Buscar

O Preâmbulo

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 13 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 13 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 13 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

O Preâmbulo
O Preâmbulo trata-se de um conjunto de enunciados, que se encontra no início da constituição federal, quem tem como objetivo maior explicar o real significado da nossa Constituição Federal brasileira de 1988. Invocando a metáfora de um livro, e comparando-o a uma Constituição, podemos dizer que o preâmbulo seria uma espécie de prefácio, já que explica a essência dos pontos centrais do Texto principal. O preâmbulo é o elemento fundamental de nossa Constituição Federal. 
A origem da palavra preâmbulo vem do latim, pre (antes, sobre) + ambulare (passear, andar), sendo uma espécie de texto introdutório da nossa Constituição Federal. Podemos dizer também que seja algo que antecede uma norma ou lei. O juiz de direito e professor Paulo Nader diz que o preâmbulo é parte introdutória e preliminar ao texto constitucional, possuindo valores relativos pois não se confere como parte normativa do contexto. Como finalidade o preâmbulo demonstra intenções políticas, sociais, filosóficas de uma constituição reparada.
O preâmbulo da constituição vem com total força em questão de mudança ao regime do país, apresentando um novo regime, o preâmbulo mostra seus preceitos e valores supremos, onde até então não eram respeitados. O Preâmbulo trata de uma confissão de fé de uma religião civil, onde o seu conteúdo tenta transparecer os verdadeiros ideais, convicções e motivos, tentando lembrar do passado e mostrar o futuro onde as pessoas precisam estabelecer vínculos de comprometimento umas com as outras. No Preâmbulo assim como em outros dispositivos constitucionais, a todo momento tenta transparecer a manifestação de vontade do querer normativo-constitucional.
O Preâmbulo tem três funções primordiais, a primeira função é a função simbólica, o preâmbulo representa um fator de integração nacional, a ideia é que no preâmbulo você abra o máximo possível o leque de um estado democrático, pra abranger dentro dele as principais premissas que fundam a república federativa do Brasil. A outra função do preâmbulo é a função ideológica, pois para ter um texto constitucional é necessário uma ideologia, com fatores sociológicos, políticos, filosóficos e jurídicos, portanto essa é a função ideológica. O preâmbulo também tem a função jurídico político pois ele vai servir como uma diretriz para alguns, até como norma para a aplicação do direito como um todo.
Muitos textos constitucionais de outros países mantém a tradição do Preâmbulo. O Preâmbulo não faz parte do texto constitucional e não contém normas constitucionais de valor jurídico autônomo, porém é relevante, devendo ser observado como elemento de interpretação e integração dos artigos que lhe seguem. Ele sintetiza os objetivos da Constituição Federal, é fonte de interpretação para sanar dúvidas diante de questões práticas e serve como base para novos caminhos da atividade política do governo. 
O Preâmbulo não pode prevalecer contra texto expresso da Constituição Federal, por não ser considerado como paradigma para declarar inconstitucionalidade de algum artigo, mas será linha mestra na interpretação da Constituição Federal, porque traça diretrizes políticas, filosóficas e ideológicas da Constituição.
Constituição Federal de 1988
	A atual Constituição Federal foi promulgada em 05 de outubro de 1988 pela Assembleia Nacional Constituinte depois de passar por um regime militar que durou cerca de 20 anos. Foi democrática e fez nela surgir o Poder Constituinte Originário. A promulgação é um procedimento onde novas normas são inseridas e as mesmas tem força vinculante e obrigatória. A nossa Constituição é classificada como uma constituição rígida, escrita e democrática.
	A Constituição trata-se de uma organização política fundamental do estado regido por regras jurídicas, diferenciando-a das outras por sua supra legalidade. Dividida por Elemento Orgânico, em que a norma trata da organização e da atividade pública; Elemento Limitado, onde as normas do estado limitam o poder do estado, evitando o autoritarismo, a ditadura, o absolutismo, etc.; e por fim o Elemento Sociológico que são normas constitucionais que tratam do modelo socioeconômico do estado.
	O novo texto constitucional proclamou os princípios constitucionais fundamentais da Constituição Federal brasileira de 1988 elencados nos artigos 1º ao 4º e dos direitos e deveres individuais e sociais que estão claramente insculpidos nos artigos 5º ao 11º da nossa Constituição Federal.
