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ESQUEMA TÍTULOS DE CRÉDITO EMPRESARIAL

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TÍTULOS DE CRÉDITO – TEORIA GERAL (II Crédito) 
 
1. CONCEITO 
- São documentos representativos de obrigações pecuniárias. 
- O código civil tem aplicação apenas a três títulos de crédito típicos, que não foram 
disciplinados completamente pelas respectivas leis de regência: o warrant agropecuário, 
o conhecimento de depósito agropecuário (lei n. 11.076/04) e a letra de arrendamento 
mercantil (lei n. 11.882/08). 
- Não têm aplicação as disposições do código civil, portanto, quando se trata de 
título de crédito disciplinado exaustivamente por lei própria. A letra de câmbio e a nota 
promissória não se submetem a essas disposições porque a lei uniforme de Genebra as 
disciplina por completo. Assim também o cheque, disciplinado inteiramente pela lei 
respectiva. A duplicata igualmente não se submete às prescrições do código civil porque 
a lei correspondente a submete ao regime legal aplicável à letra de câmbio, que, como 
visto, é exaustivo (lei n. 5.474/68, art. 25). 
- Segundo Cesare Vivante, os títulos de crédito constituem "documentos necessários 
para o exercício de um direito literal e autônomo, nele mencionado". Deste conceito, 
dado pelo ilustre jurista italiano, podemos extrair os princípios que norteiam esse tema, 
que são: 
- Princípio da Cartularidade: exige a existência material do título ou, como versa 
Vivante, o documento necessário. Assim sendo, para que o credor possa exigir o crédito 
deverá apresentar a cártula original do documento - título de crédito. 
Garante, portanto, este princípio, que o possuidor do título é o titular do direito de crédito. 
- A duplicata se afasta deste princípio, uma vez que expressa a possibilidade do protesto 
do título por indicação quando o devedor retém o título. 
- Princípio da Literalidade: o título vale pelo que nele está mencionado, em seus termos 
e limites. Para o credor e devedor só valerá o que estiver expresso no título. Deve, por 
conseguinte, constar a assinatura do avalista para que seja válido o aval, por exemplo. 
Ex: declaro, com minha assinatura no documento, que pagarei o título se o obrigado principal não 
o pagar; no futuro, não poderei escusar-me de fazer esse pagamento. Por outro lado, se prometo 
ao portador desse título pagá-lo se o obrigado principal não pagar, mas minha assinatura não 
constar no documento, não poderei depois ser forçado judicialmente a efetuar o pagamento, pois 
minha declaração não consta no documento. 
- A duplicata, por mais uma vez, figura como exceção, já que conforme estabelece o artigo 
9°, §1°, da Lei n° 5.474/68: "a prova do pagamento é o recibo, passado pelo legítimo 
portador ou por seu representante com poderes especiais, no verso do próprio título ou 
em documento, em separado, com referência expressa à duplicata". 
- Princípio da Autonomia: desvincula-se toda e qualquer relação havida entre os 
anteriores possuidores do título com os atuais e, assim sendo, o que circula é o título de 
crédito e não o direito abstrato contido nele. A autonomia é a característica dos títulos de 
crédito que garante a independência obrigacional das relações jurídicas subjacentes, 
simultâneas ou sobrejacentes à sua criação e circulação e impede que eventual vício 
em uma relação se comunique às demais ou invalide a obrigação literal inscrita na cártula. 
Quanto mais o título circular, recebendo assinaturas, tanto mais segurança terá o portador de que, 
no momento aprazado, seja reembolsado da importância mencionada no documento, facultando-
lhe a lei recebê-la não apenas do obrigado principal mas, na falta dele, qualquer dos que lançaram 
as suas assinaturas no título e, desta forma, assumiram a obrigação de pagá-lo, se a isso forem 
justamente chamados. 
- Princípio da Abstração: decorre, em parte, do princípio da autonomia e trata da 
separação da causa ao título por ela originado. Não se vincula a cártula, portanto, ao 
negócio jurídico principal que a originou, visando, por fim, a proteção do possuidor de 
boa-fé. 
 
