resposta. Mas para mim DIREITO é uma forma de alcançar a Justiça. 
O que é Dolo direto e Dolo Eventual?
R: O Dolo Direto é quando o agente tem intenção de produzir o ato antijurídico. Já o Dolo Eventual é quando o sujeito se depara em uma possível situação de antijuridicidade e mesmo tendo consciência disso o sujeito decide assumir o risco de fazê-lo. Ex.: Acidente de trânsito, beber e dirigir.
O que é culpa e quais as suas modalidades? 
R: Culpa é quando o agente pratica um ato antijurídico sem ter a real intenção de produzi-lo. As modalidades da culpa são:
Negligência: Deter o conhecimento necessário para determinada função, porém deixa de fazer ou de usar os meios necessários para obter sucesso sem prejudicar ninguém.
Imprudência: Age com Imoderação, Afoito. Ex.: Passar no sinal vermelho.
Imperícia: Falta de conhecimento para determinada função.
O que é o Objeto Jurídico do Crime?
R: São os BENS jurídicos tutelados pela lei.
Quem é o Sujeito Ativo? E o Passivo?
R: O Sujeito ativo é a pessoa que pratica o Crime bem jurídico tutelado de outrem. Já o Sujeito Passivo é a vítima, é quem sofre com o dano no bem jurídico tutelado.
Explique o que é crime Tentado?
R: Todos os crimes são considerados dolosos, salvo o Crime tentado que é preciso estar prescrito em lei. O Crime tentado é quando é iniciado a intenção de consumação porém não é possível alcançar o objetivo final ou consumação do ato antijurídico descrito em lei por circunstancias alheias ao agente. 
Capítulo I - Crimes Contra a Vida
Código Penal, Parte Especial – Homicídio – Art. 121
A vida é um bem indisponível. O homicídio é a eliminação da vida extrauterina de uma pessoa por outra.
Sujeito ativo – Qualquer pessoa.
Sujeito passivo – Qualquer pessoa.
Objeto material – Pessoa atingida.
Objeto jurídico – Vida humana.
Elemento subjetivo – Dolo ou culpa.
Classificação:
Crime comum – não demanda do sujeito ativo qualificação especial.
Material – Exige resultado naturalístico, consistindo na morte da vítima. 
De forma livre – Pode ser qualquer meio escolhido pelo agente.
Comissivo – O ato matar implica em ação.
Instantâneo – quando não há prolongação no tempo da ação praticada é instantânea. 
Dano – a efetiva lesão consuma efetiva lesão ao bem jurídico.
Unissubjetivo – que pode ser praticado por um só agente.
Progressivo – Por trazer em seu bojo a lesão corporal como elemento implícito).
Plurissubsistente – via de regra, vários atos integram a conduta de matar.
ADMITE TENTATIVA. 
Espécies: 
Homicídio Simples (art. 121, caput): 
O tipo penal prevê como crime de homicídio o ato de suprimir a vida humana, não definindo o modo empregado para tanto, que estará sujeita a perícia e todos procedimentos que seguem tal crime.
Há compreensão da necessidade do dolo para alcançar os efeitos e a realização da descrição legal. 
Para embasamento doutrinário cita-se:
O núcleo do tipo é representado pelo verbo matar. A conduta incriminada consiste em matar alguém – que não o próprio agente – por qualquer meio (delito de forma livre). Admite-se a sua execução, portanto, o recurso a meios variados, diretos ou indiretos, físicos ou morais, desde que idôneos à produção do resultado morte. (PRADO; 2014, p. 633).
Homicídio Privilegiado: 
Está inserido no art.121, §1°, que preceitua “se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral, ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um 1/6 a 1/3”. 
A descrição legal carrega vários elementos que que são necessários discorrer para que o texto legal não cai em uso abusivo e a natureza do ato praticado seja o contemplado.
Vejamos o que os doutrinadores afirmam:
[...]o motivo de relevante valor moral é aquele cujo conteúdo revela-se em conformidade com os princípios éticos dominantes em uma determinada sociedade. Ou seja, são os motivos nobres e altruístas, havidos como merecedores de indulgência. Tal aferição deve ser balizada por critérios de natureza objetiva, de acordo com aquilo que a moral média reputa digno de condescendência. (PRADO, 2014, 635).
Para não flutuar em outros focos, se mantenha este até para servir de laboratório de apreciação da dificuldade da interpretação legal.
[...]relevante valor é um valor importante para a vida em sociedade, tais como patriotismo, lealdade, fidelidade, inviolabilidade de intimidade e de domicílio entre outros. Quando se tratar de relevante valor social, levam-se em consideração interesses não exclusivamente individuais, mas de ordem geral, coletiva. 
Por amor ao debate, cumpre citar mais um dos bons doutrinadores:
Relevante valor moral, por usa vez é aquele superior, enobrecedor de qualquer cidadão em circunstâncias normais. Faz-se necessário que se trate de valor considerável, isto é, adequado aos princípios éticos dominantes segundo aquilo que a moral média reputa nobre e merecedor de indulgência. 
Não é qualquer emoção que pode assumir a condição de privilegiadora no homicídio, mas somente a emoção intensa, violenta, absorvente, que seja capaz de reduzir quase que completamente a vis electiva, em razão dos motivos que a eclodiram, dominando, segundo os termos legais, o próprio autocontrole do agente.     
Homicídio Qualificado § 2°: 
É importante determinar que é a palavra tem um peso que impinge um valor ao crime praticado distinguindo de um homicídio simples. 
Para permitir que impulsione a atividade delituosa.
Assim é classificado:
Considera-se qualificado o homicídio se impulsionando por certos motivos se praticado com o recurso a determinados meios que denotem crueldade, insídia ou perigo comum ou de forma a dificultar ou tornar impossível a defesa da vítima; ou, por fim, se perpetrado com o escopo de atingir fins especialmente reprováveis (execução, ocultação, impunidade ou vantagem de outro crime).  (PRADO, 2014, p. 639). 
O legislador foi pródigo em apresentar nos incisos correspondentes ao homicídio qualificado para que não houvesse dúvida ou construções impróprias para a causação do crime.
Homicídio Culposo § 3°: 
Vem em linha diversa do doloso e apresenta elementos nos parágrafos que corroboram com a construção do tipo penal não cavilando dúvidas que seccione possibilidades não contempladas pelo legislador.
Cumpre analisar cada parágrafo para escavar suas circunstâncias.
Feminicídio:  
Entrou em vigor a lei 13.104/15. A nova lei alterou o código penal para incluir mais uma modalidade de homicídio qualificado, o feminicídio: quando crime for praticado contra a mulher por razões da condição de sexo feminino.
O § 2º-A foi acrescentado como norma explicativa do termo "razões da condição de sexo feminino", esclarecendo que ocorrerá em duas hipóteses: a) violência doméstica e familiar; b) menosprezo ou discriminação à condição de mulher; A lei acrescentou ainda o § 7º ao art. 121 do CP estabelecendo causas de aumento de pena para o crime de feminicídio.
A pena será aumentada de 1/3 até a metade se for praticado: a) durante a gravidez ou nos 3 meses posteriores ao parto; b) contra pessoa menor de 14 anos, maior de 60 anos ou com deficiência; c) na presença de ascendente ou descendente da vítima.
Por fim, a lei alterou o art. 1º da Lei 8072/90 (Lei de crimes hediondos) para incluir a alteração, deixando claro que o feminicídio é nova modalidade de homicídio qualificado, entrando, portanto, no rol dos crimes hediondos. 
Perdão Judicial:
É previsto que no caso de homicídio culposo, o juiz pode discricionariamente não aplicar a pena, “se as consequências da infração atingem o próprio agente de forma tão grave que a sanção penal se torne desnecessária”. (PRADO, 2014, p.646). 
Infelizmente, há casos que escapam até ao entendimento maior de justiça, um exemplo onde o pai esquece o filho no carro trancado num calor escaldante e a criança vem a falecer. Entende-se que neste caso,já houve uma penalização que é até maior do que a penalização que poderia ser aplicada. 
Observação: é inadmissível o perdão judicial em se tratando de homicídio culposo, se as consequências da infração atingirem o próprio de forma tão grave que a sanção penal se torne desnecessária. (Art. 121, §5°, CP). 
Pena e ação penal:
Comina-se ao homicídio simples pena de reclusão, de seis a vinte anos (art. 121, caput, CP), e a cada classificação do homicídio há a cominação da pena, levando em conta agravantes, atenuantes e todas as circunstâncias.  