A nossa Constituição de 1988 fez surgir um “status” aos dizermos que a constituição federal é todo um ordenamento jurídico político que visa manter a paz social, tentando a todo momento mostrar que estamos totalmente integrados nela, que a democracia é o novo modo de vida. No início do preâmbulo assim como ele em um todo, a todo momento ele tenta esclarecer e mostrar as garantias dos direitos fundamentais, tendo total importância na nossa Constituição pois ele serve pra provar que o estado democrático não é separado do estado social e para provar que o preâmbulo não tem só tem uma importância muito grande com eficácia ideológica, é depois reproduzido nos direitos fundamentais e garantias sociais.
O Atual Preâmbulo da Constituição Federal
O preâmbulo da atual Constituição Federal brasileira de 1988 consagra-nos os direitos individuais e nossas garantias sociais, considerados como princípios do poder constituinte e do Estado Democrático de Direito, tendo o seguinte enunciado:
Preâmbulo
Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembleia Nacional Constituinte, para instituir um Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução pacífica das controvérsias, promulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte Constituição da República Federativa do Brasil".
	De certo, sabemos ou devíamos saber que o preâmbulo da nossa atual constituição federal brasileira subdivide-se em três partes básicas. Inicialmente ela evidencia a origem da constituição, em seguida a definição dos princípios comuns e pôr fim a intervenção divina, onde podemos notar que está presente em tantas outras constituições.
O Preâmbulo é de suma importância para a história Constitucional democrática, ele representa a auto consciência do poder constituinte originário, é como se fosse uma herança de tudo aquilo que conspirou em prol da formação do país, e por fim o preâmbulo tem grande relação com os princípios e direitos fundamentais.
Quando dizemos que a Constituição é a formação do Poder Constituinte dizemos que este poder é basicamente a teoria da legitimidade do poder. É o poder responsável pela criação, alteração e modificação da constituição federal. O poder constituinte originário de forma simples e sucinta é o poder que a partir do momento que surge, cria um novo ordenamento jurídico. Já o poder constituinte derivado, conhecido como secundário é o poder que deriva do originário, portanto deve respeitar o mesmo. É o poder responsável pela mudança e alteração da norma constitucional através de emendas e revisões constitucionais.
De acordo com Paulo Bonavides, (Direito constitucional, CURSO, 2015, 30ª ed.) “o poder constituinte nacional é nesse caso a soberania a serviço do sistema representativo, ou a caracterização diferente que a soberania torna ao fazer-se dinâmica e criadora de instituições (...) sem o poder constituinte, essas duas categorias modernas do pensamento político não teriam vingado: o povo e a nação.”
O Preâmbulo da Constituição da República Federativa do Brasil tem como objetivo mostrar suas reais intenções é certificado de origem e legitimidade do texto constitucional, mostra ruptura com a Constituição anterior, vislumbrando o surgimento jurídico de um novo Estado.
O Preâmbulo da Constituição Federal brasileira tem alguma utilidade pratica outeórica?
	Em regra é difícil encontrar uma conceituação bem definida. O Preâmbulo Constitucional é encarado como o código genético de uma constituição, ele traz no seu bojo as ideias, as ideologias, os objetivos e os fundamentos das pessoas que criaram a Constituição. 
Como já dito no início do trabalho, vimos que há muitas controvérsias em relação a eficácia jurídica e pratica do preâmbulo constitucional. Para alguns doutrinadores o preâmbulo possui sim notória natureza de princípio constitucional. Agora para o mundo acadêmico dos magistrados o preâmbulo constitucional possui apenas valor político social e não valor de norma jurídica
Muitos Doutrinares, acreditam que o preâmbulo é parte integrante do texto constitucional, mas não tem valor jurídico normativo, pois não tem âmbito jurídico. Portanto para o Supremo Tribunal Federal, o preâmbulo não é norma constitucional nem jurídica, se tratando de uma explicação sobre os princípios que a Constituição aborda, havendo então a ausência de valor jurídico normativo.
No Preâmbulo e em outros textos normativos nos deparamos com as declarações de "vontades" normativa-constitucional e os desafios que a nossa realidade impõe. Pode ser usado como exemplo para o preâmbulo um catálogo que tenta transparecer e explicar a constituição, deixando claro e validando-a.
De forma objetiva, podemos mostrar dois métodos tradicionais de interpretação do preâmbulo evidenciando a sua eficácia jurídica normativa. O método literal-gramatical e o método exegético.
