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THAU planos urbanos

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Sumário
1. Plano Haussmann – Paris ___ 02
1.1. Plano Cerdá – Barcelona ___ 03
1.2. Plano Peireira Passos – Rio de Janeiro ___ 07
2. Cidade Jardim – Ebenzer Howard ___ 09
2.1. Plano Atílio C. Lima – Goiânia ___ 15
2.2. Plano Agache – Rio de Janeiro ___ 17
3. Plan Voisin (Ville Radieuse) – Le Corbusier ___ 19
3.1. Plano Piloto – Lúcio Costa ___ 21
3.2. Palmas – Luis Fernando Teixeira ___ 24
4. Bibliografia ___ 26
Plano de Haussmann – Paris 
O principal objetivo da reforma urbana idealizada por Haussmann para Paris é o de liberar o tecido urbano para facilitar manobras militares. A grande transformação da cidade ocorre em um terço do tecido da cidade sobre a ideia de grande expansão.
Um dos principais pontos da reforma de Haussmann é o da Îlle de La Cité em ares militares. Para atingir esse objetivo, todas as edificações são demolidas. Para Haussmann, a arquitetura é um problema administrativo, só deve visar os interesses de Napoleão, e consequentemente militares. A partir daí é produzido um urbanismo totalmente racionalista visando apenas a técnica  e desconsiderando o aspecto histórico.
O foco principal é a melhoria da circulação, o acesso rápido a toda a cidade como visão estratégica, estabelecendo uma imagem geral de modernidade. Esta mudança de imagem envolve também a questão da insalubridade. Para isso são eliminados os bairros considerados degradados, as ruas são arborizadas e recebem sistema de iluminação.
A antiga cidade medieval, com traçado orgânico e ruas estreitas, é cortada por grandes eixos e contornada por um anel viário. São criadas praças com monumentos que servem como ‘cenário’. São criados vários boullevard e um novo elemento urbano, o carrefour (rotatória). Essas intervenções regularizam o traçado não aproveitando o existente, transfigurando a cidade.
Esquema de trabalhos de Haussmann em Paris-linhas mais grossas, novas tuas / Tracejado quadriculado, novos bairros / Tracejado horizontal, os dois grandes parques periféricos. Fonte: Livro História da Cidade, Leonardo Benevolo.
São abertos parques e jardins públicos: Jardin dês Tulleries, Palais Royal, Parc Montsouris. Surge a figura do quarteirão que é determinado pelo sistema viário – neste caso o quarteirão é residual, configurado a partir do que ‘sobra’ depois de definido o traçado viário, tornando-se um elemento complexo formado por lotes de formato irregular. São definidas leis de ocupação: cada lote é perpendicular à rua e não tem a mesma medida padrão; os edifícios passam a ter leis de padronização para as fachadas; a tipologia urbana segue um catálogo pré-definido, passam a ter unicidade arquitetônica; as galerias e passagens passam a ter função comercial – multifuncionalidade do quarteirão e abrigam cafés e lojas. São definidas áreas especiais para as estações ferroviárias.
A Ìlle de la Cité se transforma no coração da cidade, passando a ser uma área militar e administrativa. Na reforma de Paris, foram destruídos 49 km de ruas estreitas antigas, construídos 165 km, de novas vias, foi implantado o sistema de esgoto (considerado até hoje um dos melhores do mundo e que atende à cidade toda).
A Paris de Haussmann é a Paris que vemos hoje.
 O Plano Cerdà – Barcelona 
A proposta de Cerdà para a cidade de Barcelona, aprovada inicialmente em 1859, apresenta uma intervenção completamente diferente. Os dois traçados urbanísticos básicos na época, a quadrícula e o radial – neste caso o segundo subordinado ao primeiro – eram sintetizados em um grande retângulo de sessenta por vinte módulos, localizado no espaço livre deixado entre a cidade medieval amuralhada e os povoados vizinhos e cortado por duas diagonais.
Como um dos primeiros tratadistas de arquitetura e urbanismo a reivindicar a salubridade das habitações de maneira radical e efetiva como a condição primeira a satisfazer na criação da nova cidade, considerando a moradia como suporte fundamental da qualidade de vida. A casa é o ponto de partida do raciocínio de Cerdà. As habitações planejadas por Cerdà tinham como características: a privacidade do indivíduo no lar, com condições dignas de vida, o higienismo (sol, vento, ar, luz natural), que deveriam estar presentes nas habitações e o custo, adaptação do empreendimento para a classe operária.
Emprega grande esforço na formulação das “ilhas tipo” e, a partir do reconhecimento da quadrícula como o traçado que reúne tanto vantagens de ordem circulatória, topológica, construtiva, jurídica como urbanística, chega ao módulo quadrado de 113m de lado com um chanfro de 20m como o mais adequado.
Ao compreender a necessidade de compactação da cidade industrial, abre mão de qualquer exemplo de habitação unifamiliar com jardim, ideais no seu pensamento, mas procura manter o máximo de qualidade ambiental.
Imagem – Ildefonso Cerdà, Plano para Barcelona, 1859. Ilha-tipo. Fonte: TARRAGÓ CID, Salvador. Catálogo da exposição Cerdà, urbs i territori.
Cerdà escreve em sua “Teoria Geral da Urbanização” que a presença dos dois conceitos diretores, a “habitação” e a “circulação”, que hoje mais do que nunca continuam sendo os dois pólos operacionais do urbanismo estão presentes no plano de Barcelona no cuidado com a habitação e no projeto cuidadoso de uma rua realmente racional, com 20m de largura e separação entre os meios de locomoção.
