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ELIANA DOS SANTOS COSTA LANA FORMAÇÃO GERAL 1ª edição Universidade Braz Cubas - UBC Mogi das Cruzes 2014 Reitor: Prof. Maurício Chermann DIRETORIA DE UNIDADES EDUCACIONAIS Coordenação Geral Acadêmica - EaD: Prof.ª Dra. Mara Yáskara Paiva Cardoso Assessoria Administrativa: Adriane Aparecida Carvalho Coordenação de Produção: Diego de Castro Alvim Revisão de Textos: Adrielly Rodrigues, Taciana da Paz Edição de Arte: Michelle Carrete Diagramação: Amanda Holanda, Vanessa Lopes Ilustração: Noel Oliveira Gonçalves, Everton Arcanjo Impressão: Grupo VLS / Jet Cópias / MogiPress Av. Francisco Rodrigues Filho, 1233 - Mogilar CEP 08773-380 - Mogi das Cruzes - SP 1ª edição 2014 Foi feito o depósito legal. O autor dos textos presentes neste material didático assume total responsabilidade sobre os conteúdos e originalidade. Proibida a reprodução total e/ou parcial. © Copyright UBC 2014 Prof.ª Eliana dos Santos Costa Lana1* * Mestre em Integração da América Latina, pela Universidade de São Paulo (USP - 2009). Título: Políticas Públicas para a Educação Escolar Indígena na América Latina: legislações de Brasil e Bolívia. Especialização em Textos Literários: aspectos sociais e psicológicos, pela Universidade Braz Cubas (2005). Graduação em Letras, pela Universidade Braz Cubas (2004). Atualmente é Docente da Universidade Braz Cubas, Mogi das Cruzes, São Paulo. 5 Su m ár io SUMÁRIO APRESENTAÇÃO 9 INTRODUÇÃO 11 UNIDADE 1 1GLOBALIZAÇÃO; TICS; RELAÇÕES DE TRABALHO 13 1.1 A ECONOMIA MUNDIAL E A GLOBALIZAÇÃO: FACES DA GLOBALIZAÇÃO 14 1.1.1 ECONOMIA MUNDIAL GLOBALIZADA; MAIOR CONCENTRAÇÃO DE RIQUEZAS 18 1.2 A ORGANIZAÇÃO MODERNA DA SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO E DO CONHECIMENTO 24 1.2.1 OS DESAFIOS DA SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO 27 1.3 O CRESCIMENTO DA INFORMALIZAÇÃO NAS RELAÇÕES TRABALHISTAS 29 1.3.1 CRESCIMENTO DAS PRÁTICAS DE TERCEIRIZAÇÃO E SUAS CONSEQUÊNCIAS: VANTAGENS E DESVANTAGENS 32 1.4 CONSIDERAÇÕES DA UNIDADE I 36 UNIDADE 2 2AVANÇOS TECNOLÓGICOS; CIÊNCIA, TECNOLOGIA E SOCIEDADE; ECOLOGIA/BIODIVERSIDADE 45 2.1 AVANÇOS TECNOLÓGICOS 46 2.2 ECOLOGIA / BIODIVERSIDADE 51 2.3 BRASIL: RECURSOS NATURAIS; POLÍTICAS AMBIENTAIS 55 2.4 EDUCAÇÃO SOCIOAMBIENTAL 59 6 Sum ário 2.4.1 ECO 92 / RIO+20 62 2.5 CONSIDERAÇÕES DA UNIDADE II 67 UNIDADE 3 3POLÍTICAS PÚBLICAS. O RURAL E O URBANO. RESPONSABILIDADE SOCIAL: TRÊS SETORES 73 3.1 DIREITOS SOCIAS 74 3.2 POLÍTICAS PÚBLICAS 76 3.2.1 A DESILUSÃO COM A POLÍTICA: CORRUPÇÃO 79 3.3 RESPONSABILIDADE SOCIAL 84 3.3.1 SETOR PÚBLICO, PRIVADO E TERCEIRO SETOR 86 3.4 VIDA RURAL E URBANA 90 3.5 CONSIDERAÇÕES DA UNIDADE III 95 UNIDADE 4 4SOCIODIVERSIDADE; MULTICULTURALISMO; DEMOCRACIA; CIDADANIA; CULTURA E ARTE 103 4.1 DIVERSIDADE E MULTICULTURALISMO: UM DEBATE EM CURSO 104 4.1.1 O MULTICULTURALISMO COMO ESTRATÉGIA PARA A CRIAÇÃO DE POLÍTICAS DE RECONHECIMENTO 105 4.1.2 DEMOCRACIA / ÉTICA E CIDADANIA 108 4.2 INCLUSÃO SOCIAL 111 4.2.1 LEI DE COTAS 112 4.3 ESTADOS LATINO-AMERICANOS E POVOS INDÍGENAS 116 4.3.1 POVOS INDÍGENAS – POVOS EXÓTICOS E DISTANTES, OU PRESENTES? 120 7 Su m ár io 4.4 AFRODESCENDÊNCIA 123 4.4.1 A ÁFRICA DE TODOS NÓS 124 4.5 CULTURA E ARTE: A RESPOSTA DO HOMEM AO DESAFIO DA EXISTÊNCIA 127 4.5.1 A IMPORTÂNCIA DA ARTE 130 4.6 CONSIDERAÇÕES DA UNIDADE IV 135 REFERÊNCIAS 141 9 A pr es en ta çã o APRESENTAÇÃO Caro aluno (a), Bem-vindo à disciplina de Formação Geral, na qual buscaremos compreender um pouco mais sobre a sociedade atual a partir do estudo de diversos temas relacionados. Meu nome é Eliana dos Santos Costa Lana, e como sua Professora, terei imenso prazer em acompanhá-lo nessa jornada. Sou Mestre em Integração da América Latina pela Universidade de São Paulo, e graduada em Letras pela Universidade Braz Cubas. Minha proposta inicial é que passemos a refletir juntos sobre as mudanças sociais dos últimos anos, e de que maneira interferem em nossas vidas, tanto no âmbito pessoal quanto como cidadãos e profissionais. Os temas que compõem esta disciplina, como você poderá comprovar ao longo do curso, versam sobre assuntos, como: o avanço da Globalização e suas consequências em questões como Relações de Trabalho, Avanços Tecnológicos, Mercado de Trabalho, Políticas Públicas, entre outros. Atualmente, não há como desvincular os acontecimentos sociais, seja em relação à Política, à Tecnologia ou ao Mercado de Trabalho, da nossa formação intelectual, ou seja, da nossa formação acadêmica. Levando em consideração que um curso como Engenharia de Produção demanda cinco anos de formação, é possível questionarmos a respeito das condições que você encontrará no final da sua jornada acadêmica, já que ao iniciar o curso o mercado se encontra de uma forma, e após cinco anos, com os avanços tecnológicos, os desdobramentos da globalização e mesmo a reformulação política do País, o curso se encontre diferente. 10 A presentação A disciplina de Formação Geral tem como principal característica levar você, como futuro profissional da Engenharia, a perceber que somente a técnica da área em que irá atuar já não é mais suficiente, pois, o conhecimento estático, ou seja, que não é atualizado constantemente se torna inútil para o mercado de trabalho em pouco tempo, tal o dinamismo da sociedade atual cada vez mais especializada. Assim, o conteúdo previsto para este semestre, na disciplina de Formação Geral, atende à legislação do Ministério da Educação (MEC) e está dividido em quatro unidades. Além do livro didático, você contará com teleaulas e a plataforma virtual. Então... Pronto para começarmos a discutir qual é o nosso papel numa sociedade realmente pulsante e dinâmica, que a cada novo dia nos convida a refletir sobre ela e como esse dinamismo interfere em nossa vida? Conto com você! 11 In tr od uç ão INTRODUÇÃO O mundo atual está em constante modificação em todos os setores sociais. Após a revolução industrial, nada mais foi o mesmo. Por esse motivo, convido você para refletirmos sobre o fato. Na disciplina de Formação Geral, podemos debater, discutir e refletir acerca do que nos rodeia, seja na área social, política, ou ambiental, e até mesmo das novas configurações da arte, por exemplo. Incialmente, você terá, no livro didático, um breve estudo das questões sobre a Globalização e suas consequências na área econômica, ou seja, no novo modo de comercializar mercadorias entre países; a contribuição dos avanços tecnológicos, na área da informação e comunicação, e como esses dois fatores interferem de modo radical nas relações de trabalho. A seguir, vamos analisar um pouco mais os avanços tecnológicos que trouxeram novas formas de produzir, de pensar e de viver na sociedade atual. As grandes inovações na área da robótica, que modificaram o modo de produção de mercadorias, e as questões do uso excessivo dos recursos naturais para a produção são temas de estudos, cujo intuito é produzir mais, porém, com responsabilidade ambiental. Assim, não há como abordar esses avanços sem levarmos em consideração a preservação do bioma do planeta e, por esse motivo, o acréscimo do tema ecologia/biodiversidade. Vamos continuar nosso estudo sobre um assunto fundamental para nossa vida pessoal, social e profissional: Políticas Públicas. Conhecer como e porquê são necessárias e qual sua função e importância para termos consciência dos nossos deveres e direitos como cidadãos. Vamos analisar, também, a corrupção, infelizmente parte do nosso cotidiano, e 12 Introduçãoos impostos bastante discutíveis que pagamos. Nesse contexto, é possível também analisar o crescimento do número de ONGs, que propiciam à população menos favorecida os direitos sociais não assumidos pelo Estado. Na última unidade deste livro, você terá a oportunidade de participar do estudo de um tema muito atual, que faz parte da área de Ciências Humanas desde a década de 1980: a Sociodiversidade e o Multiculturalismo. Abordaremos questões referentes à afrodescendência, aos povos indígenas e às políticas de reconhecimento relacionadas à inclusão social. Desde 2003, o Ministério da Educação e Cultura (MEC) incluiu, na grade curricular das escolas brasileiras, esses temas com vistas à tolerância e ao respeito ao outro: um dos principais fundamentos de uma democracia e de um país multicultural como o Brasil. Por fim, não podemos nos furtar a abordar dois temas que explicam a história da humanidade, a Arte e a Cultura, que conta a trajetória do homem e seu fazer no mundo; que nos conduz ao belo, ao eterno, e que nos torna mais sensíveis e prontos para entender que cada povo tem sua cultura, e que cada cultura humana é essencial para a sobrevivência de seus indivíduos. Não há uma mais importante que outra. Pronto para começarmos? Seja bem-vindo (a) e mãos a obra! un id ad e 1 13 U ni d. 1 - G lo ba liz aç ão ; TI C s; R el aç õe s de T ra ba lh o U N I D A D E 1 1Globalização; TICs; Relações de Trabalho OBJETIVOS DA UNIDADE • Refletir sobre as questões sociais e econômicas relacionadas ao fenômeno da globalização em decorrência das inovações tecnológicas e suas interferências nas relações de trabalho; • Ampliar sua capacidade comunicativa e sua percepção para as várias possibilidades de leitura do mundo por meio de uma atitude crítica e reflexiva. HABILIDADES E COMPETÊNCIAS • Compreensão do assunto proposto a partir do entendimento das afirmações presentes nos textos; • Entendimento para interpretar os itens que compõem a unidade, de modo a compreender o dinamismo da sociedade atual, e a correlação que há entre eles. Disponível em: http://mcartuns.xpg.uol.com.br/globalizacao.html>. Acessado em: 19/10/2013. 