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TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ 
Curso de Direito 
ENFRENTAMENTO DA EPIDEMIA DE HIV COMO DEFESA DOS
DIREITOS HUMANOS DA POPULAÇÃO LGBT
Devail Guterres da Silva
Rio de Janeiro
2017
2
Devail Guterres da Silva
ENFRENTAMENTO DA EPIDEMIA DE HIV COMO DEFESA DOS
DIREITOS HUMANOS DA POPULAÇÃO LGBT
Artigo Científico Jurídico apresentado à Universidade
Estácio de Sá, Curso de Direito, como requisito parcial
para a conclusão da disciplina Trabalho de Conclusão de
Curso. 
Orientadora: Professora Mariana de Freitas Rasga 
 
 
Rio de Janeiro 
Campus Presidente Vargas
2017
3
Enfrentamento da Epidemia de HIV como Defesa dos Direitos
Humanos da População LGBT
Devail Guterres da Silva*
RESUMO
O objetivo deste trabalho e propor a efetivação de direitos humanos da população
LGBT condizente com a realidade social e das necessidades primárias em suas
especifidades, promovendo a qualidade de vida das pessoas vivendo com HIV e
Aids, através da defesa dos direitos humanos fundamentais, da garantia de acesso à
informação, da luta contra a discriminação e outras formas de exclusão social, pela
edificação de uma sociedade mais solidária e socialmente justa. Visto que a violação
de direitos fundamentais pelo Estado, afrontam os Diretos Humanos a que estamos
formalmente submetidos, trazendo a discussão a baila, possibilitando a reformulação
da discussão do tema no senso comum, assim como a ventilação de temas
Constitucionais para além da bolha acadêmica. Para cumprir os objetivos da
discussão e preciso verificar antecedentes e fatores históricos que impactaram a
sociedade, e de que maneira a acadêmia aloca essas questões ao conteúdo
pragmático. Ainda que a discussão do tema ainda permeie timidamente os
programas do Estado, e que se submetem o ensino formal. A quantidade de
violações, além dos homicídios diários, ainda que não registrados como de origem
homofóbica e suas variáveis, e que mais impactam as características relevantes e
que primam pela necessidade de reformulação temática. Verificou-se que a saúde
como direito fundamental vem sendo negligenciada de forma estruturada,
necessitando contenção nos meios sociais no combate a epidemia de HIV/AIDS.
Desta forma, objetiva-se promover debate analítico sobre o tema Constitucional.
Palavra-chave: Direitos Humanos; LGBT; HIV/AIDS; Constitucional
SUMÁRIO
1. Introdução; 1.1 Justificativa; 2. Desigualdade e o Défice Democrático; 2.1
Desenvolvimento Humano; 3. Bem Jurídico Tutelado; 4. Discriminação e
Intolerâncias Correlatas; 4.1 Feminicídio; 4.2 Racismo; 4.3 LGBTfobia; 5.
Institucionaliação e Sistêmica do Ódio; 5.1 Legum Odio – Ódio Legislativo; 5.2
Sacrum Odio – Ódio Religioso; 5.3 Exsecutivam Odio – Ódio Executivo; 6. Estigma
Social - Isolamento, Apartamento e Morte Civil; 7. O Protagonismo da Saúde LGBT
nos Direitos Humanos; 8. O Direito no Combate a Epidemia; 9. Ações Propositivas e
Enfrentamento; 10. Conclusão; 11. Referências Bibliográficas
 
________________________
*Graduando do Curso de Direito da Universidade Estácio de Sá 
4
ENFRENTAMENTO DA EPIDEMIA DE HIV COMO DEFESA DOS
DIREITOS HUMANOS DA POPULAÇÃO LGBT
Devail Guterres
1. INTRODUÇÃO
Desassociar e apartar coletivos, elitizando e funcionalizando as necessidades
humanas nos Direitos Humanos, hierarquizando conforme dogmas morais não é
novidade. A constante necessidade de reafirmar, deslocar e alocar direitos
fundamentais constitucionais fundamentais de habitação, saúde e educação de
grupos, é entre outros o que motiva produção de ensaios como este. 
O deficit democrático1 causado pela desigualdade, amalgamado pela
discriminação, inserido na econômica, estabelece entraves, apartando grupos do
combate e nas pautas de discussões sobre violações dos Direitos Humanos, não
pode em hipótese alguma prosperar, sob pena de estabelecer e fortalecer novas
formas e meios para a manutenção de privilégios e ideocracias prejudiciais a
igualdade e justiça social.
A conservação do diálogo e ventilação dos temas permitem análise em
especifidades, possibilitando economia processual que formam novas leis e que
consequentemente oneram o erário, essas as quais sem a devida efetivação.
Este canal, revisando a máquina sempre obsoleta de efetivação de
democracia, ao contrastar o fenômeno da desigualdade de um a população diversa
e sucateada de mínimos e básicos direitos, se contrapõe com uma estrutura cultural
genocida normativa e regulamentada.
A análise, além da experiência pessoal e acadêmica, propõe trilhas e prismas
que devem integrar a dinâmica em favor de uma consciência humanitária no
combate a LGBTfobia2, especificamente aos portadores de HIV/AIDS. 
________________________
1.Défice Democrático - Inicialmente termo utilizado por aqueles que defendem que as instituições da UE e os respetivos 
procedimentos de tomada de decisão carecem de legitimidade democrática e, devido à sua complexidade, parecem 
inacessíveis aos cidadãos.
2.Hostilidade em geral a um amplo espectro identitário de sexualidades, além do homossexualismo masculino.
5
A confrontação de violações de direitos, forçam caminhos para uma nova
ordem de igualdade social além dos meios de discussão e exercício de cidadania,
reconhecendo o valor do estudo de origem comunitária e de espaços paraestatais,
através da reflexão e do compromisso dos operadores de direito na promoção de
conteúdo igualitário nas relações interpessoais na área da saúde e direitos.
