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CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 1 Logística: Materiais e Armazenagem Sistemas e Controles (Tecnologia da Informação e Indicadores) Aula 6 Prof. Rosinda Angela da Silva CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 2 Conversa inicial O gerenciamento de grandes áreas de armazenagem mudou drasticamente depois que a Tecnologia da Informação e da Comunicação passou a fazer parte do contexto diário desses locais. Lugares de grandes volumes de movimentação de cargas no Brasil, como os aeroportos – dentre os quais os mais representativos são Salgado Filho, Guarulhos, Congonhas, Viracopos, Galeão, Confins, Juscelino Kubitscheck, Salvador, Guararapes, Afonso Pena e outros –, têm servido de entrada e saída de mercadorias diariamente. Considere também como expressiva a movimentação de cargas nos portos do Brasil, tais como: Santos, Itajaí, Paranaguá, Salvador, Rio Grande, Suape, Natal, Espírito Santo, Pecém, Ilhéus e outros, mostraram vigor na movimentação de cargas, mesmo em períodos em que o ambiente externo se 1 – Tecnologia da Informação na Armazenagem 2 – Automação das operações – Armazém inteligente 3 – Etiquetas de Rádio Frequência 4 – Sistema de Gerenciamento de Armazéns - WMS 5 – Indicadores na Armazenagem Aula 6 Sistemas e Controles (T.I. + Indicadores) CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 3 mostrou mais hostil, impactando nas importações e exportações de bens de consumo. O Brasil tem ainda outros locais de grande movimentação de cargas, como os portos secos ou EADIs (Estação Aduaneira de Interior), os grandes Centros de Distribuição dos grandes varejistas. Então, é impossível conceber esses locais movimentando os volumes vultosos de mercadorias sem o auxílio da Tecnologia da Informação e da Comunicação (T.I.C.). Nesses locais, os objetivos são claros: movimentar o maior volume de cargas, com o menor tempo e com o menor esforço físico possível. Nesses ambientes, a busca pelo aumento da produtividade é uma constante para os profissionais da logística, o que requer conhecimento técnico e prático. A partir desse ponto de vista, pode-se afirmar que esses segmentos foram os mais beneficiados com todo o incremento que a Tecnologia da Informação desenvolveu para a logística. Mas, sabendo que a T.I. disponibiliza soluções para qualquer tipo de negócio, vamos olhar também para dentro das organizações que possuem processos menos complexos de movimentação e armazenagem do que esses apresentados, e compreender o que é útil para a organização no momento, ou não. Outro enfoque que os profissionais de logística devem buscar desenvolver é o acompanhamento dos resultados obtidos pelo armazém, bem como se habituar a utilizar indicadores para se certificar que o depósito tem apresentado o desempenho esperado. Objetivos gerais 1. Conhecer a contribuição da T.I. para a Logística; 2. Entender os princípios do RFID (Etiquetas de Rádio Frequência) e do WMS (Sistema de gerenciamento de Armazéns); 3. Aplicar indicadores de desempenho no Gerenciamento de Armazéns. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 4 Objetivos específicos ■ Lembrar a terminologia de Tecnologia da Informação (T.I.) aplicada na Armazenagem; ■ Entender as perspectivas do uso da T.I.; ■ Aplicar os princípios éticos na gestão do Armazém; ■ Analisar o impacto dos indicadores na produtividade do Armazém; ■ Sintetizar o processo de automação do Armazém. Para saber mais sobre o que será estudado na aula de hoje, assista ao vídeo que está disponível no material on-line! Tecnologia da Informação na Armazenagem Segundo Banzato (2005), atualmente a armazenagem exige muito mais que simples procedimentos automatizados, ela necessita de Sistemas de Informações que possibilitem a tomada de decisões rápidas e inteligentes. A rentabilidade das empresas também é afetada diretamente pela eficiência de seu processo de armazenagem, logo, as melhores práticas devem ser praticadas. Ainda segundo o autor, em relação aos sistemas aplicados na Armazenagem recentemente, os mais representativos são: ■ DRP: Distribution Requirements Planning (Planejamento das Necessidades de Distribuição); ■ EDI: Electronic Data Interchange (Intercâmbio Eletrônico de Dados); ■ WMS: Warehouse Information Systems (Sistemas de Gerenciamento de Armazéns); ■ WCS: Warehouse Control Systems (Sistemas de Controle de Armazéns); ■ TMS: Transportation Management Systems (Sistemas de Gerenciamento de Transportes); CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 5 ■ RFID: Radio Frequency Identification Data (Identificação por Rádio Frequência). Tais