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1. Ajuda de custo não vai integrar salário
Valores relativos a prêmios, importâncias pagas habitualmente sob o título de “ajuda de custo”, diária para viagem e abonos, assim como os valores relativos à assistência médica ou odontológica, não integrarão o salário. Na prática, isso significa que boa parte do salário do empregado poderá ser paga por meio dessas modalidades, sem incidir nas verbas do INSS e FGTS.
2. Vai ficar mais difícil pedir equiparação salarial
O requisito, para equiparação salarial, da prestação do serviço precisar ser na “mesma localidade”, será alterado para o “mesmo estabelecimento empresarial”. Devendo ser prestado “para o mesmo empregador”, por tempo não superior a quatro anos.
Tal alteração diminui as chances de se pedir equiparação nos casos de empregados que exercem a mesma função, mas recebem salários diferentes, pois trabalham em empresas diferentes do grupo econômico.
Além disso, se exclui a possibilidade de reconhecimento do “paradigma remoto”, quando o pedido de equiparação se dá com um colega que teve reconhecida, por via judicial, a equiparação com outro colega.
3. Gratificação para quem tem cargo de confiança não vai integrar salário depois de 10 anos
Atualmente a gratificação paga para quem está em cargo de confiança, que hoje é em torno de 40% do salário básico, é incorporada ao salário do empregado, caso este fique no cargo por mais de 10 anos. A proposta remove essa exigência temporal, não incorporando mais a gratificação à remuneração quando o empregado é revertido ao cargo anterior.
4. Homologação de rescisão pelo sindicato deixa de ser obrigatória para quem tem mais de um ano de casa
Não haverá mais necessidade de homologação do Termo de Rescisão pelo sindicato ou Ministério Público para os empregados que trabalharem por mais de um ano, valendo a assinatura firmada somente entre empregado e empregador.
5. Demissão em massa não precisará mais ter a concordância do sindicato
As dispensas coletivas, também conhecidas como demissões em massa, não precisarão mais da concordância do sindicato, podendo ser feitas diretamente pela empresa, da mesma forma que se procederia na dispensa individual. Demissão sem dor de cabeça.
6. Quem aderir a plano de demissão voluntária não poderá reclamar direitos depois
A adesão a plano de demissão voluntária dará quitação plena e irrevogável aos direitos decorrentes da relação empregatícia. Ou seja, a menos que haja previsão expressa em sentido contrário, o empregado não poderá reclamar direitos que entenda violados durante a prestação de trabalho.
7. Perder habilitação profissional vai render demissão por justa causa
Foi criada nova hipótese para rescisão por justa causa (quando o empregado não recebe parte das verbas rescisórias, pois deu motivo para ser dispensado). Pela nova previsão, nos casos em que o empregado perder a habilitação profissional que é requisito imprescindível para exercer sua atividade, tais como médicos, advogados ou motoristas, isso será motivo suficiente para a dispensa por justa causa.
8. Acordo poderá permitir que trabalhador receba metade do aviso prévio indenizado
Foi criada a possibilidade de se realizar acordo, na demissão do empregado, para recebimento de metade do aviso prévio indenizado. O trabalhador poderá movimentar 80% do valor depositado na conta do FGTS, mas não poderá receber o benefício do Seguro Desemprego.
9. Arbitragem poderá ser usada para solucionar conflitos trabalhistas
Também foi criada a possibilidade de utilização da arbitragem como meio de solução de conflito, quando a remuneração do empregado for igual a duas vezes o limite máximo estabelecido para os benefícios da Previdência Social (atualmente de R$ 5.531,31).
10. Contribuição sindical será facultativa
A contribuição sindical deixa de ser obrigatória e passa a ser facultativa tanto para empregados quanto para empregadores.
11. Duração da jornada e dos intervalos poderá ser negociada
As regras sobre duração do trabalho e intervalos passam a não serem consideradas como normas de saúde, higiene e segurança do trabalho para os fins da negociação individual. Isso significa que poderão ser negociadas, ao contrário do que ocorre atualmente.
12. Negociações deixam de valer após atingirem prazo de validade
Atualmente, uma vez atingido o prazo de validade da norma coletiva (convenção ou acordo), caso não haja nova norma, a negociação antiga continua valendo. Pela proposta reformista isso deixa de acontecer. As previsões deixam de ser válidas quando ultrapassam a validade da norma, não podendo mais ser aplicadas até que nova negociação ocorra.