Pietro Virga, um jurista italiano diz sobre o tamanho da ineficácia dos Preâmbulos ao dizer que “todas as normas são acionáveis da constituição”.
O método literal-gramatical deixa claro que do preâmbulo, direitos não podem ser retirados, limitando a procura de sentidos nas disposições das normas constitucionais sendo que o preâmbulo fica fora do texto constitucional. Ao contrário do método exegético que relata a vontade do legislador como função do preâmbulo, tornando-se parte importante do texto normativo constitucional.
Preâmbulos que antecedem a Constituição de 1988
	O Brasil, país em que vivemos já possuiu outras constituições com seus respectivos preâmbulos, ao qual logo citaremos algumas e notaremos suas diferenças. As Constituições que tiveram preâmbulo foram as seguintes: Constituição de 1891, 1934, 1937, 1946 e 1988.
A Constituição de 1824 outorgada pelo Imperador D. Pedro I, em 25.03.1824:
	DOM PEDRO PRIMEIRO, POR GRAÇA DE DEUS, e Unânime Aclamação dos Povos, Imperador Constitucional, e Defensor Perpétuo do Brasil: Fazemos saber a todos os Nossos Súditos, que tendo-Nos requerido os Povos deste Império, juntos em Câmaras, que Nós quanto antes jurássemos e fizéssemos jurar o Projeto de Constituição, que havíamos oferecido às suas observações para serem depois presentes à nova Assembleia Constituinte; mostrando o grande desejo, que tinham, de que ele se observasse já como Constituição do Império, por lhes merecer a mais plena aprovação, e dele esperarem a sua individual, e geral e felicidade Política: Nós Juramos o sobredito Projeto para o observarmos e fazermos observar, como Constituição, que d’ora em diante fica sendo deste Império; a qual é do teor seguinte: (...).
A Constituição de 1891 (24 de Fevereiro de 1891):
Nós, os representantes do povo brasileiro, reunidos em Congresso Constituinte, para organizar um regime livre e democrático, estabelecemos, decretamos e promulgamos a seguinte Constituição da Republica dos Estados Unidos do Brasil.
A Constituição de 1934 (16 de Julho de 1934): 
Nós, os representantes do Povo Brasileiro, pondo a nossa confiança em Deus, reunidos em Assembleia Nacional Constituinte para organizar um regime democrático, que assegure à Nação a unidade, a liberdade, a justiça e o bem estar social e econômico, decretamos e promulgamos a seguinte Constituição da Republica dos Estados Unidos do Brasil.
Constituição de 1937 (10 de novembro de 1937): 
O Presidente da República dos Estados Unidos do Brasil: 
Atendendo às legítimas aspirações do povo brasileiro à paz política e social, profundamente perturbada por conhecidos fatores de desordem, resultantes da crescente agravação dos dissídios partidários, que uma notória propaganda demagógica procura desnaturar em lutas de classes, e da extremação de conflitos ideológicos; tendentes, pelo seu desenvolvimento natural, a resolver-se em termos de violência, colocando a Nação sob a funesta iminência da guerra civil; 
Atendendo ao estado de apreensão criado no país pela infiltração comunista, que se torna dia a dia mais extensa e mais profunda, exigindo remédios de caráter radical e permanente; 
Atendendo a que, sob as instituições anteriores, não dispunha o Estado de meios normais de preservação e de defesa da paz, da segurança e do bem estar do povo; 
Com o apoio das forças armadas e cedendo às inspirações da opinião nacional, umas e outras justificadamente apreensivas diante dos perigos que ameaçam a nossa unidade e da rapidez com que se vem processando a decomposição das nossas instituições civis e políticas; 
Resolve assegurar à Nação a sua unidade, o respeito à sua honra e à sua independência, e ao povo brasileiro, sob um regime de paz política e social, as condições necessárias à sua segurança, ao seu bem estar e à sua prosperidade; 
Decretando a seguinte Constituição, que se cumprirá desde hoje em todo o país: Constituição da Republica dos Estados Unidos do Brasil. 
Constituição de 1946 (1 de Setembro de 1946): 
Nós, os representantes do povo brasileiro, reunidos, sob a proteção de Deus, em Assembleia Constituinte para organizar um regime democrático, decretamos e promulgamos a seguinte Constituição da Republica dos Estados Unidos do Brasil. 
Constituição de 1967 (Emenda Constitucional n. 1, de 1969): 
O Congresso Nacional, invocando a proteção de Deus, decreta e promulga a seguinte Constituição do Brasil. 
