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Monitoramento e Avaliação em Serviço Social Unid III

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Unidade III
Unidade III
7 DESAFIOS DO MONITORAMENTO E DA AVALIAÇÃO
Uma vida sem desafios não vale a pena ser vivida. 
(Sócrates)
Para adentrarmos as discussões acerca dos desafios do monitoramento e da avaliação, faz-se 
necessária a abordagem do planejamento social. Para o assistente social, na sua lida cotidiana nos espaços 
sócio-ocupacionais, apreender o planejamento social como elemento essencial se faz absolutamente 
necessário. 
Planejar deve constituir-se de atividade presente no trabalho do profissional de Serviço Social, 
inclusive amparado pela Lei de Regulamentação da Profissão nº 8.662/1993, a qual define com precisão 
as atribuições e competências do profissional de Serviço Social, trazendo vários direcionamentos às 
ações de gestão, administração, implementação e avaliação de políticas sociais por meio de planos, 
programas ou projetos em que haja especificidade da matéria.
Conforme poderá ver a seguir, a Lei 8.662/1993 requisita que os profissionais possam apropriar-se 
de suas especificidades e dar materialidade às ações cotidianas da intervenção aos diversos espaços 
sócio-ocupacionais.
Cabe acrescentar a necessidade de a categoria profissional, mais que se apropriar dos 
conteúdos de que trata a referida lei, materializá-la à luz da realidade vivida, questão que sempre 
pode permear a ação profissional. Na dúvida ou na dificuldade de conduzir um trabalho na área 
de Serviço Social, um bom caminho é que o assistente social possa retomar o que a nossa Lei de 
Regulamentação nos coloca como possibilidades, ou, de forma direta, o que constitui a atribuição 
e competência profissional. 
Sabemos, pois, que muitas vezes não é fácil dar o efetivo encaminhamento às ações de forma breve 
e imediata, mas isso se explica pela dificuldade que ainda temos, na categoria profissional inserida 
numa sociedade de classes, de nos desvincularmos das formas conservadoras de definição do Serviço 
Social como profissão. Ainda encontramos essa definição fortemente vinculada às ações caritativas e 
filantrópicas, ou seja, “a assistente social como a mocinha boazinha que o governo paga para ter dó dos 
pobres” (ESTEVÃO, 2006, p. 7).Ora, é preciso quebrar esse paradigma. É preciso que a sociedade entenda 
o que efetivamente o assistente social tem como competência, e um bom caminho é evocá-lo como 
profissional que se coloca na linha de frente, em defesa do direito do cidadão. O caminho para que esse 
processo se estabeleça é a publicização, sobretudo, por meio de ações efetivas, do seu trabalho, de suas 
atribuições e de sua competência. 
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MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO EM SERVIÇO SOCIAL
Para Iamamoto (1988),
[...] o Serviço Social é um trabalho especializado, expresso sob a forma de serviços, 
que tem produtos: interfere na reprodução material da força de trabalho e no 
processo de reprodução sociopolítica ou ideopolítica dos indivíduos sociais. 
O assistente social é, nesse sentido, um intelectual que contribui, junto com 
inúmeros protagonistas, na criação de consensos na sociedade. Falar em consenso 
diz respeito não apenas à adesão ao instituído: é consenso em torno de interesses 
de classes fundamentais, sejam dominantes ou subalternas, contribuindo no 
reforço da hegemonia vigente ou criação de uma contra-hegemonia no cenário 
da vida social (IAMAMOTO, 1988, p. 69)
 Saiba mais
Para aprofundar seus conhecimentos, leia:
IAMAMOTO. M. V. Serviço Social na contemporaneidade: trabalho e 
formação profissional. São Paulo: Cortez, 1988.
Um elemento essencial a ser destacado é a profissão colocada como mecanismo de 
enfrentamento das desigualdades estabelecidas, não deixando de ser reconhecida como aquela 
que trabalha em benefício do ser humano, estando este inserido em qualquer classe social. Ou seja, 
o Serviço Social é uma profissão que trabalha com pessoas, e não com pobres, conforme visões 
distorcidas, embora reconheçamos que o usufruto do direito pelo cidadão que vive à margem da 
sociedade, sobretudo, a partir da perspectiva econômica, constitui-se em desafio constante.
A partir desse cenário, as ações de planejamento social se fazem cada vez mais essenciais, inclusive 
para a materialização do direito do cidadão. Nessa linha, o controle social deve estar sempre presente 
na sociedade e no panorama da ação profissional, pois, de forma direta, fomentará e oportunizará a 
condição do cidadão em ter acesso às políticas públicas, bem como o seu usufruto.
Cabe aos gestores um olhar apurado em torno dos encaminhamentos que visem à participação do 
cidadão, afinal, a figura do gestor deve ser entendida como um mecanismo de efetivação, garantia e 
defesa do direito em sociedade. Ao gestor, como representante do público ou do terceiro setor, não 
cabem atitudes arbitrárias e destituídas de liberdade e equidade, mas sim o papel de “ouvidor” e, nesse 
sentido, de empreendedor das ações que possam trazer, de forma direta, melhor condição de vida em 
sociedade. Não se trata de se deixar abater pelos limites, mas de empreender ações em nível de gestão 
que possibilitem os elementos ora destacados.
São deveres do assistente social nas suas relações com os usuários (CFESS, 1993):
a)contribuir para a viabilização da participação efetiva da população usuária 
nas decisões institucionais;
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b) garantir a plena informação e discussão sobre as possibilidade e 
consequências das situações apresentada, respeitando democraticamente 
as decisões dos usuários, mesmo que sejam contrárias aos valores e às 
crenças individuais dos profissionais [...];
c) democratizar as informações e o acesso aos programas disponíveis no 
espaço institucional, como um dos mecanismos indispensáveis à participação 
dos usuários;
d) devolver as informações colhidas nos estudos e pesquisas aos usuários, 
no sentido de que estes possam usá-los para o fortalecimento dos seus 
interesses; 
e) informar à população usuária sobre a utilização de materiais de registro 
audiovisual e pesquisas a elas referentes e a formas de sistematização de 
dados obtidos; 
f) fornecer à população usuária, quando solicitado, informações 
concernentes ao trabalho desenvolvido pelo Serviço Social e as suas 
conclusões, resguardado o sigilo profissional;
g) contribuir para a criação de mecanismos que venham desburocratizar 
a relação com os usuários, no sentido de agilizar e melhorar os serviços 
prestados;
h) esclarecer aos usuários, ao iniciar o trabalho, sobre os objetivos e a 
amplitude de sua atuação profissional (CFESS, 1993, p. 29-30).
 Observação
O gestor deve estar atento, cotidianamente, aos movimentos da 
realidade que são plenos de reivindicação. Assim, as ações de planejamento 
social devem ocupar-se de fazer a leitura crítica da realidade e, logo, do 
controle social. 
O planejamento social deve ser entendido como um elemento que contribui para a efetivação do 
controle social. É um movimento que fomenta a ação que constrói novos cenários e, por consequência, 
o surgimento e a edificação de novos projetos societários.
Algo a ser destacado no processo de controle social é a importância da circulação de informações, 
dos instrumentos que devem ser criados para a implementação das ações de publicização das metas e 
resultados, materializados nas diversas dimensões dos espaços de vida dos sujeitos sociais. A sociedade 
deve construir seu protagonismo.
Conforme Mendonça, Kauchakje e Garcias (2012):101
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[...] os meios de informação e de comunicação estão sendo revolucionados 
e abrem perspectivas impressionantes para a racionalização das atividades 
econômicas e sociais. As mais diversas instituições, como IBGE, Seade, Ipea, 
os ministérios, os hospitais, as empresas, as organizações da sociedade civil, 
todos produzem rios de informação. Temos as tecnologias e a informação de 
base, mas não se formaram ferramentas de conhecimento organizado para 
a ação cidadã. Entre compêndios de estatísticas e o dilúvio de informações 
fragmentadas na mídia, continuamos essencialmente confusos. Trata-se de 
identificar instrumentos concretos de informação para a cidadania, a ser 
sistematizada segundo as necessidades de participação dos diversos atores 
sociais (MENDONÇA; KAUCHAKJE; GARCIAS, 2012, p. 9).
Um exemplo interessante de como obter informações das mobilizações é acessar canais de TV, 
sites e links que possam oportunizar conhecimento acerca de programas e projetos bem-sucedidos 
em diversas comunidades. Uma dica é assistir aos programas de canais educativos e comunitários, 
uma vez que estes têm, em sua filosofia constitutiva, previsões de oferta de programas educativos 
e de conscientização. São programas destinados a propiciar informações, conteúdos e orientações 
que devem se materializar no cotidiano do telespectador de forma que contribuam para sua 
formação cidadã. Em muitas situações, tais programas são colocados como de responsabilidade 
social, cumprindo, inclusive, regulamentações específicas dessa ordem.
Exemplo de Aplicação
Assista a alguns programas em canais educativos e comunitários e reflita sobre seu conteúdo, 
estabelecendo relação com a profissão de assistente social.