14 U nid. 1 - G lobalização; TIC s; Relações de Trabalho 1.1 A ECONOMIA MUNDIAL E A GLOBALIZAÇÃO: FACES DA GLOBALIZAÇÃO1 Quem já não ouviu a frase “estamos na era da globalização e da informação”? Você já ouviu? Entretanto, essa é uma questão que ainda gera dúvidas e incertezas a respeito dos resultados desse fenômeno, em razão das alterações profundas na mudança do papel do Estado, ou seja, no gerenciamento das políticas públicas, que reduz sua interferência em questões sociais. Somos pegos de surpresa com as novidades acerca da economia, da organização de produção, dos conflitos entre países, e até mesmo as questões ambientais estão na ordem do dia. Temos que estar preparados para enfrentar novos desafios todos os dias e, sem dúvida, compreendê-los para que possamos contribuir de alguma forma para vencê-los. Disponível em: <http://geoprofessora.blogspot.com/search/label/Globalização>. Acessado em: 19/10/2013. Verdade é que, as sociedades sempre se comunicaram de alguma forma, pois, de acordo com historiadores, as grandes navegações foram o ponto de partida para o processo de globalização, com o crescimento expressivo no setor comercial em diferentes partes do mundo. Por 1 Globalização: sf. Processo de integração entre as economias e sociedades dos vários países, especialmente no que se refere à produção de mercadorias e serviços, aos mercados financeiros, e á difusão de informações [PL.:-ções] (Dicionário Aurélio). 15 U ni d. 1 - G lo ba liz aç ão ; TI C s; R el aç õe s de T ra ba lh o esse motivo, surgiu a necessidade do aumento de produção de bens para serem comercializados entre esses países. A Revolução Industrial, durante os séculos XVIII e XIX, trouxe a solução para o aumento da produção, além de modificar substancialmente o trabalho. Assim, o trabalho artesanal foi substituído pela produção em série, resultado da inovação, que teve como principal marco a máquina a vapor. Mas, foi a partir do século XX, que esse processo se intensificou, por conta da aceleração do desenvolvimento das tecnologias da informação e telecomunicações. Não podemos esquecer a grande contribuição da massificação do uso da internet na década de 1980, quando teve início a utilização do Computador Pessoal, e, em 1990, o uso da internet para uso comercial, o que fez com que se expandisse globalmente a produção, o capital. Entretanto, para o professor da Universidade de Columbia, nos Estados Unidos, e Nobel da Economia, em 2001, Joseph Stiglitz2, a globalização, que poderia ser uma força propulsora de desenvolvimento e da redução das desigualdades internacionais, está sendo corrompida por um comportamento hipócrita que não contribui para a construção de uma ordem econômica mais justa e para um mundo com menos conflitos. (PRADO, 2007). Disponível em:<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_artte xt&pid=S1415-98482007000300007>. Acesso em: 12/10/2013. Nessa nova modalidade econômica, em que o mundo se tornou um grande mercado, os critérios que prevalecem são o lucro e o consumo individualista. Outra característica é o crescimento das corporações e 2 Joseph Stiglitz, Prêmio Nobel da Economia em 2001, em seu mais recente livro “Making Globalization Work” (Fazendo a Globalização Funcionar), diz que esse processo está produzindo “países ricos com pessoas pobres”. 16 U nid. 1 - G lobalização; TIC s; Relações de Trabalho megafusões entre setores variados, ou seja, as indústrias buscam, nesse tipo de negociação, sobreviverem no mercado globalizado, pois o poder das grandes corporações é infinitamente maior do que o poder das economias nacionais. O resultado desse poder criou uma economia instável para os países subdesenvolvidos, que participam com apenas 30% do comércio global, e, assim, os países ricos ficam mais ricos e os pobres mais pobres. O capitalismo, para manter sua hegemonia, reorganiza suas formas de produção e consumo e elimina fronteiras comerciais para integrar mundialmente a economia. Trata-se de mudanças no sentido de fortalecer o capitalismo, o que é dizer: fortalecer as nações ricas e colocar os países mais pobres na dependência, como consumidores. Essas alterações nos rumos do capitalismo se dão, no entanto, no momento em que o cenário mundial em todos os aspectos é bastante diversificado. A onda da globalização e da Revolução Tecnológica encontra os países (centrais ou periféricos, desenvolvidos ou subdesenvolvidos) em diferentes realidades e desafios, dentre os quais o de implementar políticas econômicas e sociais que atendam aos interesses hegemônicos, industriais e comerciais de conglomerados financeiros e de países ou regiões ricas, tais como a América do Norte, Japão e União Européia (LIBÂNEO e OLIVEIRA, 1998, p. 599-600, grifos dos autores). Uma das razões para que os países pobres não consigam participar mais efetivamente desse crescimento econômico, são os subsídios que os países ricos aplicam em sua produção interna. Esse cenário é propício para que as empresas multinacionais vendam seus produtos em praticamente todos os países, com o aumento de suas filiais por todo o globo. Mas, o que deveria ser lucrativo para os países em que essas filiais são implantadas, não acontece, pois, os lucros e as decisões de investimento e o desenvolvimento da tecnologia permanecemnos países sede das grandes corporações. 17 U ni d. 1 - G lo ba liz aç ão ; TI C s; R el aç õe s de T ra ba lh o PARA REFLETIR Neoliberalismo e globalização Os conceitos de neoliberalismo e globalização estão ligados porque o neoliberalismo surgiu graças à globalização e mais concretamente à globalização da economia [...]. Na política, neoliberalismo é um conjunto de idéias políticas e econômicas capitalistas que defende a não participação do estado na economia, onde deve haver total liberdade de comércio, para garantir o crescimento econômico e o desenvolvimento social de um país. O neoliberalismo defende a pouca intervenção do governo no mercado de trabalho, a política de privatização de empresas estatais, a livre circulação de capitais internacionais e ênfase na globalização, a abertura da economia para a entrada de multinacionais, a adoção de medidas contra o protecionismo econômico, a diminuição dos impostos e tributos excessivos e etc. O neoliberalismo é bastante criticado, pois muitos acreditam que a economia neoliberal só beneficia as grandes potências econômicas e as empresas multinacionais, que países pobres ou em processo de desenvolvimento acabam sofrendo com os resultados de uma política neoliberal, causando o desemprego, baixos salários, aumento das diferenças sociais e dependência do capital internacional. Disponível em: <http://www.significados.com.br/ neoliberalismo/>.Acesso em 15/10/2013 18 U nid. 1 - G lobalização; TIC s; Relações de Trabalho 1.1.1 ECONOMIA MUNDIAL GLOBALIZADA; MAIOR CONCENTRAÇÃO DE RIQUEZAS Iniciemos esse tópico com uma estatística em relação à economia mundial globalizada, que acentua a concentração de riquezas. A concentração do capital e o crescente abismo entre ricos e pobres (48 empresários possuem a mesma renda de 600 milhões de outras pessoas em conjunto) e o crescimento do desemprego (1,2 bilhões de pessoas no mundo) e da pobreza (800 milhões de pessoas passam fome) são os principais problemas sócias da globalização [...] (SANTOS e ANDRIOLI, 2005. Disponível em: <http://www.rieoei.org/deloslectores/905Santos. pdf> . Acesso em 15/10/2013. Por conta de o mercado mundial ser controlado por grandes corporações, as diferenças entre países desenvolvidos e subdesenvolvidos se ampliam cada vez mais. Por esse motivo, muitos movimentos contra a globalização surgiram em todo o mundo, alegando que as conquistas desse fenômeno não estão à disposição de todos, e que as multinacionais, com seu poder econômico sem precedentes, moldam o mundo segundo seus interesses econômicos. Embora a negociação do comércio mundial tenha de seguir as normas da Organização Mundial do Comercio (OMC), que regulam a comercialização de mercadorias e serviços, não raras vezes, o que prevalece são os interesses das grandes corporações. Para os países subdesenvolvidos, resta disputar o mercado oferecendo as estruturas necessárias para que essas empresas abram suas filiais em seus territórios. A presença das grandes multinacionais dos mais variados setores é responsável por 70% do comércio mundial, e procuram países que 19 U ni d. 1 - G lo ba liz aç ão ; TI C s; R el aç õe s de T ra ba lh o ofereçam maiores vantagens financeiras, principalmente, incentivos fiscais e mão de obra barata. O mais grave é que muitas dessas empresas controlam recursos naturais, terras e jazidas minerais nos países em que estão inseridas. PARA REFLETIR Vamos analisar um poema de Drummond e verificar, segundo ele, a nossa condição atual de cidadão