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Universidade do Vale do Para´ıba Faculdade de Engenharias, Arquitetura e Urbanismo APOSTILA DE FI´SICA GERAL I Profa. Dra. Aˆngela Krabbe Ao Aluno Esta apostila sera´ elaborada ao longo da disciplina de F´ısica Geral I, ministrada nos cursos das Engenharias da Univap. A apostila sera´ uma compilac¸a˜o das notas de aula que estara˜o fundamentadas nos livros listados na bibliografia recomendada. Estas notas de aula na˜o substituira˜o o uso dos livros textos, mas podera˜o auxilia´-lo no entendimento dos conteu´dos dessa disciplina. Recomenda-se que o emprego desses livros seja utilizado para uma melhor compreensa˜o dos conteu´dos desse curso. Sa˜o Jose´ dos Campos, 2017 1 Contents 1 Introduc¸a˜o 3 1.1 O Sistema Internacional de Unidades (SI) e a Notac¸a˜o Cient´ıfica . . . . . . 3 1.1.1 Comprimento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5 1.1.2 Tempo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5 1.1.3 Massa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6 2 Movimento Unidimensional 9 2.1 Movimento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9 2.2 Posic¸a˜o e Trajeto´ria . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10 2.3 Deslocamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10 2.4 Velocidade Me´dia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11 2 1 Introduc¸a˜o A f´ısica comec¸a com a observac¸a˜o. Para entender o que e´ a f´ısica e´ preciso observar a natureza, os fenoˆmenos naturais que essa cieˆncia visa explicar e compreender. A F´ısica investiga os fenoˆmenos e as estruturas mais fundamentais da natureza, possibilitando que a humanidade compreenda aspectos cada vez mais complexos. Desta forma, o homem pode criar sistemas, dispositivos e materiais artificiais que tem contribu´ıdo para o progresso tecnolo´gico. Medindo grandezas Medimos cada grandeza f´ısica em unidades apropriadas por comparac¸a˜o com um padra˜o. Por exemplo, o padra˜o de comprimento, que corresponde a exatamente 1 m, e´ a distaˆncia percorrida pela luz, no va´cuo, durante uma certa frac¸a˜o de segundo. Em princ´ıpio, podemos definir uma unidade e seu padra˜o de qualquer forma, mas e´ importante que cientistas em diferentes partes do mundo concordem que nossas definic¸o˜es sa˜o ao mesmo tempo razoa´veis e pra´ticas. 1.1 O Sistema Internacional de Unidades (SI) e a Notac¸a˜o Cient´ıfica Existem sete grandezas fundamentais, as quais constituem a base do Sistema Interna- cional de Unidades. Elas sa˜o mostradas na tabela abaixo. No nosso curso, utilizaremos apenas as treˆs primeiras grandezas: Comprimento, Massa e Tempo. Muitas outras unidades derivadas do SI sa˜o definidas em termos destas unidades acima. Para expressarmos grandezas muito grandes ou muito pequenas frequ¨entemente encon- tradas na f´ısica usamos a notac¸a˜o cient´ıfica, que emprega poteˆncia de 10. Nesta notac¸a˜o: 3 Figure 1.1: Variac¸a˜o na densidade da a´gua a` pressa˜o atmosfe´rica com a temperatua. 