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FLUIDOTERAPIA Terapêutica Veterinária 2017/1 Na Medicina Veterinária 07:45 1 - INTRODUÇÃO • Situações clínicas: •A fluidoterapia é a prática de reposição de líquidos e eletrólitos a um animal que apresente desequilíbrio hídrico, eletrolítico e/ou ácido-básico. Desidratação, reposição de perdas diárias, manutenção do acesso vascular para administrar medicamentos ou preservação da função renal 07:45 • Grande parte das afecções • Desequilíbrio – Hídrico ou eletrolítico • Rotina – esquemas errados • Volume inadequado • Fluido errado • Velocidade errada 07:45 • Tratamento suporte • Doença de base deve ser diagnosticada e tratada • Baseada em estimativas de déficits eletrolíticos e de substâncias alcalinizantes e acidificantes. • Não repõe os déficits exatos e o paciente que está recebendo deve ser monitorado constantemente. 07:45 •A fluidoterapia é a prática de reposição de líquidos e eletrólitos a um animal que apresente desequilíbrio hídrico, eletrolítico e/ou ácido-básico. FLUIDOTERAPIA SOROTERAPIA 07:45 • É um tratamento de suporte. O diagnóstico e o tratamento da doença de base são fundamentais para a cura do paciente. É vital no manejo clínico do doente. 1- A fluidoterapia é indicada? Como avaliar a desidratação? 2- Que tipo de fluido devo empregar? 3- Qual a via de administração do fluido? 4- Qual a velocidade de administração do fluido? 5- Qual a quantidade de fluido a ser administrado? 07:45 2 . DINÂMICA DOS FLUIDOS CORPORAIS Quantidade de água corporal total de acordo com a classe do animal Obesos 50% Adultos de raças grandes 50% Adultos de raças pequenas 70% Jovens 70% Neonatos 80% 2.1 Distribuição dos fluidos e eletrólitos corporais Animal adulto 60% 07:45 2 . DINÂMICA DOS FLUIDOS CORPORAIS 2/3 Meio intracelular – MIC – 40% do PV 1/3 Meio extracelular – MEC – 20% do PV Animal adulto 60% MEC 20% água intersticial – 15% água intravascular – 5% MEC e MIC são compartimentos dinâmicos – ocorre passagem de água, eletrólitos e outras substâncias de baixo peso molecular entre eles constantemente 07:45 Predomina no MEC Predomina no MIC Sódio Bicarbonato Cloreto Potássio Magnésio Proteínas e fosfato Os solutos eletrolíticos diferem entre o MEC e MIC, mas a pressão osmótica é igual (295mOs/ml/kg). A concentração de cátions é igual a de ânions. 07:45 Manutenção dos fluidos e eletrólitos corporais ÁGUA CONSUMIDA = ÁGUA PERDIDA • Manutenção: o volume de fluido e a quantidade de eletrólitos que o animal consome diariamente para manter o volume da ACT e o teor eletrolítico normais Perdas não fisiológicas - Vômito - Diarreia - Poliúria - Sudorese intensa - Sialorréia Ganho - Ingestão H²O - Oxidação de alimentos Perdas fisiológicas - Respiração - Fezes - urina 07:45 • Cada espécie animal possui uma necessidade diária de água, e mesmo dentre espécies, há variações em relação à idade, estado fisiológico e individualidade metabólica. Cães e gatos Pequeno porte - 60 ml/kg/dia Grande porte - 40 ml/kg/ dia Neonatos - 150 ml/kg/dia Grandes animais 50 ml/kg/dia 07:45 3. Desidratação • Causas da desidratação • Tecnicamente se refere a perda de água pura, mas a desidratação é geralmente acompanhada por perda de eletrólitos 07:45 • Causas da desidratação 1 – Redução do consumo hídrico - A ausência de consumo alimentar também reduz a água disponível (água de oxidação); - Privação acidental ou deliberada de água e alimentos - Os centros do apetite e da sede podem ficar deprimidos em animais sistemicamente doentes 2 – Aumento da perda - Urinária (poliúria); - Gastrintestinal (vômito e diarreia) - Respiratória (febre e taquipneia) - Pele (queimaduras e ferimentos extensos); - Salivação excessiva 07:45 • A magnitude desses desvios depende da tonicidade e da pressão hidrostática do fluido do MEC remanescente. Consequentemente, podem ocorrer desidratações em graus diferentes nos vários compartimentos. 