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DIFERENÇA ENTRE PERÍCIA E AUDITORIA Apesar de apresentar alguma semelhança nos métodos, a perícia contábil e auditoria tem uma boa diferença no que diz respeito aos seus propósitos. Temos visto que os termos perícia e auditoria às vezes são empregados num mesmo sentido, porém ambas tem peculiaridades. O trabalho pericial se distingue do trabalho de auditoria quanto à duração, à forma e aos fins. Quanto à duração, o trabalho do perito contábil é sempre por mandato temporário e eventual, para apurar determinado fato ou emitir certo parecer, ao passo que o trabalho do auditor, em geral, é permanente, podendo também, em certos casos, ter um fim especial, com fixação de prazo para sua conclusão. Quanto à forma, especialmente quando judicial, o trabalho de perícia é realizado (geralmente) mediante quesitos que lhe são formulados, os quais, respondidos, constituem seu laudo, enquanto que o trabalho do auditor, geralmente, é apresentado mediante relatório ou certificado. Quanto aos fins, a perícia contábil quase sempre é realizada para constatar fatos consumados, decorrentes de controvérsias ou oposição de interesses, à auditoria, tem sentido mais espontâneo, salvo quando imposta por exigência de terceiros. . QUADRO COMPARATIVO ENTRE AUDITORIA E PERÍCIA CONTÁBIL Itens P E R Í C I A A U D I T O R I A 1 Executada somente por pessoa física, profissional de nível universitário ou entidades públicas (quando requeridas pela Fazenda Pública, pelo Ministério Público ou pela Defensoria Pública) (CPC, Art. 91 - § 1o ). Pode ser executada tanto por pessoa física quanto por jurídica. 2 A perícia serve a uma época, questionamento específico, por exemplo apuração de haveres na dissolução de sociedade. Tende à necessidade constante, como exemplo: auditoria de balanço, repetindo-se anualmente. 3 A perícia se prende ao caráter científico de uma prova com o objetivo de esclarecer controvérsias. Auditoria se prende à continuidade de uma gestão; parecer sobre atos e fatos contábeis. 4 É específica, restrita aos quesitos e pontos controvertidos, especificados pelo condutor judicial. Pode ser específica ou não; exemplo: auditoria de Recursos Humanos, ou em toda empresa. 5 Sua análise é irrestrita e abrangente. Feita por amostragem. 6 As normas técnicas são: - Resoluções CFC n.º 1.244/99, trata das normas profissionais do perito (NBC TP 01, DE 27 de fevereiro de 2015); - Resoluções CFC n.º 1,243/99, trata da perícia contábil (NBC PP 01, DE 27 de fevereiro de 2015). As normas técnicas são: - Resoluções CFC n.º 820/97, trata das normas de Auditoria Independente; - Resoluções CFC n.º 821/97, trata das normas Profissionais do Auditor Independente. normas Profissionais do Auditor Independente. < Resolução CFC n.º 915/01, trata das normas profissionais e sigilos < Resolução CFC n.º 923-02, trata da revisão externa pelos pares 7 Usuários do serviço -As partes e principalmente a justiça Usuários do serviço - Sócios, investidores, administradores Wilson Alberto Zappa Hoog (adaptado e atualizado) O renomado perito português Ricardo de Sá, autor de "Verificações e exames de escrita", distingue o perito do auditor ao considerar o primeiro como o "cão de caça" e o segundo como "cão de guarda“. VAZ, Alcides (1993) em sua obra se expressou assim: “A auditoria tem por finalidade principal a CERITFICAÇÃO DOS REGISTROS CONTÁBEIS quanto à sua veracidade, expondo os resultados a que chegou em RELATÓRIO DE AUDITORIA OU CERTIFICADO. Já a finalidade da perícia é buscar a verdade dos fatos a serem comprovados. Seus resultados são expressos através de um Laudo Pericial" LEGISLAÇÃO CPC A perícia judicial surge no Direito brasileiro a partir do Decreto-Lei 1.608 de 18.09.39, quando foi promulgado o Código de Processo Civil (CPC) de 1939. O Exame Pericial e a prova pericial foram previstas nas partes VII e VIII do CPC de 1939. O Decreto-Lei n.º 8.570 de 08.01.46, realizou modificações importantes nas normas previstas no CPC de 1939, notadamente em relação à pluralidade de peritos. O CPC de 1973 (Lei 5.869 de 11.01.73) trouxe finalmente toda uma legislação específica sobre a perícia contábil. Leis complementares como a Lei 5.925/73, Lei 7.270/84 e, principalmente a Lei 8.455 de 24.08.92, introduziram alterações importantes no CPC de 1973. O Novo Código de Processo CIVIL, Lei nº 13.105/2015, entrou em vigor em 17 de março de 2016. O art. 149 – O perito é um auxiliar da justiça. CPC 13.105/2015 Artigo 156, Inciso IV Trata dos motivos de impedimento e suspeição do perito (nos termos 148 e 467). Artigo 156 § 1º a 5º Trata da nomeação do perito, forma como será escolhido e comprovação de sua capacidade técnica. Artigo 157 e § I Trata do prazo para cumprimento e da possibilidade de escusa. Artigo 158 Trata da responsabilidade do perito sobre informações inverídicas e da penalidade: inabilitação por dois a cinco anos. Artigos 236, 237. 