globalizado. Eu, etiqueta Em minha calça está grudado um nome Que não é meu de batismo ou de cartório Um nome... estranho Meu blusão traz lembrete de bebida Que jamais pus na boca, nessa vida, Em minha camiseta, a marca de cigarro Que não fumo, até hoje não fumei. Minhas meias falam de produtos Que nunca experimentei Mas são comunicados a meus pés. Meu tênis é proclama colorido De alguma coisa não provada Por este provador de longa idade. Meu lenço, meu relógio, meu chaveiro, 20 U nid. 1 - G lobalização; TIC s; Relações de Trabalho Minha gravata e cinto e escova e pente, Meu copo, minha xícara, Minha toalha de banho e sabonete, Meu isso, meu aquilo. Desde a cabeça ao bico dos sapatos, São mensagens, Letras falantes, Gritos visuais, Ordens de uso, abuso, reincidências. Costume, hábito, premência, Indispensabilidade, E fazem de mim homem-anúncio itinerante, Escravo da matéria anunciada. Estou, estou na moda. É duro andar na moda, ainda que a moda Seja negar minha identidade, Trocá-lo por mil, açambarcando 3 Todas as marcas registradas, Todos os logotipos do mercado( grifo nosso). Com que inocência demito-me de ser Eu que antes era e me sabia 3 Dicionário Aurelio - v.t.d. Pegar alguma coisa de maneira exclusiva; tomar para si (algo) sem que outras pessoas usufruam dos mesmos benefícios; monopoliza 21 U ni d. 1 - G lo ba liz aç ão ; TI C s; R el aç õe s de T ra ba lh o Tão diverso de outros, tão mim mesmo, Ser pensante sentinte e solitário Com outros seres diversos e conscientes De sua humana, invencível condição. Agora sou anúncio Ora vulgar ora bizarro. Em língua nacional ou em qualquer língua (Qualquer, principalmente.) E nisto me comprazo, tiro glória De minha anulação. Não sou - vê lá - anúncio contratado. Eu é que mimosamente pago Para anunciar, para vender Em bares festas praias pérgulas4 piscinas, E bem à vista exibo esta etiqueta Global no corpo que desiste De ser veste e sandália de uma essência Tão viva, independente, Que moda ou suborno algum a compromete. Onde terei jogado fora meu gosto e capacidade de escolher, 4 Dicionário Aurelio - s.f. Tipo de galeria coberta por peças de madeira, geralmente ornada por trepadeiras (barrotes), assentadas em pilares. 22 U nid. 1 - G lobalização; TIC s; Relações de Trabalho Minhas idiossincrasias5 tão pessoais, Tão minhas que no rosto se espelhavam E cada gesto, cada olhar, Cada vinco da roupa Sou gravado de forma universal, Saio da estamparia, não de casa, Da vitrine me tiram, recolocam, Objeto pulsante mas objeto Que se oferece como signo de outros Objetos estáticos, tarifados. Por me ostentar assim, tão orgulhoso De ser não eu, mar artigo industrial, Peço que meu nome retifiquem. Já não me convém o título de homem. Meu nome novo é Coisa. Eu sou a Coisa, coisamente. (Carlos Drummond de Andrade) Como é possível perceber após a leitura do poema, principalmente nos versos em destaque, é que a globalização trouxe, além das questões políticas, sociais e econômicas, a mudança de comportamento em relação ao consumismo exacerbado da economia capitalista. O que se 5 Dicionário Aurelio - s.f. Maneira de ver, sentir, reagir peculiar a cada pessoa. (É uma disposição do temperamento, da sensibilidade que faz com que um indivíduo sinta, de modo especial e muito seu, a influência de diversos agentes.) 23 U ni d. 1 - G lo ba liz aç ão ; TI C s; R el aç õe s de T ra ba lh o sente é como se fosse uma obrigação ser um consumidor de marcas famosas para ser aceito pela sociedade. Segundo Drummond, é nesse momento que perdemos nossa identidade e passamos a ser mera coisa, igual, ou seja, somos a etiqueta do produto que usamos. Por essas e outras razões, já mencionadas, é possível encontramos defensores da globalização e críticosà globalização, e nesse sentido, podemos afirmar que não se trata de uma situação, na qual há unanimidade em seu conceito. Segundo Santos e Andrioli, 2005 Disponível em: <http://www.rieoei.org/deloslectores/905Santos.pdf> . Acesso em 15/10/2013. Esse processo, da forma como ele atualmente vem acontecendo não deveria sequer ser chamado de Globalização, já que atinge o globo de forma diferenciada e exclui a sua maior parte – se observarmos a circulação mundial do capital, podemos constatar que a maioria da população mundial (na Ásia, na África e na América latina) permanece excluída. O paradoxo, nesse contexto, é que a humanidade poderia ter sido beneficiada com as oportunidades do avanço tecnológico que desencadeou a globalização dos mercados. Mas, o que vemos, é que apesar de conseguirmos produzir muito, continuamos ainda hoje a ter gente faminta, desempregada e sem lugar para morar. É evidente, hoje, que a iniquidade da distribuição da riqueza mundial se agravou nas duas últimas décadas: 54 dos 84 países menos desenvolvidos viram o seu Produto Nacional Bruto (PNB) per capita decrescer nos anos 80; em 14 deles, a diminuição rondou os 35%; segundo o Relatório do Programa para o Desenvolvimento das Nações Unidas de 2001 (PNUD, 2001). 24 U nid. 1 - G lobalização; TIC s; Relações de Trabalho Por fim, entre a face boa e a face ruim da globalização, o resultado, até então, nos dá conta de que esse fenômeno se caracteriza pelo aumento da imigração de cidadãos de países pobres para países ricos, houve um aumento significativo do desemprego nos países subdesenvolvidos, o que resultou no crescimento do subemprego e da economia informal. Todos esses acontecimentos nos levam a outra questão: as relações trabalhistas que sofreram enorme interferência no processo de produção do mundo globalizado, o que será abordado mais adiante. Antes, vamos refletir acerca do papel do desenvolvimento tecnológico, principalmente no que se refere à comunicação, e o quanto o domínio das novas tecnologias interferem na vida do cidadão, tanto na área profissional, quanto na vida pessoal e social, além de ser atualmente uma necessidade cada vez maior para entrar e permanecer no mercado de trabalho. 1.2 A ORGANIZAÇÃO MODERNA DA SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO E DO CONHECIMENTO A sociedade atual é marcada por mudanças num ritmo cada vez maior. Essas mudanças exigem um novo posicionamento do homem, seja na forma de pensar ou de agir, cujo principal motivo é o papel da informação. Há a necessidade de buscar maior número de informações para ter acesso ao que acontece dentro e fora das organizações, dos países, e do mundo de um modo geral. Diferente de outros bens, a informação é utilizada de variadas formas sem que perca seu valor. Na sociedade da informação, o conhecimento do indivíduo, a capacidade de saber usar esse conhecimento com inteligência, é o diferencial para o êxito num mercado de trabalho cada vez mais competitivo. Porém, 25 U ni d. 1 - G lo ba liz aç ão ; TI C s; R el aç õe s de T ra ba lh o Uma das maiores interrogações que estão no horizonte próximo, no quadro da sociedade da informação, é a ameaça da info-exclusão. Parece evidente que o curso da história caminha para um ponto em que não saber operar com tecnologias de comunicação e informação será equivalente ao analfabetismo funcional. Quem aí se deixar fixar terá uma enorme desvantagem competitiva ao nível do emprego e da cidadania. (MARQUES,1998, p. 15). Entretanto, não se deve confundir informação com conhecimento. Não raras vezes já ouvimos a seguinte afirmação “temos excesso de informação e pouco conhecimento”, ou seja, conhecimento é o resultado de uma análise profunda das informações. No contexto da globalização, esses dois elementos são de fundamental importância econômica, pois é a partir deles que se criam riquezas, além de procurar meios que dêem ao cidadão melhor qualidade de vida. Assim sendo, para que a sociedade da informação possa ser considerada uma sociedade do conhecimento é imprescindível que se estabeleçam critérios para organizar e selecionar as informações, e não simplesmente ser influenciado e “moldado” pelos constantes fluxos informativos disponíveis (COUTINHO E LISBÔA, 2011, p. 10). Nesse sentido, a palavra conhecimento é, muitas vezes, utilizada de forma indevida, porque na verdade há muita informação, que é disseminada numa velocidade espantosa, e mais, o acesso ao conhecimento ainda é precário nos países subdesenvolvidos que possuem um sistema educacional atrasado ou de má qualidade. 