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TCC PERÍCIA CRIMINAL JONATAN TAVARES

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Prévia do material em texto

FACULDADE DE CIÊNCIAS HUMANAS DE CRUZEIRO 
JONATAN TAVARES FERREIRA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A PERÍCIA NOS CASOS DE HOMICÍDIOS DE ACORDO COM O 
ORDENAMENTO PÁTRIO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CRUZEIRO 
2016 
 
 
 
JONATAN TAVARES FERREIRA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A PERÍCIA NOS CASOS DE HOMICÍDIOS DE ACORDO COMO 
ORDENAMENTO PÁTRIO 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao 
Curso de Direito da Faculdade de Ciências 
Humanas de Cruzeiro, em cumprimento à 
exigência parcial para obtenção do título de 
Bacharel em Direito, sob orientação do Prof. Me. 
Márcio Godofredo Alvarenga. 
 
 
 
 
 
 
 
CRUZEIRO 
2016 
 
 
 
JONATAN TAVARES FERREIRA 
 
 
 
A PERÍCIA NOS CASOS DE HOMICÍDIOS DE ACORDO COM O 
ORDENAMENTO PÁTRIO 
 
 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso aprovado em _____ de ______________ de 2016, 
como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Direito da 
Faculdade de Ciências Humanas de Cruzeiro, pelos professores: 
 
 
 
 
Banca Examinadora: 
 
 
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________ 
 
______________________________________________ 
Orientador: Prof. Esp./Me Márcio Godofredo de Alvarenga 
 
 
 
 
 
CRUZEIRO 
2016 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Aos meus queridos pais, Cátia e João 
Bosco, cujo ensinamento me foi dado em 
forma de valores e amor, o que para mim, 
basta. À minha linda e querida esposa Kele, 
aguentando firme enquanto estive discente, 
auxiliando na busca de algo melhor para 
nossa família. Aos meus filhos, Joao Miguel 
e Micael, razões de todo meu esforço e 
felicidade. 
 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
 
 
 
 
 
A Deus, que me concede a graça de a cada dia poder levantar e ir em busca 
de meus objetivos. 
 
 
Aos meus amigos, que tive o prazer de dividir as salas de aulas, sendo cada 
um especial para mim. 
 
 
Aos meus professores, cuja honra em aprender, mesmo que um pouco dos 
conhecimentos a mim passados, indelével. 
 
 
Ao ilustre e inteligentíssimo mestre, professor e orientador Márcio Godofredo 
de Alvarenga, pela suave maneira de me cativar desde o primeiro dia de aula. 
 
 
À Equipe do Instituto de Criminalística de Guaratinguetá, contribuindo para 
realização desta obra e por fazer parte da minha história. 
 
 
Aos senhores Ricardo, Vicente e Hildegrim; às senhora e senhorita Marislene 
e Denise, pela amizade e parceria construídas dentro de fora da Polícia Científica. 
 
 
A todos que, de maneira geral, contribuíram para que este trabalho fosse 
realizado. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“Local de crime constitui um livro extremamente frágil e delicado, cujas páginas por 
terem a consistência da poeira, desfazem-se, não raro, ao simples toque de mãos 
imprudentes, inábeis ou negligentes, perdendo-se desse modo para sempre, os 
dados preciosos que ocultavam à espera da argucia dos peritos” 
(ESPÍNDULA, 2007, p. 3) 
 
 
 
 
 RESUMO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Apesar da imprecisão do momento em que nasce a perícia criminal, tem-se vários 
documentários e históricos que comprovam a necessidade desse trabalho, que vem 
ganhando força a cada dia, haja vista a necessidade de o Estado prestar contas ao 
seu povo. A história mostra que desde os primórdios da vida em sociedade, o bem 
maior a ser defendido é a vida, pois sem ela, não há que se falar em direito. Isto 
posto, vem como elemento essencial da justiça a perícia criminal, mesmo que 
distante do ideal em alguns países, inclusive o nosso, ainda sim responsável pela 
segurança da população e meio de serviço social, dando algo para que a população 
não se apavore diante do cenário da violência. Com o passar do tempo, a evolução 
dos crimes acompanhou adjunta à evolução humana, distanciando-se e muito da 
capacidade que o Estado possui para frear e combater os delitos. Ainda sim 
departamentos são criados para buscarem alcançar a harmonia entre todos, 
investimentos e estudos são postos em atas para parear e estabelecer a paz. A 
função do perito vem prevista nos códigos penal e processual penal, e este fato fez 
com que os Estados se organizassem e criassem um órgão tratando 
especificamente da polícia técnico-cientificamente, responsável pela elucidação de 
crimes a auxiliando o juiz em sua decisão. As atribuições dos profissionais forenses 
exigem um nível elevado de cultura, tornando a investidura no cargo policial 
complexa e concorrida. Contudo, as vicissitudes econômicas e políticas travam o 
sistema a ponto de não se conseguir sair do lugar. Eis o desafio que a unidade 
pericial tem, ainda mais se for interiorana, onde os repasses quase não chegam, 
fazendo uma equipe ser despejada de sua lotação. 
 
 
 
 
 
 
Palavras-chave: Homicídio. Local de Crime. Perícia Criminal. Perito. Polícia 
Científica, Medicina legal 
 
 
 
 
ABSTRACT 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Despite the vagueness of the moment he is born criminal expertise, it has several 
documentaries and stories that demonstrate the need for this work, which is gaining strength 
every day, given the need for the state accountable to its people. History shows that since 
the beginning of life in society, the greater good to be defended is life, for without it there is 
no need to talk about right. That said, is an essential element of justice to criminal expertise, 
even if far from ideal in some countries, including ours, yet so responsible for the security of 
the population and half of social service, giving something so that people do not panic before 
the scene of violence.Over time, the evolution of crimes accompanied adjunct to human 
evolution, distancing themselves and the ability of the state has to stop and combat crimes. 
Still departments are created to seek to achieve harmony among all, investments and studies 
are put in minutes to pair and establish peace. The expert function is provided for in the 
criminal code and criminal procedure, and this fact made the States to organize and create a 
body dealing specifically with the technical and scientific police, responsible for the 
elucidation of crimes to aiding the judge in his decision. The duties of legal professionals 
require a high level of culture, making the investiture in complex police office and busy. 
However, economic and political vicissitudes lock the system to the point of not being able to 
move. This is the challenge that the forensic units have even more if inland, where the 
transfers hardly arrive, even making a team to be evicted from her stocking. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Key words: Murder. Crime Scene. Criminal Expertise. Expert. Cientific Police. Legal 
Medicine. 
 
 
 
 
LISTA DE ILUSTRAÇÕES 
 
Figura 1 - Instituto Nacional de Pericia 
Figura 2 - Policia Cientifica do Estado de São Paulo 
Figura 3 - Perita no Local do crime com presença de curiosos 
Figura 4 - Local do crime preservado 
Figura 5 - Posição da vítima 
Figura 6 - Indicação de ferimentos 
Figura 7 - Percurso da vítima 
Figura 8 - Motocicleta envolvida em acidente 
Figura 9 - Corpo debaixo do veículo 
Figura 10 - Corpo debaixo do veículoFigura 11 - Ponto de impacto em acidente ferroviário 
Figura 12 - Cérebro em acidente ferroviário 
Figura 13 - Objetos encontrados no local 
Figura 14 - Arma de fogo - Revolver 
Figura 15 - Arma de fogo - Pistola 
Figura 16 - Modelo de laudo - título 
Figura 17 - Modelo de Laudo - Preâmbulo 
Figura 18 - Modelo de laudo – histórico da ocorrência 
Figura 19 - Modelo de laudo – exame do local 
Figura 20 - Modelo de Laudo: Perinecropsia 
Figura 21 - Modelo de laudo: Dinâmica do evento 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS 
 
ABC Associação Brasileira De Criminalística 
ABML Associação Brasileira de Medicina Legal 
APCF Associação Nacional De Peritos Criminais Federais 
CBC Companhia Brasileira de Cartuchos 
CECGP Centro de estudos constitucionais e de gestão pública 
CF Constituição Federal 
DF Distrito Federal 
CP Código Penal 
CPP Código De Processo Penal 
EPC Equipe de Pericia Criminalística 
GTA Guaratinguetá 
IC Instituto De Criminalística 
IGP Instituto Geral De Perícia 
IML Instituto Médico-Legal 
INC Instituto Nacional De Criminalística 
POP Procedimento Operacional Padrão 
SC Santa Catarina 
SP São Paulo 
SSP Secretaria de Segurança Pública 
SPTC Superintendência Da Policia Técnico-Cientifica 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
INTRODUÇÃO...........................................................................................................12 
 
1. PERÍCIA CRIMINAL E SUA ORIGEM.............................................................16 
1.1. DO CONCEITO E SURGIMENTO...................................................................16 
1.2. DA PERÍCIA CRIMINAL NO BRASIL...............................................................19 
1.2.1. Função da Perícia............................................................................................21 
1.2.2. Estrutura dos Órgãos de perícia no Brasil........................................................22 
1.3. DO PERITO......................................................................................................24 
1.3.1. Das atribuições do perito criminal....................................................................26 
 
2. FORMAS E MÉTODOS DE PERÍCIA NOS CRIMES DE HOMICÍDIOS.........28 
2.1. DOS EXAMES..................................................................................................28 
2.2. DO LOCAL DO HOMICIDIO.............................................................................31 
2.2.1. Do exame perinecroscópico.............................................................................35 
2.2.2. Dos vestígios e indícios....................................................................................38 
2.2.3. Dos meios utilizados nos crimes de homicídios...............................................40 
2.2.4. Veículos automotores e ferroviários.................................................................41 
2.2.5. Da necropsia....................................................................................................45 
2.3. ARMAS DE FOGO...........................................................................................47 
2.3.1. Dos exames......................................................................................................49 
2.4. DA RECONSTITUIÇÃO...................................................................................50 
 