 Saiba mais
Há uma regulamentação específica acerca da responsabilidade 
social das empresas de telecomunicação, sobretudo no que se refere às 
instituições que têm em sua filosofia de criação o princípio da utilidade 
pública, o sentido educativo, enfim, que têm como objetivo central de 
criação o princípio público.
Conheça mais em: 
SALES, F. A. Responsabilidade social das empresas de telecomunicação 
em face do meio ambiente cultural: o problema da televisão no 
Brasil. Jus Navigandi, Teresina, jul. 2012. Disponível em: <http://jus.
com.br/artigos/22148/responsabilidade-social-das-empresas-de-
telecomunicacao-em-face-do-meio-ambiente-cultural-o-problema-da-
televisao-no-brasil>. Acesso em: 14 out. 2013. 
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Embora tenham liberdade de expressão, as emissoras de TV deveriam dar preferência aos 
programas de caráter educativo, promovendo a cultura e respeitando os valores éticos e sociais.
A televisão me deixou burro, muito burro demais,
Agora todas as coisas que eu penso me parecem iguais.
(Titãs – Televisão,1985, 3min40s).
 Saiba mais
Como você poderá verificar, há várias possibilidades de acesso, 
como o caso da TV Brasil, que oferta uma série de programas regulares 
mostrando exemplos de ações de mobilização, projetos implantados 
e seus caminhos e percursos. Propostas dessa natureza nos trazem 
elementos para enriquecimento das ações de monitoramento e, logo, 
de controle social. 
Ações que visem implementar a mobilização do cidadão paras as causas sociais podem melhorar 
as condições de vida em sociedade. Sabemos dos desafios que se estabelecem nas ações cotidianas 
e remontam à dificuldade de organização, contudo a apropriação de instrumentos nos mostra a 
possibilidade de construir uma sociedade melhor, ampla de condições de vida dignas e em que o cidadão 
é respeitado e tem garantido o seu direito.
Nessa medida, observamos a importância de conhecimento para a apropriação e, por conseguinte, 
de usufruto de direitos. Vários podem ser os mecanismos de busca e empoderamento do cidadão, e, de 
forma direta, está presente a necessidade de o assistente social estar capacitado para fomentar esses 
mecanismos. 
No meio virtual há vários cursos oferecidos por instituições de formação que promovem 
conhecimentos e capacitação para a apreensão de conteúdos que desenvolvem a consciência 
crítica do cidadão e, assim, a aquisição de elementos que oportunizam o movimento da participação 
consciente e efetiva. É preciso utilizar as ferramentas virtuais, como cursos de especialização, 
capacitação, aprimoramento e aperfeiçoamento, em diversas áreas do conhecimento, que têm 
conteúdos pertinentes a vários segmentos da vida social, referências para apropriação de elementos 
que permitirão a participação consciente e oportuna nos diversos espaços de interlocução das 
políticas públicas.
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MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO EM SERVIÇO SOCIAL
 Saiba mais
Alguns exemplos e referências a serem acessados para apropriação de 
conhecimentos:
<https://ead.ufsc.br/>. 
<http://www.unifesp.br/index.php?pag=ead.php>.
<http://www5.usp.br/tag/ead/>.
<http://www.unicamp.br/EA/>.
Como é possível perceber, as ações de monitoramento e avaliação contidas no processo de controle 
social dependem sobremaneira da participação do cidadão nas ações empreendidas, sejam elas promovidas 
pelo Estado, pelo setor privado ou pela iniciativa da sociedade civil, por meio das Organizações Não 
Governamentais (ONGs). De qualquer forma, estar atento aos mecanismos de acompanhamento é o que 
irá garantir a efetividade e a eficácia dessas ações.
Conforme destacado anteriormente, muitos são os desafios a serem vencidos no que se refere 
ao controle social, sobretudo, no que se refere diretamente às ações, mas cabe aos profissionais 
comprometidos com a construção de uma sociedade melhor empreender esforços, técnicas e táticas 
para que esta seja efetiva no cotidiano. 
Trata-se de um processo. Contudo, há de se registrar a importância de investimentos, tanto dos 
profissionais quanto das instituições responsáveis e representativas do cidadão, para que o processo 
cresça na direção de uma sociedade melhor, equitativa e democrática.
Destacamos aqui a importância da construção de espaços convidativos de participação cidadã. 
Trata-se de empreender ações que possam ser acessíveis à comunidade de forma geral, desde aqueles 
que têm acesso a metodologias interativas, como ao espaço virtual, espaços públicos de grande vulto, 
até aqueles que ainda constituem segmentos excluídos do espaço virtual e de outros considerados de 
participação popular. 
Logo, o Serviço Social deve traçar caminhos no sentido de empreender ações que se coadunem com 
o fomento à participação. Essa é também uma demanda específica da profissão, ou seja, empreender 
mecanismos que oportunizem a participação popular, uma vez que esta fomentará o surgimento de 
novas propostas e, assim, de ações renovadas.
Conforme Iamamoto (1988): 
Uma das condições do exercício democrático, como já dizia Gramsci, é 
captar os reais interesses e necessidades das classes subalternas, sentir com 
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ela suas paixões para que possa efetuar a crítica do senso comum e da 
herança intelectual acumulada – papel da “filosofia da práxis”. Segundo 
Ernesto Cardeal, é este o papel do intelectual: “desenvolver claramente às 
massas o que delas recebeu confusamente”. Supõe conhecimento crítico do 
universo cultural das classes subalternas, contribuindo para aultrapassagem 
de seus elementos opacos, que vedam o descortinar dos horizontes coletivos 
(IAMAMOTO, (1988, p. 77). 
Assim, como profissionais, temos uma formação que nos capacita para essa trajetória. Conforme 
Abreu (2011) acrescenta:
A mobilização e a educação popular constituíram eixos centrais nas propostas 
pedagógicas que respaldaram os avanços e a consolidação do projeto ético-político 
profissional nos anos 1980, pautado na perspectiva da emancipação da classe 
trabalhadora – base da emancipação de toda a humanidade –, que passa pelas conquistas 
democráticas no campo dos direitos sociais. São relevantes as experiências acadêmicas 
respaldadas metodologicamente na pesquisa-ação junto a processos organizativos e de 
luta da classe trabalhadora, e em articulação ao redirecionamento político do trabalho 
profissional em espaços socioinstitucionais tradicionais, principalmente nos campos da 
educação, da habitação e da saúde. Destaca-se também a participação de assistentes 
sociais mediada pelas entidades de representação e organização política da categoria, 
como o Conselho Federal de Serviço Social (CFESS) e os Conselhos Regionais de Serviço 
Social (Cress), a Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço Social (ABEPSS) e 
dos estudantes através da Executiva Nacional de Estudantes de Serviço Social (Enesso), 
em grandes mobilizações políticas, seja em torno da própria organização e questões 
específicas da profissão, seja em relação a questões mais amplas no âmbito da luta social, 
como as direcionadas para a elaboração das emendas populares no processo constituinte 
que culmina com a promulgação da Constituição Federal de 1988, em que demandas 
da classe trabalhadora foram incorporadas sob a forma de direitos. Particularmente em 
relação à assistência, a categoria dos(as) assistentes sociais se sobressai pelo aporte 
intelectual e articulação política desde o movimento constituinte, e depois na elaboração 
e implementação da Lei Orgânica da Assistência Social/1993 (Loas) e do Sistema Único 
de Assistência Social/2005 (Suas), envolvendo os processos específicos no movimento 
constituinte em relação às questões da criança, do adolescente e do idoso, e a elaboração 
e implementação do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), e do Estatuto do Idoso; 
essas e outras conquistas requisitam luta cotidiana na contracorrente neoliberal com 
vista à sua implementação e ampliação. 
Fonte: Abreu (2011, p. 230-1).
Assim, vemos o quanto a profissão tem a contribuir nos processos de planejamento social. A categoria 
profissional tem, na sua construção histórica, profundas relações com os sentidos de mobilização e 
participação. Nessa medida, oportunizar condições e instrumentos para que o processo se efetive à luz 
da vida concreta é um desafio. 
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MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO EM SERVIÇO SOCIAL
 Observação
O acesso à informação também é determinante para as ações de 
monitoramento e avaliação, logo, de controle social. 
As informações agregadas pelas ações de participação compõem um constructo de conhecimento 
capaz de fazer a sociedade agregar-se em torno de objetivos comuns. Não raro, podemos observar que 
pequenas ações de participação ganham vulto e se consubstanciam em grandes ações de mobilização 
capazes de modificar realidades. Esta é também função do público: construir espaços de participação 
que sejam de fácil acesso aos cidadãos que se consubstanciarão em mecanismos de construção de uma 
nova ordem societária.
