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02 Conhecimentos Contextuais

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1129184 E-book gerado especialmente para JULIO CESAR XAVIER
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Concepção de educação, ensino e aprendizagem ............................................................................... 1 
 
Construção do conhecimento científico, tecnológico e cultural como um processo sócio-histórico ...... 7 
 
O ensino médio no contexto da educação básica. ............................................................................... 8 
 
Os sujeitos e o currículo dos ensinos fundamental e médio para a formação humana integral .......... 10 
 
Projeto Político Pedagógico da Escola ............................................................................................... 24 
 
O trabalho como princípio educativo e a pesquisa como princípio metodológico. .............................. 28 
 
Tecnologia da informação e comunicação como ferramenta do processo de ensino e de aprendizagem
 ............................................................................................................................................................... 30 
 
A reflexão sobre a prática pedagógica ............................................................................................... 34 
 
Inclusão e exclusão no contexto das práticas educativas nos sistemas formais de educação ........... 39 
 
Avaliação da aprendizagem e avaliação externa ............................................................................... 41 
 
Questões ........................................................................................................................................... 59 
 
 
 
 
 
 
Candidatos ao Concurso Público, 
O Instituto Maximize Educação disponibiliza o e-mail professores@maxieduca.com.br para dúvidas 
relacionadas ao conteúdo desta apostila como forma de auxiliá-los nos estudos para um bom 
desempenho na prova. 
As dúvidas serão encaminhadas para os professores responsáveis pela matéria, portanto, ao entrar 
em contato, informe: 
- Apostila (concurso e cargo); 
- Disciplina (matéria); 
- Número da página onde se encontra a dúvida; e 
- Qual a dúvida. 
Caso existam dúvidas em disciplinas diferentes, por favor, encaminhá-las em e-mails separados. O 
professor terá até cinco dias úteis para respondê-la. 
Bons estudos! 
1129184 E-book gerado especialmente para JULIO CESAR XAVIER
 
1 
 
Concepções de Ensino e Aprendizagem 
 
Este texto1 tem como objetivo ampliar a noção de conteúdos de ensino e aprendizagem e apresentar 
uma proposta de planejamento de aulas. A pesquisa desenvolvida tem natureza teórica e aborda a 
tipologia de conteúdos a partir da obra de Antoni Zabala, o planejamento escolar e os componentes de 
um plano de aula. 
No âmbito escolar, o planejamento está relacionado à organização do trabalho pedagógico, pois esta 
se refere “aos princípios e procedimentos relacionados à ação de planejar o trabalho da escola, 
racionalizar o uso de recursos (materiais, financeiros e intelectuais) e coordenar e avaliar o trabalho das 
pessoas, tendo em vista a consecução de objetivos”. 
Ao mesmo tempo, o planejamento precisa corresponder aos documentos que orientam a prática 
escolar, como as propostas curriculares dos estados, os projetos políticopedagógicos e os PCNs. Assim, 
todo professor precisa tomar conhecimento desses documentos orientadores para planejar e organizar 
suas atividades e prática docente. A leitura desses documentos pode revelar aspectos passíveis de 
crítica, os quais podem nortear reflexões e discussões. 
Em muitas situações práticas, o planejamento é percebido apenas como um procedimento burocrático 
e estático, no qual itens são preenchidos, como objetivos, metodologia, recursos e avaliação. Sem que o 
resultado desse momento de planejamento sirva para orientar a prática pedagógica e sem que essa 
prática contribua para rever o planejamento anterior realizado a partir da avaliação e reflexão do que se 
desenrolou no contexto escolar. 
O planejamento deve ser dinâmico e constantemente alimentado pela prática, pois, sobretudo, 
constitui-se em um momento de reflexão, no qual as finalidades da educação, as dimensões dos sujeitos 
são recolocadas e significadas, as práticas pedagógicas são sistematizadas e, posteriormente, avaliadas 
com base nos objetivos definidos. 
Considerando a função do planejamento, a hipótese que norteia este trabalho é que a organização do 
trabalho pedagógico a partir da tipologia de conteúdos descritas por Zabala interfere no planejamento do 
professor para responder a um enfoque globalizador, pois amplia os objetivos de aprendizagem, 
diversifica os procedimentos metodológicos e inclui a observação e o registro no processo de avaliação. 
 
O enfoque globalizador na educação 
 
A educação escolar não se limita ao ensino de conteúdos entendidos como um conjunto de 
informações sistematizadas e organizadas relacionadas a uma determinada área do conhecimento. Os 
conteúdos podem ser inter-relacionados, transdisciplinares, interdisciplinares e abranger capacidades 
cognitivas, motoras, afetivas, éticas e sociais. 
O enfoque globalizador da educação concebe o aluno em uma perspectiva mais holística e integral, 
defende que a organização dos conteúdos e atividades de ensino priorizem a aprendizagem significativa. 
Os conteúdos não podem ser segmentados, separados e descolados da realidade do aluno, pois 
 
1
 Texto adaptado de RAMOS, D. K. 
Concepção de educação, ensino e aprendizagem. 
 
1129184 E-book gerado especialmente para JULIO CESAR XAVIER
 
2 
precisam ser apropriados por eles de modo a tornarem-se instrumentos de observação, análise, 
experimentação, intervenção e reflexão sobre a realidade e os problemas com os quais eles se deparam. 
 
A atuação pedagógica com um enfoque globalizador parte do 
pressuposto que os conteúdos de aprendizagem são “sempre meios para 
conhecer ou responder a questões que uma realidade experiência dos 
alunos proporciona: realidade que é sempre global e complexa”. Este 
enfoque contribui para ampliar a própria noção de conteúdos de 
aprendizagem que inclui não só conteúdos factuais e conceituais, mas 
também procedimentais e atitudinais. 
 