3. LAUDOS PERICIAIS.......................................................................................52 
3.1. FUNÇÃO DO PARECER TÉCNICO................................................................52 
3.1.1. Elaboração dos laudos ...................................................................................54 
3.2 . LEGISLAÇÃO VIGENTE E OUTRAS DISPOSIÇÕES....................................57 
3.3. EFICIÊNCIA DOS LAUDOS E EXPECTATIVA PARA O FURUTO................58 
 
CONCLUSÃO.............................................................................................................60 
REFERÊNCIAS..........................................................................................................62 
 
 
 
12 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
A Constituição Federal de 1988 estabelece que a segurança pública em 
nosso país seja dever de Estado e será exercida pelas polícias. O artigo 144, IV, 
parágrafo terceiro, dita que “as policiais civis, dirigidas por delegados de polícia de 
carreira, incumbem, ressalvada a competência da União, as funções de polícia 
judiciária e a apuração de infrações penais, exceto as militares”. 
Com a evolução das tecnologias e da própria sociedade, as polícias 
investigativas buscam manter a eficiência e atender à população com órgãos cada 
vez mais especializados em determinados tipos de crime. Surge então a Polícia 
Técnico-Científica. Embora não citada no parágrafo anterior, por não ter previsão na 
Carta Magna, a Polícia Cientifica é hoje a grande responsável pelo setor de perícias 
criminais, tendo como função cooperar com as polícias civis e militares na 
elucidação de um delito, indicando em laudos técnicos a possível autoria de um 
criminoso, ratificando se as substâncias analisadas configuram crime, como a 
análise de entorpecente, dentre outros. Subordina-se à Secretaria de Segurança 
Pública de cada Estado e hoje tenta caminhar por suas próprias pernas. 
Esta monografia possui como título a “Pericia Nos Crimes De Homicídio De 
Acordo Com O Ordenamento Pátrio”. Tem-se como temática o seguinte problema: 
Quais os objetivos e mecanismos utilizados pela perícia criminal quando dos tipos 
de homicídios aqui no Brasil? 
Tem-se a hipótese de elucidar as formas e tipos de procedimentos realizados 
na efetivação da perícia; 
- Preservação do local para colheita de objetos e coisas que poderão produzir 
provas, servindo de embasamento para a livre decisão do magistrado quando da 
materialidade ou não do crime, além do prazo para confecção do laudo. 
- Avaliar sua relação processual desde a época de 1832, onde fora instituída o 
primeiro código de processo criminal no Brasil, além de outras legislações 
pertinentes ao assunto. 
Defende-se também a ideia de como se proceder em tipos sortidos de 
homicídio; métodos e técnicas a serem aplicadas de acordo com cada caso e o 
cuidado quando do homicídio envolvendo policiais. 
13 
 
 
No decorrer do trabalho tentaremos resolver e explicar como são feitas as 
perícias nos casos de homicídio, seja ele o culposo e o doloso, abrangendo os locais 
dos crimes, os indícios e vestígios deixados pelo executor do delito, bem como os 
objetos utilizados na prática do mesmo, sendo eles armas de fogo, armas brancas e 
objetos que, de alguma forma, tenham servido como instrumento do tipo qualificado 
no artigo 121 do Código Penal. 
Não se tem exatamente um período específico de quando surgiu a perícia 
criminal no Brasil, mas há alguns escritores, relatos, artigos e monografias que 
versam sobre o assunto, além da previsão no código de processo criminal de 1832, 
onde reinava por este país a monarquia, que tratam da função do perito. 
Partindo do ponto de vista doutrinário, a criminalística pode ser conceituada 
como um sistema que se dedica à aplicação da faculdade de observação e de 
conhecimento científico que nos levem a descobrir, defender, pesar e interpretar os 
indícios de um delito, de molde a sermos conduzidos à descoberta do criminoso, 
possibilitando à justiça a aplicação da justa pena (ESPINDULA, 2002, p. 22). 
No Brasil, a origem da criminalística é confundida com a medicina legal,partindo-se das universidades e tornando-se uma atividade policial (GOMES, 1944, 
p.77). De fato, o que acontece hoje é que as duas disciplinas fazem parte da 
Superintendência da Policia Técnico-Científica (SPTC), cada uma com suas 
atribuições específicas, onde o SPTC-IML cuida das lesões e causa-morte em 
humanos e o SPTC-IC trata de tudo que envolva o crime em geral. 
O perito criminal, principal responsável pela elucidação, ratificação de um 
crime ou ato delitivo, é a pessoa dotada de conhecimentos técnicos e específicos 
acerca de sua função. É um cargo público que necessita de concurso, e, após 
aprovação nas etapas, vai para a Academia de Polícia para um treinamento 
específico. 
O presente trabalho tem por objetivo conscientizar a todos interessados no 
tema, que a perícia em si, juntamente com o perito, não tem o mesmo perfil dos 
grandes seriados como CSI, CRIMINAL MIND, onde tudo acontece tão rapidamente, 
os trabalhos estão sempre em conexão entre os setores, os tipos de técnicas e 
matérias utilizados são os mais avançados, e o perito é praticamente um 
paranormal. Ao contrário, aqui, muitas vezes não se tem nem material para um 
14 
 
 
determinado tipo de perícia, bem como os poucos profissionais envolvidos no 
exercício forense. 
Buscar-se-á também demonstrar como são elaborados os laudos, seguindo 
critérios específicos e atendendo requisitos das autoridades. Deverá ele ser simples 
e preciso, sendo facilmente interpretado e assimilado, fornecendo informações 
técnicas. 
No tocante à perícia e laudos periciais, há também previsões legais acerca de 
como se proceder em locais, quem deve estar presente na área do crime, aquém 
deva se reportar e como elaborar o laudo. Não obstante, dispõe sobre os prazos a 
serem seguidos e outras responsabilidades de ordem legal. Há também o 
surgimento da resolução SSP 40/15, que trata do envolvimento de policiais em 
homicídios, dispondo sobre a quem deva ser contatado e quem serão as 
autoridades presentes na cena do crime. 
Por fim, buscaremos a real conexão entre as leis e normas vigentes acerca da 
perícia criminal, haja vista que inúmeras situações causam entraves na maneira de 
como se proceder a perícia nos crimes, em especial os homicídios. 
Neste trabalho foram utilizadas referências bibliográficas, pesquisas em sítios 
oficiais de perícia criminal, bem como pesquisa de campo e depoimentos de 
profissionais da área de atuação. 
Divido em 3 (três) capítulos, tratamos no primeiro a origem da perícia criminal 
e sua chegada no Brasil, a função desempenhada para a sociedade e também o 
papel do perito dentro do contexto judiciário, pois será ele o peso na consciência dos 
magistrados quando de suas livres convicções. No segundo capítulo ordenamos as 
formas e métodos utilizados nos diversos tipos de exame pericial, em se tratando de 
homicídios. Aqui falamos das ciências biológica, física e química, sem deixar de lado 
o aspecto jurídico do tema. E por fim, discutimos acerca dos laudos periciais, 
partindo desde sua elaboração, o alinhamento com as leis em vigor no país, 
passando pelas dificuldades encontradas pelos profissionais diante do cenário 
econômico, as estruturas e investimentos na área técnica da polícia judiciária, e as 
expectativas de crescimento junto às evoluções tecnológicas. 
O presente trabalho possui tripla relevância: Pessoal, por ser a área em que 
atuo diretamente, como membro da Policia Técnico-Científica do estado de São 
Paulo; Social, propondo uma análise mais técnica e conceitual acerca do tema, 
15 
 
 
levando informações que divergem da realidade exposta nos meios de 
comunicações, e no que toca ao sentido Científico, o de contribuir para futuras 
pesquisas, haja vista que poucos discorreram até hoje sobre este assunto, e servir 
para orientações legais, pertinentes às autoridades policiais que trabalham em 
conjunto para solucionar os tipos de delitos previstos em lei. 
Como metodologia, esta pesquisa tem caráter de documentação indireta 
bibliográfica, documental e experimental, já que foi desenvolvida a partir de fontes já 
elaboradas como: livros devidamente referenciados na bibliografia, legislações 
pertinentes, em páginas eletrônicas oficiais e pesquisa de campo. Será realizada a 
leitura crítica interpretativa e apelativa, levantamentos de dados quantitativos, 
qualificativos e relativos das obras pertinentes ao enfrentamento do tema e à 
comprovação das hipóteses. 
O material documentado, bem como, as respectivas análises serão 
organizadas em relatório de pesquisa componente do estudo monográfico que se 
pretende construir. 
Fundamentou-se este trabalho em CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988; 
CÓDIGO PENAL (Decreto-lei 2848/40); CÓDIGO DE PROCESSO PENAL (Decreto-
lei 3689/41); POP (MPF 2013); RESOLUÇÃO SSP 40/15 (MPSP/15), para as 
normas vigentes e procedimentos legais; ESPÍNDULA (2007,2009); TOCCHETO E 
ESPÍNDULA (2006,2009), para as técnicas e tipos de execução da atividade pericial; 
CODEÇO (1991); ORNELAS (2000) DÓREA (1995); IC-SPTC/SP; IC-SPTC/PR; 
IGP/SC, para evolução histórica do serviço perícia; BARBOSA (2007), para histórias 
envolvendo peritos empíricos; e FRANÇA (2008), CROCE E CROCE JUNIOR 
(1996), examinando a matéria de medicina legal. 
 