 
 
 
Não gozam deste princípio todos os títulos de crédito, mas se pode observar ser ele válido 
para as notas promissórias e letra de câmbio. 
- Inoponibilidade das exceções: o obrigado em uma letra não pode recusar o 
pagamento ao portador alegando suas relações pessoais com o sacador ou outros 
obrigados anteriores do título (ex: não pode o obrigado recusar o pagamento alegando 
que é o credor do sacador). Tais exceções ou defesas são inoponíveis ao portador, que 
fica, sempre, assegurado quanto ao cumprimento da obrigação pelo obrigado. Se houver 
relações pessoais entre o portador e o devedor, este poderá opor-se ao pagamento. 
Exceção: quando há má-fé por parte do portador ao adquirir o título, com a finalidade de 
prejudicar o devedor. 
 
2. ELEMENTOS 
Agente capaz: não é válida a emissão de títulos de crédito se o agente que se obriga, em 
se tratando de pessoa natural, é absolutamente incapaz; se o agente que se obriga é 
Ex: se, por acaso, uma letra de câmbio contiver a assinatura falsa de um dos obrigados, tendo 
entretanto, o título circulado apesar dessa falsidade, a lei reconhece o documento como um título 
de crédito e, assim, amparado pelos princípios que regem esses títulos. Isso em virtude do princípio 
da autonomia das obrigações, de que resulta que cada obrigação é independente das demais. Se 
o título circulou com um desses defeitos, as obrigações dos que dele participaram perduram, não 
podendo um obrigado esquivar-se de satisfazer sua obrigação alegando aquela falha. Exceção: os 
casos de má-fé. (preza-se a aparência do título, em alguns casos). 
 
 
 
relativamente capaz, a obrigação será anulável. A incapacidade do beneficiário não vicia 
o ato, já que se trata de uma declaração unilateral de vontade e não de um negócio jurídico. 
Objeto lícito (deve respeitar a legislação genérica e específica), possível (fisicamente 
impossível, p. ex., é a obrigação assumida por quem já se encontra morto ou se a data de 
emissão da cártula é posterior à data de emissão) e determinável (exige-se certeza e 
liquidez na obrigação). 
Emissão lícita: adequação entre a vontade do obrigado e o negócio no qual se obriga, 
deve ser livre de erro ou ignorância, coação, estado de perigo, lesão enorme ou no contrato 
e fraude contra credores. 
Data de emissão: requisito essencial. É dever do portador, se deseja exigir o cumprimento 
da obrigação, datá-lo e, assim, completá-lo. Tem importância vital para a prescrição. 
Data de vencimento: não é um requisito imprescindível para validade da cártula. O que 
não o contenha, indica que o pagamento é à vista. Entre o momento da emissão, quando 
o crédito é criado, até o vencimento, quando o crédito é exigível, o direito ao crédito, 
embora existente, está suspenso em sua efetivação. De posse de uma cártula com 
vencimento à vista, tem o credor um titulo líquido, certo e exigível, que não se equipara 
ao papel-moeda pela mera possibilidade do inadimplemento, assim como pelo fato de 
submeter-se às regras do direito cambiário. 
Formalismo: não se sustenta pela preservação da solenidade, mas pela proteção da 
segurança das partes envolvidas e das partes que podem vir a ser envolvidas, na 
eventualidade de circulação do instrumento de crédito. A não-atenção aos requisitos 
mínimos simplesmente retira o documento do âmbito jurídico específico das normas 
cambiárias, remetendo-o para o plano das relações jurídicas reguladas pelo direito 
comum. 
 
2. CLASSIFICAÇÃO DOS TÍTULOS DE CRÉDITO 
- Títulos impróprios ou atípicos: Há documentos que seguem grande parte do regime 
disciplinador dos títulos de crédito, mas não representam pura relação de crédito, mas 
outra operação qualquer, sobre os quais ensina Fran Martins: “são os títulosque não 
representam uma verdadeira operação de crédito, mas que, revestidos de certos requisitos 
dos títulos de crédito propriamente ditos, circulam com as garantias que caracterizam 
esses papéis”. Misto dos títulos de crédito com outras formas contratuais. 
- Títulos de crédito propriamente ditos: atestam uma operação de crédito. Por ex.: 
cheque, nota promissória, letra de câmbio e duplicata mercantil. 
 