Os Ministros da Marinha de Guerra, do Exército e da Aeronáutica Militar, usando das atribuições que lhes confere o artigo 3º do Ato Institucional n. 16, de 14.10.1969, combinado com o § 1º do artigo 2º do Ato Institucional n. 5, de 13.12.1968, e, 
Considerando que, nos termos do Ato Complementar n. 38, de 13.12.1968, foi decretado, a partir dessa data, o recesso do Congresso Nacional; 
Considerando que, decretado o recesso parlamentar, o Poder Executivo Federal fica autorizado a legislar sobre todas as matérias, conforme o disposto no § 1º do artigo 2º do Ato Institucional n. 5, de 13.12.1968; 
Considerando que a elaboração de emendas à Constituição, compreendida no processo legislativo, está na atribuição do Poder Executivo Federal; 
Considerando que a Constituição de 24.01.1967, na sua maior parte, deve ser mantida, pelo que, salvo emendas de redação, continuam inalterados os seguintes dispositivos: (...); 
Considerando as emendas modificativas e supressivas que, por esta forma, são ora adotadas quanto aos demais dispositivos da Constituição, bem como as emendas aditivas que nela são introduzidas; 
Considerando que, feitas as modificações mencionadas, todas em caráter de Emenda, a Constituição poderá ser editada de acordo com o texto que adiante se pública; 
Promulgam a seguinte Emenda à Constituição de 24.01.1967. 
Em todas as Constituições do passado institucional brasileiro havia Preâmbulos que enunciavam as suas origens, os seus objetivos e os valores plasmados nos textos constitucionais que refletiam a ideologia dominante na sociedade coeva.
Dignidade da Pessoa Humana
O constituinte de 1988 tornou indubitável que o Estado democrático de direito tem como sustentáculo a dignidade da pessoa humana (art. 1º, III, da Constituição Federal). O mesmo identificou na dignidade pessoal a faculdade de todo ser humano em ser respeitado como pessoa, de não ser lesado em sua existência (a vida, o corpo e a saúde) e de gozar de um âmbito existencial próprio.
A dignidade tem relevância espiritual e moral imanente à pessoa, que se apresenta notavelmente na autodeterminação consciente e responsávelda própria vida e que carrega a presunção ao respeito por parte das demais pessoas, tornam-se um mínimo invulnerável que todo ordenamento jurídico deve assegurar, de modo que, somente excepcionalmente, possam ser feitas limitações na execução dos direitos fundamentais, mas sempre sem menosprezar a necessária estima que merecem todas as pessoas enquanto seres humanos.
Amparar a dignidade da pessoa humana como valor precípuo do Estado democrático de direito é reconhecer o ser humano como o centro e o fim do direito. Essa prerrogativa é o valor culminante, constitucionalmente dizendo, o valor pleno. Esse princípio se tornou um bloqueio irremovível, pois zela pela dignidade da pessoa, que é o valor supremo absoluto desenvolvido pela Constituição Federal. Para podermos substanciar o princípio da dignidade da pessoa humana é necessário compreendermos a existência do próprio Estado. Criou-se o Estado, o qual existe para que os interesses do homem possam ser apoiados e atendidos. Quando o homem vivia em seu estado natural, constatou que não poderia viver em sociedade se não houvesse uma eficácia proteção de seus interesses contra os outros indivíduos (seus semelhantes) da sociedade.
Portanto, para que o Estado conseguisse agir de forma a garantir a proteção dos interesses do homem, este teve de dispor de parte de sua autonomia, conferindo poderes àquele. Assim, nota-se que o Estado foi formado para o benefício do homem, não para o seu suplicio. Desta maneira, o Estado veemente e controlador deverá ter limitações a sua atuação para que não acometa a própria natureza de quem o criou, ou seja, o Estado possui limites, os quais estão ligados (limitados) à existência do indivíduo humano.
O princípio da dignidade da pessoa humana tem uma relação intrínseca com o direito natural. Se considerarmos que o direito natural é aquele que nasce com o homem, a dignidade humana faz parte dele, tendo em vista que o homem detém capacidades próprias e poder de raciocínio já ao nascer, o que diferencia dos demais seres. Todos os homens, ao nascerem, são iguais em dignidade; o que os diferencia num momento posterior, é a conjuntura sociocultural e econômico no qual estão introduzidos. Assim, dada a incapacidade de se estabelecer um conceito tangível e preciso da dignidade da pessoa humana, por ser um conceito jurídico indeterminado e é bom que seja assim –, é a autonomia que se posiciona como conteúdo nuclear da dignidade humana, pois “cada ser humano é humano por força de seu espírito, que o distingue da natureza impessoal e que o capacita para, com base em sua própria decisão, tornar-se consciente de si mesmo”. No entanto, a dignidade humana serve de limitação à autonomia da vontade.