Embasado na proposta dos conceitos os quais a Saúde Pública,
especialmente em AIDS3, devem interligar-se nos Direitos Humanos, objetivando a
redução de danos, de forma pragmática para a epidemia do HIV4.
O trabalho apresentado não é uma abordagem individual, representa antigas
aspirações de uma coletividade vilipendiada, que paralelo ao movimento negro,
esquivam-se de lâmpadas, linchamentos e escárnios diários de uma sociedade
antidemocrática e genocida.
A metodologia utilizada no presente artigo pauta-se em pesquisa bibliográfica
e pesquisa narrativa, através de material que tratem da matéria, buscando dessa
forma consubstanciar o mesmo, com a opinião de ilustres pesquisadores, visando
corroborar a tese de Enfrentamento da Epidemia de HIV como Defesa de Direitos
Humanos da População LGBT. A pesquisa narrativa, no campo acadêmico, inclui
histórias de vida, autobiografias, relatos orais, depoimentos, vem sendo bastante
difundida. Pesquisadores como Nóvoa (1993, 2000), Pineau (1993, 2006), Josso
(2006), Goodson (2008), entre outros, têm apresentado trabalhos bastante
significativos. Segundo Nóvoa: 
[...] a utilização contemporânea das abordagens (auto) biográficas é fruto da insatisfação das
ciências sociais em relação ao tipo de saber produzido e da necessidade de uma renovação
dos modos de conhecimento científico...a nova atenção concedida [para esse tipo de
abordagem] no campo científico é a expressão de um movimento social mais
amplo...encontramo-nos perante uma mutação cultural que, pouco a pouco, faz reaparecer os
sujeitos face às estruturas e aos sistemas, a qualidade face à quantidade, a vivência face ao
instituído. (NÓVOA, 1993: 18) 
________________________
3.Sigla em inglês de SIDA – Síndrome da Imunodeficiência Adquirida
4.Sigla em inglês de VIH – Vírus da Imunodeficiência Humana
6
1.1 Justificativa
Ao referenciar esta análise para a comunidade acadêmica e ao assumir a
árdua defesa dos direitos humanos ante o senso comum, que repele de modo geral
a garantia de direitos básicos, não é de longe tarefa fácil, tampouco atuar em
questões tão básicasquanto necessárias.
Instrumentalizar a democracia, ante os dispositivos de manutenção de poder5
que mencionou Michel Foucault, que visam manter sobre controle o indivíduo e
mantê-los presos a padrões sociais, como lgbtfobia, racismo, ou machismo que
perseguem grupos distintos, requer dedicação devocional para desestruturação de
uma engenharia social que atua de modo a dar a impressão de que os esforços
dispensados nos movimentos sociais e suas conquistas, são em vão e
desproporcionais a máquina de manutenção de opressão.
A coragem de se opor aos que se estabelecem através da opressão e da
desigualdade, é que torna o profissional de direito que busca o seu sustento e à sua 
família em Advogado, se assim não faz não é advogado, imprimiu na história dos
Direitos Humanos no Brasil o jurista Sobral Pinto. 
2. DESIGUALDADE E O DÉFICE DEMOCRÁTICO
A desigualdade social impede o crescimento do IDH (Índice de
Desenvolvimento Humano), quem delata são os Relatórios do PNUD (Programa das
Nações Unidas para o Desenvolvimento), essa desigualdade é sustentada pelo
défice democrático, fomentado por regimes ditatoriais que controlam 43% da
população limitando liberdades cívicas e políticas, bem como organizações de
governança no mundo, que representam os mais poderosos.
Acentuando a desigualdade, que tem como exemplo, a expectativa de vida de
um recém-nascido no Japão em relação ao do Afeganistão, ou como a realidade da
________________________
5.Dispositivos de manutenção de poder - Um conjunto que engloba discursos, instituições, organizações arquitetônicas, 
decisões regulamentares, leis, medidas administrativas, enunciados científicos, proposições filosóficas, morais, filantrópicas. 
Em suma, o dito e o não dito são os elementos do dispositivo. O dispositivo é a rede que se pode tecer entre estes elementos 
(Foucault, 2000, p. 244). 
7
baixa participação política da mulher, separando desta forma o IDH em gênero e
binaridade, com mulheres trabalhando o dobro e recebendo a metade, o saldo
democrático em alguns países impede que o desenvolvimento e o crescimento
econômico sejam erradicados com a diminuição da pobreza. 
2.1 Desenvolvimento Humano
Apesar dos registros de progresso importantes no desenvolvimento humano,
os ganhos não são distribuídos igualitariamente. Mulheres, grupos étnicos raciais e
população LGBT avançam desigual e desproporcionalmente, como apontam
estatísticas. 
Nesse mesmo diapasão, as razões por que alguns grupos foram deixados
para trás no desenvolvimento humano, traz também as políticas e estratégias
nacionais e globais necessárias para alcançar as populações atualmente excluídas,
devendo-se portanto um alinhamento com mais justeza ao Princípio da Isonomia,
conhecido também como Princípio da Igualdade, avatares da democracia e
primordial dentro dos princípios constitucionais, consubstanciados no artigo 5º da
Constituição Federal.
Desta forma, detalhando estimativas, a coletividade LGBT, sem alternativa,
são empurrados para a prostituição pela falta de oportunidades, sucumbindo os
mais rechaçados e economicamente desprovidos, aprofundando drasticamente a
vala da desigualdade. 
A superação do distanciamento é complexa, envolvendo formas e áreas
distintas, mercado, sociedade civil, e reconhecer essa disparidade é fundamental
para o isolamento da miséria, que se ancora em regimes de governo opressores e
pseudo democráticos, que deveriam ter a principal função de proteção aos
direitos humanos fundamentais, como saúde, proteção legal, habitação, emprego, e
as oportunidades da vida política, econômica e cultural da sociedade.