Devemos entender como cidade tradicional um organismo urbano gerado através de um longo processo histórico. Neste contexto, tanto o traçado viário como a habitação coletiva são elementos que não podem ser concebidos separadamente. Não existem, portanto, espaços indefinidos nesta relação restrita aos domínios do público e do privado. A quadra da cidade tradicional se caracteriza por ser claramente delimitada e homogênea.
O plano de Cerdá desenha uma grelha ortogonal, com quadras de 113m x 113m e vias de 20m de largura, elevando a taxa de superfície viária, incluindo praças, de 17% para 34%. A cada conjunto de nove quadras e vias correspondentes se inscreve dentro de um quadrado de 400m de lado. A quadrícula estende-se até os núcleos urbanos vizinhos e envolve a cidade medieval. Apesar de aparentar a imposição de uma nova ordem, indiferente ao contexto, o ajuste das bordas é feito com extrema habilidade tendo como suporte avenidas diagonais que surgem a partir de conexões pré-existentes. O corte diagonal nas arestas da quadra transforma o simples cruzamento de vias em lugar, gera também desta forma maior amplitude visual dos edifícios de esquina. As grandes avenidas possibilitam a conexão metropolitana e a integração à viabilidade universal. A tipologia é ortogonal, homogênea e igualitária. O melhor exemplo de habitação coletiva inserida neste contexto é a Casa Milà de Antoni Gaudí.
		
O plano previa quadra com ocupação perimetral em dois ou no máximo três lados. Os edifícios não ultrapassariam mais do que dois terços da superfície do quarteirão. Os espaços internos resultantes se abririam para a cidade oferecendo equipamentos públicos e generosas áreas arborizadas. O importante é enfatizar que neste momento a quadra passa de uma condição de residual para se tornar suporte de uma composição urbana que a tem como espaço da cidade. 
O perímetro da quadra deixa de ser o limite do espaço público.
Cerdà prevê o fluxo simultâneo de pedestres (com ou sem carga), de carruagens e trens elétricos. Serviços como água, rede de esgoto, telégrafo, ferrovia e rede de energia elétrica são planejados de modo que não poluam ou interfiram na paisagem da cidade (cabos, fios, postes e etc.), estes devem ser subterrâneos. Cerdá pensa na cidade como um todo: o ato de ir e vir seja qual for o meio de transporte, a ordenação dos serviços básicos, o enquadramento e as perspectivas do lugar.
No “Plano geométrico parcelado”, Cerdá mostra como seria a relação dos lotes após a passagem da via proposta em seu projeto. Desenhou isto na escala 1/500 para todo o território indicando as cotas atuais, as futuras cotas das ruas e a área de calçada. Ainda desenhou 7 perfis longitudinais e verticaisque serviam para estabelecer o nível das novas vias.
Em 1865, a epidemia de cólera e a crise industrial, diminuem a verba para a continuação das obras de expansão da cidade. Após a crise, uma dualidade toma conta da sociedade: uma grande quantia é liberada para a continuidade do plano de expansão, só que sua utilização estava dividida entre a construção das grandes vias (indenização dos moradores) e o novo projeto de ocupação do solo (loteamento).
Garriga, arquiteto do governo, propõe a construção de um grande boullevard, referenciado nos casos de Berlim e Paris, com largura de 60m junto à área da antiga muralha, o que se opõe aos planos de Cerdá, que era de tornar a área um elemento de costura entre a expansão e o centro histórico de Barcelona. A cada proposta de Garriga, Cerdá apresentava uma contra proposta. O projeto do boullevard foi alterado e corrigido por Cerdà posteriormente.
As ruas eram planejadas seguindo os princípios da orientação solar, largura, perfis transversais, tipo de pavimentação, diferença de cotas entre outros. As paisagens, praças e quadras deveriam interagir entre si, além de serem elementos harmônicos na cidade: isso seria possível através da análise de cortes (relação altura x largura) e na relação da casa com a quadra.
 
Analisam as entradas (portas), muralhas e vias de acesso. As muralhas são as condições do contorno e um elemento importante para a densificação do tecido urbano. Cada porta da cidade é o ponto de confluência de vias, sendo estes acessos centros do movimento. Quando limitamos as vias de acesso (interior x exterior), limitamos também a expansão natural das cidades.
Os centros de ação de Cerdà eram classificados conforme o tipo de atividade exercida e a mobilidade permitida pelo espaço: políticos ou administrativos, econômicos ou industriais, viários existentes, lazer ou áreas verdes.
Do desejo original de Cerdà permaneceu apenas o traçado viário, que é o elemento mais visível e conhecido de sua obra. As quadras foram maciçamente ocupadas no perímetro junto ao alinhamento da calçada retomando um caráter que a reaproximou da quadra tradicional. Originalmente as quadras foram concebidas em média com 67.000m³ de área construída, atualmente após 150 anos de adensamento progressivo temos em média 295.000m³ de área construída por quadra.