Código Penal, Parte Especial – Induzimento, Instigação ou Auxilio a Suicídio – Art. 122
Sujeito ativo – Qualquer pessoa.
Sujeito passivo – Qualquer pessoa com discernimento.
Objeto material – Pessoa contra a qual se volta a conduta do agente.
Objeto jurídico – Vida humana.
Elemento subjetivo – Dolo.
Classificação:
Crime comum – Praticável por qualquer pessoa.
Material – Exige resultado naturalístico. 
De forma livre – A lei não exige forma especial para o cometimento.
Comissivo – De ação.
Instantâneo – Cuja a consumação não se arrasta no tempo.
Dano – Que se consuma com a efetiva lesão a um bem jurídico tutelado.
Unissubjetivo – Que pode ser cometido por uma só pessoa.
Plurissubsistente – Em regra, praticado por mais de um ato.
NÃO ADMITE TENTATIVA – Não Admite por ser crime condicionado.
Tipo objetivo (verbo): Induzir, Instigar e auxiliar. 
Lesões corporais: 
O doutrinador assim trata este tema:
A produção de lesões corporais graves não consuma o tipo penal descrito no preceito primário, que a ela não se refere. Aliás, lesões corporais de natureza grave, como caracterizadoras da tentativa perfeita, aparecem somente no preceito secundário. (BITENCOURT, 2014, p.122). 
Não há exaurimento do tipo penal, uma vez que para que ocorra há a necessidade de consumação do suicídio. 
Causas de aumento de pena:
No dispositivo legal, em seu parágrafo único, do art.122 estabelece duas causas especiais de aumento de pena:
A prática do crime por motivo egoístico;
A prática do crime contra vítima menor ou com capacidade de resistência diminuída, por qualquer causa.  
Pena e ação penal:
O doutrinador Luiz Regis Prado assim preleciona:
O delito em tela só é punível quando sobrevém a morte ou, na tentativa, a lesão corporal de natureza grave ao suicida. Estas operam como condições objetivas de punibilidade. Se o suicídio se consuma, a pena é de reclusão, de dois a seis anos. Se há tentativa e desta resulta lesão corporal grave, a pena é de reclusão, de um a três anos. Quando da tentativa resultam apenas lesões corporais leves, a instigação, o induzimento ou o auxílio prestado são impuníveis. (PRADO, 2014, p. 654). 
Desta forma atendida as caracterizações impostas pela legislação penal, o atendimento fica objetivo e satisfatório.
Auxilio por omissão: Há controvérsias entre os doutrinadores e a jurisprudência. 
Existe duas posições, os doutrinadores que não admitem, por ter uma visão positivista do Código penal, que menciona em seu tipo penal “prestar auxílio”, que implica em uma ação.
Há também quem defenda que se admite sim o Auxílio por omissão, desde que o agente tenha o dever jurídico de impedir o resultado (Art. 13, §2, CP).
Código Penal, Parte Especial – Infanticídio – Art. 123
Sujeito ativo – Mãe em estado Puerperal.
Sujeito passivo – Filho recém-nascido ou nascente.
Objeto material – RECÉM-NASCIDO.
Objeto jurídico – Vida humana.
Elemento subjetivo – Dolo.
Classificação:
Crime Próprio – Só pode ser cometido por agente especial, no caso a mãe.
Material – Que se configura com o resultado previsto no tipo, a morte do filho. 
De forma livre – A lei não exige forma especial para o cometimento.
Comissivo – De ação.
Instantâneo – Cuja a consumação não se arrasta no tempo.
Dano – Que se consuma com a efetiva lesão a um bem jurídico tutelado.
Progressivo – Passa necessariamente, por uma lesão corporal.
Unissubjetivo – Que pode ser cometido por uma só pessoa.
Plurissubsistente – Em regra, praticado por mais de um ato.
ADMITE TENTATIVA.
Art. 123, CP- Matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho, durante o parto ou logo após; (ver art. 30, CP).
A exemplo do crime de homicídio, o infanticídio tem a pretensão de proteger a vida humana, o que se distingue aqui é ser a vida da nascente e do recém-nascido. “É indiferente a existência de capacidade de vida autônoma, sendo suficiente a presença de vida biológica”. 
Tipo objetivo
A conduta resultante deste delito é matar o próprio filho, sendo necessário para tipificação ser “durante” ou, “logo após” o parto, e se torna indispensável apontar que esta condição é sine qua non, pois se for horas e dias depois o crime praticado é ou abandono de incapaz (art. 134, CP) ou homicídio.
A base fundamental e psicológica para o Infanticídio
É de suma necessidade existir uma perturbação psíquica e essa característica patológica existe neste estado puerperal. Se faz necessário se produzir laudo psiquiátrico para que a constatação de tal ato se comprove. 
Assim, por um lado, tem-se o motivo da honra, nas hipóteses em que a gravidez resulta de relações extramatrimoniais. A culpabilidade é atenuada pelo temor da própria desonra. O delito é motivado pelo ímpeto de resguardar o pudor ante a inevitável reprovação social que seria endereçada à mulher. A angústia resultante dessa situação e o conflito íntimo que aflige a mãe nessas circunstâncias contribuiria para a eclosão – durante o parto ou logo após – de um processo perturbador da consciência, que culminaria na morte dada ao filho. O privilégio é consequência do desespero da parturiente que concebeu fora do casamento. (PRADO, 2014, p. 655 e 656). 
Nexo Causal 
Assim se comenta o doutrinador: “É indispensável uma relação de causalidade entre o estado puerperal e a ação delituosa praticada; esta tem de ser consequência da influência daquele, que tem nem sempre produz perturbações psíquicas na mulher”. 
Os efeitos do Estado Puerperal
A doutrina assim preleciona:
O puerpério não produz nenhuma alteração na mulher; 
Acarreta-lhe perturbações psicossomáticas que são a causa da violência contra o próprio filho;
Provoca-lhe doença mental; 
Produz – lhe perturbação da saúde mental diminuindo-lhe a capacidade de entendimento ou de determinação. 
Na primeira hipótese, haverá homicídio; na segunda, infanticídio; na terceira, a parturiente é isenta de pena em razão de sua inimputabilidade (art. 26, CP); na quarta, terá redução de pena, em razão de sua semi-imputabilidade. 
Crime próprio privilegiado
O crime é próprio, pois exige a mãe em estado puerperal expõe privilégio, pois há uma condição necessária e indispensável para que tal ato aconteça.
Diferença entre infanticídio e aborto
Aborto é a interrupção da gravidez com consequente morte do feto (produto da concepção). Consiste na eliminação da vida intrauterina. A lei não faz distinção entre o óvulo fecundado (3 primeiras semanas de gestação), embrião (3 primeiros meses) ou feto (a partir dos 3 meses), pois qualquer fase da gravidez estará configurada o delito de aborto, quer dizer, entre a concepção e o início do parto. A principal característica do infanticídio é que nele o feto é morto enquanto nasce ou logo após o nascimento. O aborto, ao contrário, somente se tipificará se o feto morto antes de iniciado o trabalho do parto haja ou não a expulsão. Antes de iniciado o parto existe aborto e não infanticídio. É necessário precisar em que momento tem início o parto, uma vez que o fato se classifica como um ou outro crime de acordo com a ocasião da prática delituosa: antes do início do parto existe aborto; a partir do seu início, infanticídio. 
Crime impossível
Ocorre no caso da mãe sem saber que a criança em seu ventre está morta   pratica os atos característicos do infanticídio. 
Código Penal, Parte Especial – Aborto provocado pela gestante ou com seu consentimento – Art. 124
Sujeito ativo – Gestante.
Sujeito passivo – Feto ou Embrião.
Objeto material –Feto ou Embrião.
Objeto jurídico – Vida humana.
Elemento subjetivo – Dolo.
Classificação:
Crime Próprio – Só pode ser cometido por agente especial, no caso a Gestante.
Material – Exige resultado naturalístico para sua configuração. 
De forma livre – A lei não exige forma especial para o cometimento.
Comissivo ou Omissivo – Provocar = Ação; Consentir = Omissão.
Instantâneo – Cuja a consumação não se arrasta no tempo.
Dano – Que se consuma com a efetiva lesão a um bem jurídico tutelado.
Unissubjetivo ou Plurissubjetivo – Unissubjetivo pois admite a existência de um só agente; Plurissubjetivo com consentimento da gestante, mesmo que existam dois tipos penais autônomos – um para punir a gestante (Art. 123) e outro pra punir o terceiro (Art. 126).
Plurissubsistente – Em regra, praticado por mais de um ato.
ADMITE TENTATIVA.
