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TG de Processo Civil

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2.1 Noções Introdutórias
A noção de “prova” ultrapassa o campo do Direito e está presente no nosso dia-a-dia. Toda decisão humana provém do resultado de um processo de convencimento determinado pela observação de diferentes circunstâncias; é fundamentado por elementos de prova. 
Na efetivação do Direito, procura-se a solução de um conflito pela efetivação de um resultado prático, proferido a favor da parte do processo que tem razão, no entanto, uma decisão judicial não surge involuntariamente pelo simples acolhimento do caso pela norma jurídica. É necessário a interferência da prova, esta que o doutrinador Scarpinella Bueno conceitua como “tudo que puder influenciar, de alguma maneira, na formação da convicção do magistrado para decidir de uma forma ou de outra, acolhendo, no todo ou em parte, ou rejeitando o pedido do autor”. 
2.2 Acepções da Palavra Prova
Quando usamos a palavra prova fora do sentido jurídico, entendemos esta como a demonstração da verdade, porém, no âmbito jurídico, o doutrinador Freddie Didier Jr. Divide o entendimento do vocábulo em foco em três
a) Como atividade probatória: àquele que alega um fato cabe a responsabilidade de fornecer meios que comprovem sua afirmação.
b) Designação do meio de prova: entram nesta categoria as técnicas desenvolvidas para a obtenção das provas; aqui podemos citar prova testemunhal, documental, pericial. 
c) Designação do resultado dos meios de prova: é nesta categoria que entendemos, por exemplo, que o autor fez prova da causa de pedir.
Humberto Theodoro Júnior concorda com Didier ao dividir as acepções de prova em mais dois sentidos. Primeiramente, entende-se a prova em um sentido objetivo, ou seja, como o meio hábil para comprovar a existência de um fato (testemunhas e documentos, por exemplo). Compreende-se ainda outro sentido, o subjetivo, que é “a certeza (estado psíquico) originada quanto ao fato, em virtude da produção do instrumento probatório. Aparece a prova, assim, como convicção formada no espírito do julgador em torno do fato demonstrado. ”
2.3 Meios e Fontes de Prova
É necessário a diferenciação entre os meios das fontes das provas: os meios de prova são aqueles instrumentos que direta ou indiretamente podem ser utilizados para a produção da prova e para levar até o conhecimento do magistrado. 
Já as fontes de prova são os fornecedores de prova e podem ser pessoais, como prova testemunhal ou reais, que são provenientes da prova em si e deve ser analisada por pessoas específicas, como provas periciais, por exemplo. 
A maneira como se prova um fato deve respeitar o que é previsto pelo Código de Processo Civil vigente.
2.4 O direito fundamental à prova. Relação entre o princípio do contraditório e o direito à prova.
Da Constituição Brasileira de 1988 extrai-se a máxima de que a prova é algo fundamental para o processo, que não é algo acessório, que não pode ser simplesmente indeferido pelo magistrado sem maiores repercussões. 
Dentre os fundamentos constitucionais do direito prioritário à prova, podemos elencar: art. 5°, XXXV: acesso (adequado) ao judiciário; art. 5°, LIV: devido processo legal (processo justo); art. 5°, LV: contraditório e ampla defesa (com os meios de prova inerentes); art. 5°, LVI: provas lícitas (processo que aceita número amplo de provas lícitas).
O contraditório pode ser definido pela expressão latina audiatur et altera pars, que significa “ouça-se também a outra parte”. Consiste no direito do réu a ser ouvido e na proibição de que haja decisão sem que se tenha ouvido os interessados. Já a ampla defesa corresponde ao direito da parte de se utilizar de todos os meios a seu dispor para alcançar seu direito, seja através de provas ou de recursos. 
Além disso,os princípios constitucionais são indispensáveis na sua função ordenadora, pois colaboram para a unificação e harmonização do sistema constitucional. A Carta Magna em seu artigo 5º, inciso LV afirma que:
LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes;
Não só a Constituição da República, mas também a Convenção Americana sobre os Direitos Humanos, chamada de Pacto de São José da Costa Rica, aprovada pelo Congresso Nacional diz o art. 8º: Garantias Judiciais
Toda pessoa tem direito a ser ouvida, com as devidas garantias e dentro de um prazo razoável, por um juiz ou tribunal competente, independente e imparcial, estabelecido anteriormente por lei, na apuração de qualquer acusação penal formulada contra ela, ou para que se determinem seus direitos ou obrigações de natureza civil, trabalhista, fiscal ou de qualquer outra natureza.
2.5 Classificação das Provas
Quanto aos fatos, as provas classificam-se em
a) diretas: se referem ao próprio fato que se pretende comprovar, como por exemplo, a testemunha que narra o fato do acidente a que assistiu.
b) indiretas: não fazem referência ao fato em questão, mas a outro, do qual por trabalho do raciocínio se chega àquele, como por exemplo, quando o perito descreve a posição em que encontrou os veículos após o acidente sendo assim possível presumir qual a causa do ocorrido. 