07:45 1º - Fluido intravascular Compartimentos intracelular e intersticial • A perda aguda de fluidos e eletrólitos em um processo patológico Tipos de desidratação • Desidratação isotônica: perda de água e eletrólitos em proporção semelhantes aos encontrados no soro normal: ex: vômito, diarreia, hemorragia. • Desidratação Hipertônica: perda predominantemente de água. Ex: diabetes insipidus, febre), perda de fluidos hipotônicos (ex: vômito, diarreia, diabetes melito, IR e queimaduras • Desidratação hipotônica: concentração sérica de sódio baixa no momento da desidratação. Perda excessiva de soluto da concentração no soro normal, ou seja, uma perda hipertônica. • Definido com base na concentração sérica de sódio no momento da desidratação 1ª 2ª 3ª 07:45 DETECÇÃO DA DESIDRATAÇÃO •Anamnese • Exame clínico • Exames laboratoriais 07:45 DETECÇÃO DA DESIDRATAÇÃO • Anamnese • Sugere o tipo de desidratação 07:45 • Houve diarreia ou vômito? • Apresenta poliúria, polidpsia ou anorexia? • Está ingerindo água voluntariamente ou involuntariamente? • Quando começaram os sinais? • Está tomando alguma medicação? • Uso de diuréticos – desidratação isso ou hipertônica com perda de Potássio • IRA ou obstrução – iso ou hiper – com retenção de potássio ... Estimativa da desidratação ao exame clínico 07:45 • Exame clínico • Elasticidade da pele (turgor cutâneo) * • TPC • Coloração e ressecamento de mucosas * • Temperatura de extremidades • Retração do bulbo ocular * Estimativa da desidratação ao exame clínico Desidratação Sinais Clínicos < 5% Sem sintomas característicos Baseado na anamnese 5 a 6% Elasticidade da pele (turgor) levemente diminuída Diminui a umidificação das mucosas Aumenta a concentração urinária Animal se cansa facilmente 6 a 8% Elasticidade da pele diminuída Mucosas secas Retração do bulbo ocular TPC = 2 segundos Conjuntiva congesta e seca Urina concentrada e escassa 10 a 12% Elasticidade da pele gravemente diminuída TPC > 2 segundos Aumento da retração do bulbo ocular Mucosas pálidas e anêmicas Aumento da FC, pulso fraco e filiforme Extremidades frias Início de choque 12 a 15% Sinais de choque Colapso e depressão grave Morte iminente 07:45 • Exame clínico 07:45 Exames laboratoriais a) Proteínas totais b) Hematócrito c) Densidade urinária 07:45 4 - CARACTERÍSTICAS DAS SOLUÇÕES E RECOMENDAÇÕES CLÍNICAS • Cristalóides Soluções contendo solutos eletrolíticos capazes de penetrar nos compartimentos corporais. Ex.: glicose 5%, NaCl a 0,9%, Ringer com Lactato, etc • Colóides São soluções com substâncias de alto peso molecular que se mantêm exclusivamente no plasma. Ex.: Plasma, Dextran, etc. • Outras sangue, hemoglobina livre, soluções para nutrição parenteral 07:45 RINGER LACTATO Alcalinizante – ph 6,5 • Reposição de eletrólitos e fluidos corporais Cloreto de sódio (Nacl) Cloreto de potássio (KCl) Cloreto de cálcio (CaCl²) Lactato de sódio Glicose e HCO³ (bicarbonato) • Solução mais utilizada na rotina 07:45 Não se pode adicionar bicarbonato de sódio a esta solução, pois ocorrerá a formação de cálcio insolúvel. Não utilizar na hiperpotassemia. Ex.: IRA • Solução mais utilizada na rotina RINGER LACTATO 07:45 RINGER - Acidificante na alcalose e para reposição eletrolítica Solução acidificante Cloreto de sódio (Nacl) Cloreto de potássio (KCl) Cloreto de cálcio (CaCl²) Lactato de sódioNão se pode adicionar bicarbonato de sódio a esta solução, pois ocorrerá a formação de cálcio insolúvel. Não utilizar na hiperpostassemia 07:45 CLORETO DE SÓDIO 0,9% • Solução isotônica (0,9%) • Concentração de sódio semelhante ao LEC, porém cloreto mais alta. • Não exibe os outros eletrólitos do LEC • Utilizada como acidificante na alcalose e para corrigir o déficit de volume extracelular • Muito utilizada como veículos de fármacos, podendo ser associada a outras soluções. A sua utilização na IC requer associação com glicosada a 5%. 1:1 ou 1:2 07:45 CLORETO DE SÓDIO 7,5% • Uso principal em hipovolemia e hipotensão graves • Aumenta o volume circulante em 20 a 25%, aumenta o fluxo renal e o débito cardíaco. • Retira água da célula e do interstício. • Aumenta o sódio extracelular e a excreção renal de potássio. • Utilizar 4 ml/kg em infusão rápida de 10 a 15 min, com duração do efeito de 30 a 60 minutos 07:45 GLICOSE 5% • Solução isotônica isenta de eletrólitos. • Corrige desidratação hipotônica • Infusão de glicose 5% não repõe necessidade energética dos animais, que é de 75 kcal/kg/dia. • Efeito dilucional dos eletrólitos do plasma e interstício. • Favorece a entrada de água e potássio para o interior das células. Sendo recomendada em situações de hipercalemia. 