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Técnicas de Estudo e Aprendizagem Acadêmica Metodos e Tecnicas de Estudo | 31 Objetivos Ao final desta unidade, você será capaz de: • Saber realizar uma boa leitura acadêmica; • Compreender e identificar melhor sobre os instrumentos bibliográficos; • Se aprofundar e reconhecer a importante função sobre os cronogramas de estudo acadêmico; • Reconhecer a importância da interpretação textual para a realização de uma boa leitura; • Identificar e analisar a função da leitura analítica, envolvendo técnicas para melhorar sua capacidade na leitura acadêmica. Metodos e Tecnicas de Estudo | 33 1. Técnicas de Estudo e Aprendizagem Acadêmica Neste conteúdo, você aprenderá que o desenvolvimento da autonomia intelectual do aluno é um dos principais objetivos dos cursos de graduação. Verá que o sucesso dos estudos na universidade depende, em grande parte, do domínio dos instrumentos de trabalho acadêmico e observará que a aprendizagem acadêmica demanda disciplina e organização do tempo, que pode ser sistematizada por meio de um cronograma de estudos. Você também verá que realizar uma boa leitura faz parte do processo de estudos e, para isso, aprenderá o que é uma unidade de leitura e como fazer a análise textual, temática e interpretativa do texto. Também estudará sobre o processo de problematização e síntese pessoal que faz parte da leitura analítica. Finalmente, aprenderá sobre os aspectos da leitura proveitosa e sobre a importância da leitura no desenvolvimento intelectual e acadêmico do aluno de graduação. Veja alguns temas de estudo deste material: 1. Identificação dos principais instrumentos bibliográficos para a aprendizagem acadêmica; 2. Reconhecimento da importância do cronograma na disciplina de estudos; 3. Reconhecimento da importância da leitura analítica como método de estudo; 4. Compreensão do processo de análise textual, problematização de ideias e síntese pessoal. 34 | Metodos e Tecnicas de Estudo 1.1 Autonomia Discente e Instrumentos Bibliográficos No ensino superior, espera-se que você adquira hábitos de estudo que permitam uma autoatividade didática, ou seja, que possa aprender de forma independente, complementando as instruções oferecidas pelos seus professores com pesquisas a várias fontes bibliográficas. Logo, o resultado do seu trabalho dependerá, em grande parte, do seu próprio esforço, ou seja, da sua autonomia como aprendiz, que é a “habilidade em assumir o controle sobre a própria aprendizagem a fim de maximizar todo o seu potencial.” (WISNIEWSKA, 1998). O sucesso dos estudos dependerá da sua habilidade em conhecer e dominar os instrumentos do trabalho acadêmico, que são essencialmente bibliográficos. Conheça alguns: • Cada disciplina possui uma bibliografia básica e complementar, na qual você tem acesso aos livros na biblioteca da universidade (biblioteca física e, em alguns casos, virtual). Esses livros da bibliografia são os “textos básicos” (essenciais) da disciplina. • Manuais e apostilas com material introdutório ao seu tema de estudo. • http://www.scielo.br • Periódicos científicos, que são revistas nas quais são publicados artigos resultantes de pesquisas científicas em determinada área. Você pode ter acesso a várias revistas no Portal SciELO, que é uma biblioteca eletrônica que disponibiliza, gratuitamente, uma seleção de periódicos científicos brasileiros. Acesse o SciELO e conheça as revistas dedicadas à sua área (escolha entre as ferramentas de pesquisa). A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), orgão vinculado ao Ministério da Educação (MEC), também tem um portal específico de periódicos. Portal de Periódico da Capes: • Anais de eventos, ou seja, coleção de artigos que foram apresentados em conferências e simpósios nacionais e Metodos e Tecnicas de Estudo | 35 internacionais. Frequentemente esses artigos estarão disponíveis em meio impresso, CD-rom e, também, on-line. • http://www.periodicos.capes.gov.br/ • Também é possível encontrar materiais bibliográficos na internet. Sites como a Wikipédia são utilizados com frequência para consultas rápidas e esclarecimentos. Entretanto, você deve estar atento para a qualidade do material disponibilizado na internet, pois nem sempre as informações são confiáveis. No Google Acadêmico, podem ser encontrados diversos artigos e textos acadêmicos para pesquisa. 