3 560 000 000 m = 3,56 x 109 m. 0,000 000 492 s = 4,92 x 10−7 s. Nos computadores a notac¸a˜o cient´ıfica a`s vezes assume uma forma mais abreviada, como 3,56E9 ou 4,92E-7, onde E e´ usado para designar o “expoente de dez”. Em algumas calculadoras a notac¸a˜o e´ ainda mais abreviada, com o E substitu´ıdo por um espac¸o em branco. Tambe´m por convenieˆncia, quando lidamos com grandezas muito grandes ou muito pequenas usamos prefixos. Os prefixos do SI permitem escrever quantidades sem o uso da notac¸a˜o cient´ıfica, de maneira mais clara para quem trabalha em uma determinada faixa de valores. Os prefixos oficiais sa˜o sa˜o mostrados na figura 1.3. Figure 1.2: Prefixos oficiais 4 Assim, podemos expressar uma certa poteˆncia ele´trica como 1,27 x 109 watts = 1,27 gigawatt = 1,27 GW ou um certo intervalo de tempo como 2,35 x 10−9 s = 2,35 nanosegundos = 2,35 ns. 1.1.1 Comprimento Em 1792, o metro foi definido como como um de´cimo de milione´simo da distaˆncia entre o po´lo norte e o equador. Mais tarde, por razo˜es pra´ticas, esse padra˜o foi abandonado e o metro veio a ser definido como a distaˆncia entre duas linhas finas gravadas perto das extremidades de uma barra de platina-ir´ıdio, a barra do metro padra˜o, mantida no Bureau Internacional de Pesos e Medidas, nas vizinhanc¸as de Paris. Re´plicas precisas desta barra foram enviadas a laborato´rios de padronizac¸a˜o em va´rias partes do mundo. A Fugura ?? mostra a barra de platina-ir´ıdio utilizada como proto´tipo do metro de 1889 a 1960. Figure 1.3: Barra de platina-ir´ıdio utilizada como proto´tipo do metro de 1889 a 1960 Com o passar do tempo, um padra˜o mais preciso se tornou necessa´rio. Em 1983, o metro foi definido como: O metro e´ a distaˆncia percorrida pela luz no va´cuo durante um intervalo de tempo de 1/299 792 458 de segundo. Este intervalo de tempo foi escolhido para que a velocidade da luz c seja exatamente: c = 299 792 458 m/s Nesta ocasia˜o, as medidas da velocidade da luz ja´ haviam se tornado precisas. 1.1.2 Tempo O tempo tem dois aspectos. No dia-a-dia e para alguns fins cient´ıficos queremos saber a hora do dia para podermos ordenar eventos em sequ¨eˆncia. Em muitos trabalhos cient´ıfico estamos interessados em conhecer a durac¸a˜o de um evento. Assim, qualquer padra˜o deve ser capaz de responder as duas perguntas: “Quando isso aconteceu?” e “Quanto tempo isso durou?” 5 Em 1967, a 13a Confereˆncia Geral de Pesos e Medidas adotou como padra˜o de tempo um segundo baseado no relo´gio de Ce´sio: Um segundo e´ o intervalo de tempo que corresponde a 9 192 631 770 oscilac¸o˜es da luz (de uma transic¸a˜o atoˆmica espec´ıfica) emitida por um a´tomo de ce´sio-133. Os relo´gios atoˆmicos sa˜o ta˜o esta´veis que, em princ´ıpio, dois relo´gios de ce´sio teriam de funcionar por 6000 anos para que a diferenc¸a entre suas leituras fosse maior do que 1 segundo. Relo´gios ainda mais precisos esta˜o sendo desenvolvidos. 