26 U nid. 1 - G lobalização; TIC s; Relações de Trabalho PARA REFLETIR Fonte: ANGELI Filho, Agnaldo. Modernização do ensino público (charge). http://prontofaleiadistancia.blogspot.com.br/ Acesso em 20/10/2013 O desenvolvimento econômico e humano deficiente dos países subdesenvolvidos se deve em grande parte à falta de infraestrutura nas escolas desses países. Como você pode ler nas entrelinhas dessa charge, o autor faz uma sátira em relação ao conceito que, principalmente o governo brasileiro tem de educação de boa qualidade, numa sociedade pautada nos avanços tecnológicos que devem estar presentes na área educacional, e que, como se pode perceber, não existe. Apenas comprar equipamentos, como computadores, e enviá-los às escolas, não significa que houve modernização do ensino. Para que todos tenham acesso à tecnologia, é preciso ter uma estrutura adequada, professores treinados e condições mínimas para que todos participem. Caso contrário, continuaremos a fortalecer o novo analfabetismo: o analfabetismo tecnológico. Este pode ser entendido como a incapacidade do cidadão de ler o mundo digital, de dominar os conteúdos relacionados à informática, como, no mínimo, a internet, o editor de textos e as 27 U ni d. 1 - G lo ba liz aç ão ; TI C s; R el aç õe s de T ra ba lh o ferramentas disponíveis para este domínio. Para alguns estudiosos atuais, esta é a nova e mais violenta forma de manter as desigualdades sociais da sociedade contemporânea. Nome? Exclusão digital! Assim, caro aluno (a), nesse momento, pode-se afirmar que você participa das vantagens dessa nova sociedade (da informação, tecnológica), pois, com esse advento, os espaços de conhecimento se ampliaram, e hoje é possível estudar fora do espaço escolar, pois você pode, em qualquer lugar, desde que tenha acesso á internet completar seus estudos na modalidade EAD. 1.2.1 OS DESAFIOS DA SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO Como vimos, o avanço da tecnologia da informação e comunicação mudou o mundo. Novas formas de interagir, tanto no campo econômico, de visão de mundo, de relacionamentos entre os povos e, principalmente, das questões culturais, têm hoje uma nova configuração. Mas, como entender e conviver com mudanças tão radicais? Como a sociedade se comporta diante desses fatos? A palavra mudança talvez nunca estivesse tão presente e necessária em nossa vida como hoje em dia. Atualmente, vive-se em uma era de mudança de paradigmas, transformações e metamorfoses no âmbito geral da sociedade. Segundo Maria Alice Borges (2000), a busca pela compreensão dessa fase tem se intensificado, surgindo novos métodos de pesquisas e estudos para a compreensão do mundo que passa constantemente por diversas mudanças. Exemplo disso é o mundo virtual que permitiu alterações significativas, rompendo as barreiras do tempo e espaço, em que tudo é realizado em tempo imediato, em que os maiores bens passarama ser a informação e o conhecimento. 28 U nid. 1 - G lobalização; TIC s; Relações de Trabalho Ainda segundo a autora, a sociedade moderna, em que vivemos atualmente, tem como o grande desafio fazer com que tal modernidade e virtualidade não interfiram na identidade intrínseca da cultura dos povos. De acordo com Churchman (1972, apud BORGES, 2000), a princípio, existem diversos problemas que a moderna tecnologia pode resolver, como a capacidade tecnológica de alimentar, vestir, oferecer educação adequada a todos os habitantes do mundo. Porém, as soluções de todos esses problemas estão barradas na falta de mobilização e organização para fazê-los. A sociedade da informação é uma realidade que tem como premissa o desenvolvimento da humanidade e dos benefícios econômicos, em que a interdisciplinaridade é fundamental, mas mesmo com a sociedade cada vez mais integrada e globalizada, o indivíduo ainda tem, em suas mãos, o controle de seu futuro. Pode-se verificar, que estamos vivendo um momento de transição em que estar atualizado é uma questão de sobrevivência, quem detém conhecimento e informação possui as ferramentas para o sucesso. Apesar de tais acontecimentos serem somente consequências de uma vontade coletiva antiga e a sociedade ter se transformado em um sistema globalizado, a sociedade da informação e os avanços tecnológicos somente terão um fundamento efetivo para a solução dos problemas mundiais quando houver uma mudança de pensamento e posicionamento da sociedade, a fim de buscar a organização para fazer a diferença. 29 U ni d. 1 - G lo ba liz aç ão ; TI C s; R el aç õe s de T ra ba lh o 1.3 O CRESCIMENTO DA INFORMALIZAÇÃO NAS RELAÇÕES TRABALHISTAS A globalização em conjunto com os avanços tecnológicos dos últimos tempos, promoveu mudanças radicais nas relações trabalhistas, principalmente nos países pobres, ou rotulados de terceiro mundo. Estes encontram maiores dificuldades em competir com os países ricos, pois não conseguem exportar seus produtos por conta da política de subsídio interno adotada pelos países ricos e desenvolvidos tanto economicamente quanto autosuficientes em estrutura tecnológica. Como resultado dessa política, houve a redução do valor de mão de obra e o aumento do desemprego, cuja causa é atribuída ao alto grau de desenvolvimento tecnológico na produção industrial. A automatização de tarefas, antes executada pelos funcionários, é, hoje, função de robôs, e sendo assim, se terceirizam as funções técnicas, consolidando o desemprego estrutural, pois não se encontra mais um trabalhador que permaneça na mesma empresa por muitos anos. Até pouco tempo, as relações de trabalho eram caracterizadas por meio de contratos formais realizados entre ‘patrões’ e ‘empregados’, [...] Quanto mais tempo o trabalhador ficasse em uma empresa, maiores eram suas chances de ‘fazer carreira’ e menor a possibilidade de ser rompido o vínculo trabalhista. O perfil do trabalhador médio era constituído por indivíduos do sexo masculino, de baixa escolaridade, formado ‘no chão de fábrica’, que trabalhava nas indústrias, diretamente nas linhas de produção (ARROIO E RÉGNIER. Disponível em: http:// www.senac.br/BTS/272/boltec272d.htm. Acesso em 15/10/2013. E hoje? A competição pelo mercado de trabalho está acirrada, ou seja, não há mais garantia de estabilidade no emprego, em consequência da exigência deste mercado em absorver cada vez mais mão de obra 30 U nid. 1 - G lobalização; TIC s; Relações de Trabalho qualificada. A pressão por uma produtividade maior, a instabilidade no emprego, e a sensação de insegurança criaram uma nova relação patrão/empregado, hoje denominado “colaborador”. Se antes, ter um emprego com carteira assinada dava ao trabalhador a sensação de segurança para ele e sua família, atualmente é apenas temporário, e este já tem consciência de que é preciso qualificar-se constantemente para acompanhar o novo modelo das relações de trabalho. Os fatores que levaram à modificação dessas relações são vários, já mencionados anteriormente, como o fenômeno da globalização econômica resultante dos avanços tecnológicos em informação e comunicação, além da mudança do perfil dos trabalhadores, que se antes era predominantemente de homens, hoje, as mulheres também fazem parte deste universo de forma abrangente. Como pode perceber, a globalização tem várias faces, pois, se de um lado aumentou a produção de bens e transformou o mundo em um grande mercado, por outro, fez surgir a necessidade de mão de obra barata, a qual é conseguida em países subdesenvolvidos, o que faz com que a população (com salário reduzido) desses países fique fora dos benefícios que a sociedade capitalista produz. Uma das causas pode ser atribuída às precárias condições de políticas públicas de boa qualidade desses países em áreas essenciais para o desenvolvimento: educação, saúde, saneamento, ou seja, os direitos sociais a que todo o cidadão faz jus. Em relação à informalização das relações trabalhistas, Lucci (2005), esclarece que há atualmente um novo modo de praticar essas elações, ou seja, os serviços que exigem mão de obra menos qualificada são terceirizados, cujo propósito é reduzir custos e salários, além de não terem de arcar com o ônus dos direitos trabalhistas conquistados após muita luta. Mas, no mercado globalizado esta prática é uma necessidade por parte das empresas nacionais para concorrerem com o capital externo. Lucci diz ainda que para concorrer com o capital externo, as empresas nacionais são obrigadas a diminuir custos, reduzir salários e 31 U ni d. 1 - G lo ba liz aç ão ; TI C s; R el aç õe s de T ra ba lh o demitir funcionários. A mão-de-obra menos qualificada é descartada e adota-se a prática da terceirização do trabalho (para serviços gerais, limpeza, vigilância, manutenção de equipamentos menos sofisticados, etc.), eliminando-se muitos dos direitos dos trabalhadores e eliminando- se muito das conquistas sindicais. Enfim, como citado anteriormente, o desenvolvimento tecnológico na produção industrial criou um novo perfil de trabalhador que requer constante aprimoramento do seu conhecimento na área que atua, além de flexibilidade, com visão do todo. Ademais, outros requisitos ou competências são fundamentais para concorrer no mercado de trabalho, como, por exemplo, o domínio das novas tecnologias, a polivalência6, a sociabilidade, o domínio de língua estrangeira, principalmente o inglês, entre outros. PARA REFLETIR “O crescimento econômico de um país está estreitamente vinculado com a oferta e a demanda de capital humano. Uma vez que o crescimento econômico está enlaçado com a igualização do poder de compra e qualidade de vida da população. A melhoria da qualidade de vida da população impulsiona o mercado de consumo que viabiliza o crescimento econômico”. “O crescimento econômico de um país está aliado às inovações tecnológicas para adequarem as necessidades contextuais e as exigências de uma economia globalizada”. “A educação é uma área de investimento que pode propiciar benefícios sócio-político-econômico-jurídico- ético que venham a assegurar uma distribuição de renda mais igualitária, crescimento econômico, desenvolvimento social, desenvolvimento humano e trabalho humano melhor qualificado”. 