Art. 124 – Provocar aborto em si mesma ou consentir que outrem lhe provoque
Bem jurídico protegido
A análise juridicamente deste bem jurídico “consiste em dar morte ao embrião ou feto humanos, seja no claustro materno, seja provocando sua expulsão prematura”. 
O bem jurídico protegido é a vida do ser humano em formação. Cumpre dizer que para o Direito Penal, o produto da concepção – feto ou embrião – não é uma pessoa, embora tampouco, seja mera esperança de vida ou simples. [...] (Bitencourt, 2014, p. 480). 
Só após a concepção com vida que para efeito de Direito Penal, passa a ser pessoa humana constituída de direitos. 
 
Tipo Penal
Consiste basicamente em provocar, dando causa da morte do feto, originando desta forma a condição sine qua non ao tipo que imperiosamente exige para que o ato seja tratado na seara do aborto.
Segundo alguns, o aborto consiste na “morte dolosa do feto dentro do útero” ou “na violenta expulsão do feto do ventre materno, da qual resulte a morte”. De fato, a mera interrupção da gestação, por si só, não implica aborto, dado que o feto pode ser expulso do ventre materno e sobreviver ou, embora com vida, ser morto por outra conduta punível (infanticídio ou homicídio). 
 
Se faz necessário deter no entendimento ainda sobre a forma e instrumentalização para a prática deste crime. Para se alcançar a plenitude do delito se faz necessário adentrar no ambiente biológico.
Do ponto de vista biológico, o início da gravidez é marcado pela fecundação. Todavia, pelo prisma jurídico, a gestação tem início com a implantação do óvulo fecundado no endométrio, ou seja, com a sua fixação no útero materno (nidação). Destarte, o aborto tem como limite mínimo necessário para sua existência a nidação, que ocorre cerca de quatorze dias após a concepção. (PRADO, 2014, p. 666, 667).
Aborto e homicídio: distinção
Torna-se fundamental se distinguir as duas práticas que tem resultados semelhantes, porém, como aponta Bitencourt, há diferenças fundamentais e características:
[...]uma em relação ao objeto da proteção legal e outra em relação ao estágio da vida que se protege: relativamente ao objeto não é a pessoa humana que se protege, mas a sua formação embrionária; em relação ao aspecto temporal, somente a vida intrauterina, ou seja, desde a concepção até momentos antes do início do parto[...] (Bitencourt, 2014, p.480).
Desta feita não se pode falar que houve homicídio no aborto por considerar que não houve vida fora do útero, na concepção aceita pela doutrina majoritária, há um embrião em formação e na aceitação do direito, como não houve a expulsão deste feto fora do útero com vida, não há de se falar de homicídio e sim de aborto, pois houve um rompimento do ciclo natural que o classificaria como uma pessoa humana com vida. 
Figuras típicas de aborto
“O CP de 1940 tipifica 3 figuras: aborto provocado (124); aborto sofrido (125); aborto consentido (126)”. Nestes três típicos caracterizado pelo código cumpre apontar quais são especificamente excludentes e qual é o criminoso, lembrando que o STF no julgamento da ADPF 54 (ação de descumprimento de princípio fundamental) em 12/04/2012, por maioria de votos, julgou precedente a ação para declarar a inconstitucionalidade de interpretação segundo a qual a interrupção da gravidez de feto anencéfalo é conduta tipificada neste inciso (art.128, II). Com esta decisão do STF, hoje na doutrina brasileira, existe 3 excludentes a saber: 1) Aborto no caso de estupro; 2) Aborto no caso quando a vida da gestante esteja em risco e 3) Aborto anencéfalo. 
Análise do art. 124 do CP
O sujeito ativo no caso chamado “auto aborto”, ou “aborto consentido figura a própria mulher, pois ela mesma pode provocar aborto em si mesma ou consentir que alguém, uma segunda pessoa o faça. Trata-se nesta auto aborto, a qualificação é de crime de mão própria “só pode ser autor quem esteja em situação de realizar pessoalmente e de forma direta o fato punível”. 
E cumpre lembrar que como qualquer crime de mão própria admite a participação, como atividade acessória, quando o partícipe se limita a instigar, induzir ou auxiliar a gestante. (Bitencourt, 2014, p481).
É de suma importância lembrar que neste caso em comento, haverá autoria por participação ativa no ato de aborto, como afirma o art. 126, D.P. 
Definição de Aborto
Para melhor clareza e compreensão se torna necessário que o conceito de aborto seja assim dividido.
1)     A destruição da vida até o início do parto, que pode ou não ser criminoso. Após iniciado o parto, a supressão da vida constitui homicídio, salvo se ocorrem as especiais circunstâncias que caracterizam o infanticídio, que é figura privilegiada do homicídio (art.122, DP) 
2)     Aborto é a interrupção da gravidez antes de atingir o limite fisiológico, isto é, durante o período compreendido do processo de gestão, mas é indispensável que ocorram as duas coisas, acrescidas da morte do feto, pois somente com ocorrência desta o crime se consuma. 
 
Provocar o aborto e consentir
Neste caso de forma particular não há distinção entre a mulher que consente o aborto e o auto aborto, para efeito doutrinário é como se a própria gestante tivesse realizado o auto aborto (art.124, DP). O que claramente ocorre é que o consentimento encerra dois crimes, um para gestante que consente (art.124, D.P) e, outro para o sujeito que provoca (art. Art.126, DP).  
Código Penal, Parte Especial – Aborto provocado por terceiro – Art. 125
Sujeito ativo – Qualquer pessoa.
Sujeito passivo – Feto, Embrião ou Gestante.
Objeto material – Feto, Embrião ou Gestante.
Objeto jurídico – Vida humana.
Elemento subjetivo – Dolo.
Classificação:
Crime Comum – Pode ser praticado por qualquer pessoa.
Material – Exige resultado naturalístico para sua configuração. 
De forma livre – A lei não exige forma especial para o cometimento.
Comissivo – Provocar = Ação.
Instantâneo – Cuja a consumação não se arrasta no tempo.
Dano – Que se consuma com a efetiva lesão a um bem jurídico tutelado, no caso a vida do feto ou embrião e a integridade física da gestante.
Unissubjetivo – Unissubjetivo pois admite a existência de um só agente.
Plurissubsistente – Em regra, praticado por mais de um ato.
ADMITE TENTATIVA.
Art. 125 – Provocar aborto, sem consentimento da gestante; 
Esta ação descrita no art. 125, do DP, conduz a punição mais gravosa, pois trata-se de aborto sofrido, onde houve ausência de consentimento real da gestante “ou ausência de consentimento presumido (menor de 14 anos, alienada ou débil mental)”.
O doutrinador ainda explorando o tema o estende de forma a não deixar dúvidas:
Para provocar aborto sem consentimento da gestante não é necessário que seja mediante violência, fraude ou grave ameaça; basta simulação ou mesmo dissimulação, ardil ou qualquer outra forma de burlar a atenção ou vigilância da gestante. Em outros termos, é suficiente que a gestante desconheça que nela está sendo praticado o aborto. 
Nesta esteira é importante a análise de “morte de mulher grávida: concurso”, como preleciona “Matar mulher que sabe estar grávida configura também crime de aborto, verificando-se, o concurso formal, pelo crime de homicídioe aborto”. 
Consumação e tentativa
O crime de aborto é consumido com a morte do feto ou do embrião, não importando que a morte ocorra dentro do ventre ou fora dele, assim, consuma-se o crime com “o perecimento do feto ou a destruição do óvulo”. 
Sendo este crime material, admite-se a tentativa, desde que já esteja ocorrendo todas as manobras para que se efetue o aborto e por motivo alheio a vontade do agente, não consiga chegar ao fim da prática iniciada.
Código Penal, Parte Especial – Provocar aborto com o consentimento da gestante – Art. 126
Sujeito ativo – Qualquer pessoa.
Sujeito passivo – Feto ou Embrião.
Objeto material – Feto ou Embrião.
Objeto jurídico – Vida humana.
Elemento subjetivo – Dolo.
Classificação:
Crime Comum – Pode ser praticado por qualquer pessoa.
Material – Exige resultado naturalístico para sua configuração. 
De forma livre – A lei não exige forma especial para o cometimento.
Comissivo – Provocar = Ação.
Instantâneo – Cuja a consumação não se arrasta no tempo.
Dano – Que se consuma com a efetiva lesão a um bem jurídico tutelado, no caso a vida do feto ou embrião.
Plurissubjetivo – Necessita da participação de, pelo menos, 2 pessoas.