Quanto à forma (maneira pela qual se apresenta em juízo), as provas podem ser
a) orais: em sentido amplo, é a afirmação pessoal oral. No quadro das provas orais estão as provas testemunhal, depoimento de parte e confissão.
b) documentais: afirmação escrita ou gravada. São essas, as escrituras públicas ou particulares, fotografias etc.
c) material: a consistente em qualquer materialidade que sirva de prova do fato em julgamento, é a atestação derivada da coisa, como o corpo de delito.
Quanto à sua preparação, as provas podem ser: 
a) casuais ou simples: as provas preparadas durante o processo.
b) preconstituídas: em sentido amplo, são aquelas provas preparadas preventivamente, em vista de possível utilização em futuro processo; em sentido estrito, dizem-se reconstituídas as provas consistentes em instrumentos públicos ou particulares representativos de atos jurídicos que comente por instrumento se constituem. 
Ainda, para Humberto Theodoro Júnior, “toda prova há de ter um objeto, uma finalidade, um destinatário, e deverá ser obtida mediante meios e métodos determinados.” Assim, constituem características da prova: o objeto, a finalidade, o destinatário e os meios.
2.6 Busca pela verdade
A descoberta da verdade sempre foi indispensável, sendo este objetivo de um processo, porém é utópico imaginar que se possa, com o processo, atingir a verdade real sobre determinado acontecimento: a rigor, ou o fato existiu, ou não. 
No processo, discutem-se as afirmações que são feitas acerca dos fatos - ou seja, as valorações, as impressões que as pessoas têm deles. A prova, portanto, é instrumento para a busca da verdade 
2.7 Finalidade e Destinatário da Prova
Basicamente existem três teorias que procuram explicar qual a finalidade da prova 
a) A que entende que a finalidade da prova é estabelecer a verdade.
b) A que sustenta ser sua finalidade fixar formalmente os fatos postos no processo.
c) A que entende que a sua finalidade é produzir o convencimento do juiz.
Como visto no tópico anterior a primeira dessas teorias não pode prevalecer por ser absolutamente impossível ao ser humano atingir a verdade. A segunda dessas teorias admite-se que o legislador, ciente da impossibilidade de se alcançar a verdade acerca dos fatos, estabeleça critérios para que se possa chegar a uma conclusão demonstrados os fatos alegados pelas partes no processo. 
Diante da impossibilidade de alcançar uma verdade absoluta e, ao mesmo tempo, insatisfeita com a solução dada pelo legislador para conformar a realidade do processo a uma possível realidade dos fatos, surge a terceira teoria, a qual o objetivo da prova judicial é dar ao juiz suporte suficiente para que possa convencer-se dos fatos discutidos no processo, proferindo a sua decisão a partir da crença de tê-la alcançado. 
Outrosdoutrinadores, como Humberto Theodoro Júnior, findam por aqui tal tópico e se dão por satisfeitos, porém, Didier vai além e entende que além de ter por objetivo convencer o juiz acerca das alegações de fato, a prova também tem por finalidade permitir que as próprias partes se convençam de que efetivamente são titulares das situações jurídicas que, em princípio, pensam ter e da demonstrabilidade em juízo das alegações de fato subjacentes a tais situações jurídicas.
Ainda neste tópico, é necessário explicar quem são os destinatários do nosso objeto de estudo. 
Por força da compreensão clássica de que a finalidade da prova é propiciar o convencimento do juiz, tem-se dito que ele, juiz, é o seu principal destinatário, porém, como visto no parágrafo anterior, a finalidade da prova também é a de convencer as partes das suas próprias alegações, tornando-as também destinatários diretos.
2.8 Objeto da Prova
Rigorosamente, o objeto da prova é a “alegação de fato”. Qualquer fato pode ser objeto da prova como fatos jurídicos (contratos) e fatos simples (cor de uma camisa, marca de um pneu); fatos positivos (celebração de um casamento) ou negativos (inexistência de ocorrência policial em nome de determinado sujeito). 
O doutrinador Alexandre Freitas Câmara lembra que apesar de somente alegações de fato serem objeto da prova, existe uma exceção nos termos do artigo 367 do Novo Código de Processo Civil, “a parte que alegar direito municipal, estadual, estrangeiro ou consuetudinário provar-lhe-á o teor e a vigência, se assim o juiz determinar.” 
Afim de simplificação, a partir de agora tratamos o objeto da prova (alegação de fato) com o termo “fato probando”.
2.8.1 Características do Fato Probando
O fato probando precisa ser controvertido, relevante e determinado. A inexistência de controvérsia entre as alegações dos litigantes trata-se apenas da aplicação direta do Direito; somente devem ser provados fatos relevantes à causa ajuizada e o fato precisa ser determinado no tempo e no espaço, com características que o diferencie de outros fatos parecidos. 
2.8.2 Fatos que Independem de Prova
De acordo com o exposto no artigo 374 do Novo Código Civil, independem de prova os fatos notórios, os fatos alegados por uma parte e confessados pela outra, fatos admitidos no processo como incontroversos e em cujo favor milita presunção legal de existência ou veracidade.