 Plano Pereira Passos – Rio de Janeiro
	
Plano Pereira Passos- Rio de Janeiro
Nem sempre a “Cidade Maravilhosa” foi o destino turístico e comercial mundialmente reconhecido por sua beleza. Antes das reformas promovidas por Pereira Passos, prefeito do Rio de Janeiro entre 1902 e 1906, o Rio de Janeiro era conhecido como “Porto Sujo” ou “Cidade da Morte”, um lugar evitado pelos viajantes. A falta de planejamento urbano e de infraestrutura sanitária fez com que o Rio se tornasse foco de uma variedade de doenças como a febre amarela,  varíola,  sarampo,  disenteria,  difteria,  tuberculose e até mesmo a peste bubônica. Com a onda de imigração europeia e a migração de escravos recém-libertos, a população crescia significativamente. De 1872 a 1890, a taxa de crescimento era de 95,8%; entre 1890 e 1906, a população aumentou em 56,3%. O caos na ocupação urbana favorecia a disseminação de doenças, tornando a cidade insalubre, e esse panorama se refletia na economia do país.
Por conta desse cenário, os governos federal e municipal deflagraram, cada qual, seu processo de reforma do Rio de Janeiro. A iniciativa municipal, coordenada pelo então prefeito Pereira Passos, ficou vulgarmente conhecida como “bota abaixo”. Com o objetivo de sanear o Rio de Janeiro, controlar a propagação de doenças e modernizar o tráfego e a comunicação entre as regiões da cidade, a Reforma Pereira Passos, como ficou conhecido o processo de modernização da cidade, consistiu na demolição de casas – particularmente os cortiços que se multiplicavam com a imigração.
No começo do século XX, o Rio de Janeiro era a capital do país e vivia um período de transformações. A nova imagem do Rio era planejada por Pereira Passos, prefeito da cidade, que queria dar ao Brasil características mais modernas, fugindo da visão de atraso, de país escravocrata. O prefeito se inspirou em Paris para fazer as reformas urbanísticas no Rio, construindo praças, ampliando ruas e criando estruturas de saneamento básico. Entre as principais heranças da gestão Passos estão o Theatro Municipal, o Museu Nacional de Belas Artes e a Biblioteca Nacional. 
Reforma urbana modifica centro do Rio de Janeiro, Teatro Municipal foi uma das novidades.
Incentivado pelo presidente Rodrigues Alves, Pereira Passos começou as reformas em 1903. O presidente levantou os recursos e o prefeito pôde realizar as obras, a higienização ficou nas mãos do médico Oswaldo Cruz, diretor do Serviço de Saúde Pública. A reforma urbana carioca foi inspirada na reforma feita em Paris no século XIX, entre 1853 e 1870. Em sua gestão, Passos modernizou a Zona Portuária, criou a Avenida Central, hoje Rio Branco, a Avenida Beira-Mar e a Avenida Maracanã. 
A reforma Pereira Passos buscou adaptar a cidade também para os automóveis. É nesse período que o Rio de Janeiro vê a chegada da energia elétrica e a reorganização do espaço urbano carioca. O prefeito proibiu ainda a atuação de ambulantes. 
Foi nessa época que muitas favelas surgiram. Com a destruição dos cortiços, parte das pessoas foi para a periferia da cidade e a outra parte subiu o morro, formando favelas. Nos cortiços, os moradores sofriam com a falta de higiene, que causava várias doenças. A situação continuou ruim no morro, sem saneamento básico ou qualquer auxílio do governo.
Cidade Jardim – Ebenzer Howard
O conceito de cidade jardim forma-se no ambiente britânico do século XIX, na procura de soluções para o crescimento das grandes cidades. Esse período pós-industrial do final do século XIX nos países industrializados foi marcado pela expansão urbana e crescimento econômico e esse processo pode ser comparado ao final do século XX nos países em desenvolvimento. Sob a ótica do desenvolvimento sustentável, torna-se importante analisar propostas urbanísticas que buscaram um equilíbrio entre o crescimento econômico e os problemas sociais integrados ao desenho da paisagem, como os ideais Ebenzer Howard para o movimento das Cidades-Jardins na Inglaterra.
As viradas dos dois séculos foram marcadas por similaridades e diferenças que devem ser ressaltadas. As similaridades são mais evidentes no processo de urbanização devido ao inchaço populacional nas grandes cidades e impactos sociais e ambientais decorrentes do processo de crescimento. Tais problemas urbanos podem ser considerados bem atuais como: pobreza, falta de moradia, de coleta de lixo, de rede de água e esgoto, ruas estreitas que impediam a circulação de ar e do sol, moradias amontoadas, poluição e falta de espaços para lazer, uma degradação do ambiente urbano e dos recursos naturais.
As diferenças podem ser analisadas principalmente em relação ao progresso que passou a causar impactos ambientais e sociais. Entre os finais de século, o aumento populacional do planeta e a grande concentração desta população nos centros urbanos dos países periféricos, fez crescer as diferenças dos países do sul em relação aos países desenvolvidos do norte e também as desigualdades sociais nos próprios países.
A acelerada expansão urbana acabou por criar deseconomias de aglomeração e por inverter o sentido das externalidades, as quais passam a ser negativas como degradação do meio ambiente urbano com a contaminação das águas, produção excessiva de calor, uso irrestrito do automóvel queimando combustíveis fósseis, gases e partículas que permanecem em suspensão e a produção de resíduos industriais e domésticos não recicláveis pelos sistemas produtivos. Esses fatos põem definitivamente em cheque o modelo metropolitano tradicional de ordenamento territorial que se limita a indicar quais são as funções previstas e a compatibilidade entre elas.