 
 
 
 
 
 
 
16 
 
 
1. PERÍCIA CRIMINAL E SUA ORIGEM 
 
Neste capítulo será abordado a origem da perícia criminal no contexto de 
justiça, a introdução da perícia no brasil, sua função e estrutura no país, além da 
figura dos peritos criminais e suas funções como aquele profissional que possui 
habilidades especiais para desvendar casos que encabulam a mente do homem 
médio. 
Tem-se como destaque o início das atividades periciais, sendo o modo 
empírico o pioneiro na busca pela verdade dos fatos. Muitas são as histórias dos 
homens com técnicas especiais para a resolução de um problema, dentre eles os 
que possuem o faro para desvendar a origem de um delito. 
Também, neste capítulo, foram utilizadas as obras de Codeço (1991) e Dórea 
(1995), que examinam a origem da criminalística; De Plácido e Silva (2003), 
dispondo acerca da origem do termo “perícia”; Ornelas (2000), discorrendo sobre a 
importância da prova pericial; Barbosa (2006), tratando de histórias envolvendo 
pessoas com habilidades especiais, atuando como perito de maneira empírica. 
 
1.1. DO CONCEITO E DO SURGIMENTO 
 
De acordo com o dicionário contemporâneo da língua Portuguesa- UNESP 
(2004, p. 1240), o termo perícia possui como sinônimos as palavras “sabedoria, 
prática, experiência, habilidade em alguma ciência ou arte”. 
De Plácido e Silva (2003, p.32) dispõe em seu livro que a palavra perícia, 
advém do latim peritia (habilidade, saber, destreza), e na linguagem jurídica, 
significa a diligência a ser realizada ou executada por peritos, a fim de que 
esclareçam ou se evidenciem determinados fatos. 
É medida que vem mostrar o fato, quando não haja meio de prova 
documental para tal, ou quando se quer esclarecer circunstâncias a respeito dele, 
mesmo que não se acham perfeitamente definidas. 
Englobam-se no termo perícia, os exames, as vistorias e as avaliações de um 
modo geral. E pelo fato de se haver necessidade de técnicas quando das 
diligências, necessita-se do técnico ou pessoas hábeis a examinar tal coisa, fato, 
etc. 
17 
 
 
Na esfera judicial, divide-se a perícia em duas partes, a cível e a criminal, 
onde a primeira trata dos conflitos judiciais na área patrimonial e/ou pecuniária. A 
segunda, objeto deste trabalho, trata da perícia criminal, responsável pelos exames 
em se tratando das infrações penais. 
Segundo o site oficial do Instituto de Criminalística do Estado doParaná 
(2015, P. 6), o termo “CRIMINALÍSTICA” aparece no meio do século passado com 
HANS GROSS, estudioso da disciplina jurídica. Foi juiz, promotor, além de lecionar a 
disciplina forense na Universidade de Graz em Praga, hoje pertencente à República 
Tcheca. Para ele, os métodos empregados nas investigações eram ineficientes, e 
que o magistrado deveria ter mais acesso a conteúdos que o ajudasse a decidir 
sobre determinado crime. Em seu conceito, a criminalística compreenderia não 
somente o estudo dos vestígios concretos, e materiais do crime – objeto da técnica 
policial – mas também o exame dos indícios abstratos, psicológicos do criminoso, na 
medida em que esta ciência pode ser distraída da psicologia geral, considerando 
que a investigação judiciária, para a descoberta do autor de um crime, utilizaria os 
primeiros e não poderia desprezar os outros. É o autor do primeiro manual de 
criminalística científica, “Die Kriminal Psychologie” (A Psicologia Criminal) – Manual 
para Juízes de Instrução. 
A criminalística é uma ciência aplicada que utiliza conceitos de outras ciências 
firmadas nos princípios da física, química, biologia, no bojo de métodos e normas 
específicas contidas nas legislações competentes ao assunto, principalmente o 
código de processo penal, resoluções e normas específicas. (BARBOSA, 2006, p. 
78). 
Em nossa concepção, seria o estudo de todas as causas que envolvam o 
delito, pois quando se trata de exames, as matérias se correlacionam. Tem-se, por 
exemplo, o perito da rua, apreendendo material que será levado ao laboratório de 
análises, bem como a avaliação do médico legista. Não obstante, corre em paralelo 
o estudo da criminologia, que busca entender o porquê das disfunções morais, 
genéticas e sociais dentro homem. O fato é que todos esses elementos tentam, de 
alguma maneira, prestar esclarecimentos à sociedade e diminuir a prática delituosa. 
 Alguns doutrinadores, como Codeço (1991, pg. 35) Dórea (2006, p. 21) e 
França (2008, p.06), dentre outros, dizem que a criminalística seria oriunda da 
medicina legal. Há quem diga que seria apenas uma confusão acerca do conceito, 
18 
 
 
pois a medicina legal trata tão somente de vestígios intrínsecos relativos ao crime, 
ou seja, nos humanos. 
A partir de 1908, em Lausanne, França, foi criado o primeiro Instituto de 
Polícia Científica. No decorrer do século, a criminalística foi sendo incorporada às 
forças policiais. Contudo, em estudos paralelos, encontramos relatos que, desde há 
muito, meados do século VI A.C., Daniel, profeta do antigo testamento, com astúcia 
e perícia, foi capaz de provar ao rei da babilônia, Ciro, que as oferendas prestadas 
ao ídolo Bel eram, na verdade, consumidas pelos sacerdotes e seus familiares. 
Daniel espalhou cinzas por todo o piso do templo, onde diariamente eram colocadas 
a as oferendas, e no dia seguinte, verificaram que, mesmo com a porta trancada, 
havia pegadas compatíveis com as dos sacerdotes e que as oferendas haviam sido 
consumidas. (INSTITUTO DE CRIMINALÍSTICA DO PARANÁ, 2015, p.2) 
Há também a história do princípio de Arquimedes, onde o rei Hierão de 
Siracusa mandou fazer uma coroa de ouro. Porém, quando a coroa foi entregue, 
ouviu boatos de que a mesma não era totalmente de ouro, mas sim fraudada pelo 
ourives. Para solucionar a dúvida, o rei pediu ao sábio Arquimedes que investigasse 
o fato. O sábio utilizou o princípio que se baseia no empuxo ou impulsão, colocando 
em uma bacia com água coroa. Verificou-se então que havia fraude, pois, o ouro 
não fazia imergir tanta água como a prata. (BARBOSA, 2006 pág. 141). 
Esses relatos esclarecem que, desde a antiguidade, já eram desenvolvidas 
técnicas e tipos de análises para solucionar delitos. Todavia, foi a partir do século 
XVI que se tem uma sistematização de dados, a formar um corpo de conhecimento 
estruturado. Inicia-se com os trabalhos de Ambroise Paré sobre ferimento por arma 
de fogo, datado de 1560, os quais foram seguidos por estudos de Paolo Zachias em 
1651, este último, sendo considerado o Pai da Medicina Legal (CODEÇO, 1991, p. 
100). 
 De acordo com Codeço (1991), a criminalística e pericia criminal é filha da 
medicina legal. 
 Cremos que, apesar de não conseguir distinguir com exatidão a precedência 
da medicina legal e relatar que esta é a mãe da criminalística, ousamos dizer que 
são espécies de estudos diferentes em conteúdo de forma e métodos utilizados, 
contudo, correlatas. 
 
19 
 
 
1.2. DA PERÍCIA CRIMINAL NO BRASIL 
 
Em nosso país, a origem da criminalística também tem intima relação com a 
medicina legal. Tem-se uma publicação nacional de medicina legal, ano de 1814, do 
autor Gonçalves Gomide, médico e Senador do Império: 
 
A enfermidade começou há anos, por dismenorragia proveniente da ação 
diminuída do sistema sanguíneo, de que se seguiram movimentos irritativos 
retrógrados do canal alimentar, como anorexia, vômitos, histéricos etc. 
Estes movimentos espasmódicos continuam quase sempre, porém com 
circunstâncias tão singulares e tão extraordinárias que merecem a maior 
atenção. 
I - A enferma não toma quase alimento, e nas sextas-feiras e sábados nada 
absolutamente. Segundo a ordem natural é impossível viver e conservar o 
vigor que apresenta e tacto fisionômico: deveria ter caído em tal debilidade, 
que extinguisse o princípio vital. 
[...] 
Desde a meia noite de quinta-feira a cada semana, há uns tempos para cá, 
todo o dia da semana, até a meia noite de sexta para sábado fica na 
postura de crucificada, assim se conserva com os músculos tão rijos e tão 
tensos, que ninguém pode tirar os membros da posição em que estão, nem 
apartar um pé que está como que encravado no outro; a cabeça inclinada 
ao lado esquerdo; um estado de insensibilidade, joelhos curvados, pulso 
natural e, de quando em quando, suspende-se a cabeça e braços, e pés 
simultaneamente; como aconteceu logo que a vimos comungar ontem, 
neste mesmo estado de insensibilidade. 
[...] 
Tudo o quanto fica referido atestamos unanimemente, e juramos aos Santos 
Evangelhos. 
Serra da Piedade, em dois de abril de mil oitocentos e catorze. 
Antonio Pedro de Sousa e Manuel Quintão da Silva. (CECGP, 2015, p.1) 
 
A partir de 1832, temos a concretização da perícia criminal em nosso país, e 
isso ocorreu com o Código de Processo Criminal, onde citava em seu quarto 
capítulo, nos artigos 134 e 135 a figura do perito, senão vejamos, in verbis: 
 
Art. 134. Formar-se-ha auto de corpo de delicto, quando este deixa vestigios 
que podem ser ocularmente examinados; não existindo porémvestigios, 
formar-se-ha o dito auto por duas testemunhas, que deponham da 
existencia do facto, e suas circumstancias. 
Art. 135. Este exame será feito por peritos, que tenham conhecimento do 
objecto, e na sua falta por pessoas de bom senso, nomeadas pelo Juiz de 
Paz, e por elle juramentadas, para examinarem e descreverem com 
verdade quanto observarem; e avaliarem o damno resultante do delicto; 
salvo qualquer juizo definitivo a este respeito. 
 