recursos precisam estar organizados de forma que auxiliem a empresa a melhorar seu nível de serviço para o cliente, bem como reduzir os custos da operação e aproveitar melhor seu capital humano. Observe a estrutura desses Sistemas de informação para armazenagem: Fonte da figura: Adaptado de Banzato (2005, p. 52). Pela estrutura apresentada é possível compreender a interatividade que existe entre os sistemas de informação disponíveis para a armazenagem e os retornos esperados por seus investimentos. Para que esses softwares (sistemas informatizados) auxiliem as empresas a se tornarem mais competitivas SISTEMAS DE INFORMAÇÃO NA ARMAZENAGEM DRP EDI WMS WCS TMS RFID Qualidade e velocidade de informações Redução de erros ao cliente Redução do tempo de atendimento Redução de custos de mão de obra Racionalização de espaço e equipamentos Aumento da capacidade Desempenho Sistema de informação Melhoria dos indicadores de desempenho Qualidade, produtividade e competitividade ormações Redução dos custos operacionais Melhoria do nível de serviço CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 6 logisticamente, inúmeros hardwares são necessários, tais como scanners ou leitores de código de barras, roteirizadores, GPS (Global Position System), entre outros. Além dos sistemas de gerenciamento, a Armazenagem e a Movimentação de Materiais utilizam também as tecnologias dos equipamentos que proporcionam maior rapidez e qualidade nas tarefas. Conforme Banzato (2005), os mais relevantes são: Tecnologia para movimentação ■ AGV (Veículos Automaticamente Guiados): veículos de movimentação horizontal que deslocam o material de um ponto ao outro, controlados por computador; ■ Empilhadeiras automaticamente guiadas: veículos de movimentação horizontal e vertical que deslocam o material de um ponto ao outro, inclusive estocando os mesmos, controlados por computador; ■ Monovias eletrificadas: aéreas ou ao nível do chão, as monovias eletrificadas movimentam materiais através de carros comandados por computador; ■ Transportadores contínuos: alguns desses sistemas podem automatizar a movimentação de materiais entre áreas (ex.: área de separação de pedidos para área de embalagem) possibilitando velocidade e qualidade da movimentação; ■ Sistemas de sortimento e redistribuição automáticos: asseguram velocidade e qualidade no processo de separação de uma grande quantidade de pedidos fracionados; ■ Sistemas de carregamento de veículos automáticos:a carga separada é colocada no interior do veículo de transporte em questão de minutos. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 7 Tecnologia para estocagem ■ Transelevadores: cargas paletizadas podem ser automaticamente elevadas e estocadas a alturas superiores a 35 metros; ■ Miniloads: contentores são estocados e separados rapidamente através deste sistema automatizado para estocagem; ■ Carrosséis horizontais e verticais: asseguram que o material venha ao separador automaticamente conforme sua necessidade. Tecnologia para manuseio e embalagem ■ Robôs: realizam a manipulação de manuseio de materiais e embalagem e substituem atividades repetitivas, inseguras, não ergonômicas, fornecendo mais velocidade e qualidade à atividade; ■ Sistemas de paletização automáticos: o manuseio de volumes pode ser feito através de sistemas automáticos de paletização e despaletização, inclusive em alguns casos esses sistemas paletizam cargas diretamente sobre o veículo de transporte; ■ Sistemas automáticos para envolvimento de cargas: a carga paletizada pode ser envolvida automaticamente através de filmes esticáveis ou termo retráteis. Tecnologia para transporte interno ■ Transportadores contínuos: asseguram o transporte de materiais em grandes distâncias, vencendo inclusive o relevo da região. ■ Transportador contínuo tipo teleférico: o transporte aéreo em grandes distâncias pode substituir uma rodovia. Utilizar tecnologia nos processos logísticos sempre foi uma necessidade, mas os custos inviabilizavam tal intento. Felizmente, com o tempo esse panorama mudou. A partir da década de 80 os custos das tecnologias se tornaram mais acessíveis e, então, as corporações desenvolvedoras de sistemas viram na Logística um grande mercado. Além disso, nesse mesmo período as empresas estavam em fase de redesenho dos seus processos e a CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 8 partir disso a atividade Logística se tornou parte da estratégia competitiva das mesmas. Esses fatores foram suficientes para que a tecnologia nos processos logísticos se tornasse imperativa para que as empresas se posicionassem em um mercado cada vez mais