Para Clayton Reis (2008)
“A dignidade é um valor-fonte, bem como, condição necessária para ocorrer perfeita interação entre os seres humanos, na medida em que for utilizada na linguagem da comunicação, propiciará compreensão e entendimento entre as pessoas”
É um critério unificador de todos os direitos fundamentais ao qual todos os direitos humanos e do homem se reportam, em maior ou menor grau, apesar de poder ser alusivos, no padrão em que nenhum direito ou princípio se apresenta de forma absoluta.
Existe divergência quanto à aplicação do princípio da dignidade às pessoas jurídicas. Entretanto, conforme a posição majoritária apontada por vários doutrinadores, apesar de as pessoas jurídicas serem dotadas de direitos fundamentais, a elas não poderia ser aplicado o princípio da dignidade, por ser um atributo humano, não destinado a criações jurídicas fictícias. Contudo, esta posição é uma incoerência, na medida em que todos os direitos humanos e fundamentais são decorrências lastreadas no valor dignidade, no piso protetivo mínimo contra situações consideradas intoleráveis pela coletividade.
Deste modo, se analisados os ordenamentos jurídicos no mundo e os instrumentos de direito internacional percebe-se que a dignidade da pessoa humana tem seu conceito formado por duas identificações: uma externa e outra interna.
Direitos assegurados pelo princípio da pessoa humana
Os direitos que sobrevieram da dignidade humana estão ligados à pessoa, independentemente de qualquer reconhecimento pela ordem jurídica; por isso mesmo podem ser oponíveis tanto ao Estado como à comunidade internacional e, ainda, aos demais indivíduos do grupo social. 
O princípio da dignidade da pessoa humana garante principalmente o reconhecimento do homem como ser superior, criador e mediador de todas as coisas. A sua liberdade como valor prioritário é instância fundadora do direito, e a preservação dos direitos humanos, naturais e inatos é condição imprescindível da instituição da sociedade e do Estado democrático. Há, pois, um fato, entre outros tantos, que não se pode omitir no tocante a essa matéria: que humanismo e democracia são traços constitutivos da nação.
Assim, respeitar a dignidade da pessoa humana, traz quatro importantes consequências: a) igualdade de direitos entre todos os homens, uma vez integrarem a sociedade como pessoas e não como cidadãos; b) garantia da independência e autonomia do ser humano, de forma a obstar toda coação externa ao desenvolvimento de sua personalidade, bem como toda atuação que implique na sua degradação e desrespeito à sua condição de pessoa, tal como se verifica nas hipóteses de risco de vida; c) não admissibilidade da negativa dos meios fundamentais para o desenvolvimento de alguém como pessoa ou imposição de condições sub-humanas de vida. Adverte, com carradas de acerto, que a tutela constitucional se volta em detrimento de violações não somente levadas a cabo pelo Estado, mas também pelos particulares.
Conatural ao reconhecimento jurídico da dignidade da pessoa humana decorre a salvaguarda dos direitos da personalidade. Estes configuram um conteúdo mínimo e imprescindível da esfera jurídica de cada pessoa, incidentes sobre a sua vida, saúde e integridade física, honra, liberdades física e psicológica, nome, imagem e reserva sobre a intimidade de sua vida privada. Dessa enumeração emanam questões relativas à vida em formação, aos novos métodos de reprodução da pessoa humana, à manipulação genética da pessoa, às situações de risco de vida, ao transplante de órgãos, tecidos e partes do corpo humano, entre outras de patente atualidade.
De suas características, duas guardam íntima vinculação ao tema sob enfoque, quais sejam a irrenunciabilidade e a intransmissibilidade, as quais impedem que a vontade do titular possa legitimar o desrespeito à condição humana do indivíduo. Limitam a liberdade de sua manifestação quando contrária à ordem pública. Exemplificando, de nenhuma valia se afigura o consenso capaz de importar na supressão do bem da vida.