A perícia criminal, como já citada, era realizada desde há muito, bem como o 
perito, apesar de não possuir o título para tal. Mas somente em 1832 é que 
20 
 
 
conseguimos visualizar a função deste, razão pela qual é denominada o marco para 
criminalística brasileira. 
Em 1877, dá-se início em uma importante fase da medicina legal brasileira, 
com a entrada de Agostinho José de Souza Lima para a faculdade de medicina do 
Rio de Janeiro. Nesse contexto, está a criação do ensino prático de medicina legal, 
desenvolvendo a parte do laboratório; inauguração do primeiro curso prático de 
tanatologia forense no necrotério da polícia da capital federal, em 1881. Correndo-se 
os anos, surge a figura deRaimundo Nina Rodrigues, baiano, responsável pela 
evolução técnico-cientifica e dispondo sobre a identificação própria da medicina legal 
em nosso país. Ele considerava que os problemas médico-legais e de criminologia 
brasileira eram distintos da Europa, haja vista as condições físicas, psíquicas e 
sociais de nosso Estado eram totalmente diferentes. Em corrente favorável às 
descobertas de Nina Rodrigues, surgem Afrânio Peixoto, Oscar Freire, Flamínio 
Fávero, dentre outros. (França, 2008, p. 27). 
Nesse período, Oscar Freire consegue um acordo entre o governo da Bahia e 
a faculdade de medicina. Não demora muito Freire funda a Polícia Científica em 
Salvador. Posteriormente, Flamínio Fávero toma a frente e dirige o instituto por mais 
de 30 anos. (ABML, 2015, p.3) 
Em 1949 foi inaugurado um novo instituto médico-legal no Rio de Janeiro, o 
instituto Afrânio Peixoto, responsável por grandes avanços na área da perícia 
criminal em todo o país. Porém, as funções dos Médicos-Legistas e peritos ainda se 
confundiam, pois além dos exames intrínsecos (nas pessoas), os legistas também 
atuavam em locais de crimes, bem como na realização de análises em objetos e 
substancias. (ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS, 2015, p.2) 
Com o advento do Código de Processo Penal, Decreto-lei nº 3.689, de 03 de 
outubro de 1941, em vigor desde então, a perícia criminal é tratada como 
instrumento de suma importância nas investigações criminais, bem como 
responsável por gerar prova material acerca de um crime, indicando indícios de 
autoria, ratificando um ato delitivo, além de auxiliar o juiz em sua convicção. 
Posteriormente, surgiram várias legislações que cuidam dos setores de 
perícia, além de resoluções especificas sobre um determinado tipo de diligência, 
normas de procedimentos, pareceres e etc. 
 
21 
 
 
1.2.1. Função da perícia 
 
De acordo com Ornelas (2000, pg.76), aos Institutos de Criminalística, 
dirigidos por Peritos Criminais, compete a realização de exames periciais, pesquisas 
e experiências no campo da Criminalística (química forense, informática, 
engenharia, reconstituições, balística, documentoscopia, disparo de arma de fogo, 
armas brancas, objetos em geral, ambiental, fonética etc.), levantamentos 
topofotográficos e sinistros envolvendo patrimônio público. Têm por atribuição 
auxiliar a Justiça, fornecendo provas técnicas sobre locais, coisas, objetos, 
instrumentos e pessoas, para a instrução de processos criminais. 
A perícia tem a função de identificar e examinar os elementos da prova, para 
futuramente serem levados ao processo. A perícia criminal é materializada por 
intermédio do exame pericial, que pode acontecer, tanto no período do inquérito 
policial, quanto na fase processual penal, mas para que isso aconteça, é necessário 
a figura do perito criminal, dotado de habilidades e competência para exercer a 
atividade forense. É ele quem ratificará ou não se, o objeto da análise constitui ato 
delitivo. 
Como vimos, em Ornelas (2000, pg. 131) ”a função primordial da prova 
pericial é a de transformar os fatos relativos à lide, de natureza técnica ou científica, 
em verdade formal, em certeza jurídica”. 
O Código de Processo Penal estabelece as normas acerca da realização de 
perícia, os prazos nele contidos, sob pena de serem nulas as provas utilizadas no 
curso do inquérito policial, bem como nas fases processuais. Assim vejamos 
referidos artigos, in verbis: 
 
Art. 158. Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame 
de corpo de delito, direto ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do 
acusado. 
Art.160. Os peritos elaborarão o laudo pericial, onde descreverão 
minuciosamente o que examinarem, e responderão aos quesitos 
formulados. 
Parágrafo único. O laudo pericial será elaborado no prazo máximo de 10 
dias, podendo este prazo ser prorrogado, em casos excepcionais, a 
requerimento dos peritos. 
[...] 
Art. 564. A nulidade ocorrerá nos seguintes casos: 
III - por falta das fórmulas ou dos termos seguintes: 
b) o exame do corpo de delito nos crimes que deixam vestígios, ressalvado 
o disposto no Art. 167; 
 
22 
 
 
A prova pericial será aderida ao processo penal, ainda que levantada no 
inquérito policial, não havendo a necessidade repetição do exame pericial durante o 
processo penal, quando houver sido realizado no inquérito policial inquisitivo, salvo 
em algumas exceções, onde é realizada segunda perícia. Não obstante, há a 
previsão no artigo 181 do CPP que dispõe, in verbis: 
 
Art.181. No caso de observância de formalidades, ou no caso de omissões, 
obscuridades ou contradições, a autoridade judiciaria mandara suprir a 
formalidade, complementar ou esclarecer o laudo. 
Parágrafo único. A autoridade poderá também ordenar que se proceda a 
novo exame, por outros peritos, se julgar conveniente. 
 
Porém, muitos trabalhos executados pelos peritos, seus auxiliares, bem como 
as policias envolvidos em um crime, são desprezados pelas autoridades, haja vista 
que inúmeros são os arquivamentos dos casos sem ao menos gerarem inquérito, 
seja pelo lapso temporal, seja por não conseguir encontrar as partes, seja porque 
não há indícios do delito ou porque uma das partes não acionou à justiça, em se 
tratando de queixa ou representação. 
 
1.2.2. Estrutura dos órgãos de perícia no Brasil 
 
As estruturas administrativas da perícia nacional seguem conforme às esferas 
de competência e jurisdição, sendo divididas então em federal e estadual. 
Segundo o site da associação nacional de peritos criminais federais - APCF 
(ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE PERITOS CRIMINAIS FEDERAIS, 2012, p.1), o 
Instituto de Criminalística foi instalado em Brasília no ano de 1960, juntamente com 
a mudança da capital. O IC (Instituto de Criminalística) fazia parte do DFSP 
(Departamento Federal de Segurança Pública), localizado no Rio de Janeiro e com 
âmbito regional. Em 1960, com a transferência da capital, a DRPB (Departamento 
Regional de Polícia de Brasília) foi extinta e substituída pela DFSP, que passou a, 
oficialmente, ter âmbito nacional. O então IC transformou-se em INC (Instituto 
Nacional de Criminalística). 
Abaixo, segue ilustração do Instituto Nacional de Criminalística, órgão máximo 
da Polícia Científica quando de competência Federal, atualmente situada em 
Brasília, Distrito Federal. 
 Vejamos: 
23 
 
 
 
Figura 1 – Mostra o Instituto Nacional de Criminalística. Fonte: APCF (2015, p.1) 
 
No estado de são Paulo, conforme o site oficial da Superintendência da 
Policia Cientifica (SPTC/SP, 2015), em dezembro de 1924 foi criado o primeiro 
Instituto de Criminalística (IC), também chamado de Polícia Técnica, sob a lei 2034, 
tendo a denominação de Delegacia de Técnica Policial. Transpassados dois anos, 
passou a ser chamada de Laboratório de Polícia Técnica. Em 1951 foi transformado 
em Instituto de Polícia Técnica, passando a ter seções especializadas. 
Pela Lei n. 6.290, de 21 de dezembro de 1988, o IC passou a ser chamado de 
“Instituto de criminalística Dr. Eduardo de Brito Alvarenga. ” Com a criação da 
Superintendência Da Polícia Técnico-Científica (SPTC). Em 1998, o Instituto de 
Criminalística (IC) tornou-se um dos dois órgãos subordinados à SPTC, ao lado do 
Instituto Médico Legal (IML). 
 
 
Figura 2 – Logotipo da Polícia Científica do Estado de São Paulo. Fonte SPTC/SP (2015, p.1) 
24 
 
 
Não se restringindo somente ao DF e SP, em cada unidade da Federação 
existem os institutos de criminalística e os institutos médico-legais. As sedes destes 
órgãos são nas capitais, havendo nas principais regiões, divisões, núcleo ou setores 
de criminalística e medicina legal, com o intuito de atender aosmunicípios vizinhos, 
geralmente interior de cada estado. (ESPINDULA, 2007, pg. 74) 
 De acordo com a Superintendência da Policia Técnico-Cientifica do estado 
de São Paulo (2015, p.5), na região do Vale do Paraíba, há o Núcleo de Perícia 
Criminal, instalado no município de São José dos Campos, haja vista que é 
considerada a metrópole do Vale do Paraíba. Quanto aos setores, os munícipios de 
Guaratinguetá e Cruzeiro são responsáveis por mais 15 municípios que as 
envolvem. São eles: Roseira, Potim, Aparecida, Cunha, Cachoeira Paulista, Lorena, 
Canas e Piquete (EPC- Guaratinguetá) e Silveiras, São Jose do barreiro, Areias, 
Lavrinhas, Queluz e Bananal (EPC- Cruzeiro). 
Uma importante observação a se fazer é que, em se tratando de alguns tipos 
de pericias, nossos setores não possuem equipamentos hábeis e eficazes, ficando a 
cargo do Núcleo (SJC) a realização dos procedimentos técnicos, pois este tem uma 
estrutura mais ampla e comporta diversas atribuições competentes à sua função. Os 
tipos de solicitações mais comuns enviadas ao núcleo são os exames de 
grafotecnia, documentoscopia, análise em gravações em mídias, confronto balístico 
e materiais que necessitem de laboratórios específicos como a biologia e física. 
 