13. Acordo Coletivo vai prevalecer sobre Convenção Coletiva
Fica garantida a prevalência do Acordo Coletivo (negociação entre empresa e sindicato) sobre as Convenções Coletivas. Atualmente, isso só acontece nas normas que forem mais benéficas ao empregado.
14. Quem perder ação vai pagar honorários entre 5% e 15% do valor do processo
Fica estabelecido que serão devidos honorários pagos aos advogados pela parte que perde à parte que ganha, entre 5% e 15% sobre o valor que for apurado no processo.
Isso passa a valer até mesmo para beneficiário da Justiça Gratuita, que ficará com a obrigação “em suspenso” por até dois anos após a condenação.
1. Por que o governo quer fazer uma reforma trabalhista?
O argumento oficial é que a CLT, criada em 1943 no governo de Getúlio Vargas, precisa ser modernizada. Para o governo, hoje a lei engessa o mercado de trabalho, dificulta a geração de empregos e, consequentemente, se transforma em uma barreira para a recuperação econômica.
O governo acredita que é positivo dar mais liberdade para o trabalhador definir seus próprios termos de trabalho com o patronato, e nega a possibilidade de que isso abra espaço para exploração. A flexibilização seria positiva uma vez que, hoje, a lei é muito detalhista e sobrecarrega a Justiça do Trabalho – essa é a tese de apoio à reforma.
2. Por que há forte resistência das centrais sindicais?
As centrais sindicais são contra a reforma. Elas argumentam que a tese do governo de que a nova lei ajudaria na recuperação econômica não se sustenta, uma vez que não conseguirá criar novos postos de trabalho. O único resultado seria a precarização do que já existe.
Para a CUT, a negociação direta entre patrões e empregados, em um momento de recessão e desemprego, favorece o estabelecimento de regras exploratórias. Em resumo, a reforma praticamente acaba com a CLT.
“De uma forma geral o projeto tem como objetivo anular os direitos conquistados em mais de 70 anos de lutas sindicais e sociais no Brasil. Nem o Regime Militar, que instalou no país um modelo de acumulação de capital extraordinário ousou tanto”.
3. O que muda na jornada dos trabalhadores?
Na lei antiga, a jornada de trabalho é limitada hoje a 8 horas diárias. A CLT autoriza um limite de até 10 horas diárias (8 horas com acréscimo de até 2 horas extras) em casos de acordo, mas deve-se respeitar o limite semanal, de 44 horas.
Caso a reforma passe como está, o tema poderá ser negociado dentro dos seguintes termos: limite diário de 12 horas, semanal de 48 horas (sendo 4 horas extras), e fica estabelecido o limite mensal de 220 horas. Caso um funcionário trabalhe 12 horas seguidas, tem direito a 36 horas seguidas de descanso.
Deslocamento
A CLT também prevê, nos casos em que o empregador fornece transporte em razão do difícil acesso ao local de trabalho, o tempo gasto nesse deslocamento conta como jornada diária do trabalhador. Isso deixará de existir com a aprovação final da reforma.
Descanso
O funcionário que trabalha mais de 6 horas por dia tem direito a no mínimo 1 hora de descanso para se alimentar ou repousar. Isso poderá, com as novas regras, ser objeto de acordo, com um mínimo de 30 minutos – nesse caso, o trabalhador poderá ir para casa 30 minutos mais cedo.
Banco de horas
Os termos do banco de horas poderão, com a reforma, ser negociados individualmente, com um prazo máximo de seis meses para compensaro excesso de horas trabalhadas. Hoje, o acordo deve ser coletivo, com um prazo máximo de um ano para compensação. Caso o prazo seja excedido, a lei permanece igual: compensação em dinheiro com acréscimo de 50%.
4. O que acontece com o 13º salário?
A lei permanece a mesma. O funcionário tem direito a receber um salário adicional por ano, podendo ser parcelado em duas vezes: uma parcela quitada até no máximo 30 de novembro e a segunda, 20 de dezembro. A nova lei estabelece que o 13º não pode ser objeto de acordo.
5. O que acontece com as férias?
A lei em vigor prevê que as férias anuais de 30 dias podem ser divididas em no máximo duas vezes que não podem ter período inferior a 10 dias. Já a proposta autoriza parcelar em até 3 vezes, sendo que um dos períodos de descanso deve ter no mínimo 15 dias, e nenhum pode ser inferior a 5 dias.
