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93 Re vi sã o: V irg ín ia - D ia gr am aç ão : L éo - 0 2/ 07 /2 01 2 Direito nas organizações Unidade III 7 TribuTos dos esTados e dos municípios 7.1 imposto sobre transmissão causa mortis e doação, de quaisquer bens ou direitos (iTcmd) Competência Disciplina a Constituição Federal, no seu artigo 155, I, o seguinte: Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 3, de 1993): I – transmissão causa mortis e doação, de quaisquer bens ou direitos; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 3, de 1993). Função A função do imposto sobre transmissão causa mortis e doação, de quaisquer bens ou direitos (ITCMD) é fiscal, vale dizer que o objetivo do legislador é a arrecadação propriamente dita. Fato gerador Ao falar do fato gerador do imposto sobre transmissão causa mortis e doação, de quaisquer bens ou direitos (ITCMD), devemos notar que o Código Tributário Nacional deve ser interpretado de acordo com a Constituição Federal de 1988, uma vez que, por ser anterior a Carta Magna, disciplina na mesma seção um imposto de competência do estado e outro do município, assim sugere Alexandre (2007, p. 529): O Código Tributário Nacional disciplina o imposto nos arts. 35 a 42 e deve ser interpretado à luz da atual Constituição, visto que a redação do CTN trata de um único imposto de transmissão, de competência estadual, incidente exclusivamente sobre a transmissão de bens imóveis e de direitos a eles relativos. Com a Constituição Federal de 1988, previu–se a instituição de dois impostos de transmissão, um estadual (ITCMD) e outro municipal (ITBI), sujeitando à incidência do primeiro as transmissões a título gratuito (causa mortis e doação) e do segundo as transmissões a título oneroso. 94 Unidade III Re vi sã o: V irg ín ia - D ia gr am aç ão : L éo - 0 2/ 07 /2 01 2 Assim, o fato gerador do imposto é a transmissão causa mortis e doação, de quaisquer bens ou direitos. Observa–se da leitura dos artigos 36 e 37 do código, a seguir transcrito, que, em algumas hipóteses, não deve haver incidência do imposto ora apresentado. Art. 36. Ressalvado o disposto no artigo seguinte, o imposto não incide sobre a transmissão dos bens ou direitos referidos no artigo anterior: I – quando efetuada para sua incorporação ao patrimônio de pessoa jurídica em pagamento de capital nela subscrito; II – quando decorrente da incorporação ou da fusão de uma pessoa jurídica por outra ou com outra. Parágrafo único. O imposto não incide sobre a transmissão aos mesmos alienantes, dos bens e direitos adquiridos na forma do inciso I deste artigo, em decorrência da sua desincorporação do patrimônio da pessoa jurídica a que foram conferidos. Art. 37. O disposto no artigo anterior não se aplica quando a pessoa jurídica adquirente tenha como atividade preponderante a venda ou locação de propriedade imobiliária ou a cessão de direitos relativos à sua aquisição. § 1º Considera–se caracterizada a atividade preponderante referida neste artigo quando mais de 50% (cinquenta por cento) da receita operacional da pessoa jurídica adquirente, nos 2 (dois) anos anteriores e nos 2 (dois) anos subsequentes à aquisição, decorrer de transações mencionadas neste artigo. § 2º Se a pessoa jurídica adquirente iniciar suas atividades após a aquisição, ou menos de 2 (dois) anos antes dela, apurar–se–á a preponderância referida no parágrafo anterior levando em conta os 3 (três) primeiros anos seguintes à data da aquisição. § 3º Verificada a preponderância referida neste artigo, tornar–se–á devido o imposto, nos termos da lei vigente à data da aquisição, sobre o valor do bem ou direito nessa data. § 4º O disposto neste artigo não se aplica à transmissão de bens ou direitos, quando realizada em conjunto com a da totalidade do patrimônio da pessoa jurídica alienante. Para saber qual o Estado é competente para cobrar o referido imposto a Constituição Federal é bastante elucidativa, em seu artigo 155, § 1.º: 95 Re vi sã o: V irg ín ia - D ia gr am aç ão : L éo - 0 2/ 07 /2 01 2 Direito nas organizações Art. 155. [...] § 1.º O imposto previsto no inciso I (redação dada pela Emenda Constitucional nº 3, de 1993): I – relativamente a bens imóveis e respectivos direitos, compete ao estado da situação do bem, ou ao Distrito Federal; II – relativamente a bens móveis, títulos e créditos, compete ao Estado onde se processar o inventário ou arrolamento, ou tiver domicílio o doador, ou ao Distrito Federal; III – terá competência para sua instituição regulada por Lei Complementar: a) se o doador tiver domicilio ou residência no exterior; b) se o de cujus possuía bens, era residente ou domiciliado ou teve o seu inventário processado no exterior. Base de cálculo O imposto sobre transmissão causa mortis e doação, de quaisquer bens ou direitos (ITCMD), tem a sua base de cálculo prevista no artigo 38 do Código Tributário Nacional: Art. 38. A base de cálculo do imposto é o valor venal dos bens ou direitos transmitidos. Vale frisar que o valor venal do bem não pode ser superior ao valor de mercado. Alíquota As alíquotas do imposto sobre transmissão causa mortis e doação, de quaisquer bens ou direitos (ITCMD), devem respeitar o previsto no artigo 155, § 1.º, da Carta Magna: Art. 155. [...] § 1.º O imposto previsto no inciso I (redação dada pela Emenda Constitucional nº 3, de 1993): IV – terá suas alíquotas máximas fixadas pelo Senado Federal. 96 Unidade III Re vi sã o: V irg ín ia - D ia gr am aç ão : L éo - 0 2/ 07 /2 01 2 Verifica–se que não é outra a dicção do artigo 39 da Lei Complementar Tributária, o Código Tributário Nacional: Art. 39. A alíquota do imposto não excederá os limites fixados em resolução do Senado Federal, que distinguirá, para efeito de aplicação de alíquota mais baixa, as transmissões que atendam à política nacional de habitação. Contribuinte No modesto entendimento do autor, o Código Tributário Nacional deveria ter determinado quem é o contribuinte do imposto sobre transmissão causa mortis e doação, de quaisquer bens ou direitos (ITCMD), o que não foi feito, deixando para os estados disciplinarem a matéria, vejamos: Art. 42. Contribuinte do imposto é qualquer das partes na operação tributada, como dispuser a lei. Lançamento O lançamento do imposto sobre transmissão causa mortis e doação, de quaisquer bens ou direitos (ITCMD), é por declaração conforme Machado (2009, p. 361): O lançamento desse imposto é feito, em princípio, por declaração. O contribuinte oferece ao fisco os elementos necessários ao respectivo cálculo. Vale sempre a lembrança de que, na hipótese de o contribuinte não apresentar a declaração, o poder público pode fazer o lançamento de ofício. 7.2 imposto sobre operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação Competência A Constituição Federal, no seu artigo 155, II, apresenta: Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 3, de 1993). [...] II – operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação, ainda que as operações e as prestações se iniciem no exterior (redação dada pela Emenda Constitucional nº 3, de 1993). 97 Re vi sã o: V irg ín ia - D ia gr am aç ão : L éo - 0 2/ 07 /2 01 2 Direito nas organizações observação O transporte municipalnão é tributado pelo ICMS. Função A função do imposto sobre operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação (ICMS) é fiscal, sendo importante fonte de arrecadação para os estados. Apesar de sua função, nos dias atuais, ser eminentemente fiscal, a Constituição determina que: Art. 155. [...] § 2.º O imposto previsto no inciso II atenderá ao seguinte (redação dada pela Emenda Constitucional nº 3, de 1993): [...] III – poderá ser seletivo, em função da essencialidade das mercadorias e dos serviços. Nota–se, da leitura do dispositivo legal, que o constituinte autorizou a função extrafiscal para o ICMS. Fato gerador O fato gerador do ICMS vem apresentado na Lei Complementar 87, de 13 de setembro 1996, assim: Art. 2°. O imposto incide sobre: I – operações relativas à circulação de mercadorias, inclusive o fornecimento de alimentação e bebidas em bares, restaurantes e estabelecimentos similares; II – prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal, por qualquer via, de pessoas, bens, mercadorias ou valores; III – prestações onerosas de serviços de comunicação, por qualquer meio, inclusive a geração, a emissão, a recepção, a transmissão, a retransmissão, a repetição e a ampliação de comunicação de qualquer natureza; IV – fornecimento de mercadorias com prestação de serviços não compreendidos na competência tributária dos municípios; 98 Unidade III Re vi sã o: V irg ín ia - D ia gr am aç ão : L éo - 0 2/ 07 /2 01 2 V – fornecimento de mercadorias com prestação de serviços sujeitos ao imposto sobre serviços, de competência dos municípios, quando a Lei Complementar aplicável expressamente o sujeitar à incidência do imposto estadual. § 1º. O imposto incide também: I – sobre a entrada de mercadoria ou bem importados do exterior, por pessoa física ou jurídica, ainda que não seja contribuinte habitual do imposto, qualquer que seja a sua finalidade (redação dada pela Lcp 114, de 16.12.2002); II – sobre o serviço prestado no exterior ou cuja prestação se tenha iniciado no exterior; III – sobre a entrada, no território do Estado destinatário, de petróleo, inclusive