2.8.2.1 Fatos Notórios
Uma coisa é a afirmação do fato e outro coisa é a afirmação da sua notoriedade, que também é um fato, por isso, consideram-se notórios aqueles fatos cujo conhecimento faz parte da cultura normal própria de um determinado grupo social no momento em que se produz a decisão judicial. Para que se possa qualificar como notório, não é necessário que a parte contra quem ele é alegado admita sua específica qualidade. São características do fato notório a relatividade, pois há fatos conhecidos apenas por um grupo específico, então não precisa ser conhecido por todas as pessoas; não é necessário que seja conhecido, desde que pela ciência pública ele possa ser e não precisa ter com o fato, uma relação direta.
2.8.2.2 Fatos alegados por uma parte e confessados pela outra ou fatos admitidos como incontroversos
Quanto aos fatos afirmados por uma parte e confessados pela outra, há um equívoco do legislador em dizer que eles independem de prova pois na verdade, a própria confissão, conforme se verá em capítulo próprio, é um meio de prova. Assim, mais correto seria dizer que, quando confessados, os fatos independem de outro meio de prova. 
Quanto aos fatos não contestados ou admitidos no processo como incontroversos, eles independem de prova justamente porque sobre eles não paira controvérsia e, como se viu, uma das principais características do fato probando é a de que seja controvertido.
2.8.2.3 Fatos em cujo favor milita presunção legal de existência
As presunções legais são regras jurídicas que impõe que se leve em consideração a ocorrência de determinado fato e estabelecem como verdade as alegações sobre os fatos presumidos, tornando a sua prova irrelevante. 
2.8.2.3.1 Presunção legal absoluta e relativa
Presunção legal relativa é aquelas que podem ser desmanchadas pela prova em contrário, ou seja, admitem contra-prova. Assim, o interessado no reconhecimento do fato tem a responsabilidade de provar o indicativo, ou seja, possui o encargo de provar o fato contrário ao presumido, enquanto na presunção absoluta o juiz aceita o fato presumido, desconsiderando qualquer prova em contrário. Assim, o fato não é objeto de prova. A presunção absoluta é uma ficção legal.
2.8.2.4 Caso de presunção legal relativa: a recusa da parte a submeter-se a exame genético
2.8.2.4.1 O art. 232 do Código Civil, o par. ún. do art. 2°-A da Lei n. 8.560/1992; o enunciado n. 301 da súmula do STJ 
O art. 232 do Código Civil tem a seguinte redação: "A recusa à perícia médica ordenada pelo juiz poderá suprir a prova que se pretendia obter com o exame". Analisado sozinho, este artigo não estabelece presunção legal. No entanto, a Lei 12.004/2009 alterou a Lei 8.560/92, regulamentando a investigação de paternidade. A lei determina que a simples recusa do réu em se submeter ao exame de código genético (DNA) gerará a presunção da paternidade, a ser apreciada em conjunto com o contexto probatório, tornando-se assim, um caso de presunção legal relativa.
Exposto no parágrafo único de seu 2º artigo, da lei de 2009, está que "a recusa do réu em se submeter ao exame de código genético - DNA gerará a presunção da paternidade, a ser apreciada em conjunto com o contexto probatório." Aplica-se igualmente às ações de investigação de maternidade.
É necessário trazer a atenção que a Lei 12.004/2009 é baseada no entendimento sumulado pelo STJ (súmula 301). 
2.8.2.4.2 A aplicação das regras nas ações de investigação de paternidade/maternidade e de investigação de ascendência genética.
É necessária a distinção entre as duas modalidades de investigação. O objetivo da ação de investigação de paternidade/maternidade é o de, após reconhecer o vínculo de filiação, constituir o vínculo jurídico da paternidade/maternidade, enquanto a ação de investigação de ascendência genética, que é aquela em que o demandante quer investigar apenas se o réu é ou não o seu genitor, sem que se estabeleça entre eles o vínculo jurídico da filiação.
Por exemplo, é possível que alguém, filho adotivo ou gerado por inseminação artificial heteróloga, tenha a necessidade de investigar a sua ascendência genética, por problemas relacionados à saúde, sem que tenha qualquer pretensão de alterar o seu vínculo jurídico de filiação. Busca-se, tão-só, investigar a ascendência genética. Nesta demanda, a presunção judicial é totalmente inservível: de nada adianta o magistrado presumir, pela recusa, que o réu é o ascendente genético do autor. Não se aplica, aqui, o art. 232 do Código Civil e também não é caso de aplicação do parágrafo único do art. 2°-A da Lei n. 8.560/1992, pois não se trata de ação de investigação de paternidade. 
Por fim, há um conflito entre o direito fundamental à saúde e o direito à intimidade/integridade física e a solução jurídica deve ser produzida à luz das peculiaridades do caso concreto, aplicando-se a proporcionalidade.

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