Alinhar esses elementos em um cabo de força constante, nunca foi tarefa
fácil, ainda mais quando contrapostas por privilégios que se mantêm dessa
diferença, parafraseando Pilar del Rio - Presidenta da Fundação Saramago sobre
Direitos Humanos, que para corrigir um deficit democrático, entre outras demandas ,
8
deve se legalizar o casamento igualitário, bem como aplicar-se a equidade do papel
da mulher na sociedade, e lutar contra a opressão de gênero.
Corroborando com a lógica democrática, os tribunais já se manifestam com a
devida proteção de minorias sem representatividade, reconhecendo e efetuando a
aplicação da isonomia, bem como a dignidade da pessoa humana no
reconhecimento e qualificação da união estável homoafetiva como entidade familiar,
como a exemplo:
Supremo Tribunal Federal STF - AG.REG. NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO : RE 477554
MG
União civil entre pessoas do mesmo sexo - Alta relevância social e jurídico-constitucional da
questão pertinente às uniões homoafetivas - Legitimidade constitucional do reconhecimento e
qualificação da união estável homoafetiva como entidade familiar: Posição consagrada na
jurisprudência do supremo tribunal federal (ADPF 132/RJ e adi 4.277/DF) - O afeto como valor
jurídico impregnado de natureza constitucional: A valorização desse novo paradigma como
núcleo conformador do conceito de família - O direito à busca da felicidade, verdadeiro
postulado constitucional implícito e expressão de uma ideia-força que deriva do princípio da
essencial dignidade da pessoa humana - Alguns precedentes do supremo tribunal federal e da
suprema corte americana sobre o direito fundamental à busca da felicidade - Princípios de
Yogyakarta (2006)6: direito de qualquer pessoa de constituir família, independentemente de sua
orientação sexual ou identidade de gênero - Direito do companheiro, na união estável
homoafetiva, à percepção do benefício da pensão por morte de seu parceiro, desde que
observados os requisitos do art.1723 do Código Civil - o art. 226, § 3º, da lei fundamental
constitui típica norma de inclusão – A função contra majoritária do supremo tribunal federal no
estado democrático de direito - A proteção das minorias analisada na perspectiva de uma
concepção material de democracia constitucional - O dever constitucional do estado de impedir
(e, até mesmo, de punir) qualquer discriminação atentatória dos direitos e liberdades“
fundamentais (CF, art. 5 ) A força normativa dos princípios constitucionais e o fortalecimento da
jurisdição constitucional: Elementos que compõem o março doutrinário que confere suporte
teórico ao neoconstitucionalismo - recurso de agravo improvido. Ninguém pode ser privado de
seus direitos em razão de sua orientação sexual.
________________________
6.Princípios sobre a aplicação da legislação internacional de direitos humanos em relação à orientação sexual e identidade de 
gênero.
9
3. BEM JURÍDICO TUTELADO
No momento, a violação aos Direitos Humanos da população LGBT constitui
vilipêndio as normas e princípios constitucionais de bens jurídicos de uma
coletividade, do qual a premente necessidade e assegurar vidas ceifadas de formas
diversas, de uma rede fascista, opressora e sistêmica. O reconhecimento da
violação, se faz indispensável para a efetivação da democracia diante de minorias, e
promovendo a tutela da pessoa humana, uma das metas do Estado Democrático de
Direito7. 
No que tange a proteção dos direitos de LGBTs e outros direitos correlatos,
estabelece-se a partir da luta pelos Direitos Civis8 que amparou os ideais de
Stonewaal9, com lideranças trans negra e latina de Marsha Simpson e Sylvia Rivera
escorada pelo Movimento Panteras Negras. 
De acordo com Toledo (1994, p. 15) “Bem em um sentido mais amplo, é tudo
aquilo que nos apresenta como digno, útil, necessário valioso [...] Os bens são, pois,
coisas reais, ou objeto ideal dotado de” valor “, isto é, coisasmateriais e objetos
imateriais que além de ser o que são, valem”. 
Portanto, conforme supracitado, recomenda-se que a inclusão da abordagem
seja realizada. Estabelecendo engendrarem científica, controle educacional e
deontológico, órgãos controladores nas instituições, mormente o jurídico, e
posteriormente garantias institucionais que fomentem penalidades administrativas
perante os agentes.
Diante do cíclico retrocesso das garantias constitucionais, e da difícil
reparação e suas consequências, a comunidade acadêmica e científica, tem o dever
de erradicar movimentos contrários a construção do mínimo democrático o qual não
se limita apenas à práticas acima mencionadas.
________________________
7.O Estado democrático de direito é um conceito que designa qualquer Estado que se aplica a garantir o respeito das 
liberdades civis, ou seja, o respeito pelos direitos humanos e pelas garantias fundamentais, através do estabelecimento de 
uma proteção jurídica. 
8.Os direitos civis referem-se às liberdades individuais, como o direito de ir e vir, de dispor do próprio corpo, o direito à vida, à 
liberdade de expressão, à propriedade, à igualdade perante a lei, a não ser julgado fora de um processo regular, a não ter o lar 
violado. 
9.A Rebelião de Stonewall foi uma série de violentas manifestações espontâneas de membros da comunidade LGBT contra 
uma invasão da polícia de Nova York que aconteceu nas primeiras horas da manhã de 28 de junho de 1969.
10
Destarte, a estabilidade e segurança jurídica, se faz mister para a
manutenção da democracia como já referido, marcando cirurgicamente o bem
jurídico tutelado, determinando quais os bens jurídicos protegidos, por intermédio de
procedimentos mais funcionais no combate as violações direcionadas.
Ainda que falemos sobre o reconhecimento das violações de forma
individualizadas sobre grupos específicos, percebe-se que afetam diretamente o ser
humano, ultrapassa a esfera individual e alcança a espécie humana e sua dignidade,
identidade e integridade.
4. DISCRIMINAÇÃO E INTOLERÂNCIAS CORRELATAS
4.1 FEMINICÍDIO
Com a colocação no ranking mundial que oscila entre a sétima e quinta maior
na taxa de feminicídio, e segundo últimos dados Organização Mundial de Saúde
(OMS), e com o número de assassinatos de mulheres negras ascendendo 54% ,
passando de 1.864 para 2.875 até 2013, nos mantemos até hoje estagnados nessa
infeliz e vergonhosa colocação.