lubrificantes e combustíveis líquidos e gasosos dele derivados, e de energia elétrica, quando não destinados à comercialização ou à industrialização, decorrentes de operações interestaduais, cabendo o imposto ao Estado onde estiver localizado o adquirente. § 2º. A caracterização do fato gerador independe da natureza jurídica da operação que o constitua. O artigo 3° da mencionada lei dispõe sobre as não incidências do ICMS: Art. 3º. O imposto não incide sobre: I – operações com livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão; II – operações e prestações que destinem ao exterior mercadorias, inclusive produtos primários e produtos industrializados semielaborados, ou serviços; III – operações interestaduais relativas a energia elétrica e petróleo, inclusive lubrificantes e combustíveis líquidos e gasosos dele derivados, quando destinados à industrialização ou à comercialização; IV – operações com ouro, quando definido em lei como ativo financeiro ou instrumento cambial; V – operações relativas a mercadorias que tenham sido ou que se destinem a ser utilizadas na prestação, pelo próprio autor da saída, de serviço de qualquer natureza definido em Lei Complementar como sujeito ao imposto 99 Re vi sã o: V irg ín ia - D ia gr am aç ão : L éo - 0 2/ 07 /2 01 2 Direito nas organizações sobre serviços, de competência dos municípios, ressalvadas as hipóteses previstas na mesma Lei Complementar; VI – operações de qualquer natureza de que decorra a transferência de propriedade de estabelecimento industrial, comercial ou de outra espécie; VII – operações decorrentes de alienação fiduciária em garantia, inclusive a operação efetuada pelo credor em decorrência do inadimplemento do devedor; VIII – operações de arrendamento mercantil, não compreendida a venda do bem arrendado ao arrendatário; IX – operações de qualquer natureza de que decorra a transferência de bens móveis salvados de sinistro para companhias seguradoras. Parágrafo único. Equipara-se às operações de que trata o inciso II a saída de mercadoria realizada com o fim específico de exportação para o exterior, destinada a: I – empresa comercial exportadora, inclusive tradings ou outro estabelecimento da mesma empresa; II – armazém alfandegado ou entreposto aduaneiro. A Constituição Federal determina as não incidências tributárias do ICMS, no artigo 155, o que demonstra a harmonia dessa com a Lei Complementar 87, vejamos: Art.155. [...] X – não incidirá: a) sobre operações que destinem mercadorias para o exterior, nem sobre serviços prestados a destinatários no exterior, assegurada a manutenção e o aproveitamento do montante do imposto cobrado nas operações e prestações anteriores (redação dada pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003); b) sobre operações que destinem a outros estados petróleo, inclusive lubrificantes, combustíveis líquidos e gasosos dele derivados, e energia elétrica; 100 Unidade III Re vi sã o: V irg ín ia - D ia gr am aç ão : L éo - 0 2/ 07 /2 01 2 c) sobre o ouro, nas hipóteses definidas no art. 153, § 5º; d) nas prestações de serviço de comunicação nas modalidades de radiodifusão sonora e de sons e imagens de recepção livre e gratuita (incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003). Para exata compreensão do fato gerador do ICMS, sábias são as definições de circulação de mercadorias, prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de serviços comunicação apresentadas por Costa (2009, pp. 375–376): A ideia de “circulação de mercadoria” traduz negócio jurídico que tenha por objeto a transferência de propriedade do bem. Não se trata, à evidência, de mera circulação física. Mercadoria, por sua vez, é o conceito extraído do Direito Comercial, a significar bem móvel sujeito à mercancia. Continua a autora: Primeiro, as prestações referentes aos serviços de transporte interestadual e intermunicipal, por qualquer meio – rodoviário, aéreo, marítimo, lacustre. A materialidade diz com a prestação de tais serviços a terceiro, sob regime de Direito Privado, com o objetivo de lucro. Alcança o deslocamento de pessoas ou cargas, a título oneroso, por qualquer meio, inclusive oleodutos, esteiras rolantes etc. Conclui a autora: Também as prestações de serviços de comunicação estão sujeitas à incidência do ICMS. Frise-se que o que se tributa é a prestação onerosa de serviços de comunicação. A prestação de serviços de telefonia, por exemplo, está compreendida nessa materialidade. Base de cálculo A base de cálculo do ICMS é o valor da operação ou o valor da prestação de serviços, com as limitações impostas pelo texto constitucional, que determina: Art. 155. [...] XI – não compreenderá, em sua base de cálculo, o montante do imposto sobre produtos industrializados, quando a operação, realizada entre contribuintes 101 Re vi sã o: V irg ín ia - D ia gr am aç ão : L éo - 0 2/ 07 /2 01 2 Direito nas organizações e relativa a produto destinado à industrialização ou à comercialização, configure fato gerador dos dois impostos. A Lei Complementar 87 dispõe que a base de cálculo do ICMS é: Art. 13. A base de cálculo do imposto é: I – na saída de mercadoria prevista nos incisos I, III e IV do art. 12, o valor da operação; II – na hipótese do inciso II do art. 12, o valor da operação, compreendendomercadoria e serviço; III – na prestação de serviço de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação, o preço do serviço; IV – no fornecimento de que trata o inciso VIII do art. 12; a) o valor da operação, na hipótese da alínea a; b) o preço corrente da mercadoria fornecida ou empregada, na hipótese da alínea b; V – na hipótese do inciso IX do art. 12, a soma das seguintes parcelas: a) o valor da mercadoria ou bem constante dos documentos de importação, observado o disposto no art. 14; b) imposto de importação; c) imposto sobre produtos industrializados; d) imposto sobre operações de câmbio; e) quaisquer outros impostos, taxas, contribuições e despesas aduaneiras (redação dada pela Lcp 114, de 16.12.2002); VI – na hipótese do inciso X do art. 12, o valor da prestação do serviço, acrescido, se for o caso, de todos os encargos relacionados com a sua utilização; VII – no caso do inciso XI do art. 12, o valor da operação acrescido do valor dos impostos de importação e sobre produtos industrializados e de todas as despesas cobradas ou debitadas ao adquirente; 102 Unidade III Re vi sã o: V irg ín ia - D ia gr am aç ão : L éo - 0 2/ 07 /2 01 2 VIII – na hipótese do inciso XII do art. 12, o valor da operação de que decorrer a entrada; IX – na hipótese do inciso XIII do art. 12, o valor da prestação no estado de origem. § 1º. Integra a base de cálculo do imposto, inclusive na hipótese do inciso V do caput deste artigo: (redação dada pela Lcp 114, de 16.12.2002) I – o montante do próprio imposto, constituindo o respectivo destaque mera indicação para fins de controle; II – o valor correspondente a: a) seguros, juros e demais importâncias pagas, recebidas ou debitadas, bem como descontos concedidos sob condição; b) frete, caso o transporte seja efetuado pelo próprio remetente ou por sua conta e ordem e seja cobrado em separado. § 2º. Não integra a base de cálculo do imposto o montante do imposto sobre produtos industrializados, quando a operação, realizada entre contribuintes e relativa a produto destinado à industrialização ou à comercialização, configurar fato gerador de ambos os impostos. § 3º. No caso do inciso IX, o imposto a pagar será o valor resultante da aplicação do percentual equivalente à diferença entre a alíquota interna e a interestadual, sobre o valor ali previsto. § 4º. Na saída de mercadoria para estabelecimento localizado em outro Estado, pertencente ao mesmo titular, a base de cálculo do imposto é: I – o valor correspondente à entrada mais recente da mercadoria; II – o custo da mercadoria produzida, assim entendida a soma do custo da matéria-prima, material secundário, mão de obra e acondicionamento; III – tratando-se de mercadorias não industrializadas, o seu preço corrente no mercado atacadista do estabelecimento remetente. § 5º. Nas operações e prestações interestaduais entre estabelecimentos de contribuintes diferentes, caso haja reajuste do valor depois da remessa ou da prestação, a diferença fica sujeita ao imposto no estabelecimento do remetente ou do prestador. 