Conteúdos Factuais e Conceituais 
 
Segundo Zabala, os conteúdos factuais que se referem ao conhecimento de fatos, acontecimentos, 
dados e fenômenos concretos e singulares, como exemplos teríamos as datas comemorativas, o nome 
de pessoas, a localização de um território ou a altura de uma montanha. Devido às características desse 
tipo de conteúdo, a aprendizagem envolve a repetição do conhecimento e podemos afirmar que é uma 
aprendizagem do tudo ou nada, pois não podemos dar meio certo para a data de um evento ou nome de 
um autor de obra literária. Assim, envolve a capacidade de memorização do aluno, que pode utilizar-se 
de estratégias pedagógicas que envolvam exercícios de fixação, a repetição verbal ou escrita, a 
construção de esquemas, o agrupamento por categorias. 
Os conteúdos conceituais relacionam-se com conceitos propriamente ditos e referem-se ao conjunto 
de fatos, objetos ou símbolos que possuem características comuns. Além disso, esse tipo de conteúdo 
inclui também princípios que se referem às mudanças “[...] que se produzem num fato, objeto ou situação 
em relação a outros fatos, objetos ou situações e que normalmente descrevem relações de causa-efeito 
ou de correlação”. Temos como exemplos de conceitos: mamífero, densidade, impressionismo, 
romantismo; e, como exemplos de princípios, a Lei de Arquimedes, as regras de uma corrente literária, 
as conexões entre diferentes axiomas matemáticos. Desse modo, temos conteúdos mais abstratos que 
envolvem a compreensão, a reflexão, a análise e a comparação, por isso não basta repetir a informação;é necessário compreender e utilizar os conhecimentos. 
A partir dessas características, o processo de ensino e aprendizagem desses conteúdos deve 
privilegiar a construção do conhecimento por meio da proposição de atividades mais complexas, 
desafiadoras e que partam dos conhecimentos prévios. Assim, durante o processo de aprendizagem, o 
aluno precisa adquirir informações e vivenciar situações-problema que o conduzam a novos 
conhecimentos, partindo de seus conhecimentos prévios para a elaboração de novos conceitos. 
Tradicionalmente, a escola centra-se mais no trabalho com os conteúdos factuais e conceituais, que 
sem dúvida são importantes para a formação do aluno, o qual precisa situar-se em relação aos conceitos 
e fatos para compreender a realidade atual. Nesse sentido, Coll afirma que esses conteúdos 
corresponderiam ao compromisso científico da escola de transmitir o conhecimento socialmente 
produzido. 
Ao pensarmos no desenvolvimento de uma aula sobre conteúdos factuais e conceituais, precisamos 
inicialmente definir os objetivos de nossa aula no momento anterior de planejamento e definir a sequência 
didática que nos permitirá alcança-los. Considerando a elaboração de objetivos exemplificamos alguns 
verbos que podem ser utilizados em objetivos relacionados aos conteúdos factuais e conceituais: analisar, 
classificar, comparar, contextualizar, descrever, distinguir, explicar, interpretar, listar, relacionar. 
 
Conteúdos procedimentais 
 
Os conteúdos procedimentais envolvem ações ordenadas com um fim, ou seja, ações direcionadas 
para a realização de um objetivo. Referem-se a um aprender a fazer, envolvem regras, técnicas, métodos, 
estratégias e habilidades. Como exemplos, temos: ler, desenhar, observar, classificar e traduzir. 
A aprendizagem desse tipo de conteúdo envolve a realização de ações, ou seja, é preciso fazer para 
aprender. Ao mesmo tempo, o seu domínio envolve o exercício e a aplicação em diferentes contextos. 
1129184 E-book gerado especialmente para JULIO CESAR XAVIER
 
3 
Ao realizar a ação pretendida, a reflexão sobre a própria atividade nos permite tomar consciência sobre 
o que fazemos e melhorar nossa habilidade. 
Desse modo, é importante que a sala de aula torne-se mais dinâmica e favoreça a realização de ações, 
a promoção de vivências aos alunos, o exercício de habilidades que favoreçam a autonomia para analisar 
e criticar os processos colocados em ação e seus resultados. 
Ao planejarmos e organizarmos uma aula podemos tornar explícito, por meio da delimitação de 
objetivos nossa intenção de desenvolver habilidades em nossos alunos relacionadas à abordagem de 
conteúdos procedimentais. Nesse sentido, relacionamos alguns verbos que podem ser utilizados na 
formulação de objetivos relacionados a conteúdos procedimentais: aplicar, compor, confeccionar, 
construir, desenhar, dramatizar, executar, experimentar, observar, representar, utilizar. 
 
Conteúdos Atitudinais 
 
Os conteúdos atitudinais envolvem valores, atitudes e normas. Assim, incluem-se nesses conteúdos, 
por exemplo, a cooperação, a solidariedade, o trabalho em grupo, o respeito, a ética e o trabalho com a 
diversidade. 
As atitudes “são bastante complexas, pois envolvem tanto a cognição (conhecimentos e crenças) 
quanto os afetos (sentimentos e preferências), derivando em condutas (ações e declarações de 
intenção)”. 
Segundo Zabala, a aprendizagem dos conteúdos atitudinais: 
 
[...] supõe um conhecimento e uma reflexão sobre os possíveis modelos, uma análise e uma 
avaliação das normas, uma apropriação e elaboração do conteúdo, que implica a análise dos 
fatores positivos e negativos, uma tomada de posição, um envolvimento afetivo e uma revisão e 
avaliação da própria atuação. 
 
A partir disso, Coll afirma que os conteúdos atitudinais correspondem ao compromisso filosófico da 
escola: promover aspectos que nos completam como seres humanos, que dão uma dimensão maior, que 
dão razão e sentido para o conhecimento científico. 
Este compromisso da escola pode estar expresso nos objetivos educacionais, contemplando a 
intenção de favorecer o desenvolvimento de comportamentos éticos, o respeito às normas e a 
manifestação de atitudes positivas. Nesse sentido, exemplificamos alguns verbos que podem ser 
utilizados na construção desses objetivos: aceitar, agir, comportar-se, comprometer-se, obedecer, 
perceber, ponderar, praticar, preocupar-se, reagir, respeitar, responsabilizar-se, sentir, ser consciente, 
tolerar. 
Ao planejarmos o desenvolvimento de uma pesquisa em grupo aos alunos sobre vida de alguns 
autores da literatura brasileira, podemos ter objetivos factuais e conceituais relacionados às obras, a 
identificação do gênero literário e a identificação do período histórico, por exemplo. Nessa atividade 
também exercitamos nos alunos o espírito investigador e pesquisador, bem como a habilidade de 
manipular as fontes e os mecanismos de busca. Ao mesmo tempo em que trabalhando em grupo 
precisam respeitar a opinião do colega, estar comprometidos com a atividade, expor as ideias e sugestões 
para o desenvolvimento do trabalho, entre outras atitudes que podem ser previstas nos objetivos da aula. 
A partir da tipologia de conteúdos apresentada, cabe-nos refletir sobre como podemos planejar e 
desenvolver práticas pedagógicas que favoreçam o trabalho com esses diferentes tipos de conteúdos. 
Inicialmente, precisamos considerar que trabalhar esses diferentes conteúdos exige práticas pedagógicas 
diversificadas. Além disso, esses conteúdos estão relacionados a uma demanda social e ao contexto 
atual, que prescinde de sujeitos com competências que vão além dos aspectos cognitivos. 
O trabalho com esses diferentes tipos de conteúdos em uma prática pedagógica são anunciados já 
nos objetivos educacionais, que vão nortear sua ação e avaliação. No quadro a seguir, observe como a 
tipologia de conteúdos pode ser identificada nos objetivos que são descritos para uma prática educativa. 
 