tecnológico e competitivo. Mesmo com tantas possibilidades, a palavra de ordem é bom senso! Uma empresa precisa conhecer suas reais necessidades e possibilidades de fazer investimentos no momento e tomar cuidado com os modismos, pois uma solução que deu certo para uma empresa, não necessariamente atenderá a perspectiva de outra. Para saber mais assista ao vídeo que está disponível no material on-line! Automação das operações – Armazém inteligente A automação já é uma realidade em muitos Centros de Distribuição do Brasil e do mundo. As soluções tecnológicas estão cada vez mais sofisticadas e as empresas têm colhido os frutos de todo esse investimento. O lado bom disso é que o esforço humano nas atividades de embalagem, movimentação, carga, descarga, empilhamento e outros têm diminuído consideravelmente nas empresas especializadas em logística. Mas a decisão pela automação não é tarefa fácil e um dos motivos é a variedade de soluções disponíveis no mercado. Outro fator preponderante é o que fazer com a mão de obra envolvida no processo que será automatizado, e isso têm peso significativo no processo decisório das empresas. Banzato (2005) inclusive considera um dilema para os gestores quando os mesmos precisam decidir entre investir em pessoas x investir em sistemas de automação. O autor refere-se como investimento em pessoas à qualificação, treinamento, ênfase nas atividades manuais, eficiência do homem, a oferta de ferramentas e condições de trabalho adequadas para o capital humano. E explica que o investimento em automação ocorre quando a firma adquire Sistemas de Informação, dispositivos eletrônicos, periféricos tecnológicos, padronização, análise e prevenção de falhas de materiais e outros recursos. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 9 O melhor caminho para as organizações é o bom senso de fazer ambos os investimentos, ou seja, capacitar e reconhecer o colaborador para que o mesmo se sinta parte da empresa e adquirir tecnologia que acelere a atividade logística, o que proporcionará mais produtividade para o armazém. Na prática, para obter mais assertividade o ideal é que seus gestores determinem os critérios de decisão que mais impactarão na estratégia organizacional. Além disso, é necessário analisar a relação benefício x investimentos x tempo de retorno para se certificar de que o investimento se justifica. Banzato (2003) coloca como critérios qualitativos que impactam na decisão da automação/automatização: ■ Imagem da empresa; ■ Agilidade no atendimento aos clientes; ■ Segurança operacional; ■ Qualidade no atendimento aos clientes, com o material certo, no momento certo, na quantidade certa; ■ Aumento na capacidade de expedição, entre inúmeros outros que muitas vezes não são considerados na análise de uma solução deste tipo. Pode-se acrescentar também como critérios qualitativos e de grande peso nos processos decisórios, a visão de longo prazo das organizações e, claro, a preferência da gerência. Mas o fato é que se a empresa deseja implementar um armazém inteligente, os investimentos serão necessários, dessa forma compete ao profissional da Logística conhecê-los e vislumbrar quais deles são mais atrativos para a organização. Nesse quesito, uma das grandes contribuições que a Tecnologia tem proporcionado para a logística são os softwares de simulação, os quais permitem que situações sejam simuladas com dados reais da operação da própria empresa, antes da aquisição de um sistema informatizado ou reforma de alto CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 10 valor. Tornar o armazém inteligente pode ser uma meta estratégica e por isso todas as variáveis envolvidas na operação devem ser consideradas. A simulação auxiliará apontando a melhor alternativa no momento da análise. A utilização de simulação não é uma prática nova, mas percebe-se que na área de Logística sua aplicação é bem recente e tem trazido ganhos incomensuráveis para a decisão de certos investimentos. Isso porque a partir da simulação, os envolvidos no processo decisório podem considerar uma quantidade grande de variáveis e o simulador se encarregará de cruzar essas informações e apresentar os possíveis resultados. Como as atividades de Intralogística são inúmeras e muitos eventos são imprevisíveis, um software de simulação é uma alternativa viável, pois pode evitar que a empresa faça investimentos inadequados ou desnecessários. E em se tratando de Intralogística, os elementos que as empresas mais procuram analisar ou comparar através da simulação são: ■ Segurança da operação: por exemplo, o uso de robôs, empilhadeiras ou outro equipamento de movimentação