6 Dicionário Aurelio - Polivalente: adj. m+f. que exerce diversas funções: um empregado polivalente 32 U nid. 1 - G lobalização; TIC s; Relações de Trabalho SUANNO, Marilza Vanessa Rosa.Crescimento econômico e igualdade social. Disponível em: <http://www2.uol.com. br/aprendiz/n_colunas/coluna_livre/id160602.htm>. Acesso em 15/10/2013. 1.3.1 CRESCIMENTO DAS PRÁTICAS DE TERCEIRIZAÇÃO E SUAS CONSEQUÊNCIAS: VANTAGENS E DESVANTAGENS Para alguns estudiosos, como o advogado especializado em Direito do Trabalho e Previdenciário, José Salvador Torres Silva, é preciso não confundir “terceirização” do trabalho com “precarização” do trabalho, que frequentemente ocorre. Para ele, a terceirização nada mais é que a necessidade que uma empresa tem de contratar uma outra empresa para fins como manutenção, conservação/limpeza, segurança, dentre outros, sem que para isso demita funcionários já existentes na empresa. Ao contrário, segundo ele, a precarização se confirma quando a empresa demite funcionários diretos com o objetivo de diminuir a folha de pagamento, ou os encargos tributários, e contrata uma empresa terceirizada. Nesse contexto, o que se entende por precarização é que, ao contratar uma empresa terceirizada, há a redução dos benefícios de modo geral, pois a empresa contratante não possui vínculo com a empresa contratada. Como se sabe, a legislação trabalhista brasileira é bastante onerosa (impostos excessivos) sobre a folha de pagamento das empresas. Esse sistema de contratação de mão de obra é, hoje, um sério problema não só para as empresas privadas, com também para as públicas. No que se refere às públicas a intenção é gerar emprego e renda. 33 U ni d. 1 - G lo ba liz aç ão ; TI C s; R el aç õe s de T ra ba lh o Assim, a terceirização precarizará o trabalho sempre e quando provocar a redução do salário, dos benefícios; promover a rotatividade dos trabalhadores no local de trabalho; acarretar o aumento da jornada de trabalho e dos riscos de acidente de trabalho - uma vez que o trabalhador terceirizado, normalmente, tem menor capacitação técnica para o exercício da função – acarretar a perda à possibilidade de ascensão na carreira, arrefecimento da categoria profissional, etc. (SILVA, 2008. <http://www.migalhas.com.br/mostra_ noticia_articuladas.aspx?op=true&cod=72951>. Acesso em 12/10/2013. Como você pode perceber, esse novo modelo de relação trabalhista não é tão simples de se praticar, pois há, digamos, no pacote, sérios problemas a serem considerados. A terceirização pode ser concebida como um investimento e, por esse motivo, deve-se ter cuidados específicos para sua realização, porque, como qualquer investimento, há vantagens e desvantagens. Uma das vantagens é que a empresa prestadora de serviços não administra as questões trabalhistas que fica por conta da empresa contratante e, dessa forma, passa a ocupar-se em intensificar o treinamento de seus funcionários e melhorar a qualidade do serviço prestado, ou seja, do seu produto final, além de aumentar sua competividade no mercado. Para Scavassa, 2013: Neste sentido, almeja-se criar e sustentar vantagens competitivas, tendo como propósito maximizar os lucros, reduzir custos, aumentar a participação de mercado e tornar os produtos e serviços mais competitivos. Nesse sentido, a terceirização surge com destaque e se solidifica como uma das atividades mais eficientes na gestão de recursos humanos das atividades secundárias da instituição. 34 U nid. 1 - G lobalização; TIC s; Relações de Trabalho Essa ferramenta busca e trabalha tudo aquilo que não é essencial e estratégico para a atividade-fim da empresa. Disponível em: <http://www.ipog.edu.br/ uploads/arquivos/8a75bdca0b696681aa606fb30e bc2677.pdf.> Acesso em 30/10/2013. Resumindo, a vantagem desse sistema pode ser uma solução para que a empresa possa investir em sua atividade principal, incorporar novas tecnologias e ganhar competitividade. Nesse sentido, a terceirização está mais sólida e eficiente para realizar atividades secundárias empresariais, pois, trabalha com o que não é essencial a atividade-fim. Quanto à desvantagem, o mais prejudicado é o funcionário terceirizado, pois, nesse modelo, o vínculo empregatício é temporário, o que faz com que não possa contar com uma renda fixa, porque o contrato de trabalho geralmente é feito com prazo estipulado e nem sempre é renovado. Voltamos, então, a questão da insegurança que esse tipo de relação trabalhista gera no funcionário terceirizado. Como já afirmado anteriormente, do emprego garantido pela “carteira assinada” com a qual o trabalhador se sentia seguro, passamos à insegurança e à instabilidade pelas quais passam os trabalhadores que optam por esse seguimento. Mas, não só os trabalhadores que optam por esse seguimento têm problemas, pois as empresas contratantes devem ter em mente que é preciso uma pesquisa séria antes de contratar a terceirizada, para mais adiante não serem surpreendidos por questões trabalhistas ou por uma prestação de serviço de má qualidade (nohall). CONHEÇA MAIS Leia a notícia do Jornal Estadão, na qual é possível perceber que as desvantagens são muito graves. 35 U ni d. 1 - G lo ba liz aç ão ; TI C s; R el aç õe s de T ra ba lh o Estudo aponta desvantagens de terceirizados 05 de outubro de 2011 | 3h04 LU AIKO OTTA / BRASÍLIA - O Estado de S.Paulo Os trabalhadores terceirizados ganham 27,1% a menos que os diretamente contratados, trabalham três horas semanais a mais, têm menos benefícios e estão mais sujeitos a acidentes de trabalho e morte. É o que mostra estudo elaborado pelo Dieese e pela Central Única dos Trabalhadores (CUT), apresentado no seminário promovido pelo Tribunal Superior do Trabalho (TST). O estudo relata que até no Palácio do Planalto há cerca de 300 funcionários terceirizados que não conseguem receber atrasados. A prestadora de serviços que os contratou deixou de atender a Presidência em dezembro de 2010 e não pagou parte dos salários. O Planalto obteve autorização na Justiça para bloquear os R$ 477,7 mil para entregar diretamente aos funcionários, que foram contratados por outra empresa de serviços terceirizados. O risco de “calote” é um dos maiores problemas enfrentados pelos trabalhadores, diz o estudo. Sobretudo no setor público, onde as prestadoras de serviço são contratadas por licitações em que o critério é o menor preço, é comum elas prometerem prestar serviços por valores que não cobrem os direitos trabalhistas. Não raro essas empresas “desaparecem”, deixando dívidas. Além de ganhar menos e trabalhar mais, os terceirizados são empregados em funções que trazem maior risco. O estudo cita levantamento da seção mineira do Dieese, pelo qual morreram 239 trabalhadores no setor elétrico entre 2006 e 2008, desses 193, ou 80,7%, eram terceirizados. 36 U nid. 1 - G lobalização; TIC s; Relações de Trabalho Enfim, o que se pode concluir das afirmações acima é que as relações de trabalho da sociedade atual requerem amadurecimento, uma legislação mais rígida, além da preocupação com o trabalhador terceirizado, pois estamos tratando de seres humanos e não de mercadorias. Acredita-se que com o avanço cada vez mais intenso da tecnologia, as questões emprego/desemprego e novas formas de organização do trabalho virão. O que se espera é que se encontrem respostas que sejam satisfatórias para ambos: empresa/funcionário, e que a prática do lucro, acima de tudo, não fortaleça ainda mais o abismo que há entre países ricos e países pobres. 1.4 CONSIDERAÇÕES DA UNIDADE I Caro aluno (a), Chegamos ao final da Unidade I. Nesse momento, vamosrefletir acerca do que foi discutido até aqui. Você deve ter percebido que agrupamos três tópicos que se correlacionam, ou seja, a Globalização, a Tecnologia da informação, comunicação, e as Relações de trabalho. Não há como tratar de um sem mencionar o outro, pois, como afirmado, a globalização atingiu o seu ápice com o advento dos avanços tecnológicos nas áreas de informação e comunicação, e esses dois elementos modificaram substancialmente a vida de todos os cidadãos ao redor do mundo. Essa modificação gerou novas formas de comércio, de criação de novas empresas, principalmente de filiais de grandes multinacionais em países considerados subdesenvolvidos ou de terceiro mundo, cuja 37 U ni d. 1 - G lo ba liz aç ão ; TI C s; R el aç õe s de T ra ba lh o criação trouxe consigo a exploração de mão de obra barata, bem como a exploração dos recursos naturais, além dos incentivos fiscais praticados pelos países que recebem estas filiais beneficiando as multinacionais. Toda essa mudança de comportamento do mercado mundial, que em tese, deveria facilitar o comércio entre os povos e, com isso, beneficiar a todos, não aconteceu, ao menos até hoje. Os países ditos ricos, ou de primeiro mundo, continuaram a intensificar a expansão de suas fronteiras econômicas e capitalistas, e os países pobres, ou de terceiro mundo, sendo o celeiro das condições para que tal fato se concretizasse. O lucro a qualquer preço deixou de lado o fator capital humano, que na verdade é o responsável pelo desenvolvimento econômico de qualquer país. Muitos teóricos abordam esse fato em seus trabalhos e pesquisas, e são unânimes em afirmar que da forma como se conduz esse