1.2 Técnicas de Estudo: Documentação e Instrumentos de Trabalho Acadêmico Durante sua rotina na universidade, podemos enumerar alguns passos essenciais do processo de estudo. Primeiro passo O primeiro é o registro das experiências e aprendizagens acadêmicas. Documentar significa registrar por escrito os eventos, ideias e fatos aprendidos ou vivenciados. Isso exigirá que você “tome notas” ou “faça apontamentos” durante as aulas, atividades científicas e culturais. Essas anotações não precisam ser perfeitas ou refletir o discurso de quem fala palavra por palavra. Devem, entretanto, traduzir as ideias, tais como conteúdos conceituais e categorias básicas. Você deve procurar registrar os elementos que compõem o pensamento de quem expõe, selecionando expressões que o ajudarão a reescrever a síntese das ideias numa etapa posterior. Segundo passo O segundo passo trata da recomposição dessas ideias durante a rotina de estudos. Ou seja, num momento posterior à aula ou evento, você deve recompor o texto anotado, complementando-o com informações providas pelos instrumentos 36 | Metodos e Tecnicas de Estudo pessoais de pesquisa e obras de referência. Essas informações podem, então, ser registradas na forma de fichamentos (como veremos mais tarde). Você não deve estar preocupado em decorar ou memorizar o conteúdo. Durante a anotação, recomposição e fichamento do texto, você está “tão somente pensando nas ideias que está manipulando. Está pensando na medida que se esforça para construir o sentido dos conceitos ou das ideias em jogo.” (SEVERINO, 2002). Estudar demanda uma criteriosa disciplina, especialmente para alunos que, além de estudar, trabalham e têm um tempo restrito para as atividades acadêmicas. Trata-se de organizar e aproveitar o tempo para maximizar a aprendizagem. Veja algumas recomendações que o aluno que vive essa realidade de trabalho e estudo precisa seguir logo no início das aulas: • Levantamento: fazer um levantamento do tempo disponível. • Disponibilidade: estabelecer um horário para o estudo de acordo com as preferências pessoais e disponibilidade. • Cronograma: definir um cronograma de estudos. • Determinação: seguir o cronograma e cumprir o tempo de estudo, iniciando sem rodeios para vencer a fase de aquecimento e manter o ritmo. • Intervalo: fazer intervalos de 30 minutos a cada duas horas. • Equilíbrio: aprender a considerar e equilibrar o tempo de acordo com o grau de trabalho necessário para cada disciplina. Severino (2002) sugere o fluxograma abaixo para guiar a sua vida de estudos na universidade: Metodos e Tecnicas de Estudo | 37 FLUXOGRAMA DA VIDA DE ESTUDO • Retomada e esclarecimentos de pontos da unidade anterior. • Exploração de segmentos programados. • Discussão e debates. • Determinação de novas tarefas. • Releitura e reestudo da documentação da aula anterior. • Contato prévio com nova unidade programada: roteiro, textos, questionários. • Aprofundamento de estudo mediante exploração de instrumentos complementares. • Reorganização da matéria exposta ou debatida em classe mediante • DOCUMENTAÇÃO. • Exposição de segmentos da matéria. • Discussão ou debate de temas a partir de textos com síntese. Determinaçãode novas tarefas. Elaboração de tarefas específicas: fichamentos, exercícios, relatórios etc. RECURSOS AOS INTRUMENTOS COMPLEMENTARES AULA Participação AULA Participação ESTUDO EM CASA Revisão Preparação Fonte: Severino (2002, p.31) Note, no fluxograma de Severino (2002), que a participação nas aulas deve ser seguida por um momento de estudo individual. Esse momento dedica-se à revisão da aula anterior e à preparação para a aula seguinte. Você deve aproveitar 38 | Metodos e Tecnicas de Estudo esse tempo para reorganizar as ideias já registradas em suas anotações, documentando-as através de fichamentos, resumos e relatórios, os quais podem ser enriquecidos pela consulta a recursos bibliográficos. Para isso, é necessário que você tenha um cronograma de estudos. Você já pensou nisso? 