O pensamento de Howard se torna atual na medida emque suas preocupações de integração entre cidade-campo (os três imãs) eram uma estratégia de planejamento regional para evitar o fluxo migratório em direção às grandes cidades: cidades auto-organizadas interligadas por um sistema de transporte público eficiente seriam formadas juntamente com o estabelecimento de indústrias e cinturões agrícolas, que absorveriam os resíduos sólidos urbanos.
A visão utópica de Howard foi uma tentativa de resolver os problemas de insalubridade, pobreza e poluição nas cidades por meio de desenho de novas cidades que tivessem uma estreita relação com o campo. Ele apostava nesse casamento cidade-campo como forma de assegurar uma combinação perfeita com todas as vantagens de uma vida urbana cheia de oportunidades e entretenimento juntamente com a beleza e os prazeres do campo;
Desta união, o movimento das pessoas de cidades congestionadas se daria naturalmente como um imã para uma cidade próxima da natureza que ele considerava ser fonte de vida, riqueza e felicidade. Além disso, a indústria se deslocaria para o campo como estratégia de desenvolvimento econômico simultaneamente a produção agrícola que teria mercados prontos da cidade próxima ao núcleo rural.
Sua intenção não era criar um subúrbio jardim, mas uma entidade cidade-campo em combinação permanente com dimensões controladas de 2.400 hectares para 32.000 pessoas, sendo 2.000 hectares para a área rural de 2000 habitantes e 400 hectares para a parte urbana de 30000 habitantes dividas em 6 partes ou bairros com 5.000 habitantes. A zona agrícola agiria como um amortecedor contra o crescimento incontrolável do centro populacional. Para Howard, quando uma cidade atingisse a sua capacidade de suporte, novas cidades deveriam ser formadas em torno de uma cidade central de 58.000 habitantes, um núcleo cultural, formando uma constelação de cidades interligadas por meio de ferrovias e rodovias.
Dentro dos ideais de Howard, o direito ao espaço era o mais defendido por ele, por influencia do cooperativismo, onde as terras agrícolas adquiridas para a instalação da cidade seriam registradas em nome de industriais de posição responsável e honra indubitável que arrendariam para os futuros moradores. O lucro comumente obtido pelo empresário loteador serviria para amortizar a dívida do empréstimo e seria revertido para a comunidade, em forma de infraestrutura e edifícios públicos como patrimônio coletivo. O comércio e a indústria seriam incentivados por meio de baixas taxas e longos prazos de arrendamento para possibilitar a fixação de novos moradores.
Bourniville e Port Sunlight, implantadas por Cadbury e Lever, respectivamente, foram assentamentos situados próximos às industrias para proporcionar melhores condições de vida aos trabalhadores.Todas as implantações e construções foram custeadas pelos industrialistas sem expectativas de retorno financeiro. De acordo com Newton (8), o desenho de Port Sunlight foi pensado em moradias com jardins individuais e grandes áreas de espaços públicos abertos, com áreas de estacionamento, talvez a primeira idéia de superblocks identificados posteriormente em Radburn nos EUA.
Diagrama de Howard. Distrito e Centro (a cidade dividida em 6 setores)
As "cidades-jardim" de Letchworth e Welwyn (Inglaterra), implantadas na primeira década do século XX, representam a um só tempo o início de um tratamento sistemático de zoneamento do uso do solo, a concepção de um novo ambiente residencial de baixa densidade e a ideia de preservação de áreas verdes circunvizinhas, conforme preconizado por Howard. Elas tiveram grande sucesso e iriam influenciar o urbanismo em numerosos países, após a I Guerra Mundial, inicialmente nos países anglo-saxões, em parte estimulados pela disseminação do automóvel particular.
	
Letchworth, primeira Cidade-Jardim, início do século XX (www.letchworthgardencity.net)
A primeira Cidade-Jardim, Letchworth, foi projetada em 1903 com traçado simples, claro e informal, diferentemente de configurações geométricas rigorosas de tradição clássica renascentista, com um centro urbano elevado composto de árvores de porte e edifícios municipais, próximo à estação. Essa cidade foi dividida em regiões de 5.000 habitantes com suas próprias infraestruturas.
O desenho da cidade proposto pelos arquitetos Unwin e Parker segue o pensamento de Camillo Sitte que propunha o traçado orgânico próprio à escala humana com referência as cidades medievais que eram mais próximas ao campo.
As habitações para as diversas classes sociais formam blocos isolados entre si, recuadas do alinhamento do terreno, com jardins fronteiriços. As ruas têm acesso secundário com “cul de sac” e passeios com gramas, arbustos e árvores que dão continuidade ao verde dos espaços públicos. Além desses aspectos a cidade foi pensada como autossuficiente em termos de indústria e terras agrícolas, diferente da ideia de subúrbio.
Welwyn, 1920. A segunda cidade-jardim
Welwyn, a segunda Cidade-Jardim projetada por Louis de Soissons em 1920, foi uma ousadia de Howard de planejamento regional visto que havia uma impossibilidade de se desenvolver uma política urbana abrangente e de âmbito nacional. Uma das características mais felizes de Soissons para Welwyn foi o cuidado com a preservação das condições ambientais, projetando amplos espaços verdes para recreação, principalmente na periferia da cidade central, ao longo dos limites dos cinturões agrícolas.
Apesar da memória de Ebenzer Howard e seu conceito de Cidade-Jardim estarem enfraquecidos, a partir dos anos setenta, década da “Primeira Conferência das Nações Unidas sobre meio ambiente em Estocolmo (1972)”, começam a surgir alguns empreendimentos com preocupações ecológicas, motivados pelo movimento ambientalista.