1 – Como ficam os contratos de trabalho?
Com a nova regra, o empregador não precisa se limitar ao contrato fixo. Ele pode contratar um empregado de forma intermitente, ou seja, sem horário fixo, acionando-o três dias antes de dar início ao trabalho. Os contratos parciais também são autorizados elo Governo, com uma jornada de trabalho de até 30 horas por semana.
2 – O que muda na jornada de trabalho?
O empregador terá liberdade para negociar a jornada de trabalho com o empregado. Será possível, por exemplo, criar uma jornada de 12 horas por dia com 36 horas de descanso. Antes da reforma, o Ministério do trabalho só permitia 8 horas diárias e 44 horas semanais.
Pela regra antiga, o tempo de transporte podia ser considerado uma parte da jornada de trabalho. Com a reforma, o deslocamento deixa de valer na jornada. Outras atividades também deixam de ser contadas como horas trabalhadas, como alimentação, troca de uniforme, higiene pessoal e estudo.
3 – Como fica o horário de almoço?
A reforma reduz horário de almoço. Antes, o empregador era obrigado a conceder 1 hora para o trabalhador almoçar. Com as novas regras, o tempo diminuiu para 30 minutos.
4 – Qual o impacto da reforma na política de horas extras?
Hoje, os trabalhadores podem fazer até duas horas extras por dia. Eles recebem 50% a mais pelo tempo que vai além da jornada de trabalho. A regra não valia para contratos parciais, porém, com a reforma, ela passa a valer.
5 – Haverá mudanças nas férias do trabalhador?
Sim. Com a reforma, o empregado poderá negociar com o seu patrão a divisão das férias de 30 dias em três períodos.
Direitos que não podem mudar. 
Direitos que não podem mudar
Os pagamentos do FGTS, 13º salário, seguro-desemprego e salário-família;
O adicional de hora extra, a licença-maternidade (de 120 dias) e o aviso prévio proporcional ao tempo de serviço;
Também não podem ser modificadas as normas de saúde, segurança e higiene do trabalho.
 Algumas dessas mudanças, como jornada de trabalho de 12 horas, atividades insalubres para gestantes e lactantes e representantes dos trabalhadores ainda podem sofrer mudanças.
6 – Como fica a contribuição sindical?
Antes da reforma, o trabalhador era obrigado a contribuir com o sindicato da sua categoria com o valor de um dia de trabalho. Com a reforma, isso deixa de ser obrigatório. Para que aconteça o desconto da contribuição sindical, o empregado terá que autorizar.
7 – O trabalho em home office é contemplado pela reforma?
A legislação trabalhista não falava sobre o home office, porém, isso está prestes a mudar. A reforma regulamenta o trabalho em casa, desde que a empresa contratante ofereça a infraestrutura necessária.
8 – Quem trabalha com carteira assinada perderá algum direito?
Não. Os direitos do trabalhador serão preservados, pois estão presentes na Constituição. Portanto, não haverá perdas com relação a fundo de garantia, férias, adicional noturno, décimo terceiro salário e outros direitos básicos.
9 – O salário pode ser reduzido?
Existe a possibilidade, afinal, a empresa poderá propor uma negociação. O salário pode reduzir, por exemplo, se o trabalhador concordar com uma jornada de trabalho menor. A remuneração também pode ser aumentada se a carga horária ficar maior.
10 – Existe risco de perder a licença-maternidade?
Com a reforma trabalhista, a mulher grávida ou lactante terá que comprovar que o seu trabalho traz algum problema para a gravidez ou para a criança, através da apresentação de um laudo médico. Portanto, o afastamento não poderá acontecer mais de forma automática.
11 – Como fica o FGTS?
Na despedida sem justa causa, por iniciativa do empregador, a multa de 40% do FGTS continua existindo. Não houve alteração.
12 – É possível entrar na Justiça após a rescisão de contrato?
Pela nova lei, o trabalhador que assina a sua rescisão perde o direito de entrar na Justiça contra a empresa contratante.
13 – Quando entrará em vigor a reforma trabalhista?
A reforma foi sancionada neste mês de julho e entrará em vigor dentro de quatro meses. Portanto, as novas regras valerão a partir de novembro.