 
 
 
1129184 E-book gerado especialmente para JULIO CESAR XAVIER
 
4 
Plano de aula: definindo trajetórias do processo de ensino e aprendizagem 
 
Há diferentes modalidades de planejamento educacional, como o projeto pedagógico da escola, o 
plano de unidade didática ou de ensino e o plano de aula. Este último pode ser definido como um 
documento que sistematiza o planejamento do trabalho pedagógico organizado por temática ou aula, 
descrevendo os objetivos, o tempo, os procedimentos metodológicos, os recursos e o processo de 
avaliação. 
O plano de aula é a previsão mais próxima do cotidiano de sala de aula e da atividade docente, 
envolvendo a definição de aspectos importantes da organização do trabalho pedagógico que visam 
orientar o processo de ensino e aprendizagem. 
O processo de elaboração do plano de aula refere-se a um momento de reflexão do professor e 
materializa o aspecto intencional presente no processo educativo. Nesse momento o professor faz 
escolhas, reafirma que tipo de sujeito pretende formar, avalia suas práticas anteriores, considera suas 
experiências, considera o processo já desenvolvido e as condições materiais, sociais, afetivas e culturais 
vivida. 
 
Objetivos Específicos: o que queremos que os alunos aprendam? 
 
Os objetivos específicos são de curto prazo e desdobram-se em ações concretas a serem realizadas. 
Como são específicos, é importante utilizarmos verbos que não permitam muitas interpretações. 
Alguns verbos não recomendados para utilizar em objetivos específicos, pois permitem muitas 
interpretações: Desenvolver; Aprender melhor; Entender; Pensar; Compreender; Conhecer; Aprimorar; 
Cooperar. 
A seguir apresentamos alguns exemplos de objetivos específicos e entre parênteses apresentamos o 
tipo de conteúdo principal sobre o qual o objetivo específico foca-se, como exercício inicial de pensarna 
previsão de objetivos específicos abordando os diferentes conteúdos. Porém não se recomenda a 
classificação no plano de aula por considerarmos que os diferentes tipos de conteúdos são abordados de 
maneira mais global e inter-relacionada na prática escolar: 
 
a) Redigir um texto dissertativo sobre a violência retratada nos meio de 
comunicação de massa (procedimental). 
b) Respeitar as regras estabelecidas para os momentos de exposição oral 
e da leitura dos textos dos colegas (atitudinal). 
c) Apropriar-se de normas de colocação pronominal, aplicando-as 
corretamente nas produções textuais (conceitual/procedimental) 
d) Explicar a origem e a evolução da língua e da literatura portuguesa 
(conceitual). 
 
Observe que, a partir dos objetivos específicos, respondemos o que os alunos serão capazes de fazer 
ao final da atividade, aula, disciplina ou curso previsto. São objetivos de aprendizagem. Assim, para 
formulá-los, podemos completar a seguinte frase “Ao final, o aluno será capaz de...”. Essa frase não 
precisa aparecer, pois se recomenda que os objetivos iniciem com verbos no infinitivo, por isso complete 
essa frase mentalmente. Note que são ações, comportamentos que você, enquanto professor, poderá 
verificar e avaliar durante o desenvolvimento das atividades em sala de aula e a partir dos instrumentos 
de avaliação utilizados. 
 
Conteúdos: o que vamos abordar nas aulas? 
 
Apesar de encontrarmos parâmetros e propostas curriculares que proponham os conteúdos a serem 
trabalhados, o professor organiza-os, define os tempos dedicados ao trabalho de cada temática e o modo 
como ele será desenvolvido em sala de aula. 
No plano de aula, o professor informa os conteúdos que serão abordados nas aulas que estão sendo 
planejadas. Essa indicação pode ser feita por tópicos e incluir conteúdos conceituais, factuais, 
procedimentais e atitudinais. 
1129184 E-book gerado especialmente para JULIO CESAR XAVIER
 
5 
Os conteúdos conceituais envolvem principalmente competências cognitivas, como a abstração, a 
observação, a imaginação, a comparação, a tomada de decisão, a interpretação, o levantamento de 
hipóteses, a realização de escolhas, a memorização, a reflexão, o estabelecimento de relações, a 
elaboração de generalizações, a identificação de regularidades, a ressignificação da realidade social 
vivida e o exercício da postura crítica. Tanto os objetivos como os procedimentos vão demarcar o modo 
como esses conteúdos são trabalhados e quais competências serão privilegiadas. 
Os conteúdos procedimentais envolvem a participação ativa do aluno, na experimentação, no exercício 
de habilidades, na ação individual e conjunta, a tomada de decisões e a definição de estratégias sobre 
um fazer objeto de ensino. 
Os conteúdos atitudinais podem ser pensados como transversais ao conteúdo programático. Assim, 
podemos trabalhar valores, atitudes e normas a partir da metodologia prevista e, a partir dela, trabalhar 
esses aspectos e contribuir com o desenvolvimento de um ser humano ético, responsável, participativo e 
consciente de seu papel social. 
A inclusão de objetivos e conteúdos atitudinais no plano de aula zelam pela intenção do professor 
trabalhar aspectos comportamentais, regras e valores relacionados ao exercício da cidadania e da boa 
convivência em sala de aula. A antecipação do trabalho sobre esses aspectos envolve a reflexão e o 
melhor preparo do professor para lidar com situações e conflitos recorrentes em sala de aula. 
 
Metodologia: como vamos ensinar? 
 
A metodologia pode ser apresentada de forma descrita e pormenorizada ou de forma objetiva. Porém, 
ambas as formas devem descrever o modo como o conteúdo será trabalhado e a aula conduzida. 
 
Exemplo de descrição objetiva: 
 
a) Aula expositiva dialogada para introduzir o conteúdo. 
b) Organização dos grupos por sorteio. 
c) Estudo dirigido em pequenos grupos. 
d) Apresentação e discussão das questões. 
 
Sabemos que um mesmo conteúdo pode ser trabalhado de diferentes formas e utilizando diferentes 
recursos. Assim, nesta seção do plano de aula, o professor descreve o modo como vai ensinar o conteúdo 
aos seus alunos e quais estratégias didáticopedagógicas serão utilizadas. 
As estratégias didáticopedagógicas precisam ser coerentes com os objetivos específicos e favorecer 
que os mesmos sejam atingidos. Considerando a inclusão de objetivos que abordam conteúdos 
procedimentais, torna-se necessário prever atividades em que os alunos se envolvam em um fazer que 
possibilite o desenvolvimento de habilidades e ações, precedidas de uma reflexão posterior sobre a 
própria ação. 
Ao mesmo tempo em que ao propor o trabalho a partir de conteúdos atitudinais é fundamental prever 
a interação social, o trabalho em grupo e o estabelecimento de regras que orientem sobre o fazer, o 
interagir, o produzir, o dialogar. Os conteúdo atitudinais supõe um modo de agir e ser que não é de 
qualquer jeito, pois envolvem valores e atitudes, como o comprometimento, o respeito mútuo e a 
solidariedade. 
 
Recursos: o que vamos utilizar? 
 