Um bom exemplo de um empreendimento que reforça a validade e a atualidade das idéias de Howard é o condomínio de Village Homes na cidade de Davis na Califórnia. Este empreendimento, de visão de planejamento urbano ampliado, começou a sua construção em 1973, em terras agrícolas próximas a Universidade da Califórnia. O projeto foi idealizado pelo arquiteto ambientalista Michael Corbett, cujo desenho urbano tem dimensões controladas, grandes cinturões verdes e agrícolas, diversos usos da terra, como habitações, comércio, empresas de pequeno porte e uma rede de caminhos para pedestres e ciclovias que é interligado na rede da cidade.
O objetivo dos arquitetos empreendedores de Village Homes era criar uma comunidade modelo, de vizinhança, visando às questões ambientais como: conservação de energia, coleta seletiva de lixo, aproveitamento da compostagem para hortas e pomares, reaproveitamento da água da chuva através dos canais de infiltração, produção de alimentos no local e redução do uso do automóvel.
 
 Village Homes, 1973. Davis, Califórnia. Projeto com orientação norte-sul para as moradias e rede de caminhos para pedestres e ciclovias, canais de infiltração (córregos sazonais) e croqui da drenagem natural (Community Greens / www.web.mit.edu/course/11/11.328j/www/index.html).
A partir do desenho urbano de uma comunidade de vizinhança foi possível criar a integração dos moradores através de espaços comunitários a cada grupo de oito casas. Além desses espaços, esta comunidade possui outras áreas de convivência, como os pomares, áreas de lazer e um centro comercial administrado pela própria comunidade. Tudo é interligado por uma rede de ciclovias e caminhos para pedestres.
Os espaços residenciais são intercalados com espaços de usos comerciais e para a agricultura, e áreas comuns promovem a interação social. Os residentes cultivam vegetais, frutas, flores e ervas para uso doméstico. As ruas são estreitas no sentido Leste-Oeste com cul de sacs e compostas por um alinhamento de árvores de forma a minimizar o uso de automóveis e reduzir a temperatura. Todas as moradias são alinhadas no sentido norte-sul para melhor aproveitamento energético.
O sistema de drenagem de águas pluviais foi resolvido por meio de canais de infiltração como córregos sazonaiscom pedras, arbustos e árvores. A água que corre das ruas vai diretamente para estes largos canais que pode vagarosamente penetrar no solo para não interromper o ciclo hidrológico. 
Plano Atílio C. Lima – Goiânia
O plano de Goiânia foi confiado pelo interventor federal do Estado, Pedro Ludovico Teixeira, à Attilio Corrêa Lima por meio de um convite que partiu do próprio governador em 1932. A partir do convite feito, estava nas mãos de Corrêa Lima o desafio de satisfazer a contento as aspirações de uma elite urbana goiana em formação e fazer pelo Estado o mesmo que a nova cidade de Belo Horizonte fez por Minas Gerais, colocar o Estado no diapasão da expansão dos mercados da periferia do capitalismo ligando suas novas elites urbanas aos fluxos do capital. Dessa forma, na visão desta elite, a cidade planejada por Lima deveria promover a ação civilizatória ao prever o espaço apropriado para as funções econômicas e ao ordenar de certa forma o desenvolvimento social da nova região de fronteira. 
Na concepção urbanística de Attilio Corrêa Lima para Goiânia, o elemento urbano mais importante era a praça central, foco privilegiado das perspectivas engendradas pelas principais vias traçadas – avenidas Goiás, Tocantins e Araguaia - conforme se pode perceber pela figura seguinte.
Lima considerava que uma capital necessitava da imponência monumental e, para tanto, lançou mão, na nova cidade, do expediente formal do pâte d’oie nascendo em frente ao palácio do governo estadual. Lima afiançava que: “guardando as devidas proporções, o efeito monumental procurado é o do princípio clássico adotado em Versalhes, Karlsruhe e Washington” (LIMA, 1937). A influência francesa é claramente notada na solução adotada pelo arquiteto em relação à geometria das avenidas, da praça e na solução estética dos bulevares.
Do estudo de Lima para o planejamento de Goiânia, é possível inferir, em uma forma embrionária e ainda muito incipiente, um planejamento regional pelo fato do arquiteto ter levado em conta a pequena cidade de Campinas, nas proximidades do sítio escolhido, em consideração ao demonstrar o interesse em preservá-la e não como um obstáculo ao desenvolvimento da nova cidade, mas como elemento a ser levado em conta no futuro desenvolvimento da nova capital. Tal preocupação pode ser aduzida da transformação da velha estrada - que dava acesso à Campinas e a outros pequenos arraiais no entorno - na Avenida Anhanguera, que já no final da década de 1940 assumirá posto de grande importância na hierarquização das vias e do tráfego da futura capital. A Avenida Anhanguera recebeu por parte do arquiteto a proposta de um parque linear no cruzamento do eixo norte-sul, onde se concentrariam o comércio e o tráfego mais intenso.
Corrêa Lima demonstra particular atenção a questões como as de zoning, topografia, áreas verdes, hierarquia das vias e tráfego. Esta preocupação comunica inapelavelmente a maturação, no pensamento urbanístico nacional, das questões centrais do urbanismo desde o seu nascimento na condição de disciplina científica. Corrêa Lima deixa evidente que para atender plenamente à vida moderna o plano de uma cidade deveria ter em conta a independência econômica da cidade.