interna. ■ Tempo da operação x Qualidade: por exemplo, se haverá formação de filas para carregamento e descarregamento e quais os possíveis impactos na qualidade do serviço oferecido ao cliente atualmente e no futuro. ■ Produtividade: melhorar esse indicador é sem dúvida alguma o fator mais procurado por qualquer firma e a simulação também auxilia no processo de verificação de gargalos, ociosidades e outros. ■ Custo: análise dos benefícios x custos em manter processos manuais, semiautomáticos ou totalmente automatizados, além da comparação entre o que os sistemas disponíveis no mercado oferecem e seus custos iniciais e de manutenção. Então, para desenhar um armazém realmenteinteligente, na prática é necessário se valer de todos os recursos que a informática oferta, conhecer os CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 11 sistemas disponíveis, avaliar a capacitação para o capital humano e, claro, definir as metas de desempenho operacionais, gerenciais e estratégicos que o armazém deve atingir. Os resultados atrelados aos investimentos nos armazéns inteligentes já são conhecidos, pois as grandes corporações tais como: Natura, Boticário, Wal- Mart, Carrefour, entre outros, os quais possuem as soluções mais modernas em termos de armazenagem, já demonstraram que seus sistemas logísticos são o suporte das suas estratégias competitivas. Para saber mais assista ao vídeo que está disponível no material on-line! Etiquetas de Rádio Frequência O código de barras foi criado na década de 50, mas sua utilização em escala só foi possível a partir de 1974 devido à introdução dos leitores de códigos de barras no mercado. Isso significa dizer que havia tecnologia de coleta e armazenamento de dados dos produtos, mas não havia tecnologia capaz de ler e até de imprimir as informações contidas neste. De forma resumida, segundo Costa Leal (2002), os códigos de barras são representações gráficas de caracteres numéricos ou alfabéticos, formados por combinações distintas de barras e espaços em sequência. Seguem uma lógica determinada, conforme o padrão do código utilizado. São impressos nas embalagens e tem como objetivo tornar inequívoca a identificação do material através da padronização dos códigos utilizados entre fabricantes, comerciantes, varejistas ou atacadistas e consumidores. Os códigos mais conhecidos são EAN-13, EAN-8 e EAN-14. Segundo a GS1 Brasil: O Código EAN-13 (European Article Numbering) é o padrão de código de barras utilizado em dezenas de países em todo o mundo, com o objetivo de identificar produtos comercializados no varejo. O padrão EAN-13 é utilizado na maioria dos produtos, já o código EAN-8, é utilizado em embalagens menores, por exemplo: "Balinhas TIC-TAC", pelo fato dessas embalagens não suportarem um código maior com 13 dígitos. Desta forma utilizam o código EAN-8, que possui apenas 8 CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 12 dígitos. Já o padrão EAN-14 (DUN-14) é utilizado em engradados para a comercialização no atacado. De acordo com informações do site da GS1 Brasil, os códigos de barras do Brasil iniciam com o prefixo 789, então, a título de ilustração, observe um exemplo do Código de Barras EAN-13 com a indicação de seus elementos: Disponível em: http://www.revistacliche.com.br/2013/10/desvendando-os-misterios-dos-codigos-de-barras/ http://flashcard.inf.br/artigos/wp-content/uploads/2011/01/codigo-de-barras-ean13.png Acesso em 25/07/206. Para a leitura dos códigos de barras são utilizados os scanners, dispensando a digitação e trazendo agilidade e acuracidade para a gestão dos estoques no armazém. E caso seja necessário imprimir os códigos de barras internamente, as empresas precisam investir em impressoras Ink–jet, laser ou térmica. As etiquetas RFID podem ser consideradas a evolução dos códigos de barras. Os estudos nessa área se tornaram mais evidentes após a Segunda Guerra Mundial quando ganhou espaço com o desenvolvimento dos transistores. Segundo Leal Costa (2002), essas etiquetas são chips semicondutores instalados nas etiquetas dos itens. Estes identificam, fornecem dados para registro e acompanhamento dos produtos durante a permanência de cada unidade nas instalações na empresa. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 13 Essas etiquetas inteligentes utilizam sinais de rádio e possibilitam interligar o ponto de coleta de dados (estante XYZ do armazém) com o sistema, reduzindo os movimentos desnecessários e consequentemente reduzindo o tempo da operação. Segundo Tadeu (2010), as etiquetas operam com chips passivos e ativos, em que as etiquetas ativas emitem constantemente ondas de rádio que são captadas pelos receptores que, através do sistema informatizado, localiza o produto agregado à etiqueta, enquanto as etiquetas passivas são detectadas quando passam pela zona de percepção dos receptores. Para ilustrar, a seguir uma imagem de uma etiqueta RFID: Disponível em: http://musardos.com.br/2012/01/26/rfid-ira-mudar-nossa-experiencia-de- compra-no-mundo-real/ Acesso em 25/07/206. O custo das etiquetas ainda são entraves para utilização em massa pelas organizações, pois alguns produtos têm preço de venda ao consumidor final menor que o custo do chip, não justificando a utilização do RFID, pelo menos na embalagem individual de alguns itens. Mas pense que é possível aplicar o chip em cartões de crédito, contêineres, árvores, animais, máquinas e equipamentos, veículos, embalagens, enfim, em todo e qualquer produto e até em pessoas. E ainda, com o tempo, a tecnologia tende a se tornar mais acessível na função custo permitindo que cada vez mais negócios diversificados utilizem esse recurso. Observe a seguir um quadro comparativo das etiquetas RFID e do uso dos códigos de barras: CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 14 Etiqueta inteligente (chip) Código de barras Custa entre US$ 0,20 e US$ 0,30 Praticamente preço zero (impresso no código na embalagem do produto). Alta capacidade de armazenamento de informações. Lê e grava. Realiza somente leitura, sem armazenar dados. Para leitura, não é preciso estar no campo visual do leitor. O código precisa estar no campo visual do leitor. Elimina intervenção humana no processo de recebimento, expedição e armazenagem. Precisa da intervenção humana em todo o processo. Fonte do quadro: Adaptado de Tadeu (2010), p. 333. O quadro apresentado deixa claro que as etiquetas RFID são mais eficientes e dinâmicas, mas os códigos de barras ainda possuem custo mais acessível para as firmas. Sabe-se, no entanto, que para utilizar essa tecnologia moderna, as organizações terão que investir também em estrutura, o que Tadeu (2010) considera como itens essenciais. São eles: as etiquetas inteligentes (intelligent tags), nas quais está armazenada a identificação eletrônica dos produtos; os receptores de sinal RFID e uma rede para transmissão denominada EPC (Electronic Product Code ou Código Eletrônico de Dados). No entanto, avalie que o RFID não é uma solução apenas para empresas que movimentam grandes volumes de estoques e, sim, um dos caminhos para tornar o armazém inteligente efetivamente. Para saber mais assista ao vídeo que está disponível no material on-line! CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 15 Sistema WMS (Warehouse Management System) Um armazém moderno e eficiente necessita de um sistema de gerenciamento compatível com suas operações e o Sistema WMS (Warehouse Management System – Sistema de Gerenciamento de Armazém) foi idealizado exatamente para isso. Tal sistema integra software, hardware, simulação, inteligência artificial e outros requisitos que auxiliam o profissional de logística a gerenciar todas as operações internas do armazém, oferecendo agilidade e eficácia e gerando valor ao processo de armazenagem. O WMS está em evidência entre os Centros de Distribuições, Armazéns, atacadistas e grandes varejistas que movimentam grandes volumes de estoques porque agrega vários módulos operacionais de gerenciamento de um armazém. A utilização do WMS, segundo Tadeu (2010, p. 343), pode trazer as seguintes vantagenspara uma organização: aumento de acuracidade de informações relativas ao estoque, aumento de velocidade das operações das atividades de um armazém e crescimento da produtividade do pessoal e dos equipamentos de um depósito. Ainda conforme o autor, dentre as atividades mais executadas dentro de um WMS, pode-se citar: ■ Recebimento: o sistema permite receber informações dos fornecedores antecipadamente, permitindo melhor organização; ■ Guarda: a partir da parametrização do sistema, o mesmo identifica o endereçamento correto do item; ■ Contagem cíclica: aponta a necessidade dos inventários rotativos; ■ Separação: suporta a atividade de separação de pedidos; ■ Gerenciamento de tarefas: depois de parametrizado o sistema, acompanha a tarefa rastreando o equipamento e o operador responsável; ■ Qualidade assegurada: permite total rastreabilidade, desde o número do lote de fabricação até o aceite do cliente; CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 16 ■ Ressuprimento: auxilia a melhor utilização do espaço, pois não há necessidade de reserva de lugar para determinado item. O sistema consegue identificar qualquer item em qualquer lugar dentro do depósito desde que devidamente