103 Re vi sã o: V irg ín ia - D ia gr am aç ão : L éo - 0 2/ 07 /2 01 2 Direito nas organizações Art. 14. O preço de importação expresso em moeda estrangeira será convertido em moeda nacional pela mesma taxa de câmbio utilizada no cálculo do imposto de importação, sem qualquer acréscimo ou devolução posterior se houver variação da taxa de câmbio até o pagamento efetivo do preço. Parágrafo único. O valor fixado pela autoridade aduaneira para base de cálculo do imposto de importação, nos termos da lei aplicável, substituirá o preço declarado. Art. 15. Na falta do valor a que se referem os incisos I e VIII do art. 13, a base de cálculo do imposto é: I – o preço corrente da mercadoria, ou de seu similar, no mercado atacadista do local da operação ou, na sua falta, no mercado atacadista regional, caso o remetente seja produtor, extrator ou gerador, inclusive de energia; II – o preço FOB estabelecimento industrial à vista, caso o remetente seja industrial; III – o preço FOB estabelecimento comercial à vista, na venda a outros comerciantes ou industriais, caso o remetente seja comerciante. § 1º Para aplicação dos incisos II e III do caput, adotar-se-á sucessivamente: I – o preço efetivamente cobrado pelo estabelecimento remetente na operação mais recente; II – caso o remetente não tenha efetuado venda de mercadoria, o preço corrente da mercadoria ou de seu similar no mercado atacadista do local da operação ou, na falta deste, no mercado atacadista regional. § 2º Na hipótese do inciso III do caput, se o estabelecimento remetente não efetue vendas a outros comerciantes ou industriais ou, em qualquer caso, se não houver mercadoria similar, a base de cálculo será equivalente a setenta e cinco por cento do preço de venda corrente no varejo. Art. 16. Nas prestações sem preço determinado, a base de cálculo do imposto é o valor corrente do serviço, no local da prestação. Art. 17. Quando o valor do frete, cobrado por estabelecimento pertencente ao mesmo titular da mercadoria ou por outro estabelecimento de empresa que com aquele mantenha relação de interdependência, exceder os níveis normais de preços em vigor, no mercado local, para serviço semelhante, 104 Unidade III Re vi sã o: V irg ín ia - D ia gr am aç ão : L éo - 0 2/ 07 /2 01 2 constantes de tabelas elaboradas pelos órgãos competentes, o valor excedente será havido como parte do preço da mercadoria. No artigo 8° da Lei Complementar comentada, é apresentada a base de cálculo nos casos de substituição tributária: Art. 8º A base de cálculo, para fins de substituição tributária, será: I – em relação às operações ou prestações antecedentes ou concomitantes, o valor da operação ou prestação praticado pelo contribuinte substituído; II – em relação às operações ou prestações subsequentes, obtida pelo somatório das parcelas seguintes: a) o valor da operação ou prestação própria realizada pelo substituto tributário ou pelo substituído intermediário; b) o montante dos valores de seguro, de frete e de outros encargos cobrados ou transferíveis aos adquirentes ou tomadores de serviço; c) a margem de valor agregado, inclusive lucro, relativa às operações ou prestações subsequentes. [...] § 2º. Tratando-se de mercadoria ou serviço cujo preço final a consumidor, único ou máximo, seja fixado por órgão público competente, a base de cálculo do imposto, para fins de substituição tributária, é o referido preço por ele estabelecido. § 3º. Existindo preço final a consumidor sugerido pelo fabricante ou importador, poderá a lei estabelecer como base de cálculo este preço. § 4º. A margem a que se refere a alínea c do inciso II do caput será estabelecida com base em preços usualmente praticados no mercado considerado, obtidos por levantamento, ainda que por amostragem ou através de informações e outros elementos fornecidos por entidades representativas dos respectivos setores, adotando-se a média ponderada dos preços coletados, devendo os critérios para sua fixação ser previstos em l. § 5º. O imposto a ser pago por substituição tributária, na hipótese do inciso II do caput, corresponderá à diferença entre o valor resultante da aplicação da alíquota prevista para as operações ou prestações internas do estado de 105 Re vi sã o: V irg ín ia - D ia gr am aç ão : L éo - 0 2/ 07 /2 01 2 Direito nas organizações destino sobre a respectiva base de cálculo e o valor do imposto devido pela operação ou prestação própria do substituto. § 6º. Em substituição ao dispostono inciso II do caput, a base de cálculo em relação às operações ou prestações subsequentes poderá ser o preço a consumidor final usualmente praticado no mercado considerado, relativamente ao serviço, à mercadoria ou sua similar, em condições de livre concorrência, adotando-se para sua apuração as regras estabelecidas no § 4º deste artigo (redação dada pela Lcp 114, de 16.12.2002). Da não cumulatividade Ao quantificar o tributo, é imprescindível falar do princípio da não cumulatividade, que rege o ICMS e que vem apresentado no artigo 155, § 2.º, da Constituição Federal: Art. 155. [...] § 2.º O imposto previsto no inciso II atenderá ao seguinte (redação dada pela Emenda Constitucional nº 3, de 1993): I – será não–cumulativo, compensando–se o que for devido em cada operação relativa à circulação de mercadorias ou prestação de serviços com o montante cobrado nas anteriores pelo mesmo ou outro estado ou pelo Distrito Federal; II – a isenção ou não incidência, salvo determinação em contrário da legislação: a) não implicará crédito para compensação com o montante devido nas operações ou prestações seguintes; b) acarretará a anulação do crédito relativo às operações anteriores. Ao examinar a Lei Complementar 87/96, quando se refere ao princípio da não cumulatividade, verifica-se que é muito detalhado o assunto, o que faz gerar uma série de discussões no Poder Judiciário sobre esse ditame constitucional: Art. 19. O imposto é não cumulativo, compensando–se o que for devido em cada operação relativa à circulação de mercadorias ou prestação de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação com o montante cobrado nas anteriores pelo mesmo ou por outro estado. 106 Unidade III Re vi sã o: V irg ín ia - D ia gr am aç ão : L éo - 0 2/ 07 /2 01 2 Art. 20. Para a compensação a que se refere o artigo anterior, é assegurado ao sujeito passivo o direito de creditar–se do imposto anteriormente cobrado em operações de que tenha resultado a entrada de mercadoria, real ou simbólica, no estabelecimento, inclusive a destinada ao seu uso ou consumo ou ao ativo permanente, ou o recebimento de serviços de transporte interestadual e intermunicipal ou de comunicação. § 1º Não dão direito a crédito as entradas de mercadorias ou utilização de serviços resultantes de operações ou prestações isentas ou não tributadas, ou que se refiram a mercadorias ou serviços alheios à atividade do estabelecimento. § 2º Salvo prova em contrário, presumem-se alheios à atividade do estabelecimento os veículos de transporte pessoal. § 3º É vedado o crédito relativo a mercadoria entrada no estabelecimento ou a prestação de serviços a ele feita: I – para integração ou consumo em processo de industrialização ou produção rural, quando a saída do produto resultante não for tributada ou estiver isenta do imposto, exceto se tratar–se de saída para o exterior; II – para comercialização ou prestação de serviço, quando a saída ou a prestação subsequente não forem tributadas ou estiverem isentas do imposto, exceto as destinadas ao exterior. § 4º Deliberação dos estados, na forma do art. 28, poderá dispor que não se aplique, no todo ou em parte, a vedação prevista no parágrafo anterior. § 5º Para efeito do disposto no caput deste artigo, relativamente aos créditos decorrentes de entrada de mercadorias no estabelecimento destinadas ao ativo permanente, deverá ser observado (redação dada pela LCP nº 102, de 11.7.2000): I – a apropriação será feita à razão de um quarenta e oito avos por mês, devendo a primeira fração ser apropriada no mês em que ocorrer a entrada no estabelecimento (inciso incluído pela LCP nº 102, de 11.7.2000); II – em cada período de apuração do imposto, não será admitido o creditamento de que trata o inciso I, em relação à proporção das operações de saídas ou prestações isentas ou não tributadas sobre o total das operações de saídas ou prestações efetuadas no mesmo período (inciso incluído pela LCP nº 102, de 11.7.2000); 107 Re vi sã o: V irg ín ia - D ia gr am aç ão : L éo - 0 2/ 07 /2 01 2 Direito nas organizações III – para aplicação do disposto nos incisos I e II deste parágrafo, o montante do crédito a ser apropriado será obtido multiplicando-se o valor total do respectivo crédito pelo fator igual a 1/48 (um quarenta e oito avos) da relação entre o valor das operações de saídas e prestações tributadas e o total das operações de saídas e prestações do período, equiparando–se às tributadas, para fins deste inciso, as saídas e prestações com destino ao exterior ou as saídas de papel destinado à impressão de livros, jornais e periódicos (redação dada pela Lei Complementar nº 120, de 2005); IV – o quociente de um quarenta e oito avos será proporcionalmente aumentado ou diminuído, pro rata die, caso o período de apuração seja superior ou inferior a um mês (inciso incluído pela LCP nº 102, de 11.7.2000); V – na hipótese de alienação dos bens do ativo permanente, antes de decorrido o prazo de quatro anos contado da data de sua aquisição, não será admitido, a partir da data da alienação, o creditamento de que trata este parágrafo em relação à fração que corresponderia ao restante do quadriênio (inciso incluído pela LCP nº 102, de 11.7.2000); VI – serão objeto de outro lançamento, além do lançamento em conjunto com os demais créditos, para efeito da compensação prevista neste artigo e no art. 19, em livro próprio ou de outra forma que a legislação determinar, para aplicação do disposto nos incisos I a V deste parágrafo (inciso incluído pela LCP nº 102, de 11.7.2000) e; VII – ao final do quadragésimo oitavo mês contado da data da entrada do bem no estabelecimento, o saldo remanescente do crédito será cancelado (inciso incluído pela LCP nº 102, de 11.7.2000). § 6º Operações tributadas, posteriores a saídas de que trata o § 3º, dão ao estabelecimento que as praticar direito a creditar–se do imposto cobrado nas operações