Especificamente destacando o caso do Serviço Social e a realidade brasileira, Netto (2009), ao abordar 
a questão dos projetos societários na atualidade, coloca de forma clara e objetiva um panorama que 
implica diretamente uma proposta de sociedade cujos resultados ainda dependem de ações propositivas 
e de muitos embates e lutas para a garantia do direito do cidadão no Brasil. Contudo, na medida em que 
no Brasil tornam-se visíveis e sensíveis os resultados do projeto societário inspirado no neoliberalismo – 
privatização do Estado, desnacionalização da economia, desemprego, desproteção social, concentração 
exponencial da riqueza etc. –, nesta mesma medida, fica claro que o projeto ético-político do Serviço 
Social tem futuro, porque aponta precisamente para o combate (ético, teórico, ideológico, político 
e prático social) ao neoliberalismo, de modo que preserve e atualize os valores que, como projeto 
profissional, o informam e o tornam solidário ao perfil de sociedade que interessa à maior parte da 
população.
À sociedade devem ser empreendidas ações que possibilitem o protagonismo dos sujeitos sociais, e, 
nesse sentido, o Serviço Social tem importante papel. Ao tomar consciência de sua força, a sociedade 
passa a se organizar de forma que empreenda, cada vez mais, ações que se constituam em monitoramento 
e avaliação de ações políticas e programas públicos.
Organizada, a sociedade fortalece sua capacidade de controle das políticas públicas, inclusive definindo 
suas demandas e prioridades e, assim, empreendendo ações que contribuam para a construção de novos 
referenciais acerca das políticas púbicas a serem usufruídas pelo cidadão. Nessa medida, destaca-se o 
acompanhamento das políticas públicas, desde a origem das proposituras, seus objetivos, público-alvo, 
intercorrências, imprevistos até, e sobretudo, os frutos dos resultados.
Esse é o caminho do monitoramento e da avaliação das políticas públicas. 
Acessar as informações das políticas públicas e as ações decorrentes destas é o caminho que 
poderá se consubstanciar em novas ordens societárias e, de forma direta, em uma sociedade melhor. 
Propiciar mecanismos que frutifiquem em ações de vida melhor deve ser o objetivo central da gestão 
pública. Esse percurso será, invariavelmente, o do desenvolvimento da cidadania e do gozo do 
direito social do cidadão. O controle social como mecanismo de confirmação do direito do cidadão 
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é a construção de ambientes democráticos, de participação, de promoção e construção de locus de 
expressão da cidadania e, logo, da democracia.
Com o lema “País rico é país sem pobreza”, o governo Dilma Rousseff está organizado em quatro 
grandes fóruns temáticos que estruturam sua administração. São eles:
• desenvolvimento econômico;
• gestão, infraestrutura e PAC;
• desenvolvimento social e erradicação da miséria;
• direitos e cidadania.
O Fórum Direitos e Cidadania [...] é a instância que promove a articulação 
política e gerencial, no âmbito do governo federal, das prioridades para a 
garantia e expansão dos direitos que materializam, fortalecem e ampliam 
a cidadania brasileira. Tem por finalidade debater, propor e articular ações 
de governo relacionadas à redução da desigualdade, à valorização da 
diversidade sociocultural e étnica, à garantia dos direitos humanos e ao 
fortalecimento dos valores de cidadania e da autonomia das pessoas com 
vistas ao fortalecimento de suas capacidades para o exercício dos seus 
direitos. Compete ao Fórum [...] promover a pactuação de prioridades e 
monitorar o alcance das metas do governo associadas a essa temática para 
o período 2011-2014 (BRASIL, 2011).
A partir do comando da presidente Dilma de que “um governo tem que falar para o conjunto da 
sociedade. E falar para o conjunto da sociedade é necessariamente levar em conta toda a sua diferença, o 
que a sociedade tem de diferente, de específico, de instigante”, expresso durante a reunião de instalação 
do Fórum (BRASIL, 2011), este vem desenvolvendo suas atividades com foco em duas linhas de trabalho. 
A primeira é voltadapara a definição das ações que integrarão a Agenda Direitos e Cidadania, que está 
estruturada em quatro eixos: 
• participação social e democratização da gestão pública; 
• Brasil de paz, sem violência; 
• igualdade, diversidade e garantia de direitos; 
• desenvolvimento, sustentabilidade e cidadania (BRASIL, 2011).
A segunda está relacionada ao aprofundamento do debate sobre os valores de cidadania e à nova 
classe média diante das mudanças recentes na realidade socioeconômica brasileira: os valores e as 
expectativas que movem a sociedade em nossos dias, bem como as demandas e prioridades impostas 
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MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO EM SERVIÇO SOCIAL
ao Estado em decorrência desses valores e expectativas. Uma pauta de debates com estudiosos e 
representantes governamentais é uma das ferramentas de trabalho do fórum.
São diretrizes fundamentais do Fórum Direitos e Cidadania no desenvolvimento dos seus trabalhos:
• consolidar a cidadania para todos, priorizando ações que promovam 
a autonomia dos cidadãos e fortaleçam suas capacidades para o 
exercício pleno dos seus direitos;
• promover a participação social garantindo amplo debate com os 
diversos segmentos da sociedade;
• elaborar uma agenda de ações transversais que aponte soluções para 
os problemas que impedem a consolidação da cidadania brasileira, 
com foco e escala;
• garantir que a agenda parta de uma perspectiva humanista e 
esteja fundamentada em valores éticos e democráticos (BRASIL, 
2011).
O fórum é coordenado pela Secretaria-Geral da Presidência da República, de forma compartilhada com 
as Secretarias de Direitos Humanos, de Políticas de Promoção da Igualdade Racial e de Políticas para as 
Mulheres, e pelos Ministérios da Cultura e do Esporte. É composto, além daqueles citados anteriormente, 
por 15 ministérios (Justiça; Desenvolvimento Social e Combate à Fome; Educação; Desenvolvimento 
Agrário; Saúde; Trabalho e Emprego; Cultura; Meio Ambiente e Agricultura, Pecuária e Abastecimento), 
seis empresas estatais (Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Banco Nacional de Desenvolvimento 
Econômico e Social, Petrobras, Eletrobras e Correios), bem como pela Fundação Nacional do Índio, pela 
Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas/MJ e pelo ”Sistema S” (BRASIL, 2011). 
A agenda prioritária do fórum está estruturada em quatro eixos:
• Participação social e democratização da gestão pública: neste eixo deverão ser incentivados a 
realização de conferências nacionais, o apoio aos conselhos setoriais, a participação social na 
elaboração e no monitoramento do PPA 2012-2015, bem como a criação de mecanismos de 
fortalecimento e ampliação da transparência na gestão pública.
• Igualdade na diversidade: contempla ações e temas voltados para o envelhecimento saudável, a 
igualdade de gênero e raça, juventude, empregabilidade das pessoas com deficiência, bem como 
cultura e educação em direitos humanos.
• Um Brasil de paz, sem violência: serão discutidas e apontadas soluções para o enfrentamento de 
várias violências, a exemplo da violência contra os jovens negros, contra a mulher, da exploração 
sexual e maus-tratos contra crianças e adolescentes, além da questão das drogas no Brasil.
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Unidade III
• Desenvolvimento e cidadania: são propostas ações para a garantia dos direitos de cidadania nas 
obras do PAC, em especial naquelas voltadas para a Copa e as Olimpíadas.
O direito e a cidadania são elementos que devem andar juntos. Conforme destacado pela 
Secretaria Nacional de Direitos Humanos em sua agenda de prioridades e encaminhamentos, o 
país deve estar atento às políticas que possibilitam o cidadão de fazer usufruto desses elementos. 
Sabemos, pois, que isso não é tarefa fácil. Muitos são os desafios, os entraves e os embaraços 
desse processo, mas cabe ao Estado oportunizar as condições de participação, usufruto e gozo do 
direito pelo cidadão.
Assim, é possível perceber que os espaços que efetivam o controle social devem ser usufruídos pelo 
cidadão, mas, para que seja possível a participação efetiva, são necessários a apreensão e o conhecimento 
de conteúdos pertinentes à ação, à política e sua execução, ao monitoramento e ao controle.
Na medida em que o controle social for efetivo por meio da participação de todos os protagonistas 
do processo, a promoção de novas políticas públicas e sociais será uma consequência que assegurará 
melhores condições de vida à população. Assim, zelar pelas ações de monitoramento e avaliação passa 
a ser requisito imprescindível à construção de uma sociedade melhor.
Para que esse processo ocorra de forma que traga benefícios para a sociedade, é preciso entender 
que as ações de monitoramento e avaliação não são (nem devem ser) entendidas como mecanismos 
de patrulhamento de ações, de cerceamento de liberdade. Não raro, ainda nos deparamos com uma 
grande confusão nesse cenário, ou seja, monitorar e avaliar são entendidos como elementos de controle 
das liberdades em sociedade, e não como momentos privilegiados de construção de novas rotas, novos 
caminhos e novas proposituras de políticas e ações que efetivam direitos.
Tal situação pode ser explicada pela história da sociedade brasileira, em que as ações de 
monitoramento eram vistas como patrulhamento, e a avaliação, como momento de punição de 
culpados. Desse modo, conforme anunciado anteriormente, os sentidos de participação e de política 
ainda se vinculam a partidarismos e adesões particulares a projetos também particulares. Ora, a 
dimensão política está sempre vinculada às nossas ações. 