Alvos de machismo, racismo, etnocentrismo, lesbofobia e por outras formas
de desigualdades que se manifestam, a deflagração de conflitos com base em
gênero e os ciclos de violência, culminam com as mortes violentas de mulheres.
Segundo Stela Meneghel10, pós-doutora em medicina de Porto Alegre com
especialização em saúde pública e gênero e professora da UFRS, essa violência,
que tem como objetivo controlar as mulheres, com processos de colonização. 
Feminicídios são a síntese da crueldade, e marcado pela impossibilidade de
defesa, tortura e mutilações no corpo e na alma, fomentado pela omissão e
impunidade proporcionada pelo poder público que arma de certeza de impunidade
os algozes agressores.
________________________
10. Stela Nazareth Meneghel-Médica -Coordenadora da Comissão de Graduação, Coordenadora substituta do Programa de 
Pós Graduação e membro da Escola de enfermagem da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Dossiê 
Violência Contra Mulheres.
11
Baseadas no gênero, os episódios que estão por trás da violência,
acalentados culturalmente, vão desde a posse sobre a mulher, controle sobre seu
corpo, desejo, limitação da emancipação profissional, econômica e manifestações 
de desprezo e ódio pela mulher e por sua condição identitária. 
Conforme preconiza, a violência que também ocasionam em óbitos, visa o
adestramento para que se estabeleça a posição de inferioridade, portanto, o
feminicídio não é pontual e menos ainda acaso, é política socioeconômica de
fomentação ao genocídio.
4.2 RACISMO
Nesse mesmo infeliz liame, de exploração de uma espécie pela própria, a
ideologia de supremacia racial que visa afirmação de raças puras, tenta justificar-se
para mantença de uma hegemonia política e social, afirmando sobreposição de
direitos nem que para isso usem fenótipos estigmatizados de um grupo.
Ainda nesse sentido, estabelece-se uma ordem piramidal que impõe através
da estruturação de direitos e garantias sobre os demais, usando-se pra isso uma
natureza econômica da escravidão, no caso do Brasil, que apesar de abolida ainda
subsisti estruturando a riqueza construída no massacre de negros e índios.
A religião católica, que apoia a tese de paganismo, a ausência da alma,
consciência e inteligência de negros, índios (silvícolas), muçulmanos (sarracenos),
entre outros, para usufruir da exploração e dominação econômica, nunca poupou
nenhum grupo contrário aos seus interesses eclesiásticos, como documentado
historicamente na bula pontifícia Dum Diversas onde o Papa Nicolau V
expressamente reconhece o direito dos reis da Espanha e Portugal, de conquistar
quaisquer “pagãos” e mantê-los sob “servidão perpétua”. 
Tal posicionamento teria sido confirmado também por papas posteriores
(Calisto III, em 1456, Sixto VI, em 1481, e Leão X, em 1514). 
O mesmo Nicolau V, em 1455, emitiria a bula Romanus Pontifex, estendendo
esse direito a outras nações católicas do continente, ou seja homologava a ideologia
de supremacia. 
12
Baseado no darwinismo seleção e evolução das espécies, ideologias se
apoiaram na teoria, como o nazismo e o kardecismo, este último como introdutor da
ideologia de cunho religioso, de codinome Kardec, cujo verdadeiro nome era
Hypolite Léon Dénizard Rivail – Educador 1804/1869 fundador do espiritismo
moderno, teorizam essa sobreposição, para justificar a dominação de espécie sobre
a mesma, como pode-se encontrar o seguinte texto, escandalosamente racista, do
fundador do espiritismo moderno:
"[...]O progresso não foi, pois, uniforme em toda a espécie humana; as raças mais
inteligentes naturalmente progrediram mais que as outras, sem contar que os Espíritos,
recentemente nascidos na vida espiritual, vindo a se encarnar sobre a Terra desde que
chegaram em primeiro lugar, tornam mais sensíveis a diferença do progresso(sic!). Com efeito,
seria impossível atribuir a mesma antiguidade de criação aos selvagens que mal se distinguem
dos macacos, que aos chineses, e ainda menos aos europeus civilizados" (Allan Kardec, A
Gênese, ed. cit. p. 187)
Típica estruturação de cultura exploratória que tentam justificar-se, que no
caso tal sustentação, serviu ao Império Colonial Francês e seu conjunto de Colônias
estabelecido na América, Ásia, África e Oceania, que desde o ano de 1534 até 1980
pilharam grande parte da civilização.
No Brasil, encabeçando esse deficit, a conta negativa atribuída aos negros,
que ao passo dos tempos amarga o extermínio da juventude negra em escala
assustadora na periferia, seguido no fronte da população carcerária de maioria de
pele escura, como a nova nau condutora da escravidão e poderio, ainda que se
tente imprimir o mito da democracia racial propagada pela ditadura militar. 
O espaço imposto e cerceado, resultante do racismo secular de 400 anos de
escravidão e controle da população afrodescendente, em comunidades aonde há
pouca adesão em cargos públicos ou ascensão social, estampa os contrastes mais
marcantes da nossa miserabilidade, conforme menciona Angela Davis, 72, ícone da
luta pelos Direitos Civis nos EUA, em entrevista a Folha de São Paulo concedida a
jornalistaEleonora de Lucena em 24/09/2016 São Paulo:
“[...]Brasil e EUA ainda são assombrados pelo fracasso em abolir completamente a escravidão.
 A violência policial e a política de encarceramento em massa expressam o racismo estrutural e
estão na base da desigualdade racial.”