467 § 6º Tratam de perícia por carta precatória (nacional) ou rogatória (estrangeira) Artigo 293 Trata do auxílio do perito ao juiz para determinar o valor de uma causa. Artigo 422 Trata do exame pericial quando alguma reprodução de documento for impugnada. Artigos 464 a 480 Legislação sobre perícia Judicial Artigo 464, § único, incisos I a III Trata da prova pericial, e de seu indeferimento pelo magistrado. Artigo 465, § 1º, I, II e III Tratam da nomeação do perito, prazo da perícia, indicação de assistentes técnicos e formulação de quesitos. Artigos 466 Trata do compromisso do perito seu impedimento ou suspeição. Os assistentes técnicos não sofrem essas sanções. Artigo 467 Trata da escusa ou recusa (por impedimento ou suspeição) do perito. Artigo 468 e Incisos I, II e III Trata da substituição do perito, por falta de conhecimento técnico ou descumprimento do compromisso no prazo fixado e aplicação de multa. Artigo 469 Trata da apresentação de quesitos suplementares. Artigo 470, incisos I e II Tratam da competência do Juiz de indeferir quesitos impertinentes e formular os que julgar necessários. Artigo 472 Trata da dispensa da prova pericial quando as partes na inicial apresentarem pareceres técnicos julgados suficientes. Artigo 465, § 6o Trata da nomeação de perito e Assistente Técnico por carta precatória. Artigo 472, § 3o Trata da possibilidade do perito e assistentes técnicos obterem todo o tipo de prova necessário, instruindo o laudo com as mesmas. Artigo 476 Trata da prorrogação do prazo (uma única vez). Artigos 480 e § 1º e § 2º. Informa que a nova perícia se rege pelos mesmos objetivos da primeira e se destina a corrigir eventual omissa. Artigos 480 e § 3o Informa que a segunda perícia não substitui a primeira, cabendo ao Juiz apreciar uma e outra. Artigo 481 e 482 Trata da assistência de perito ao juiz no caso de inspeção de pessoas ou coisas. Artigo 361, Inciso I Trata da ordem pela qual as provas serão produzidas em audiência, determinando em primeiro lugar os peritos e assistentes técnicos a responderem aos quesitos suplementares conforme artigo 477. Artigo 872 Trata do prazo e descrição do laudo do avaliador. Artigo 873 Trata dos casos em que se repetirá a avaliação: (1) erro ou dolo, (2) redução do valor dos bens e (3) fundada dúvida sobre o valor atribuído ao bem. Artigo 382 e 282 § 3o Trata da produção antecipada de prova, na qual uma das provas possíveis é a pericial. Artigo 383 Trata da disposição dos autos aos interessados após produção de prova antecipada (pericial). Artigo 620 Trata da nomeação de perito para avaliaro valor dos bens, se na comarca não existir avaliador judicial e da nomeação de contador para levantar balanço ou apurar haveres. Artigo 617 Trata da forma pelo qual o perito deverá avaliar os bens do espólio, conforme disposto nos artigos 872. Temos, também, a legislação trabalhista, o Direito Comercial (Código Comercial/2002 – considerado apenas a PARTE SEGUNDA - DO COMÉRCIO MARÍTIMO ), Código Civil (empresas em geral), incluídos no contexto da atividade pericial, da mesma forma que a jurisprudência de natureza processual civil. Também usa-se a legislação específica relacionada ao objeto da perícia. A profissão contábil, sua regimentação legal e atribuições privativas (aplicáveis a perícia) O Decreto-lei nº 9.295 de 27 de maio de 1946 cria o Conselho de Federal de Contabilidade, conforme transcrito em sua prefacial e artigos 1, 2, 25 e 26: Cria o Conselho Federal de Contabilidade, define as atribuições do Contador e do Técnico em Contabilidade, e dá outras providências. O Presidente da República, usando da atribuição que lhe confere o art. 180 da Constituição, decreta: Capítulo I Do Conselho Federal de Contabilidade e dos Conselhos Regionais Art. 1° Ficam criados o Conselho Federal de Contabilidade e os Conselhos Regionais de Contabilidade, de acordo com o que preceitua o presente Decreto-lei. Art. 2° A fiscalização do exercício da profissão de contabilista, assim entendendo-se os profissionais habilitados como contadores e técnicos em contabilidade de acordo com as disposições constantes do Decreto nº 20.158, de 30 de junho de 1931, Decreto n° 21.033, de 8 de fevereiro de 1932, Decreto-Lei n° 6.141, de 28 de dezembro de 1943 e Decreto-Lei n° 7.938, de 22 de setembro de 1945, será exercida pelo Conselho Federal de Contabilidade e pelos Conselhos Regionais de Contabilidade a que se refere o artigo anterior. Capítulo IV Das atribuições profissionais Art. 25. São considerados trabalhos técnicos de contabilidade: a) organização e execução de serviços de contabilidade em geral; b) escrituração dos livros de contabilidade obrigatórios, bem como de todos os necessários no conjunto da organização contábil e levantamento dos respectivos balanços e demonstrações; c) perícias judiciais ou extrajudiciais (grifo nosso), revisão de balanços e de contas em geral, verificação de haveres, revisão permanente ou periódica de escritas, regulações judiciais ou extrajudiciais de avarias grossas ou comuns, assistência aos Conselhos Fiscais das sociedades anônimas e quaisquer outras atribuições de natureza técnica conferidas por lei aos profissionais de contabilidade. Art. 26. Salvo direitos adquiridos “ex vi” do disposto no art. 2º do Decreto n° 21.033, de 8 de fevereiro de 1932, as atribuições definidas na alínea c do artigo anterior são privativas dos contadores diplomados... O Conselho Federal de Contabilidade – CFC, no exercício de suas atribuições legais e regimentais, formaliza, segundo a Resolução CFC nº 560 de outubro de 1983, as atribuições profissionais de que trata o artigo 25 do Decreto-lei nº 9.295/46, determina as que são prerrogativas do contador, incluindo nestas a perícia contábil. Art. 3º - São atribuições privativas dos profissionais da contabilidade: 1. avaliação de acervos patrimoniais e verificação de haveres e obrigações, para quaisquer finalidades, inclusive de natureza fiscal; 2. avaliação dos fundos de comércio; 3. apuração do valor patrimonial de participações, quotas ou ações; 4. reavaliações e medição dos efeitos das variações do poder aquisitivo da moeda sobre o patrimônio e o resultado periódico de quaisquer entidades; 5. apuração de haveres e avaliação de direitos e obrigações, do acervo patrimonial de quaisquer entidades, em vista de liquidação, fusão, cisão, expropriação no interesse público, transformação ou incorporação dessas entidades, bem como em razão de entrada, retirada, exclusão ou falecimentos de sócios quotistas ou acionistas; 6. concepção dos planos de determinação das taxas de depreciação e exaustão dos bens materiais e dos de amortização dos valores imateriais, inclusive de valores diferidos; 7. implantação e aplicação dos planos de depreciação, amortização e diferimento, bem como de correções monetárias e reavaliações; 8. regulações judiciais ou extrajudiciais; . . . 