1.1.3 Massa O padra˜o de massa do SI e´ um cilindro de platina-ir´ıdio mantido no Bu- reau Internacional de Pesos e Medidas, ao qual foi atribu´ıda, por acordo internacional, a massa de 1 quilograma. Co´pias precisas foram enviadas a laborato´rios de padronizac¸a˜o de outros pa´ıses, e as massas de outros corpos podem ser determinadas comparando-os com uma dessas co´pias. As massas dos a´tomos podem ser comparadas entre si mais precisamente do que com o quilograma-padra˜o. Por essa raza˜o, temos um segundo padra˜o de massa, o a´tomo de carbono-12, ao qual de acordo por acordo internacional, foi atribu´ıda uma massa de 12 unidades atoˆmicas (u). A relac¸a˜o entre as duas unidades e´: 1 u = 1,66053886 x 10−27 kg, com incerteza de ± 10 nas duas u´ltimas casa decimais. Exerc´ıcios 1. Usando fatores de conversa˜o apropriados, determine. a) 55 mi/h em m/s b) 10 cm3 em km3 c) 10 km/h em m/s d) 100 m/s em km/h R.: a) 24,6 m/s; b) 1 x 10−14 ; c) 2,78 m/s; d) 360 km/h 2. Ano-luz e´ uma unidade de comprimento igual a` distaˆncia percorrida pela luz em um ano. Calcule o fator de conversa˜o entre anos-luz e metros. Determine a distaˆncia da estrela Proxima Centauri, de 4,2 anos-luz, em metros. R.: 9,48 x 1015 m; 4 x 1016 m. 6 3. O micrometro (1 µ m) e´ tambe´m chamado de mı´cron. (a) Quantos mı´crons tem 1 km? (b) Que frac¸a˜o do cent´ımetro e´ igual a 1 µm ? R.: a) 109 µm; b) 10−4 cm. 4. A distaˆncia entre as cidades Rio de Janeiro e Sa˜o Paulo e´ de aproximadamente 430 km. Qual e´ a distaˆncia Rio-Sa˜o Paulo em: a) Cent´ımetros? b) Metros? c) Megametro? d) Mil´ımetro? R.: a) 4,3 x 107 cm b) 4,3 x 105 m c) 4,3 x 10-1 Mm; d) 4,3 x 108 mm. 5. A planta de crescimentomais ra´pido de que se tem not´ıcia e´ uma Hesperoyucca whipplei, que cresceu 3,7 m em 14 dias. Qual foi a velocidade de crescimento da planta em: a) Metros por segundos? b) Metros por hora? c) Microˆmetro por segundo? R.: a) 3,06 x 10−6 m/s; b) 0,011m/h; c) 3,06 µm/s. 6. Como a velocidade de rotac¸a˜o da Terra esta´ diminuindo gradualmente, a durac¸a˜o dos dias esta´ aumentando: o dia no final de 1,0 se´culo e´ 1,0 ms mais longo que o dia no in´ıcio do se´culo. Qual e´ o aumento da durac¸a˜o do dia apo´s 20 se´culos em: a) milisegundos? b) Minutos? c) Horas? 7. A Terra tem uma massa de 5,98 x 1024 kg. A massa me´dia dos a´tomos que compo˜em a Terra e´ 40 u. Quantos a´tomos existem na Terra? R.: 9,00 x 1049 a´tomos. 8. Uma unidade astronoˆmica (UA) e´ a distaˆncia me´dia entre a Terra e o sol, aproxi- madamente 1,50 x 108 km. A velocidade da luz e´ aproximadamente 3,0 x 108 m/s. Expresse a velocidade da luz em unidades astronoˆmicas por minuto. R.: 0,12 UA/min. 9. Uma pessoa que esteja de dieta pode perder 2,3 kg por semana. Expresse a taxa de perda de massa em miligramas por segundo, como se a pessoa pudesse sentir a perda segundo a segundo. R.: 3,8 mg/s. 7 10. A Terra e´ uma esfera de raio aproximadamente igual a 6,37 x 106 m. (a) Qual e´ a sua circunfereˆncia, em quiloˆmetros? (b) Qual e´ a a´rea da superf´ıcie, em quiloˆmetros quadrados? (c) Qual e´ o seu volume em quiloˆmetros cu´bicos? R.: a) 4 x 104 km; b) 5,10 x 108 km2; c) 1,08 x 1012 km3 . 