fenômeno atual, não se deveria denominar “Globalização”, pois, nem todos participam de igual para igual de tudo o que a sociedade moderna produz. Grande parte da humanidade está excluída deste processo, seja, em relação à aquisição de bens, seja pela qualidade de vida que a globalização deveria trazer. Como já afirmado, temos inúmeros países que ainda não propiciam ao seu povo, o básico para uma vida digna: educação de boa qualidade, saneamento básico, habitação, trabalho digno, saúde e cultura geral, sem falar das condições de trabalho a que são submetidos todos aqueles que por falta de qualificação profissional, ou ficam fora do mercado e entram para a economia informal, ou se sujeitam ao trabalho terceirizado que não lhe proporciona segurança e continuidade. Embora esse novo sistema de relações de trabalho não possa ser visto apenas de um ponto de vista, ou seja, desvantajoso, pois, como você deve ter percebido, tem como característica responder à demanda 38 U nid. 1 - G lobalização; TIC s; Relações de Trabalho do mercado, e propiciar às empresas incorporar novas tecnologias e ganhar competitividade. Assim, ao final desta Unidade, espero ter contribuído de alguma maneira para sua reflexão acerca do universo em que está inserido, e na qual, ao final de sua jornada acadêmica, estará pronto para colaborar com seus conhecimentos para que a sociedade seja, além de desenvolvida, tecnológica e rica, mais humana. Até a próxima Unidade... 39 U ni d. 1 - G lo ba liz aç ão ; TI C s; R el aç õe s de T ra ba lh o TESTE SEU CONHECIMENTO 1. (Uesc) Globalização econômica é o termo utilizado para designar um crescente processo de integração das economias nacionais que vêm transformando a superfície do planeta num espaço econômico cada vez mais unitário. Isso significa que os produtos e os capitais transitam entre os países com liberdade cada vez maior, determinando que a economia assuma um caráter cada vez mais planetário. (MÉDICI; ALMEIDA, 1999, p. 5). As informações do texto e os conhecimentos sobre globalização permitem concluir: a) A visão do Estado como uma instituição geradora de emprego e protetora do trabalho provocou modificações na estrutura de produção, o que culminou com a democratização do domínio da tecnologia. b) O processo de globalização, na década de 90 do século XX, foi marcado pelos princípios neoliberais, pela privatização de empresas estatais e pelo aumento do desemprego. c) O avanço nos meios de comunicação tornou o mundo uma aldeia global, sendo os preconceitos e a xenofobia combatidos e desestimulados em todos os países. d) A globalização beneficiou o estado do bem-estar social, imprimiu mais autonomia às nações porque eliminou o protecionismo no comércio internacional. e) A globalização, do ponto de vista geopolítico, favoreceu o desenvolvimento dos países periféricos e desacelerou o imperialismo no planeta. 40 U nid. 1 - G lobalização; TIC s; Relações de Trabalho 2. (Uesc) Nas últimas décadas, muitos países que tinham uma economia voltada basicamente para o setor primário têm recebido em seus territórios, filiais ou subsidiárias de multinacionais, fato que vem modificando profundamente seus perfis econômicos e suas funções dentro da atual divisão internacional do trabalho. (DIT) (BOLIGIAN; BOLIGIAN, 2004, p. 276). Com base nas informações do texto e nos conhecimentos sobre a DIT e suas implicações, é correto afirmar: a) A implantação das multinacionais, nos países periféricos, gerou grandes lucros, porque o lucro era reinvestido no seu território, diversificando o processo produtivo. b) A nova DIT não alterou as desigualdades no processo produtivo, mas possibilitou o dinamismo da economia de todos os países do Terceiro Mundo, devido à interferência estatal. c) Os países de industrialização clássica, como o Brasil, o México e a Argentina, saíram mais fortalecidos do que os demais países periféricos, porque os investimentos externos produtivos priorizam esses mercados. d) Essa nova Distribuição Internacional do Trabalho caracteriza-se pela mudança do perfil econômico das nações periféricas e pela diminuição da dependência econômica dessas nações. e) Os países centrais, na nova Distribuição Internacional do Trabalho, fornecem produtos e serviços com alto conteúdo tecnológico e os países periféricos, produtos de primeira e segunda geração industrial. 3. (UFPA) O atual espaço geográfico mundial, nos últimos anos, tem passado por um acelerado processo de reestruturação, fruto da revolução tecnológica e da abertura dos mercados nacionais. Sobre a referida reestruturação do espaço geográfico mundial, é correto afirmar que: 41 U ni d. 1 - G lo ba liz aç ão ; TI C s; R el aç õe s de T ra ba lh o a) Há uma crescente interdependência dos mercados, fruto da abertura das economias nacionais e do avanço tecnológico dos meios de transportes e comunicações, o que tornou a circulação mais rápida, intensificando os fluxos de mercadorias, capitais e informações. b) O novo espaço industrial se caracteriza por funcionar em rede e, embora a gestão empresarial seja mantida nas principais metrópoles globais, a produção está cada vez mais desconcentrada, direcionando-se às grandes cidades. c) A dimensão cultural da globalização provoca a padronização dos costumes, tendo como referência os hábitos dos países centrais, sobretudo dos Estados Unidos. Essa tendência enfrenta resistência em algumas regiões do mundo, como o Oriente Médio, porque grande parte da população dessa região busca um modo de vida mais consumista. d) A reestruturação da economia mundial altera o mundo do trabalho, o que provoca a expansão do desemprego estrutural. Esse novo tipo de desemprego ocorre nos países periféricose é fruto de mudanças irreversíveis, como a automação das atividades e a desconcentração produtiva. e) Há um fortalecimento das transnacionais, pois estas assumem várias funções que antes eram exercidas pelos Estados, como o controle dos meios de comunicações e energia. Além disso, essas corporações vêm expandindo suas áreas de influência, por meio de processos de fusões e aquisições, o que tem eliminado as fronteiras políticas e econômicas dos Estados Nacionais. 4. (UFSCAR) O contínuo avanço tecnológico global não parece estar garantindo que as sociedades futuras possam gerar, unicamente por mecanismos de mercado, postos de trabalho, ainda que flexíveis, compatíveis em qualidade e renda com as necessidades básicas da população mundial. A lógica da globalização e do fracionamento das 42 U nid. 1 - G lobalização; TIC s; Relações de Trabalho cadeias produtivas incorporou parte dos bolsões mundiais de mão-de- obra barata sem necessariamente elevar-lhes a renda. Os postos de trabalho formal crescem menos que os investimentos diretos. Se, por um lado, surgem oportunidades bem remuneradas no trabalho flexível, por outro, o setor informal também abriga o emprego muito precário e a miséria. E, especialmente nos países da periferia, os governos – comprometidos com a estabilidade – não têm orçamento suficiente e estruturas eficazes para garantir a sobrevivência dos novos excluídos. O paradigma do emprego está em definitiva mudança e há inúmeras razões para preocupação quanto ao futuro da exclusão social no novo século (Gilberto Dupas. A lógica da economia global e a exclusão social. Revista de Estudos Avançados, set/dez 1998). A análise do texto e da tirinha permite afirmar: a) O texto aborda o desemprego típico do taylorismo-fordismo. A partir dele, valorizou-se mais a estatística relativa ao número de trabalhadores sem emprego, à qual a tirinha faz referência. b) Na tirinha, a personagem Mafalda faz alusão ao desemprego enquanto indicador econômico-estatístico. O texto demonstra que a lógica da globalização reduz a oferta de empregos e amplia a exclusão social. c) O texto aponta o aumento da informalidade, o que amplia a taxa de desemprego referida na tirinha, visto que o trabalhador informal pertence exclusivamente à população inativa. 43 U ni d. 1 - G lo ba liz aç ão ; TI C s; R el aç õe s de T ra ba lh o d) O aumento da taxa de desemprego referida na tirinha aumenta a pobreza e a exclusão social, sobretudo em países desenvolvidos, onde o avanço tecnológico mais intenso é responsável pelo desemprego conjuntural. e) A lógica da globalização é fracionar e dispersar as atividades produtivas no espaço e não reduzir os postos de trabalho. Assim, as regiões que recebem muitos investimentos diretos não apresentam aumento da taxa de desemprego à qual a tirinha faz referência. un id ad e 2 45 U ni d. 2 - A va nç os T ec no ló gi co s; C iê nc ia , Te cn ol og ia e S oc ie da de ; Ec ol og ia /B io di ve rs id ad e U N I D A D E 2 2Avanços Tecnológicos; Ciência, Tecnologia e Sociedade; Ecologia/ Biodiversidade OBJETIVOS DA UNIDADE • Refletir sobre as questões sociais e econômicas relacionadas aos avanços tecnológicos, bem como sobre questões ambientais e quais são os entraves para a proteção e preservação do planeta; • Ampliar a capacidade comunicativa e a percepção para as várias possibilidades de leitura do mundo por meio de uma atitude crítica e reflexiva. HABILIDADES E COMPETÊNCIAS • Entendimento para dominar o assunto proposto a partir do entendimento das afirmações presentes nos textos; • Capacidade de interpretar os itens que compõem a unidade, de modo a compreender o momento pelo qual passa o planeta e a responsabilidade do homem em minimizar os efeitos da degradação e exaustão dos recursos naturais. 