13
E segue apontando de forma descritiva a evolução sistêmica, em que a
economia possibilita a performance da opressão, quando não alterando seus
personagens:
“[…] Ao longo da história do capitalismo, desdes a sua era de formação, a do comércio de
escravos africanos, até o período atual do capitalismo global, o racismo desempenhou um
papel significativo. Mas supor que ele é simplesmente uma criação da classe trabalhadora é
simplificar uma relação que é muito mais complexa […] O aumento da desigualdade racial,
sustentado pelo encarceramento em massa e pela violência do estado simbioticamente
relacionados com a violência íntima[...]”
Não menos bestial e aterrorizador, o massacre da população indígena
preencheu de sangue , vísceras, ouro, prata e gemas preciosas a pilhagem
europeia, passando por vários massacres invisíveis, e persistindo na
contemporaneidade como envenenamento em massa de açúcar com arsênio
(H3AsO4)11 composto letal, como denuncia o relatório Figueiredo, que foi
encomendado pelo Ministro do Interior em 1967 e causou um clamor internacional
depois que revelou crimes contra a população indígena do Brasil nas mãos de
latifundiários poderosos e do próprio departamento do governo para assuntos
indígenas.
O documento de mais de 7.000 páginas, compilado pelo Procurador Jader de
Figueiredo Correia, detalhou o assassinato em massa, tortura, escravidão, guerra
química, estupro, roubo de terras e negligência institucional travada contra a
população indígena do Brasil. 
 O Massacre dos Cinta Larga, a exemplo de Genocídio- Lei Nº 2.889/56,
também conhecido como o Massacre do Paralelo 1112, é a primeira denúncia
internacional de genocídio de grupos indígenas, habitantes das terras que se
estendem do leste de Rondônia (RO) ao noroeste do Mato Grosso (MT), que no
município de Aripuanã/ Mato Grosso em 1963, quando do início da exploração
petrolífera americana na Amazônia, que com requinte de crueldade que nenhum
________________________
11.Arsênio Elemento químico, semimetal pesado que causam gangrenas e câncer de pele, e se ingeridos levam a óbito. 
12.Primeira denúncia internacional do Brasil de prática de genocídio, de destruição de uma etnia indígena,em 1963.
14
bárbaro poderia imaginar, crianças forma penduradas ponta a cabeça, estupradas e
rasgadas ao meio com facão no meio das pernas, mortas com tiros certeiros na
cabeça, atrocidades que faziam parte do processo de desocupação de terras
indígenas articuladas por conglomerado petrolífero, setores de inteligência
americana e governos locais (1961/1964) e acobertadas pelo Ministério Público da
época. 
Homens armados matam rotineiramente índios com a consciência que há
pouco risco de serem julgados e punidos, com a finalidade de remover entraves a
sanha capitalista e fomentar economia de ruralistas.
4.3 LGBTFOBIA
Ao desembarcarem no Brasil em 1500, os portugueses encontram muitos
índios e índias praticantes do “abominável pecado da sodomia”, mapeando tais
costumes, no interesse de demonstrar que tal manifestação era comum em
sociedades indígenas brasileiras, sem que houvessem estigmas sobre essas
pessoas por parte de seu grupo, contudo, a eurocentrada repulsa se estabelece,
instaurando pena de morte através de Carta Régia (1532), e recebendo
homossexuais deportados de Lisboa para Pernambuco, e também do Porto a
lésbica Isabel Antônio para Salvador (BA) , da mesma forma os Tupinambás,
afeiçoados ao pecado nefando (Tratado Descritivo do Brasil – 1587) foram
exterminados pelo higienismo homofóbico colonizador.
Institucionalizado o massacre na colônia até o presente, constata-se que o
extermínio perdura com o fundamentalismo religioso das bancadas, estruturado na
sociedade.
“A homofobia é como o racismo, o antissemitismo e outras formas de intolerância na medida
em que procura desumanizar um grande grupo de pessoas, negar a
sua humanidade, dignidade e personalidade.” (Relatório Anistia Internacional 2016)
A Lgbtfobia desde 1991 é considerada pela Anistia Internacional como
violação dos Direitos Humanos, não diferem da misoginia, racismo ou xenofobia, ao
contrário a das outras violações, esta são negligenciadas por governos em relação a
regulamentação do crime de homofobia. 
15
Apesar dos direitos humanos preverem proteção a “tod@s” (gênero neutro),
sem diferenciação, as situações em que se encontram não são iguais, o que carece
análise e resultado específico para o combate das violações que os atingem.
O Relatório de Assassinatos LGBT no Brasil de 2016, elaborado pelo Grupo
Gay da Bahia aponta que o ano foi fechado com mais de aproximadamente 340
mortes, maior número registrado nos últimos anos.
O crescimento tem como causa, a abordagem das informações com mais
organização de dados em contrapartida do reacionarismo conservador em maior
escala e o maior número de conscientização da comunidade em relação a
identidade política, o que nos deixa com maior exposição ao risco, aumentando a
taxa de homicídio.
Ocorrendo em vias públicas, as causas variam de tiros, facadas, asfixias,
espancamento, informações estas reconhecida pela Secretaria de Direitos Humanos
conforme relata o pesquisador/administrador Eduardo Michels
https://homofobiamata.wordpress.com, que mantém um banco de dados deste
genocídio de LGBT:
“[...]a subnotificação destes crimes é notória, indicando que tais números representam apenas
a ponta de um iceberg de violência e sangue, já que nosso banco de dados é construído a
partir de notícias de jornal e internet. Infelizmente são raríssimas as informações enviadas
pelas mais de trezentas Ongs LGBT brasileiras. A realidade deve certamente ultrapassar em
muito tais estimativas, sobretudo nos últimos anos, quando policiais e delegados cada vez
mais, sem provas e sem base teórica, descartam preconceituosamente a presença de
homofobia em muitos desses “homocídios”.
Além de serem dados absurdos porém reais, ao mesmo tempo que mais
matam, e o que tem a maior clientela para profissionais de sexo trans. No país
inteiro, existem 1,4 milhão pessoas trans, e 90% delas vivem do mercado do sexo,
por causa da exclusão e do preconceito que sofrem no mercado de trabalho formal,
em casa e nas escolas. 