- Quanto ao modelo: podem ser vinculados ou livres. 
• Vinculados: devem atender a um padrão específico, definido por lei, para a 
criação do título. Ex:. cheque. 
• Livres: são os títulos que não exigem um padrão obrigatório de emissão, basta 
que conste os requisitos mínimos exigidos por lei. Ex:. letra de câmbio e nota 
promissória. 
- Quanto à estrutura: podem ser ordem de pagamento ou promessa de pagamento. 
• Ordem de pagamento: por esta estrutura o saque cambial dá origem a três 
situações distintas: sacador ou emitente, que dá a ordem para que outra pessoa 
pague; sacado, que recebe a ordem e deve cumpri-la; e o beneficiário, que recebe 
o valor descrito no título. Ex:. letra de câmbio, cheque. 
• Promessa de pagamento: envolve apenas duas situações jurídicas: promitente, 
que deve, e beneficiário, o credor que receberá a dívida do promitente. Ex:. nota 
promissória. 
- Quanto à natureza: podem ser títulos causais ou abstratos. 
• Títulos causais: são aqueles que guardam vínculo com a causa que lhes deu 
origem, constando expressamente no título a obrigação pelo qual o título foi 
assumido, sendo assim, só poderão ser emitidos se ocorrer o fato que a lei elegeu 
como uma possível causa para o mesmo. Podem circular por endosso. Ex: 
duplicatas, que para serem emitidas, necessitam que tenha havido uma venda de 
mercadorias, a prazo, em território nacional. 
• Títulos abstratos: são aqueles que não mencionam a relação que lhes deu 
origem, podendo ser criados por qualquer motivo. Ex: letra de câmbio, cheque. 
- Quanto à legitimação e à participação (estão ligados aos títulos impróprios): 
• Títulos e documentos de legitimação – como o próprio nome diz, legitimam o 
seu titular ao exercício de um direito, não representando qualquer operação 
de crédito. Alguns não são títulos de crédito, pois não foram incluídos por lei no 
regime do Direito Cambiário. Senhas de atendimento do INSS são documentos 
de legitimação (pois garantem a quem as porta o direito de ser atendido 
conforme a ordem), mas, obviamente, não são títulos de crédito. Já um bilhete de 
passagem aérea é um título de legitimação. 
• Títulos de participação– são aqueles que dão ao seu proprietário o direito de 
figurar em determinada situação jurídica, conferindo-lhe um status peculiar. 
O grande exemplo disso são as ações, que, por meio delas, se participa da 
sociedade estatutária, pois é a propriedade delas que confere o status de sócio 
a alguém, bem como os direitos de participação daí decorrentes. As ações são 
reguladas pelo Direito Cambiário para que lhes seja assegurada a liquidez que o 
mercado de capitais demanda. 
- Quanto à forma de circulação: 
• Nominativos – o nome do titular está contido no documento, nãocirculando pelo 
regime do endosso, mas pela cessão (direito comum). Como exemplo, há as ações 
nominativas, cuja transferência se dá com o devido registro no livro de 
transferência das ações nominativas de uma sociedade anônima – um dos livros 
obrigatórios desse modelo societário. 
• À ordem– são títulos que nascem nominativos, mas circulam mediante endosso. 
Deve ser pago, então, a quem tem o seu nome estampado no título ou a 
quem ele ordenar, expressamente, no documento. Tal ordem é o endosso, que 
implica a transferência do título. Alguns autores preferem incluir os títulos à 
ordem como subclasse dos títulos nominativos. 
• Não à ordem: não podem circular mediante endosso. 
• Ao portador – não possuem um titular identificado no documento. 
Circulam mediante a tradição do título; proprietário, assim, é aquele que porta o 
título. (Os cheques podem ser feitos ao portador até o valor de 100 reais, acima 
disso, somente nominativos). 
 
