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Modelagem Matemática de Sistemas Hidráulicos 1 Modelagem Matemática de Sistemas Hidráulicos 10 1 INTRODUÇÃO Os fluidos, estejam na forma líquida ou gasosa, constituem os meios mais versáteis para a transmissão de sinais e de potência, sendo largamente empregados na indústria, principalmente em processos químicos, sistemas automáticos de controle, atuadores, automação de máquinas, etc. Os sistemas fluidos são normalmente interconectados a sistemas mecânicos através de bombas, compressores, válvulas e cilindros. Uma turbina acionada por água e usada para movimentar um gerador elétrico é um exemplo em que interagem elementos hidráulicos, mecânicos e elétricos. Basicamente, líquidos e gases podem ser diferenciados por suas compressibilidades: um líquido é considerado praticamente incompressível, ao passo que um gás deforma-se facilmente com a mudança de pressão. Além disso, um líquido pode apresentar uma superfície livre, enquanto que um gás expande-se de modo a ocupar totalmente o seu reservatório. Vamos utilizar o termo sistema hidráulico para descrever sistemas que usam um líquido como fluido de trabalho e sistema pneumático para sistemas que utilizam um gás como fluido de trabalho. Uma análise exata de um sistema hidráulico usualmente não é viável, por causa da sua natureza distribuída (propriedades distribuídas ao longo da massa) e não linear (resultando em modelos matemáticos não lineares). Contudo, na maioria dos casos, a operação de um sistema hidráulico se dá nas proximidades de um ponto de operação, de modo que ele pode ser linearizado em torno desse ponto, o que faz com que obtenhamos modelos lineares em termos de variáveis incrementais. Tendo em vista que os sistemas hidráulicos envolvem o escoamento e a acumulação de líquidos, as variáveis usadas para descrever o seu comportamento dinâmico são a vazão volumétrica [m3/s], o volume [m3], a altura de líquido [m] e a pressão [N/m2] (ou [Pa]). Devido a sua grande importância, dividiremos o estudo dos sistemas hidráulicos em dois grandes ramos: (a) Sistemas de nível de líquido; (b) Sistemas servo-hidráulicos. Algumas características dos líquidos que indicam sua aplicação são: positividade, precisão, flexibilidade de uso, alta relação potência/peso, rápidas partida e parada, reversão de movimento com suavidade e precisão. Por esse motivo, o conhecimento de sistemas hidráulicos é básico na formação de engenheiros, principalmente engenheiros mecânicos, químicos e de controle e automação. Modelagem Matemática de Sistemas Hidráulicos 2 A maior parte dos sistemas hidráulicos é não-linear. Às vezes, contudo, é possível linearizar tais sistemas, de modo a reduzir sua complexidade e permitir soluções que sejam ainda suficientemente precisas. Nos exemplos que veremos será mostrada uma técnica de linearização usando o desenvolvimento em Série de Taylor. Um estudo mais detalhado dos componentes de um sistema servo-hidráulico será feito nas disciplinas de Sistemas Fluidomecânicos, Controle Hidráulico e Pneumático e Laborat6rio de Controle Hidráulico e Pneumático. Aqui, portanto, serão apresentados apenas os conceitos básicos necessários para o entendimento da sua modelagem matemática. 