Netto (2009), ao tratar do Projeto Ético-Político do Assistente Social, traz uma descrição clara que 
nos direciona ao entendimento da profissão na sua lida cotidiana. Assim, temos:
A dimensão política do projeto é claramente enunciada: ele se posiciona 
a favor da equidade e da justiça social, na perspectiva da universalização 
do acesso a bens e a serviços relativos às políticas e programas sociais; a 
ampliação e a consolidação da cidadania são explicitamente postas como 
garantia dos direitos civis, políticos e sociais das classes trabalhadoras. 
Correspondentemente, o projeto se declara radicalmente democrático – 
considerada a democratização como socialização da participação política e 
socialização da riqueza socialmente produzida (NETTO, 2009, p. 16). 
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MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO EM SERVIÇO SOCIAL
Não se trata de ver e viver a realidade à luz de paradigmas destituídos de liberdade, mas de explicitar 
um convite ao cidadão para que possa participar e para que esses paradigmas frutifiquem resultados 
práticos no dia a dia. Eis um dos grandes desafios e também uma dos sabores da profissão.
Para entender, os termos monitoramento e avaliação podem ser utilizados numa variedade 
de cenários e situações, reivindicando, assim, uma adequada proporcionalidade, de acordo 
com a situação. O monitoramento e a avaliação podem dar enfoque específico aos aspectos 
estratégicos, numa dinâmica macro. Podem também enfocar os resultados obtidos por meio do 
uso de determinados objetivos. 
Como é possível perceber, as ações de monitoramento e avaliação podem estar vinculadas a uma 
gama de quesitos, dependendo da intencionalidade da proposição, e muito distantes de ações de 
patrulhamento, ou, ainda, punição de sujeitos. Portanto, o profissional deve estar atento aos mecanismos, 
conforme destacado anteriormente, para que o exercício de monitoramentoe avaliação possa favorecer 
um processo dinâmico e em diálogo com a realidade e com os aspectos advindos da vida real dos 
sujeitos envolvidos.
Nessa medida, as ações de planejamento devem ser embasadas em pressupostos teórico-
metodológicos e marcadas pela propriedade de referenciais imprescindíveis ao sucesso dos processos 
de monitoramento e avaliação. 
Baptista (2000, p. 115) coloca:
No planejamento de questões da área social, os problemas para a montagem 
de sistemas de avaliação encontram-se principalmente:
1) na precariedade dos processos científicos e metodológicos de mensuração 
de dados sociais, principalmente os de natureza qualitativa;
2) na ausência de um referencial de estudos que permita determinar os 
efeitos de medidas macrossociais, em todas as dimensões do sistema;
3) na dificuldade para estabelecer a natureza estatística de relação entre os 
indicadores, principalmente quando o processo envolve muitas espécies de 
mudanças, algumas a curto, outras a médio ou a longo prazo, as quais estão 
naturalmente relacionadas;
4) na preocupação por resultados imediatos, enquanto na área social, muitas 
vezes, são mais significativos os resultados de longo prazo e menos tangíveis 
(BAPTISTA, 2000, p. 115).
Conforme a autora aponta, há uma série de desafios a serem enfrentados nos processos de 
planejamento que, invariavelmente, colocam novos desafios aos profissionais envolvidos, em especifico, 
aos de Serviço Social.
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Unidade III
Segundo Iamamoto (1988),
Pode-se concluir que articular a profissão e a realidade é um dos maiores 
desafios, pois [se] entende que o Serviço Social não atua apenas sobre 
a realidade, mas atua na realidade. Nessa perspectiva, compreende-se 
que as análises de conjuntura – com o foco privilegiado na Questão 
Social – não são apenas o pano de fundo que emoldura o exercício 
profissional; ao contrário, são partes constitutivas da configuração 
do trabalho do Serviço Social, devendo ser apreendidas como tais. O 
esforço está, portanto, em romper qualquer relação de exterioridade 
entre a profissão e realidade, atribuindo-lhe a centralidade que deve ter 
no exercício profissional (IAMAMOTO, 1988, p. 55).
Com efeito, cabe destacar que as ações de monitoramento e avaliação devem ser complementares, 
ou seja, devem trazer em si importante interdependência. O monitoramento propicia a realização da 
avaliação de forma que esta possa promover ações renovadas no âmbito da promoção de políticas 
públicas que deem conta de responder às necessidades do cidadão. Nessa medida, o planejamento deve 
constituir-se em processo dialético e facilitador de ações renovadas. 
Assim, para melhor entendimento, a dialética pode ser definida como processo de contradições que, 
a partir de teses e antíteses, faz frutificar o novo ou a ação renovada, conforme segue: 
Do grego dia, expressando o sentido de dualidade, e lektikos, que oferece 
significado à condição e aptidão de falar. Trata-se de evidenciar o ato da 
discussão que promove a mudança de conceitos – um diálogo que implica 
por si só a necessidade de pontos de vista diferentes, tensões inerentes aos 
processos de debate em defesa do que se acredita (SOUZA, 1995, p. 90). 
A dialética tem sua expressão no método do materialismo histórico, que empreende ações de 
movimento dinâmico ocorrentes na natureza em geral, cuja coerência se traduz no condicionamento, 
na reciprocidade dos fenômenos e, na mesma medida, em constante estado de mudança, tanto do ponto 
de vista quantitativo como do qualitativo. Há um dinâmico processo de acumulação e de renovação, 
uma vez que o movimento também é dinâmico e traz consigo processos contraditórios e geradores de 
novas opiniões. 
No movimento dialético o fato é colocado como fenômeno que traz consigo um lado negativo 
e, ao mesmo tempo, um lado positivo. A partir do embate que se estabelece entre os contrários, são 
geradas novas formas de análise dos fatos e, por consequência, novas configurações do entendimento 
da realidade.
Segundo Souza (1995, p. 90), a dialética se fundamenta em duas proposições básicas:
Identidade do real ao racional: “O que é racional é real e o que é real é 
racional”, na medida em que todo real é justificado racionalmente, já que 
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a razão é movimento, é pensamento que se concretiza numa sucessão de 
ideias, origem da realidade e da história;
A contradição como motor propulsor do desenvolvimento do pensamento e 
da história: “O ser e o nada são uma só e a mesma coisa”, ou seja, o pensamento 
é dinâmico e se processa através de contradições que são sistematicamente 
superadas e substituídas por novas contradições, resultado de um embate 
permanente entre o ser e o não ser presentes em cada coisa que existe no 
mundo entre as ideias que se opõem, revelando o caráter processual da 
própria realidade em que se manifesta a história (SOUZA, 1995, p. 90). 
Assim, é no movimento da contradição, do diálogo entre os diferentes, que a realidade sofre mutações, 
que os homens passam a render homenagens aos desafios, apreender na convivência com o diferente e 
a pluralidade de pensamentos e ações da vida cotidiana.
Esses, por assim dizer, podem traduzir os movimentos da realidade. É no diálogo das opiniões 
contrárias que serão geradas novas opiniões, novos posicionamentos e novas proposituras. Esse processo 
só será possível quando tivermos a presença das categorias monitoramento e avaliação colocadas de 
forma que promovam o debate de ideias.
 Saiba mais
Para você saber mais sobre a dialética inserida no momento 
contemporâneo, destacamos o seguinte artigo: 
SALATIEL, J. R. Marx – Teoria da Dialética: contribuição original à filosofia 
de Hegel. UOL Educação, São Paulo, 27 out. 2008. Disponível em: <http://
educacao.uol.com.br/disciplinas/filosofia/marx---teoria-da-dialetica-
contribuicao-original-a-filosofia-de-hegel.htm>. Acesso em: 15 out. 2013. 
Figura 17 – Karl Marx
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Unidade III
Em sua maior parte, a doutrina marxista é de “segunda mão”, ou seja, originária de interpretações 
dadas por dirigentes soviéticos, como Lênin, Trotsky e Stálin, ou o chinês Mao Tsé-Tung. Poucos, na 
verdade, se aventuraram a desbravar a obra de Marx, que trouxe contribuições originais para a Filosofia, 
a Sociologia, a Economia Política e a História.
Abordaremos apenas a Teoria da Dialética, de Marx. Para tanto, leia o texto a seguir, de Salatiel 
(2008).
Método dialético
Para os filósofos gregos, dialética era a arte do diálogo. Para um dos filósofos mais 
influentes na carreira de Marx, Hegel, dialética é uma forma de pensar a realidade em 
constante mudança por meio de termos contrários que dão origem a um terceiro que os 
concilia.
A dialética é composta por três termos:
• tese;
• antítese; 
• síntese.
Tese é uma afirmação; antítese é uma afirmação contrária; e síntese, como o nome 
indica, é o resultado entre as duas primeiras. A síntese supera a tese e a antítese, portanto é 
algo de natureza diferente, ao mesmo tempo que conserva elementos das duas e conduz à 
discussão, nesse estágio, a um grau mais elevado. Na sequência, dá origem a uma nova tese 
que inicia novamente o ciclo.