1. O que é a Reforma da Previdência proposta pelo governo?
A Reforma da Previdência é a proposta de emenda constitucional (PEC 287) que unifica e racionaliza as regras para acesso aos benefícios previdenciários para homens e mulheres, trabalhadores do setor privado e setor público, com domicílio urbano e rural.
A proposta estabelece que uma pessoa deve ter no mínimo 65 anos de idade e 25 anos de contribuição para a Previdência para poder se aposentar, independentemente de gênero, domicílio e tipo de trabalho. Sob as regras vigentes atualmente, é possível se aposentar por tempo de contribuição (35 anos para homens e 30 anos para mulheres) ou por idade (65 anos para homens e 60 anos para mulheres), mas há regimes especiais que diminuem o tempo necessário para a aposentadoria, como é o caso dos trabalhadores do setor rural, por exemplo. Homens acima de 50 anos e mulheres acima de 45 anos estão em uma regra de transição, devendo trabalhar 50% a mais em relação ao tempo restante para a aposentadoria nas regras atuais. O valor da aposentadoria concedida será 51% da média dos salários de contribuição, adicionados de 1 ponto percentual desta média para cada ano de contribuição do trabalhador, até o limite de 100%, respeitado o piso do salário mínimo e o teto da Previdência.
Nas pensões por morte, a proposta estabelece um valor básico de 50% dos proventos do servidor aposentado, acrescentados de 10 pontos percentuais para cada dependente, sendo proibida a acumulação com outro benefício previdenciário.
Nos benefícios assistenciais do LOAS/BPC, a idade mínima de elegibilidade será aumentada de 65 para 70 anos, em uma transição de 10 anos, cabendo a lei ainda a ser enviada ao Congresso definir novas regras, em relação ao valor e os requisitos financeiros para acesso ao benefício.
Por fim, a reforma propõe medidas do lado das receitas da Previdência rural, com o fim da desoneração sobre as receitas de exportação do setor rural e a regulamentação de uma contribuição previdenciária rural.
Por que a reforma é necessária?
A Reforma da Previdência é necessária, dado o envelhecimento da população brasileira, em um regime previdenciário com regras generosas para concessão de benefícios, como a baixa idade de aposentadoria. Isso implica que o nível atual de gasto, que já é elevado para o nosso perfil demográfico, crescerá continuamente ao longo do tempo na ausência de reformas.
O envelhecimento da população brasileira será rápido e intenso. A razão entre o número de pessoas entre 15 e 64 anos e a população acima de 65 anos recuará de 9 em 2016, para 4 nos próximos 20 anos e para 2 nos próximos 40 anos, marcando o fim do bônus demográfico. Dois fatores explicam essa alta: a diminuição da taxa de natalidade (de 32% em 1980 para 14% em 2016, chegando em 10% em 2040) e o aumento significativo na expectativa de vida (em 1980, a expectativa de vida ao nascer era de 63 anos, em 2016 de 76 e chegará em 80 anos em 2040). Isso é relevante em um sistema previdenciário baseado no modelo de repartição, em que as contribuiçõesda geração atual de jovens financiam os benefícios da geração contemporânea de idosos.
Estimamos que, sem reformas, as despesas com previdência crescerão em média 0,30% do PIB por ano. As despesas de previdência como percentual do PIB dependem dos ritmos de aumento do número de  beneficiários e dos valores dos respectivos benefícios (de forma simplificada Δ(previdência/PIB) = Δbeneficiários + Δbenefício – inflação – crescimento real do PIB). Como a maior parte dos benefícios é atrelada ao salário mínimo e este é reajustado a cada ano pelas taxas de crescimento e inflação, os três últimos termos da equação se cancelam e a dinâmica dos gastos segue o crescimento de beneficiários. Como as despesas com previdência estarão próximas de 10% do PIB em 2020 e beneficiários crescerão em média 3,0% por ano entre 2020 e 2030, a despesa com previdência crescerá em média 0,30% do PIB no mesmo período.
Note que, se os benefícios deixarem de ter reajustes reais como o salário mínimo, haveria um alívio nessa tendência igual ao crescimento do PIB (na equação simplificada acima, os benefício se cancela com inflação e sobra o ganho do crescimento real do PIB).