Quando planejamos uma atividade, precisamos identificar quais recursos e materiais são necessários 
e providenciá-los com antecedência. Por exemplo, se pretendemos construir um painel sobre uma 
determinada temática com os alunos, precisamos ter papel pardo, revistas, cola, tesoura, canetas marca 
texto. A partir dessa previsão, podemos solicitar que os alunos tragam os materiais ou quando possível 
que a escola forneça-os. 
Além disso, quando lidamos com o uso dos recursos tecnológicos, como o uso do vídeo, a internet ou 
algum programa específico de computador, o planejamento torna-se imprescindível, pois, ao definir os 
1129184 E-book gerado especialmente para JULIO CESAR XAVIER
 
6 
objetivos e o que será feito, cabe verificar a infraestrutura necessária relacionada tanto a hardware como 
a software, bem como a certificação dos pré-requisitos básicos para o seu desenvolvimento. 
 
Avaliação: como e o que avaliar? 
 
Ao trabalharmos um conteúdo, precisamos definir como vamos avaliar se os objetivos definidos para 
aula foram ou não alcançados. Para tanto, descrevemos, no plano de aula, os instrumentos e os critérios 
de avaliação que serão utilizados. 
Entre vários instrumentos, podemos ter: 
 
 
 
Além de instrumentos de avaliação, podemos avaliar os alunos ao longo do processo a partir da 
observação e do registro com base nas atividades que vão sendo propostas. Para tanto, é importante que 
se tenha clareza sobre o que é esperado dos alunos (critérios) e esses podem nortear a construção de 
um instrumento para facilitar o registro, como uma tabela, por exemplo. 
A partir dos instrumentos de avaliação utilizados, sejam provas ou tabelas para o registro das 
observações, o professor pode refletir sobre o plano de aula sistematizado para tomada de decisões com 
relação às próximas ações pedagógicas, bem como para rever, adequar ou modificar seu plano de aula 
inicial. Desse modo, o planejamento revela-se um processo contínuo e reflexivo que permite ao professor 
aprimorar e melhorar sua prática pedagógica. 
 
Cronograma: quando e quanto tempo para fazer? 
 
No plano de aula, é preciso distribuir as atividades previstas no tempo, considerando a previsão de 
duração e a quantidade de aulas necessárias. Isso pode ser feito de forma bem objetiva com base na 
metodologia descrita, retomando-se as atividades e prevendo-se um tempo para o seu desenvolvimento. 
 
 
a) desenvolvimento de projetos; 
b) realização de pesquisas; 
c) apresentações orais; 
d) produções textuais; 
e) resolução de problemas; 
f) estudos de casos; 
g) provas operatórias; 
h) portfólios. 
 
1129184 E-book gerado especialmente para JULIO CESAR XAVIER
 
7 
 
Construção do conhecimento científico, tecnológico e culturalcomo um processo sócio-
histórico2 
 
O Ensino médio deve ser planejado em consonância com as características sociais, culturais e 
cognitivas do sujeito humano referencial desta última etapa da Educação Básica: adolescentes, jovens e 
adultos. Cada um desses tempos de vida tem sua singularidade, como síntese do desenvolvimento 
biológico e da experiência social condicionada historicamente. Por outro lado, se a construção do 
conhecimento científico, tecnológico e cultural é também um processo sócio-histórico, o ensino médio 
pode configurar-se como um momento em que necessidades, interesses, curiosidades e saberes diversos 
confrontam-se com saberes sistematizados, produzindo aprendizagens socialmente e subjetivamente 
significativas. Em um processo educativo centrado no sujeito, o ensino médio deve abranger, portanto, 
todas as dimensões da vida, possibilitando o desenvolvimento pleno das potencialidades do educando. 
No atual estágio de construção do conhecimento pela humanidade, a dicotomia entre conhecimento 
geral e específico, entre ciência e técnica, ou mesmo a visão de tecnologia como mera aplicação da 
ciência deve ser superada, de tal forma que a escola incorpore a cultura técnica e a cultura geral na 
formação plena dos sujeitos e na produção contínua de conhecimentos. 
As relações nas unidades escolares, por sua vez, expressam a contradição entre o que a sociedade 
conserva e revoluciona. Essas relações não podem ser ignoradas, mas devem ser permanentemente 
recriadas, a partir de novas relações e de novas construções coletivas, no âmbito do movimento 
sócioeconômico e político da sociedade. 
 
Com este referencial, propomos discutir as possibilidades de se 
repensar o Ensino Médio na perspectiva interdisciplinar. 
Consideramos importante que cada escola faça um retrato de si 
mesma, dos sujeitos que a fazem viva e do meio social em que se 
insere, no sentido de compreender sua própria cultura, identificando 
dimensões da realidade motivadoras de uma proposta curricular 
coerente com os interesses e as necessidades de seus alunos. 
Afinal, a escola faz parte do conjunto social em que está inserida e 
deve se comprometer, também, com seus projetos. Sem nunca 
esgotar em si mesma, a dimensão local pode ser uma dimensão 
importante do planejamento educacional, integrado a um projeto 
social comprometido com a melhoria da qualidade de vida de toda a 
população. 
 
O projeto curricular interdisciplinar 
 
 Assentado sobre as bases ética e política do projeto escolar e sobre o princípio da 
interdisciplinaridade, acreditamos que o currículo, como dimensão cultural, epistemológica e 
metodológica deste projeto, pode mobilizar intensamente os alunos, assim como os diversos recursos 
didáticos disponíveis e/ou construídos coletivamente. Pressupomos, com isso, a possibilidade de se 
 
2
 Texto adaptado RAMOS, M. N. Diretora de ensino Médio. 
Construção do conhecimento científico, tecnológico e cultural 
como um processo sócio-histórico. 
 
1129184 E-book gerado especialmente para JULIO CESAR XAVIER
 
8 
dinamizar o processo de ensinoaprendizagem numa perspectiva dialética, em que o conhecimento é 
compreendido e apreendido como construções histórico-sociais. 
 Tomando os objetivos das áreas de conhecimento organizadoras da educação básica, vemos que os 
estudos na área de códigos e linguagens visam à compreensão do significado das letras e das artes; dar 
destaque à língua portuguesa como instrumento de comunicação; acesso ao conhecimento e exercício 
da cidadania. O eixo curricular dessa área pode ter como referência a construção do sujeito nas relações 
intersubjetivas e coletivas mediadas pelas linguagens. 
 Os estudos das ciências da natureza e da matemática devem destacar a educação tecnológica básica 
e a compreensão do significado da ciência. Um eixo de organização dos conteúdos pode ser a 
complexidade e o equilíbrio dinâmico da vida no processo de desenvolvimento dos indivíduos e da 
sociedade. 
 