A dignidade como qualidade intrínseca da pessoa humana, é irrenunciável e inalienável, constituindo elemento que qualifica o ser humano como tal e dele não pode ser destacado, de tal sorte que não se pode cogitar na possibilidade de determinada pessoa ser titular de uma pretensão a que lhe seja concedida a dignidade. [...] qualidade integrante e irrenunciável da própria condição humana, pode (e deve) ser reconhecida, respeitada, promovida e protegida, não podendo, contudo (no sentido ora empregado) ser criada, concedida ou retirada, já que existe em cada ser humano como algo que lhe é inerente.
É necessário, assim, ter em conta que a questão da proteção e defesa da dignidade da pessoa humana e dos direitos da personalidade, no âmbito jurídico, alcança uma importância proeminente neste fim de século, notadamente em virtude dos avanços tecnológicos e científicos experimentados pela humanidade, que potencializavam de forma intensa riscos e danos a que podem estar sujeitos os indivíduos, na sua vida cotidiana. Passa, então a temática DA “dignidade humana” – e dos direitos que lhe são correlatos – a integrar o Direito Constitucional, elevada à condição de princípio fundamental, ou segundo outros, de valor essencial que dá unidade ao sistema, ocupando um estágio de relevância ímpar no ordenamentojurídico.
O princípio fundamental invocado vincula todo o ordenamento jurídico brasileiro, não somente determinados artigos. Todos os dispositivos da Constituição, bem como os das demais leis que lhe são inferiores, devem ser lidos com olhos fixos no princípio da dignidade da pessoa humana. A dignidade não deve ser vista como qualquer pessoa deseja ver, sob pena da própria noção de dignidade e sua força normativa correr o risco de ser vulgarizada e esvaziada. O princípio não deve ser usado como um recurso exagerado e sem qualquer fundamentação racional, sob pena de poder acabar contribuindo para a erosão da própria noção de dignidade como valor fundamental de nossa ordem jurídica. 
O conteúdo semântico da dignidade da pessoa humana deve ser encontrado a partir dos critérios disponíveis em todos os subsistemas jurídicos. Apesar de sua prevalência, eventualmente terá de submeter-se a adequações, com vistas ao equilíbrio necessário que deverá partilhar com os demais valores albergados pelo ordenamento jurídico.
Disso surge a seguinte indagação: a dignidade da pessoa humana, prevista no art. 1º, III, da Constituição Federal de 1988, foi considerada pelo constituinte como valor absoluto ou o legislador maior permitiu “limitações” à dignidade pessoal? A doutrina majoritária mostra-se absolutamente contrária a qualquer tipo de restrição à dignidade pessoal, pois considera restrição como sinônimo de violação. Nessa linha de entendimento, nem mesmo o interesse comunitário pode justificar ofensa à dignidade individual, pois esta deve ser considerada como valor absoluto e insubstituível de cada ser humano.
Por outro lado, Ingo Wolfgang Sarlet salienta que até mesmo o princípio da dignidade da pessoa humana (por força de sua própria condição princípio lógica) acaba por sujeitar-se a uma necessária relativização, nada obstante sua prevalência no confronto com outros princípios e regras constitucionais.
 	O que nos parece deva ficar consignado é que não se deve confundir a necessidade de harmonizar, no caso concreto, a dignidade na sua condição de norma-princípio (que, por definição admite vários níveis de realização) com outros princípios e direitos fundamentais, de tal sorte que se poderá tolerar alguma relativização, com a necessidade de respeitar, proteger e promover a igual dignidade de todas as pessoas, não olvidando que, antes mesmo de ser norma jurídica, a dignidade é, acima de tudo, a qualidade intrínseca do ser humano e que torna merecedor ou, pelo menos, titular de uma pretensão de respeito e proteção
A interferência do princípio da dignidade da pessoa humana difundiu-se entre nós reverenciando a igualdade entre homens, impedindo que o ser humano seja considerado como objeto, degradando-se a sua condição de pessoa, o que implica a observância de prerrogativas de direito e processo penal na limitação da autonomia da vontade e no respeito aos direitos de personalidade, para garantir um patamar existencial mínimo. 
Uma vez que a dignidade, na condição de valor intrínseco do ser humano, gera para o indivíduo o direito de decidir de forma autônoma sobre seus projetos existenciais e felicidade, mesmo nos momentos em que sua autonomia lhe faltar, deverá ser considerado e respeitado pela sua condição de pessoa humana.

Outros materiais