anteriores às isentas ou não tributadas sempre que a saída isenta ou não tributada seja relativa a: I – produtos agropecuários; II – quando autorizado em lei estadual, outras mercadorias. Art. 21. O sujeito passivo deverá efetuar o estorno do imposto de que se tiver creditado sempre que o serviço tomado ou a mercadoria entrada no estabelecimento: 108 Unidade III Re vi sã o: V irg ín ia - D ia gr am aç ão : L éo - 0 2/ 07 /2 01 2 I – for objeto de saída ou prestação de serviço não tributada ou isenta, sendo esta circunstância imprevisível na data da entrada da mercadoria ou da utilização do serviço; II – for integrada ou consumida em processo de industrialização, quando a saída do produto resultante não for tributada ou estiver isenta do imposto; III – vier a ser utilizada em fim alheio à atividade do estabelecimento; IV – vier a perecer, deteriorar-se ou extraviar-se. § 1º. (revogado pela Lcp nº 102, de 11.7.2000). § 2º. Não se estornam créditos referentes a mercadorias e serviços que venham a ser objeto de operações ou prestações destinadas ao exterior ou de operações com o papel destinado à impressão de livros, jornais e periódicos (redação dada pela Lei Complementar nº 120, de 2005). § 3º. O não creditamento ou o estorno a que se referem o § 3º do art. 20 e o caput deste artigo, não impedem a utilização dos mesmos créditos em operações posteriores, sujeitas ao imposto, com a mesma mercadoria. [...] Art. 23. O direito de crédito, para efeito de compensação com débito do imposto, reconhecido ao estabelecimento que tenha recebido as mercadorias ou para o qual tenham sido prestados os serviços, está condicionado à idoneidade da documentação e, se for o caso,à escrituração nos prazos e condições estabelecidos na legislação. Parágrafo único. O direito de utilizar o crédito extingue–se depois de decorridos cinco anos contados da data de emissão do documento. Art. 24. A legislação tributária estadual disporá sobre o período de apuração do imposto. As obrigações consideram-se vencidas na data em que termina o período de apuração e são liquidadas por compensação ou mediante pagamento em dinheiro como disposto neste artigo: I – as obrigações consideram-se liquidadas por compensação até o montante dos créditos escriturados no mesmo período mais o saldo credor de período ou períodos anteriores, se for o caso; II – se o montante dos débitos do período superar o dos créditos, a diferença será liquidada dentro do prazo fixado pelo Estado; 109 Re vi sã o: V irg ín ia - D ia gr am aç ão : L éo - 0 2/ 07 /2 01 2 Direito nas organizações III – se o montante dos créditos superar os dos débitos, a diferença será transportada para o período seguinte. Art. 25. Para efeito de aplicação do disposto no art. 24, os débitos e créditos devem ser apurados em cada estabelecimento, compensando- se os saldos credores e devedores entre os estabelecimentos do mesmo sujeito passivo localizados no Estado (redação dada pela LCP nº 102, de 11.7.2000). § 1º Saldos credores acumulados a partir da data de publicação desta Lei Complementar por estabelecimentos que realizem operações e prestações de que tratam o inciso II do art. 3º e seu parágrafo único podem ser, na proporção que estas saídas representem do total das saídas realizadas pelo estabelecimento: I – imputados pelo sujeito passivo a qualquer estabelecimento seu no Estado; II – havendo saldo remanescente, transferidos pelo sujeito passivo a outros contribuintes do mesmo Estado, mediante a emissão pela autoridade competente de documento que reconheça o crédito. § 2º Lei estadual poderá, nos demais casos de saldos credores acumulados a partir da vigência desta Lei Complementar, permitir que: I – sejam imputados pelo sujeito passivo a qualquer estabelecimento seu no estado; II – sejam transferidos, nas condições que definir, a outros contribuintes do mesmo estado. Art. 26. Em substituição ao regime de apuração mencionado nos arts. 24 e 25, a lei estadual poderá estabelecer: I – que o cotejo entre créditos e débitos se faça por mercadoria ou serviço dentro de determinado período; II – que o cotejo entre créditos e débitos se faça por mercadoria ou serviço em cada operação; III – que, em função do porte ou da atividade do estabelecimento, o imposto seja pago em parcelas periódicas e calculado por estimativa, para um determinado período, assegurado ao sujeito passivo o direito de impugná-la e instaurar processo contraditório. 110 Unidade III Re vi sã o: V irg ín ia - D ia gr am aç ão : L éo - 0 2/ 07 /2 01 2 § 1º Na hipótese do inciso III, ao fim do período, será feito o ajuste com base na escrituração regular do contribuinte, que pagará a diferença apurada, se positiva; caso contrário, a diferença será compensada com o pagamento referente ao período ou períodos imediatamente seguintes. § 2º A inclusão de estabelecimento no regime de que trata o inciso III não dispensa o sujeito passivo do cumprimento de obrigações acessórias. [ ...] Art. 32. A partir da data de publicação desta Lei Complementar: I – o imposto não incidirá sobre operações que destinem ao exterior mercadorias, inclusive produtos primários e produtos industrializados semielaborados, bem como sobre prestações de serviços para o exterior; II – darão direito de crédito, que não será objeto de estorno, as mercadorias entradas no estabelecimento para integração ou consumo em processo de produção de mercadorias industrializadas, inclusive semielaboradas, destinadas ao exterior; III – entra em vigor o disposto no Anexo integrante desta Lei Complementar. Art. 33. Na aplicação do art. 20 observar-se-á o seguinte: I – somente darão direito de crédito as mercadorias destinadas ao uso ou consumo do estabelecimento nele entradas a partir de 1º de janeiro de 2011 (redação dada pela Lcp nº 122, de 2006); II – somente dará direito a crédito a entrada de energia elétrica no estabelecimento (redação dada pela LCP nº 102, de 11.7.2000): a) quando for objeto de operação de saída de energia elétrica (alínea incluída pela LCP nº 102, de 11.7.2000); b) quando consumida no processo de industrialização (alínea incluída pela LCP nº 102, de 11.7.2000); c) quando seu consumo resultar em operação de saída ou prestação para o exterior, na proporção destas sobre as saídas ou prestações totais (Alínea incluída pela LCP nº 102, de 11.7.2000); d) a partir de 1º de janeiro de 2011, nas demais hipóteses (redação dada pela Lcp nº 122, de 2006); 111 Re vi sã o: V irg ín ia - D ia gr am aç ão : L éo - 0 2/ 07 /2 01 2 Direito nas organizações [...] III – somente darão direito de crédito as mercadorias destinadas ao ativo permanente do estabelecimento, nele entradas a partir da data da entrada desta Lei Complementar em vigor. IV – somente dará direito a crédito o recebimento de serviços de comunicação utilizados pelo estabelecimento (inciso incluído pela LCP nº 102, de 11.7.2000): a) ao qual tenham sido prestados na execução de serviços da mesma natureza (alínea incluída pela LCP nº 102, de 11.7.2000); b) quando sua utilização resultar em operação de saída ou prestação para o exterior, na proporção desta sobre as saídas ou prestações totais; e (alínea incluída pela LCP nº 102, de 11.7.2000) c) a partir de 1º de janeiro de 2011, nas demais hipóteses (redação dada pela Lcp nº 122, de 2006). Desse profundo detalhamento, Carrazza (2002, p. 256) faz uma série de críticas à mencionada norma, afirmando serem inconstitucionais alguns dispositivos, pois filiam-se à ideia de que o direito de abater não pode ser limitado pelo legislativo: Como sempre enfatizou Geraldo Ataliba, o “direito de abater” não pode ser limitado nem pelo Legislativo e nem pelo Executivo, independendo, para sua imediata fruição, do ingresso nas vias judiciais. O que estamos procurando ressaltar é que, se lhe for negado o direito de ver abatido, ao pagar o imposto, o montante de ICMS devido nas operações ou prestações anteriores, o contribuinte poderá, com base exclusivamente na Lei Maior, fazer valer seu direito constitucional à não cumulatividade. Também as autoridades fazendárias devem envidar todos os esforços para cumprir e fazer cumprir o princípio da não cumulatividade do ICMS, que se esforça na Constituição. Nesse sentido, a lição lapidar de Paulo de Barros Carvalho: “O primado de não cumulatividade é uma determinação constitucional que deve ser cumprida, assim por aqueles que dela se beneficiam, como pelos próprios agentes da administração pública. E tanto é verdade, que a prática reiterada pela aplicação cotidiana do plexo de normas relativas ao ICM e ao IPI consagra a obrigatoriedade do funcionário, encarregado de apurar a quantia devida pelo ‘contribuinte’, de considerar-lhe os créditos, ainda que contra sua vontade”. 