 A área de ciências humanas e sociais assenta-se sobre a compreensão do processo histórico de 
transformação da sociedade e da cultura, podendo se organizar em torno do eixo da cidadania e dos 
processos de socialização, na perspectiva sócio-histórica. 
 Algumas abordagens metodológicas podem conferir ao currículo uma perspectiva de totalidade, 
respeitando-se as especificidades epistemológicas das áreas de conhecimento e das disciplinas. 
Propomos a organização dos planos de estudo de forma interdisciplinar, sugerindo que o processo 
pedagógico tenha como base: o trabalho sistematizado com leituras de publicações diversas; a produção 
própria e coletiva dos textos; a utilização intensa da biblioteca; o uso de diversos recursos pedagógicos 
disponíveis na escola; a exploração de recursos externos à escola (os cinemas, os teatros, os museus, 
as exposições etc); a investigação de problemas de ordem socioeconômica, do ponto de vista histórico, 
geográfico, sociológico, filosófico e político; a realização de atividades práticas (laboratórios e visitas de 
campo); o uso de acervos e patrimônios histórico-culturais da região. 
 Assim, a possibilidade de se abordar pedagogicamente as atividades cotidianas está em considerá-
las referências que auxiliem os professores entre si e em sua interação com os alunos, em seus diálogos 
interdisciplinares, para a definição de objetivos e projetos comuns e articulados, no processo 
ensinoaprendizagem. 
 
 
O Ministério da Educação, por intermédio da Secretaria de Educação Média e Tecnológica, organizou, 
na atual administração, o projeto de reforma do Ensino Médio3 como parte de uma política mais geral de 
desenvolvimento social, que prioriza as ações na área da educação. 
 O Brasil, como os demais países da América Latina, está empenhado em promover reformas na área 
educacional que permitam superar o quadro de extrema desvantagem em relação aos índices de 
escolarização e de nível de conhecimento que apresentam os países desenvolvidos. 
 Particularmente, no que se refere ao Ensino Médio, dois fatores de natureza muito diversa, mas que 
mantêm entre si relações observáveis, passam a determinar a urgência em se repensar as diretrizes 
gerais e os parâmetros curriculares que orientam esse nível de ensino. 
 Primeiramente, o fator econômico se apresenta e se define pela ruptura tecnológica característica da 
chamada terceira revolução técnico-industrial, na qual os avanços da microeletrônica têm um papel 
preponderante, e, a partir década de 80, se acentuam no País. 
 
3
 http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/blegais.pdf 
O ensino médio no contexto da educação básica. 
 
1129184 E-book gerado especialmente para JULIO CESAR XAVIER
 
9 
 A denominada “revolução informática” promove mudanças radicais na área do conhecimento, que 
passa a ocupar um lugar central nos processos de desenvolvimento, em geral. É possível afirmar que, 
nas próximas décadas, a educação vá se transformar mais rapidamente do que em muitas outras, em 
função de uma nova compreensão teórica sobre o papel da escola, estimulada pela incorporação das 
novas tecnologias. 
 
 
 
As propostas de reforma curricular para o Ensino Médio se pautam nas 
constatações sobre as mudanças no conhecimento e seus desdobramentos, no 
que se refere à produção e às relações sociais de modo geral. 
 
 
 
Nas décadas de 60 e 70, considerando o nível de desenvolvimento da industrialização na América 
Latina, a política educacional vigente priorizou, como finalidade para o Ensino Médio, a formação de 
especialistas capazes de dominar a utilização de maquinarias ou de dirigir processos de produção. Esta 
tendência levou o Brasil, na década de 70, a propor a profissionalizaçãocompulsória, estratégia que 
também visava a diminuir a pressão da demanda sobre o Ensino Superior. 
 Na década de 90, enfrentamos um desafio de outra ordem. O volume de informações, produzido em 
decorrência das novas tecnologias, é constantemente superado, colocando novos parâmetros para a 
formação dos cidadãos. Não se trata de acumular conhecimentos. 
 A formação do aluno deve ter como alvo principal a aquisição de conhecimentos básicos, a preparação 
científica e a capacidade de utilizar as diferentes tecnologias relativas às áreas de atuação. 
 Propõe-se, no nível do Ensino Médio, a formação geral, em oposição à formação específica; o 
desenvolvimento de capacidades de pesquisar, buscar informações, analisá-las e selecioná-las; a 
capacidade de aprender, criar, formular, ao invés do simples exercício de memorização. 
São estes os princípios mais gerais que orientam a reformulação curricular do Ensino Médio e que se 
expressam na nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação – Lei 9.394/96. 
 Se é necessário pensar em reformas curriculares, levando em conta as mudanças estruturais que 
alteram a produção e a própria organização da sociedade que identificamos como fator econômico, não 
é menos importante conhecer e analisar as condições em que se desenvolve o sistema educacional do 
País. 
 
No Brasil, o Ensino Médio foi o que mais se expandiu, considerando como ponto de partida a década 
de 80. De 1988 a 1997, o crescimento da demanda superou 90% das matrículas até então existentes. 
Em apenas um ano, de 1996 a 1997, as matrículas no Ensino Médio cresceram 11,6%. 
 
É importante destacar, entretanto, que o índice de escolarização líquida neste nível de ensino, 
considerada a população de 15 a 17 anos, não ultrapassa 25%, o que coloca o Brasil em situação 
de desigualdade em relação a muitos países, inclusive da América Latina. 
 
Nos países do Cone Sul, por exemplo, o índice de escolarização alcança de 55% a 60%, e na maioria 
dos países de língua inglesa do Caribe, cerca de 70%. 
 O padrão de crescimento das matrículas no Ensino Médio no Brasil, entretanto, tem características 
que nos permitem destacar as suas relações com as mudanças que vêm ocorrendo na sociedade. 
 As matrículas se concentram nas redes públicas estaduais e no período noturno. Os estudos 
desenvolvidos pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (INEP), quando da avaliação 
dos concluintes do Ensino Médio em nove Estados, revelam que 54% dos alunos são originários de 
famílias com renda mensal de até seis salários mínimos e, na Bahia, Pernambuco e Rio Grande do Norte, 
mais de 50% destes têm renda familiar de até três salários mínimos. 
 É possível concluir que parte dos grupos sociais até então excluídos tenha tido oportunidade de 
continuar os estudos em função do término do Ensino Fundamental, ou que esse mesmo grupo esteja 
retornando à escola, dada a compreensão sobre a importância da escolaridade, em função das novas 
exigências do mundo do trabalho. 
 Pensar um novo currículo para o Ensino Médio coloca em presença estes dois fatores: as mudanças 
estruturais que decorrem da chamada “revolução do conhecimento”, alterando o modo de organização 
do trabalho e as relações sociais; e a expansão crescente da rede pública, que deverá atender a padrões 
de qualidade que se coadunem com as exigências desta sociedade. 
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10 
 
