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Infecções Odontogênicas

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Universidade vale do rio doce – UNIVALE
NÚCLEO DA SAÚDE - FACS 
CURSO DE ODONTOLOGIA
VI SEMINÁRIO INTEGRADOR
O DESAFIO DA INTEGRAÇÃO MULTIDISCIPLINAR EM ODONTOLOGIA.
INFECÇÕES ODONTOGÊNICAS
Alice Arruda*
Aline Cardoso*
Dayana Guimarães* 
Dhulia Denadai*
Emanuella Alves* 
Leticia Linhares*
Lívia Franklin*
Karina Pardim*
Raíssa Ketlin*
Sara Borba* 
Waine Costa* 
Ricardo Axer **
* Acadêmicos do 6° Período do Curso de Odontologia da FACS/UNIVALE
**Professor Responsável 
GOVERNADOR VALADARES-MG
2017
1. INTRODUÇÃO
As infecções na odontologia em grande maioria são leves, de baixa intensidade e localizadas. Entretanto há aquelas que são consideradas complexas e requerem tratamento a nível hospitalar. A maior parte das bactérias que causam infecções odontogênicas são próprias da microbiota oral e ganham acesso aos tecidos subjacentes profundos através da polpa necrosada ou de uma bolsa periodontal dando início a infecção. Podem ser causadas por cárie dentária, infecção dento-alveolar, periodontite, osteíte, osteomielites e infecções pós-cirúrgicas. Os sinais e sintomas geralmente são: dor localizada, acompanhada de inchaço na região afetada, vermelhidão, trismo, disfagia, dislalia, dispneia, febre e a prostração. É ideal que o diagnóstico seja feito precocemente. O tratamento se baseia em drenagem, antibioticoterapia, além de compressas e bochechos aquecidos, tratamento endodôntico e até mesmo exodontia. Dentre essas infecções odontogênicas abordaremos sobre a complicação mais grave, a angina de Ludwig.
 2. DESENVOLVIMENTO
Angina de Ludwing
A Angina de Ludwig é um processo infeccioso que consiste em uma celulite do tecido conectivo cervical e assoalho da boca, normalmente de origem dentária.
No seu inicio há apenas edema e dor local, mas a infecção se difunde rapidamente levando a um aumento de volume significante na região de assoalho de boca, sendo que a característica mais importante é representada por uma celulite agressiva, tóxica, firme e aguda e que envolve os espaços fasciais submandibular e sublingual bilateralmente e, o espaço submentoniano. É o agravamento da celulite no espaço submentoniano, submandibular e sublingual bilateral. É de ocorrência incomum e esta infecção difere de outros tipos de celulite pós-operatórias por apresentar um endurecimento firme, lenhoso, que não se deprime a pressão, difuso, não localizado e sem ponto de flutuação. Comumente essa infecção caracteriza a aparência do paciente boquiaberto, o assoalho bucal normalmente está elevado, a língua protruída, tornando a respiração, deglutição e abertura de boca dificultada o fazendo babar.
Características Clínicas: tumefação dura, difusa e não localizada que eleva o soalho bucal e língua dificultando os movimentos bucais e respiratórios, calafrios, febre, sialorréia, tecidos do pescoço rígidos.
Radiograficamente: por ser uma infecção aguda não há evidências radiográficas.
Tratamento: Antibioticoterapia maciça, drenagem e alívio, endodontia ou exodontia após 48h da drenagem. A traqueostomia pode ser indicada se a respiração se tornar difícil. Se não houver melhoras em questão de horas, intervenção cirúrgica se torna necessária.
2.2 Caso Clínico 
Doente do sexo masculino, 25 anos,70 quilos, compareceu ao Serviço de Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial do Hospital Regional Sul com queixa principal de aumento de volume e sintomatologia dolorosa em região submandibular desde há sete dias após exodontia do elemento 47. Apresentava-se dispneico, disfágico, disfônico, febril, toxêmico. O exame extra-oral revelou grande aumento de volume submental, submandibular e sublingual bilateralmente endurecido à palpação, trismo com abertura máxima assistida de 8 mm. Ao exame físico intra-oral observou-se alvéolo do dente 47 em processo normal de reparação e elevação da língua. Radiograficamente, havia extensas restaurações e imagem do alvéolo do dente 47. Foi realizada internamento imediata do paciente para drenagem cirúrgica e antibioticoterapia intravenosa. A tomografia computadorizada mostrou locas em região submandibular bilateral, submental e sublingual, além de desvio da traqueia para a direita. Também foram solicitados exames laboratoriais, como hemograma e leucograma, sendo encontrada uma leucocitose de 19.900/mm3.
Prosseguiu-se então com o encaminhamento para o centro cirúrgico onde foi realizada uma traqueostomia devido a impossibilidade de entubação endotraqueal. Em seguida, foram realizados acessos submandibular direito e submental com drenos de Penrose intercomunicantes e cervicotomia esquerda pela equipa da Cirurgia Geral. A antibioticoterapia intravenosa adoptada foi penicilina G cristalina 4.000.000 UI de 4/4 horas, amicacina 500mg de 12/12 horas e metronidazol 500 mg de 8/8 horas. O paciente apresentou boa evolução do quadro e teve alta hospitalar após dez dias de internamento.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A infecção odontogênica é um problema de saúde pública, que pode atingir indivíduos de variadas faixas etárias. Pacientes de baixa remuneração tendem a sofrer mais com problemas dentários e infecções odontogênicas. A prevenção e abordagem precoce é a melhor estratégia de tratamento. Conhecer a epidemiologia e o perfil dos pacientes de cada local auxilia na tomada de decisões e na formulação de protocolos de tratamentos eficazes. O diagnóstico correto das infecções odontogênicas é imprescindível para o estabelecimento da terapia o quanto mais rápido possível, evitando maiores complicações para o paciente, que apesar de serem infrequentes não devem ser desconsideradas devido à sua morbidade evitando a necessidade de tratamento a nível hospitalar.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
PETERSON LARRY J. Cirurgia Oral e MaxiloFacial Contemporânea: Princípios de Prevenção e Tratamento das Infecções Odontogênicas. p. 365-389, 2005.
BURGARDT, Célia Inês & LEÃO, Maria Terezinha Carneiro. Controle de Infecção em Odontologia. Curitiba: Champagnat, 1997.
ESTRELA C.; ESTRELA, C. Controle de infecção em odontologia. São Paulo: Artes Médicas, 2003. 169p
http://bucomaxilofacial.blogspot.com.br/2007/09/angina-de-ludwig-reviso-de-literatura-e.html
Soriano DB, Gómez JRA, Calleros HP, Idi JS, Basave SJ. Management of Ludwig's angina with small neck incisions: 18 years experience. Otolaryngology-Head and Neck Surgery 2004;712-717.

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