Desta forma, desigualdades e iniquidades aglutinam uma cadeia diversificada
de discriminação, tendo gênero e raça como posições controladas pelo regime
heteronormativo masculino e branco, fortalecidas por condições institucionais e
sistêmicas, individuais e coletivas.
16
Ainda, a percepção intersecccionalizada13 possibilita a elucidação e
compreensão da engenharia homofóbica,racista e machista. 
A interface na vida de minorias nas diversas estruturas de poder é a
consequência de diferentes formas de dominação ou de discriminação e seus
fenômenos.
5. INSTITUCIONALIZAÇÃO E SISTÊMICA DO ÓDIO
5.1 LEGUM ODIO – Ódio Legislativo
São inúmeras as configurações que instrumentalizam o horror ao grupo
LGBT, desde o poder legislativo, que tenta criminalizar a transmissão do HIV –
PL198/15 - Pompeo de Mattos (PDT/RS), até um projeto de listagem pública que
expõe a condição sorológica do portador doHIV – PL 2204/09 Jorge Babu (PT/RJ)
bem como o Pedido de Decreto Legislativo (PDC) para sustar o ato da ex-presidenta
Dilma, que reconheceu os nomes sociais de transexuais e travestis no serviço
público (Projeto de Decreto Legislativo de 2016), conforme abaixo:
“Susta o Decreto nº 8.727, de 28 de abril de 2016, que “Dispõe sobre o uso do nome social e o
reconhecimento da identidade de gênero de pessoas travestis e transexuais no âmbito da
administração pública federal direta, autárquica e fundacional.”(Do Sr. João Campos, Evandro
Gussi, Paulo Freire, Diego Garcia, Gilberto Nascimento, Flavinho, Geovania de Sá, Pr. Eurico,
Ronaldo Nogueira, Marco Feliciano, Givaldo Carimbão, Prof. Victório Galli, Eros Biondini,
Carlos Andrade, Missionário José Olímpio, Ezequiel Teixeira, Elizeu Dionizio, Anderson
Ferreira, Marcelo Aguiar, Alan Rick, Ronaldo Fonseca, Marcos Rogério, Sóstenes Cavalcante,
Tia Eron, Jony Marcos, Rosângela Gomes, Carlos Gomes, Silas Câmara)
 ________________________
13.Interseccionalidade é um conceito sociológico que estuda as interações nas vidas das minorias, entre diversas estruturas de poder , a
Interseccionalidade é a consequência de diferentes formas de dominação ou de discriminação, foi batizado desta maneira por Kimberlé
Williams Crenshaw -Advogada e Feminista (1959)
17
Concorrendo ao pior argumento de retrocesso, a aplicação da teoria
pseudonaturalista de padrões de família para enquadramento constitucional, a
campanha de ódio a família parental14 – Em Favor da Preservação da Espécie
Humana -“Deus fez macho e fêmea” (Gênese 1:27), atrelado ao fundamentalismo
religioso estabelecido no poder legislativo que veremos adiante.
5.2 SACRUM ODIO – Ódio Religioso
Nessa perspectiva, a abordagem é feita pelos mesmos espectros contornados
de sacralidade em segmentos diversos, inclusive nas Religiões de Matriz Africana 15,
como uma recente campanha em rede social que viralizou de incitação ao ódio aos
afeminados inseridos neste grupo, que os desqualificavam para o transe espiritual,
que mencionava: “Você é gay , seu Orixá não!”, numa néscia tentativa de
apartamento social entre os próprios infelizes apartados.
A oposição as campanhas de prevenção a propagação da epidemia como os
da igreja católica opondo-se ao uso de preservativo, em alguns países por is só,
seriam afronta a saúde pública.
5.3 EXSECUTIVAM ODIO – Ódio Executivo
A oposição do poder executivo na aplicação dos diretos humanos e
ampliação do discurso de ódio é tão comum a ponto de albarroar o STF, hoje sete 
leis municipais questionam a aplicação da discussão do tema gênero no programa
curricular de ensino, com fundamentação dos pedidos extremamente religiosa que
estimulam a violência, sofrimento, marginalização e evasão escolar de LGBTs,
colocações classificadas pelo anterior Procurador da República Rodrigo Janot -
ADPF 460, 462, 465, 466 e 467, in verbis:
“[...]É obscurantista, porque almeja proscrever o próprio debate sobre uma realidade humana”.
(Rodrigo Janot)
 ________________________
14.Maria Berenice Dias (2008, p.49), em seu livro Manual de Direito das Famílias exemplifica essa possibilidade de formação 
familiar.
15.Religiões de matriz africana são as religiões cuja essência teológica e filosófica é oriunda das religiões tradicionais africanas
18
A fim de facilitar a visualização a estruturação nessa vertente, a exemplo, a
prática de exclusão de profissionais da área de educação, com a inclusão da pauta
gênero nas escolas através do PNE (Plano Nacional de Educação - Lei 13.005/14),
aprovado pelo Congresso Nacional, sinaliza algumas da muitas exclusões de
profissionais de educação como oposição ao Plano, conforme informa o blog da
Ativista - Educadora Faiza Khalida:
“A PRÁTICA SISTEMÁTICA E TRANSFÓBICA DA DEMISSÃO DE PROFESSORAS
TRANSEXUAIS E O PRECONCEITO NO MERCADO DE TRABALHO. TRANSFOBIA NAS
ESCOLAS E NA EDUCAÇÃO PÚBLICA E PARTICULAR. Luíza Coppieters, Camila Godoi,
Vitória Bacon, Laysa Carolina Machado, Sangita, Nicolly Bueno, "Natiely", Dávila Medeiros,
Mayte Pradocampos, Herbe de Sousa, Mara Michele, Thalia Agnys e Faiza Khálida foram
algumas professoras transgêneras, transexuais ou travestis que foram demitidas, perseguidas
com relatórios difamatórios, desviadas de função, desprezadas, devolvidas, agredidas,
discriminadas, rejeitadas, difamadas, julgadas, condenadas, que sofreram desgastes
emocionais, bullying, chacotas, assédio, constrangimento ou que passaram a ter problemas de
saúde como depressão e síndrome do pânico por causa do preconceito às suas identidades de
gênero.” Faiza Khalida – faizakhalida.blogspot.com.br
6. ESTIGMA SOCIAL - Isolamento, Apartamento e Morte Civil 
O estigma associado as epidemias e enraizado ao longo dos tempos , desde
a antiguidade, é apresentado em trabalhos historiográficos, tais como o trabalho
intitulado O Estigma da Lepra - A Experiência de Exclusão de Maria Inês Rauter
Mancuso, que analisa o depoimento de uma interna na década de 1940, em um
sanatório de Aymorés-Bauru - Instituto Lauro de Souza Lima (ILSL) · Bauru -SP.