 
4. CONSTITUIÇÃO DO TÍTULO DE CRÉDITO 
 
4.1 Saque 
- Este instituto somente será encontrado pela emissão de letras de câmbio, já que estas 
são ordens de pagamento que, por meio do saque, criam três situações jurídicas distintas, 
sendo estas: a figura do sacador, o qual dá a ordem de pagamento e que determina a 
quantia que deve ser paga; a figura do sacado, àquele para quem a ordem é dirigida, o 
qual deve realizar o pagamento dentro das condições estabelecidas; e, por último, o 
tomador, credor da quantia mencionada no título. 
- Saque, portanto, é o ato de criação, ou seja, da emissão da letra de câmbio. Após esse 
ato, o tomador pode procurar o sacado para receber do mesmo a quantia devida. Sendo 
que não tem por única função emitir o título, mas também visa vincular o sacador ao 
pagamento da letra de câmbio, assim sendo, caso o sacado não pague a dívida ao tomador, 
este último poderá cobrá-la do próprio sacador, que é o próprio devedor do título. 
 
4.2 Aceite 
- É por meio deste que o sacado se compromete ao pagamento do título ao 
beneficiário, na data do vencimento. Para que seja válido este aceite deverá conter o 
nome e assinatura do aceitante. 
- Importante frisar que, se este aceite se der no verso do título, deverá acompanhar a 
palavra "aceito" ou "aceitamos", para que não se confunda com endosso; mas se no 
anverso do título, bastará a assinatura do aceitante. 
- O sacado/aceitante deverá ser civilmente capaz e não poderá ser falido. Se este vier a 
falecer poderá o inventariante proceder o aceite em nome dos sucessores daquele. 
- No cheque, o sacado é mero depositário e não se obriga. Na letra de câmbio, o sacado 
se obriga e se responsabiliza. 
- Havendo endossantes neste título, deverão estes responder como devedores 
cambiários solidários e, assim sendo, deverão pagar o que estabelece o título ao 
beneficiário, caso o sacado não o aceite. O aceite é irretratável, ou seja, desde que 
produzido o sacado não poderá se eximir do pagamento da letra. 
- Prazo de respiro é o prazo de um dia dado em virtude da primeira apresentação 
do título para aceite do sacado. De acordo com o art. 24 da LU: "o sacado pode pedir 
que a letra lhe seja apresentada uma segunda vez no dia seguinte ao da primeira 
apresentação". 
- As letras com data certa para vencimento ou à vista dispensam a apresentação para 
aceite, porque vencem no momento em que são apresentadas, devendo ser feita em 1 ano. 
- Será considerada a falta de aceite quando o sacado não for encontrado, estiver muito 
enfermo, não podendo, ao menos, expressar-se, ou quando nega o aceite ao título 
expressamente. Diante da recusa do aceite, o beneficiário deverá, a fim de receber o valor 
representado pelo título, protestá-lo no primeiro dia útil seguinte, já que esta recusa 
acarreta o vencimento antecipado do título. Podendo o tomador perder o direito, se não 
protestar neste prazo, de acionar os demais coobrigados cambiários. Sendo assim, 
verifica-se que o protesto pressupõe a ausência do aceite. 
- O aceite deverá ser puro e simples, não podendo ser condicionado, e poderá ser 
limitado de acordo com que o aceitante se obrigar nos termos do mesmo. 
- A lei permite que o sacador estabeleça uma cláusula de proibição de aceitação do 
aceite, tornando a letra inaceitável. Com isso, deverá o beneficiário esperar até a data 
do vencimento do título para apresentá-lo ao sacado, que só então, se recusá-lo, poderá 
voltar-se ao sacador. Se, entretanto, antes da data do vencimentoo sacado aceitar o título, 
ele será válido. 
- Essa cláusula não será permitida quando a letra for sacada a certo termo da vista, pois 
quando isso ocorre o prazo do vencimento só corre a partir da data do aceite. 
 