112 Unidade III Re vi sã o: V irg ín ia - D ia gr am aç ão : L éo - 0 2/ 07 /2 01 2 Percebemos, destarte, que a não cumulatividade do ICMS só pode ser corretamente compreendida segundo os critérios estabelecidos em nossa Carta Magna. Em outros termos, no Brasil, nem lei nem atos administrativos podem livremente disciplinar este instituto. Alíquota A alíquota do ICMS é um percentual do valor da operação ou do valor da prestação de serviços. A Constituição Federal, no artigo 155, apresenta algumas regrassobre a fixação da alíquota do imposto em estudo, do seguinte modo: Art. 155. [...] IV – resolução do Senado Federal, de iniciativa do Presidente da República ou de um terço dos Senadores, aprovada pela maioria absoluta de seus membros, estabelecerá as alíquotas aplicáveis às operações e prestações, interestaduais e de exportação; V – é facultado ao Senado Federal: a) estabelecer alíquotas mínimas nas operações internas, mediante resolução de iniciativa de um terço e aprovada pela maioria absoluta de seus membros; b) fixar alíquotas máximas nas mesmas operações para resolver conflito específico que envolva interesse de estados, mediante resolução de iniciativa da maioria absoluta e aprovada por dois terços de seus membros; VI – salvo deliberação em contrário dos estados e do Distrito Federal, nos termos do disposto no inciso XII, g, as alíquotas internas, nas operações relativas à circulação de mercadorias e nas prestações de serviços, não poderão ser inferiores às previstas para as operações interestaduais; VII – em relação às operações e prestações que destinem bens e serviços ao consumidor final localizado em outro Estado, adotar-se-á: a) a alíquota interestadual, quando o destinatário for contribuinte do imposto; b) a alíquota interna, quando o destinatário não for contribuinte dele; VIII – na hipótese da alínea “a” do inciso anterior, caberá ao Estado da localização do destinatário o imposto correspondente à diferença entre a alíquota interna e a interestadual; 113 Re vi sã o: V irg ín ia - D ia gr am aç ão : L éo - 0 2/ 07 /2 01 2 Direito nas organizações [...] XII – cabe à Lei Complementar: [...] h) definir os combustíveis e lubrificantes sobre os quais o imposto incidirá uma única vez, qualquer que seja a sua finalidade, hipótese em que não se aplicará o disposto no inciso X, b (incluída pela Emenda Constitucional nº 33, de 2001); [...] § 4º Na hipótese do inciso XII, h, observar-se-á o seguinte (incluído pela Emenda Constitucional nº 33, de 2001): [...] IV – as alíquotas do imposto serão definidas mediante deliberação dos Estados e Distrito Federal, nos termos do § 2º, XII, g, observando-se o seguinte (incluído pela Emenda Constitucional nº 33, de 2001): a) serão uniformes em todo o território nacional, podendo ser diferenciadas por produto (incluído pela Emenda Constitucional nº 33, de 2001); b) poderão ser específicas, por unidade de medida adotada, ou ad valorem, incidindo sobre o valor da operação ou sobre o preço que o produto ou seu similar alcançaria em uma venda em condições de livre concorrência (incluído pela Emenda Constitucional nº 33, de 2001); c) poderão ser reduzidas e restabelecidas, não se lhes aplicando o disposto no art. 150, III, b (incluído pela Emenda Constitucional nº 33, de 2001); § 5º As regras necessárias à aplicação do disposto no § 4º, inclusive as relativas à apuração e à destinação do imposto, serão estabelecidas mediante deliberação dos estados e do Distrito Federal, nos termos do § 2º, XII, g (incluído pela Emenda Constitucional nº 33, de 2001). Contribuinte A Lei Complementar 87, ao dispor sobre o contribuinte, refere-se também ao responsável tributário, afirmando que é: Art. 4º Contribuinte é qualquer pessoa, física ou jurídica, que realize, com habitualidade ou em volume que caracterize intuito comercial, operações 114 Unidade III Re vi sã o: V irg ín ia - D ia gr am aç ão : L éo - 0 2/ 07 /2 01 2 de circulação de mercadoria ou prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação, ainda que as operações e as prestações se iniciem no exterior. Parágrafo único. É também contribuinte a pessoa física ou jurídica que, mesmo sem habitualidade ou intuito comercial (redação dada pela Lcp 114, de 16.12.2002): I – importe mercadorias ou bens do exterior, qualquer que seja a sua finalidade (redação dada pela Lcp 114, de 16.12.2002); de serviço prestado no exterior ou cuja prestação se tenha iniciado no exterior; III – adquira em licitação mercadorias ou bens apreendidos ou abandonados (redação dada pela Lcp 114, de 16.12.2002); IV – adquira lubrificantes e combustíveis líquidos e gasosos derivados de petróleo e energia elétrica oriundos de outro Estado, quando não destinados à comercialização ou à industrialização (redação dada pela LCP nº 102, de 11.7.2000). Art. 5º. Lei poderá atribuir a terceiros a responsabilidade pelo pagamento do imposto e acréscimos devidos pelo contribuinte ou responsável, quando os atos ou omissões daqueles concorrerem para o não recolhimento do tributo. Art. 6º. Lei estadual poderá atribuir a contribuinte do imposto ou a depositário a qualquer título a responsabilidade pelo seu pagamento, hipótese em que assumirá a condição de substituto tributário (redação dada pela Lcp 114, de 16.12.2002). § 1º. A responsabilidade poderá ser atribuída em relação ao imposto incidente sobre uma ou mais operações ou prestações, sejam antecedentes, concomitantes ou subsequentes, inclusive ao valor decorrente da diferença entre alíquotas interna e interestadual nas operações e prestações que destinem bens e serviços a consumidor final localizado em outro estado, que seja contribuinte do imposto. § 2º. A atribuição de responsabilidade dar–se–á em relação a mercadorias, bens ou serviços previstos em lei de cada estado (redação dada pela Lcp 114, de 16.12.2002). Lançamento O lançamento do ICMS se dá por homologação, valendo a ideia de que, na hipótese de o contribuinte não praticar os atos necessários o estado, poderá praticá-lo de ofício. 115 Re vi sã o: V irg ín ia - D ia gr am aç ão : L éo - 0 2/ 07 /2 01 2 Direito nas organizações Da Lei Complementar para o ICMS A Constituição Federal, no artigo 155, § 2º, XII, reserva para a Lei Complementar as seguintes matérias: Art.155. [...] XII – cabe à Lei Complementar: a) definir seus contribuintes; b) dispor sobre substituição tributária; c) disciplinar o regime de compensação do imposto; d) fixar, para efeito de sua cobrança e definição do estabelecimento responsável, o local das operações relativas à circulação de mercadorias e das prestações de serviços; e) excluir da incidência do imposto, nas exportações para o exterior, serviços e outros produtos além dos mencionados no inciso X, a; f) prever casos de manutenção de crédito, relativamente à remessa para outro estado e exportação para o exterior, de serviços e de mercadorias; g) regular a forma como, mediante deliberação dos estados e do Distrito Federal, isenções, incentivos e benefícios fiscais serão concedidos e revogados. h) definir os combustíveis e lubrificantes sobre os quais o imposto incidirá uma única vez, qualquer que seja a sua finalidade, hipótese em que não se aplicará o disposto no inciso X, b (incluída pela Emenda Constitucional nº 33, de 2001); i) fixar a base de cálculo, de modo que o montante do imposto a integre, também na importação do exterior de bem, mercadoria ou serviço (incluída pela Emenda Constitucional nº 33, de 2001). Questão controvertida é o artigo 155, § 2º, inciso XII, alínea i, citado introduzido pela emenda constitucional n° 33/2001, que permite que o montante do imposto a integre também na importação do exterior de bem, mercadoria ou serviço. Os autores questionam a validade dessa emenda, pois acaba por permitir que haja tributação do imposto pelo imposto, quando a constituição autoriza apenas a incidência sobre mercadorias e serviços. Não é outra a conclusão do ilustre jurista Carrazza (2002, p. 219): 116 Unidade III Re vi sã o: V irg ín ia - D ia gr am aç ão : L éo -0 2/ 07 /2 01 2 Com isso, os estados e o Distrito Federal estarão cobrando imposto sobre o imposto a pagar. Trata-se de um caso típico de bis in idem, que nosso ordenamento constitucional absolutamente não abona. E, o que é pior, de um imposto que não leva em conta a capacidade econômica do contribuinte (art. 145, § 1º, da CF), assumindo, assim conotações nitidamente confiscatórias (art. 150, IV, da CF). Ao concluir o capítulo, que brilhantemente discorreu sobre o assunto, conclui Carrazza (2002, p. 227–228): Pelo contrário, a inclusão do valor do ICMS em sua própria base de cálculo – tal como equivocadamente preconizado pela legislação – é que configura elevação, sem base em lei, das mesmas alíquotas. IV – Consequentemente, estamos convencidos de que nenhuma conduta ilícita – muito menos o crime de sonegação fiscal – pode ser imputada ao contribuinte que expurga da base de cálculo do ICMS o valor do próprio imposto, elemento estranho que não mede capacidade econômica, nem espelha o resultado das operações mercantis ou dos serviços realizados. [...] V – A Emenda Constitucional 33/2001 acrescentou uma alínea i ao art. 155, § 2º, XII, da Carta Magna, autorizando a Lei Complementar a “fixar a base de cálculo (do ICMS) de modo que o montante do imposto a integre, também na importação do exterior de bem, mercadoria ou serviço”. Tentou-se, assim, convalidar, por via reflexa (com a cândida frase “também na importação do exterior de bem, mercadoria ou serviço”), o cálculo por dentro do ICMS, que aqui estamos zurzindo. Esta manobra capciosa, no entanto, não anula o capítulo que acabamos de escrever. Com efeito, não é dado ao poder constituinte derivado alterar a regra-matriz constitucional de tributo algum, modificando-lhe arbitrariamente – como no caso em estudo – a base de cálculo possível. 