46 U nid. 2 - A vanços Tecnológicos; C iência, Tecnologia e Sociedade; Ecologia/Biodiversidade Disponível em http://tecnologiasemidiasnaeducacao.blogspot.com.br/2009/05/blog-post_28.html. Acessado em: 21/10/2013). 2.1 AVANÇOS TECNOLÓGICOS Desde os primórdios da humanidade, o homem busca modificar o mundo à sua volta, na tentativa de fazer da sua existência algo melhor. Mas, ao mesmo tempo em que existe essa possibilidade, ele se vê diante da sua fragilidade, a qual gera incerteza quanto ao futuro. Somos capazes de criar máquinas para substituir atividades, antes apenas possível de serem realizadas por mãos humanas, mas temos dificuldade em controlar a nova realidade que se instaurou após os avanços tecnológicos. As mudanças hoje são cada vez mais frequentes e com intervalo de tempo tão mínimo que, por vezes, nem percebemos. Resultado da atividade humana que evoluiu ao longo da história com o propósito de realizar os desejos humanos, seja para o seu conforto diário ou no campo do trabalho para produzir mais em menos tempo. Num futuro não muito distante, mudanças mais drásticas poderão ocorrer, pois há, atualmente, um grande avanço na área da manipulação 47 U ni d. 2 - A va nç os T ec no ló gi co s; C iê nc ia , Te cn ol og ia e S oc ie da de ; Ec ol og ia /B io di ve rs id ad egenética, que certamente trará outra forma de relacionamento homem/natureza. A existência do ser humano, tal como entendemos e conhecemos ao longo da história, é muitas vezes posta em dúvida, por conta do avanço da tecnociência. Até mesmo as questões éticas do que é certo ou errado tem sua concepção modificada na sociedade contemporânea. CONHEÇA MAIS Há uma diferença entre ciência e tecnologia. A ciência é baseada em comprovação de hipóteses que são submetidas ao crivo da crítica, ou seja, que resistam a condições de refutabilidade previamente estabelecidas. A tecnologia decorre do domínio de uma técnica destinada a determinado fim ou uso. Apesar de distintas, ciência e tecnologia se complemetam, pois o avanço de uma está intimamanete ligado e depende da outra. A ciência fornece subsidios para o aprimoramento da teconologia. Daí, o termo tecnociência. Como consequência do avanço da ciência e da tecnologia, vivemos em uma sociedade dependente da tecnociência, que promove a criação de novos mecanismos e altera de modo substancial a vida do homem. Mas, se por um lado contribui para o desenvolvimento social, por outro, gera polêmicas sobre as vantagens e desvantagens. Ao tratar das vantagens, podemos pensar nas grandes descobertas da ciência para a cura de inúmeras doenças; o domínio da mecânica; da eletrônica e as tecnologias da informação e comunicação que auxiliam o homem a viver melhor. 48 U nid. 2 - A vanços Tecnológicos; C iência, Tecnologia e Sociedade; Ecologia/Biodiversidade Entretanto, o conforto decorrente do avanço tecnológico não é democrático, uma vez que não está ao alcance da parte expressiva da população mundial. Grande parte dos bens da área é voltada ao consumo de uma minoria privilegiada, ficando excluída parte expressiva da população mundial. (Disponível em: <professorwalter.wordpress.com>. Acessado em: 21/10/2013). Nesse momento, instaura-se uma dicotomia1, ou seja, por um lado há a liberdade proveniente de uma sociedade tecnocientífica, que recorre a diversos tipos de engenhos que, de uma forma ou de outra, modificam o quotidiano dos indivíduos em todo o mundo. Por outro, a dependência social em relação a elas, o que gera discussões sobresuas vantagens e desvantagens. Destaca-se que a tecnologia é muito mais do que simples máquinas e equipamentos, ela abrange simultaneamente o conjunto compreendido pelos conhecimentos técnicos – científicos e também pelos conhecimentos empíricos das pessoas. (TEIXEIRA, 2013, p. 1). 1 Dicionário Aurélio. Dicotomia: s.f. Divisão em dois; oposição entre duas coisas. 49 U ni d. 2 - A va nç os T ec no ló gi co s; C iê nc ia , Te cn ol og ia e S oc ie da de ; Ec ol og ia /B io di ve rs id ad eEmbora se possa afirmar que o avanço tecnológico e científico é responsável pelo desenvolvimento e crescimento da sociedade, e devido a esse avanço, que o homem pode orgulhar-se de conseguir dominar novas técnicas em quase todos os setores importantes para a sociedade contemporânea. Dentro desse contexto, ou seja, de uma sociedade comandada por processamento em bits, surge um novo modo de agir do homem. Além da dependência e dos impactos provocados pelo avanço tecnológico, principalmente no que dizem respeito às áreas do conhecimento, todos os setores sociais foram profundamente afetados, alterando os referenciais outrora tidos como imutáveis. Nesse novo mundo, o homem busca nas suas atitudes e reações novas maneiras de pensar e conviver. Mas não podemos negar que a revolução econômica resultante da contribuição da tecnologia da informação criou uma nova versão de mundo, e essa nova versão não alterou somente o mundo, a política e a economia, mas, também, o valor das informações que circulam cada vez com mais rapidez e precisão. Além do capital tangível, temos agora um capital intangível – a informação. As organizações continuam funcionando como máquinas e se relacionando como provedores do mercado global. As pessoas são tratadas como “capital humano” – ainda uma coisa –, ou como “capital intelectual” – uma mercadoria. (TÔRRES, 2005, p. 192). No Brasil, apesar dos esforços, as pesquisas em ciência e tecnologia estão longe do avanço dos países ricos, embora aqui existam alguns poucos centros de excelência na área. Mas as previsões não são animadoras, como afirmou o físico Roberto Nicolski, Diretor da Sociedade Brasileira Pró-Inovação Tecnológica (Protec) em entrevista a Revista Época, em 2009. Para ele, a falta de investimentos em tecnologia 50 U nid. 2 - A vanços Tecnológicos; C iência, Tecnologia e Sociedade; Ecologia/Biodiversidade poderá bloquear o crescimento econômico do País, porque a indústria brasileira está atrasada tecnologicamente. O Brasil paga suas despesas de importação de máquinas para o setor industrial e matérias-primas com as exportações do agronegócio. Nicolski (2009) afirma que para crescer, o País terá que importar sempre mais, e por esse motivo, pode-se chegar ao ponto de não conseguir pagar a conta apenas com mineração e agronegócio. O Brasil não consegue tornar sua indústria competitiva por falta de tecnologia em consequência do modelo de desenvolvimento industrial do passado, ou seja, o país não se modernizou no que se refere a política tecnológica para corrigir essa situação. Enfim, explica que estamos a caminho de um apagão tecnológico, ainda que não possa dizer que ele vai acontecer com certeza porque a economia tem um alto grau de imprevisibilidade. Mas afirma que é o risco que corremos se continuarmos com a política atual. CONHEÇA MAIS O professor do DIN/UEM e doutor em Ciência da Computação, Antonio Mendes da Silva Filho, publicou na revista Espaço Acadêmico nº 40, em setembro de 2004, o gráfico abaixo e a seguinte afirmação: Figura 1: Inclusão Social para fazer Inclusão Digital (Disponível em: <http://www.espacoacademico.com.br/040/40amsf.htm>. Acesso em 13/10/2013). 51 U ni d. 2 - A va nç os T ec no ló gi co s; C iê nc ia , Te cn ol og ia e S oc ie da de ; Ec ol og ia /B io di ve rs id ad e[...] O mero acesso às tecnologias digitais não é suficiente para incluir os excluídos digitais. Responda- me leitor: de que vale dispor de um computador se você não tem renda para pagar uma assinatura básica de telefone que permitirá o acesso a Internet? Agora, se você tem renda, ainda assim torna-se necessário outro elemento que é a educação, pois de nada vale dispor de renda e equipamentos e não saber como ou até mesmo porque utilizar e acessar as tecnologias digitais ou TIC’s. [...] educação e renda são fatores primordiais para o acesso às tecnologias digitais [...]. Agora que já refletimos um pouco mais acerca dos avanços tecnológicos, das consequências sociais, econômicas, do aumento de produção de bens resultantes desses avanços, vamos ver qual a relação desses fatos com questões ambientais e como a tecnologia pode ser uma aliada na redução de resíduos tóxicos, poluição, entre outros. 