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ESPORTE 3 (resumo cap2)

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
FACULDADE DE EDUCAÇÃO
CURSO DE LICENCIATURA EM EDUCAÇÃO FÍSICA
DISCIPLINA: ESPORTE 3
PROFESSOR: ROBERTO COLAVOLPE
ESTUDANTE: MAYTTA MARTINELLI
RESUMO
Referência: MASCARENHAS, Fernando. Outro lazer é possível! Desafio para o esporte e lazer da cidade. Cap. 2. (p.17-39). In: Gestão pública e política de lazer: a formação de agentes sociais / Lino Castellani Filho (org.). Campinas, SP: Autores associados; 2007.
O status adquirido pelo lazer foi fruto de conquistas ao longo dos séculos em âmbito mundial. A luta travada por melhores condições de trabalho impulsionou a ampliação das reivindicações para o tempo fora do trabalho.
O que poderia ser legitimado apenas como uma conquista dos trabalhadores foi utilizado também como instrumento das classes dominantes para controlar o tempo e o corpo. O tempo, em princípio "livre", passa a ser também vigiado e ocupado com atividades funcionais à produção. Manter os corpos sadios, aptos e prontos para o trabalho era condição necessária a qualquer atividade a ser realizada fora dele. 
O lazer se insere no seio dessas contradições: entre a liberdade e o controle; a autonomia e a heteronomia. O Estado é impelido a participar também desse processo conflituoso, e como não é neutro, posiciona-se de modo a desequilibrar o jogo em favor do caráter utilitário e funcionalista do lazer.
Algumas ações no Brasil merecem destaque, por alterarem significativamente o modo de lidar com o Lazer. Exemplo notável é a criação dos Sistemas "S", SESI e SESC, SENAI e SENAC6. A articulação entre estas instituições correspondeu a um esforço de racionalização do ambiente industrial e dos serviços dentro e fora do espaço de trabalho, estimulando a produtividade e o consumo e garantindo, ao mesmo tempo, a ordem social.
O Estado também utilizou dessa estrutura para alcançar as regiões periféricas do País no intuito de "valer-se do Lazer como elemento compensatório da deterioração das condições de vida, decorrentes do desenvolvimento urbano-industrial, verificadas entre as populações mais pobres." (MASCARENHAS, 2007, p. 22). Na atuação dos Sistemas "S", os conflitos eram sublimados em favor do espírito comunitário que se ambicionava criar.
Já na década de 1990, as políticas neoliberais ganham força no Brasil, acompanhando o movimento global. Assim, o modelo de Estado Intervencionista perde espaço para uma concepção de intervenção mínima nas questões sociais, criando-se um novo tipo de intervenção estatal, percebendo-se o estímulo ao investimento privado.
Entre as diversas ações no âmbito da economia, o governo diminui os impostos e a taxação sobre o capital, enquanto reduz significativamente os recursos a serem aplicados nas políticas sociais. Tal fato abriu caminho para o sucateamento, a terceirização e/ou privatização de espações e equipamentos públicos, além da transferência de desresponsabilização, por parte do estado, de suas obrigações quanto à garantia de acesso aos direitos sociais básicos, como o lazer.
O recuo do Poder Público no lidar com estas questões abriu caminho para uma atuação livre do mercado, que pôde assim ampliar seu domínio sobre o conjunto de vida social (MASCARENHAS, 2007).
Nesse contexto, o direito de propriedade e os direitos do consumidor sobrepõem-se aos direitos sociais dos cidadãos e o lazer torna-se acessível apenas para uma minoria, apresentando-se como um tipo muito específico de propriedade, evidentemente não acessível a todos.
Se antes o lazer se caracterizava como uma antimercadoria, o mercolazer se transformou numa forma contemporânea e tendencial de manifestação do lazer como mercadoria.
No marco da reestruturação neoliberal, à medida que os governos se desresponsabilizam cada vez mais pela implementação e gestão de políticas sociais, sob a suposta pressão da responsabilidade fiscal e sob o pretexto do burocratismo, da morosidade, da ineficiência e da falta de controle sobre a administração pública, agudizam-se os problemas causados pela exclusão social, agora naturalizada.
O autor divide o mundo em três grupos: os com-lazer, que podem pagar pelo melhor estilo de vida; a classe média, com acesso ao segundo mundo do lazer, com acesso ao mais barato ou dando escapadas para o primeiro, mas se afundando em dívidas; e os quase sem e os sem-lazer, que somente tem acesso ao lazer-filantrópico.
Entretanto, como falsa solução para as situações mais crônicas, geradoras de instabilidade sistêmica, em substituição à universalização dos direitos, as políticas públicas passam a pautar-se pela lógica focalista, atacando focos de instabilidade com a introdução de compensações pontuais, visando o funcionamento do sistema e a conservação da ordem institucional. Um exemplo emblemático de tal política é o da tentativa de ocupação assistencialista das chamadas áreas de risco social, objetivando combater a escalada da violência urbana com a implementação localizada de projetos culturais, educativos e de lazer baseadas no princípio da auto-ajuda iniciativas geralmente mantidas por ONG’s, igrejas, organizações comunitárias, etc.
O lazer-filantrópico, a solidariedade e a política social para os neoliberais, segundo o autor, só existe onde explode a violência, produzindo uma sociedade cada vez mais dualizada, na qual figura, de um lado, um lazer rico para os ricos e, de outro, um lazer pobre para os pobres, o que desintegra, pouco a pouco, a noção mesma de direito social.
“Como um processo complexo, abrangente, tenso e contraditório, a globalização, tal como o avanço das políticas neoliberais, trazendo consigo a universalização do “mercolazer”, reatualiza-se no tempo, descrevendo um movimento progressivo- regressivo geograficamente desigual, enfrentando resistências e sofrendo seus reveses, mas aprofundando-se como tendência. Um grande número de manifestações, atos, greves, motins, revoltas, insubordinações, desobediências e todo tipo de ação política poderiam aqui ser citadas a fim de confirmar que as contraracionalidades existem, nutrindo formas de resistir, de lutar e de se emancipar. 
(...) Nesse sentido, a soberania do cidadão, a “lazerania”, só pode ser entendida, decodificada, encampada, organizada e potencializada se estivermos pensando em termos de uma sociedade mundial, mesmo que nosso ponto de partida seja o local ou o nacional.
(...) No contraditório e tenso movimento das forças sociais em disputa, embora em outro patamar, a longa batalha em torno dos direitos sociais continua, recolocando novos desafios para uma conquista deveras incompleta, qual seja, a cidadania, a “lazerania”.”. (MASCARENHAS, 2007, p.35-37)

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