registrado; ■ Embalagem: calcula a necessidade de embalagens e reembalagens; ■ Oportunidades para cross-docking: a partir da parametrização das docas de recebimento e expedição, de operadores, empilhadeiras e outros, o sistema torna-se apto a suportar operações na modalidade cross docking (as mercadorias passam rapidamente pelos armazéns, apenas para consolidar cargas reduzindo os custos de armazenagem); ■ Controle de estoques: o sistema envia automaticamente as informações de baixa dos estoques ao módulo responsável; ■ Gerenciamento e trabalho do pedido: auxilia as atividades de picking também. A partir da rotatividade do item, o sistema busca a melhor localização para que o produto fique próximo da área de expedição; ■ Expedição: depois da baixa do estoque o sistema gera as notas fiscais para as entregas aos clientes. Em um ambiente de WMS o sistema opera em tempo real e considera os elementos vitais para o depósito, tais como o espaço, a mão de obra, os equipamentos de movimentação interna e o estoque, o que proporciona informações efetivas para que o profissional de logística possa tomar decisões pautadas em dados fidedignos. O investimento em um WMS no mínimo deve trazer de retorno para as organizações a melhoria do serviço prestado ao cliente, a redução dos custos das operações (custos com erros e falhas humanas) e o aumento da acuracidade dos controles dos estoques. Segundo Banzato (2005), um WMS oferece também: CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 17 ■ Controle operacional (o sistema WMS fornece as tarefas a serem feitas); ■ Redução do tempo perdido com esperas; ■ Redução do tempo morto dos recursos de movimentação; ■ Otimização do percurso de separação de pedidos; ■ Estocagem otimizada através de uma localização pela curva ABC de giro; ■ Aumento da densidade de estocagem, diminuindo distâncias a serem percorridas; ■ Diminuição de tempos de viagem, entre outros. Em suma, uma organização que já fez todo um investimento em estrutura física, segurança do depósito, equipamentos de movimentação interna, capacitação da mão de obra e outros não pode gerenciar tudo isso de forma amadora. Devido a esses e outros elementos essenciais em um armazém eficiente, o investimento em um sistema de gerenciamento de WMS é uma necessidade. Para saber mais assista ao vídeo que está disponível no material on-line! Indicadores da Armazenagem Segundo Banzato (2003), alguns dos indicadores passíveis de serem utilizados nas áreas de armazenagem são: ■ Índice de pronto atendimento: mede o número de vezes em que dizemos “sim, temos o que é preciso na quantidade desejada”, e quando o cliente coloca seu pedido. Este indicador pode ser aplicado no item individualmente ou por família de produtos; ■ Data de entrega prometida: medimos a data/horário prometidos em relação à data/horário de entrega e, se atrasado, quanto atrasado; ■ Eficácia do armazém: mede habilidade de atender aos pedidos prontamente, incorporados a data e o horário do pedido, o número CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 18 de expedição para aqueles clientes e o número de notas de créditos levantadas em seu favor; ■ Percentual de ocupação do armazém: verifica qual o percentual do espaço do depósito está destinado para armazenagem, uma vez que outras atividades também ocorrem ali como recebimento, expedição e outras. Além desses indicadores propostos pelo autor, há outros utilizados por outras áreas da Logística e também pela armazenagem, tais como: ■ Nível de atendimento: esse indicador demonstra quão eficiente está o atendimento do depósito para com seus clientes internos. Ou seja, o armazém sempre consegue atender todos os itens solicitados? ■ Índice de quebras, perdas e obsolescência: as quebras, perdas e obsolescências são avarias causadas nas mercadorias em qualquer ponto da Cadeia de Abastecimento. A proposta desse material é traduzir para a realidade dos armazéns onde ocorre o manuseio dos materiais nas dependências da empresa. A perda de mercadorias é mensurada pelo índice de perda, dividindo a perda detectada nos inventários, somada à quebra identificada nos processos, pela venda líquida do período. Esse índice pode ser calculado mensalmente, trimestralmente ou nos fechamentos dos inventários, conforme equação a seguir: Índice de quebras/perdas: perda do inventário + quebra identificada do período / Venda líquida do período CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 19 Acuracidade dos controles Manter níveis acurados de controles principalmente dos estoques é uma necessidade das empresas. Esse indicador mensura se o Armazém mantém os itens sob