Corrêa Lima entende que o zoneamento deveria ser aplicado de uma forma que não limitasse em demasia a liberdade do proprietário e, por isso, mesmo abraçando o ideario moderno, o zoning em Goiânia não foi tão rigoroso. A cidade foi dividida em cinco grandes zonas com os usos separados: A praça central concentrando toda a estrutura administrativa do Estado e município; um setor comercial na confluência da Avenida Pedro Ludovico (futura Avenida Goiás, um dos três eixos principais que nascem da praça central) com a Avenida Anhanguera; a região norte da cidade, no outro extremo do eixo principal, próximo à estação de ferro, esta em posição de destaque fazendo um contraponto com o próprio palácio em um dos pólos visuais da principal perspectiva elaborada pelo arquiteto – notamos aqui a adoção de um princípio caro às cidades jardins - seria dedicada às indústrias, os setores sul e oeste seriam eminentemente voltados para as residências suburbanas e as demais áreas identificadas como rurais.
Outra preocupação de Corrêa Lima foi com a arborização da cidade. A solução encontrada foi a da constituição de parques e avenidas parques entremeados por pequenos lagos. No entanto, Graeff (1985: 13) afiança que ao propor um tratamento paisagístico de avenida parque, com renque central de árvores frondosas, fechando a perspectiva, Corrêa Lima acaba por eliminar os efeitos intencionados por essa mesma perspectiva e que daria às três avenidas convergentes a expressão anunciada e, assim, na ausência de alamedas, o pitoresco vigorou sobre o monumental. O abastecimento de água foi um ponto bastante estudado por Lima com a sugestão do aproveitamento e preservação do rio que abasteceria a cidade bem como de seus afluentes. Nesse sentido, Corrêa Lima apresentou ao governador uma proposta de delimitação rigorosa do perímetro urbano da cidade para que fosse prevenida pelo Estado a deterioração a bacia da região através da aquisição dos terrenos. 
Plano Agache – Rio de Janeiro
O primeiro governante a dotar o então Distrito Federal de um plano diretor foi um paulista: Antônio Prado Júnior, que comandou o Rio de Janeiro de 16 de novembro de 1926 e 24 de outubro de 1930. Além de abrir novas ruas, calçar muitas delas e investir em escolas e saneamento, este amigo do presidente Washington Luís, que não tinha curso superior, contratou o urbanista francês Alfred Agache para desenvolver o Plano de Remodelação, Extensão e Embelezamento da Cidade.
O chamado Plano Agache tinha a ambição de organizar o crescimento do Rio, determinando áreas de expansão, prevendo a criação de redes de serviço e tratando da instalação da infraestrutura urbana.
O plano Agache é um típico plano diretor, quando produz um retrato das condições futuras da cidade e o compara com a cidade ideal, que será obtida através de suas proposições. Vários objetivos se encontram expressos no plano. É evidenciada a sua intenção de ordenamento da cidade, usando para isso especialmente o zoneamento e também a legislação urbanística.
O plano apresenta para a cidade do Rio de Janeiro duas funções, que consideram primordiais: função político-administrativa como capital e função econômica como porto e mercado comercial e industrial. 
A metodologia usada na elaboração é a dos planos diretores. A situação da cidade é analisada, são identificados problemas e detectadas defasagens em relação a um modelo de cidade proposto pelo autor do plano e são feitas proposições, a respeito de como tal modelo pode ser atingido.
É dividido em três partes: Componentes Antropogeográficos do Distrito Federal, O Rio de Janeiro Maior e Os Grandes Problemas Sanitários. Em anexo ao plano são apresentados projetos de legislação com o objetivo de regulamentar as proposições do autor.
A segunda parte trata realmente da essência do plano, o modelo de cidade ideal e proposições para atingi-la. A terceira parte do plano é dedicada ao saneamento. 
O principal instrumento de intervenção adotado é o zoneamento, muito utilizado à época. Segundo o autor, constitui uma tentativa de impor uma ordem às cidades, visando evitar o caos, que se estabeleceria, caso o crescimento das cidades fosse deixado à livre iniciativa. 
A ideia geral do plano que a grande cidade necessita de várias tipologias habitacionais, sendo que o zoneamento, a construção de habitações populares e uma política territorial bem conduzida irão ajudar a resolver os problemas habitacionais.
A favela para Agache é uma escolha. A solução é a construção de habitações a preços baixos ou totalmente subvencionados pelo estado.
O Plano Agache destaca em importância o tema saneamento, que constitui um terço do seu volume. Ao contrário do tema habitação, em que o plano o aborda à distância, o saneamento é encarado de forma técnica e com a profundidade necessária.
Para os assuntos ligadosa saneamento básico, água, esgoto e drenagem, apresenta um enfoque global da cidade. Não determina áreas onde deveriam acontecer, prioritariamente, as obras de saneamento, e portanto não discrimina ou privilegia partes do espaço urbano.
O plano aborda o sistema viário da mesma forma que o saneamento básico, com o objetivo de aumentar sua eficiência. Aqui, no entanto, um outro fator é levado em conta, já que algumas das soluções propostas atendem, também, aos objetivos de ordem estética. São então, na medida do possível, aliados os valores de funcionalidade e embelezamento.
As proposições do plano, ainda que tenham por objetivo solucionar a cidade em geral, se tornam mais detalhadas quando abordam a Área Central da Cidade. 