9. escrituração regular, oficial ou não, de todos os fatos relativos aos patrimônios e às variações patrimoniais das entidades, por quaisquer métodos, técnicos ou processo; 13. controle de formalização, guarda, manutenção ou destruição de livros e outros meios de registro contábeis, bem como dos documentos relativos à vida patrimonial; . . . 26. determinação de capacidade econômico-financeira das entidades, inclusive nos conflitos trabalhistas e de tarifa; 35. perícias contábeis, judiciais e extrajudiciais; 37. organização dos serviços contábeis quanto à concepção, planejamento e estrutura material, bem como o estabelecimento de fluxogramas de processamento, cronogramas, organogramas, modelos de formulários e similares. Normas profissionais de perito contábil As normas profissionais de perito contábil estão descritas na NBC-PP 01 – Perito Contábil, de 27 de fevereiro de 2015. NBC PP 01 – PERITO CONTÁBIL Normas técnicas perícia contábil No que diz respeito às normas de natureza técnica-contábil, a NBC TP 01 – Perícia Contábil, de 27 de fevereiro de 2015, a qual definiu procedimentos da perícia contábil conforme seguem: NBC TP 01 – PERÍCIA CONTÁBIL No artigo 156, §1º, o CPC descreve os profissionais que podem ser escolhidos para a função de perito: “ Os peritos serão nomeados entre os profissionais legalmente habilitados e os órgãos técnicos ou científicos devidamente inscritos em cadastro mantido pelo tribunal ao qual o juiz está vinculado”. Nery (1999, p. 629) complementa: “... Não tem essa qualidade o contabilista (profissional técnico), nem o administrador de empresas. ” Logo, o contabilista – profissional técnico – pode estar inscrito no Conselho Regional de Contabilidade, porém é portador de nível secundário. Já o administrador de empresas possui a titulação de nível superior e o órgão competente em que pode ser inscrito é o Conselho Regional de Administração. A este órgão compete legislar sobre assuntos relacionados à esfera da administração em si, e não da contábil. O Conselho Federal de Contabilidade quando define: “Perito é o Contador...”*, descarta a possibilidade de profissional de outra área executar a perícia contábil. *NBC-PP-01, item 2 A diferença entre os profissionais de Administração, Economia e Contabilidade é apresentada por Alberto (1996, p.49): ... a Administração interfere na gestão do patrimônio particularizado ou individualizado, e a Economia interfere na somatória dos patrimônios em sua concentração social, desconcentração, distribuição e transferência, em nível macro, portanto, como resultado das políticas globais aplicadas, a Contabilidade é a ciência que avaliará, quantificará e projetará (descobrirá leis e efeitos) o resultado destas atuações no micro campo (as empresa, os indivíduos, as entidades particularizadas) ou no macro campo (as classes sociais, as cidades, o país etc.) dos patrimônios. Ética profissional e o trabalho do perito A expressão ética advém do latim ethica: “Ética, moral...” (Faria, 1992, p. 201). Em sua teoria, Magalhães et al. (1995, p. 14) afirma ser a ética profissional a base da profissão: “O compromisso moral e ético do perito para com a sociedade e para com a classe profissional constitui o principal lastro de sustentação da realização profissional.”Morais e França (2000, p. 43) consideram que “A ética do perito deve estar acima dos seus interesses particulares, pois assim agindo, certamente, preservará sua moral e conduta, bem como a de toda a classe de profissionais.” A ética e a moral são pré-requisitos exigidos para o exercício da atividade profissional. É dever do perito não só possuí-los, como exercitá-los, tanto na vida profissional como fora dela. Agindo assim, proporcionará convicção à realização e conclusão do seu trabalho. O perito contábil, quando no exercício profissional, deverá observar o Código de Ética Profissional do Contador, reformulado pela Resolução CFC n° 1.307/10 (Art. 5º), que fixa a forma pela qual os contabilistas* devem proceder no exercício da profissão. O código regulamenta sobre os deveres atribuídos ao profissional: *Criado pela Resolução CFC nº 290/70. Art. 2º - São deveres do contabilista I – exercer a profissão com zelo, diligência e honestidade, ... II – guardar sigilo sobre o que souber em razão do exercício profissional lícito, inclusive no âmbito do serviço público, ... VII – manifestar, a qualquer tempo, a existência de impedimento para o exercício da profissão; O código de Ética trata exclusivamente do contador quando perito no artigo 5º. Art. 5º. O Contador, quando perito, assistente técnico, auditor ou árbitro, deverá: I – recusar sua indicação quando reconheça não se achar capacitado em face da especialização requerida; II – abster-se de interpretações tendenciosas sobre a matéria que constitui objeto de perícia, mantendo absoluta independência moral e técnica na elaboração do respectivo laudo; III – abster-se de expender argumentos ou dar a conhecer sua convicção pessoal sobre os direitos de quaisquer das partes interessadas, ou da justiça da causa