2 ELEMENTOS BÁSICOS DE UM SISTEMA HIDRÁULICO Os sistemas hidráulicos exibem três tipos de propriedades que podem ser aproximadas por parâmetros concentrados: resistência, capacitância e inertância. Apresentaremos apenas as duas primeiras propriedades, já que a inertância, que leva em conta a energia cinética do líquido, normalmente é desprezível para as baixas velocidades encontradas industrialmente. RESISTÊNCIA HIDRÁULICA Quando um líquido escoa em uma tubulação, dá-se uma queda na pressão do líquido ao longo da mesma, devida ao atrito com as paredes da tubulação, a qual é conhecida como perda de carga normal. Também ocorre uma queda de pressão sempre que o líquido passa através de acidentes, tais como curvas, válvulas, orifícios, restrições, alargamentos, contrações, etc., a qual recebe o nome de perda de carga acidental. Tais quedas de pressão normalmente são descritas por expressões algébricas não lineares que relacionam a vazão volumétrica com a queda de pressão. Por exemplo, a expressão (1) PkQ ∆= descreve razoavelmente bem a relação entre a vazão volumétrica Q e a queda de pressão ∆P no caso de um escoamento turbulento de um líquido através de um orifício ou de uma válvula como a ilustrada na fig. 1: Fig. 1 Modelagem Matemática de Sistemas Hidráulicos 3 Na eq. (1), k é uma constante que depende das características do escoamento, da tubulação, válvula ou orifício, a qual deve ser obtida experimentalmente. Uma representação gráfica da eq. (1) é mostrada na fig. 2, onde ( ) é o ponto de operação: −− ∆ Q,P Fig. 2 Como a eq. (1) é uma relação não linear, devemos linearizá-la em torno do ponto de operação, a fim de obter um modelo matemático linear para o sistema hidráulico. Para isso, traçamos uma tangente à curva no ponto de operação (ver fig. 2) e definimos como resistência hidráulica R o inverso da inclinação dessa tangente, ou seja: (2) = dQ1 − ∆∆ PPdR Desenvolvendo a eq. (1) em série de Taylor em torno do ponto de operação e retendo apenas os termos lineares: (3) )PP( Pd dQ P − ∆ − ∆−∆ ∆ + − QQ = Podemos, agora, definir as variáveis incrementais Q como ^^ P e ∆ (4a) − −= QQQ ^ (4b) − ∆−∆=∆ PPP ^ Levando as eqs. (2), (4a) e (4b) na eq. (3) obtemos: ^ ^ Q PR ∆=(5) Por outro lado, a eq. (1) pode ser aplicada no ponto de operação, logo: −− ∆= PkQ Derivando e usando a eq. (2), chegamos a (6) 2 Podemos, também, exprimir R em termos de . Para isso, da eq. (1) obtemos − Q k PR − ∆ = Modelagem Matemática de Sistemas Hidráulicos 4 −− ∆= PkQ que, levada na eq. (6), nos permite chegar a 2k Q2R − = (7) Os sistemas hidráulicos típicos são compostos por tubulações, válvulas, orifícios, etc., sendo que tais elementos possuem suas resistências hidráulicas. Assim, muitas vezes necessitamos combinar tais resistências hidráulicas em série e/ou paralelo, de modo que é extremamente útil desenvolver expressões para essas associações. Associação série Consideremos a fig. 3, na qual temos duas válvulas de constantes ka e kb e resistências hidráulicas Ra e Rb em série, assim como uma válvula equivalente de constante keq e resistência hidráulica Req. Queremos achar keq e Req. Fig. 3 Tendo em vista que as duas válvulas estão em série, elas têm a mesma vazão volumétrica Q, sendo que a diferença total de pressão é (usando a eq. (1)): ∆P = ∆Pa + ∆Pb = 22 b 2 a Q) k 1 k 1( + donde obtemos P kk kk Q 2 b 2 a ba ∆ + = Comparando essa última expressão com a eq. (1), vemos que (8) 2 b 2 a ba eq kk kk k + = Aplicando a eq. (7) para a válvula equivalente: += − − 2 b 2 a 2 eq eq k 1 k 1Q2 k Q = 2R Por outro lado, aplicando a eq. (7) para as válvulas a e b: 2 b b2 a a k Q2R e k Q2R −− == Modelagem Matemática de Sistemas Hidráulicos 5 o que permite concluir que (9) que é a mesma expressão analogia eletro-hidráulic (10) Associação paraleloPodemos nos valer da simplesmente que a resist (11) CAPACITÂNCIA HIDRÁ Quando um líquido é arma de