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Escola Clássica x Escola Positivista

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ESCOLAS CRIMINOLÓGICAS: CLÁSSICA X POSITIVISTA
No início do século XVIII na Itália o Marquês de Beccaria fez surgir o chamado movimento humanitário em relação ao Direito de punir estatal, mostrando-se contra as penas de caráter cruel e principalmente a desigualdade das penas determinada pela classe social do delinquente. Inspirando-se na filosofia estrangeira sobretudo em Montesquieu, Hume e Rousseau, Beccaria baseou seu pensamento nos princípios do contrato social, do direito natural e do utilitarismo.
Em seguida à generosa iniciativa de Beccaria, o estudo da justiça penal (sistematizado sobre novas bases, ou seja, suas normas se deduzem de princípios fundamentais como o do contrato social, o da proporcionalidade das penas etc) determinou a formação de uma grande corrente científica que passou a se chamar ''Escola Clássica Criminal" (nome dado por Enrico Ferri em 1880 em pronunciamento na Universidade de Bolonha). A Escola Clássica em reação contra os excessos medievais estabeleceu-se em 3 principais ideias:
I - Estabeleceu a razão e o limite do poder de punir do Estado
II - Opôs-se a ferocidade das penas e abolindo penas capitais, corporais e infamantes, limitando a abrangência das penas conservadas ( exemplo: privativa de liberdade)
III - Reivindicou garantias individuais na persecução penal e fora dela
A Escola Clássica voltou sua atenção exclusivamente sobre o crime e a pena como entidade jurídica abstrata, isolada do homem delinquente e do ambiente em que esse provém e a que deve voltar depois da pena.
Para Escola Clássica o agente que opta pelo conduta delituosa baseou-se em seu "livre arbítrio" para realização do fato típico, ou seja, a Escola Clássica inspirada pela doutrina do "Direito Natural" se afasta da ciência social, valendo-se da critério de dedução a Escola não procura investigar o "motivo" que levou o agente a descumprir a norma.
A Escola clássica começou a entrar em declínio quando percebeu-se que a criminalidade apenas aumentava apesar de posto em prática suas ideias básicas, o motivo era obvio, o método dedutivo ou de lógica abstrata faz perder de vista o criminoso, enquanto que na justiça penal ele é o protagonista vivo e presente. 
Como bem assevera Enrico Ferri acerca do declínio do pensamento dos clássicos: ''Nem podia ser de outra forma, não obstante o engenho dos grandes criminalistas clássicos, em vista do método por eles adotado, pois que não se preocupando em conhecer cientificamente a realidade humana e as causas da delinquência, não era possível que delas indicassem os remédios adequados" (FERRI, Enrico; página 61; 1998)
Apesar da grande contribuição dos clássicos ao Direito Penal, era imperioso que houvesse mudanças no pensamento, aparece então uma nova corrente, a chamada "Escola Positiva". É ainda da Itália que provém este influxo de renovação.
Lombroso em 1876 publica o célebre livro "O Homem Delinquente”. Lombroso por ser antropólogo trouxe ao pensamento dos clássicos aspectos relacionados a fatores anatômicos, fisiológicos e mentais do delinquente. A base da teoria desenvolvida por Lombroso foi o atavismo, ou seja, retrocesso atávico ao homem primitivo. Depois, a falta de desenvolvimento psíquico. Por último, a agressividade explosiva do epilético. Ferri, sociólogo, iniciou o estudo do crime como fato social, por isso ainda hoje é conhecido como o "pai da sociologia criminal”. Garófalo acrescentou o aspecto normativo, como jurista fez a aplicação das novas teorias ao Direito.
Ao passo que Beccaria e seus continuadores usaram o método dedutivo, os positivistas preconizavam a aplicação do método EXPERIMENTAL às ciências sociais, defenderam-no e empregaram-no no estudo dos criminosos e do crime.
Observaram os delinquentes seus modos de vida, sua fisiologia, morfologia e psicologia, comparando-os com pessoas normais, analisaram o movimento e as causas da criminalidade, valendo-se de estatísticas. Daí começou o movimento em que era dada mais atenção a personalidade do réu ou condenado, procurando detectar anormalidades durante o processo ou cumprimento da pena, descobrir psicopatias que antes passavam despercebidas. Os positivistas preconizam o método preventivo para combater a criminalidade, buscando o motivo das condutas criminosas e evita-las antes que ocorram.
Ao longo dos anos muitas outras escolas criminais surgiram, sempre utilizando das ideias das duas principais escolas aqui apresentadas, porém é nítido nos dias de hoje que o Estado já não possui a função única de repressor (punir quem não o respeita), nem mesmo de garantidor (garantir os direitos de seus cidadãos), mas sim de PRESTADOR, ou seja, não deve ele olhar para indivíduos como eleitores, consumidores etc, e sim como seres humanos, dando-lhes garantias mínimas de sobrevivência para que tenham opções que não a criminalidade, não há como estudar o crime sem antes observar as condições sociais que levaram o agente a delinquir.

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