2.2 ECOLOGIA / BIODIVERSIDADE Frequentemente, as pessoas se referem à ecologia e à biodiversidade como se tivessem o mesmo significado. Portanto, antes de entrarmos no assunto propriamente dito, vamos esclarecer. Ecologia é ramo da Biologia que estuda as interações entre os seres vivos e o meio onde vivem. A palavra ecologia tem origem no grego “oiks”, que significa casa, e “logia”, estudo, reflexão. Assim, podemos entender que ecologia é o estudo da casa, ou do lugar onde se vive. Já, biodiversidade, segundo Guedes e Soares (2007, p. 1) : 52 U nid. 2 - A vanços Tecnológicos; C iência, Tecnologia e Sociedade; Ecologia/Biodiversidade O termo biodiversidade, segundo Artigo 2 da Convenção sobre Diversidade Biológica (Brasil, 2002), pode ser entendido como a variabilidade dos organismos vivos de todas as origens, abrangendo os ecossistemas terrestres, marinhos, e outros ecossistemas aquáticos, incluindo seus complexos; e compreendendo a diversidade dentro de espécies, entre espécies e de ecossistemas. Dentro deste conceito é importante ressaltar a inclusão da espécie humana como componente fundamental do sistema e altamente dependente dos serviços e bens ambientais oferecidos pela natureza. Diferença explicada, veja os estudos sobre o meio ambiente, a produção de resíduos e o aquecimento global. As gerações que nos antecederam, principalmente da era pós- industrial, não tiveram a preocupação em proteger o planeta, e, hoje, precisamos tentar minimizar os problemas ambientais causados pela expansão do uso indiscriminado dos recursos naturais, bem como dos efeitos que a queima de combustível fóssil causa ao meio ambiente e à natureza como um todo. 53 U ni d. 2 - A va nç os T ec no ló gi co s; C iê nc ia , Te cn ol og ia e S oc ie da de ; Ec ol og ia /B io di ve rs id ad eAlguns autores, como o jornalista Vilmar Berna (2010), editor da Revista e do Portal do Meio Ambiente, esclarecem que nem todas as pessoas que contribuem para o desmatamento, prejudicando a fauna e aumentando a poluição ambiental, são leigas no assunto. Muitas possuem mais conhecimento do que a maioria da população, mas deixam de usar o que sabem sobre ecologia, natureza e vida silvestre para destruir e matar. Pode ser que esse comportamento seja resultado da reprodução cultural aprendida ao longo da história e da cultura de cada povo, pois não se trata de um ou outro indivíduo apenas, mas das relações culturais, sociais e tecnológicas de sua sociedade. Para o autor, o fato de o ser humano entender por natureza apenas plantas e animais e nãose sentir parte dela, faz com que a destruição seja vista como algo que não o atingirá, já que ele se sente o dono do universo, ou que está a seu serviço, ou, ainda, que existe apenas para atender às suas necessidades. “A visão de que o planeta não nos pertence, que nós é que pertencemos ao planeta não tem cabimento numa sociedade baseada no consumismo e, por isso mesmo, no materialismo, que valoriza o ter em vez do ser!” (BERNA, 2010), disponível em http://rmai.com.br/v4/Read/299/a-importancia-da- educacao-socioambiental.aspx. Acesso em 21/10/2013. Nesse modelo econômico que é capitalista, que tem como principal característica o consumismo e que produz cada vez mais, não é levado em conta que é preciso limitar a produção, pois os recursos naturais não são ilimitados. Além da biodiversidade, ou riqueza biológica, toda nação possui mais duas formas de riqueza: a cultural e a material, que são mais fáceis de compreender e assimilar, pois fazem parte do nosso cotidiano. O que ocorre com a riqueza biológica é que ela não é levada muito a sério, porque não é vista como parte do patrimônio de uma nação. Atualmente, a palavra biodiversidade tem sido utilizada de forma ampla e tanto serve para designar a diversidade biológica, quanto as variáveis genéticas dos indivíduos e os processos ecológicos. 54 U nid. 2 - A vanços Tecnológicos; C iência, Tecnologia e Sociedade; Ecologia/Biodiversidade CONHEÇA MAIS Variabilidade genética - diferença existente entre indivíduos da mesma espécie quanto a características específicas, como a cor dos olhos. Diversidade biológica - número de espécies. Processos ecológicos - por exemplo, quanto se está absorvendo de energia por espécies existentes em algum local. É importante conhecer e preservar a biodiversidade, porque ela é uma fonte fundamental de pesquisas nas áreas de produção de alimentos, medicamentos, indústrias, entre outros produtos importantes para o bem-estar do homem. Tão importante quanto a língua de um povo, ou sua cultura, é a biodiversidade, parte do patrimônio de uma nação, cujas riquezas levaram milhões de anos para serem construídas. OUTRAS MÍDIAS Durante a ECO 92, no Rio de Janeiro, uma garota canadense de doze anos se fez ouvir por seis minutos na defesa da biodiversidade. Seu discurso foi visto e ouvido por todo o mundo. Vale a pena refletir acerca das ações do homem em relação à natureza, mas com outro olhar: não somente da preservação do planeta, mas do que fazer para que a terra seja um lugar de igualdade, na qual todos os homens possam usufruir do mínimo necessário para viverem dignamente. Passar do discurso apenas para a realização de fato. A garota que calou o mundo por 6 minutos - Eco 92 Legendado Disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=SlZi6if fOGc>. 55 U ni d. 2 - A va nç os T ec no ló gi co s; C iê nc ia , Te cn ol og ia e S oc ie da de ; Ec ol og ia /B io di ve rs id ad e2.3 BRASIL: RECURSOS NATURAIS; POLÍTICAS AMBIENTAIS Disponível em: http://envolverde.com.br/ambiente/brasil/brasil-maior-exportador-de-riquezas-naturais> . Acesso em 25/10/2013. Grande parte do povo brasileiro desconhece as riquezas naturais do Brasil e o fato de que somos o maior exportador de produtos primários. A população tem conhecimento de que exportamos grãos, como a soja, por exemplo, mas desconhece que também são exportados por preços irrisórios, recursos naturais e, principalmente, água, ou seja, é o País mais explorado em suas riquezas naturais. Segundo Vigna (2012), nossa cultura ainda tem arraigada a ideia de que somos um País com vocação para a agricultura e celeiro do mundo, resultado da história das monoculturas praticadas em outros tempos, como o café. Modificaram a nomenclatura, porque hoje é “agronegócio”, mas a visão de País agrícola continua como no tempo dos coronéis das grandes fazendas, embora tenham mudado os produtos, atualmente com ênfase na cultura do açúcar/etanol e a soja. 56 U nid. 2 - A vanços Tecnológicos; C iência, Tecnologia e Sociedade; Ecologia/Biodiversidade A pauta de exportação brasileira, mesmo diversificada, ainda se concentra em grãos e minérios. O ferro, por exemplo, representa cerca de 90% dos bens minerais exportados. Assim, a “vocação” de país exportador de bens primários vai sendo degradando as terras férteis e impactando sobre todas as dimensões da vida das comunidades locais e regionais. (VIGNA, 2012, p. 1). Para o autor, o Estado brasileiro favorece as multinacionais ao aprovar leis que estimulam o desmatamento e programas para facilitar a exploração predatória do solo e subsolo nacional, como a Portaria 3032 da Advocacia Nacional da União, além de um Código Florestal 3que não favorece as questões de preservação ambiental. Um exemplo de inconsistência entre o discurso ambiental e a prática, acontece atualmente na bancada ruralista do Congresso Nacional, que reclama para si a decisão sobre a demarcação das terras indígenas, com o intuito de burlar a lei maior deste País, ou seja, o inciso XI, do artigo 20, da Constituição Federal de 1988: [...] nas terras ocupadas pelos índios são asseguradas a “participação no resultado da exploração de petróleo ou gás natural, de recursos hídricos para fins de geração de energia elétrica e de outros recursos minerais no respectivo território […]”. Ou que o § 2º, do art. 231, garanta que as “terras tradicionalmente ocupadas pelos índios destinam-se a sua posse permanente, cabendo-lhes o usufruto exclusivo das riquezas do solo, dos rios e dos lagos nelas existentes”. 2 Portaria nº 303 da AGU, que trata de demarcação e uso de terras indígenas. O texto da Portaria é viciado e dá resolução a favor dos proprietários de terras, da bancada ruralista, e dos interessados nas obras do PAC. A Portaria foi publicada no dia 16 de julho e tem recebido inúmeras críticas por desrespeitar e restringir os direitos territoriais dos povos indígenas. (Disponível em: <http:// terradedireitos.org.br/tag/portaria-3032012/>. Acessado em: 25/10/2013). 3 LEI Nº 12.651, DE 25 DE MAIO DE 2012. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ ccivil_03/_Ato2011-2014/2012/Lei/L12651.htm>. 57 U ni d. 2 - A va nç os T ec no ló gi co s; C iê nc ia , Te cn ol og ia e S oc ie da de ; Ec ol og ia /B io di ve rs id ad eEmbora as afirmações acima nos apresentem um quadro instável de políticas relacionadas ao cumprimento da legislação, a qual, muitas vezes é pautada em questões econômicas, o texto do Ministério do Meio Ambiente (MMA, 2013), apresenta outra versão dos fatos. O Brasil é conhecido como possuidor da maior diversidade biológica do planeta, além da sua particular variedade climática, ou seja, um gigantesco patrimônio ambiental. O maior desafio que enfrentamos, atualmente, é o da conservação destes recursos. “Garantir, pois, que a utilização dos recursos naturais seja feita de forma apropriada, de acordo com os pressupostos fundamentais do desenvolvimento sustentável, é nossa missão e desafio”. (MMA, 2013). Entretanto, há, além da pressão sobre a utilização dos recursos naturais disponíveis, de forma sustentável, em que a preocupação maior incide em questões como o extrativismo e a expansão da fronteira agrícola, uma demanda direcionada à solução da enorme desigualdade social que impera nesse País. Nesse sentido, o Ministério do Meio Ambiente tem se esforçado para garantir que o uso dos recursos naturais brasileiros seja feito de forma responsável,
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