líquido e a pressão no função A(h), onde h é a a volume de líquido é dado p (12) onde λ é uma variável mud Por outro lado, a pressão (13) onde Pa é a pressão atmos g é a aceleração da gravid As eqs. (12) e (13) estão l P e V. A fig. 4 mostra uma Req = Ra + Rb para resistências elétricas em série, o que vem mostrar a existência de uma a. Generalizando a eq. (9) para n resistências hidráulicas em série: ∑=R = n 1i ieq R conclusão anterior sobre a analogia eletro-hidráulica para estabelecer ência hidráulica equivalente a n resistências hidráulicas em paralelo é dada por =R ∑ = n 1i i eq R 1 1 ULICA zenado em um reservatório aberto, existe uma relação algébrica entre o volume fundo do reservatório. Se a área da seção reta do reservatório é dada pela ltura da superfície livre do líquido em relação ao fundo do reservatório, então o or ∫ λλ= h0 d)(AV a usada na integração. absoluta no fundo do reservatório e a altura de líquido h estão relacionadas por P = Pa + ρgh férica (nas condições normais de temperatura e pressão Pa = 1,013 x 105 N/m2), ade (usualmente g = 9,81 m/s2) e ρ é a massa específica do líquido em kg/m3. igadas pela variável h, de modo que é possível obter uma relação não linear entre curva característica típica dessa relação: Fig. 4 Modelagem Matemática de Sistemas Hidráulicos 6 Para linearizar tal relação, traçamos uma tangente à curva no ponto de operação (ver fig. 4) e definimos como capacitância hidráulica C o inverso da inclinação dessa tangente, ou seja: (14) dP 1C = dP dV dV = A partir da regra de cadeia da derivação, podemos escrever (15) dP dh dh dVC = Por outro lado, da eq. (12) tiramos dV/dh = A(h) e da eq. (13) obtemos dh/dP = 1/ρg, de modo que podemos rescrever a eq. (15) como A g )h(C ρ =(16) Da eq. (16) podemos verificar facilmente que a unidade SI de C é [m5/N]. No caso de reservatórios com seção reta constante A, a eq. (12) reduz-se a V = Ah, de modo que podemos substituir h = V/A na eq. (13) para obter (17) aPVA g +P ρ = que é a equação de uma reta, conforme mostra a fig. 5: Fig. 5 Da definição de capacitância podemos facilmente obter, para esse caso: (18) C g A ρ = Modelagem Matem O volume ins que entra no Derivando, ob (19) que nada mais No caso de r temporal da a onde dV/dt é a (20) Da mesma fo reservatório onde dV/dt é (21) onde C(h) é d Exemplo: Co contem um líq (a) e (b) da f ática de Sistemas Hidráulicos 7 tantâneo de líquido em um reservatório é dado pela integral da vazão volumétrica líquida reservatório, somada ao volume inicial, ou seja: λλ−λ+= ∫ d)](Q)(Q[)0(V)t(V ot0 i temos uma forma alternativa: Q(t) = Qi(t) - Qo(t) é do que a equação da continuidade para um fluido incompressível: A vazão instantânea é igual à vazão que entra menos a vazão que sai do reservatório eservatórios com seção reta variável A(h), podemos obter uma expressão para a variação ltura h a partir da regra de cadeia da derivação: dt dh dh dV dt = dVQ = dada pela eq. (19) e dV/dh é dada por dV/dh = A(h). Logo, podemos isolar dh/dt para chegar 1h . = )]t(Q)t(Q[ )h(A oi − rma, podemos obter uma expressão para a variação temporal da pressão P no fundo do a partir da regra de cadeia da derivação: dt dP dP dV dt dVQ == dada pela eq. (19) e dV/dP = C(h). Logo, podemos isolar dP/dt para chegar a P . = )]t(Q)t(Q[ )h(C 1 oi − ada pela eq. (16). nsideremos um reservatório formado por um cilindro de diâmetro D e comprimento L que uido de massa específica ρ. Achar a capacitância hidráulica do reservatório para as posições ig. 6. Fig 6 Modelagem Matemática de Sistemas Hidráulicos 8 Solução (a) Nesta