Plurissubsistente – Em regra, praticado por mais de um ato.
ADMITE TENTATIVA.
Provocar significa dar causa ou determinar. A outra parte diz respeito ao consentimento a gestante, que, nesta hipótese do Art. 126 do CP, é positivo. Logo, trata-se de um aborto consentido, entre quem realiza e quem o sofre.
Como regra, a prova do aborto faz-se por exame pericial. Excepcionalmente, por exame indireto (O perito oficial analisa as fichas clinicas do hospital que atendeu a gestante). É preciso que a gestante seja, de algum modo, comprovada, pois “provocar” aborto implica em matar o feto ou embrião. Se este não existe ou já está morto, trata-se de crime impossível. O delito admite a participação, desde que, na forma secundária, consiste em induzimento, instigação ou auxílio. 
Ex.: Aconselhar o autor a cometer o aborto.
A pena para quem comete o crime do Art. 126 é de reclusão, de 1 a 4 anos. Aplica-se a pena do Art. 125, se a gestante não é maior de quatorze anos, ou é alienada ou débil mental, ou se o consentimento é obtido mediante a fraude, grave ameaça ou violência.
Código Penal, Parte Especial – Forma Qualificada – Art. 127
Art. 127 – As penas cominadas nos dois artigos anteriores são aumentadas de 1/3, se, em consequência do aborto ou dos meios empregados para provocá-lo, a gestante sofre lesão corporal de natureza grave; e são duplicadas, se, por qualquer dessas causas, lhe sobrevém a morte.  
Este artigo provê duas formas de aumento de pena: a) lesão corporal de natureza grave – a pena é elevada em um terço; b) pela segunda – morte da gestante – a pena é duplicada. 
Aborto agravado: preterdoloso
Assim leciona o doutrinador:
Para que se configure o crime qualificado pelo resultado, é indispensável que o evento morte ou lesão grave decorra, pelo menos, de culpa (art.19, do CP). No entanto, se o dolo do agente abranger os resultados lesão grave ou morte da gestante, excluirá a aplicação do art.127, que prevê espécie sui generis de crime preterdoloso (dolo em relação ao aborto e culpa em relação ao resultado agravador). Nesse caso, o agente responderá pelos dois crimes, em concurso formal.
Crime preterdoloso: O crime preterdoloso caracteriza-se quando o agente pratica uma conduta dolosa, menos grave, porém obtém um resultado danoso mais grave do que o pretendido, na forma culposa. Ou seja, o sujeito pretendia praticar um assalto, porém, por erro ao manusear a arma, acaba atirando e matando a vítima.
 Crime em concurso formal: ocorre quando o autor da infração, mediante uma única conduta ou omissão, pratica dois ou mais delitos, iguais ou não.
EXCLUDENTES ESPECIAIS DA ILICITUDE
No art. 128 do CP, expõe: “Não se pune o aborto praticado por médico:  I - se não há outro meio de salvar a vida da gestante; se II – se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de consentimento da gestante ou, quando incapaz, de seu representante legal”. 
Relembrando que o STF no julgamento da ADPF 54 (ação de descumprimento de princípio fundamental) em 12/04/2012, por maioria de votos, julgou precedente a ação para declarar a inconstitucionalidade de interpretação segundo a qual a interrupção da gravidez de feto anencéfalo é conduta tipificada neste inciso (art.128, II).
Capítulo II – Das Lesões Corporais
Código Penal, Parte Especial – Lesão Corporal – Art.129
Sujeito ativo – Qualquer pessoa.
Sujeito passivo – Qualquer pessoa.
Objeto material – Pessoa que sofre a lesão.
Objeto jurídico – Incolumidade Física.
Elemento subjetivo – Dolo ou Culpa.
Classificação:
Crime Comum – Pode ser praticado por qualquer pessoa.
Material – Exige resultado naturalístico para sua configuração, que consiste na lesão da vítima. 
De forma livre – A lei não exige forma especial para o cometimento.
Comissivo – Ofender = Ação; Comissivo por omissão = omissivo impróprio, ou seja, é a aplicação do Art. 13, §2º, do CP.
Instantâneo – Cuja a consumação não se arrasta no tempo.
Dano – Que se consuma com a efetiva lesão a um bem jurídico tutelado.
Unissubjetivo – É praticado por um só agente.
Plurissubsistente – Em regra, vários atos integram a conduta de lesar.
ADMITE TENTATIVA.
Art. 129 – Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem;
Bem jurídico protegido e sujeito do delito
A doutrina dominante é plural em afirmar que “o bem jurídico tutelado é a incolumidade humana”, ou seja, diretamente a proteção da integridade física, psíquica da pessoa humana, bem como “a normalidade anatômica”. (PRADO, 2014, p.685). 
O professor Luiz Regis Prado avança nesta tese destacando o porquê desta proteção:
Ao proteger a incolumidade pessoal, atende-se também ao interesse social na conservação de cidadãos aptos e eficientes, capazes de impulsionar o crescimento da sociedade e do Estado. Cumpre notar que no artigo 129, §9°, protege-se ainda o respeito devido à pessoa no âmbito familiar. Isso vale dizer: o bem-estar pessoal de cada integrante do círculo íntimo de convivência, como decorrência do princípio da humanidade, que veda o tratamento degradante. (PRADO, 2014, 685).
Ao tratar o dispositivo legal no art. 129, caput §§1°, 2°, 3° e 6°, do Código Penal pode ser qualquer pessoa, desta forma trata-se de delito comum. Cumpre a análise de que a lei não penaliza a autolesão, e excetuando-se “quando caracteriza os delitos de fraude para recebimento de indenização ou valor de seguro (art. 171, §2°, V, CP) ou da criação ou simulação de incapacidade física para furtar-se para incorporação militar. (Art.184, COM). 
 
Tipicidade objetiva e subjetiva
Se faz sumamente necessário a análise da conduta incriminadora que se transmite através de ofender “à integridade corporal entende-se toda alteração nociva da estrutura do organismo, seja afetando as condições regulares de órgãos e tecidos internos, seja modificando o aspecto externo do indivíduo (fraturas, luxações, ferimentos)”. 
É importante salientar o “objeto material do crime de lesão corporal é o ser humano vivo”. (Idem). Por tanto, golpes desferidos contra um cadáver, mas em crimes acostados no art. 211, CP (Destruir, subtrair ou ocultar cadáver ou parte dele) ou art.212, CP (Vilipendiar, cadáver ou suas cinzas).
Tratando da subjetividade, “O tipo subjetivo é composto pelo dolo, ou seja, pela consciência e vontade de ofender a integridade corporal ou a saúde outrem”. A consumação do crime ocorre quando efetivamente a ofensa atinge a integridade corporal ou à saúde de outrem, havendo assim delito de resultado. 
Quanto a tentativa é admissível ao verificar-se que o agente atua com consciência e vontade de atingir a incolumidade física ou psíquica. A afirmativa exposta não é o mesmo de se admitir lesão culposa (art.129, §6°) e de lesão corporal seguida de morte (art.129, §3°).
Espécies de lesão corporal
a)    Lesão Corporal leve: A lesão corporal leve, mais também chamada simplesé aquela que não se obtém resultado gravoso ou, que não apresenta resultado que a lei classifica como circunstâncias qualificadoras nos §§ 1°, 2° e 3° do art. 129, ou seja, pode ser definida “como a ofensa à integridade corporal ou a saúde de outrem (art. 129, caput, CP – tipo básico ou fundamental)”. (PRADO, 2014, p. 691). Por contraste, todas as hipóteses expostas nas lesões graves e gravíssimas. 
Cumpre dizer que não se deve entender como a lesão insignificante, “incapaz de ofender o bem jurídico tutelado”. (PRADO, 2014, p.691). Para que não reste dúvida este delito tratado, a lesão “os danos à incolumidade física, ou psíquica”, sendo apenas estas para o exaurimento do tipo penal. 
b)    Lesão Corporal grave: Este tipo penal apresenta por sua vez a natureza grave (lato sensu), e estão arroladas nos §§ 1° e 2°, do art. 129. O professor os chamam “tipos penais derivados (qualificados), nos quais é conferido maior relevo ao desvalor do resultado (lesão ou perigo concreto de lesão ao bem jurídico protegido). As consequências mais gravosas elencadas no mencionando dispositivo são imputadas ao agente a título de dolo e culpa”. 