07:45 5 - VIAS DE ADMINISTRAÇÃO • VIA ORAL • VIA SUBCUTÂNEA • VIA INTRAVENOSA • VIA INTRAPERITONEAL • VIA INTRAÓSSEA 07:45 Via Oral • Via mais fácil e fisiológica • Não necessita de fluido estéril, nem que a composição seja absolutamente equilibrada – a absorção é seletiva • Necessário que o sistema digestivo esteja apto para absorção • Usado em desidratações leves • Necessário absorção maior e mais confiável 07:45 Via Oral “soro caseiro” • 200 ml de água filtrada • 1 colher de chá de açúcar • 1 colher de café de sal de cozinha • Administrar em pequenas quantidades (1 a 2 ml/kg/ hora) • A cada meia hora ou de hora em hora durante todo o dia para não estimular o vômito 07:45 Via Subcutânea (SC) • Fácil administração – usada em peq. animais quando o acesso é difícil • Ideal 20 mL por local • Importante não exceder 10 ml/kg • Possui absorção mais lenta que a via IV e só admite soluções isotônicas e não irritantes • Caso haja alteração circulatória é contra indicado – vasoconstrição periférica diminui absorção. 07:45 Via intravenosa (IV) • Via ideal para efetuar reidratação rápida • Admite soluções isotônicas e não-isotônicas, além de poderem ser administrados grandes volume • Única via na qual se pode realizar nutrição parenteral • Veias de eleição – jugular, cefálica e safena lateral. 07:45 Via intraperitoneal (IP) • A princípio qualquer solução pode ser administrada por essa via, mas recomenda-se soluções isotônicas não irritantes • Via alternativa quando a punção venosa é difícil e apresenta maior absorção que pela via SC • Admite grandes quantidades de fluido e não há necessidade de controle da velocidade de administração • Risco = peritonite – assepsia tem que ser rigorosa • Lenta absorção 07:45 Via intraóssea (IO) • Introdução direta de fluidos na cavidade medular • Indicada para neonatos e filhotes quando necessita de acesso rápido em animal muito desidratado. • Necessária experiência do clínico para a sua execução. • Feita no fêmur na fossa intratrocantérica, na asa do ílio, ou na tuberosidade tibial • Alta absorção, porém é dolorosa e há risco de osteomielite 07:45 6 - Cálculo de reposição de fluidos • Reposição • Manutenção • Perdas extras 07:45 Reposição • É o volume de líquido a ser reposto baseado no volume perdido, ou seja, na estimação de desidratação do animal. O volume calculado deve ser reposto em 3 dias, sendo 50% no primeiro e os 50% restantes nos próximos dois. Exemplo: • Peso X desidratação = volume litros Ex: cão 10 kg; 10% desidratação; 10 kg X 10% = 1 litro 50% no 1º dia; 25% no 2º dia e 25% no 3º dia 07:45 Manutenção • É o volume de perdas diárias do animal que deve ser resposta a cada dia. Este volume é a soma das perdas sensíveis (urina, fezes) e insensíveis (respiração, suor) e varia de 40 a 60 mL/kg/dia de acordo com a espécie e tamanho do animal. • 40 a 60 ml/kg/dia 07:45 Perdas extras • Também chamadas de perdas contínuas, é o volume que o animal está perdendo de maneira não fisiológica, como na diarreia e vômito. • Vômito: 40 ml/kg/dia • Diarréia: 50 ml/kg/dia • Vômito + diarreia = 60 ml/kg/dia 07:45 Vômito: 40 ml/kg/dia Diarréia: 50 ml/kg/dia Vômito + diarreia = 60 ml/kg/dia 40 a 60 ml/kg/dia Peso X desidratação = volume litrosREPOSIÇÃO MANUTENÇÃO PERDAS EXTRAS 07:45 Velocidade de infusão • De maneira geral: 10 a 15 mL/kg/h (1mL = 15 a 20 gotas) • Cardiopata = não exceder 4 mL/kg/ hora Equipo Macrogotas: 1 ml = 20 gotas Equipo Microgotas: 1 ml = 60 gotas 07:45 07:45 Caso 1 • Nina • Espécie: canina • Sem raça definida • Peso: 12 kg • Diagnóstico parvovirose • Desidratação 8%; • Vômito e diarreia • Calcule a fluidoterapia • Qual a via mais indicada • Prescreva antibioticoterapia (Metronidazol) 07:45 Caso 2 • Lassie • Espécie: canina • Raça: Collie • Peso: 28 kg • Diagnóstico: Gastrite aguda alimentar • Desidratação 7%; • Vômito • Calcule a fluidoterapia • Qual a via mais indicada • Prescreva metoclopramida e ranitidina 07:45 Caso 3 • Amendoim • Espécie: canina • Raça: SRD • Peso: 8 kg • Diagnóstico: sem diagnóstico • Desidratação 8%; • Diarréia • Calcule a fluidoterapia • Qual a via mais indicada • Prescreva enrofloxacino, metoclopramida, ranitidina 07:45 07:45
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