11. Suponha que um depo´sito de 5700 m3 de a´gua seja drenado em 12 h. Qual a vaza˜o em massa de a´gua (em kg/s)? A densidade da a´gua e´ de 1000 kg/m3 R.: 132 kg/s. 8 2 Movimento Unidimensional A palavra F´ısica vem do grego “physics” que significa natureza. Assim, F´ısica e´ a cieˆncia que estuda a natureza e seus fenoˆmenos. Um dos propo´sitos da F´ısica e´ estudar o movimento dos objetos: a rapidez com que se movem, por exemplo, ou a distaˆncia percorrida em um dado intervalo de tempo. Os geo´logos usam essa f´ısica para estudar os movimentos das placas tectoˆnicas na tentativa de prever terremotos. Os me´dicos necessitam desta f´ısica para mapear o fluxo de sangue em um paciente quando examinam uma arte´ria parcialmente obstru´ıda. A mecaˆnica, a mais velha das cieˆncias f´ısicas, e´ a que estuda o movimento dos objetos. Quando descrevemos o movimento estamos lidando com a parte da mecaˆnica denominada cinema´tica (que como a palavra cinema, prove´m do termo grego para movimento) sem nos preocuparmos com a ana´lise das causas do movimento. Quando analisamos as causas do movimento estamos tratando da dinaˆmica (termo proveniente, assim como dinamite, da palavra grega para forc¸a). Neste cap´ıtulo, abordaremos apenas a cinema´tica em uma dimensa˜o, isto e´, estudaremos a f´ısica ba´sica do movimento nos casos em que os objetos esta˜o se movendo em linha reta. Este tipo de movimento e´ chamado de movimento unidimensional. 2.1 Movimento Vamos examinar algumas propriedades gerais do movimento unidimensional, restringindo nossa ana´lise de treˆs formas. • O movimento se da´ ao longo de uma linha reta. A trajeto´ria pode ser vertical, horizontal ou inclinada, mas deve ser retil´ınea. • Discutiremos apenas o movimento em si e suas mudanc¸as, sem nos preocupar com as suas causas (empurro˜es e puxo˜es, que modificam o movimento, na˜o sera˜o discutidas 9 ate´ o cap´ıtulo 5). • O objeto em movimento e´ uma part´ıcula (ou seja, um objeto pontual, como um ele´tron) ou um objeto que se move como uma part´ıcula (isto e´, todas as partes do objeto se movem na mesma direc¸a˜o e com a mesma rapidez). 2.2 Posic¸a˜o e Trajeto´ria Posic¸a˜o e´ o lugar no espac¸o onde se situa o corpo. Para localizar um objeto devemos determinar sua posic¸a˜o em relac¸a˜o a um ponto de refereˆncia, frequ¨entemente a origem (ou o ponto zero) de um eixo (como o eixo x da figura abaixo). Figure 2.1: Representac¸a˜o do eixo x. Assim, por exemplo, uma part´ıcula pode estar localizada em x = 5 m, o que significa que esta´ a 5 m da origem no sentido positivo. Se estivesse localizada em x = -5 m, estaria tambe´m a 5 m da origem, mas no sentido oposto. O sinal positivo de uma coordenada na˜o precisa ser mostrado explicitamente, mas o sinal negativo deve ser sempre mostrado. 2.3 Deslocamento A mudanc¸a de uma posic¸a˜o xi para xf esta´ associada a um deslocamento ∆x, dado por: ∆x = xi − xf (2.1) Um deslocamento no sentido positivo do eixo resulta num ∆x positivo. Um desloca- mento no sentido negativo, num ∆x negativo. O nu´mero real de metros percorridos e´ irrelevante. O deslocamento envolve apenas as posic¸o˜es inicial e final. Assim, por exemplo, se a part´ıcula se move de x1 = 5 m ate´ x2 = 200 m e em seguida volta para x3 = 5 m, o deslocamento total sera´: 10 ∆x = x3–x1 = 5–5 = 0 O sinal positivo do deslocamento na˜o precisa ser mostrado, mas o sinal negativo deve ser sempre mostrado. Quando ignoramos o sinal (e, portanto, o sentido) do deslocamento, ficamos com o mo´dulo do deslocamento. Assim, por exemplo, um deslocamento ∆x = -50 m possui mo´dulo de 50 m. O deslocamento e´ uma