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Requisitos para o requerimento da recuperação judicial

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Requisitos para o requerimento da recuperação judicial
A princípio, a recuperação judicial é facultada aos empresários em geral. Pode-se afirmar que o art. 48 traz os requisitos comuns a todos os pedidos de recuperação – modalidade judiciais (arts.48 e 70)e extrajudiciais (arts. 161, 163 e 167). Contudo, a própria lei 11.101-2005, em seu artigo 2º, faz a exclusão de algumas pessoas no que tange à recuperação judicial. Os empresários que não são enquadrados na exclusão serão abrangidos pela recuperação judicial.
Requisitos específicos
No Brasil, diversos requisitos específicos e cumulativos são exigidos para o pedido de recuperação judicial, a saber:
1)Exercício regular das atividades há mais de dois anos. 
2)Não ser falido ou, se falido, que suas obrigações já tenham sido extintas.
3) Não ter obtido recuperação judicial há menos de 5 anos. 
4)Não ter obtido recuperação judicial, com base em plano especial, há menos de 5 anos. 
5)Não ter sido condenado por crime falimentar, nem ter como sócio controlador ou administrador pessoa condenada por crime falimentar.
O primeiro requisito para que o empresário possa requerer a recuperação judicial é que este mantenha exercício das atividades há mais de dois anos. O caput do art. 48 da referida lei contempla o tema.
Em regra, o prazo é demonstrado por certidão expedida pela Junta Comercial, contudo, este documento pode ser elidido por prova em contrário. Inicialmente, é exigido que o empresário esteja no exercício da atividade, ou seja, não pode estar parado e também tem de haver a regularidade de inscrição e de exercício. 
Foi afirmando pelo STJ que “para o processamento da recuperação judicial, a Lei, em seu art. 48, não exige somente a regularidade no exercício da atividade, mas também o exercício por mais de dois anos, se entender tratar-se da prática, no lapso temporal, da mesma atividade (ou de correlata) que se pretende recuperar”. Tal prazo busca aferir a seriedade do exercício da empresa, a sua relevância para a economia e especialmente a viabilidade da sua continuação. 
O segundo requisito é não ser falido ou, se falido, que suas obrigações já tenham sido extintas. O inciso I do art.48 da supracitada lei trata da temática.
Os falidos não podem requerer a recuperação judicial, pois o legislador não previu formas de recuperação suspensiva ou incidental ao processo falimentar. Apenas com a extinção das obrigações de falido, por sentença judicial transitado em julgado, é que o devedor recupera a legitimidade para o pedido da recuperação em juízo.
O terceiro requisito é não ter obtido recuperação judicial há menos de 5 anos. 
O inciso II do art.48 da lei 11.101-2005 compreende o referido impedimento, o qual versa sobre não ser plausível que o empresário use da recuperação judicial de maneira reiterada para combater as suas crises. É importante salientar que a recuperação deve ser usada como exceção, de maneira eventual, e não como a regra, não pode haver uma indústria da recuperação judicial, pois se assim fosse, haveria um desvirtuamento dos riscos do negócio.Contudo, é possível que o empresário requeira mais de uma vez a recuperação judicial, desde que o lapso temporal de 5 anos seja obedecido.
O quarto requisito é não ter obtido recuperação judicial, com base em plano especial, há menos de 5 anos. Este requisito está incorporado no inciso III da lei de falências, o qual foi modificado Lei Complementar n o 147/2014. Tal lei reduziu o prazo para a concessão da recuperação judicial com base no plano especial, que antes era de 8 e passou a ser de 5 anos. Essa redução tem como objetivo não penalizar os empresários que optam por não querer a recuperação judicial especial.
O quinto e último requisito está previsto no inciso IV da lei 11.101-2005: Não ter sido condenado por crime falimentar, nem ter como sócio controlador ou administrador pessoa condenada por crime falimentar. Os arts. 168 e 178 da referida lei tratam do tema. 
Este requisito tem o condão de permitir que somente os devedores de boa-fé, ou seja, apenas sujeitos idôneos possam requerer a recuperação judicial. Somente a partir do trânsito em julgado de sentença condenatória que esse impedimento passa a existir, tendo em vista que o inciso LVII do art. 5º da Constituição Federal prevê o princípio da presunção de inocência. Destarte, o simples recebimento da denúncia ou a condenação que ainda depende de recurso não impedem que a recuperação judicial seja requerida. Todavia, este impedimento não será perpétuo, a extinção da punibilidade e a reabilitação penal o extingue.

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