Por exemplo, eu tenho uma ideia a respeito de algo. Esta é a minha tese: “Países com 
climas quentes são melhores para se viver”. Meu interlocutor não concorda e contra-
argumenta: “Não, são países com climasfrios que são melhores para se viver”. Esta é a 
antítese. Depois de alguma discussão, chegamos a uma conclusão, que é a síntese: “Países 
com climas amenos são mais agradáveis para se morar”.
Pode parecer bobagem, mas é justamente assim que, em nosso cotidiano, usamos a 
dialética, mesmo sem saber, toda vez que conciliamos ideias opostas em casa, no trabalho, 
na comunidade, em assuntos diversos. É por isso que, nos jornais que lemos, costumamos 
encontrar, no mínimo, dois pontos de vista divergentes sobre um determinado tema, para 
que possamos fazer uma síntese do que cada um deles nos apresenta de melhor.
A originalidade de Hegel foi fazer dessa lógica dialética uma lógica do ser, isto é, que 
rege o próprio modo de ser das coisas que, para ele, é um perpétuo “vir a ser”, um realizar-
se contínuo. Assim também a própria história, em que o Estado moderno seria a síntese de 
interesses do conflito entre família e sociedade civil, segundo Hegel.
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Ditadura do proletariado 
Para Marx, a dialética de Hegel estava de “cabeça para baixo”, e era preciso corrigi-la. 
Isso porque Hegel era idealista, isto é, via a razão como determinante da realidade objetiva, 
enquanto Marx era materialista e pensava justamente o contrário: que era o mundo material 
que condicionava a ideia que fazíamos dele. Por isso, ele desenvolveu uma interpretação 
que ficou conhecida como materialismo dialético.
O que Marx trouxe de original foi uma análise dialética das relações sociais e econômicas 
(as bases materiais e concretas da sociedade), as quais formavam uma estrutura que 
explicava fatos históricos e culturais. Diferentemente de Hegel, ele escrevia em meio à 
Revolução Industrial, quando trabalhadores viviam em condições deploráveis nas grandes 
cidades, o que estimulava o crescimento de movimentos socialistas e anarquistas em toda a 
Europa. A sociedade capitalista, segundo Marx, funcionava com base no antagonismo entre 
duas classes: a burguesia, que detinha os modos de produção (fábricas, empresas, terras, 
comércio etc.) e o proletariado, trabalhadores que vendiam sua força de trabalho.
Na dialética marxista, a burguesia seria a tese, e o proletariado, sua antítese. A síntese 
seria a superação da sociedade de classes por uma sem classes, o comunismo. 
As crises do capitalismo, então, decorreriam dos conflitos entre burguesia e proletariado 
e seriam o prenúncio de uma superação dialética da economia política. Ao assumirem seu 
papel histórico e dialético, os trabalhadores instituiriam, no lugar do sistema capitalista, a 
ditadura do proletariado, que seria um Estado provisório a ser superado pelo comunismo. 
Na prática, no entanto, a ditadura do proletariado não passou de ditadura. Hoje, apesar de a 
sociedade comunista não ter advindo, em parte porque os trabalhadores constituíram uma 
nova classe – a classe média – e vivem mais preocupados em conseguir um bom emprego, 
casa, carro e luxos da vida moderna, as teorias de Marx preservam muito de sua força. 
Fonte: Salatiel (2008).
Figura 18 – Georg Wilhelm Friedrich Hegel
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Unidade III
 Saiba mais
Leia as seguintes obras: 
KONDER, L. O que é dialética. São Paulo: Brasiliense, 1981. (Primeiros 
Passos, v. 23).
MARX, K. Marx. São Paulo: Abril Cultural, 1974. (Os Pensadores, v. 35). 
______. O capital. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2008. 3 v. 
MARX, K.; ENGELS, F. Manifesto comunista. São Paulo: Boitempo, 1998. 
Assim, podemos dizer que o monitoramento e a avaliação constituem-se em elementos que se 
complementam. Sem o momento privilegiado do monitoramento, a avaliação perde a possibilidade 
de construção de um de seus principais elementos: a reconstrução de velhos paradigmas e ainda o 
surgimento de novas ações revigoradas.
 Lembrete
Os termos monitoramento e avaliação podem ser utilizados numa 
variedade de cenários e situações, reivindicando, assim, uma adequada 
proporcionalidade, de acordo com a situação.
O monitoramento torna-se cada vez mais necessário, mas, por si só, não se configura como suficiente 
para germinar as várias possibilidades aguardadas e que só se consubstanciam na presença de um 
processo fidedigno de avaliação e envolvimento de seus sujeitos.
Podemos dizer com tranquilidade que o monitoramento faz o processo de avaliação ser facilitado. 
Da mesma forma que temos como dever destacar que a avaliação deve buscar quantos elementos 
existirem para dar luz aos resultados, numa relação direta, a avaliação também deve buscar em outros 
fatores adicionais informações acerca do processo. Isso equivale a um procedimento que certamente 
poderá levar a resultados fecundos e potencialmente passíveis de serem empreendidos por meio de 
ações renovadas. A profissão tem sido requerida a dar respostas.
Como exemplo, podemos destacar os programas Benefício de Prestação Continuada (BPC), Bolsa 
Família e outros que utilizam os dados dos cidadãos como indicadores de novas propostas de planos e 
ações que retornem de forma imediata para a população usuária.
O Benefício de Prestação Continuada origina-se da Lei Orgânica da Assistência Social (Loas), nº 
8.742, de 7 de dezembro de 1993. Segundo o artigo 20 dessa lei.
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MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO EM SERVIÇO SOCIAL
O Benefício de Prestação Continuada é a garantia de 1 (um) salário mínimo 
mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso com 70 (setenta) anos ou 
mais e que comprovem não possuir meios de prover a própria manutenção e 
nem de tê-la provida por sua família (BRASIL, 1993b).
Podemos destacar também, conforme as palavras de Mota (2011):
A partir dos anos iniciais da década de 1990, e prolongando nos anos 2000, 
décadas que materializam um novo ciclo da dinâmica capitalista, o debate 
sobre a Assistência Social se ampliou para além da ruptura com o paradigma 
do assistencialismo, do voluntarismo e da filantropia, afirmando-se como 
uma temática afeta ao campo dos direitos. E mais: o que em certo período 
histórico foi concebido como um campo de intervenção profissional ou do 
trabalho do(a) assistente social, na atualidade é, senão a principal, uma das 
mais destacadas temáticas de pesquisa da nossa área de conhecimento. 
Nossa produção ultrapassou a produção de conhecimentos aplicados ao 
planejamento e execução dessa política, transformando o tema numa 
questão de políticas. E o Serviço Social o fez historicizando a existência da 
Assistência Social e identificando suas particularidades no interior de uma 
totalidade social, no âmbito dos mecanismos de produção e reprodução da 
sociedade. Em resumo, para além da importância social e histórica de uma 
Política de Assistência Social no Brasil, outras questões e dimensões a ela se 
adensaram (MOTA, 2011, p. 66). 
Vemos que a profissão empreendeu uma série de investimentos para angariar conhecimentos 
e bagagem que possibilitam (e possibilitaram) não somente a proposição, mas a implementação, a 
avaliação e contribuições para novos referenciais às políticas.
Um desafio importante a ser destacado é a utilização de dados de monitoramento e avaliação para 
fins clientelísticos. 
Não é difícil encontrar notícias de que determinado programa foi utilizado para atender a 
determinados interesses. Encaminhar benefícios de forma particular equivale a destituir a ação do 
princípio do bem comum, que deve ser norteador da gestão pública. Atender a um determinado 
interesseem detrimento do interesse comum equivale a privar o cidadão dos seus direitos, que, em 
muitos casos, relacionam-se de forma direta à dignidade, à vida etc.
Diante de tal situação, deflagra-se de forma clara a destituição do princípio da gestão pública. 
Desviando-se desse direito, institui-se um processo de distanciamento dos objetivos da gestão pública, 
logo, em prejuízo estão os resultados advindos do monitoramento e da avaliação.
Contudo, sabemos que muitos são os desafios, em especial os do assistente social, conforme o texto 
a seguir. 
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Unidade III
Orientar o trabalho nos rumos aludidos requisita um perfil de profissional culto, 
crítico e capaz de formular, recriar e avaliar propostas que apontem para a progressiva 
democratização das relações sociais. Exige-se, para tanto, compromisso ético-político com 
os valores democráticos e competência teórico-metodológica na teoria crítica, em sua lógica 
de explicação da vida social. Esses elementos, aliados à pesquisa da realidade, possibilitam 
decifrar as situações particulares com que se defronta o assistente social no seu trabalho, 
de modo a conectá-las aos processos sociais macroscópicos que as geram e as modificam. 