em que estiver servindo, mantendo seu laudo no âmbito técnico e limitado aos quesitos propostos; IV – considerar com imparcialidade o pensamento exposto em laudo submetido a sua apreciação; V – mencionar obrigatoriamente fatos que conheça e repute em condições de exercer efeito sobre peças contábeis objeto de seu trabalho, respeitado o disposto no inciso II do art. 2º; VI – abster-se de dar parecer ou emitir opinião sem estar suficientemente informado e munido de documentos; VII – assinalar equívocos ou divergências que encontrar no que concerne à aplicação dos Princípios de Contabilidade e Normas Brasileiras de Contabilidade editadas pelo CFC; VIII – considerar-se impedido para emitir parecer ou elaborar laudos sobre peças contábeis observando as restrições contidas nas Normas Brasileiras de Contabilidade editadas pelo Conselho Federal de Contabilidade; IX – atender à Fiscalização dos Conselhos Regionais de Contabilidade e Conselho Federal de Contabilidade no sentido de colocar à disposição desses, sempre que solicitado, papéis de trabalho, relatórios e outros documentos que deram origem e orientaram a execução do seu trabalho. As Normas Profissionais do Perito, sendo específicas, complementam: 2 Perito é o contador, regularmente registrado em Conselho Regional de Contabilidade, que exerce a atividade pericial de forma pessoal, devendo ser profundo conhecedor, por suas qualidades e experiências, da matéria periciada. ÁREAS DE ABRANGÊNCIA DA PERÍCIA CONTÁBIL Aplicações da Perícia Contábil Estabelecer os campos e as situações em que é possível a aplicação da perícia contábil é um objetivo difícil de ser alcançado, a menos que seja através de exemplificações, porquanto são inúmeras as situações em que pode ter a atuação de perícias contábeis. Isto se deve ao fato de que da perícia ter caráter de abrangência. No caso da perícia contábil os casos são sobre situações, coisas ou fatos ou matéria de natureza contábil, porquanto abrangente como é a Ciência Contábil. A perícia contábil se aplica, principalmente, nas seguintes situações: • Apuração de haveres; • Avaliação de valores patrimoniais; • Exame, análise e identificação de erros ou fraudes; • Outras aplicações. APURAÇÃO DE HAVERES: É uma das mais importantes aplicações da perícia contábil porquanto está inserida no objeto da Ciência Contábil. Quantificação, mensuração, identificação, avaliação, análise, apuração ou arbitramento dos haveres são exemplos típicos de atividades periciais. A perícia contábil cuja finalidade principal é a de apontar os haveres monetariamente mensurados ou avaliados pode ser necessária em variadas situações, judiciais ou não. As principais são: •Ação de alimentos: utiliza-se a perícia contábil quando o juízo necessita de elementos para fixação dos valores dos alimentos devidos pelo cônjuge ou responsável, de forma justa, isto é, atendendo às necessidades dos dependentes, mas também avaliando a capacidade econômica daquele que responderá pela prestação pecuniária, pois somente a perícia possui condições de identificar as fontes de onde se originam os rendimentos diretos e indiretos daquele indivíduo. Nesse caso, o perito deve examinar toda a documentação existente, bem como utilizar-se de indícios, arbitramentos e testemunhos para estabelecer a real capacidade econômica do réu; •Ação de inventário: utiliza-se a perícia para apurar o patrimônio inventariado, a fim de que se possa processar a divisão da parte que compete a cada herdeiro, nas situações em que o de cujus detinha haveres em pessoa jurídica ou valores transitoriamente retidos com esta. É uma atividade tipicamente pericial, em especial, na ocasião em que um dos beneficiários (herdeiros) é menor. Nessa situação, com certeza, a curadoria solicitará exame, avaliação ou apuração pericial, resguardando os direitos daqueles; •Desapropriação: as desapropriações são atos do poder público que retiram a posse e o uso de bens mediante indenização, em relação a bens considerados de “utilidade pública”. A avaliações realizadas pelo poder público nem sempre espelham a realidade, gerando assim a necessidade de um exame pericial, em geral, complexo, a fim de avaliar e determinar as eventuais lesões ou os abusos cometidos pelo Estado; • Dissolução de sociedade: quando da dissolução, total ou parcial, de uma sociedade se faz necessário apurar os valores que tocam a cada sócio, independentemente de ela ser realizada via judicial ou mediante acordo dos sócios. A necessidade prioritária é que cada um fique com o que a si pertence, não deixando margem a dúvidas ou questionamentos de outra ordem, sendo esta atividade tipicamente pericial; •Fundo de comércio: a apuração do fundo de comércio, isto é, do valor econômico dos ativos intangíveis não identificáveis de uma entidade é tarefa que pode ser atribuída a peritos contábeis, seja judicialmente, seja nas apurações de valores para fins de venda da empresa ou do controle acionário, fusão, cisão e incorporação. O trabalho em questão requer vastos conhecimentos, não só em contabilidade, mas também de outras ciências como economia e administração de empresas, bem como de fatores relacionados à atividade empresarial, uma vez que na essência procura-se obter o valor referente à capacidade de gera lucros futuros da entidade; • Reclamatórias trabalhistas: os haveres dos funcionários, relativos a sentenças favoráveis ilíquidas, transitoriamente retidos junto ao do empregador, necessitam de quantificação. Para isso será necessária uma perícia contábil. AVALIAÇÃO DE VALORES PATRIMONIAIS: Em algumas situações, é necessário que se verifique a correção