1.3. DO PERITO 
 
Como já visto, a figura do perito surge com o início da criminalística, mesmo 
sem haver conceito para tal função ou alguma previsão. Tem-se Hans Gross como o 
primeiro perito, propriamente dito no período entre 1890 a 1915, ano de sua morte. 
Não obstante, há vários relatos, como já citados anteriormente, de que outras 
pessoas tenham exercido o papel de perito em algum tipo de situação. Embora não 
seja descrita a figura do perito criminal, tem-se a previsão no capítulo II do Código 
de Processo Penal, onde fala sobre as perícias, senão vejamos, in verbis: 
 
Art. 158. Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame 
de corpo de delito, direto ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do 
acusado. 
Art. 159. O exame de corpo de delito e outras perícias serão realizados por 
perito oficial, portador de diploma de curso superior. 
25 
 
 
O mesmo artigo também trata do perito não oficial, ou seja, aquele que não 
pertence à polícia-cientifica, mas quem tem a função de auxiliar nas investigações, 
elaborando laudos, e emitindo pareceres técnicos, in verbis: 
 
§ 1o Na falta de perito oficial, o exame será realizado por 2 (duas) pessoas 
idôneas, portadoras de diploma de curso superior preferencialmente na área 
específica, dentre as que tiverem habilitação técnica relacionada com a 
natureza do exame. 
§ 2o Os peritos não oficiais prestarão o compromisso de bem e fielmente 
desempenhar o encargo. 
 
Hodiernamente, o perito criminal é dotado de habilidades técnicas, além de 
possuir curso superior (exigência para o cargo) e fazer parte de um seleto grupo de 
policiais-científicos. Para ingressar no cargo, é necessário prestar concurso público, 
e ao concluir todas as etapas eliminatórias, entrará para a Academia de Polícia, 
sendo treinado e capacitado para os tipos de exercícios competentes à sua função. 
Em 17 de setembro de 2009 foi sancionada a lei nº 12.030, estabelecendo 
normas gerais para as perícias oficiais de natureza criminal. Em seu primeiro artigo, 
trata da função do perito criminal, fazendo com que seja efetivado na legislação 
pátria o exercício da atividade forense. No segundo, é assegurada autonomia 
técnica, científica e funcional, exigido concurso público, com formação acadêmica 
específica, para o provimento do cargo de perito oficial. 
Mister se faz esclarecer que o perito não é nenhum ser paranormal, sendo 
capaz de desvendar os crimes somente com sua habilidade investigativa, nem 
apontar o autor do delito com objetos constados no local do crime. 
Ao contrário do que se vê nos seriados de investigação criminal, CSI, 
CRIMINAL MIND, dentre outros do gênero, o perito trabalha com elementos que 
podem servir de prova material, depois de uma análise minuciosa, formando ele um 
parecer, seja positivo ou negativo acerca da coisa ou objeto. Essa ratificação ou não 
acerca do fato delitivo servirá de instrumento comprobatório para as autoridades 
darem seguimento em suas investigações, bem como auxiliará o juiz a decidir, em 
se tratando de decisão e sentença. 
Cabe lembrar que o juiz não ficará adstrito ao laudo, podendo aceitá-lo ou 
rejeitá-lo, no todo ou em parte (Código de Processo Penal, art.182). Contudo, a 
atividade pericial exercida pelo profissional competente auxilia e muito na elucidação 
de um caso. 
 
26 
 
 
1.3.1. Das atribuições do perito criminal 
 
Como profissional dotado de habilidades intelectuais e técnicas capazes de 
satisfazer o interesse judiciário, o perito criminal, quando da investidura no cargo, 
deve utilizar seus conhecimentos, também, para as suas diversas atribuições, estas 
que por sinal não são poucas. 
 No dizer de Espíndula (2007, p. 37): 
 
O perito criminal é um “profissional concursado, a serviço do estado onde 
atua, analisando locais e materiais oriundos de crimes e contravenções 
penais tipificadas em nosso ordenamento jurídico; auxiliando na busca pela 
realidade dos fatos e autoria do delito. ” 
 
De acordo com os últimos editais da Policia Federal e da Polícia Civil do 
estado de São Paulo, ambos do ano de 2013, os peritos tem como principal função 
as seguintes atribuições: Supervisionar, coordenar, controlar, orientar e executar 
perícias criminais em geral; Planejar, dirigir e coordenar as atividades científicas; 
Fornecer elementos esclarecedores para a instrução de inquéritos policiais e 
processos criminais; Promover o trabalho especializado de investigação e pesquisa 
policial; Executar atividades técnico-científicas de nível superior de análises e 
pesquisas na área forense; Proceder a levantamentos topográficos e fotográficos e a 
exames periciais, laboratoriais, odonto-legais, químico-legais e microbalísticos; 
Emitir parecer sobre trabalhos criminalísticos; Produzir laudos periciais; Elaborar 
estudos estatísticos dos crimes em relação à criminalística; Praticar atos necessários 
aos procedimentos das perícias policiais criminais; Executar as atividades de 
identificação humana, relevantes para os procedimentos pré-processuais judiciais; 
Desempenhar atividades periciais relacionadas às atribuições legalmente 
reservadas às classes profissionais a que pertencem; Portar e manusear armas de 
fogo, bem como executar outras tarefas que lhe forem atribuídas; Realizar exames 
periciais em locais de infração penal; Efetuar exames em locais de incêndio, 
desabamentos, explosões, sabotagem e terrorismo; Realizar exames em 
instrumentos utilizados, ou presumivelmente utilizados, na prática de infrações 
penais, proceder pesquisas de interesse do serviço; Coletar dados e informações 
necessárias à complementação dos exames periciais, dentre outros. 
Importante ressaltar que as atividades desenvolvidas pelos profissionais 
forenses são condicionadas a cada estado e tipos de unidades, pois em se tratando 
27 
 
 
de regiões, estruturas, funções, algumas funções serão efetuadas por oficiais 
administrativos, servidores públicos que exercem atividades burocráticas, 
administrativas, e, não raro, atuam como verdadeiros peritos. (SPTC/SP,2015 p.2) 
Por fim, a função do perito é buscar a verdade através de suas análises e 
pesquisas, sem a prerrogativa de suspeitar, nem dispor sobre o que pensa sobre o 
assunto, haja vista que ratifica ou não a materialidade do delito. Deve tentar 
desvendá-los utilizando todos os tipos de técnicas e métodos disponíveis.28 
 
 
2. FORMAS E MÉTODOS DE PERICIA UTILIZADOS EM HOMICÍDIOS 
 
O presente capítulo abordará as formas e métodos utilizados pelos peritos 
quando do homicídio, dispondo sobre os locais do crime, os meios utilizados para a 
prática do mesmo, bem como os objetos que podem servir de provado delito, 
partindo desde as armas de fogo, armas brancas e objetos que possam servir de 
instrumento na conduta delitiva. Contudo, o objetivo da perícia criminal, de uma 
forma geral, apenas ratifica ou não a prática delitiva, deixando a responsabilidade de 
pesar ao acusado, se sua conduta foi dolosa ou não, seja para os advogados, 
promotores e magistrados. 
Ainda, neste capítulo, destaca-se o objetivo de inserir o leitor na esfera da 
perícia criminal em se tratando de homicídios, abordando o seu conceito, formas e 
métodos a serem utilizados pelo profissional quando do seu exercício laboral. 
Foram utilizadas como pesquisas, as obras de Croce e Croce Júnior (2003), 
para conceitualizar o crime de homicídio; Tocccheto e Espíndula (2009), sobre tipos 
de perícias e procedimentos específicos em determinados campos; Espíndula 
(2007), tratando de vestígios em locais de crime; Dórea (2011), para apreensão em 
objetos em locais de crime; IC/SC (2011), para exames em arma de fogo; Código de 
Processo Penal (Decreto-Lei 3689/1941), quando da previsão legal do local de 
homicídio e exame de corpo de delito; Resolução SSP 40/15, que trata da 
preservação de local quando do envolvimento de policiais em crimes de homicídio; 
Código Penal (Decreto-Lei 2848/1940), quando da figuras tipificadas no artigo 121; e 
Pacto de San José da Costa Rica (1969), quando desobriga o acusado a produzir 
provas contra si; e Mirabete (2002), para dispor sobre a reconstituição delitiva; e 
Capez (2003), para o exercício da reconstituição do crime. 
 