configuração A = constante = πD2/4, logo podemos usar a eq. (18): g4 D g AC 2 a ρ π = ρ = (b) Agora, A varia com a altura h. Do triângulo OAB, ilustrado na fig. 7, podemos tirar: 22 22 )]hD( 2 D[) 2 D( 2 y OAOBAB −−−= −= Após simplificações: 2hDh2Y −= Usando a eq. (16): g hDhL2 g yL g )h(AC 2 b ρ − = ρ = ρ = Fig. 7 3 FONTES DE ENERGIA HIDRÁULICA Na imensa maioria dos sistemas hidráulicos industriais a fonte de energia é uma bomba, a qual normalmente é acionada por um motor elétrico. A representação simbólica de uma bomba está mostrada na fig. 8: Relações típicas obtidas experimentalmente entre a diferença de pressão ∆P e a vazão volumétrica Q estão mostradas na fig. 9 para diferentes velocidades de rotação da bomba. Podemos notar, na fig. 9, a não linearidade de tais relações. Fig. 8 Fig. 9 Fig. 10 Modelagem Matemática de Sistemas Hidráulicos 9 Para fazer a linearização, devemos inicialmente determinar o ponto de operação para a velocidade de rotação em regime permanente, calculando os valores de ∆ , conforme ilustra a fig. 10. Após, traçamos a tangente a curva no ponto de operação, e definimos a sua inclinação como sendo - K, a qual tem unidades [N.s/m - Q e P − 5] no SI. Tendo feito isso, podemos exprimir a diferença de pressão incremental em termos da vazão volumétrica incremental como (22) ^^ QKP −=∆ onde K é sempre positiva. Resolvendo a eq. (22) para , obtemos ^ Q (23) ^^ P K 1 ∆Q −= Para obter a relação linear dada pela eq. (23) podemos desenvolver Q em série de Taylor retendo apenas os termos lineares: (24) )PP( Pd dQ P − ∆ − ∆−∆ ∆ + − QQ = Comparando as eqs. (23) e (24), vemos que − ∆∆ PPd dQ é a inclinação da tangente à curva Q = Q(∆P) no ponto de operação, dada por -1/K. 4 MODELAGEM MATEMÁTICA DE UM SISTEMA DE NÍVEL DE LÍQUIDO Vamos considerar um exemplo ilustrativo. Exemplo Ilustrativo: Seja o sistema de nível de líquido simples da fig. 11: Fig. 11 Modelagem Matemática de Sistemas Hidráulicos 10 Sendo a vazão volumétrica na saída da válvula, Qo(t), dada pela relação não linear ao PPk −=Q onde P é a pressão absoluta no fundo do reservatório e Pa é a pressão atmosférica, desenvolver um modelo matemático linearizado para o sistema, sendo a entrada Qi(t) e a saída P(t). Solução Como a seção reta do reservatório é constante, temos C(h) = constante = C, logo a eq. (21) se torna )]t(Q)t(Q[ )h(C oi . − 1P = Aplicando a eq. (1) à válvula de saída, ao PPkQ −= logo (25) ]PPk)t(Q[C 1 ai . −−=P Para linearizar o modelo, vamos desenvolver a eq. (25) em série de Taylor, retendo apenas os termos lineares: )QQ(]]PPk)t(Q[ C 1[ dQ dPP i _ i Q ai i _. i _ . − −−+= Podemos rescrever a equação acima em termos das variáveis incrementais (26) = PP − − P ^ (27)− −= ii ^ i Q)t(Q)t(Q obtendo (28) i ^ Q ia i ^ Q a i ^ Q) dQ dP PP2 1k1( C 1Q)]PPk( dQ d1[ C 1 i _ i _ . − −= −−=P Por outro lado, P e Qi devem satisfazer a eq. (1), isto é ai PPkQ −= donde tiramos 2 i2a Qk 1PP += Derivando a equação acima em relação a Qi: (29) i2 i Q k 2 dQ dP = Levando a eq. (29) na eq. (28): Modelagem Matemática de Sistemas Hidráulicos 11 (30) i ^ a i _ i ^ Q i a ^ Q) PPk Q 1( C 1Q)Q k 1 PP 11( C 1 i _ . − −= − −=P Multiplicando a eq. (30) RC: i ^ a i _ i ^ i ^ a i _ ^ Q PPk Q RQRQ) PPk Q 1(RPRC . − −= − −= Levando em conta a eq. (1) aplicada ao ponto de operação e a eq. (5) (definição de R), temos i _ i _ ^ i ^ i ^ a i _ i ^ ^ i ^^ Q Q PQRQ PPk Q Q PQRPRC . −= − −= donde chegamos ao modelo linearizado em termos das variáveis incrementais: )t(QRPPRC i ^^ . ^ =+ (31) que é uma EDOL de 1a ordem, não homogênea. Notemos que o produto