4.3 Endosso 
- É a forma pela qual se transfere o direito de receber o valor que consta no título 
através da tradição da própria cártula. 
- De acordo com o art. 893 do Código Civil: "a transferência do título de crédito implica 
a de todos os direitos que lhe são inerentes" e, por assim dizer, entende-se que não só a 
propriedade da letra que se transfere, como também a garantia de seu adimplemento. 
Figuram dois sujeitos no endosso: 
- endossante ou endossador: quem garante o pagamento do título transferido por 
endosso; 
- endossatário ou adquirente: quem recebe por meio dessa transferência a letra de 
câmbio. 
- O endosso responsabiliza solidariamente o endossante ao pagamento do crédito 
descrito na cártula caso o sacado e sacador não efetuem o pagamento. Portanto, se o 
devedor entregar a seu credor um título, por mera tradição e sem endosso, não estará 
vinculado ao pagamento deste crédito caso as outras partes se tornem inadimplentes. 
- Basta que o beneficiário nele nomeado (ou não) assine a cártula, na sua face 
(anverso) ou na sua parte de trás (verso). Se o faz no verso, é de sua escolha se fará 
acompanhar assinatura de texto que identifique o seu ato “em endosso”, “transfiro”, “cedo 
o título”. 
- Na hipótese de múltiplos beneficiários, o endosso deverá ser assinado por qualquer um 
deles se ordenou que o pagamento se fizesse a fulano ou beltrano. Nesta hipótese, ambos 
são credores solidários, tendo o direito de exigir, independentemente da presença do 
outro, a totalidade do crédito, e se o recebe, extinta está a obrigação do devedor. 
- Por outro lado, se o saque se fez com a indicação de beneficiários em conjunto 
(fulano e beltrano), tem-se uma obrigação indivisível, na qual o pagamento deverá 
fazer-se a todos conjuntamente e, via de consequência, o poder para transferir o título 
exige igual participação. O endosso transfere somente o crédito constante da ordem de 
pagamento/declaração de crédito que é o cheque; nenhum direito ou dever acessório é 
transferido para o patrimônio do endossatário. 
- O endossatário, para exigir do devedor o crédito inscrito no título, deve apresentá-lo e 
comprovar pelo que nele que esteja inscrito que o crédito lhe foi endossado. 
- Não é permitido, portanto, uma transferência parcial do título (nulo). 
- Cancelamento do endosso: é lícito, seja apagando-o, rasurando-o, sobrescrevendo 
“cancelado” ou “sem valor”. 
Poderá o endosso se apresentar: 
• em preto: quando na própria letra traz a indicação do endossatário do crédito. 
Também conhecido por endosso nominal. 
• em branco: quando apenas constar a assinatura do endossante, sem qualquer 
indicação de quem seja o endossatário. Deverá este ser feito sempre no verso do 
título e se tornará um título ao portador. 
Classificações doutrinárias de endosso: 
- Endosso próprio: transfere ao endossatário não só a titularidade do crédito como 
também o exercício de seus direitos. 
- Endosso impróprio: difere do anterior uma vez que não transfere a titularidade do 
crédito, mas tão somente o exercício de seus direitos. Não se transmite a propriedade, mas 
a posse do título. Este se subdivide em: 
 