O sistema viário é tratado no plano como a ossatura do plano diretor. Dentro de uma visão orgânica da cidade, constitui uma das funções principais: a circulação. Os conjuntos de vias vão conectar os elementos funcionais, os bairros e zonas de usos diversos. 
O sistema de transporte já é visto pelo autor como um sistema integrado, e sua reformulação é explicada pela necessidade de suprimir a maior parte dos bondes, que saturam a cidade, de encontrar artérias principais, que entrem até o centro da mesma, de criação de vias de comunicação entre bairros e de construção de uma rede de metropolitano.
Dentro do plano, o sistema ferroviário desempenha um papel importante, servindo especialmente à zona industrial e os subúrbios. É proposta uma reorganização do sistema, aliviando alguns trechos pela construção de outros. A navegação rápida na baía, por meio de lanchas e a utilização de hidroplanos é também proposta com o objetivo de ligar a cidade do Rio de Janeiro a Niterói.
O trabalho de Agache jamais foi inteiramente aplicado, mas serviu de base para outros planos diretores. Ao propor a contratação do francês, o prefeito assim justificou a proposta: “Julgo escusado encarecer a necessidade urgente da organização do plano de remodelação do Rio de Janeiro, segundo os princípios desta ciência moderna que é o urbanismo”.
Plano Voisin (Ville Radieuse) – Le Corbusier
Ville Radieuse (Cidade Radiante) foi um plano urbano não concretizado realizado por Le Corbusier em 1924 e um dos mais ambiciosos do grande designer franco-suíço. A intensão do projeto era ter meios eficientes de transporte e abundância em áreas verdes bem como aproveitar a luz solar ao máximo. No fim da década de 1920, Le Corbusier perdeu a confiança nos investidores privados para concretizar a sua visão utópica materializada na Ville Contemporaine e no Plan Voisin de 1925 que surgiu da necessidade de uma cidade moderna que suprisse os anseios de seus habitantes e que fosse adaptada ao acelerado crescimento populacional existente na época. Influenciado pelas ideias de Milyutin para a Cidade Linear e nas teorias do movimento sindicalista ao qual se tinha recentemente juntado, formulou uma nova visão da cidade ideal, a Ville Radieuse.
Plan Voisin-Paris (Fonte: Clube de Arquitetura (http://archtectureclub.blogspot.com.br/2010/10/plano-voisin.html))
De acordo com os ideais modernistas de progresso a Cidade Radiante seria construída sobre nada menos que as cidades europeias vernaculares destruídas na guerra. A nova cidade conteria arranha-céus pré-fabricados de alta densidade e idênticos, distribuídos por vastas áreas verdes e organizados em uma grade cartesiana, permitindo que a cidade funcionasse como uma “máquina viva”. O sonho da Cidade Radiante seria uma cidade linear, baseada no corpo humano, com cabeça, espinha dorsal, braços e pernas. O projeto manteria a ideia vigente de blocos altos de moradia, livre circulação e espaços verdes abundantes, já presentes nos trabalhos anteriores de Corbusier. Essas ideias estariam presentes em diversos projetos de Corbusier nos anos posteriores também, na Grécia, Rússia e Algéria, onde ele chegaria perto de realizar o sonho da ‘cidade ideal’.
Ville Radieuse – Le Corbusier (Fonte – ArchDaily)
Ville Radieuse – Le Corbusier (Fonte – ArchDaily)
A ideia de propor ordem através de um planejamento cuidadoso é tão relevante atualmente como quando Corbusier publicou The Radiant City. Questões de qualidade de vida, tráfego, ruído, espaço público e transporte, que ele ao contrário de qualquer outro arquiteto antes dele – tratou de forma global, continuam a ser uma das principais preocupações dos planejadores da cidade atual.
Livro La Ville Radieuse de Le Corbusier (Fonte - http://www.herancacultural.com.br/blog/2013/10/ville-radieuse-le-corbusier/)
Projeto Ville Radieuse (Fonte – Google Imagens)
Plano Piloto – Lúcio Costa
Desde a colonização, os governantes desejavam transferir a capital brasileira para o interior como forma de assegurar a ocupação do vasto território ainda sem exploração e na primeira Constituição da República foi definido que a nova capital deveria ser construída no Planalto Central. Mas somente em 1956, mais de meio século depois o então presidente, Juscelino Kubitschek, lançou um concurso para o projeto urbanístico de Brasília.
Vinte e cinco projetos foram inscritos e Lúcio Costa apenas enviou um projeto simples em apresentação, alegando que não tinha pretensão de concorrer e se desculpando por não ser tão detalhista. Apesar da polêmica durante a classificação e da insatisfação dos concorrentes, venceu por unanimidade.
Lúcio Costa (Fonte – Google Imagens)
A concepção do Plano Piloto nasceu do gesto de quem assinala uma cruz. Um símbolo de conquista, de quem toma posse de um território. Adaptado à topografia local e ao escoamento das águas, um dos eixos dessa cruz, o Norte-Sul, seria arqueado e daria ao desenho final a noção de um pássaro – ou, como diria mais tarde Lucio Costa, a sugestão de uma libélula, uma borboleta, um arco e flecha.
	
...“Fruto embora de um ato deliberado de vontade e comando, Brasília não é um gesto gratuito de vaidade pessoal ou política, à moda da Renascença, mas o coroamento de um grande esforço coletivo em vista ao desenvolvimento nacional – siderurgia, petróleo, barragens, autoestradas, indústria automobilística, construção naval; corresponde assim à chave de uma abóbada e, pela singularidade da sua concepção urbanística e da sua expressão arquitetônica, testemunha a maturidade intelectual do povo que a concebeu, povo então empenhado na construção de um novo Brasil, voltado para o futuro e já senhor do seu destino”- Lucio Costa.