da avaliação de um determinado bem. Nesse caso, o instrumento adequado é a perícia contábil. O procedimento correto é o exame contábil daquele valor e das circunstâncias que o originaram, ocorrendo tal fato, à luz dos pressupostos de Alberto (1996), nas seguintessituações: • Ação executiva: é aquela que verifica a veracidade e condições do valor que pretende se executar, ou que é executado, quando a execução fiscal. Nas execuções fiscais, em virtude da contestação do executado, em grau de embargos, é que o juiz determina perícia contábil para proceder ao confronto entre os valores devidos (dívida ativa) e os livros contábeis da empresa; • Ação trabalhista: a perícia contábil é requerida na fase de negociação ou de instrução das normas coletivas, a fim de subsidiar os acordos ou decisões, bem como é utilizada para fornecer elementos que comprovem a situação econômico-financeira e patrimonial das empresas, tendo em vista verificarem a capacidade, ou não, de cumprimento das condições estabelecidas nesses acordos; • Consignatórias: São as que verificam a existência, ou não, de lançamentos de determinadas operações, estabelecendo assim a certeza aos depósitos em consignação. A perícia contábil, como meio de prova, é determinante para a procedência ou não de uma ação consignatória; • Impugnação de crédito: procura apurar com exatidão o crédito habilitado, mas impugnado, em processos falimentares ou concordatários. A perícia contábil, sem dúvida, é o caminho em caso de divergências entre o habitante, a massa falida ou a concordatária, para dar certeza ao valor do crédito; • Indenizatórias: apura e demonstra o valor do crédito originário de lucros cessantes, rompimentos de contrato e perdas e danos, entre outros. Qualquer que seja a espécie da perícia, este é o instrumento que deve ser adotado para dar guarida ao montante a indenizar; • Verificação de documentos e livros: fornece a certeza e a veracidade da existência ou não de créditos e débitos retidos e que não foram pagos. EXAME, ANÁLISE E IDENTIFICAÇÃO DE ERROS E FRAUDES: Qualquer que seja a esfera de atuação da perícia, este é o caminho para se verificar, analisar, examinar ou identificar os erros ou fraudes (toda ação propositalmente enganosa praticada ou artifício empregado para iludir). A ocorrência dessas aplicações da perícia contábil está em todos os ambientes, seja no processo judicial ou arbitral, extrajudicial, ou em instâncias de inquérito, sendo mais comum, conforme Alberto (1996), nas seguintes ocasiões: • Inquéritos: a perícia contábil é adotada como elemento de comprovação e detecção de situações em que ocorra suspeita de desvios patrimoniais, erros deliberados, ou não, e fraudes, seja no campo policial, seja através da necessidade de Comissões Parlamentares de Inquérito, concluindo, taxativamente, pela negação ou positividade da ação delituosa, que possui autoria material; • Recuperação de empresas (antiga concordata) e falências: a perícia contábil é o instrumento utilizado para determinar responsabilidades e proteger os interesses dos empregados, do Fisco e dos credores. Trata-se de situações em que a empresa se degradou a ponto de comprometer a sua existência, sendo grande a possibilidade de tal fato ser originado em erros deliberados, alterações ou outros mecanismos indevidos, como a realização pelos administradores visando a benefícios patrimoniais, de falências fraudulentas ou preparação de recuperação de empresas; • Reclamatórias trabalhistas: a perícia contábil verifica, mediante o confronto entre as alegações dos litigantes e os documentos existentes, a ocorrência de erros ou até mesmo a ausência de pagamentos de direitos postulados em ações trabalhistas, tornando assim um elemento capaz de provar o direito perseguido no dissídio individual; • Extrajudicialmente: existindo suspeita sobre determinado setor ou mesmo em relação ao conjunto das atividades desenvolvidas pelos administradores, a perícia contábil, face a sua maior profundidade de exame, é o caminho que melhor se adapta à apuração dos desvios administrativos e patrimoniais, em especial aqueles ocultos por má-fé, erro ou fraude. OUTRAS APLICAÇÕES: Conforme visto, inúmeras são as aplicações da perícia contábil, tendo sido destacadas as consideradas mais importantes, embora existam outras situações nas quais ela possa ser utilizada. Esses casos dizem respeito às situações de: •Buscas e apreensão de bens; •Cominação de pena pecuniária; •Ações cambiais; •Compensação de créditos; •Estimação de bens penhorados; •Impedimentos de consumação de alienação; •Extravio e dissipação de bens; •Falta de entrega de mercadorias; •Indenização por danos, entre outras. Destaca-se também a perícia contábil é aplicável em Medidas Cautelares, as quais diante da ameaça de um direito necessitam, em geral, da produção de provas, sendo a perícia um dos instrumentos mais citados no Código de Processo Civil (Livro III, a partir do art. 796) para esclarecer ou comprovar a veracidade ou não dos fatos articulados. PERITO Conceito: É o profissional detentor de notória especialização chamado a opinar sobre fatos, coisas ou situações com o objetivo de orientar uma autoridade formal no julgamento de um fato. NBC PP 01 É o Contador regularmente registrado em Conselho Regional de Contabilidade, que exerce a atividade pericial de forma pessoal, devendo ser profundo conhecedor, por suas qualidades e experiência, da matéria periciada. Perito oficial é o investido na função por lei e pertencente a órgão especial do Estado destinado, exclusivamente, a produzir perícias e que exerce a atividade por profissão. Perito