• Endosso-mandato ou endosso-procuração: permite que o endossatário aja 
como representante do endossante, podendo exercer os direitos inerentes ao título. 
Dá poderes a quem receber o título, mas não se torna o credor. Não age em 
seu próprio interesse, mas no interesse daquele que lhe outorgou os poderes. Nele, 
não se tem uma procuração, mas uma cláusula de mandato, aposta na 
própria cártula (“endosso em mandato”, “para cobrança”). Pode ser feito pela 
simples assinatura (embora contenha riscos, já que em relação a terceiros que 
desconhecem a natureza do mandato, terá aparência legítima de titular do crédito) 
da título em seu verso, mas nunca na face, pois aí caracterizaria-se como aval. 
Essa cláusula confere ampla outorga de poderes para exercer o direito inerente ao 
título, mas admite restrição expressamente estatuída na cártula. 
• Endosso-caução ou pignoratício: figura como mera garantia ao endossatário de 
uma dívida do endossante para com ele. Deve sempre conter a cláusula: “valor 
em garantia” ou “valor em penhor”. Tendo, portanto, o endossante cumprido a 
obrigação para a qual se destinou a garantia, poderá rever o título de crédito. 
• Endosso-póstumo: endosso feito após o protesto ou vencimento, perde a sua 
finalidade de título. Produz efeito da cessão civil de crédito. 
• Endosso “sem garantia”: endosso que não produz o efeito de vincular o 
endossante ao pagamento do título é o chamado endosso “sem garantia”, 
previsto no art. 15 da LU. Com esta cláusula, o endossante transfere a 
titularidade da letra, sem se obrigar ao seu pagamento. A regra, como visto, é 
a da vinculação do endossante (lembre-se que o art. 914 do CC não se aplica em 
razão do art. 903 do mesmo código). O fato do endossante de inserir no endosso 
a cláusula “sem garantia”, porém, afasta a vinculação prevista em lei. 
- Cessão Civil é a transferência de um título de crédito por meio diverso ao do 
endosso. 
Diferenças de Endosso e Cessão Civil: 
• Endosso – ato unilateral que só será admitido mediante assinatura e 
declaração contidas no título. Confere direitos autônomos ao endossatário 
(direitos novos) e não poderá ser parcial. Transmite o crédito e passa a ser 
garantidor. 
 
• Cessão Civil – ato bilateral, por meio de um negócio jurídico; pode ser feita 
da mesma forma que qualquer outro contrato; confere os direitos derivados de 
quem o cedeu e poderá ser parcial. Não se torna garantidor. 
- Responsabilidade pelo crédito endossado: não responde o endossante pelo 
cumprimento da prestação constante no título (art. 914, CC). Caso a assuma 
expressamente, o endossante se torna devedor solidário. Pagando o título, tem o 
endossante ação de regresso contra os coobrigados anteriores. 
- Sequência de endossos: mesmo o endosso em preto comporta uma sequência ampla. 
Considera-se legítimo possuidor o portador do título à ordem com regular e 
ininterrupta de endossos, ainda que o último seja em branco. Nos endossos em branco 
ou com um ou mais endossos em preto, cabe ao devedor verificar a regularidade da série 
de endossos, embora não seja obrigado conferir a autenticidade das assinaturas ali 
lançadas. 
- Antes de todos co-devedores, está o devedor principal; na sequência, o seu avalista (s); 
depois, o endossante, seguido por seu avalista (s); e assim, sussessivamente. 
CADEIA DE ENDOSSOS: 
1º A (emissor)  2º B/C (avalistas)  3º D (endossante)  4º E (endossante)  5º 
F (endossante)  6º G/H (avalistas)  Z (credor/apresentante) 
- Imagine-se que A emitiu uma nota promissória, avalizada por B e C. D, que era o 
beneficiário, endossou-a a E que, na sequência, endossou-a a Z, com aval do G e H 
(avalistas do segundo endosso). Z, que é o credor, pode apresentar a cártula e exigir a 
totalidade do pagamento, indistintamente, de A, B, C, D, E, F, G e H. Aquele que paga, 
pode voltar-se contra os coobrigados anteriores, nunca contra os posteriores. 
 