grandeza vetorial, ou seja, possui mo´dulo, direc¸a˜o e sentido. Para o ca´lculo da distaˆncia percorrida temos: |D| = |deslocamento x1 → x2|+ |deslocamento x2 → x3| = |D| = 195m + 195m = 390m 2.4 Velocidade Me´dia Uma forma compacta de descrever a posic¸a˜o de um objeto e´ desenhar um gra´fico da coordenada de posic¸a˜o s em func¸a˜o do tempo t, ou seja, um gra´fico de x(t). Como um exemplo simples, vamos usar a tabela 2.1, a qual mostra a posic¸a˜o de um corredor em func¸a˜o do tempo visto do referencial de um torcedor parado a 24 metros da linha de chegada. O gra´fico desta tabela e´ mostrado na Figura 2.2. Table 2.1: Tabela da posic¸a˜o em func¸a˜o do tempo de um corredor. t (s) x(m) 0.0 -24 0.5 -12 1.0 0 1.5 12 2.0 24 Um corpo na˜o pode ocupar duas posic¸o˜es num dado instante de tempo. Assim, para cada instante t ha´ uma u´nica posic¸a˜o. Para um dado observador, ha´ tambe´m uma u´nica coordenada de posic¸a˜o para cada instante t. Pois, tendo o observador escolhido previa- mente a refereˆncia e a convenc¸a˜o de sinais que vai utilizar, na˜o havera´ indeterminac¸a˜o dessa grandeza. Uma tabela posic¸a˜o-tempo constitui assim, uma func¸a˜o matema´tica. O domı´nio e´ o conjunto dos instantes de tempo e a imagem o conjunto das coordenadas de posic¸a˜o. 11 Figure 2.2: Gra´fico da coordenada de posic¸a˜o versus tempo, x(t), para um corredor em movimento. A raza˜o entre o deslocamento total ∆x e o intervalo de tempo ∆t durante o qual esse deslocamento ocorre e´ chamada de velocidade me´dia, vmed. vmed = ∆x ∆t = xf − xi tf − ti (2.2) A notac¸a˜o significa que a coordenada de posic¸a˜o e´ x0 no intante t0 e x1 no instante t1. A unidade de velocidade me´dia no Sistema Internacional (SI) e´ o metro por segundo (m/s). Outras unidades sa˜o usadas em alguns problemas, mas todas esta˜o na forma comprimento/tempo. Em um gra´fico de s em func¸a˜o de t, vmed e´ a inclinac¸a˜o da reta que liga dois pontos particulares da curva x(t): um dos pontos corresponde a x1 e t1e o outro a x0 e t0. Da mesma forma que o deslocamento, a velocidade me´dia possui um mo´dulo, uma direc¸a˜o e um sentido, ou seja, tambe´m e´ uma grandeza vetorial. O mo´dulo e´ o valor absoluto da inclinac¸a˜o da reta. Um valor positivo de vmed (e da inclinac¸a˜o) significa que a reta esta´ inclinada para cima da esquerda para a direita. Ja´ um valor negativo de vmed (e da inclinac¸a˜o) significa que a reta esta´ para baixo da esquerda para a direita. A velocidade me´dia tem sempre o mesmo sinal do deslocamento, ja´ que ∆t e´ sempre positivo. Uma outra grandeza f´ısicae´ a velocidade escalar me´dia (vesc). Enquanto a veloci- dade me´dia envolve o deslocamento da part´ıcula, a velocidade escalar me´dia e´ definida em termos da distaˆncia total percorrida (o nu´mero de metros percorridos, por exemplo) independente do sentido. Assim: vesc = Distancia Total ∆t (2.3) 12 Distaˆncia percorrida numa dada trajeto´ria e´ a soma dos comprimentos de todos os trechos percorridos pelo corpo nessa trajeto´ria entre dois in- stantes de tempo; como o comprimento, por definic¸a˜o, e´ uma grandeza positiva, essa soma e´ cumulativa, seja o movimento feito num u´nico sen- tido ou