O currículo escolar e suas implicações no processo do conhecimento4 
 
Na busca da constituição do conhecimento, outro termo a ser levado em consideração é o currículo, 
palavra de origem latina currere, que se refere à carreira, a um percurso, que deve ser realizado. 
A escola está e não está em crise, ela reproduz a ideologia do capital, e ao mesmo tempo oferece 
condições de emancipação humana. Podendo assim, conservar ou reproduzir, e é nesta contradição que 
é preciso analisar o currículo da escola, pois, ele deve refletir as mais diversas formas de cultura. 
Segundo Saviani “o currículo deve expressar um caminho pelo qual teoricamente todos deveriam 
percorrer rumo ao projeto social, passando a ser entendido como forma de contestação do poder". 
Um sistema escolar é complexo, frequentado por muitos alunos e, portanto, deve organizar-se. O que 
se deve então ensinar já que o currículo também é uma seleção limitada da cultura? Com certeza um 
currículo que compreenda um projeto de vida, socializado e cultural, com um conjunto de objetivos de 
aprendizagem selecionados que possam dar lugar à criação de experiências, para que nele se operem 
as oportunidades, que se privilegiem conhecimentos necessários para entender o mundo e os problemas 
reais e que mobilize o aluno para o entendimento e a participação na vida social. Sendo pertinente formar 
um aluno crítico, reflexivo e participativo das tomadas de decisões da sociedade, que não sejam apenas 
cidadãos, mas que saibam praticar e exercer sua cidadania ativa conectada com seus direitos e deveres. 
A produção do conhecimento deve ser o resultado da relação entre o homem e as relações sociais, 
através da atividade humana, ou seja, o trabalho como práxis humana e produtiva. 
 
Para Saviani “é preciso privilegiar a relação entre o que precisa ser conhecido e o caminho que 
precisa ser trilhado para conhecer, ou seja, entre conteúdo e método, na perspectiva da 
construção da autonomia intelectual e ética”. 
 
Hoje, há um consenso entre educadores de que o “aprender” é o papel mais importante de toda e 
qualquer instituição educacional. E que nesta linha, o compromisso político do professor apoiada pela 
equipe e direção se exigem mutuamente e se interpenetram, não sendo mais possível dissociar uma da 
outra. 
Para Sacristán: organizar currículo e programas de conteúdo é contribuir na formação das 
novas gerações da humanidade com possibilidades de traçar caminhos possíveis para superar 
dificuldades. E, que nós cidadãos participantes deste processo, professores pedagogos e 
gestores, consigamos construir outra escola, onde todos possam ser sujeitos de suas próprias 
histórias e parceiros na construção de uma sociedade mais democrática e mais humana. 
 
Sob este ponto de vista o currículo caracteriza-se por uma estratégia de abordagem do objeto, que é 
o aluno. Estratégia esta que significa um modo de observar, de pensar e de agir do educador sobre o 
alunado, construindo a partir das teorias que suportam a formação profissional do educador como sobre 
a sua experiência, sistema de valores, ideologia e estilo pessoa. 
 
 
 
 
 
4
 Texto adaptado de OST, N. M. 
Os sujeitos e o currículo dos ensinos fundamental e médio para a 
formação humana integral. 
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11 
A didática, o plano de trabalho docente e a hora atividade como possibilidades de aprendizagem 
 
Para Pimenta & Anastasiau “a pedagogia possibilita aos profissionais se apropriarem criticamente da 
cultura pedagógica para compreender e alargar sua visão da situação concreta, nas quais realizam seu 
trabalho, a fim de transformar a realidade, incluindo a atividade de ensinar que é a didática”. 
A didática, por sua vez, é o principal ramo da Pedagogia que investiga os fundamentos, as condições 
e os modos de realizar a educação mediante o ensino. 
Sendo o ensino uma ação historicamente situada, a didática constitui-se como teoria de ensino. 
A didática possibilita fazer um julgamento ou uma crítica do valor dos métodos de ensino. Pode-se 
dizer que a metodologia nos dá juízos da realidade e a didática, juízos de valor. Com isso pode-se concluir 
que pode ser metodológico, sem ser didático, mas não pode ser didático, sem ser metodológico, pois não 
se pode julgar sem conhecer. 
 
Segundo Pimenta & Anastasiau“a didática neste sentido ocupa-se da busca do conhecimento 
necessário para a compreensão da prática pedagógica e da elaboração de formas adequadas de 
intervenção, de modo que o processo ensino- aprendizagem se realize de maneira que de fato viabilize 
a aprendizagem do educando”. 
A educação tem passado por várias concepções, em suas práticas escolares, mas precisamos nos 
deter neste momento da história, com a Concepção Pedagógica Histórica Crítico, pois ela nos propõe 
uma síntese superada da Pedagogia Tradicional e renovada, valorizando a ação pedagógica enquanto 
inserida na prática social concreta. Entende a escola como mediação entre o individual e o social, 
exercendo a articulação entre transmissão dos conteúdos e assimilação ativa por parte do aluno concreto, 
ou seja, inserido num contexto de relações sociais, resultando dessa articulação o saber crítico e 
elaborado de forma a eliminar a seletividade social e torná-la democrática. 
Dentro desta linha de pensamento destacamos vários estudiosos como: Makarenko, B. Charlot, 
Manacorda, Snyders, Dermeval Saviani e tantos outros, que concebem os conteúdos como culturais e 
autônomos, incorporados pela humanidade, mas reavaliados criticamente face às realidades sociais. 
Fundamentam a concepção de uma proposta educacional universal, mas não numa análise superficial de 
tornar “acessível à escolarização”; mas numa reflexão fundamentada no “acesso à educação”, garantindo 
qualidade nos objetivos educacionais, de não servir apenas como reprodutora de um sistema excludente, 
mas incluir todos os indivíduos no empenho de compreender a realidade social e poder contribuir com 
sua transformação. 
 
Outra prática a ser refletida é o plano de ação da escola e o Plano de Trabalho Docente, sempre a luz 
da Proposta Pedagógica Curricular. Se partirmos do princípio que planejar é assumir uma atitude séria, 
diante de uma situação problema, hoje mais do que nunca em todos os campos da atividade humana, 
precisamos do planejamento, pois ele requer ações e procedimentos capazes de resolver a especificidade 
de cada situação. 
 
 
O professor mantém seu profissionalismo pedagógico quando dialoga e partilha os princípios de um 
novo olhar sobre o aluno com Necessidades Educacionais Especiais, engajando na educação geral, as 
famílias, alunos, outros profissionais da educação e gestores das políticas públicas. 
O planejamento de ensino é a especificação e operacionalização do plano curricular e parte 
integrada do Projeto Político Pedagógico, em toda sua extensão. Ao reportar sobre o processo 
ensinoaprendizagem, é preciso fazer uma reflexão profunda sobre o que é ensinar e o que é 
aprender. Pois o ensino e a aprendizagem são processos tão antigos quanto à própria 
humanidade. 
 
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12 
Continuar buscando resposta para esta questão é acreditar que ensinar, em seu verdadeiro sentido, é 
reconhecer valores ter compreensão, solidariedade e crença no potencial humano superando atitudes de 
preconceito e discriminação em relação às diferenças. 
O compromisso é um convite a um novo olhar sobre a educação e a diversidade, em que currículos 
que marginalizam as diferenças deem espaço à construção de práticas curriculares calcadas no 
compromisso com a pluralidade das manifestações humanas presentes nas relações cotidianas da 
escola. 
 