Para haver a caracterizada pela doutrina e legislador há situações que devem ser geradas como forma de comprovação da gravidade:
Incapacidade para as ocupações habituais, por mais de trinta dias (inciso I): Estas incapacidades são aquelas rotineiras desenvolvidas pelo indivíduo em sua vida normal, de trabalho, estudo, passeio, e tudo o mais que possa se encaixar em seus afazeres. Enfim, o que se depreende do texto legal é que se houver uma incapacidade que impeça a vítima de dar prosseguimento a sua vida de forma natural, sem limitações, seja física ou psíquica estabelece o tipo penal de lesão corporal grave. 
Perigo de vida (inciso II) – para que esta condição alcance seu apogeu é necessário que haja concretude e iminência de um resultado letal. Não é aceito probabilidade ou prognóstico presumida e eventual, o perigo tem que ser real, efetivo, apresentando “sinais indiscutíveis de grandes proporções sobre a vida orgânica”. (PRADO, 2014, p.693). Nas palavras da doutrina:
O perigo de vida deve ser atestado por laudo pericial, devidamente fundamentado. Demais disso, cabe ao perito demonstrar que a lesão provocada deu lugar a perigo – ainda que breve – para a vida da vítima. 
Debilidade permanente de membro, sentido ou função (inciso III) Quando se trata de debilidade se aponta o enfraquecimento, até a possível redução, assim trata Luiz Regis Prado.
A diminuição da capacidade funcional. Membros são os quatro apêndices do tronco, abrangendo os membros superiores (braço, antebraço, mão) e os inferiores (coxa, perna, pé). Sentidos são as faculdades perceptivas do mundo exterior (olfato, audição, visão, tato e paladar). Função é a atuação específica ou própria desempenhada por cada órgão, aparelho ou sistema (função digestiva, respiratória, secretora, reprodutora, circulatória, locomotora, sensitiva).  
 
Além de tudo o já descrito importa que a debilidade seja permanente, o que não implica perpetuidade. A redução deve ser duradoura, permanente e persistente, não tendo condições de proporcionar previamente quando terá fim. Com este quadro formado fica evidente que se trata de uma lesão gravíssima e com proporções a longo prazo (ou melhor ainda, sem prazo).
Aborto (inciso V) – conforme já tratado aborto é a morte imposta ao feto, estando a mulher em período gestacional, de forma forçosa se expele o embrião através de medicação ou instrumentação própria para expeli-lo. 
A lesão corporal é dolosa, e o resultado que agrava especialmente a pena (aborto) deve ser imputado ao agente a título de culpa. Todavia, se a vontade do agente se dirige a realização do resultado (morte do produto da concepção) como consequência direta de sua ação (dolo direto), ou considera como possível ou provável o seu advento, assumindo o risco de sua produção (dolo eventual), responde pelo delito de aborto (art. 125, CP), em concurso formal com a lesão à incolumidade da mulher grávida. 
Se torna necessário fazer a distinção entre o artigo 129, §2°, V, do exposto do artigo 127, do Código Penal. Na questão da lesão, o objetivo é causar lesão não o aborto que passa a ser consequência da lesão praticada, enquanto no art.127, do CP o objetivo é o aborto que acaba por gerar lesão. “É preciso que o agente tenha conhecimento da gravidez da vítima. Se ignorava tal estado – sendo sua ignorância escusável – exclui-se a qualificadora”. 
Lesão Corporal seguida de morte 
No art.129, § 3°, do CP ao se postar sobre a lesão corporal seguida de morte, se pode notar que não era este o resultado desejado pelo que pratica a lesão corporal, não queria este resultado e nem tampouco assumiu o risco. “Trata-se de lesão corporal qualificada pelo resultado (morte), que opera como condição de maior punibilidade, estabelecendo a lei uma agravação de pena para o resultado mais grave causado no mínimo por culpa”. (PRADO, 2014, p.696). 
Assumindo as palavras do professor Luiz Regis “Conclui-se, portanto, que a lesão corporal seguida de morte é um misto de dolo e culpa: conjuga o dolo no antecedente (lesão corporal) e a culpa no consequente (morte)”. 
Lesão Corporal Culposa
Prevista no art.129, §6°, CP. Estando contemplada no diploma legal para destilar o dolo das condutas que são dolosas e, portanto, mais sérias e contundentes, uma boa forma de verificar isso é apresentar as formas como se apresentam as lesões culposas: Leves, graves e gravíssimas. É significativo que “da lesão advinda da inobservância do cuidado exigível na vida de relação social resulta, por exemplo debilidade permanente de membro [...]deve o magistrado avaliar a magnitude da ofensa produzida quando da aplicação concreta da pena”. (PRADO, 2014, 697). 
Cumpre salientar que “a lesão corporal culposa relacionada à direção de veículo automotor encontra previsão explicita no Código de Trânsito Brasileiro (Lei 9.503/1997). Com efeito no artigo 303 do referido diploma tipifica a conduta de ‘praticar lesão culposa na direção de veículo automotor’”. 
Causa de diminuição de pena
O Direito Penal deve ser cioso no trato dos tipos estabelecidos para não gerar quebra dos princípios formadores do bastião de seus deveres. Por tanto, entender e examinar individualmente os casos que se apresentam, buscando extrair o que deu causa ao crime se faz pungente.
No caso em tela, o caso de diminuição de pena se aplica quando “por motivo de relevante valor social ou moral, ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço” (Art. 129, §4° CP). Trata-se de causa especial de diminuição de pena que determina a redução desta em virtude de menor reprovabilidade pessoal da conduta típica e antijurídica”. 
Nesta esteira pode se afirmar que a lesão corporal leve, alcança ser substituída pela pena de multa, ocorrendo qualquer umas das hipóteses do art. 129, §4°. 
Causas de aumento da pena
No diploma legal em seu art. 129, §7° apresenta a pena aumentada de 1/3 se ocorrer o previsto no art. 121, §§ 4° e 6°, DP. Há uma nova redação que faz jus se valer do doutrinador Luiz Regis Prado:
Logo, no que se refere à primeira parte, se a lesão decorrer de inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício, e deixa o agente de prestar imediato socorro à vítima ou não procura diminuir as circunstâncias do seu ato, ou, por fim, se foge para evitar da prisão em flagrante, sobre a pena cominada para a lesão corporal culposa (detenção, de dois meses a um ano) incide o acréscimo decorrente da presença da causa especial de aumento de pena. 
Quando a lesão corporal for dolosa (art.129, caput e §§ 1°, 2° e 3°, CP, a pena será aumentada de 1/3 e, nesta mesma linha o crime for contra menor de 14 anos ou pessoa com idade superior a 60 anos. (Art. 129, §7°). 
 
Perdão Judicial 
A lei 8.069/1990 – prevê hipótese de perdão judicial, com base no art. 129, §8°, esta previsão é encontrada nos Arts.107, IX e 120, CP), quando a lesão for culposa, podendo promover a extinção da punibilidade, cumpre lembrar que se o agente que provoca a lesão corporal em outra pessoa, for atingido de forma tão grave ou pior, a sanção penal é de toda desnecessária. 
Capítulo III – Da Periclitação da Vida e da Saúde
Código Penal, Parte Especial – Perigo de Contágio Venéreo – Art.130
Sujeito ativo – Qualquer pessoa, desde que esteja contaminado por doença venérea.
Sujeito passivo – Qualquer pessoa.
Objeto material – Pessoa que tem relação com o agente.
Objeto jurídico – Vida e a Saúde.
Elemento subjetivo – Dolo de perigo.
Classificação:
Crime Próprio – Demanda sujeito ativo qualificado, que é a pessoa contaminada.
Formal – Delito que não exige necessariamente a ocorrência de um resultado naturalístico indicado pelo tipo, que é o contágio venéreo. 
De forma vinculada – Só pode ser cometido por meio de relação sexual ou outro ato libidinoso.
Comissivo – Expor = Ação.
Instantâneo – Cuja a consumação não se arrasta no tempo.
Perigo Abstrato – Consuma-se apenas com a prática de relação sexual ou ato libidinoso.
Unissubjetivo – É praticado por um só agente.
Plurissubsistente – Em regra, vários atos integram a conduta de lesar.
ADMITE TENTATIVA.
Art. 130. Expor alguém, por meio de relações sexuais ou qualquer ato libidinoso, a contágio de moléstia venérea, de que sabe ou deve saber que está contaminado:
Pena — detenção, de três meses a um ano, ou multa.
§ 1º Se é intenção do agente transmitir a moléstia:
Pena — reclusão, de um a quatro anos, e multa.
§ 2º Somente se procede mediante representação.