A proposta presente na PEC busca principalmente adequar o crescimento do número de benificiários à nova realidade demográfica brasileira. A proposta também ajusta o valor de alguns benefícios com a desvinculação das pensões por morte e dos benefícios assistenciais do LOAS/BPC do salário mínimo. Entretanto as aposentadorias permanecem indexadas ao salário mínimo. Se não ocorrer no futuro alteração da regra atual de reajustes reais do salário mínimo, eventuais ganhos de produtividade da geração de jovens trabalhadores continuarão sendo incorporados para idosos aposentados, o que não é sustentável por longos períodos.
Quais as principais distorções do regime de Previdência brasileiro?
As principais distorções da Previdência brasileira são a baixa idade de aposentadoria, a existência de diferentes regras e regimes especiais para acesso aos benefícios e a coexistência de benefícios contributivos com não contributivos. A reforma busca corrigir esses pontos, estabelecendo regras unificadas para uma idade mínima de aposentadoria de 65 anos, regulamentando a contribuição da previdência rural e alterando regras de acesso às pensões por morte e benefícios do LOAS/BPC. 
A Previdência Rural é a única fonte de desequilíbrio da Previdência? 
Não. A demografia desfavorável afetará também o gasto e o déficit com a previdência urbana (0,8% do PIB em 2016) ano após ano. De todo modo, tomando como partida um déficit da previdência rural de 1,7% do PIB em 2016, a melhora nas condições de vida nas áreas rurais e a elevada judicialização na concessão dos benefícios previdenciários rurais, a adoção de medidas para o reequilíbrio da previdência rural, tanto do lado da despesa quanto do lado da receita, sob o princípio da unificação das regras, está na direção correta.
Quando comparada a outros países, a idade mínima de 65 anos é razoável?
Sim. O Brasil é um dos países com as menores idades médias de aposentadoria no mundo. Segundo a OCDE, De 34 países analisados pela OCDE, 7 possuem idade mínima de aposentadoria abaixo de 65 anos, mas nenhum abaixo dos 60 anos, como é o caso dos 56 anos de idade média do Brasil.
O aumento da idade de aposentadoria afeta mais intensamente os mais pobres? 
Não. O aumento da idade afeta mais intensamente justamente os trabalhadores de renda mais elevada. Estes atingem o tempo de contribuição mínimo para aposentadoria mais rapidamente, em razão do grau de qualificação e de estabilidade do seu emprego. Além disso, combinada ao atingimento da idade de aposentadoria precoce, a remuneração média elevada aumenta o valor da aposentadoria recebida, representando forte pressão nos gastos com previdência. Os trabalhadores de menor renda, por sua vez, apesar de entrarem mais cedo no mercado de trabalho, estão sujeitos a um grau maior de informalidade e usualmente se aposentam por idade, isto é, aos 65 anos se homens e 60 anos se mulheres, sob as regras atuais. De fato, o benefício médio concedido é maior nas aposentadorias por tempo de contribuição do que nas aposentadorias por idade, em que costumam ser próximas ao piso previdenciário do salário mínimo. A adoção de uma idade mínima, portanto, dificulta principalmente a aposentadoria precoce por tempo de contribuição, que gera benefícios médios maiores, e, logo, está associada à parcela mais rica da população.
Qual a importância da regra de transição?
A regra de transição define o impacto de médio prazo com a elevação da idade de aposentadoria no gasto com previdência.  Com a regra de transição proposta, por exemplo, a partir de 2027 é esperado que o ritmo de crescimento dos beneficiários da previdência tenha um recuo mais forte, pois a maioria da população passaria a estar totalmente sujeita as novas regras.
Por que não fazer uma reforma apenas para os novos entrantes?
Uma reforma com mudanças apenas para os novos entrantes levaria em torno de 30 anos para gerar impacto. Dada a perspectiva de envelhecimento da população até lá e um gasto previdenciário já elevado, as consequentes trajetórias da despesa e da dívida pública alinhadas a essa transição longa seriam insustentáveis.
Existem exceções nas novas regras de aposentadoria? 
Sim. A principal exceção é o regime especial dos militares tanto da União, quanto dos governos estaduais, que devem ser tratados em proposta a parte ou nas assembleias legislativas estaduais. Além dos militares, a proposta manteve as aposentadorias especiais por exposição de agente nocivo e para pessoas com deficiência.
Se aprovada, a partir de que ano a reforma da Previdência começa a ter impacto nos resultados fiscais? 
O impacto começa em 2018, principalmente em razão das medidas de receitas na Previdência rural, e é crescente ao longo do tempo. A economia com a idade mínima se acentua a partir de 2020 e atinge o ponto máximo entre 2027 e 2034.