4.4 Aval 
- Versa o art. 30 da LU, "o pagamento de título de crédito, que contenha obrigação de 
pagar soma determinada, pode ser garantido por aval". Com isso, estabelece-se que aval 
é a garantia cambial, pela qual terceiro (avalista) firma para com o avalizado, se 
responsabilizando pelo cumprimento do pagamento do título se este último não o 
fizer. 
- O aval resulta da simples assinatura do avalista no anversodo título, sob alguma 
expressão identificadora do ato praticado (“Por aval” ou equivalente) ou não. Se o 
avalista pretender firmar o verso do título, somente poderá fazê-lo identificando o ato 
praticado. 
Poderá o aval se apresentar: 
• em preto: indica o avalizado nominalmente; 
• em branco: não indica expressamente o avalizado, considerando, por 
conseguinte, o sacador como o mesmo. 
- É permitido o aval parcial (no cheque, letra de câmbio e nota promissória) ou limitado, 
segundo o art. 30 da Lei Uniforme. Segundo o CC, não pode ser parcial. 
- O aval difere da fiança pelo fato desta última se caracterizar em contratos cíveis e não 
sob títulos de crédito, como a primeira. Fiança é um contrato acessório pelo qual a pessoa 
garante ao credor satisfazer a obrigação assumida pelo devedor caso este não a cumpra, 
ao passo que a obrigação do avalista é autônoma, independente da do avalizado. A fiança 
produz mais efeitos que o aval, uma vez que a posição do fiador adquire características 
de principal. 
- Por fim, cumpre ressaltar que a lei concede ao fiador o benefício de ordem (a 
responsabilidade é subsidiária: cobra-se por último do fiador), benefício este inexistente 
para o avalista (a responsabilidade é solidária). 
AVAL (1) x ENDOSSO (2) 
(1) É uma garantia suplementar dada por pessoa que vem ocupar posição especial no título, não 
necessitando que esta seja a detentora legítima. X (2) É um meio de transferência dos direitos do 
título, mediante assinatura do detentor legítimo, garantindo o endossante o aceite e pagamento da 
letra. 
(1) Não transfere a propriedade ou disponibilidade da letra. X (2) Transfere a propriedade e 
disponibilidade da letra. 
- É necessária a vênia conjugal nos dois casos, salvo no regime de separação total de 
bens. DE ACORDO COM DECISÃO RECENTE DO STJ, o aval prestado por avalista 
casado não será nulo mesmo se não houver anuência do outro cônjuge, pois apenas 
se atingirá a metade patrimonial (meeiro) do cônjuge avalista. 
- Aval simultâneo: quando mais do que dois avalistas avalizam uma mesma pessoa 
num mesmo momento. Cada um responde por sua garantia, não há responsabilidade 
solidária entre os avalizados. O pagamento feito por um dos avalistas exonera a 
obrigação dos outros, mas se um deles pagar a totalidade do débito avalizado terá direito 
de exigir dos demais coavalistas o corresponde ao valor pago, subtraída a parte que, como 
avalista, lhe competia. Se um dos avalistas for declarado falido ou insolvente, cada um 
dos avalistas solventes acrescentará parte de seu quinhão à obrigação que já detém. Por 
exemplo: A, B, C avalizam a obrigação do endossante D; A, B e C avalizam a obrigação 
dos aceitantes D e E; A, B e C avalizam a obrigação dos sacadores D, E e F. 
- Aval sucessivo: aval do aval. Um avalista garante outro avalista. Cada avalista 
responde pela totalidade da dívida. Neste caso, a relação é tipicamente cambial e rege-se 
pelo direito cambiário: se o avalista do avalista pagar o título terá direito de regresso 
contra o avalizado (avalista do endossante, por exemplo), endossante, endossantes 
anteriores, tomador, sacador e aceitante. A norma de regência é cambial; o avalista 
sucessivo possui, como qualquer outro signatário de uma letra quando a tenha pago, o 
direito de acionar todas as pessoas que lhe precedem sem estar adstrito a observar a ordem 
por que elas se obrigaram (LUG, art. 47). 
 