7.3 imposto sobre propriedade de veículos automotores Competência Disciplina a Constituição Federal no seu artigo 155, III, o seguinte: 117 Re vi sã o: V irg ín ia - D ia gr am aç ão : L éo - 0 2/ 07 /2 01 2 Direito nas organizações Art. 155. Compete aos estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre (redação dada pela Emenda Constitucional nº 3, de 1993): [...] III – propriedade de veículos automotores (redação dada pela Emenda Constitucional nº 3, de 1993). A competência para o Estado já existia na vigência da Constituição anterior. Função A função do imposto sobre a propriedade de veículos automotores é primordialmente fiscal, vale dizer, o objetivo do estado é o de arrecadar o valor do tributo. Existe, entretanto, a função extrafiscal, entre outros casos, na isenção do imposto para o deficiente físico. Não é outra a leitura que deve ser feita do artigo 155, § 6º, II: Art.155. [...] § 6º. O imposto previsto no inciso III: II – poderá ter alíquotas diferenciadas em função do tipo e utilização. Fato gerador O fato gerador do imposto sobre a propriedade de veículos automotores é, nas palavras de Costa (2009, p. 380): [...] “ser proprietário de veiculo automotor”. Por veículo automotor há que se entender veículo que tenha motor próprio, de qualquer espécie [...] Base de cálculo A base de cálculo do imposto sobre a propriedade de veículos automotores é o valor venal do bem, o qual não pode ser superior ao valor de mercado. Alíquota A Constituição Federal, ao se referir as alíquotas do IPVA, no artigo 155, § 6º, menciona: Art.155. 118 Unidade III Re vi sã o: V irg ín ia - D ia gr am aç ão : L éo - 0 2/ 07 /2 01 2 [...] § 6º. O imposto previsto no inciso III (incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003): I – terá alíquotas mínimas fixadas pelo Senado Federal (incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003); II – poderá ter alíquotas diferenciadas em função do tipo e utilização (incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003). Contribuinte O contribuinte do imposto sobre a propriedade de veículo automotor é o proprietário do bem tributado. Lançamento O lançamento imposto sobre a propriedade de veículos automotores é de ofício, uma vez que o estado já tem todas as informações necessárias para realização do ato administrativo. 7.4 imposto sobre propriedade predial e territorial urbana Competência Ao distribuir as competências tributárias, a constituição determina que: Art. 156. Compete aos Municípios instituir impostos sobre: I – propriedade predial e territorial urbana. Função A função do imposto sobre propriedade predial e territorial urbana é fiscal, vale dizer, o objetivo do legislador ao cobrar esse tributo é arrecadar dinheiro para o município. É inegável ressaltar a possibilidade de ter também a função extrafiscal, conforme os ditames constitucionais: Art. 156. [...] § 1º. Sem prejuízo da progressividade no tempo a que se refere o art. 182, § 4º, inciso II, o imposto previsto no inciso I poderá: (redação dada pela Emenda Constitucional nº 29, de 2000) I – ser progressivo em razão do valor do imóvel (incluído pela Emenda Constitucional nº 29, de 2000); e 119 Re vi sã o: V irg ín ia - D ia gr am aç ão : L éo - 0 2/ 07 /2 01 2 Direito nas organizações II – ter alíquotas diferentes de acordo com a localização e o uso do imóvel (incluído pela Emenda Constitucional nº 29, de 2000). Importante verificar a ideia do dispositivo citado da Constituição Federal: Art. 182. A política de desenvolvimento urbano, executada pelo Poder Público municipal conforme diretrizes gerais fixadas em lei, tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o bem-estar de seus habitantes. [...] § 4º – É facultado ao Poder Público municipal, mediante lei específica para área incluída no plano diretor, exigir, nos termos da lei federal, do proprietário do solo urbano não edificado, subutilizado ou não utilizado, que promova seu adequado aproveitamento, sob pena, sucessivamente, de: [...] II – imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana progressivo no tempo. Fato gerador O fato gerador do imposto sobre propriedade predial e territorial urbana está no artigo 32 do Código Tributário Nacional: Art. 32. O imposto, de competência dos municípios, sobre a propriedade predial e territorial urbana tem como fato gerador a propriedade, o domínio útil ou a posse de bem imóvel por natureza ou por acessão física, como definido na lei civil, localizado na zona urbana do município. § 1º. Para os efeitos deste imposto, entende-se como zona urbana a definida em lei municipal; observado o requisito mínimo da existência de melhoramentos indicados em pelo menos 2 (dois) dos incisos seguintes, construídos ou mantidos pelo Poder Público: I – meio-fio ou calçamento, com canalização de águas pluviais; II – abastecimento de água; III – sistema de esgotos sanitários; IV – rede de iluminação pública, com ou sem posteamento para distribuição domiciliar; 120 Unidade III Re vi sã o: V irg ín ia - D ia gr am aç ão : L éo - 0 2/ 07 /2 01 2 V – escola primária ou posto de saúde a uma distância máxima de 3 (três) quilômetros do imóvel considerado. § 2º. A lei municipal pode considerar urbanas as áreas urbanizáveis, ou de expansão urbana, constantes de loteamentos aprovados pelos órgãos competentes, destinados à habitação, à indústria ou ao comércio, mesmo que localizados fora das zonas definidas nos termos do parágrafo anterior. Os critérios para determinação da zona urbana são bastante elucidativos, sendo importante compreender outros conceitos do dispositivo legal em análise para o exato entendimento do fato gerador doimposto sobre propriedade predial e territorial urbana. Anan Jr. e Marion (2009, p. 111): O fato gerador do IPTU é a propriedade, o domínio útil ou a posse do bem imóvel, localizado na zona urbana do município, e por ficção legal inicia no primeiro dia do ano civil – 1º de janeiro. Para fins de melhor elucidar vamos definir: Propriedade: gozo jurídico pleno. Abrange o uso, a fruição e disposição do bem imóvel. Domínio útil: um dos elementos do gozo jurídico da propriedade – exemplo enfiteuse, usufruto. Posse: quando alguém age como se fosse titular do domínio útil, caracterizada pelo usucapião. Base de cálculo O imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana tem como base de cálculo o valor venal do imóvel, conforme dispõe o artigo 33 do Código Tributário Nacional: Art. 33. A base do cálculo do imposto é o valor venal do imóvel. Parágrafo único. Na determinação da base de cálculo, não se considera o valor dos bens móveis mantidos, em caráter permanente ou temporário, no imóvel, para efeito de sua utilização, exploração, aformoseamento ou comodidade. Reitera-se, mais uma vez, o que nunca é demais lembrar, que o valor venal não pode ser superior ao valor de mercado do imóvel. Alíquota As alíquotas do imposto sobre a propriedade predial territorial urbana são percentuais aplicados sobre o valor venal do imóvel e poderá variar de acordo com a localização e uso do imóvel, nos termos do artigo 156, § 1º, II, da Constituição Federal: 121 Re vi sã o: V irg ín ia - D ia gr am aç ão : L éo - 0 2/ 07 /2 01 2 Direito nas organizações Art. 156. [...] § 1º. Sem prejuízo da progressividade no tempo a que se refere o art. 182, § 4º, inciso II, o imposto previsto no inciso I poderá (redação dada pela Emenda Constitucional nº 29, de 2000): [...] II – ter alíquotas diferentes de acordo com a localização e o uso do imóvel (incluído pela Emenda Constitucional nº 29, de 2000). Contribuinte Os contribuintes do imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana estão apresentados no artigo 34 do Código Tributário Nacional: Art. 34. Contribuinte do imposto é o proprietário do imóvel, o titular do seu domínio útil, ou o seu possuidor a qualquer título. Lançamento O lançamento do imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana é de ofício, uma vez que, o município já tem todos os elementos necessários para praticá–lo. 7.5 imposto sobre transmissão “inter vivos”, a qualquer título, por ato oneroso, de bens imóveis, por natureza ou acessão física, e de direitos reais sobre imóveis, exceto os de garantia, bem como cessão de direitos a sua aquisição (iTbi) Competência A Constituição Federal no seu artigo 156, II, determina que: Art. 156. Compete aos municípios instituir impostos sobre: [...] II – transmissão “inter vivos”, a qualquer título, por ato oneroso, de bens imóveis, por natureza ou acessão física, e de direitos reais sobre imóveis, exceto os de garantia, bem como cessão de direitos a sua aquisição. 