RC tem dimensão de tempo e é definido como a constante de tempo do sistema: (32) τ = RC Podemos escrever a eq. (31) em termos de Qo Para isso, basta derivar a eq. (29) em relação ao tempo e substituir na eq. (31), donde obtemos )t(QQQRC i ^ o ^ o . ^ =+ (33) que é também uma EDOL de 1a ordem, não homogênea. Podemos observar que o sistema de nível de líquido é análogo ao circuito elétrico e ao sistema mecânico das fig. 12 e 13, respectivamente: Fig. 12 Fig. 13 cujo modelos matemáticos são dados respectivamente pelas EDOL's Modelagem Matemática de Sistemas Hidráulicos 12 (34) (35) ee de RC =+ iodt o ioo . xxx k c =+ Comparando as eqs. (33), (34) e (35), temos a seguinte analogia eletro-mecânica-hidráulica: Sistema Hidráulico Sistema Elétrico Sistema Mecânico R R b C C 1/k i ^ Q ei xi o ^ Q eo xo 5 MODELAGEM MATEMÁTICA DE SISTEMAS SERVO-HIDRÁULICOS Será ilustrada através de exemplos. Exemplo Ilustrativo A fig. 14 mostra um servo-hidráulico consistindo de uma válvula deslizante de controle e de um cilindro hidráulico, o qual constitui a unidade de potência do sistema. Os parâmetros do sistema envolvidos são: ps = pressão manométrica (acima da pressão atmosférica) de serviço, [Pa]; po = pressão manométrica de retorno, [Pa]; p1 e p2 = pressões manométricas nas tubulações 1 e 2, respectivamente, [Pa]; q1 e q2 = vazões mássicas nas tubulações 1 e 2, respectivamente (saídas do sistema), [kg/s]; x = deslocamento da válvula deslizante (entrada do sistema), [m]; y = deslocamento do pistão de potência, [m]; A1 e A2 = áreas dos orifícios 1 e 2, respectivamente, [m2]; c1 = c2 = c = coeficientes de descarga dos orifícios; Modelagem Matemática de Sistemas Hidráulicos 13 Fig. 14 Hipóteses simplificadoras (HS): (1) a válvula "fecha" perfeitamente os orifícios, não havendo nem sobrepassagem e nem subpassagem, em relação ao orifício; (2) as áreas dos orifícios 1 e 2 são proporcionais ao deslocamento x da válvula (a entrada do sistema); (3) os coeficientes de descarga dos orifícios e a queda de pressão através dos orifícios são constantes, não dependendo da posição da válvula, ou seja, não dependem de x; (4) a pressão de retorno po é muito pequena, podendo ser considerada nula, já que o ó1eo vai para um reservatório que normalmente está aberto à atmosfera, i.é, po = 0; (5) o fluido hidráulico (ó1eo) é considerado incompressível, i.é., o seu peso específico é assumido como constante: γ = constante; (6) as forças de inércia e de atrito viscoso são desprezíveis na presença da força hidráulica desenvolvida pelo pistão hidráulico; (7) as vedações do cilindro hidráulico e da válvula são perfeitas, não havendo passagem de ó1eo de um lado para o outro dos pistões. Vamos obter a função de transferência do sistema, considerando como entrada o deslocamento x da válvula de controle e como saída a vazão volumétrica de óleo q1. Devido à HS2: A1 = A2 = kx onde k é uma constante de proporcionalidade. A vazão através dos orifícios (ver textos de Mec Flu) é dada por: xpg2ckpg2cA)pp(g2cAq xppg2ck)pp(g2cAq 222o222 1s1s11 γ = γ =− γ = − γ =− γ = Modelagem Matemática de Sistemas Hidráulicos 14 Fazendo ck Temos: Da Equação da Continuidade: Logo Definindo a queda de pressão no pistão como então p1 = ps p1 Também p2 E a vazão q1 pode ser dada por Cq1 = a qual é uma função não-linear. Vamos li 0q e 0p ,0x 1 ___ ==∆= , usando a Série de Taylor p f)xx( x fqq __ 11 ∆∂ ∂ +− ∂ ∂ += onde as derivadas parciais são obtidas no ponto 2 Cx p f pC x f s = ∆∂ ∂ = ∂ ∂ Logo: q1 = Chamando C 2 ps = c Então: γ g2 = constante = C xpCq xppCq 22 1s1 = −= q1 = q2 ps – p1 = p2 ∆p = p1 - p2 – p2 = ps – p1 + ∆p = (ps + ∆p)/2 = (ps - ∆p)/2 )p,x(fx 2 pps ∆=∆− nearizar a equação em torno do ponto de operação e retendo apenas os termos lineares: )0p( p f)0x( x f0)pp( _ −∆ ∆∂ ∂ +− ∂ ∂ +=∆−∆ de operação (0, 0, 0), ou seja: 0) 2 1( 2 pp 11 2 pC 2 p )0,0,0( s s )0,0,0( =− ∆− = ∆− C 2 ps x onstante = Kp q1 = Kp x Modelagem Matemática de Sistemas Hidráulicos 15 (36) Em termos de função de transferência: Q1(s) = Kp X(s) Logo (37) G(s) = )s(X )s(Q1 = Kp O que mostra que a saída é diretamente proporcional à entrada: Vejamos o que ocorre se for escolhida como saída o deslocamento do pistão hidráulico, y(t). A Equação da Continuidade aplicada ao cilindro hidráulico permite que escrevamos: q1 = ρA dt dy onde ρ = γ/g é a massa específica do fluido hidráulico, [kg/m3] A = área do pistão hidráulico, [m2] dt dy = velocidade do pistão hidráulico, [m/s] Como já vimos (eq. (36)) que q1 = Kpx então ρA dt dy = Kpx donde dy = A Kp ρ xdt Chamando A Kp ρ = constante = Ki então dy = Kixdt e y = Ki ∫ xdt Em termos de função de transferência: Y(s) = Ki )s(Xs 1 donde (38) s K )s(X )s(Y)s( i==G o que mostra que o deslocamento y(t) (a saída) é proporcional à integral do deslocamento x(t) (a entrada):Modelagem Matemática de Sistemas Hidráulicos 16 Exemplo Ilustrativo Seja o sistema hidráulico mecânico da fig. 15. Fig. 15 Serão adotadas as mesmas HS anteriores, com exceção das HS5 e HS7, ou seja, agora o fluido apresenta uma certa compressibilidade existe passagem entre os pistões e os cilindros Além disso, a HS6 só valerá em parte, devendo ser considerada a força de iné cia do pistão hidráulico, cuja massa será acrescentada à massa do sistema mecânico, ou seja, m repres nta as duas massas. A obtenção do modelo mate Sistema hidráulico Conforme já foi visto, a vaz (36) Por outro lado, a vazão q po r e mático é feita separadamente para os sistemas hidráulico e mecânico. ão q é dada, após linearização, por q = Kpx de ser considerada como composta de 3 parcelas: Modelagem Matemática de Sistemas Hidráulicos 17 (39) q = qo + qL + qC onde qo = vazão útil, que move o pistão qL = vazão através da folga entre pistão e cilindro qC = vazão equivalente à compressibilidade Expressões para qo, qL e qC: • Equação da Continuidade aplicada ao pistão hidráulico: (39) qo = A ρ dy/dt • A componente qL pode ser escrita como (40) qL = L ∆p onde L = coeficiente de vazamento do sistema (constante) • Para obter qC, temos que levar em conta o módulo de expansão volumétrica: V dV pdKc − ∆ = onde V é o volume de óleo sob compressão (notemos que como dV é negativa, o sinal (-) faz com que KC seja positivo). Então: pd K VdV c ∆=− dt pd K V dt dV c ∆ρ = −ρ (41) q dt pd K V c c ∆ρ = Levando as eqs. (38), (39), (40) e (41) na eq. (36), obtemos: (42) A xK dt pd K VpL dt dy p c = ∆ρ +∆+ρ Sistema mecânico Por outro lado, a equação diferencial do sistema mecânico acionado pelo cilindro hidráulico é obtida aplicando-se a 2a Lei de Newton: 2 2 2 2 y dt yd mky dt dy cpA dt yd mF =−−∆⇒=∑ onde A ∆p é a força desenvolvida pelo pistão hidráulico. Então: Modelagem Matemática de Sistemas Hidráulicos 18 (43) d(1=∆ )ky dt dy c dt y m A p 2 2 ++ Derivando em relação ao tempo: ) dt dy k dt yd c dt yd m( A 1 dt pd 2 2 3 3 ++= ∆(44) Sistema hidráulico-mecânico Levando as eqs. (43) e (44) na eq. (42): xK) dt dy k dt yd c dt yd m( AK V)ky dt dy c dt yd m( A L dt dy A p2 2 3 3 c 2 2 =++ ρ ++++ρ Ordenando, chegamos ao modelo matemático constituído por uma EDOL de 3a ordem: xKy A Lk dt dy ) AK Vk A cLA( dt yd ) A Lm AK Vc( dt yd AK Vm p c 