5. EXIGIBILIDADE DO TÍTULO DE CRÉDITO 
 
5.1 Vencimento 
- O vencimento do título ocorrerá, ordinariamente, com o término normal do prazo, sob 
as seguintes formas elencadas pelo art. 6° da Lei Saraiva (Dec. 2.044/1908): 
a) à vista; 
b) a dia certo; 
c) a tempo certo da data; 
d) a tempo certo da vista. 
- Ou, também, extraordinariamente, quando se dá pela interrupção do prazo por fato 
imprevisto e anormal, elencados no art. 19 da mesma lei em questão. 
a) falta ou recusa de aceite; 
b) falência do aceitante. 
5.2 Pagamento 
- “Pagamento é a execução voluntária da obrigação”; é também o modo direto de 
extinção das obrigações. Na cambial o portador, último endossatário do título, é o credor 
do título, podendo exercer seu direito contra qualquer pessoa que figure na sequência de 
devedores que se inicia com o aceitante, segue ao sacador e ao tomador e, a partir de 
então, pela cadeia de endossantes e seus avalistas. 
- Haverá pagamento extintivo quando o aceitante pagar o título, assim denominado por 
desobrigar todos os demais signatários. Chama-se recuperatório o pagamento feito por 
um dos coobrigados, libera tão somente os coobrigados posteriores. 
- É através do pagamento que se tem por extinta uma, algumas ou todas as obrigações 
declaradas no título de crédito. Pode-se dizer, com isso, que o pagamento pode extinguir: 
- algumas obrigações: se o pagamento é efetuado pelo coobrigado ou pelo avalista 
do aceitante, extingue-se a própria obrigação de quem pagou e também a dos 
posteriores coobrigados; 
- todas obrigações: se o pagamento é realizado pelo aceitante do título. 
 
6. PROTESTO 
- Se o título venceu e não foi pago, o credor pode ir ao cartório registrar a dívida. O 
cartório chama o devedor para quitá-la, este terá 3 dias úteis para comparecer ao 
cartório, quitar a dívida e pagar os custos. Assim, o protesto não é lavrado e o devedor 
não fica com o seu nome sujo. Caso não compareça, o protesto é lavrado e o devedor 
passa a sofrer os seus efeitos. 
- O cheque dispensa protesto como forma de prova de não pagamento. 
- É ato formal e solene que comprova a inadimplência de determinada pessoa 
jurídica ou física. É a prova literal de que o título foi apresentado a aceite ou a pagamento 
e que nenhuma dessas providências foram atendidas, pelo sacado ou aceitante. Pode ter 
efeitos judiciais e extrajudiciais. O protesto será levado a efeito por: 
- falta ou recusa do aceite; 
- falta ou recusa do pagamento; 
- falta da devolução do título. 
 
 
7. AÇÃO CAMBIAL 
- É a ação cabível para o credor reaver o que deixou de receber pelo título de crédito 
devido, promovendo a execução judicial de seu crédito contra qualquer devedor 
cambial, devendo-se sempre observar as condições de exigibilidade do crédito. Para a 
letra de câmbio, a Lei Uniforme, em seu artigo 70 estabeleceu os seguintes prazos: 
• 6 meses: a contar do pagamento ou do ajuizamento da execução cambial, para o 
exercício do direito de regresso por qualquer um dos coobrigados; 
• 1 ano: para o exercício do direito de crédito contra os coobrigados, isto é, contra 
o sacador, endossante e respectivos avalistas. Prazo este a contar do protesto ou 
do vencimento, no caso da cláusula "sem despesas"; 
• 3 anos: para o exercício do direito de crédito contra o devedor principal e seu 
avalista, a contar do vencimento. 
- É importante diferir processo de execução da ação cambial, pois nem toda ação de 
execução tem como pressuposto um título de crédito (pode ser um contrato ou 
um título judicial), e nem toda ação cambial é de execução. É bem verdade que títulos 
de crédito são, conforme o artigo 585 do Código de Processo Civil, considerados 
títulos executivos, e, em regra, toda ação que visa a exercer um direito cambiário é 
execução. Por outro lado, há ações de conhecimento consideradas cambiais; em relação 
a cheques, uma vez prescrita a pretensão executiva (em seis meses), a lei asseguraum 
prazo de até dois anos para que o portador exerça o direito do título – direito do cheque 
enquanto título de crédito; logo haverá uma ação cambial de conhecimento que enseja 
uma sumarização horizontal da cognição. Retira-se da apreciação judicial aquilo que 
não diga respeito ao atual titular do direito e aodevedor – nada que se refira a outras 
pessoas ou aonegócio jurídico que gerou o título tem relevância. Assim, não se pode 
discutir a capacidade do emitente do título no curso dessa ação; porém o mesmo não 
se pode dizer quanto ao endossante (o devedor), em relação ao mesmo aspecto.

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