Para Vasconcelos “a sua atuação profissional enquanto docente, não há como ignorar o fato de que o 
centro de toda e qualquer ação didáticopedagógica está sempre no aluno e, mais precisamente, na 
aprendizagem que esse aluno venha a realizar”. 
Uma educação integradora na qual professor e aluno possa produzir conhecimentos que possibilitam 
contribuir para a transformação da sociedade. 
Para Bloon a formulação dos objetivos tem a finalidade de classificar para os professores as mudanças 
desejadas, orientar na escolha dos conteúdos, metodologias, experiências de aprendizagem e processo 
de avaliação. 
Nesta perspectiva, Czakalski a organização da hora atividade deve garantir o fortalecimento, o 
desenvolvimento de ações de enfrentamento de problemas diagnosticados que visem à melhoria e a 
qualidade do ensino e aprendizagem. 
Fazendo uso da hora atividade, no planejamento das práticas docente, há sempre uma preocupação 
em abordar a questão da indissociabilidade entre teoria e prática. 
É nos momentos de hora-atividade que a equipe pedagógica com apoio da direção escolar, 
oportunizam espaço de reflexão das práticas pedagógicas. Auxiliando o professor em seu trabalho, 
discutindo e encaminhando alunos para avaliações, redirecionando práticas para alunos com dificuldades 
de aprendizagem e para alunos repetentes, promover ações e reflexão, com o objetivo fundamental de 
assegurar aprendizagem. 
 
Como garantia de sua especificidade a escola utiliza esses momentos coletivos para com os 
professores, a fim de que haja uma organização coletiva para melhorar suas práticas. Um momento de 
rever seu trabalho, metodologia, critérios para retomar as ações, proporcionando ao professor e ao 
coletivo escolar, uma análise de sua prática sobre as reais condições de trabalho, privilegiando o 
conhecimento e o aperfeiçoamento do processo educativo, viabilizando a utilização de estudos com 
atividades teóricas e práticas que se fundem numa totalidade, pois o planejamento das práticas escolares 
envolve todo um trabalho pedagógico. 
 
O espaço de sala de aula não é o único onde se constrói o conhecimento e se aprende sobre cidadania. 
Mas deve propiciar espaços alternativos onde a pesquisar construa conhecimento que possa interferir 
favoravelmente na construção de cidadãos conscientes, responsáveis e atuantes em seus diferentes 
papéis sociais. 
Para Gadotti “educar significa formar para a autonomia, isto é, para se autogovernar. Um 
processo educacional somente será verdadeiramente autônomo e libertador se for capaz de 
preparar cidadãos críticos, dotados das condições que lhes permitam entender os contextos 
históricos, sociais e econômicos em que estão inseridos”. 
Nosso tempo requer postura de um novo cidadão consciente, sensível, que possa intervir e modificar 
a realidade social excludente, tornando-se sujeito da própria história. 
Para isso a gestão escolar, precisa ser autônoma e democrática. Reconhecendo toda a comunidade 
escolar e instâncias colegiadas com suas diversidades culturais, com as múltiplas possibilidades e 
diferentes saberes. Desafiando as incertezas e procurando as soluções diante de cada desafio. 
 
Planejar para construir o ensino 
 
Em uma sala de aula, durante a fala do professor, um aluno formula uma pergunta. O professor ouve 
atentamente e se vê diante de um dilema: O que fazer? Responder a pergunta objetivamente e continuar 
a exposição? Anotar a questão no quadro e dizer que responderá ao terminar o que está expondo? Anotar 
a pergunta e pedir a toda classe que pense na resposta? Solicitar ao aluno que anote a pergunta e a 
repita ao final da exposição? Qual a conduta mais correta? 
Escolher uma resposta adequada depende de vários fatores que devem ser considerados pelo 
professor. Entre eles, se a pergunta contribui para o desenvolvimento da atividade de ensino e 
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13 
aprendizagem naquele momento, ou ainda se existe pertinência em relação ao conteúdo em jogo na 
atividade. 
A pergunta pode evidenciar um nível de compreensão conceitual mais elaborado de um aluno se 
comparado à maioria da classe. Respondê-la naquele momento transformaria a aula em uma conversa 
entre o professor e aquele aluno, que dificilmente seria acompanhada pelos demais. Pode também revelar 
uma criança ou jovem com dificuldade de compreender o conceito em questão, o que sugere algum tipo 
de atenção mais individualizada. É possível concluirainda que a questão seria uma ótima atividade de 
aprendizagem em um momento posterior, quando certos aspectos do conteúdo já estiverem esclarecidos. 
 
Planejar: coerência para as ações educativas 
 
O professor tem um papel fundamental de coordenar o processo de ensino e aprendizagem da sua 
classe. “É preciso organizar todas as suas ações em torno da educação de seus alunos. Ou seja, 
promover o crescimento de todos eles em relação à compreensão do mundo e à participação na 
sociedade”. Para isso, ele precisa ter claro quais são as intenções educativas que presidem esta ou 
aquela atividade proposta. Na verdade, ele precisa saber que atitudes, habilidades, conceitos, espera que 
seus alunos desenvolvam ao final de um período letivo. 
Certamente isso significa fazer opções quanto aos conteúdos, às atividades, ao modo como elas serão 
desenvolvidas, distribuir o tempo adequadamente, assim como fazer escolhas a respeito da avaliação 
pretendida. Se essas intenções estiverem claras, as respostas a esta ou àquela pergunta ou a diferentes 
situações do cotidiano de uma sala de aula serão mais coerentes com os objetivos e propósitos definidos. 
O Planejamento do Ensino tem como principal função garantir a coerência entre as atividades que o 
professor faz com seus alunos e as aprendizagens que pretende proporcionar a eles. 
 
Planejamento de Ensino 
 
Em muitos casos, quando o professor atua junto à sua classe sem ter refletido sobre a atividade que 
está em desenvolvimento, sem ter registrado de alguma forma suas intenções educativas, a atividade 
pode se revelar contraditória com os objetivos educativos que levaram o professor a selecioná-la. 
Esse tipo de contradição é muito mais comum do que parece. No ensino da leitura, por exemplo, é 
frequente o professor exigir de um aluno uma leitura em voz alta de um texto que o próprio aluno lerá pela 
primeira vez. Logo após essa leitura, o professor pede que ele comente o que leu, ou faça um resumo. 
Faz perguntas sobre as informações contidas no texto e pede-lhe que relacione ideias com outras 
anteriormente tratadas em classe. Geralmente, os professores que propõem essa atividade a seus alunos 
dizem que ela tem o objetivo de desenvolver a capacidade de ler e interpretar um texto. Mas esses 
professores se esquecem de que, para ler em voz alta, principalmente um texto que está sendo lido pela 
primeira vez, a atenção do leitor volta-se para a emissão da voz, a entonação, os cuidados com a 
pontuação. 
 