2.1. DOS EXAMES 
 
Quando se fala em exames, tratamos de tudo o que possa ser objeto de 
perícia, seja no local demonstrado no subitem acima, sejam os objetos relacionados 
com as atividades criminosas, como também na própria vítima. Não menos 
importante são os vestígios e indícios encontrados pelo perito na cena do homicídio, 
cabendo ao nobre expert considera-los ou não. 
29 
 
 
 Quando feito pelo perito do local, chama-se Perinecropsia. E, em se tratando 
de Necropsia, este será feito pelo médico legista. Ambos terão tópicos especiais 
neste capítulo. 
No conceito dos doutrinadores Croce e Croce Junior (2003, p.327), “Homicídio 
é a morte voluntária ou involuntária de alguém realizada por outrem”. Todavia, 
quando falamos em homicídio, estamos dispondo sobre o homicídio em sentido lato, 
abrangendo tanto o tipo doloso, quando há intenção de produzir o resultado, 
assumindo o risco, quanto o culposo, quando não há a intenção de produzir o 
resultando, não assumindo a responsabilidade. Esse tipo de crime está previsto no 
artigo 121 do código penal. 
 Geralmente, essa conclusão se dá nas reconstituições, onde são 
reproduzidas a maneira como foi efetuado o crime, as condições climáticas, o lugar 
e objeto do delito, bem como as testemunhas oculares. Porém, essa modalidade de 
perícia não constitui regra, haja vista que ninguém é obrigado a produzir prova 
contra si mesmo. (Art. 5ºCF, LXIII; Art. 8º, §2º, alínea g do Pacto De San José Da 
Costa Rica - 1969). É também uma das formas de perícias a ser tratada neste 
capítulo. 
Na visão de Tocccheto e Espíndula (2009, p. 13), na área de crimes contra a 
vida, existe apenas um tipo de perícia, que é a perícia de local. Para eles, há um 
subtipo, que pertence ao local, sendo eles, por exemplo, locais de tentativas de 
homicídio, encontro de cadáver, suicídio e etc. 
Os objetos encontrados na cena do homicídio, logo que os peritos findarem 
suas diligências, serão recolhidos pelos policiais, que após a solicitação do delegado 
atuante no caso, serão enviados para o IC com intuito de auxiliarem na busca pela 
verdade do fato. Tudo o que for de importância para investigação será recolhido e 
enviado ao Instituto de Criminalística (IC). Não que seja regra o perito que fez o local 
do crime seja quem faça os exames em laboratório, mas é de conveniência que se 
faça, pois ele está a par do assunto em questão, o que poderá ajudar na elaboração 
do laudo. 
Em se tratando de vestígios ou indícios, estes serão levados ao laboratório de 
análises químicas e/ou biológicas, onde será avaliado o DNA dos envolvidos no 
crime, bem como o uso do luminol, responsável por revelar manchas de sangue. 
30 
 
 
Já no que tange à (s) vítima (s), quando do local de homicídio ou morte 
suspeita, haverá o exame perinecroscópico. De acordo com o artigo 164 do CPP, 
nele serão registradas todas as lesões encontradas na vítima, além das fotografias 
no exato local de onde encontrado o corpo. Posteriormente esta (s) será (ão) levada 
(s) ao IML, para uma análise mais profunda, quando da necessidade de se constatar 
a causa-mortis. 
Aparentemente, é menos trabalhoso falar da pessoa do que tratar de vários 
objetos apreendidos na cena do crime. Contudo, há vários tipos de lesões, cabendo 
ao médico classificá-las de acordo com cada tipo de instrumento utilizado na prática 
do crime. 
Para Tocchetto e Espíndula (2009) alguns procedimentos devem ser tidos 
como regra, pois levarão, de um modo ou de outro, a uma completa visão do local 
atendido, bem como trará lembranças de como se começou a análise do lugar. 
Abaixo, citamos alguns dos procedimentos e serem executados pelos 
profissionais, segundo o nobre autor: 
 
A. Procedimento anterior ao exame: Anotação do endereço e fato; 
Preparação do material rotineiramente utilizado no exame; Reconhecimento 
do tipo de solicitação (natureza do exame); Anotação do horário de 
solicitação de exame; 
[...] 
B. Exame preliminar da cena do crime: Entrevista com o primeiro policial do 
local do fato, visando à tomada de informações relativas ao histórico; 
Escolha do tipo de padrão a ser utilizado na busca de vestígios (em linha, 
em grade, em espiral, quadrantes, etc; Formulação dos objetivos dos 
exames (o que é para ser encontrado); 
[...] 
C. Fotografias da cena do crime: Ilustrar as reais condições de isolamento 
do local, no momento exato da chegada da equipe pericial, sobretudo 
quando se percebe o descumprimento das regras para o isolamento de 
locais e preservação das evidencias e a inadequabilidade do perímetro 
utilizado. (TOCCCHETO E ESPÍNDULA, 2009, p.14) 
 
Contudo, mesmo seguindo as orientações contidas em doutrinas e 
experiências com colegas do campo, o perito deve elaborar seu próprio roteiro, 
ajustando as orientações já expostas, juntamente com suas convicções, o que lhe 
trará mais confiabilidade na atividade executada, mormente àqueles que acreditam 
em intuição e sensibilidade, sem deixar de lado, obviamente, sua técnica e astúcia. 
Não podemos desconsiderar que há pessoas com habilidades especiais, 
como sensibilidade e outras singularidades, o que pode ser usado como auxilio extra 
em sua investigação e possível conclusão. 
31 
 
 
2.2. DO LOCAL DO HOMCÍDIO 
 
O exercício pericial de local homicídio é imprescindível para apuração do 
crime, onde o perito acionado deverá identificar a vítima, o local e tipo do ferimento, 
se foi de arma de fogo ou arma branca, instrumentos utilizados como tal, ou locais 
onde houve morte oriunda de acidente de trânsito ou linha férrea. 
O dicionário UNESP (DO PORTUGUÊS COMPEMPORÃNEO,2004, p.721), 
diz que Homicídio é a ação de matar alguém, um termo que deriva do latim 
“Homicidium”, referindo-se à morte de um ser humano causada por outrem. O 
código penal pátrio, em seu artigo 121 tipifica o homicídio em 3 (três) figuras, sendoa primeira o “homicídio simples”, a segunda “homicídio qualificado” e a terceira, o 
“homicídio culposo”. Esse tipo de classificação altera substancialmente o crime, que 
embora seja o mesmo, difere e muito quando da aplicação da pena e suas 
progressões caso condenação. 
Trata-se de um crime de origem universal, onde desde os primórdios as 
penalidades para esse tipo de delito são as mais severas. Tanto a Constituição 
Federal de 1988, bem como a de Portugal, inserem a proteção do Direito à vida 
como um dos seus direitos e garantias. 
O sujeito ativo desse tipo de crime será sempre uma pessoa física, pois é a 
única capaz de levar outra a óbito. A legislação pátria não concebe em suas normas 
que uma pessoa jurídica, haja vista a impossibilidade de esta ferir fisicamente 
alguém. 
Espíndula (2007, p. 3) expõe a definição do local de crime: 
 
Local de crime constitui um livro extremamente frágil e delicado, cujas 
páginas por terem a consistência da poeira, desfazem-se, não raro, ao 
simples toque de mãos imprudentes, inábeis ou negligentes, perdendo-se 
desse modo para sempre, os dados preciosos que ocultavam à espera da 
argucia dos peritos. 
 
O Código Penal, em seu artigo sexto, in verbis: 
 
Art. 6º considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou 
omissão, no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria 
produzir-se o resultado. 
 
Mister se faz a preservação do local para que se tenha uma melhor análise 
quando dos vestígios e indícios da autoria do crime, como objetos deixados nas 
32 
 
 
imediações, digitais para comparação genética, solados de calçados dentre outros. 
A previsão legal está no artigo sexto e no cento e sessenta e nove do Código de 
Processo Penal, vejamos, in verbis: 
Art. 6º “Logo que tiver conhecimento da pratica da infração penal, a 
autoridade policial deverá: 
I- Dirigir-se ao local, providenciando para que não se alterem o estrado e 
conservação das coisas, até a chegada dos peritos criminais. 
 
O artigo 169 da lei supra, in verbis: 
 
Art.169. “Para efeito de exame de local onde houver sido praticada a 
infração, a autoridade providenciara imediatamente para que não se altere o 
estado das coisas até a chegada dos peritos, que poderão instruir seus 
laudos com fotografias, desenhos ou esquema elucidativos” 
 
O isolamento do local é a primeira providência a ser tomada, e é 
responsabilidade dos policiais e peritos. Hoje também com a presença do promotor, 
quando há homicídios envolvendo policiais, seja no polo ativo, como no passivo, 
conforme a Resolução SSP 40/15, que devem saber da importância da preservação 
do local, sob pena de os exames serem inexatos, além da infração penal prevista no 
Código Penal, imposta àquele que infringir seu dispositivo, in verbis: 
 
Art. 166 – alterar, sem licença de autoridade competente, o aspecto de local 
especialmente protegido por lei Pena- detenção de um mês a um ano e 
multa. 
 
Há uma divisão na região do fato, tratando-se do local imediato e mediato, 
onde o primeiro é onde está o cadáver e a maioria dos vestígios observados em 
uma primeira visualização. O segundo é a área ao redor do local imediato, onde 
passam haver vestígios ou indícios de que houve naquela região o crime. 
Por muitas vezes, o local do crime abrange não somente as autoridades, mas 
também curiosos acerca do acontecido, familiares da (s) vitima (s), e talvez, o 
próprio autor do fato, razão pela qual os peritos e policiais que estão envolvidos, 
devam estar devidamente aparados com equipamentos que salvem-guardem suas 
integridades físicas, além de preparo para as diversas condições do local. 
A seguir, tem-se ilustração de como pode ser perigoso ao perito executar sua 
atividade quando se tem curiosos perto da cena do suposto crime, haja vista que 
não se sabe quem são e o que estão pretendendo no local. Ali pode estar escondido 
33 
 
 
o próprio autor, bem como envolvidos com a intenção de causar desatenção ao 
perito e policiais envolvidos. Vejamos: 
 
Figura 3 – Mostra a Perita no local do crime com presença de vários curiosos. Fonte: IC/GTA (2015) 
 
Para este tipo de exame é necessário que o profissional responsável tenha o 
cuidado de relatar todos os dados referente a situação atual do local, inclusive 
relatando em seu laudo quaisquer alterações que possam influenciar em sua 
conclusão. Deve ainda relatar quanto ao desalinho ou não do ambiente e vestes da 
vítima, configurando-se agressões físicas efetivadas por seu agressor. 
(ESPÍNDULA, 2007, p.13) 
E para haver esse tipo de constatação, surge a figura do Fotógrafo Pericial, 
responsável por registrar através de sua lente, todo o tipo de indicio, vestígio que o 
perito indicar. Este por sua vez, imprescindível no local do crime, haja vista que está 
presente em nosso CPP. É um cargo público, sendo intitulado como policial técnico-
científico, por fazer parte da estrutura da polícia científica. 
Os artigos 164 e 165 do código de processo penal dispõem, in verbis: 
 
34 
 
 
Art.164-Os cadáveres serão sempre fotografados na posição em que forem 
encontrados, bem como, na medida do possível, todas as lesões externas e 
vestígios deixados no local. 
Art.165- Para representar as lesões encontradas no cadáver, os peritos, 
quando possível, juntarão ao laudo do exame provas fotográficas, 
esquemas ou desenhos, devidamente rubricados. 
 