Para a construção de Brasília, vieram pessoas de várias regiões do país. Eram os pioneiros, em busca de melhores condições de vida, deslumbrados pela possibilidade de trabalho e atraídos pela proposta de uma remuneração melhor. Eles viveram na chamada “Cidade Livre”, hoje Núcleo Bandeirante e também na Vila Planalto. Muitas construções – diversas delas em madeira, são conservadas até hoje e fazem parte do patrimônio histórico da cidade. 
A solução encontrada para o setor residencial foi a criação das superquadras, projetadas para abrigar os moradores do Distrito Federal. Entre elas, encontram-se quadras comerciais e de serviços, formando um pequeno núcleo autossustentável. São essas quadras comerciais que abrigam grande parte dos restaurantes, bares, lojas e prestadores de serviço de Brasília. Inicialmente, sua ideia era ter essas superquadras para atingirem todas as necessidades de quem morasse ali. Escolas para todos, igreja, clubes, teatros, academias, bibliotecas... Ou seja, tudo que possibilitasse maior contato e integração entre as pessoas e tudo que fosse necessário para se ter uma vida relativamente perfeita.
Embora o autor do Plano Piloto tenha sido Lúcio Costa, o papel de Oscar Niemeyer na construção da nova capital foi fundamental. Ele foi responsável pela criação dos principais palácios e demais edifícios públicos de Brasília, deixando sua marca em diversas obras por toda a cidade.
Com o crescimento da cidade, a área central teve de ser ampliada. Vieram os setores Hospitalar, de Rádio e Televisão, de Autarquias e a Praça dos Tribunais.Nas unidades de Vizinhança, boa parte das entre quadras ainda está vazia. Muitas áreas tiveram sua destinação original desvirtuada. A invasão de áreas públicas é um problema sério, assim como a pressão por estacionamento e o fluxo crescente do trânsito. A privatização da orla do Lago Paranoá e a multiplicação dos clubes esportivos comprometeram o acesso público às margens do lago.
Mesmo assim, 50 anos depois, o espírito do Plano Piloto de Lucio Costa continua bem vivo e considerado, desde 1987, como Patrimônio Cultural da Humanidade, permanecendo como um presente, para os brasileiros e para o mundo.
 Palmas – Luis Fernando Teixeira
Luis Fernando Cruvinel Teixeira graduou-se em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade de Brasília em 1968. Trabalhou na Inglaterra e nos Estados Unidos. Foi Professor Universitário no período entre 1974 e 1978 e formulador da criação do Instituto de Desenvolvimento Urbano de Goiás, INDUR, órgão que administrou a política urbana no Estado de Goiás.
Adquiriu notoriedade, junto com o também arquiteto e urbanista Walfredo Antunes de Oliveira, com o projeto urbano da cidade de Palmas, Capital do Estado do Tocantins. Este Estado foi criado a partir do desmembramento do Estado de Goiás no ano de 1989. 
Luis Fernando Cruvinel
O projeto de Palmas tem princípios opostos ao de Brasília.  Nesta cidade, os arquitetos procuraram uma malha quadriculada, com clara integração dos diferentes usos em todos os espaços enquanto a Capital Federal possui um traço mais determinista que não respeita essa noção básica de diversidade.
 Elaborado em 1988, com previsão de assentar uma população de 2 milhões de habitantes. Em 2007 a população atingiu 250 mil habitantes. Na cidade já se encontram instalados e em funcionamento os principais equipamentos urbanos e arquitetônicos indispensáveis à questão urbana e do estado.
Construção do Palácio Araguaia, em 1993. (Fonte – G1 Tocantins)
Palacinho, primeira sede do governo em Palmas. (Fonte – G1 Tocantins)
Os dez princípios adotados na construção da cidade foram: ter características de cidade tradicional, estruturada por Macro Malha Viária que garanta acessibilidade a toda cidade através da continuidade e conexão dos corredores e espaços públicos. Proteger, Preservar e Restaurar o Ambiente Natural, garantir que a cidade tenha a escala do pedestre, centro identificável, diversidade de uso e espaços públicos bem caracterizados, articular a hierarquia entre os espaços públicos e privados, cívico e comercial, flexibilidade na transformação do solo garantindo a expansão ordenada da superfície, minimizar o impacto do microclima, com técnicas bioclimáticas inseridas no desenho urbano, estabelecer custos de implantação com factibilidade econômica, garantir à população a acessibilidade ao Lago, evitar espacializações de funções urbanas promovendo os usos mistos e integração da Linha Expressa com a Linha Alimentadora.
Palmas - Tocantins
Bibliografia
Fontes: 
http://www.herancacultural.com.br/blog/2013/10/ville-radieuse-le-corbusier/
https://www.archdaily.com.br/br/787030/classicos-da-arquitetura-ville-radieuse-le-corbusier
http://www.museuvirtualbrasilia.org.br/PT/plano_piloto.html
http://cidadedebrasilia.blogspot.com.br/
http://www.ebad.info/teixeira-lus-fernando-cruvinel
http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/04.042/637
http://arquiteturaurbanismotodos.org.br/plano-agache/
https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/urbana/article/download/8635150/2963.

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