controle, pois o mesmo compara a quantidade de itens que estão no sistema informatizado com o que é encontrado no físico nas prateleiras. Normalmente as empresas aplicam esse indicador aos finais dos inventários para que possa visualizar quão correto estão os registros. Isso é possível de ser identificado através da equação: Acurácia: número de itens corretos / número de itens inventariados (x100) Na prática, os números apresentados pelos indicadores podem ser traduzidos em valores monetários. Veja um exemplo de como o custo da não qualidade pode ser impactante no indicador Pedido Perfeito, o qual é composto por uma série de elementos, expostos no quadro a seguir: Componente Desempenho atual % Custo da imperfeição Custo da qualidade insatisfatória ($) Taxa de satisfação de pedido 80 100 700.000 Quantidade de separação certa 97 50 52.500 Seleção do item perfeito 97 50 52.500 Inserção do pedido livre de erros 97 300 315.000 Documentos livres de erros 95 45 78.750 Entregue sem defeito 96 200 52.500 Entregue no local certo 99 150 280.000 CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 20 Entregue pontualmente 90 100 350.000 Percentual de Pedido Perfeito 59,3% Total: $ 1.881,250 Fonte: Banzato (2003, p. 271). O quadro apresentado analisa parte do indicador Pedido Perfeito, mas pode ser utilizado como base de análise de outros indicadores também. O que deve ficar claro é que não há como gerenciar um armazém sem mensurar o atingimento das metas propostas e isso é perfeitamente possívelcom o uso dos indicadores adequados. Inúmeros outros indicadores também podem ser considerados, tais como: percentual do custo total da armazenagem sobre as vendas; percentual médio de tempo da atividade de separação de pedidos; taxa de turnover do pessoal do armazém; horas de treinamento mensal para os colaboradores do armazém e outros. Mas, independentemente do indicador eleito, o mais importante é que a organização desenvolva a cultura de mensurar seus resultados através dos números atingidos pelos mesmos. O profissional de logística deve ter claro consigo que o monitoramento das atividades da organização é necessário para que seja possível identificar as possíveis falhas e imputar melhorias. Diante disso, a utilização de indicadores que reflitam a performance real das atividades deve ser aplicada com coerência e responsabilidade. E um lembrete: os indicadores devem ser de aplicação simples e de fácil entendimento para que todos os envolvidos nos processos se comprometam com os resultados. Então, bom senso na escolha do indicador e mãos à obra! Para saber mais assista ao vídeo que está disponível no material on-line! CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 21 Na prática A partir da matéria jornalística e do seu conhecimento adquirido com os estudos sobre Armazenagem, responda aos questionamentos a seguir: a) Explique porque para o produtor rural a armazenagem própria é um diferencial. b) Justifique porque a armazenagem rural no Brasil é inferior aos países mencionados na reportagem. c) Descreva de que forma a armazenagem rural pode agregar valor ao produtor rural. d) Cite quais subprodutos podem ser aproveitados pelo fato de ter armazenagem própria. Governo destina R$ 1,4 bilhão para financiar armazéns em propriedades rurais Fonte: Portal Brasil, com informações do Mapa – 20/05/2016. Disponível em: http://www.brasil.gov.br/economia-e-emprego/2016/05/governo-destina-r-1-4- bilhao-para-financiar-armazens-em-propriedades-rurais A partir de 1º de julho (de 2016), os agricultores terão à disposição R$ 1,4 bilhão em crédito, por meio do Programa para Construção e Ampliação de Armazéns (PCA), para a gestão da propriedade rural. Com a armazenagem na fazenda, os produtores também poderão esperar o momento mais oportuno para vender a produção, ou seja, aquele em que o preço para comercialização está mais atraente. Na época da colheita, a oferta é maior que a demanda, e o preço, menor. Na entressafra, quando a oferta é menor, o produtor pode vender a produção por uma cotação mais alta. O financiamento do PCA, com juros anuais de 8,5%, terá prazo de pagamento de 15 anos, com três anos de carência. A linha de financiamento faz parte do Plano Agrícola e Pecuário 2016/2017, lançado no início deste mês pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 22 A construção de armazéns na propriedade é relativamente recente no Brasil. A capacidade de estocagem do País, em 2000, era de 87,8 milhões de toneladas. Do total, apenas 4% (3,5 milhões de toneladas) era de propriedade dos agricultores. Hoje, a armazenagem brasileira é de 153,1 milhões de toneladas de grãos. Do