Não somente fotógrafo, mas também motorista, que acompanha o perito nas 
atividades, o profissional técnico responsável pela fotografação da vítima, local e 
objetos que tenham relação com crime, possui carreira policial investida através de 
concurso público e complementa a equipe pericial. Nota-se que seria impossível um 
trabalho completo exercido somente por um profissional, haja vista que uma 
fotografia permanece inalterada nos dias de hoje, auxiliando e muito o perito na 
elaboração do laudo. 
Garcia fala que a fotografia é o mais perfeito dos processos de levantamento 
de local de crime, por tratar-se de uma “reconstituição permanente da ocorrência, 
que ira permitir sempre que necessário, consultas sobre o fato” (GARCIA, 2002, 
p.326). 
Em se tratando de homicídio envolvendo policiais, seja no polo ativo quanto 
no passivo, no dia 24 de maço de 2015, inseriu-se no âmbito das normas legais a 
resolução SSP 40/15, orientando como devem ser tomadas algumas providências 
quanto ao local do crime, a quem deva se portar e solicitar presença. Segue um 
trecho da norma citada: 
 
Artigo 1º – O procedimento previsto na presente resolução será adotado nas 
seguintes hipóteses: 
I – Homicídio consumado de policiais civis, militares, integrantes da Polícia 
Técnico-científica, agentes penitenciários, guardas civis municipais e 
agentes da Fundação CASA, no exercício da função ou em decorrência 
dela; 
II – Morte decorrente de intervenção policial estando ou não o agente em 
serviço. 
[...] 
Artigo 3º. O Ministério Público será imediatamente comunicado das 
ocorrências, para que, se entender cabível, determine o comparecimento de 
um Promotor de Justiça ao local dos fatos. 
 
O perito e o fotógrafo terminam seus trabalhos no local do crime de homicídio 
quando se exaurirem todas as possibilidades de exames, momento em que ele 
autorizará à Autoridade Policial a remover a interdição do sítio do delito. A 
autoridade Policial, entretanto, poderá optar por manter o local isolado, quando a 
interdição se mostrar imprescindível para os trabalhos preliminares de investigação. 
35 
 
 
Os objetos taxados como importantes para elucidação do crime, também serão 
recolhidos pelos policiais, que após a solicitação do delegado, serão enviados ao 
instituto de criminalística, e posteriormente,analisados. 
 A fim de instrução, em 2013, o Ministério da Justiça lançou no programa 
Brasil mais Seguro, o Procedimento Operacional Padrão (POP), um estudo técnico 
que trata de todos os procedimentos que envolvam a perícia, onde inserimos neste 
capítulo, especificamente nos procedimentos em locais de crime de homicídio, 
armas de fogo e necropsia. 
Este manual de procedimentos elaborados pelo Ministério da Justiça tem o 
fito de harmonizar e tentar se chegar a um padrão de serviço, onde haja integração 
entre os profissionais da área, bem com servir de material de estudo para os cursos 
de formação de peritos criminais nas academias de polícia do país. 
 
2.2.1. Do exame perinecroscópico 
 
Talvez a principal atividade do perito, em se tratando de crime de homicídio, 
seja o exame realizado na vítima, denominado exame perinecroscópico. Este 
representa o exame efetuado pelo Perito na superfície corporal da vítima, que visa 
identificar o número e localização das lesões produzidas na mesma, pelos 
instrumentos que podem ser utilizados. 
Tem a finalidade de correlacionar a tudo quanto for material de exame 
recolhido no local. 
Ele procura no corpo da vítima lesões que indiquem sua possível causa de 
falecimento, bem como identificar se ali foi o local exato de sua morte, ou somente 
se foi deixado pelos autores. Durante os exames perinecroscópicos podem ser 
estudados os seguintes elementos: 
 Tipos de ferimentos: escoriações, fraturas, luxações, equimoses, contusões, 
perfurações, incisões, hematomas, etc; 
 Número de ferimentos: a determinação do número de ferimentos 
apresentados pela vítima, fornecerá ao Perito a possibilidade de verificar o número 
de golpes sofridos pela mesma, ou, em se tratando de arma de fogo, o número de 
disparos efetivados. É preciso considerar, para essa determinação, quando se 
tratam de feridas transfixantes, os casos em que o projétil após sua saída, volta a 
36 
 
 
penetrar no corpo da vítima, podendo um só disparo produzir, ao mesmo tempo, até 
quatro ferimentos (entrada-saída-entrada-saída); 
 Localização dos ferimentos: a designação pormenorizada da região do corpo 
onde foram encontrados os ferimentos vai fornecer ao Perito a possibilidade da 
determinação da posição do agente em relação à vítima. Assim poderia estar o 
agente localizado pela frente, pelas costas ou em outras posições, o que dependerá, 
evidentemente, da localização da lesão. Há também de se considerar, para essa 
análise, a distinção entre os ferimentos de entrada e saída 
 
De acordo com Tocccheto e Espíndula, o exame do cadáver a ser feito no 
local. Vejamos alguns procedimentos a serem executados pelo expert: 
 
Análise visual do cadáver, sem movimentá-lo; Descrição da posição em que 
o corpo foi encontrado (previsão legal no art. 164 do CPP); Descrição da 
vítima, incluindo sexo, cor, fase cronológica (criança, jovem,[.....]); 
Identificação de possíveis sinais de luta; Verificação de evidencias 
diretamente no corpo, tais como manchas de sangue, resíduos originados 
por disparo de arma de fogo, agressor etc.; Avaliação detalhada das mãos 
para constatar ou não a presença de resíduos de disparo (exame 
residuográfico);Observação e anotações de sinais característicos capazes 
de individualizar a pessoa, como tatuagens, as quais devem ser 
fotografadas, especialmente quando a vítima não é bem diagnosticada 
(também se identificam hoje, que algumas tatuagens pertencem a facções 
criminosas ( TOCCHETO E ESPÍNDULA, 2009, p. 17 e 18) 
 
No entanto, há situações em que não há possibilidade de identificar a pessoa 
dependendo do tipo de lesão que lhe foi atacada, restando recorrer ao auxílio de 
documentos que possam estar presentes como carteira de identidade, carteira 
nacional de habilitação, dentre outros. 
Na mesma esteira, orienta-se também examinar as vestes, conforme 
Tocchetto e Espíndula (2007, p. 18), como a descrição da disposição geral; Análise 
de todas as vestes (inclusive roupas íntimas, calçados, etc.); Identificação de 
orifícios, rasgamentos, descosturados, identificação da natureza das manchas e 
descrição da sua morfologia, dentre outros. 
Dispomos de algumas figuras para exemplificação quando do perito no local 
do crime: 
37 
 
 
 
Figura 4 – Mostra o local preservado com a presença do corpo da vítima, bem como as marcas 
de projétil perfurando o portão e projétil encontrado na cena do crime. Fonte: IC/GTA (2015) 
 
Figura 5 – Mostra o cadáver na posição em que foi encontrada; identifica o sexo da vítima, bem 
como os ferimentos. Fonte: IC/GTA (2015) 
38 
 
 
 
Figura 6 – Mostra identificação de tatuagem e ferimentos do tipo punctório, produzido por 
projétil de arma de fogo. Fonte: IC/GTA (2015) 
 
Importante dizer que, em se tratando de homicídio envolvendo acidente de 
trânsito, dependendo de como encontrar o corpo da (s) vítima (s), o somente o 
exame externo será suficiente, conforme previsto no art. 162, parágrafo único, CPP) 
 
2.2.2. Dos vestígios e indícios 
 
 O Código de processo penal, em seu artigo 239 dispõe que “considera-se 
indício a circunstância conhecida e provada, que tendo relação com o fato, autorize, 
por indução, concluir-se a existência de outra ou outras circunstancias”. 
Vestígio, de acordo com dicionário Aurélio (“Do Português Contemporâneo”, 
2004), em sua página 1426 (um mil quatrocentos e vinte e seis), significa sinal ou 
marca que tenha relação com a ocorrência criminal. Daí a importante missão que o 
perito tem em tentar encontrar esses dois elementos na cena do crime, pois nem 
sempre contará o corpo da vítima para fazer o exame perinecroscópico. 
39 
 
 
Quando do local do crime em casos de homicídio, mesmo com a presença do 
cadáver, mister se faz a busca por indícios e vestígios que auxiliem o perito, e 
principalmente a polícia judiciária, pois com as análises feitas pelos laboratórios de 
perícia criminal, poder-se-á, talvez, chegar ao autor do delito. São os casos de 
encontro de projéteis e outros objetos que possam ser utilizados de maneira eficaz 
na prática do delito. 
Muito comuns são os vestígios de sangue nos locais de crimes de homicídios, 
pois como relata em seu livro, Espíndula (2007, pág. 25), “ a morte nesses casos, 
geralmente não é instantânea, onde a vítima, mesmo ferida, pode deslocar-se 
desordenadamente pela cena, repousando em local distinto de onde se deram os 
ferimentos”. 
Tão importante quanto o exame realizado no corpo da vítima, a identificação 
de indícios e vestígios gera expectativa para o possível desvendamento do caso, 
bem como auxilia na busca pelo autor do ato criminoso. Muito se vê autoridades 
policiais relatando que através dessas pistas, conseguiram lograr êxito em concluir a 
investigação e identificando o executor do crime. Não obstante, necessário se faz 
para dar respostas a quem de direito, e concretizar o trabalho árduo da equipe 
policial, tão necessário a população. 
 