Qual o impacto das medidas propostas no ritmo de crescimento de beneficiários da Previdência?
Sem a reforma, o número de beneficiários da Previdência cresce em média 3,5% ao ano, em linha com a população acima de 55 anos, a idade média de aposentadoria atual. Com a reforma proposta, estimamos que o número de beneficiários da previdência cresceria em média 1,5% ao ano entre 2018 e 2030.
Qual o impacto das medidas propostas no gasto e no déficit da Previdência?
A reforma proposta permite uma economia de cerca de 1,4% do PIB no gasto com previdência e de 1,5% do PIB no déficit da Previdência, até 2025, em relação ao cenário sem reformas. Se as medidas forem aprovadas, o gasto e o déficit da Previdência estarão em torno de 8,9% e 3,1% do PIB em 2025, contra 8,2% e 2,5% do PIB em 2016 e 10,3% e 4,6% do PIB, caso nenhuma reforma seja aprovada.
Se além da reforma, o salário mínimo se mantiver apenas constante em termos reais, o gasto e o déficit ficarão em torno de 7,8% e 2,0% do PIB, ligeiramente abaixo dos níveis de 2016. Dos gastos da previdência, 66% estão indexadas ao indicador. E o salário mínimo teve reajustes reais significativos nos últimos anos. Assim, a regra incorporou ganhos de produtividade da geração de jovens trabalhadores para idosos aposentados. Isso não é sustentável economicamente por longos períodos e exerceria forte pressão para a inviabilidade do cumprimento do teto de gastos.
A Reforma da Previdência proposta possibilita o cumprimento do teto de gastos até 2025?
Sim, se no futuro o valor das aposentadorias crescer na média com inflação. Sem reforma, estimamos que a previdência, que em 2016 equivale a 40% do total dos gastos primários, corresponderia 65% dos gastos em 2025. Com a reforma e mantendo a regra de ganhos reais para o salário mínimo, essa despesa seria de 55% dos gastos, enquanto seria de 48% se o valor das aposentadorias crescer apenas com a inflação.
Adicionalmente, vale notar que possíveis flexibilizações na PEC realizadas pelo Congresso, sobretudo na regra de transiçãopara a adoção de uma idade mínima, postergariam os impactos no gasto previdenciário, podendo inviabilizar o cumprimento do teto. Sem a garantia de que o teto permanecerá factível ao longo do tempo, a taxa real de juros aumentaria e o crescimento da economia diminuiria, o que poderia levar a um retorno a trajetória insustentável de aumento da dívida pública.
A reforma da Previdência ajudará a resolver a situação dos estados?
Sim. A reforma engloba os servidores públicos estaduais e elimina regimes especiais de aposentadoria para os servidores civis (professores, por exemplo), que pressionam o gasto dos estados. De fato, o gasto com inativos é a principal fonte de desequilíbrio do gasto primário estadual. O crescimento real médio anual dessa despesa saltou de 3% entre 2000 e 2009 para 20% entre 2012 e 2016. O envelhecimento da população e a baixa idade de aposentadoria foram uma das principais razões para esse desequilíbrio e estão sendo atacados na proposta. Por outro lado, o fim da equiparação dos reajustes entre ativos e inativos, aumentos da alíquota de contribuição dos servidores e a previdência dos servidores militares estaduais não estão incluídos na proposta e devem ficar a cargo das assembleias legislativas estaduais.
O que ocorrerá se o Congresso rejeitar a proposta de Reforma da Previdência?
Sem reforma da Previdência, o governo não conseguirá cumprir o teto de gastos ao longo do tempo e a trajetória da dívida pública se tornaria insustentável. Sem a perspectiva de estabilização da dívida no médio prazo, o crescimento da economia seria menor e as taxas reais de juros seriam maiores. Eventualmente, o ajuste seria por meio de aceleração forte da inflação ou alguma iniciativa com fortes impactos negativos para a população, como ocorreu na Grécia. O desajuste fiscal do país gerou uma contração acumulada de cerca 32% na sua economia desde 2008 e retirou direitos da sociedade. Além disso, entre outras medidas compensatórias, muito provavelmente teríamos um aumento de pelo menos 4 pontos percentuais do PIB na carga tributária, para financiar o déficit crescente da Previdência, o que dificultaria sobremodo a recuperação da economia.

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