A tentativa de minimizar os danos do estigma atribuidos a epidemias, se
repetem em duvidosa eficácia, a decretação da proibição do termo “lepra” para
Hanseníase com o decreto de n° 165 de 14/05/76, e posteriormente do termo
“aidético” pelo decreto da ex-presidenta Dilma Rousseff, reagem como termos
paleativos porque não acompanham um trabalho de educação em saúde no sentido
de mudar, na coletividade, o comportamento e as atitudes em relação a epidemia e
as pessoas por ela atingidas.
19
Lazaretto-Leprosário-Colônia, em que grau a mudança de nomeclatura pode
alterar o funcionamento efetivo de uma instituição de concentração compulsória ou o
termo designado aos internos? O letreiro da entrada do campo de concentração
nazista de Schutzita, com os dizeres "Arbeit macht frei" ("O trabalho liberta", em
alemão), nunca foi tão aterrador.
Era eminente no início da epidemia do HIV/AIDS o óbito, seguido do
diagnóstico, o que com o avanço das pesquisas sobre a patologia e conseguinte a
inovação no tratamento que inibe a replicação do vírus, aumentou a sobrevida e
diminuiu o terror da infecção e seus efeitos sobre o sistema imunológico,
possibilitando o controle da doença.
Diante de comprovada relação do estigma social sofrido pela populção LGBT
portadores de HIV/AIDS, em que a condição representa coeficiente estressante
acarretando em imunologia depressiva, tornando-se mais vulneráveis ao vírus do
HIV e outras doenças oportunistas.
Logo, percebe-se a relevância da abordagem dos profissionais de Direito que
atuam na defesa de direitos constitucionais, não somente para os afetados pela
epidemia, mas para toda estrutura social, salientando a demanda das violações e
empenho na abordagem nas pautas de Direitos mais democráticas. 
A relação intermitente entre preconceito e HIV, experimentada pela população
marginalizada e cerne da infeliz associação, que impossibilita parte do tratamento e
mantém o avanço da epidemia.
Por sua vez, o estigma na sua forma internalizada, tem efeito igualmente
potencializador da perda de qualidade de vida, sobre o equilíbrio psicológico das
pessoas vivendo com HIV, afetando a capacidade de viver positivamente, limitando a
gerência de suas vidas.
7. PROTAGONISMO DA SAÚDE LGBT EM DIREITOS HUMANOS
Somente a discriminação por orientação sexual e por identidade de gênero já
afetam a definição social da sáude da população LGBT, o sofrimento e adoecimento
que resultam do preconceito e o estigma socialem que estão expostos, são
20
entraves para a garantia mínima de saúde. Nesse cenário abjeto, o portador do
HIV/AIDS, prima pela inserção da garantia desse direito básico, num desafio em
busca o direito a saúde, em um quadro em que uma cada oito pessoas vivendo com
HIV tem negados o direto aos serviços básicos de saúde por causa do estigma e da
discriminação.
Numa discussão restrita a área jurídica, as limitações da legislação, afastam a
construção de uma cidadania cotidiana, que somente será erguido apartir do
enfrentamento que requer uma demanda fracionada, entendendo os segmentos
vivenciados de seus agentes. O que se dará somente a partir de um inventário de
revindicação que viabilize e atenda as demandas das violações, no contato dos
cidadãos com a patologia, analisando os serviços que estes usufruem o até mesmo
se submetem, bem como as condições sócio-econômicas, que desafiam a
efetivação mínima do direito à saúde.
 A Conferencia Nacional de Saúde indica que a definição de direito a saúde,
deverá ser definida apartir de cada momento de grupos especificados, e suas
necessidades.
As recomendações da 8ª Conferência Nacional de Saúde, em 1987,
apontaram neste sentido, ao estabelecer que o conceito de saúde deverá ser
definido em cada momento histórico e a partir de cada luta social travada no
contexto local. 
Isto é, cada sociedade deverá definir em cada tempo, a partir de sua
conjuntura econômica, social e cultural, o que significa para uma determinada
população ter saúde, com reflexos no significado desse direito. 
Ao mesmo tempo, a CNS delimitou, a partir das experiências cotidianas dos
diferentes atores sociais naquele momento histórico em 1987, o que significava
saúde e direito à saúde.
Em seu sentido mais abrangente, a saúde é a resultante das condições de
alimentação, habitação, educação, renda, meio-ambiente, trabalho, transporte,
emprego, lazer, liberdade, acesso e posse da terra e acesso e serviços de saúde. 
A saúde não é um conceito abstrato, define-se no contexto histórico de
determinada sociedade, e num dado momento de seu desenvolvimento, devendo
ser efetivado para a população, que em suas lutas cotidianas são renegadas. 
21
Direito à saúde significa a garantia, pelo Estado, de condições dignas de vida
e de acesso universal e igualitário às ações e serviços de promoção, proteção e
recuperação de saúde, em todos os seus níveis, levando ao desenvolvimento pleno
do ser humano em sua individualidade (CNS - 1987). 
O aumento de casos de sífilis, não se trata de obra do acaso, sem falar outras
Infecções Sexualmente Transmitidas (IST), já que o HIV não é o único e alarmante
em crescimento, a falta de informação não onera a sáude apenas de LGBT, de uma
forma democrática é um problema que afeta a todos.