 
Figura 7 – Mostra o caminho que a vítima percorreu até sua queda ao solo. Fonte: IC/GTA (2015) 
40 
 
 
2.2.3. Dos meios utilizados nos crimes de homicídios 
 
Quando se fala em crime de homicídio, a primeira coisa que se pensa é a 
maneira pela qual a vítima fora atacada, se foi sob o emprego da arma de fogo, 
armas brancas, luta corporal, veículos automotores, linhas férreas, enforcamento, 
sufocamento, asfixia e outras situações onde possam lhe causar o óbito. 
De acordo com Croce e Croce Júnior (2003. p.174 a 302), as formas que 
podem ser empregadas nos crimes de homicídio são: energia de ordens mecânica; 
física; química; bioquímica e biodinâmica. 
 Em se tratando da origem mecânica, conforme Croce e Croce Júnior(2003, 
p.174), são instrumentos mecânicos “aqueles atuam sobre o corpo e que modificam 
parcial ou completamente o seu estado de repouso ou de movimento”. 
Quanto à classificação dos instrumentos mecânicos, estes se dividem em 
cortantes, contundentes, cortocontundentes, perfurantes e Pérfurocortantes e 
Pérfurocontundentes. Vejamos, conforme Croce e Coce Júnior (2003): 
 
CORTANTE: Age por meio de gume afiado. Exemplo: faca, bisturi, navalha, 
lamina, etc. Produzem lesões no pescoço chamadas argorjamento, 
degolamento e decapitação. 
CONTUNDENTE: Causam contusão, podem ser por meios mecânicos e 
químicos. Possui muita pressão. Exemplo: explosão, atropelamento, 
objetos que causem contusões, socos, chutes, etc. 
CORTOCONTUNDENTE: São aqueles que atingem a pele, cortando e 
contundindo músculos e tecidos, órgãos e ossos. Exemplo: foice, facão, 
motosserra, rodas de trem. 
PERFURANTES E PÉRFUROCORTANTES: Agem por percussão e 
pressão ao mesmo tempo. Produzem lesões em forma de pontos na pele. 
Exemplo: Baioneta, faca. 
PÉRFUROCONTUNDENTES: É o caso típico do projétil de arma de fogo. 
Também produzem ferimentos com aspecto de pontos na pele de vítima. 
Exemplo: Projétil de arma de fogo, baioneta, estilete, prego. (CROCE E 
CROCE JÚNIOR, 2003, p.174) 
 
 Quando os meios empregados forem através de elementos físicos, o mais 
comum é a temperatura. Os casos de homicídios mais comuns nessa modalidade, 
são quando da queimadura, onde as lesões resultam de um alto grau de calor onde 
o corpo humano não suporta. Já na origem química, os mais comuns são os casos 
de envenenamento. Agora, quando dispomos sobre os elementos físico-químicos, 
os mais comuns são os casos de asfixia, estrangulamento e sufocamento. 
41 
 
 
 Partindo para os elementos de bioquímica, trata-se de elementos essenciais 
que o corpo humano precisa para se manter em perfeito funcionamento. Temo um 
exemplo deste tipo, quando deixamos de alimentar alguém, razão pela qual ela 
falece de inanição. Mais comum nas regiões africanas. Migrando para a ordem 
biodinâmica, o mais comum é o caso de choque, ocasião em que será tratado no 
subitem a seguir. 
 
2.2.4. Veículos automotores e ferroviários 
 
Há também local de homicídio envolvendo veículos automotores, além 
daqueles em vias férreas, os chamados acidentes de trânsito com vítima fatal e 
acidente ferroviário com vítima fatal. 
No que se refere à presença dos Peritos em locais de Acidente de Trânsito 
com vítima fatal, de acordo com Tocccheto e Espíndula (2007, p. 39), é relevante o 
estudo cuidadoso em toda estrutura externa do veículo a ser periciado, verificando 
inicialmente a existência ou não de possíveis pontos de impactos, sejam eles por 
perfuração de projéteis, inclusive nos exames das lesões existentes no corpo da 
vítima, sejam por colisão, abalroamento ou choque. 
Não menos comum, é o caso envolvendo motocicletas, onde, por vezes, 
motoqueiros, para desviarem de diversos obstáculos, como animais atravessando a 
pista, objetos alheios e até mesmo pessoas, acabam sofrendo queda, e fatalmente, 
veículos de grande e médio porte passam por cima, causando enorme estrago sem 
seus corpos. 
As figuras abaixo ilustram os locais com os veículos e corpos das vítimas, 
vejamos: 
 
Figura 8 – Mostra o estado da motocicleta. Fonte: IC/GTA (2015) 
42 
 
 
 
 
Figura 9 – Mostra o corpo embaixo da carreta. Fonte: IC/GTA (2015) 
 
Figura 10 – Mostra o corpo debaixo do veículo. Fonte: IC/GTA (2015) 
43 
 
 
Esse tipo de local, chamado de local de morte violenta, não raro acontece, 
todavia, ainda causa choque aos profissionais atuantes, uma vez que se deparam 
com a figura semelhante à tua aos pedaços. Ossos do ofício 
Agora, no que tange à linha férrea, conforme Espíndula (2007, p. 42), resta ao 
perito somente proceder de acordo com a lei, pois não há o que se fazer, a não ser 
que o maquinista, sabendo que atropelou alguém, pare o trem a esperar até a 
chegada das autoridades para explanar o ocorrido. 
 
Figura 11 – Mostra o possivel ponto de impacto entre a locomotiva e a vítima. Fonte: IC/GTA (2015) 
 
 
Figura 12 - Mostra a cérebro da vítima, onde possivelmente ocorreu o atropelamento. Fonte: IC/GTA 
(2015) 
44 
 
 
 
Figura 13 - Mostra objetos pertencentes à vítima. Nota-se que esta tomava sortidos tipos de 
medicamentos e que podem ajudar a elucidar o acidente. Fonte: IC/GTA /2015) 
 
Após os procedimentos iniciais, passa-se ao levantamento do local, fazendo o 
croqui e anotando todas as medidas necessárias, indicando as localizações de 
veículos, vítima, sistema de frenagens, iluminação, condições dos pneus, as 
sinalizações verticais e horizontais, além de especificar o tipo de pavimentação da 
via, as condições climáticas antes e no momento dos exames, etc. 
Segundo Garcia (2002), uma perícia completa de levantamento de local 
necessita especificamente de fases a saber: 
 
Isolamento, observações previas ou exame do local, fotografia, desenho ou 
croqui, coleta e embalagem de evidencias, transporte de evidencias, exame 
das evidencias em laboratório, avaliação e interpretação, redação e laudo. 
(GARCIA, 2002, p.324) 
 
Como já mencionado, o nobre doutor, além de utilizar toda sua astúcia, 
habilidade, técnica e feeling para se tentar chegar a um entendimento, deve contar 
com a colaboração de seu auxiliar, seja ele o fotógrafo pericial, bem como das 
disponibilidades laboratoriais e outros suportes que possam lhe contribuir para a 
solução do caso. 
45 
 
 
2.2.5. Da necropsia 
 
Seu conceito parte do exame minucioso feito no corpo de uma pessoa morta, 
buscando encontrar o momento e a causa de sua morte. É um exame feito pelo 
médico-legista, na parte interna do cadáver. O artigo 162 do CPP dispõe sobre o 
assunto, in verbis: 
 
Art.162. A autopsia será feita pelo menos seis horas depois do óbito, salvo 
se os peritos, pela evidencia dos sinais de morte, julgarem que possa ser 
feita antes daquele prazo, o que declararão no auto. 
 
Sua função é fundamentar em laudo pericial, as causas que motivaram a 
morte da vítima e, quando possível, estabelecer sua causa jurídica, a identificação 
do morto, o tempo de morte e algo mais que possa contribuir no interesse de 
esclarecer algo em favor da justiça. Seu objetivo é determinar a causa da morte, a 
sua data, o instrumento ou meio que a provocou. Contudo, quando falamos em 
mortes violentas, o art. 162, parágrafo único do CPP, senão vejamos, in verbis: 
 
Parágrafo único. Nos casos de morte violenta, bastara o simples exame 
externo do cadáver, quando não houver infração penal que apurar, ou 
quando as lesões externas permitirem precisar a causa da morte e não 
houver necessidade de exame interno para a verificação de alguma 
circunstância relevante. 
 
É de bastante aceitação o exame realizado pelo perito no local do crime de 
homicídio, ficando o médico-legista isento de elaborar seu laudo, como contido no 
parágrafo único do artigo 162 do CPP. Porém, às vezes acabam por acontecer 
situações inusitadas, como por exemplo, um caso verídico, onde a vítima, ao ser 
analisada no local de sua morte, deu-se a entender que a razão do óbito seria 
oriunda de uma transfixação de objetos perfurantes, mas, ao ser encaminhada para 
o IML, constatou-se que a causa-mortis, na verdade, advinha de uma lesão causada 
por disparo de arma de fogo, onde o projétil atingiu artéria femoral, causando-lhe o 
perecimento. 
A constatação do homicídio é decorrente da ação de mecanismos externos 
(agentes vulnerantes) que atingem o indivíduo, produzindo a sua morte, e ela que 
tem interesse médico-legal. Conforme Manual de Medicina Legal (Croce e Croce 
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