montante, cerca de 23 milhões de toneladas estão estocadas em fazendas, o que representa em torno de 15% da capacidade do País. De acordo com Ricardo Thomé, técnico do Departamento de Infraestrutura, Logística e Geoconhecimento para o Setor Agropecuário do Mapa, a armazenagem na propriedade cresceu 6,5 vezes em 16 anos no Brasil. Contudo, avalia, a estocagem nas fazendas brasileiras é relativamente pequena se comparada a outros países. Na Austrália, a armazenagem na propriedade rural é superior a 35% da capacidade do País, enquanto na Argentina varia de 35% a 45%. Nos Estados Unidos, está entre 55% a 66%. Esse valor é superior a 85% no oeste do Canadá. "Esses dados nos levam a concluir que os produtores dos principais países agrícolas estão em condições de negociações financeiras bem melhores do que a dos agricultores brasileiros", disse Thomé. "Os nossos produtores se esforçam em aumentar a produtividade e a safra, mas continuam perdendo em lucratividade para outros países menos expressivos na produção de grãos." Cadeia produtiva Para Thomé, a armazenagem na propriedade rural deve ser encarada como um elo da cadeia produtiva, agregando valor à produção. "Quando tiver o armazém em sua unidade produtiva, independente do seu tamanho, o produtor terá como planejar uma melhor logística para a colheita. A safra abrigada na própria propriedade também terá os benefícios do aproveitamento dos subprodutos oriundos do processamento da colheita, como, por exemplo, quirela de soja e de milho." A armazenagem também pode incluir as etapas de limpeza – retirada das impurezas, como detritos da própria planta, ervas daninhas etc., e de secagem CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 23 – e de remoção da umidade dos grãos. Esse processamento na fazenda resulta em maior lucratividade por agregar valor ao produto no momento da venda. Thomé citou como exemplo a estocagem e o processamento de 100 toneladas de soja na propriedade. Segundo ele, cerca de 11% desse total seriam retiradas devido à limpeza (5%) e secagem (6%) dos grãos. As impurezas seriam aproveitadas como adubo orgânico, cama de animais ou combustível para a fornalha. Já a água retirada dos grãos deixaria de ser transportada para o armazém de destino, ou seja, com menor peso no transporte e menos despesas. Além disso, acrescentou o técnico do Mapa, haveria a vantagem de evitar o tráfego de muitas carretas nas estradas em direção às zonas de beneficiamento e agroindústrias ou para os portos durante a safra. Em consequência, o transporte ficaria mais bem distribuído durante a entressafra e o preço do frete tenderia a cair. Síntese Nesta última aula tivemos a oportunidade de acessar conceitualmente algumas das contribuições que a Tecnologia da Informação e da Comunicação (TIC) fez para a logística. Vimos que as empresas de tecnologia encontraram nos processos logísticos inúmeras oportunidades para desenvolver novas soluções e isso foi um marco para a melhoria na eficiência das atividades internas da logística e também do nível de serviço ao cliente. Aprendemos também que as empresas determinam critérios qualitativos e que impactam na escolha dos recursos tecnológicos que auxiliarão na efetividade dos processos de gerenciamento do armazém. Revisitamos o conceito do código de barras para compreendermos o RFID como uma evolução tecnológica o qual oferece muito mais recursos. E conhecemos também os principais conceitos do sistema utilizado por inúmeras organizações no gerenciamento dos seus armazéns e depósitos, o WMS. E, para finalizar, também foi discutido quão importante é gerenciar um armazém através dos números. Como ferramenta, foram apresentados alguns CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 24 indicadores úteis, os quais certamente não são os únicos, todavia servem como modelo referencial. Mas a dica de todo esse contexto apresentado é ter bom senso nas escolhas e bom senso nas decisões! Para as considerações finais da professora Rosinda, acesse o material on-line e assista ao vídeo que está disponível para você! Referências BANZATO, E. et. al. Atualidades da Armazenagem. São Paulo: IMAM, 2003, p. 143. BANZATO, E. Tecnologia da Informação aplicada a logística. São Paulo: IMAM, 2005. COSTA LEAL, F. J.C. Introdução a administração de materiaisem sistemas informatizados. São Paulo: Edicto Comercial, 2002. RUSSO, C. P. Armazenagem, controle e distribuição. Curitiba: Intersaberes, 2013. TADEU, H. F. B. Gestão de estoques: fundamentos, modelos matemáticos e melhores práticas aplicadas. São Paulo: Cengage Learning, 2010, p. 253.
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