2 2 c 3 3 c =+ ρ ++ρ++ρ+ρ (45) Exemplo Ilustrativo Como um terceiro exemplo, consideremos o atuador hidráulico da figura 16: O atuador hidráulico é capaz de fornecer grandes aumentos de potência. O fluido hidráulico está disponível a partir de uma fonte de pressão constante. Considera-se o líquido incompressível. Um deslocamento x(t), para baixo, move a válvula de controle e faz com que o líquido force o pistão para baixo, levando a carga M a deslocamentos maiores, y(t). A vazão volumétrica Q é função do deslocamento x(t) (excitação) e da diferença de pressão nas faces do pistão, P: Fig. 16 (46) Q )P,x(g= Modelagem Matemática de Sistemas Hidráulicos 19 Linearizando a eq. (46) pela série de Taylor: (47) P P g x x g )PP( P g )xx( x g P x,P x P,x 0 P x,P 0 x P,x 00000000 ∂ ∂ + ∂ ∂ =− ∂ ∂ +− ∂ ∂ =Q onde (x0,P0) é o ponto de operação. Chamando: (48) 0x x x g ∂ ∂ =K (49) 0P P P g ∂ ∂ =K a eq. (47) fica: (50) Q PKxK Px += A força de excitação é dada pelo produto da área do pistão, A, pela diferença de pressão P. Logo, aplicando a 2a Lei de Newton ao pistão: ... yMycAP =−− Levando o valor de P da eq. (50) na equação acima: ... x P yMyc)Qx.K( K A =−− ou, como , temos, após ordenamento: . yAQ = (51) x K K.Ay) K Ac(yM P x. P 2.. =++ que é o modelo matemático do sistema. Para achar a função de transferência: )s(X K AK)s(sY) K Ac()s(YMs P x P 2 2 =++ (52) s) K Ac(Ms K AK )s(X )s(Y P 2 2 P x ++ = Notemos que para um atuador em alta pressão e requerendo resposta rápida da carga, o efeito da compressibilidade do fluido deve ser levado em conta. Neste caso, a eq. (52) se tornaria bem mais complexa. EXERCÍCIOS 1 Desenvolver um modelo matemático para o sistema da figura, constituído por um sistema de nível de líquido com interação entre os dois reservatórios: Modelagem Matemática de Sistemas Hidráulicos 20 Resp.: 1 2 1 11 1 R hq R h dt dhC +=+ 1 1 2 21 2 2 R hh) R 1 R 1( dt dhC =++ 2 Desenhar o circuito elétrico análogo ao sistema de nível de líquido do Exercício 1. 3 No sistema de nível de líquido da figura, o nível H inicialmente é igual a 1 m. No instante t = 0, é aberto o registro de enchimento e é atingida uma vazão constante de 0,05 m3/s. A capacitância do tanque é de 2 m2. Admitindo que a vazão de saída Q e a carga H estão relacionadas pela expressão H02,0Q = , para H em m e Q em m3/s, calcular o tempo necessário para que o líquido atinja o nível de 2,5 m. Resp.: 116,23 s 4 A fig. (a) mostra um sistema hidráulico em que uma bomba envia um líquido de massa específica ρ para o interior de um reservatório de seção reta A. As características da bomba estão mostradas na fig. (b), onde α e β são, respectivamente, a vazão máxima e a diferença de pressão máxima. A Modelagem Matemática de Sistemas Hidráulicos 21 válvula encontra-se inicialmente fechada e, no instante t = 0, é aberta. Desprezando a resistência da válvula, pedem-se: (a) verificar que a altura h(t) do líquido dentro do reservatório, após a abertura da válvula, é dada pela EDOL A h A g. α = β αρ +h ; (b) expressões para a constante de tempo e a altura h em regime permanente; (c) resolver a EDOL, obtendo uma expressão para h(t). Resp.: (b) g A αρ β =τ (c) )e1( g )t( t τ − − ρ β =h 5 Considerando o deslocamento do pistão x como entrada e o deslocamento do cilindro y como saída, achar a função de transferência do sistema hidráulico dafigura, onde q é a vazão mássica em kg/s do fluido de massa específica ρ constante e A é a área do pistão. Desprezar a força de inércia. Resp.: ρ + = 2RA ks s )s(X )s(Y
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