Tipo objetivo: 
A caracterização do delito se dá pela prática de qualquer ato sexual — cópula vagínica, anal, sexo oral etc. — desde que apta à transmissão da moléstia venérea, como sífilis, blenorragia (gonorreia), cancro mole, papiloma vírus (HPV) etc. É claro que o fato não constitui crime se o agente não expõe a vítima a perigo de contágio fazendo uso, por exemplo, de preservativo. Trata-se de crime de ação vinculada porque o tipo penal especifica que sua configuração só pode se dar pela prática de atos sexuais. 
O Decreto-Lei n. 16.300/1923 considera moléstias venéreas “a sífilis, a gonorreia e o cancro mole ou o cancro venéreo simples”. Tal enumeração, entretanto, não é taxativa, já que o enquadramento de uma doença como venérea depende, em verdade, da ciência médica. A AIDS, embora possa ser sexualmente transmitida, não é doença venérea porque pode ser transmitida por outras formas. Por isso, em relação a esta doença o crime é o de perigo de contágio de moléstia grave (art. 131) se não ocorrer a transmissão. Caso, todavia, a vítima seja contaminada pelo agente de forma intencional, o crime será o de lesão corporal gravíssima ou o de homicídio, conforme a corrente adotada (sobre o tema, ver comentários ao art. 129, § 2º, II, do CP). No crime em análise o ato sexual normalmente é consentido, porque a vítima não tem ciência da doença. É possível, porém, que o agente acometido de moléstia venérea estupre uma pessoa, empregando, para tanto, violência ou grave ameaça; nesse caso, ele responderá por estupro em concurso formal com o delito em estudo, caso não transmita a doença. Se ocorrer a transmissão, ele responderá por crime de estupro com a pena aumentada de um sexto até a metade, nos termos do art. 234, IV, do Código Penal, com redação dada pela Lei n. 12.015/2009.
Sujeito passivo: 
Também pode ser qualquer pessoa, inclusive as prostitutas. Pode ser do mesmo sexo ou do sexo oposto ao do autor do delito. Se duas pessoas estão acometidas da mesma doença venérea, ainda que fique demonstrado que o contato sexual entre elas poderia agravar o quadro, nenhuma res ponde pelo delito. Com efeito, o tipo penal exige que se exponha a vítima a risco de contágio, e não de agravamento da doença preexistente.
Consumação: 
No momento da prática do ato sexual, independentemente da efetiva transmissão da doença. Trata-se de crime de perigo abstrato (a lei presume o perigo sempre que houver relação sexual com pessoa contaminada com doença venérea).
Ocorrendo o contágio, o agente responde apenas pelo crime do art. 130, caput, do Código Penal, já que, por ter havido mero dolo de perigo, conclui-se que ele não queria transmitir a doença e, por isso, só poderia ser punido por lesão corporal culposa que, entretanto, fica afastada por ter pena menor. Se, todavia, houver prova de que o acusado agiu com dolo eventual, responderá por crime de lesão corporal. Também na hipótese qualificada do § 1º, a consumação se dá no momento da relação sexual, pois, para sua configuração, basta a intenção de transmitir a moléstia, não sendo, contudo, necessário que o resultado se concretize. Caso haja a transmissão, não há como negar que a lesão é dolosa, pois o agente queria o resultado. Todavia, se a lesão decorrente da moléstia venérea for leve, o agente só responderá pelo crime do art. 130, § 1º, que tem pena maior. Tal delito, portanto, se configura quando o agente pratica o ato sexual querendo a transmissão e não consegue o resultado ou quando consegue, mas a lesão é considerada leve. Ao contrário se, em razão da moléstia, a vítima sofrer lesão grave ou gravíssima, o agente só responderá por estas que, por terem pena maior, absorvem o delito previsto no art. 130, § 1º.
Tentativa: 
É possível quando o agente inicia atos pré-sexuais com a vítima mas não consegue concretizá-los, de modo a causar a situação de perigo (ex.: tirar a roupa da vítima, mas não realizar com ela a conjunção carnal em razão da chegada de outras pessoas ao local). É, entretanto, de difícil comprovação.
Código Penal, Parte Especial – Perigo de Contágio de Moléstia Grave – Art.131
Sujeito ativo – Qualquer pessoa com grave doença.
Sujeito passivo – Qualquer pessoa.
Objeto material – Pessoa que sofre o contágio ou corre risco.
Objeto jurídico – Vida e a Saúde.
Elemento subjetivo – Dolo de perigo + elemento específico.
Classificação:
Crime Próprio – Demanda sujeito ativo qualificado, que é a pessoa contaminada.
Formal – Delito que não exige necessariamente a concretização do resultado naturalístico previsto pelo tipo. 
De forma Livre – Podendo ser cometido por qualquer meio eleito pelo agente.
Comissivo – Praticar = Ação.
Instantâneo – cujo o resultado “contágio” ou “perigo de contágio” se dá de maneira instantânea, não se prolongando no tempo.
Misto – De dano, na sua essência, embora situado neste capitulo, com possibilidade de se punir o iter criminis, qua já expõe a vítima a perigo, como delito consumado – é a forma mista eleita: consuma-se com efetiva lesão à saúde ou com a simples exposição a perigo.
Unissubjetivo – É praticado por um só agente.
Unissunisistente ou Plurissubsistente – Se a forma de transmitir for efetiva por um único ato, toma o delito a forma unissubsistente, embora possa ser cometido através de vários atos, o que configura o aspecto plurissubisitente.
ADMITE TENTATIVA A FORMA PLURISSUBSISTENTE.
Art. 131. Praticar, com o fim de transmitir a outrem moléstia grave de que está contaminado, ato capaz de produzir o contágio:
Pena — reclusão, de um a quatro anos, e multa.
Tipo objetivo:
O delito em estudo configura-se pela prática de qualquer ato capaz de transmitir a doença (beijo, espirro intencional próximo à vítima, lamber o garfo com o qual ela irá comer etc.). Trata-se, portanto, de crime de ação livre que admite qualquer meio de execução, desde que apto a transmitir a doença. Como se exige prova de que o ato praticado era capaz de provocar o contágio, conclui-se que se trata de crime de perigo concreto.
O tipo penal exige que se trate de moléstia grave — que provoca séria perturbação da saúde — e contagiosa (tuberculose ou “gripe suína”, por exemplo). As doenças venéreas, sendo elas graves, tipificam o crime, desde que o perigo de contágio não decorra de ato sexual, já que, nesse caso, aplica-se o art. 130 do Código.
Sujeito ativo:
Qualquer pessoa que está contaminada com moléstia grave, conforme exige otipo penal. Se alguém que não está contaminado aplica em outrem injeção contendo o vetor de transmissão de doença grave, incorre em crime de lesão corporal, consumada ou tentada, dependendo de ter ou não havido a transmissão. Entendemos tratar-se de crime próprio, pois o delito só pode ser cometido por quem está acometido de doença contagiosa grave.
Sujeito passivo:
Qualquer pessoa. Caso se trate de doença para a qual exista vacina e sendo a vítima vacinada, o ato praticado pelo agente não é capaz de transmitir o contágio, não configurando, portanto, a infração penal, ainda que o agente não saiba disso.
Consumação:
O texto legal é bastante claro no sentido de que cuida de crime formal, que se consuma no instante em que o agente pratica o ato capaz de produzir o contágio, independentemente da efetiva transmissão. Trata-se, porém, de crime de perigo concreto, pois é necessário comprovar que o ato era capaz de transmitir a doença.
Tendo em vista o montante das penas, se ocorrer a transmissão da doença e as lesões forem consideradas leves (apesar de a doença ser grave), o agente só responde pelo crime do art. 131, que tem pena maior. Se, entretanto, as lesões forem graves ou gravíssimas, o agente só responde pelas lesões.
Tentativa:
É possível. O agente tenta beijar a vítima, mas ela recusa.
Elemento subjetivo:
Trata-se de crime de perigo com dolo de dano, que apenas se caracteriza quando o agente quer transmitir a doença. Em razão disso, somente admite o dolo direto. Como a lei não prevê modalidade culposa, o fato será atípico se o agente atua apenas de forma imprudente e não ocorre a transmissão da doença. Haverá, entretanto, lesão culposa, se ocorrer o contágio.
Art. 132 – Perigo para a vida ou saúde de outrem: Expor a vida ou saúde de outrem a perigo direto e iminente: Pena – detenção de 3 meses a 1 ano, se o fato não constitui crime mais grave. Parágrafo Único: A pena é aumentada de um sexto a um terço se a exposição da vida ou da saúde de outrem a perigo decorre do transporte de pessoas para a prestação de serviços em estabelecimentos de qualquer natureza, em desacordo com as normas legais.