122 Unidade III Re vi sã o: V irg ín ia - D ia gr am aç ão : L éo - 0 2/ 07 /2 01 2 Alexandre (2007, pp. 572–573) comenta a precisão do texto constitucional: A atual atribuição constitucional de competência é precisa, de forma a evitar conflitos entre estados e seus respectivos municípios. Assim, se a transmissão é causa mortis, incide o ITCMD; se é inter vivos, deve- se verificar se ocorreu por ato oneroso ou a título gratuito (doação). No primeiro caso, incide o ITBI; no segundo o ITCMD. Em ambas as hipóteses a tributação tem finalidade fiscal. Nessa linha, segundo o art. 156, II, da CCF/1988, compete aos municípios instituir imposto sobre a transmissão inter vivos, a qualquer título, por ato oneroso, de bens imóveis, por natureza ou acessão física, e de direitos reais sobre imóveis, exceto os de garantia, bem como cessão de direitos a sua aquisição. Função A função do imposto sobre transmissão “inter vivos”, a qualquer título, por ato oneroso, de bens imóveis, por natureza ou acessão física, e de direitos reais sobre imóveis, exceto os de garantia, bem como cessão de direitos a sua aquisição (ITBI) é fiscal, sendo o objetivo do município a arrecadação do tributo. Fato gerador Ao falar do fato gerador do imposto sobre transmissão “inter vivos”, a qualquer título, por ato oneroso, de bens imóveis, por natureza ou acessão física, e de direitos reais sobre imóveis, exceto os de garantia, bem como cessão de direitos a sua aquisição (ITBI), devemos lembrar o já mencionado quando do estudo do imposto de competência dos estados, que o Código Tributário Nacional deve ser interpretado de acordo com a Constituição Federal de 1988, uma vez que, por ser anterior à Carta Magna, disciplina na mesma seção um imposto de competência do estado e outro do município, Alexandre (2007, p. 572): Conforme ressaltado quando da análise do ITCMD estadual, o Código Tributário Nacional trata de um único imposto de transmissão, de competência estadual, incidente exclusivamente sobre a transmissão de bens imóveis e de direitos a eles relativos (arts. 35 a 42). Entretanto, com a Constituição Federal de 1988, foi prevista a criação de dois impostos de transmissão, um estadual (ITCMD) e outro municipal (ITBI). Para exata compreensão do fato gerador é fundamental saber as definições de bens imóveis por natureza ou acessão física. Alexandre (2007, pp. 524–525): Assim, são bens imóveis por natureza o solo, a sua superfície, os seus acessórios e adjacências naturais, compreendendo as árvores e frutos pendentes, o espaço aéreo e o subsolo. 123 Re vi sã o: V irg ín ia - D ia gr am aç ão : L éo - 0 2/ 07 /2 01 2 Direito nas organizações São bens imóveis por acessão física tudo quanto o homem incorporar permanentemente ao solo, como a semente lançada à terra, os edifícios e construções, de modo que não possa retirar sem destruição, modificação fratura ou dano. Outra definição importante é a de direitos reais, também apresentada por Alexandre (2007, p. 573): Os direitos reais estão enumerados no art. 1.225 no Código Civil, conforme a seguir transcrito: Art. 1.225. São direitos reais: I – a propriedade; II – a superfície; III – as servidões; IV – o usufruto; V – o uso; VI – a habitação; VII – o direito do promitente comprado do imóvel; VII – o penhor; IX – a hipoteca; X – a anticrese. Assim, o fato gerador do ITBI, nas palavras de Anan Jr e Marion (2009, p. 109–110): É a transmissão inter vivos, a qualquer título, por ato oneroso, bens imóveis, por natureza ou acessão física, e de direitos reais sobre os imóveis, exceto os de garantia, bem como a cessão de direitos à sua aquisição. Elemento espacial do fato gerador É o território do município onde se situa o bem. 124 Unidade III Re vi sã o: V irg ín ia - D ia gr am aç ão : L éo - 0 2/ 07 /2 01 2 Elemento temporal do fato gerador É o momento da transmissão ou cessão de bem. Desta forma, o ITBI incide sobre: • Bens imóveis por natureza: são os imóveis que se formaram por força da natureza, compreende o solo com a sua superfície, os seus acessórios e adjacências naturais, as árvores e frutos pendentes, o espaço aéreo e o subsolo. • Bens imóveis por acessão física: tudo que o ser humano pode incorporar permanentemente ao solo, como a semente, os edifícios e construções, de sorte que não se possa retirar sem a sua destruição, modificação, fratura ou dano. • Direitos reais sobre bens imóveis: são a enfiteuse, servidões, usufruto, uso, habitação e as rendas constituídas sobre os imóveis. • Cessão de direitos: quando houvera transmissão de propriedade entre cedente e cessionário, que pode ser por meio de Lei, acordo, sentença judicial. O ITBI não incide sobre direitos reais de garantia, como: • Anticrese: é a entrega do bem imóvel pelo devedor ao credor, para compensação de dívida. • Hipoteca: é de direito real de garantia, em que o proprietário do bem vincula o imóvel ao pagamento de sua dívida, mas permanece na posse dele. Por fim, o texto constitucional menciona a não incidência do ITBI, no art. 156, § 2º, I: Art. 156. [...] § 2º. O imposto previsto no inciso II: I – não incide sobre a transmissão de bens ou direitos incorporados ao patrimônio de pessoa jurídica em realização de capital, nem sobre a transmissão de bens ou direitos decorrente de fusão, incorporação, cisão ou extinção de pessoa jurídica, salvo se, nesses casos, a atividade preponderante do adquirente for a compra e venda desses bens ou direitos, locação de bens imóveis ou arrendamento mercantil. 125 Re vi sã o: V irg ín ia - D ia gr am aç ão : L éo - 0 2/ 07 /2 01 2 Direito nas organizações O município competente para cobrar o tributo está na Constituição Federal no artigo 156, § 2.º, II: Art. 156. [...] § 2.º O imposto previsto no inciso II: [...] II – compete ao município da situação do bem. Base de cálculo O imposto sobre transmissão “inter vivos”, a qualquer título, por ato oneroso, de bens imóveis, por natureza ou acessão física, e de direitos reais sobre imóveis, exceto os de garantia, bem como cessão de direitos a sua aquisição (ITBI), tem a sua base de cálculo contida no artigo 38 do Código Tributário Nacional: Art. 38. A base de cálculo do imposto é o valor venal dos bens ou direitos transmitidos. Reitera-se que o valor venal do bem não pode ser superior ao valor de mercado. Alíquota As alíquotas do imposto sobre transmissão “inter vivos”, a qualquer título, por ato oneroso, de bens imóveis, por natureza ou acessão física, e de direitos reais sobre imóveis, exceto os de garantia, bem como cessão de direitos a sua aquisição (ITBI), são percentuais sobre o valor da transmissão e não podem ser progressivas, Anan Jr. e Marion (2009, p. 110): Alíquotas As alíquotas do ITBI são proporcionais, incidindo, em percentagem única, sobre as bases de cálculo. São definidas em lei municipal, sendo vedado estabelecer a sua progressividade, uma vez que não há previsão constitucional para tal. Contribuinte Mais uma vez, reitera-se que, no modesto entendimento do autor, o Código Tributário Nacional deveria ter determinado quem é o contribuinte do ITBI, o que não foi feito, deixando para os municípios disciplinarem a matéria, conforme se verifica no texto legal: Art. 42. Contribuinte do imposto é qualquer das partes na operação tributada, como dispuser a lei. Lançamento O lançamento do ITBI é por declaração, lembrando que, na hipótese de o contribuinte não apresentar a declaração ao Poder Público, pode fazer o lançamento de ofício. 126 Unidade III Re vi sã o: V irg ín ia - D ia gr am aç ão : L éo - 0 2/ 07 /2 01 2 7.6 imposto sobre serviços de qualquer natureza (issQn), não compreendidos nos art. 155, ii, definidos em Lei complementar Competência A Constituição Federal determina, no seu artigo 156, III, o seguinte: Art. 156. Compete aos municípios instituir impostos sobre: [...] III – serviços de qualquer natureza, não compreendidos no art. 155, II, definidos em Lei complementar (redação dada pela Emenda Constitucional nº 3, de 1993). Muitas discussões existem para saber qual o município que deve cobrar o tributo. A Lei Complementar 116, cumprindo sua competência prevista no artigo 146 da Constituição Federal, determina: Art. 3º. O serviço considera-se prestado e o imposto devido no local do estabelecimento prestador ou, na falta do estabelecimento, no local do domicílio do prestador, exceto nas hipóteses previstas nos incisos I a XXII, quando o imposto será devido no local: I – do estabelecimento do tomador ou intermediário do serviço ou, na falta de estabelecimento, onde ele estiver domiciliado, na hipótese do § 1º do art. 1º desta Lei Complementar; II – da instalação dos andaimes, palcos, coberturas e outras estruturas, no caso dos serviços descritos no subitem 3.05 da lista anexa; III – da execução da obra, no caso dos serviços descritos no subitem 7.02 e 7.19 da lista anexa; IV – da demolição, no caso dos serviços descritos no subitem 7.04 da lista anexa; V – das edificações em geral, estradas, pontes, portos e congêneres, no caso dos serviços descritos no subitem 7.05 da lista anexa; VI – da execução da varrição, coleta, remoção, incineração, tratamento, reciclagem, separação e destinação final de lixo, rejeitos e outros resíduos quaisquer, no caso dos serviços descritos no subitem 7.09 da lista anexa; 127 Re vi sã o: V irg ín ia - D ia gr am aç ão : L éo - 0 2/ 07 /2 01 2 Direito nas organizações VII – da execução da limpeza, manutenção e conservação de vias e logradouros públicos, imóveis, chaminés, piscinas, parques, jardins e congêneres, no caso dos serviços descritos no subitem 7.10 da lista anexa; VIII – da execução da decoração e jardinagem, do corte e poda de árvores, no caso dos serviços descritos no subitem 7.11 da lista anexa; IX – do controle e tratamento do efluente de qualquer natureza e de agentes físicos, químicos e biológicos, no caso dos serviços descritos no subitem 7.12 da lista anexa; X – (VETADO) XI – (VETADO) XII – do florestamento, reflorestamento, semeadura, adubação e congêneres, no caso dos serviços descritos no subitem 7.16 da lista anexa; XIII – da execução dos serviços de escoramento, contenção de encostas e congêneres, no caso dos serviços descritos no subitem 7.17 da lista anexa; XIV – da limpeza e dragagem, no