seja ele de ida e volta. A distaˆncia percorrida por um corpo num determinado movimento ou trecho de movi- mento e´ uma noc¸a˜o u´til na vida pra´tica de todas as pessoas pois dela depende o consumo de combust´ıvel e o tempo gasto nas viagens, na ida para a faculdade e para o trabalho. Na f´ısica, entretanto, distaˆncia percorrida e´ um conceito pouco u´til. Como a definic¸a˜o de velocidade escalar me´dia na˜o inclui o sentido do movimento, ela na˜o possui um sinal alge´brico. Apenas em alguns casos, vesc = vmed. Entretanto, como sera´ demonstrado abaixo, as duas velocidades podem ser bem diferentes. Exemplos 1. Que distaˆncia seu carro percorre, a 88 km/h, durante 1s em que voceˆ olha um acidente a` margem da estrada? 2. Um jogador de beisebol consegue lanc¸ar uma bola com velocidade horizontal de 160 km/h, medida por um radar porta´til. Em quanto tempo a bola atingira´ o alvo, a 18,4m ? 3. Depois de dirigir uma van em uma estrada retil´ınea por 8,4 km a 70 km/h, voceˆ pa´ra por falta de gasolina. Nos 30 minutos seguintes voceˆ caminha por mais 2,0 km ao longo da estrada ate´ chegar ao posto de gasolina mais pro´ximo. (a) Qual e´ o deslocamento total, desde o in´ıcio da viagem ate´ chegar ao posto de gasolina? Suponha, por convenieˆncia, que voceˆ se move no sentido positivo do eixo, da coordenada de posic¸a˜o inicial x0 ate´ a coordenada de posic¸a˜o final x1, no posto de gasolina. Essa segunda coordenada de posic¸a˜o deve ser igual a x1 = 8,4 + 2,0 = 10,4 km. O deslocamento ∆x ao longo do eixo da coordenada de posic¸a˜o e´ a diferenc¸a entre as coordenadas da segunda e da primeira posic¸a˜o. Assim, ∆x = x1 − x0 = 10, 4km− 0 = 10, 4km Assim, o deslocamento total e´ de 10,4 km no sentido positivo do eixo. 13 (b) Qual e´ o intervalo de tempo entre o in´ıcio da viagem e o instante em que voceˆ chega ao posto? Ja´ sabemos quanto tempo voceˆ passou caminhando, ∆tcam (0,50 h), mas na˜o sabemos quanto tempo voceˆ passou dirigindo, ∆tdir. Sabemos, pore´m, que voceˆ viajou 8,4 km de carro a uma velocidade me´dia vmed,dir = 70 km/h. Essa velocidade e´ igual a raza˜o entre o deslocamento do carro e o intervalo de tempo correspondente a esse deslocamento. vmed,dir = ∆xdir ∆tdir Explicitando ∆t e substituindo os valores conhecidos, teremos: ∆tdir = ∆xdir vmed = 8, 4km 70km/h E portanto, ∆t = ∆tdir + ∆tcam = 0,12 h + 0,50 h = 0,62 h. (c) Qual e´ a velocidade me´dia do in´ıcio da viagem ate´ a chegada ao posto de gasolina? Determine a soluc¸a˜o numericamente e graficamente. vmed = ∆x ∆t = 10, 4km 0, 62h Para determinar vmed graficamente, trac¸amos o gra´fico da func¸a˜o x(t), como mostra a figura 2.3, onde os pontos de partida e chegada no gra´fico sa˜o a origem e o ponto assinalado como “Posto”. A velocidade me´dia e´ a inclinac¸a˜o da reta que une esses pontos, ou seja, vmed e´ a raza˜o entre a elevac¸a˜o (∆x = 10,4 km) e o tempo (∆t = 0,62 h), o que nos da´ vmed = 16,8 km/h. (d) Suponha que para encher um buja˜o de gasolina, pagar e caminhar de volta para a van voceˆ leve 45 minutos. Qual e´ a velocidade escalar me´dia do in´ıcio da viagem ate´ o momento em que chega de volta ao lugar onde deixou a van? A distaˆncia total