Mas requisita, também, um profissional versado no instrumental técnico-operativo, capaz 
de potencializar as ações nos níveis de assessoria, planejamento, negociação, pesquisa e 
ação direta, estimuladora da participação dos sujeitos sociais nas decisões que lhes dizem 
respeito, na defesa de seus direitos e no acesso aos meios de exercê-los... Faz-se necessário, 
pois, elucidar o exercício profissional nas particulares condições e relações de trabalho em 
que se inscreve, reconhecendo tanto suas características enquanto trabalho concreto (e 
avançando na leitura das competências e atribuições privativas do assistente social, tais 
como se forjam na atualidade) quanto sua dimensão de trabalho humano abstrato, em seus 
vínculos com o processo de produção e/ou distribuição da riqueza social. Isso remete ao 
enfrentamento dos dilemas do trabalho produtivo e/ou improdutivo, cuja caracterização 
depende das relações estabelecidas com específicos sujeitos sociais, na órbita das quais 
se realiza o trabalho do assistente social. O desdobramento necessário dessa proposta de 
análise do trabalho do(a) assistente social é tratá-lo de forma indissociável dos dilemas 
vividos pelo conjunto dos trabalhadores – e suas lutas – que sofrem perdas decisivas em suas 
conquistas históricas nesse tempo de prevalência do capital que rende juros articulados ao 
grande capital produtivo internacionalizado. Este é um dos desafios importantes da agenda 
profissional, o que requer dar um salto de profundidade na incorporação da Teoria Social 
Crítica no universo da profissão aliada à acurada pesquisa sobre as condições de trabalho e 
as respostas profissionais acionadas para fazer frente às expressões da Questão Social nos 
diferenciados espaços ocupacionais do(a) assistente social na sociedade brasileira.
Fonte: Iamamoto (2012, p. 37). 
Assim, eis o desafio...
8 BENEFÍCIOS GERADOS PELO MONITORAMENTO E PELA AVALIAÇÃO NO 
PROCESSO DE GESTÃO
Conforme já destacado, o monitoramento e a avaliação constituem elementos relevantes para as 
políticas públicas, bem como importantes aliados nos processos de gestão. 
Nessa medida, os benefícios oriundos desses elementos para os processos de gestão demonstram-se 
mais intensos. Cada vez mais, somos requisitados a compor comissões planificadoras e, assim, a elaborar 
os processos de monitoramento e avaliação das políticas públicas.
Cabe destacar que o assistente social tem vivenciado, sobretudo a partir da década de 1980, 
papel relevante na construção de políticas públicas e, por conseguinte, de seus planos, programas e 
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MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO EM SERVIÇO SOCIAL
projetos que ganharam destaque no processo de empreita de estratégias utilizadas pelos governos, 
principalmente no que se refere à melhoria e ao aprimoramento das etapas de monitoramento e 
avaliação.
Não raro, o assistente social é protagonista de ações de impacto para o enfrentamento da banalização 
da pobreza e da miséria, do analfabetismo, do desemprego e do subemprego, do trabalho infantil e 
escravo, e, nessa linha, dos frutos e expressões da Questão Social. Trata-se de empreender ações que 
garantam a inclusão dos cidadãos, que possam capacitá-los ao exercício do protagonismo social. Os 
desafios ainda são muitos, mas a profissão tem se colocado disponível à construção de ações que 
deságuem no oceano da inclusão social pela via de uma nova ordem societária, por meio de seu projeto 
profissional de inclusão, liberdade, autonomia e protagonismo.
Com isso em mente, leia o texto que segue. 
Esquematicamente, este projeto tem em seu núcleo o reconhecimento da liberdade 
como valor central – a liberdade concebida historicamente como possibilidade de escolha 
entre alternativas concretas; daí um compromisso com a autonomia, a emancipação e 
a plena expansão dos indivíduos sociais. Consequentemente, este projeto profissional se 
vincula a um projeto societário que propõe a construção de uma nova ordem social, sem 
exploração/dominação de classe, etnia e gênero. A partir destas opções que o fundamentam, 
tal projeto afirma a defesa intransigente dos direitos humanos e o repúdio do arbítrio e 
dos preconceitos, contemplando positivamente o pluralismo, tanto na sociedade como no 
exercício profissional... Em especial, o projeto prioriza uma nova relação com os usuários dos 
serviços oferecidos pelos assistentes sociais: é seu componente elementar o compromisso 
com a qualidade dos serviços prestados à população, aí incluída a publicidade dos recursos 
institucionais, instrumento indispensável para a sua democratização e universalização 
e, sobretudo, para abrir as decisões institucionais à participação dos usuários. Enfim, o 
projeto assinala claramente que o desempenho ético-político dos assistentes sociais só se 
potencializará se o corpo profissional articular-se com os segmentos de outras categorias 
profissionais que compartilham de propostas similares e, notadamente, com os movimentos 
que se solidarizam com a luta geral dos trabalhadores.
Fonte: Netto (2009, p. 15).
Assim, podemos assistir ao Serviço Social figurando como uma das profissões que, comprometidas 
com a causa dos trabalhadores, dos sujeitos em situação de risco e vulnerabilidade social, colocam-se à 
frente como profissão cuja formação direciona a esse norte, aliada das causas sociais. 
Destacamos que, em se tratando de formação profissional, o Serviço Social oportuniza reflexões e 
apreensões de conteúdos para capacitar a ação profissional rumo à leitura crítica da realidade. Ainda nesse 
sentido, ao apropriar-se das dimensões teórico-metodológicas, ético-políticas e técnico-operativas, o 
assistente social poderá oportunizar muito mais que contribuições imediatas e figurar como um importante 
aliado nos processos de gestão das ações e políticas públicas, as quais devem garantir o processo de 
edificação de uma sociedade alicerçada na liberdade, na equidade e na justiça social.
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Unidade III
Segundo Koike (1999): 
Os processos educativos demandados por essa sociedade tanto devem 
conduzir às qualificações técnicas requeridas pelo trabalho reestruturado 
quanto produzir uma subjetividade adequada à nova forma de organização 
social do capitalismo atual. Na base dessastransformações está o movimento 
que emerge dos modos flexíveis de acumulação do capital caracterizado por 
Harvey (1993) “de rápida destruição-reconstrução de habilidades, gerando 
processo de desqualificação, requalificação, nova qualificação da força de 
trabalho”. 
[...]
As alterações na configuração sociotécnica da profissão evidenciam ser a 
formação profissional um processo dinâmico, continuado, inconcluso, em 
permanente exigência de apropriação e desenvolvimento dos referenciais 
críticos de análise e dos modos de atuação na realidade social [...] e o ato 
de avaliar a profissão (formação e trabalho profissionais) em suas conexões 
com as necessidades sociais – de onde derivam as demandas ao Serviço 
Social – expõe com radicalidade as exigências de uma profunda, cuidadosa 
e continuada capacitação profissional. Essa realidade marcou o processo de 
construção das novas diretrizes curriculares que se inicia com a definição de 
critérios norteadores do trabalho coletivo (KOIKE, 1999, 103; 107).
...
No texto a seguir, Koike (1999) lista os elementos que constituem esse processo. 
• Garantia de direção social ao processo e revisão curricular: como é sabido, é competência 
da Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço Social (ABEPSS) assegurar 
direção intelectual e política ao projeto de formação profissional. Como organização que 
congrega as unidades formadoras, é sua função prover a construção de um significado 
teórico-instrumental e político-ideológico para a formação profissional, imprimindo-lhe 
uma determinada relação histórica com a sociedade. Essa expectativa em torno do papel 
da entidade pode ser resultante da decisão dos primeiros cursos em criar, em 1946, a 
Associação Brasileira de Ensino em Serviço Social (Abess), posteriormente denominada 
Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço Social (Abepss), com objetivos 
sempre voltados ao aperfeiçoamento da formação dos assistentes sociais. Isso define 
o ato fundador da entidade e legitima sua atuação perante as unidades de ensino e o 
conjunto da categoria profissional, bem como sua interlocução com entidades congêneres 
existentes na sociedade.
• Incorporação dos avanços do currículo de 1982: o processo de elaboração das 
diretrizes curriculares deveria preservar as positividades do currículo vigente, 
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superando suas debilidades. Este critério já apontava a necessidade não apenas 
de um diálogo crítico com o projeto curricular de 1982, mas de uma avaliação 
abrangente de seus desdobramentos na condução da formação profissional, nas 
duas últimas décadas. Foi indicada a constituição de um grupo de consultores com a 
finalidade de assessorar o processo revisional substituindo-o, teórica, metodológica 
e pedagogicamente.
• Estabelecimento de um processo coletivo de trabalho: os critérios anteriores ficariam 
comprometidos sem uma prática democrática no processo de elaboração do novo 
projeto curricular que pudesse garantir o pluralismo do debate e sua socialização 
entre as escolas, com docentes, discentes e supervisores, com a representação 
dos profissionais, na identificação das necessidades da profissão perante as novas 
exigências feitas à formação profissional. A forma encontrada para garantir essa 
construção democrática foi estruturar o processo mediante a organização de 
oficinas locais (promovendo a discussão em cada curso), regionais (aprofundando o 
debate acerca das questões que particularizam a formação nas diferentes regiões) 
e nacionais (abordando a formação em sua macrovisão nacional). Assim, foram 
realizadas aproximadamente 292 oficinas com participação das unidades de ensino, 
associadas ou não.