do juízo é nomeado pelo juiz, árbitro, autoridade pública ou privada para exercício da perícia contábil. Perito-assistente é o contratado e indicado pela parte em perícias contábeis. QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL O profissional que executa a perícia contábil precisa ter um conjunto de capacidades, que são suas qualidades. Entre elas estão: ➢ Legal; ➢ Profissional; ➢ Ética; ➢ Moral. Legal: É a que lhe conferem o título de bacharel em Ciências Contábeis (e equiparados) e o registro no Conselho Regional de Contabilidade. Profissional: 1- conhecimento teórico da contabilidade; 2- conhecimento prático das tecnologias contábeis; 3- perspicácia; 4- perseverança; 5- sagacidade; 6- conhecimento geral de ciências afins à Contabilidade; 7- índole criativa e intuitiva. Ética A capacidade ética é a que estabelece o código de ética Profissional do Contador e a Norma do Conselho Federal de Contabilidade. Moral A capacidade moral é a que estriba na virtude das atitudes pessoas do profissional. Entre as capacidades éticas, devem-se destacar basicamente a conduta do perito com seus colegas e o caráter de independência e veracidade que deve manter em seu parecer; havendo compromisso com a verdade, a “independência”, é fator discutível(Sá,2009). COMPETÊNCIA TÉCNICO-PROFISSIONAL A competência profissional do perito são exigidas seja quando atuando como perito do juízo, arbitral ou assistente. Competência técnico-científica pressupõe ao perito manter adequado nível de conhecimento da ciência contábil, das Normas Brasileiras de Contabilidade, das técnicas contábeis, da legislação relativa à profissão contábil e aquelas aplicáveis à atividade pericial, Atualizando-se, permanentemente, mediante programas de capacitação, treinamento, educação continuada e especialização. Para tanto, deve demonstrar capacidade para: a) pesquisar, examinar, analisar, sintetizar e fundamentar a prova no laudo pericial contábil e no parecer pericial contábil; b) realizar seus trabalhos com a observância da equidade significa que o perito-contador e o perito-contador assistente devem atuar com igualdade de direitos, adotando os preceitos legais, inerentes à profissão contábil. DEVERES E DIREITOS DO PERITO DEVERESDO PERITO (I) aceitar o encargo (157 e 378); (II) respeitar os prazos fixados pelo juiz para a realização da perícia (157, 468, II, 471 parágrafo segundo); (III) comparecer à audiência, desde que intimado com pelo menos 10 dias de antecedência (477, parágrafo 3º); (IV) dever de lealdade (art. 158 e art. 342 do Código Penal, crime de falsa perícia) Denuncia Em seu resguardo, nos termos do artigo 3º - parágrafo V do Código de Ética Profissional do Contabilista - CEPC, deve o contador comunicar, de forma reservada, ao Conselho Regional de Contabilidade de sua jurisdição ao juízo ou à parte contratante, a falta de habilitação profissional do perito. Renuncia aos serviços O contador só deverá aceitar o encargo de perícia se reconhecer estar capacitado com conhecimento técnico suficiente, discernimento e irrestrita independência para a realização do trabalho. Constituem motivos legítimos para a escusa, entre outros: - a ocorrência de força maior; - tratar-se de perícia relativa à matéria sobre a qual se considere inabilitado para apreciá-la - CPC art. 468, n.º I; - versar a perícia sobre questão a que não possa responder sem grave dano a si próprio, bem como ao seu cônjuge e aos parentes consanguíneos ou afins, em linha reta, ou na colateral em segundo grau -CPC, art. 144; - versar a perícia sobre fato, a cujo respeito, por estado ou profissão, deva guardar sigilo (CPC, art. 388, n.º II); - ser militar ou funcionário público, pessoas essas que somente são obrigadas a aceitar o encargo mediante sua requisição ao comando ou ao chefe da repartição a que estiverem subordinados – CPC, art. 455, § 4º; Inciso 3º.; - versar a perícia sobre assunto em que interveio como interessado; - estar ocupado com outra ou outras perícias, no mesmo lapso de tempo, e em condições de não poder aceitar aquela para a qual vem de ser nomeado ou indicado. O contador deve, ainda, escusar (recusar) ou renunciar os serviços sempre que reconhecer não ter competência ou não dispor de estrutura profissional para desenvolvê-los, contemplada a utilização do serviço de especialistas de outras áreas, quando parte do objeto da perícia assim o requerer. (I) escusar-se do encargo por motivo legítimo (157); (II) pedir prorrogação de prazos (476); (III) recorrer, requisitar e ter acesso às fontes de informação (473, § 3o 478); (IV) indenização pelas despesas relativas à perícia e honorários (art. 95) DIREITOS DO PERITO O perito tem o direito a todos os meios necessários para fundamentar seu trabalho, ou seja, que envolva ou tenha ligação ao objeto da perícia. Também constitui direito a parte referente remuneração, ou seja, honorários periciais (CPC, art. 91). NBC PP 01 Ao ser cadastrado em juízo e em trabalhos periciais, é obrigatória a comprovação da habilitação profissional. A utilização ao assinar trabalhos de natureza pericial, seja perícia judicial, extrajudicial ou arbitral. O Conselho Federal de Contabilidade (CFC) emitiu no dia 27 de julho de 2012 a Resolução CFC nº 1.402/2012 na qual Regulamenta a emissão da Certidão de Regularidade Profissional. Com esta Resolução, os profissionais deverão comprovar sua habilitação com a Certidão de Regularidade Profissional nos trabalhos periciais. PERITO Perito-contador nomeado é o designado pelo juiz em perícia contábil judicial; contratado é o que atua em perícia contábil extrajudicial; e escolhido é o