caso dos serviços descritos no subitem 7.18 da lista anexa; XV – onde o bem estiver guardado ou estacionado, no caso dos serviços descritos no subitem 11.01 da lista anexa; XVI – dos bens ou do domicílio das pessoas vigiados, segurados ou monitorados, no caso dos serviços descritos no subitem 11.02 da lista anexa; XVII – do armazenamento, depósito, carga, descarga, arrumação e guarda do bem, no caso dos serviços descritos no subitem 11.04 da lista anexa; XVIII – da execução dos serviços de diversão, lazer, entretenimento e congêneres, no caso dos serviços descritos nos subitens do item 12, exceto o 12.13, da lista anexa; XIX – do município onde está sendo executado o transporte, no caso dos serviços descritos pelo subitem 16.01 da lista anexa; XX – do estabelecimento do tomador da mão de obra ou, na falta de estabelecimento, onde ele estiver domiciliado, no caso dos serviços descritos pelo subitem 17.05 da lista anexa; 128 Unidade III Re vi sã o: V irg ín ia - D ia gr am aç ão : L éo - 0 2/ 07 /2 01 2 XXI – da feira, exposição, congresso ou congênere a que se referir o planejamento, organização e administração, no caso dos serviços descritos pelo subitem 17.10 da lista anexa; XXII – do porto, aeroporto, ferroporto, terminal rodoviário, ferroviário ou metroviário, no caso dos serviços descritos pelo item 20 da lista anexa. § 1º. No caso dos serviços a que se refere o subitem 3.04 da lista anexa, considera-se ocorrido o fato gerador e devido o imposto em cada município em cujo território haja extensão de ferrovia, rodovia, postes, cabos, dutos e condutos de qualquer natureza, objetos de locação, sublocação, arrendamento, direito de passagem ou permissão de uso, compartilhado ou não. § 2º. No caso dos serviços a que se refere o subitem 22.01 da lista anexa, considera-seocorrido o fato gerador e devido o imposto em cada município em cujo território haja extensão de rodovia explorada. § 3º. Considera-se ocorrido o fato gerador do imposto no local do estabelecimento prestador nos serviços executados em águas marítimas, excetuados os serviços descritos no subitem 20.01. Art. 4º. Considera-se estabelecimento prestador o local onde o contribuinte desenvolva a atividade de prestar serviços, de modo permanente ou temporário, e que configure unidade econômica ou profissional, sendo irrelevantes para caracterizá–lo as denominações de sede, filial, agência, posto de atendimento, sucursal, escritório de representação ou contato ou quaisquer outras que venham a ser utilizadas. Função A função do imposto sobre serviços de qualquer natureza é fiscal, vale dizer, o objetivo do município ao cobrar este tributo é o de arrecadar o valor. Fato gerador O fato gerador do imposto sobre serviços de qualquer natureza é apresentado na Lei Complementar 116/2003, do seguinte modo: Art. 1º. O imposto sobre serviços de qualquer natureza, de competência dos municípios e do Distrito Federal, tem como fato gerador a prestação de serviços constantes da lista anexa, ainda que esses não se constituam como atividade preponderante do prestador. 129 Re vi sã o: V irg ín ia - D ia gr am aç ão : L éo - 0 2/ 07 /2 01 2 Direito nas organizações § 1º. O imposto incide também sobre o serviço proveniente do exterior do país ou cuja prestação se tenha iniciado no exterior do país. § 2º. Ressalvadas as exceções expressas na lista anexa, os serviços nela mencionados não ficam sujeitos ao imposto sobre operações relativas à circulação de mercadorias e prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação – ICMS, ainda que sua prestação envolva fornecimento de mercadorias. § 3º. O imposto de que trata esta Lei Complementar incide ainda sobre os serviços prestados mediante a utilização de bens e serviços públicos explorados economicamente mediante autorização, permissão ou concessão, com o pagamento de tarifa, preço ou pedágio pelo usuário final do serviço. § 4º. A incidência do imposto não depende da denominação dada ao serviço prestado. A Constituição Federal determina hipóteses de não incidência do tributo em análise, bem como cria regras para isenções e incentivos fiscais, vejamos: Art.156. [...] § 3º. Em relação ao imposto previsto no inciso III do caput deste artigo, cabe à Lei Complementar (redação dada pela Emenda Constitucional nº 37, de 2002): II – excluir da sua incidência exportações de serviços para o exterior (incluído pela Emenda Constitucional nº 3, de 1993); III – regular a forma e as condições como isenções, incentivos e benefícios fiscais serão concedidos e revogados (incluído pela Emenda Constitucional nº 37, de 2002). Seguindo essa orientação, a Lei Complementar 116/2003 determina: Art. 2º. O imposto não incide sobre: I – as exportações de serviços para o exterior do país; II – a prestação de serviços em relação de emprego, dos trabalhadores avulsos, dos diretores e membros de conselho consultivo ou de conselho 130 Unidade III Re vi sã o: V irg ín ia - D ia gr am aç ão : L éo - 0 2/ 07 /2 01 2 fiscal de sociedades e fundações, bem como dos sócios-gerentes e dos gerentes-delegados; III – o valor intermediado no mercado de títulos e valores mobiliários, o valor dos depósitos bancários, o principal, juros e acréscimos moratórios relativos a operações de crédito realizadas por instituições financeiras. Parágrafo único. Não se enquadram no disposto no inciso I os serviços desenvolvidos no Brasil, cujo resultado aqui se verifique, ainda que o pagamento seja feito por residente no exterior. observação Os transportes interestadual e intermunicipal não são tributados pelo ISS. Base de cálculo A base de cálculo do imposto sobre serviços de qualquer natureza é apresentada no Decreto-lei 406/68, que foi recepcionado pela Constituição de 1988 como Lei Complementar, assim: Art 9º. A base de cálculo do imposto é o preço do serviço. § 1º. Quando se tratar de prestação de serviços sob a forma de trabalho pessoal do próprio contribuinte, o imposto será calculado, por meio de alíquotas fixas ou variáveis, em função da natureza do serviço ou de outros fatores pertinentes, nestes não compreendida a importância paga a título de remuneração do próprio trabalho. § 2º. Na prestação dos serviços a que se referem os itens 19 e 20 da lista anexa o imposto será calculado sobre o preço deduzido das parcelas correspondentes (redação dada pelo decreto Lei nº 834, de 1969). a) ao valor dos materiais fornecidos pelo prestador dos serviços (redação dada pelo decreto Lei nº 834, de 1969); b) ao valor das subempreitadas já tributadas pelo imposto (redação dada pelo decreto Lei nº 834, de 1969); § 3°. Quando os serviços a que se referem os itens 1, 4, 8, 25, 52, 88, 89, 90, 91 e 92 da lista anexa forem prestados por sociedades, estas ficarão sujeitas ao imposto na forma do § 1°, calculado em relação a cada profissional habilitado, sócio, empregado ou não, que preste serviços em nome da 131 Re vi sã o: V irg ín ia - D ia gr am aç ão : L éo - 0 2/ 07 /2 01 2 Direito nas organizações sociedade, embora assumindo responsabilidade pessoal, nos termos da lei aplicável (redação dada pela Lei Complementar nº 56, de 15.12.1987). Verifica-se que a Lei Complementar 116/2003 determina, sem entrar em confronto com a velha norma, portanto mantendo seu pleno vigor, nova base de cálculo do imposto sobre serviços de qualquer natureza, em seu artigo 7°, a seguinte: Art. 7º. A base de cálculo do imposto é o preço do serviço. § 1º. Quando os serviços descritos pelo subitem 3.04 da lista anexa forem prestados no território de mais de um município, a base de cálculo será proporcional, conforme o caso, à extensão da ferrovia, rodovia, dutos e condutos de qualquer natureza, cabos de qualquer natureza, ou ao número de postes, existentes em cada município. § 2º. Não se incluem na base de cálculo do imposto sobre serviços de qualquer natureza: I – o valor dos materiais fornecidos pelo prestador dos serviços previstos nos itens 7.02 e 7.05 da lista de serviços anexa a esta Lei Complementar. Alíquota O imposto sobre serviços de qualquer natureza, por determinação constitucional, tem suas alíquotas máximas e mínimas determinadas por Lei Complementar, conforme se verifica do artigo 156, § 3º, I: Art.156. [...] § 3º. Em relação ao imposto previsto no inciso III do caput deste artigo, cabe à Lei Complementar (redação dada pela Emenda Constitucional nº 37, de 2002): I – fixar as suas alíquotas máximas e mínimas (redação dada pela Emenda Constitucional nº 37, de 2002). Nesse sentido, andou bem o legislador ao determinar no artigo 8º da Lei Complementar 116, o seguinte: Art. 8º. As alíquotas máximas do imposto sobre serviços de qualquer natureza são as seguintes: [...] 132 Unidade III Re vi sã o: V irg ín ia - D ia gr am aç ão : L éo - 0 2/ 07 /2 01 2 II – demais serviços, 5% (cinco por cento). No que concerne à alíquota mínima, deve ser de 2% (dois por cento), nos termos do artigo 88 do ato das disposições constitucionais transitórias: Art. 88. Enquanto Lei Complementar não disciplinar o disposto nos incisos I e III do § 3º do art. 156 da Constituição Federal, o imposto a que se refere o inciso III do caput do mesmo artigo (incluído pela Emenda Constitucional nº 37, de 2002): I – terá alíquota mínima de dois por cento, exceto para os serviços a que se referem os itens 32, 33 e 34 da Lista
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