percorrida foi 8,4 km + 2,0 km + 2,0 km = 12,4 km. O intervalo de tempo total e´ 0,12h + 0,50 hs + 0,75 h = 1,37 h. Assim, vesc = 12, 4km 1, 37h = 9, 1km/h 4. Um corredor realiza a prova de 100 m em aproximadamente 10 s; outro corredor realiza a maratona de 42,2 km em 2h e 10 min. a) Qual e´ a velocidade escalar me´dia 14 Figure 2.3: As retas “‘Dirigindo” e “Caminhando” sa˜o os gra´ficos da posic¸a˜o do tempo para os deslocamentos de carro e a pe´. (O gra´fico para o deslocamento a pe´ supo˜e uma caminahda com velocidade constante.) A inclinac¸a˜o da reta que liga a origem ao ponto‘Posto” e´ a velocidade me´dia para o percurso ate´ o posto. de cada um? b) Se o primeiro corredor pudesse realizar a prova realizar a maratona de 42,2 km com a velocidade me´dia que manteve na prova de 100 m, em quanto tempo ele concluiria a maratona? 5. A posic¸a˜o de um objeto que se move em linha reta e´ dada por x = 3t − 4t2 + t3, sendo x em metros e t em segundos. Qual e´ a velocidade me´dia no intervalo de tempo de t=2s a t =4s? E entre t =0 e t =3s? Exerc´ıcios 1. Durante um espirro, os olhos podem se fechar por ate´ 0,5 s. Se voceˆ esta´ dirigindo um carro a 90 km/h e espirra, quanto o carro pode se deslocar ate´ voceˆ abrir novamente os olhos? R.: 12,5 m. 2. Considere treˆs pares de posic¸o˜es iniciais e finais, respectivamente, ao longo do eixo x. A quais pares correspondem deslocamentos negativos? (a) -4, +4; (b) -2, -9; (c) 9, -1; 3. Complete a tabela a seguir, indicando qual e´ a func¸a˜o v(t) para cada x(t) fornecida. R.: 30 t; -104 t; 6 t; 600 t 15 x (t) em cm,s v(t)em cm,s 15 t2 -52 t2 3 t2 300 t2 4. Complete a tabela a seguir. x (t) em cm,s v(t)em cm,s 7 32 -150 R.: 0; 0; 0. 5. Deˆ a func¸a˜o que descreve a velocidade instantaˆnea num instante gene´rico t: a) x(t) = 54 + 14t2 (cm,s) v(t) = b) x(t) = −25t–42t2 (m,s) v(t) = c) x(t) = 15 + 40t+ 2t2 (km,h) v(t) = d) x(t) = −120 + 85t (cm,s) v(t) = R. : a) 28t (cm,s); −25− 84t (m,s); c) 40 + 4t (km, h); d) 85 cm/s 6. Para um certo observador, um movimento e´ descrito pela func¸a˜o x(t) = 20 − 34t(m,s). a)A taxa de variac¸a˜o da coordenada de posic¸a˜o e´ .......................(positiva, negativa). Seu valor absoluto e´ ........................ R.: negativa; 34 7. Para decolar, um avia˜o a jato necessita alcanc¸ar ao final da pista a velocidade de 360km/h. Supondo que a acelerac¸a˜o seja constante e a pista tenha 1,8 km, qual e´ a acelerac¸a˜o mı´nima necessa´ria, a partir do repouso? R.: 2,78 m/s2. 8. Calcule sua velocidade escalar me´dia nos dois casos: a) Voceˆ caminha 72 m a` raza˜o de 1,2 m/s e depois corre 72m a 3,0 m/s numa reta. b) Voceˆ caminha durante 1,0 min a 1,2 m/s e depois corre durante 1,0 min a 3,0 m/s numa reta. R.: a) 1,7 m/s; b) 2,1 m/s 16 9. Considere a func¸a˜o: v(t) = 120 + 300t (m,s). Qual e´ a unidade da grandeza cujo valor nume´rico e´ 300? R.: [m/s2] 10. Neste exemplo, e´ dada a func¸a˜o v(t) ou x(t)para alguns movimentos. Deˆ a acel- erac¸a˜o em cada caso: a)v(t) = 120− 150t(cm,s) b)v(t) = 12450t–30 (km,h) c)v(t) = −20 + 3, 5t (m,s) d) x(t) = 345–73t+ 42t2 (m,s) 11. Suponhamos que durante os primeiros instantes do movimento de um foguete, que se