• Capacitação no processo de construção do projeto curricular: a elaboração de 
diretrizes deveria propiciar atualização e aprendizagem aos que dela participassem, 
preparando, desse modo, o processo de implantação das referidas diretrizes, devendo 
permanecer como capacitação continuada. 
Fonte: Koike (1999, p. 108). 
O profissional de Serviço Social deve oportunizar o encaminhamento de ações cotidianas 
oriundas da gestão social, bem como ser capaz de conduzir a leitura precisa da realidade social 
e a intervenção nesta, de forma que tal realidade possa sofrer mudanças que significarão, no 
limite, processos revigorados. Não falamos aqui de facilidades, e sim de processos que podem 
ser carregados de tensões, conflitos e complexidades (como todo processo dinâmico), mas que 
devem ser monitorados e avaliados à luz da realidade e, como tais, são contraditórios e estão 
em constante transformação, mas devem frutificar o novo, o diferente, o equânime. Conforme 
Baptista (2000):
O estabelecimento de modificações operacionais do dia a dia requer 
decisões que podem ser bastante complicadas. Elas se apoiam na ideia 
da revisão como dimensão contínua e sistemática do planejamento, 
como respostas dinâmicas às situações permanentemente detectadas 
pelo controle e pela avaliação, que baseiam as decisões diárias e corrigem 
o curso das ações. Essa característica lhe permite tirar vantagem das 
oportunidades que surgem, de potencializar pontos fortes e superar suas 
fraquezas [...] (BAPTISTA, 2000, p. 122). 
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Unidade III
O acionamento da retomada dinâmica do processo é que permite ao planejador garantir a 
perspectiva dialética de reflexão e permanente confronto com a realidade, por ocasião de novas 
tomadas de decisão. 
 Lembrete
O Serviço Social oportuniza reflexões e apreensões de conteúdos para 
capacitar a ação profissional rumo à leitura crítica da realidade.
O profissional deve, assim, ofertar subsídios para os processos de retroalimentação das políticas 
públicas e, nessa diretriz, ser um importante aliado da gestão social. 
Como traz Iamamoto (1988): 
Os assistentes sociais, ao realizarem suas ações profissionais, seja ao nível 
das Secretarias de Governo, dos bairros, das instâncias de organização e 
mobilização da população, das organizações não governamentais (ONGs), 
exercem a função de um educador político; um educador comprometido 
com uma política democrática ou um educador envolvido com a política dos 
“donos do poder”. Mas é nesse campo atravessado por feixes de tensões que 
se trabalha, e é nele que são abertas inúmeras possibilidades ao exercício 
profissional (IAMAMOTO, 1988, p. 79).
Nesse sentido, o assistente social tem sido requisitado a oferecer indicadores e conteúdos 
frutos dos processos de monitoramento e avaliação, os quais devem garantir a dinâmica e 
adequada operacionalização das ações públicas, e ainda subsídios para a compreensão da realidade 
cotidiana dos sujeitos sociais usufrutuários das políticas públicas. Deve também participar na 
implementação e no monitoramento, de forma que apreenda essa realidade, bem como nos 
processos de avaliação, com vistas à apreensão acerca do cumprimento das metas previstas na 
origem das ações.
Cabe destacar a importância dos benefícios da permanente presença do monitoramento e da avaliação 
como processos integrantes do planejamento social, inclusive em virtude da necessária transparência 
que deve prevalecer em todo momento da ação ou política pública. Prestar contas dos resultados à 
sociedade é algo que transcende o mero ato em si, vivificando a importância do empreendimento de 
novas ações sociais norteadas pelas demandas dos sujeitos sociais. 
A respeito desse processo, Mendonça, Kauchakje e Garcias (2012) afirmam: 
Cabe lembrar que em sua estratégia social o governo federal atual enfatiza 
o aprimoramento dagerência e avaliação do impacto e desempenho 
dos programas sociais quando procura garantir a esses programas apoio 
para gerenciamento dinâmico e adequado, monitoramento regular 
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da implementação e avaliação periódica do cumprimento das metas 
preestabelecidas. Ressalta-se, porém, que a exigência por avaliação 
permanente da utilização de recursos públicos e sua tradução em ações 
e consequências sobre a melhoria das condições das pessoas e do espaço 
urbano são imperativas, sinais de transparência da ação pública (MENDONÇA; 
KAUCHAKJE; GARCIAS, 2012, p. 5). 
Atualmente os governos têm depositado elevadas expectativas no profissional de Serviço Social, o 
que se justifica tanto pela sua formação profissional, conforme destacado anteriormente, quanto pela 
capacidade de leitura da realidade. 
 Saiba mais
Para saber mais acerca das atribuições e competências do profissional 
de Serviço Social, acesse: 
CFESS. Código de ética do assistente social – Lei 8.662/93. 10. ed. 
Brasília: CFESS, 1993. Disponível em: <http://www.cfess.org.br/arquivos/
CEP_CFESS-SITE.pdf>. Acesso em: 31 out. 2013. 
Como poderá verificar, os elementos contidos na Lei de Regulamentação 
da Profissão (nº 8.662/1993) poderão nortear a ação profissional a partir 
das exigências da contemporaneidade, bem como oferecer informações 
acerca de nortes oportunos para atender às expectativas dos espaços sócio-
ocupacionais.
Podemos considerar que o assistente social tem muito a contribuir para o entendimento da realidade 
social, e isso se processa uma vez que a profissão tem importante inserção nos espaços sócio-ocupacionais, 
bem como nos segmentos da comunidade. Esses segmentos ora se colocam como operacionalizadores 
das ações e políticas públicas, ora figuram como agentes de reivindicação ou porta-vozes do cidadão 
tensionado para que o seu direito seja respeitado e confirmado por meio de ações cotidianas. Esse 
tensionamento deve estar direcionado à proposição e à implementação de planos, programas e projetos 
que vivifiquem a condição de pertencimento do cidadão.
Via de regra, os programas e projetos precisam estar comprometidos com a concretização de 
novas possibilidades, ou seja, é necessário efetivar alterações no panorama social. Podemos dizer 
que um dos maiores benefícios do processo pode residir na materialização de mudanças, que 
passam a garantir à população usuária dos serviços sociais condições de inclusão ou a minimização 
da exclusão social.
Como benefício, destacamos ainda os processos avaliativos, como possibilidade de construção de 
conhecimento e novos saberes. Trata-se de um processo pedagógico em que todos ganham, inclusive os 
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usuários das políticas sociais, na medida em que efetivam a participação e, por conseguinte, se inserem 
nos espaços de interlocução de monitoramento e avaliação. 
Outro benefício a ser destacado é a possibilidade de construção de novos referenciais, pois à medida 
que os programas e projetos são colocados à prova, um novo cenário se descortina e, de forma direta, 
passa a motivar e inspirar espaços e realidades que clamam pelo novo. 
No âmbito da gestão pública, ao empreender ações que têm como norte oportunizar o sentido de 
pertencimento da população, surgem possibilidades de enfrentamento das expressões da Questão 
Social. Eis aqui um benefício importantíssimo que destaca de forma relevante a importância do 
monitoramento e da avaliação das ações e políticas públicas. Assim, ao oportunizar novos olhares 
acerca da realidade, a gestão social ganha espaço privilegiado como protagonista na oferta de 
benefícios que à luz da realidade cotidiana se expressa por melhores condições de vida e atende 
aos anseios da população.
Corrobora Kauchakje (2009) quando nos lembra de que a gestão pública possui sua história ancorada 
no princípio de atender às demandas da população e pode advir tanto do setor público quanto da 
iniciativa da sociedade civil: 
Gestão social é a gestão de ações sociais públicas para o atendimento de 
necessidades e demandas dos cidadãos, no sentido de garantir os seus 
direitos por meio de políticas, programas, projetos e serviços sociais [...] 
é a gestão de ações sociais públicas, o que não significa exclusivamente 
ações sociais do Estado, pois estas podem tanto ser realizadas por órgãos do 
governo dos municípios, dos Estados e da União como pelas organizações da 
sociedade civil (KAUCHAKJE, 2009, p. 22).
Setor público 
(Estado) Sociedade civil
Ações sociais 
públicas
Figura 19 – Divisão das ações sociais públicas
Assim, a gestão pública, segundo a autora, deve percorrer seu caminho objetivando o atendimento 
das demandas. Nesse sentido, Kauchakje (2009, p. 23) considera que a gestão social deve levar em 
conta que “Necessidades são próprias da condição humana, ou seja, os homens necessitam de alimento, 
abrigo, reprodução e saúde, além de autonomia e liberdade”.
Demandas são produtos das relações sociais e estão ligadas às carências. Por exemplo, todas as 
pessoas têm necessidade, regularmente, de alimento de qualidade, no entanto algumas são carentes 
de alimentos, e isso decorre das estruturas econômicas e das políticas nacionais e internacionais que 
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causam graves desigualdades no tocante à distribuição da riqueza produzida socialmente, bem como ao 
acesso a esta e aos recursos sociais, culturais e naturais.