Sujeito ativo – Qualquer pessoa.
Sujeito passivo – qualquer pessoa.
Objeto material – Pessoa que corre risco.
Objeto jurídico – Vida e Saúde.
Elemento subjetivo – Dolo de perigo.
Crime Comum – Não demanda sujeito ativo e passivo qualificado.
Material – Exige resultado naturalístico para sua configuração. 
De forma Livre – Podendo ser cometido por qualquer meio eleito pelo agente.
Comissivo ou omissivo
Instantâneo – resultado se dá de maneira instantânea, não se prolonga no tempo.
Perigo concreto – É indispensável comprovar o perigo.
Unissubjetivo – É praticado por um só agente.
Plurissubsistente – regra, vários atos integram a conduta.
ADMITE TENTATIVA QUANDO COMISSIVO.
Código Penal, Parte Especial – Abandono de Incapaz – Art. 133.
Sujeito ativo – Guarda, protetor ou autoridade.
Sujeito passivo – Qualquer pessoa sob guarda ou proteção.
Objeto material – Pessoa incapaz abandonada.
Objeto jurídico – Vida e a Saúde.
Elemento subjetivo – Dolo de perigo.
Classificação:
Crime Próprio – Demanda sujeito ativo e passivo qualificado.
Formal – Delito que não exige necessariamente a concretização do resultado naturalístico previsto pelo tipo. 
De forma Livre – Podendo ser cometido por qualquer meio eleito pelo agente.
Comissivo ou omissivo
Instantâneo (De efeitos permanentes) – resultado se dá de maneira instantânea, a consumação se dá de maneira isolada no tempo, mas os efeitos persistem.
Perigo concreto – É indispensável comprovar a perigo, pois o tipo menciona a incapacidade de defender-se dos riscos resultantes do abandono.
Unissubjetivo – É praticado por um só agente.
Plurissubsistente – regra, vários atos integram a conduta de abandonar.
ADMITE TENTATIVA QUANDO COMISSIVO.
Art. 133 – Abandono de Incapaz: Abandonar pessoa que está sob seu cuidado, guarda, vigilância ou autoridade, e, porque qualquer motivo, incapaz de defender-se dos riscos resultantes do abandono.
Bem Jurídico protegido e sujeito do delito:
A tutela recai sobre a vida e saúde da pessoa humana, de forma particular daqueles que não podem se defender e o perigo se torne iminente, devido à falta de cuidado é sobressaia a necessidade do dever de guarda, assistência e proteção. A lei procura proteger os indivíduos considerados incapazes, e que não possua condições de se protegerem por si só.
Sujeito ativo – é somente aquele que possua uma especial relação de assistência com a vítima, ou que esteja cuidando, ou com a guarda, vigilância ou imediata autoridade (delito especial próprio). 
Sujeito passivo -  é aquele que está sob a guarda, ainda que provisória, não se limitando o legislador a figura do infante, trazendo todos àqueles que figurem como incapazes de serem resguardados dos perigos e riscos possíveis do seu abandono. O doutrinador Luiz Regis Prado aponta um quadro de quem pode se enquadrar (ébrio, paralítico, cego e enfermo, etc.). (PRADO, 2014, p.723). Urge lembrar que pessoas consideradas capazes, mas que por circunstâncias encontrem-se temporariamente incapazes de assumirem sua vida sozinha, sem ajuda de outrem, mesmo que provisoriamente se encontram como incapazes.
Tipo objetivo e subjetivo  
Como tipo objetivo trata de conduta ela passa a ser típica quando ocorre o abandono do incapaz, possibilitando serem exposto a perigo concreto. Cumpre entender que para consolidação do abandono é necessário o afastamento físico, proporcionando perigo iminente. 
O legislador ao tipificar esta conduta procura dispensa destila a ideia de cuidado, guarda vigilância ou autoridade, conferindo ao incapaz todo cuidado possível e assistência necessária não dando espaço para ocorrência de perigo. 
O tipo subjetivo se caracteriza pelo dolo, isto é, “pela consciência e vontade do agente de expor a perigo concreto a vida ou saúde do sujeito passivo através do abandono”. (PRADO, 2014, p.275). 
Consuma-se o crime através da efetividade de abandono, uma vez havendo perigo concreto. Não há uma medida de tempo determinada pela lei, sendo importante para caracterização um perigo iminente. Lembrando que o crime é classificado como instantâneo, sendo necessária a situação de perigo que não transcorre com o tempo, mas sim de sua concretude e existência.
Formas qualificadas 
Uma vez gerado o abandono houver resultante de lesão corporal de natureza grave, “são elevadas as margens penais”. (PRADO, 2014, p.726). (Art.133, §§ 1°e 2°, CP). Se faz propício a indicação do que a doutrina efetivamente trata do tema:
Configura-se, aqui, delito qualificado pelo resultado, que deve ser imputado ao agente a título de culpa (art.19, CP). Caso tenha atuado com consciência e vontade de ofender a integridade física ou a saúde da vítima, ou produzir a sua morte (dolo), servindo-se do abandono como meio para alcançar tais resultados, responde o sujeito por lesão corporal grave (art. 129, §§ 1° e 2°, CP) ou homicídio (Art.121, CP). (PRADO, 2014, p.726).
A legislação apresenta de forma inequívoca apresenta através dos artigos expostos como ocorre a forma qualificada.
Causas de aumento de pena
Extraindo do tipo básico (Art. 133, caput, CP) e as derivações (Art. 133, §§ 1°, 2° e 3°, CP), o aumento ocorre em um 1/3.
Exposição ou abandono de recém-nascido (Art.134)
Código Penal, Parte Especial – Exposição ou abandono de recém-nascido – Art.134.
Sujeito ativo – Mãe.
Sujeito passivo – Recém-nascido, filho do agente.
Objeto material – Recém-nascido, filho do agente.
Objeto jurídico – Vida e a Saúde.
Elemento subjetivo – Dolo de perigo + elemento específico.
Classificação:
Crime Próprio – Demanda sujeito ativo e passivo qualificado.
Material – Exige resultado naturalístico para sua configuração. 
De forma Livre – Podendo ser cometido por qualquer meio eleito pelo agente.
Comissivo ou omissivo
Instantâneo (De efeitos permanentes) – resultado se dá de maneira instantânea, a consumação se dá de maneira isolada no tempo, mas os efeitos persistem.Perigo concreto – É indispensável comprovar a perigo, pois o tipo menciona a incapacidade de defender-se dos riscos resultantes do abandono.
Unissubjetivo – É praticado por um só agente.
Plurissubsistente – regra, vários atos integram a conduta de abandonar.
ADMITE TENTATIVA QUANDO COMISSIVO.
Omissão de Socorro
Art. 135 – Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à criança abandonada ou abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminente perigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pública; 
I - Bem jurídico protegido e sujeito do delito
Resguarda-se a vida e saúde da pessoa humana. É inegável a exclusividade a incolumidade física de pessoa que necessitam de amparo, por estarem sem condições sozinhas de sair da situação de perigo, ou de acidente. Este bem jurídico amparado é indisponível. 
Sujeito ativo – pode ser qualquer pessoa sem restrição (delito comum), há apenas uma exigência no caso em tela é que o sujeito ativo esteja próximo, podendo prestar socorro.
Sujeito passivo – criança abandonada ou extraviada, a pessoa inválida ou ferida, ao desamparo, ou qualquer pessoa em grave e iminente perigo. 
Crimes omissivos próprios – Os crimes omissivos próprios ou puros consistem numa desobediência a norma mandamental, norma esta que determina a prática de uma conduta que não é realizada. Há, portanto, a omissão de um dever de agir imposto normativamente. 
Tipo subjetivo: adequação típica – O elemento subjetivo deste crime é o dolo (de perigo), representado pela vontade de omitir com a consciência do perigo, isto é, o dolo deve abranger a consciência da concreta situação de perigo em que a vítima se encontra. O dolo poderá ser eventual, por exemplo, quando o agente, com sua conduta omissiva, assume o risco de manter de manter o estado de perigo preexistente. (BITENCOURT, 2014, p.548). 
Classificação doutrinária – A omissão de socorro é crime omisso próprio e instantâneo, crime de perigo, crime comum. (BITENCOURT, 2014, p.134, 135).
OBSERVAÇÃO: Não há forma de omissão culposa. O erro quanto à existência do perigo exclui o dolo. No entanto, sobrevindo dano (lesão corporal ou morte), o agente responderá pelo crime culposo (Art. 20 e § 1°). 