Em um sistema educacional aonde são retirados de seus planos – Plano
Nacional de Educação (PNE – 2014), debate sobre gênero e orientação sexual que
possibilitariam o freamento do aumento do estigma causado pela desinformação
além da própria epidêmia, aonde uma plataforma política tem como meta suprimir as
palavras gênero, identidade e orientação sexual, legisla reacionareamente contra
projetos de lei que detém o tema. Em contrapartida, o que mantém, e que impede o
retrocesso total dos direitos adquiridos são ações de grupos para estatais que atuam
aguerridamente no enfretamento da epidemia.
8. O DIREITO NO COMBATE DA EPIDEMIA
A abordagem de direitos humanos para portadores HIV/AIDS, se faz mister na
afirmação dos princípios democráticos da carta magna a serem resgatados
dioturnamente, para além dos interesses políticos dos programas de saúde pública,
ineficientes, precários e sucateados.
Enfatizar os direitos violados do grupo LGBT vivendo com HIV, propõe
erradicação além do estigma, traz a consicientização de seus direitos capacitando
para atuarem em casos de violação. A remoção de entraves aos direitos básicos, no
caso saúde, é fundamental para a supressão da epidemia.
Perceber esse prisma nas abordagens de direitos e garantias constitucionais,
esta inserido nas atribuições da advocacia, portanto interpelar os direitos básicos de
grupos excluidos é de fato contribuir para o estreitamento das desigualdades e
amadurecimento da cultura jurídica.
22
9. AÇÕES PROPOSITIVAS E ENFRENTAMENTO
Diante da análise das interfaces da opressão,evidenciamos indicadores a
serem visualizados e monitorados no processo de enfrentemento das violações de
direitos de portadores de HIV na população LGBT e controle epidêmico. 
Importante assinalar que as definições referenciadas neste estudo
fundamenta-se no pressuposto central de que a eliminação e combate a epidêmia
requer propostas em Direitos Humanos parte das iniciativas, ações e políticas. 
A seguir propomos um elenco de procedimentos a partir da perspectiva
estudada, a fim de agirem de forma a diminuir a retaliação do direito a saúde, quais
sejam:
PROCEDIMENTOS PARA
COMBATE A VIOLAÇÃO DO
DIREITO A SAÚDE
RESPOSTA AÇÃO INDICADORES
Qualidade dos serviços: 
*competência cultural13,racial, 
e de identidade de gênero 
(Enfermagem Cultural)
•capacidade de comunicação
•conhecimentos
•enfrentamento a preconceito 
e estereótipos
Efetivação de políticas 
públicas singularizadas 
segundo grupos de gênero e 
identidades; 
Ampliação de gestão voltada 
para a participação e 
resolutiva
Ampliação da capacidade 
indutora e reguladora dos 
mecanismos de promoção da 
igualdade de gênero e 
intolerâncias correlatas.
Fixação de ações afirmativas 
para ampliação da diversidade
de identidade de gênero; 
Amplificar treinamentos para 
a capacidade institucional de 
diálogo e acolhimento da 
diversidade para o 
enfrentamento a 
HomoLesboTransfobia;
Desenvolvimento de 
processos de avaliação 
periódica da competência e 
iniquidades institucional para 
enfrentamento; 
Posicionamento dos 
mecanismos de 
enfrentamento e eliminação 
das iniquidades de gênero na 
hierarquia de órgãos 
superiores;
Percentual de participação 
nas ações afirmativas e outros
estímulos à contratação de 
diferentes profissionais LGBT 
nas áreas de conflito;
Localização dos mecanismos 
de enfrentamento a eliminação
das iniquidades de gênero no 
organograma institucional.
13. Competência Cultural, é um conjunto de comportamentos harmoniosos, atitudes e políticas que reúnem-se em um sistema, agência ou no 
meio de profissionais que capacita trabalho eficaz em situações interculturais.
23
10. CONCLUSÃO
Obstacularizar o direito a saúde do portador de HIV é parte da estruturação
da LGBTfobia, a política do ódio, não necessariamente declarada, inserido nas
estruturas sociais, erguidas através de hediondo instrumentação legal, impede o
exercício de cidadania e direitos de pessoas.
A luta contra esse ódio, estampado com a morte diária de Travestis e
Transexuais que segundo dados da ANTRA (Associação Nacional de Travestis e
Transexuais) até o momento em se publicava a informação, era de
aproximadamente 114 óbitos no início do ano de 2017, requer esforço coletivo em
setores diversos, em que inclua econômia, política, e demais vertentes.
Algumas ações afirmativas, como a inclusão do nome social no ENEM –
Exame Nacional do Ensino Médio, permitindo a acessibilidade e evitando o
constrangimento e a violação da dignidade da pessoa, são avatares que devemos
seguir, apesar da morosidade e oposição que se enfrentam nessas ações
afirmativas.
Direcionar caminhos igualitários dinamizando a redução de danos em gruposvulneráveis, através do enfrentamento rotineiro de profissionais e agentes de áreas
diversas, devem ser metas traçadas e operacionalizadas, habitualizando a
sociedade ao debate, inteirando forças para aplicação da diminuição da
operacionalização do ódio.
Nítida e clara e a relação entre violação de direitos de grupos em
desvantagem em relação a sáude, especificamente aos infectados pelo HIV e outras
doenças, que apesar de avanços obtidos no combate a epidemia com parco
investimento e precária promoção de direitos humanos, proporciona o avanço da
epidemia.
O antognonismo a ser enfretado por parte de gestores é descomunal, diante
da iminente necessidade de efetivação de direitos, dessa forma urge que o Plano
Nacional, coopere de forma eficiênte para compelir o avanço da doença e do
preconceito, já que esta e outras ações dos direitos humanos LGBT são,
absolutamente relacionados com o fomento do combate contra a AIDS.
24
11. REFERÊNCIA BIBLIOGRAFIA
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