inicia no lanc¸amento (t=0), sua trajeto´ria seja retil´ınea. Suponhamos ainda que nesse trecho do movimento a seguinte func¸a˜o representa a coordenada de posic¸a˜o do foguete (ponto P qualquer do corpo do foguete) para um certo observador: x(t) = 1500t2 − 5t3 (m,s) a)Qual e´ a unidade da grandeza cujo valor e´ -5? b)Deˆ as func¸o˜es v(t) e a(t) para esse trecho. c)Quais sa˜o as condic¸o˜es iniciais do movimento? d)Calcule a acelerac¸a˜o do foguete em t=0 e em t=50s. e)Qual e´ a velocidade do foguete no instante em que a acelerac¸a˜o e´ igual a zero? 12. Uma rocha despenca de um penhasco de 100 m de altura. Quanto tempo leva para cair: a)os primeiros 50 m? b) os 50 m restantes? R.: a) 3,2s ; b) 1,3s. 13. Uma part´ıcula move-se ao longo do eixo x de acordo com a equac¸a˜ox = 50t+ 10t2, sendo x em metros e t em segundos. Calcule: a) a velocidade me´dia da part´ıcula durante os primeiros 3 s de movimento b) a velocidade instantaˆnea da part´ıcula em t=3s; c) a acelerac¸a˜o instantaˆnea da part´ıcula nesse mesmo instante. R.: a) 80 m/s ; b) 110m/s; c) 20 m/s2 14. Um trem de metroˆ acelera a partir do repouso a 1,20 m/s2 em uma estac¸a˜o para percorrer a primeira metade da distaˆncia ate´ a estac¸a˜o seguinte e depois desacelera a -1,20 m/s2 na segunda metade da distaˆncia de 1,10km entre as estac¸o˜es. Determine 17 a) o tempo de viagem entre as estac¸o˜es b) a velocidade escalar ma´xima do trem. R.: a) 60,6 s; b) 36,4 m/s . 15. Um ele´tron, com velocidade inicial v0 = 1, 5× 105 m/s, entra numa regia˜o com 1,2 cm de comprimento, onde ele e´ eletricamente acelerado (figura abaixo). O ele´tron emerge com velocidade de 5, 8×106 m/s. Qual a sua acelerac¸a˜o, suposta constante? (Tal processo ocorre no canha˜o de ele´trons de um tubo de raios cato´dicos, utilizado em receptores de televisa˜o e terminais de v´ıdeo). R: a= 1,4 x1015 m/s2 16. A maior velocidade em terra ja´ registrada foi de 1020 km/h, alcanc¸ado pelo coronel John P. Stapp em 19 de marc¸o de 1954, tripulando um assento jato-propulsado. Ele e o ve´ıculo foram parados em 1,4 s. Que acelerac¸a˜o ele experimentou? Exprima sua resposta em termos da acelerac¸a˜o da gravidade g = 9,8 m/s2. R: a=-21g 17. No momento em que a luz de um sema´foro fica verde, um automo´vel arranca com acelerac¸a˜o de 2,2 m/s2. No mesmo instante um caminha˜o, movendo-se a` velocidade constante de 9,5 m/s, alcanc¸a e ultrapassa o automo´vel. a) A que distaˆncia, ale´m do ponto de partida, o automo´vel alcanc¸a o caminha˜o? b) Qual sera´ a velocidade do carro nesse instante? R : a) d=82m ; b) v=19m/s. 18. Um bala˜o esta´ subindo a 12,4 m/s a` altura de 81,3 m acima do solo quando larga um pacote. a) Qual a velocidade do pacote ao atingir o solo? b) Quanto tempo ele leva para chegar ao solo? R : a) v=-41,8m/s; t=5,53s 19. Um motorista de carro aperta os freios quando veˆ uma a´rvore bloqueando a estrada. O carro diminui a velocidade uniformemente com uma acelerac¸a˜o de -5.60m/s2 du- rante 4,20s, deixando marcas de freio retas com 62,4m de comprimento, que chegam ate´ a a´rvore. Com que velocidade o carro colide com a a´rvore? R: v=3,10m/s 18
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