Condicionamento de atendimento médico-hospitalar emergencial (135 – A) – Exigir cheque caução, nota promissória ou qualquer garantia, bem como o preenchimento prévio de formulários administrativos, como condição para atendimento médico-hospitalar emergencial:
Maus-tratos 
Art. 136 – Expor a perigo a vida ou a saúde de pessoa sob sua autoridade, guarda ou vigilância, para fim de educação, ensino, tratamento ou custódia, quer privando-a de alimentação ou cuidados indispensáveis, quer sujeitando-a trabalho excessivo ou inadequado, quer abusando de meios de correção ou disciplina:
Da rixa 
Art. 137 – Participar de rixa, salvo para separar os contendores:
I – Bem jurídico tutelado – A incolumidade da pessoa humana, acrescendo que a simples participação da rixa já opera punição. 
Sujeitos dos crimes – “Os participantes da rixa são ao mesmo tempo sujeitos ativos e passivos uns em relação aos outros: rixa é crime plurissubjetivo (Delito cuja definição exige a participação de mais de uma pessoa na prática da ação típica. O mesmo que crime de concurso necessário. Não se confunde com a coautoria) recíproco, que exige a participação de, no mínimo, três contendores no Direito pátrio, ainda que alguns sejam menores”. 
Tipo objetivo: adequação típica – “Rixa é uma briga entre mais de duas pessoas, acompanhada de vias de fato ou violência recíprocas. Para caracterizá-la é insuficiente a participação de dois contendores.” [...] (BITENCOURT, 2014, p.137). Salta ao texto a importância de: haver vias de fato, haver mais do que dois contendores, e que haja generalização entre todos, ou seja, todos brigando contra todos.
Classificação doutrinária – crime de concurso necessário, crime instantâneo, crime Plurissubsistente, crime comissivo, doloso, não havendo possibilidade de modalidade culposa, por só haver condições da prática por meio de ação ativa.
Figuras qualificadas – Havendo lesão corporal de natureza grave ou resultando em morte, se estabelece a qualificação do delito rixa.
Calúnia 
Art. 138 – Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato definido como crime.
Bem jurídico protegido
É a honra objetiva, aquela que atinge o conceito do que as pessoas de convívio pensam ou a imagem que criaram do caluniado, atingindo “seus atributos morais, éticos, culturais, intelectuais, físicos ou profissionais. É, é em outros termos, o sentimento do outro que incide sobre as nossas qualidades ou nossos atributos”.
Definição de honra
“Honra é valor imaterial, insuscetível de apreciação, valoração ou mensuração de qualquer natureza, inerente à própria dignidade e personalidade humana”. 
Sujeito ativo – pode ser qualquer pessoa “imputável”. Excetuando-se pessoa jurídica “por faltar-lhe capacidade penal, não pode ser sujeito ativo dos crimes contra a honra.”. 
Sujeito passivo – no aspecto mais amplo qualquer pessoa pode ser sujeito passivo. 
Tipo objetivo – Calúnia é imputação falsa de fato tipificado como crime a alguém. 
Falsidade de imputação – É de suma importância que se atribui a alguém seja falsa, não sendo verdade. E a acusação tem que figurar na tipificação do Código Penal, e tão necessário quanto que a calúnia seja conhecida por terceiros. Caso contrário à tipicidade não tem azo. 
Consumação – Ocorre quando a calúnia chega ao conhecimento de terceira pessoa. É impossível a tentativa. 
Classificação doutrinária – Crime formal, crime comum, crime instantâneo, crime comissivo, crime unissubsistente (via oral), [delito que se consuma em um ato só] e crime plurissubsistente (por escrito), [é o constituído de vários atos, que fazem parte de uma única conduta].
Exceção da verdade – significa haver possibilidade do sujeito ativo ter a possibilidade de provar o fato imputado. (Art.141, § 3°, do CP), como o próprio tipo aponta a falsidade da calúnia como elemento indispensável para que o crime seja exaurido.
Calúnia contra Presidente da República – se faz sumamente necessário registrar que calúnia contra o Presidente da República motivada pela política se perfaz em crime contra a Segurança Nacional (Art. 2°, c/c com o art. 26 da lei 7.170/12/1983), não havendo motivação política, o crime será comum.
Calúnia e denunciação caluniosa – Se uma pessoa se dirige a delegacia e anuncia um crime indicado à pessoa que o praticou, e se investigar e perceber tratar-se de uma calúnia trata-se de Denunciação Caluniosa, que é de ação penal pública, ou seja, cabe ao Estado o responsável em fazer o que denunciou falsamente responder pela denunciação caluniosa.
Crime de calúnia e exercício da advocacia: incompatibilidade - “Art. 7º São direitos do advogado: § 2º O advogado tem imunidade profissional, não constituindo injúria, difamação ou desacato puníveis qualquer manifestação de sua parte, no exercício de sua atividade, em juízo ou fora dele, sem prejuízo das sanções disciplinares perante a OAB, pelos excessos que cometer. (Vide ADIN 1.127-8) ”. Porém cumpre lembrar que dos Crimes contra honra, não foi objeto deste artigo a Calúnia. 
 Excluem-se da imunidade profissional as ofensas que possam configurar crime de calúnia (…). A tanto não poderia chegar a inviolabilidade, sob pena de esmaecer sua justificação ética, legalizando os excessos, que, mesmo em situações de tensão, o advogado nunca deve atingir. Nestes casos, responde não apenas disciplinarmente, mas também no plano criminal. Contudo, mesmo na hipótese de calúnia, é admissível a exceptio veritas. [Lobo, Paulo. Comentários ao Estatuto da Advocacia e da OAB. 4ª ed. 2007. Saraiva. pg. 63]
Segundo o Estatuto da OAB a calúnia proferida por advogado, que não possa ser provada fica considerada crime e deve ser tratada como tal. Esta é uma exceção a liberdade do advogado tanto na defesa escrita como defesa oral.
RETRATAÇÃO
O crime decalúnia aceita admite retratação, antes da sentença (Art. 143). Sendo claro o que se considera como retratação: “Retratação é o ato de desdizer-se, de retirar o que se disse”. Não se confunde com negação do fato, pois retratação pressupõe o reconhecimento de uma afirmação confessadamente errada, inverídica. A retratação é causa extintiva de punibilidade (Art. 107 VI). 
Difamação
Art. 139 – Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo à sua reputação:
Bem jurídico tutelado
O bem protegido é a honra, a reputação. “A tutela da honra, como bem jurídico autônomo, não é um interesse exclusivo do indivíduo, mas da própria objetividade, que se interessa pela preservação desse atributo, além de outros bens jurídicos, indispensáveis para a boa convivência harmônica em sociedade”. (BITENCOURT, 2014, p.579). 
Sujeitos ativos e passivos - pode ser tanto qualquer pessoa nos dois sujeitos.
Tipo Objetivo – Difamar é imputar a uma pessoa fato ofensivo à sua reputação. Em oposição ao delito de calúnia o fato imputado, não precisa ser falso e nem tampouco, ser definido como crime.
Tipo subjetivo – A subjetividade deste delito reside no dolo de dano, “que se constitui na vontade consciente de difamar o ofendido imputando-lhe a prática de fato desonrosa; é irrelevante tratar-se de fato falso ou verdadeiro. [...] O dolo pode ser direto ou eventual”. 
Consumação – ao atingir o conhecimento de outras pessoas o crime está estabelecido. 
Classificação doutrinária – Crime comum, crime formal, crime instantâneo, crime comissivo, crime unissubsistente (via oral), crime plurissubsistente. 
Retratação – antes da sentença admite retratação (Art. 143, CP). 
Injúria 
Art. 140 – Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro.
Bem jurídico tutelado
Trata-se de crime contra honra, havendo diferença que esta honra é a subjetiva.
Injúria Real – “A injúria real, definida no § 2°, do Art. 140, é um dos chamados crimes complexos, reunindo sob sua proteção dois bens jurídicos distintos: e a integridade ou incolumidade física de alguém.”
Tipo objetivo – O injuriar é ofender a dignidade ou o decoro da pessoa humana. 
Tipo subjetivo – é o dolo de dano, instituindo, constituído pela vontade livre e consciente de injuriar.
Injúria preconceituosa – é determinante que a injúria seja motiva pela raça, cor, etnia, religião ou origem.
Consumação – atinge a consumação quando chega ao conhecimento do ofendido.
Classificação doutrinária – crime comum, crime formal, crime instantâneo, crime comissivo. 
Perdão judicial – é o meio adequado que legalmente possibilita o juiz deixar aplicar pena diante da existência “na legislação especial”.

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