que exerce sua função em perícia contábil arbitral (NBC PP 01 – itens 2, 3, 4 e 5). PERITOS JUDICIAIS: O PERITO EM JUÍZO O perito como um auxiliar do juízo Art. 156 (CPC). Quando a prova do fato depender de conhecimento técnico ou científico, o juiz será assistido por perito. Deveres O perito exerce um encargo, do qual não pode escusar-se, salvo alegando motivo legítimo - CPC, art. 146. Dever de respeitar os prazos- CPC, art. 146). Dever de comparecer à audiência de esclarecimento do laudo CPC, art. 453, § 3°. Dever de lealdade. Dispõe a lei que " O perito que, por dolo ou culpa, prestar informações inverídicas, responderá pelos prejuízos que causar à parte, ficará inabilitado, por 2 (dois) anos, a funcionar em outras perícias e incorrerá na sanção que a lei penal estabelecer" - CPC, art. 147). Direitos Direito de escusar-se do encargo, alegando motivo legítimo - CPC, art. 467 Direito de recorrer às fontes de informação - CPC, art. 473, Inciso IV § 3o Direito à indenização pelas despesas relativas à perícia. Direito a honorários, fixados pelo juiz . Nomeação, Indicação e Intimação dos Peritos Nas perícias judiciais pode ser três os peritos: um do juiz e um de cada parte litigante (autor e réu). O juiz nomeia um perito, que será o perito do juízo e cada parte indica o seu representante. Os peritos das partes devem ser indicados no prazo de cinco dias, contados do despacho de intimação do perito (as partes é facultada a indicação de assistente técnico). Aceita a indicação, o perito do juiz deve comunicar-se com os assistentes indicados (se houver). Hipóteses de desistência, substituição ou destituição do perito O perito pode recusar sua indicação por diversos motivos, entre eles: (1) Estado de saúde; (2) Impedimentos éticos; (3) Indisponibilidade de tempo. A recusa deve ser comunicada ao juiz dentro do prazo de cinco dias da intimação, através de uma petição que será anexada aos autos. O juiz então, nomeará outro perito, sendo permitido às partes que também substituam seus assistentes técnicos. É também lícito às partes recusarem o perito do juiz por suspeição, provando os motivos da não aceitação do mesmo. Sobre os peritos das partes (assistentes técnicos), entretanto, não ocorrem impedimentos. Pode ainda ser substituído o perito quando após intimado, não cumpre sua tarefa em tempo hábil (artigos 467, inciso II do CPC), ou ainda caso não tenha capacidade técnica para o exercício de seu trabalho. Os peritos das partes, porém, só podem ser substituídos antes da entrega do laudo, pois após isso não é mais possível a substituição dos assistentes técnicos. ASSESSORIA PERICIAL A perícia é uma forma de assessoria que pode ocorrer na esfera judicial, extrajudicial ou criminal; no campo judiciário, ela já existe desde 1929. Atualmente muitos peritos tem escritórios onde prestam assessoria principalmente a advogados nos inícios ou na continuidade de processos onde atuam exclusivamente como assistentes técnicos. ASSISTENTES TÉCNICOS Perito-contador assistente é o contratado e indicado pela parte em perícias contábeis, em processos judiciais e extrajudiciais, inclusive arbitral. ÉTICA PROFISSIONAL DO PERITO O sigilo e a independência profissional O sigilo profissional é um dever ético para qualquer tarefa técnica ou científica, mas essencial na perícia. A lei protege o sigilo; A ética impõe o sigilo. O que o profissional vier a conhecer por força do que lhe é exibido ou narrado não deve ser dado a conhecer a terceiros. Somente em juízo o perito deve revelar os fatos que conhece, mas ainda assim, deve se restringir aos fatos relevantes ao processo, evitando informar sobre fatos que tomou conhecimento durante o exame e que nada tem a ver com a lide. O papel do assistente técnico no processo judicial O assistente técnico é o auxiliar da parte, aquele que tem por obrigação, concordar, criticar ou complementar o laudo do perito oficial. O relacionamento entre o assistente técnico e os demais participantes do processo (juiz, parte adversa, perito judicial) CPC, Art. 473. Inciso IV § 3o. Para o desempenho de sua função, o perito e os assistentes técnicos podem valer-se de todos os meios necessários, ouvindo testemunhas, obtendo informações,solicitando documentos que estejam em poder da parte, de terceiros ou em repartições públicas, bem como instruir o laudo com planilhas, mapas, plantas, desenhos, fotografias ou outros elementos necessários ao esclarecimento do objeto da perícia. Existe algum dever ético do assistente técnico para com a Justiça ou apenas para com a parte que auxilia? Artigo 14, CPC: “Art. 14. São deveres das partes e de todos aqueles que de qualquer forma participam do processo: (Redação dada pela Lei nº 10.358, de 27.12.2001) I - expor os fatos em juízo conforme a verdade; II - proceder com lealdade e boa-fé; Responsabilidade civil e criminal do perito O Perito pode ser responsabilizado pela falta de veracidade de seu laudo, se comprovado dolo ou má fé, quer em juízo, quer perante os conselhos profissionais. Tal responsabilidade envolve: 1- Indenização à parte prejudicada; 2- Inabilitação por dois anos para o exercício de prova pericial; 3- Sanção (punição) penal por crime. Além dessas sanções, pode sofrer também aquelas advindas do Tribunal de Ética Profissional dos Conselhos Profissionais. O Código de Ética Profissional do Contabilista Compete ao Contador não apenas aprimorar sua técnica para atuar com qualidade profissional, como, igualmente, agir com lealdade, honestidade, imparcialidade, independência profissional e com total responsabilidade, observando o sigilo profissional e evitando o cometimento