Nessa medida, podemos dizer que a gestão social, ao assumir seu papel de mediadora entre o 
Estado e o sujeito de direito, faz cumprir sua função social, logo traz benefícios diretos à sociedade. 
Cabe acrescentar que esses benefícios são oriundos de processos de monitoramento e avaliação 
comprometidos com o bem comum.
É um processo que permite reflexões que levam ao entendimento não somente dos aspectos do 
ponto de vista descritivo, mas, sobretudo, das consequências oriundas da ação propositiva. Isso é de 
extrema relevância e se configura como um benefício direto aos envolvidos. Trata-se de um momento 
privilegiado em que é possível confirmar a presença da efetividade como categoria que direciona um 
todo permeado de tensões, contradições e, sem dúvida, potencialidades. A presença do monitoramento 
e da avaliação torna possível perceber como a ação se processou e, assim, dota a realidade social de 
informações e conteúdos que traduzem os ganhos que esta conquistou. Essa conquista é de todos, ou 
seja, a realidade deve ser entendida como um todo articulado. As reflexões advindas da vida concreta, 
bem como os saltos qualitativos experienciados pelos sujeitos sociais são o que traduz o objetivo da 
profissão como projeto ético-político. 
Ações sociais comprometidas com a alteração da realidade social que tem um rebatimento 
direto na vida do cidadão qualificam a sociedade e são condutoras de promoção social, prevenção 
de situações de risco e vulnerabilidade social e, assim, oportunizam o enfrentamento das expressões 
da Questão Social.
A Política Nacional da Assistência Social converte ações que são empreendidas para reduzir o risco 
e a vulnerabilidade social por meio de serviços advindos de programas e projetos. As ações sociais 
empreendidas pela PNAS têm como meta o atendimento de demandas que visem à prevenção, à 
promoção e à proteção dos sujeitos. Destaca-se ainda a presença constante da preocupação em ofertaratendimento aos aspectos emergenciais da vida do sujeito, seja por meio de ações de oferecimento 
de recursos, seja por meio do empreendimento de mecanismos que garantam liberdade, autonomia e 
pertencimento ao cidadão.
No texto a seguir, você conhecerá algumas ações sociais. 
Benefício de Prestação Continuada (BPC): concessão e revisão de benefício 
assistencial não contributivo no valor de um salário mínimo no caso dos idosos acima de 
70 anos e de pessoas com deficiência com renda per capita de até um quarto de salário e 
que comprovem não ter condições de prover sua própria subsistência ou de tê-la provida 
por sua família.
Transferência de renda: ações relacionadas à transferência de renda por meio de bens 
e benefícios, sem necessidade de contrapartida, mas por critérios de elegibilidade vinculada 
à renda e ao acesso familiar.
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Atendimento sociofamiliar: atendimento aos grupos familiares em situação de 
vulnerabilidade social, possibilitando-lhes a construção de vínculos sociais e a participação 
em projetos coletivos.
Enfrentamento da fome: ações relativas à segurança alimentar no que diz 
respeito à qualidade nutricional, à frequência e à continuidade da oferta alimentar e 
à segurança sanitária.
Capacitação cidadã e profissional: ações ligadas ao aprendizado, à formação cidadã 
e à capacitação profissional.
Geração de trabalho e renda: ações desenvolvidas de forma articulada entre grupos 
sociais e instituições para a geração de espaços de trabalho e de obtenção de renda.
Grupos de produção: ações que promovem o incentivo à organização de grupos 
com propostas de desenvolvimento econômico por meio de diversas modalidades 
(cooperativismo, economia solidária etc.) na perspectiva da autonomia e da 
solidariedade política.
Abordagem de rua: atendimento que busca estabelecer contato direto da equipe 
técnica com pessoas que morem, trabalhem ou tenham trajetória na rua, permitindo 
conhecer as condições em que vivem as relações sociais estabelecidas. Os objetivos 
são inseri-las em grupos e instituições e, quando possível, restabelecer os vínculos 
familiares e comunitários com a construção de projeto de vida que viabilize uma 
proposta de saída definitiva das ruas.
Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (Peti): programa de 
transferência de renda para famílias de crianças e adolescentes com idade inferior 
a 16 anos envolvidos no trabalho precoce, em atividades consideradas perigosas, 
penosas, insalubres ou degradantes. Com o objetivo de retirar esses meninos e 
meninas da situação de trabalho, há a concessão de uma bolsa às famílias, as quais, 
em contrapartida, devem matricular seus filhos na escola e também inscrevê-los em 
ações socioeducativas, assegurando, assim, o direito à educação e ao desenvolvimento 
integral.
Serviço de atenção às vítimas de violência, abuso e exploração sexual e comercial: 
serviços de atendimento social, psicológico e jurídico destinados a crianças, adolescentes e 
mulheres (bem como aos seus familiares) vítimas de violência, abuso e exploração sexual e 
comercial, violência doméstica.
Projetos de enfrentamento à pobreza: projetos que se articulam a outras ações 
da rede social com o objetivo de implementar ações cooperativas no âmbito da 
erradicação da fome, da educação (com a erradicação do analfabetismo e a melhora da 
qualidade de ensino), da qualificação profissional, da criação do emprego e da geração 
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de trabalho e renda, bem como de promover estratégias para o desenvolvimento local, 
com a participação dos sujeitos envolvidos. Tais ações têm uma dimensão política, 
intencionando especialmente a não naturalização da pobreza e a inserção desse 
aspecto na agenda das políticas públicas.
Centro-Dia para idoso e pessoa com deficiência: local de atendimento integral 
a pessoas idosas ou com deficiência que, por suas carências familiares, sensitivas e 
funcionais, não podem ser atendidas em seus próprios domicílios ou por serviços 
comunitários.
Centro de Referência de Assistência Social (Cras): unidade descentralizada para o 
atendimento da população que vive em áreas com maior concentração de pobreza. São 
realizadas atividades de proteção social básica com o objetivo de inclusão em políticas e 
programas sociais, bem como de fortalecimento dos vínculos de pertencimento comunitário 
e familiar.
Albergue: oferece acolhimento provisório para pessoas em situação de rua. Provê 
orientação socioeducativa, regularização de documentos, cuidados primários e inserção 
à rede social. Em condição de consentimento ativo e esclarecido, visa contribuir na 
reconstrução de projetos de vida e de vínculos de pertencimento.
Fonte: Kauchakje (2009, p. 111). 
Assim, por vários mecanismos, as ações sociais podem ocorrer tanto com origem nas ações do 
espaço público quanto no âmbito da sociedade civil organizada. 
Dois programas importantes são o Peti (Programa de Erradicação do Trabalho Infantil) e o Bolsa 
Família, descritos a seguir.
O Peti, em parceria com diversos setores dos governos Estaduais e municipais e da 
sociedade civil, busca eliminar o trabalho infantil e manter as crianças e adolescentes na 
escola por meio da complementação da renda familiar. 
[...]
O Bolsa Família é um programa que está pautado na articulação de três dimensões 
essenciais à superação da fome e da pobreza: 
• promoção do alívio imediato da pobreza, por meio da transferência direta de renda 
à família; 
• reforço ao exercício de direitos sociais básicos nas áreas de Saúde e Educação, por 
meio do cumprimentos das condicionalidades, o que contribui para que as famílias 
consigam romper o ciclo da pobreza entre gerações; 
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Unidade III
• coordenação de programas complementares, que têm por objetivo o desenvolvimento 
das famílias, de modo que os beneficiários consigam superar a situação de 
vulnerabilidade e pobreza.
Fonte: BOLSA... ([s.d.]); PETI... ([s.d]).
 Saiba mais
Conheça mais sobre esses programas em: 
BOLSA família. Caixa, Brasília, [s.d.]. Disponível em: <http://www1.caixa.
gov.br/gov/gov_social/municipal/distribuicao_servicos_cidadao/bolsa_
familia/saiba_mais.asp>. Acesso em: 15 out. 2013. 
PETI – Programa de Erradicação do Trabalho Infantil. Caixa, Brasília, [s.d.]. 
Disponível em: <http://www1.caixa.gov.br/gov/gov_social/municipal/
distribuicao_servicos_cidadao/peti/saiba_mais.asp>. Acesso em: 15 out. 2013.
Ao se comprometer com a realidade social e os sujeitos que a ela pertencem, a gestão social qualifica-
se empreendendo modificações que se consubstanciam em ações renovadas.
Nesse sentido, a socialização dos resultados e dos processos de avaliação retroalimenta e inspira 
novos olhares para a realidade, fazendo, assim, cumprir um dos objetivos da gestão social. 
Cabe destacar a importância do cuidado na leitura dos resultados, ou seja, os dados devem ser 
efetivamente avaliados à luz de sua realidade, distante de interesses individuais e particulares que, 
dotados de intenções de vaidade, nem sempre permitem que o real apareça. 
Não raro, munidos de nosso compromisso profissional, será necessário tensionar espaços, para que 
o real seja publicizado com base na verdade e na ética. Para isso, é de fundamental importância a 
necessária apropriação do real por parte dos sujeitos. 
Como foi possível perceber, as ações de monitoramento e avaliação são essenciais

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