1.3 Unidade de Leitura e Análise Textual Segundo Severino (2002), o primeiro passo para engajar-se na leitura como processo de estudo é estabelecer o que chamamos de “unidade de leitura”, ou seja, selecionar uma parte de texto que traz uma unidade de sentido ou ideia para ser explorada durante uma sessão de estudo. • A unidade de leitura pode ser um artigo, um capítulo de livro ou qualquer outra subdivisão; • A definição da unidade de leitura cria limites e ajudará você a realizar seu estudo por etapas; • A intenção das unidades de leitura é dimensionar o tempo e o esforço necessários para o estudo de um determinado tema. O processo de leitura é algo complexo, principalmente a leitura realizada para fins acadêmicos. Esse processo complexo pode ser chamado de leitura analítica e envolve quatro etapas: Análise textual, Análise temática, Análise interpretativa, Problematização. Na análise textual, você deve procurar construir uma visão panorâmica das ideias apresentadas pelo autor. O objetivo é compreender a intenção do texto e seus objetivos. Nesse momento, você deve identificar, por exemplo, quem é o autor, qual é o tipo e a qualidade da obra, assim como as informações que ainda Metodos e Tecnicas de Estudo | 39 desconhece. Esta etapa pode dar origem a um esquema que visa auxiliar a sistematização das ideias, dando suporte ao raciocínio. 1.4 Análise Temática, Análise Interpretativa e Problematização O segundo passo no processo de leitura analítica, ainda segundo Severino (2002), é a análise temática. O objetivo desta etapa seria compreender a mensagem global apresentada na unidade de leitura. Neste momento, buscar-se-ia saber, por exemplo: • Do que fala o texto? O que podemos apreender pelo título? • O que o autor fala sobre o tema? Como responder à questão levantada? • Como o autor demonstra sua tese? Como comprova sua posição básica? Qual é seu raciocínio, ou seja, sua argumentação? • Qual a problematização do tema, ou seja, que problema o autor busca responder? • Qual é a ideia-mestre apresentada no texto, ou seja, qual é a tese do autor? O terceiro passo no processo de leitura analítica é a análise interpretativa. Vejamos como ela deve ser: Ideias: nesta etapa,você deve concentrar-se na interpretação das ideias do autor; Examinar: é o momento em que você se posiciona, examina o que é dito nas entrelinhas, analisa a qualidade do conteúdo e das argumentações e contra-argumenta, ou seja, estabelece um diálogo com a obra; 40 | Metodos e Tecnicas de Estudo Situar: o exercício de examinar requer que você, em primeiro lugar, situe “o texto no contexto da vida e da obra do autor, assim como no contexto da cultura de sua especialidade, tanto do ponto de vista histórico como do ponto de vista teórico” (SEVERINO, 2002); Articular: examinar um texto requer que os pressupostos filosóficos do autor sejam identificados e articulados com outras ideias relacionadas à temática em estudo. Por exemplo, você deve identificar os pressupostos que orientam as argumentações do texto, aproximando-as de outras argumentações semelhantes; Critérios: você deve engajar-se em um processo de interpretação crítica, analisando o texto de acordo com os seguintes critérios: • coerência interna da argumentação • validade dos argumentos empregados • originalidade do tratamento dado ao problema • profundidade de análise do tema • alcance de suas conclusões e consequências • apreciação e juízo pessoal das ideias defendidas (SEVERINO, 2002). Após a interpretação crítica, o quarto passo no processo de leitura analítica é a problematização do texto, ou seja, a discussão da argumentação geral apresentada pelo autor, tanto aquelas explícitas, claramente apresentadas, como aquelas implícitas, que não foram diretamente