de infrações e de condutas antiéticas. Conforme o artigo 5º do Código de Ética Profissional do Contabilista, o Contador, quando perito-contador, perito-contador assistente, auditor ou árbitro, deverá: I - recusar sua indicação quando reconheça não se achar capacitado em face da especialização requerida; II - abster-se de interpretações tendenciosas sobre a matéria que constitui objeto de perícia, mantendo absoluta independência moral e técnica na elaboração do respectivo laudo; III - abster-se de expender (expor) argumentos ou dar a conhecer sua convicção pessoal sobre os direitos de quaisquer das partes interessadas, ou da justiça da causa em que estiver servindo, mantendo seu laudo no âmbito técnico e limitado aos quesitos propostos; IV - considerar com imparcialidade o pensamento exposto em laudo submetido a sua apreciação; V - mencionar obrigatoriamente fatos que conheça e repute em condições de exercer efeito sobre peças contábeis objeto de seu trabalho, respeitado o disposto no inciso II do Art. 2º; VI - abster-se de dar parecer ou emitir opinião sem estar suficientemente informado e munido de documentos; VII - assinalar equívocos ou divergências que encontrar no que concerne à aplicação dos Princípios Fundamentais e Normas Brasileiras de Contabilidade editadas pelo CFC (Redação alterada pela Resolução CFC nº 1.307/10, de 09/12/2010); VIII - considerar-se impedido para emitir parecer ou elaborar laudos sobre peças contábeis observando as restrições contidas nas Normas Brasileiras de Contabilidade editada pelo CFC; IX - atender à fiscalização dos Conselhos Regionais de Contabilidade e Conselho Federal de Contabilidade no sentido de colocar à disposição desses, sempre que solicitado, papéis de trabalho, relatórios e outros documentos que deram origem e orientaram a execução de seu trabalho. Além das responsabilidades legais, previstas no Código de Processo Civil e no Código de Ética do Profissional Contabilista, o perito deve ter a consciência ética do que essa função representa para a classe contábil e, principalmente, para a sociedade. Ser assessor da Justiça na decisão de litígios ou de controvérsias é uma função que requer princípios morais e um caráter virtuoso; faz-se necessário que os seus atos profissionais sejam o reflexo de uma conduta ilibada (pura ou imaculada), pois não se pode conceber que a conduta pessoal esteja dissociada da conduta profissional. DISTINÇÃO ENTRE PERITO E ASSISTENTE TÉCNICO O assistente técnico é o auxiliar da parte, aquele que tem por obrigação, concordar, criticar ou complementar o laudo do perito oficial, através de seu parecer, cabendo ao Juiz, pelo princípio do livre convencimento, analisar seus argumentos, podendo fundamentar sua decisão neste parecer. Portanto, a distinção existe apenas no que diz respeito ao processo envolvido visto que para atuar, seja como perito contador assistente ou perito contador que fora nomeado em processo, ou ainda como arbitro, as exigências, em tudo, são as mesmas. O assistente técnico funciona como consultor da parte e o seu parecer equivale ao de uma perícia extrajudicial e é semelhante ao parecer emitido por jurisconsulto (profissional versado em leis e cuja profissão é dar pareceres sobre questões jurídicas) sobre questões jurídicas discutidas no processo. No desempenho da atividade pericial, o perito-contador e o perito-contador assistente devem, ainda, ser profissionais pautados de conhecimento especializado, de integridade moral e ética, de lealdade e honestidade para com o juiz e as partes litigantes e legalmente habilitados no Conselho Regional de Contabilidade de seu Estado. Assim, deve haver um comportamento ético entre eles, não pode haver rivalidades porquanto o trabalho do perito das partes é tão importante quando o do perito do juízo e, em muitos casos, o juiz até utiliza o trabalho do perito da parte para formar sua sentença. Deve haver tratamento de recíproco respeito, os peritos podem valorizar o trabalho um do outro, buscando-se o consenso. O assistente técnico é o auxiliar da parte, aquele que tem por obrigação, concordar, criticar ou complementar o laudo do perito oficial, através de seu parecer, cabendo ao Juiz, pelo princípio do livre convencimento, analisar seus argumentos, podendo fundamentar sua decisão neste parecer. Portanto, a distinção existe apenas no que diz respeito ao processo envolvido visto que para atuar, seja como perito contador assistente ou perito contador que fora nomeado em processo, as exigências, em tudo, são as mesmas para ambos. O assistente técnico funciona como consultor da parte e o seu parecer equivale ao de uma perícia extrajudicial e é semelhante ao parecer emitido por jurisconsulto (profissional versado em leis e cuja profissão é dar pareceres sobre questões jurídicas) sobre questões jurídicas discutidas no processo. No desempenho da atividade pericial, o perito-contador e o perito-contador assistente devem, ainda, ser profissionais pautados de conhecimento especializado, de integridade moral e ética, de lealdade e honestidade para com o juiz e as partes litigantes e legalmente habilitados no Conselho Regional de Contabilidade de seu Estado. Assim, deve haver um comportamento ético entre eles, não pode haver rivalidades porquanto o trabalho do perito das partes é tão importante quando o do perito do juízo e, em muitos casos, o juiz até utiliza o trabalho do perito da parte para formar sua sentença. Deve haver tratamento de recíproco respeito, os peritos podem valorizar o trabalho um do outro, buscando-se o consenso.
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