trabalhadas ou carecem de mais explicações. O objetivo é que você questione o que o autor propõe, assim como os pressupostos e a forma como tais proposições são apresentadas. O processo de leitura analítica, como método de estudo, exige que a leitura seja proveitosa, ou seja, que você possa obter Metodos e Tecnicas de Estudo | 41 resultados satisfatórios na aprendizagem e desenvolvimento intelectual. Veja o que uma leitura proveitosa exige, segundo Marconi e Lakatos (2009): • Atenção e dedicação da mente para o entendimento e apreensão dos conteúdos; • Intenção, interesse em aprender o que está sendo lido; • Reflexão sobre o texto que se lê; • Espírito crítico, que orienta a avaliação e julgamento das ideias lidas; • Análise, ou seja, divisão do texto em partes para compreender suas características específica e conexões; • Síntese, reconstituição das partes através da reconstrução da argumentação central do texto. Metodos e Tecnicas de Estudo | 43 Síntese Neste material vimos o quanto é importante que o aluno desenvolva sua autonomia intelectual no meio acadêmico. Aprendemos que o sucesso dos estudos na universidade dependerá do domínio dos instrumentos de trabalho acadêmico, tais como livros, manuais e apostilas, periódicos científicos, anais de eventos e também a própria internet. Destacamos que um dos primeiros passos do trabalho acadêmico é o registro por escrito dos eventos, ideias e fatos aprendidos durante as aulas através de “notas” ou “apontamentos”. Posteriormente, essas notas devem ser transformadas em um texto síntese (como um fichamento), enriquecido com informações adquiridas em recursos ou instrumentos bibliográficos. Observamos que a aprendizagem acadêmica demanda uma disciplina de estudos e uma criteriosa organização do tempo, que deve ser definida através de um cronograma e, ainda, aprendemos que a leitura acadêmica diferencia-se dos outros tipos de leitura devido à sua contribuição para a obtenção de informações, sistematização de ideias e desenvolvimento do pensamento crítico. Vimos que a leitura acadêmica tem um caráter analítico e deve iniciar através da definição de unidades de leitura. Em seguida, utilizando as orientações de Severino (2002), aprendemos que a leitura como método de estudo abrange: a) a análise textual do material para compreender a intenção do texto e seus objetivos; b) a análise temática do texto para compreender a mensagem global apresentada na unidade de leitura; c) a análise interpretativa, engajando-se na contextualização e interpretação crítica das ideias 44 | Metodos e Tecnicas de Estudo do autor; d) a problematização das proposições apresentadas; e, finalmente e) a síntese pessoal, que é a reelaboração da mensagem do autor de acordo com suas próprias análises. Por fim, vimos sobre os aspectos de uma leitura proveitosa, ressaltando a importância da leitura como método de estudo no desenvolvimento acadêmico e pessoal do aluno de graduação. Metodos e Tecnicas de Estudo | 45 Leitura Complementar Leia o artigo científico: O ato de estudar navida acadêmica, publicado nos anais do X Encontro de Iniciação à Docência, da Universidade Federal da Paraíba. Disponível em: http:// www.prac.ufpb.br/anais/IXEnex/iniciacao/documentos/anais/4. EDUCACAO/4CFTDCSAMT01.pdf Leia uma matéria publicada na Revista Superinteressante — Como estudar sozinho em casa. Disponível em: http://super.abril. com.br/cotidiano/como-estudar-sozinho-casa-681879.shtml Metodos e Tecnicas de Estudo | 47 Referências Bibliográficas BRANDÃO, Zaia et al. Universidade e educação. Campinas, SP: Papiros, Cedes: São Paulo: Ande; Anped, 1992. FARIA, Ernesto. Dicionário Escolar Latino Português. 3. ed. Brasília: Ministério da Educação e da Cultura, Campanha Nacional de Material de Ensino, 1962. HASKINS, Charles Homer. The rise of universities. New York: H. Holt and Co., 2004. JAPIASSU, Hilton; MARCONDES, Danilo. Dicionário Básico de Filosofia. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1990.
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