Ou seja, o leitor, nessas ocasiões, preocupa-se em garantir a audição 
de sua leitura, não a compreensão lógica e conceitual do que está lendo. 
Já uma leitura voltada à compreensão de um texto deve ser silenciosa, 
visando o entendimento dos raciocínios e, por isso, com idas e vindas 
constantes. Se um parágrafo apresenta uma ideia mais difícil, pode-se 
lê-lo várias vezes. Se uma palavra tem significado desconhecido, usa-se 
o dicionário. A leitura em voz alta é contraditória com uma leitura voltada 
ao estudo, à confecção de um resumo do texto. A atividade proposta 
pelo professor fica comprometida por essa contradição. 
 
Quem faz o planejamento 
 
O planejamento é um trabalho individual e de equipe. A elaboração do Planejamento do Ensino é uma 
tarefa que cada professor deve realizar tendo em vista o conjunto de alunos de uma determinada classe, 
sendo, por isso, intransferível. O ideal é desenvolver esse Planejamento em cooperação com os demais 
professores, com a ajuda da coordenação pedagógica e mesmo da direção da escola, mas cada professor 
deve ser o autor de seu Planejamento do Ensino. Quantas vezes nós, professores, ouvimos um aluno 
perguntar: - Professor, por que a gente precisa saber isso? Quantas vezes, no tempo em que éramos 
alunos, fizemos essa mesma pergunta a nossos professores, sem nunca obter uma resposta satisfatória? 
 
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14 
Flexibilidade 
 
Vale lembrar que nenhum Planejamento deve ser uma camisa-de-força para o professor. Existem 
situações da vida dos alunos, da escola, do município, do país e do mundo que não podem ser 
desprezadas no cotidiano escolar e, por vezes, elas têm tamanha importância que justificam por si 
adequações no Planejamento do Ensino. 
No processo de desenvolvimento do ensino e da aprendizagem, novos conteúdos e objetivos podem 
entrar em jogo; outros, escolhidos na elaboração do plano, podem ser retirados ou adiados. É 
aconselhável que o professor reflita sobre suas decisões durante e após as atividades, registrando suas 
ideias, que serão uma das fontes de informação para melhor avaliar as aprendizagens dos alunos e 
decidir sobre que caminhos tomar. 
Além disso, as pessoas aprendem o mesmo conteúdo de formas diferentes; portanto, o Planejamento 
do Ensino é um orientador da prática pedagógica e não um “ditador de ritmo”, no qual todos os alunos 
devem seguir uniformemente. Ao longo do ano letivo e a partir das avaliações, algumas atividades podem 
se mostrar inadequadas, e será necessário redirecionar e diversificá-las, rever os conteúdos, fazer 
ajustes. 
 
Registro 
 
Registrar ajuda a avaliação. Vale destacar que a forma de organizar o Planejamento do Ensino aqui 
apresentado é uma escolha. O importante é o professor ter alguma forma de registro de suas intenções, 
procurando agir pedagogicamente de forma coerente com os objetivos específicos e gerais traçados no 
Projeto de Escola e em seu Planejamento do Ensino. A forma como cada professor registra seu 
Planejamento não deve ser fixa, para que cada profissional possa fazê-lo da forma como se sente melhor. 
Mas, se um educador deseja ser um profissional reflexivo, que pensa criticamente sobre sua prática 
pedagógica e se desenvolve profissionalmente com esse processo, ele precisa registrar seu 
Planejamento do Ensino. 
Redigir o projeto não é uma simples formalidade administrativa. É a tradução do processo coletivo de 
sua elaboração [...]. Deve resultar em um documento simples, completo, claro, preciso, que constituirá 
um recurso importante para seu acompanhamento e avaliação. 
 
Componentes do planejamento do ensino 
 
O Planejamento do Ensino, chamado também de planejamento da ação pedagógica ou planejamento 
didático, deve explicitar: 
- as intenções educativas – por meio dos conteúdos e dos objetivos educativos, ou das expectativas 
de aprendizagem; 
- como esse ensino será orientado pelo professor – as atividades de ensino e aprendizagem que o 
professor seleciona para coordenar em sala de aula, com o propósito de cumprir suas intenções 
educativas, o tempo necessário para desenvolvê-las; 
- como será a avaliação desse processo. 
 
Conteúdos e objetivos 
 
Conteúdo é uma forma cultural, um tipo de conhecimento que a escola seleciona para ensinar a seus 
alunos. Informações, conceitos, métodos, técnicas, procedimentos, valores, atitudes e normas são tipos 
diferentes de conteúdos. Informações, por exemplo, podem ser aprendidas em uma atividade, já o 
algoritmo da multiplicação de números inteiros, que é um procedimento, não. Esse é um tipo de conteúdo 
cuja aprendizagem envolve grandes intervalos de tempo e que necessita de atividades planejadas ao 
longo de meses, pelo menos. 
Valores são conteúdos aprendidos nas relações humanas, ocorram elas no espaço escolar ou não. 
Muitas vezes, aprender um valor pode significar também mudar de valor, o que torna o ensino e a 
aprendizagem de valores, e de atitudes também, um processo complexo, que não se resolve apenas com 
a preparação de atividades localizadas. Em uma escola onde o respeito mútuo e o combate a qualquer 
tipo de preconceito de gênero, de etnia ou de classe social estejam ausentes no dia-a-dia, não há como 
ensinar valores e atitudes por meio de atividades ou “sérias conversas” sobre esses temas. 
Os conteúdos do Planejamentodo Ensino são aqueles que guiaram a escolha das atividades na 
elaboração do plano e são os conteúdos em relação aos quais o professor tentará observar, e avaliar, 
1129184 E-book gerado especialmente para JULIO CESAR XAVIER
 
15 
como se desenvolvem as aprendizagens, pois isso não seria possível fazer com relação a “todos” os 
conteúdos presentes na atividade. 
 
Conteúdo do planejamento X Conteúdo das atividades 
 
Em uma atividade de ensino e aprendizagem, os alunos trabalham com vários tipos de conteúdos ao 
mesmo tempo. Pensando sobre um conceito de Matemática, os alunos podem estar mais ou menos 
mobilizados para essa ação, e a mobilização necessária pode ser fruto de um valor anteriormente 
aprendido: são alunos que gostam do desafio de aprender, e que identificam na atividade problemas 
interessantes que aguçam seu pensamento lógico. 
Para resolver uma questão de História ou de Geografia, o aluno precisa mobilizar seus conhecimentos 
de leitura, lembrar dados e relações que ele já aprendeu e que lhe permitam compreender a questão feita 
e pensar em possíveis respostas, ou em possíveis fontes para obter informações ou esclarecer conceitos. 
Por fim, terá que mobilizar seus conhecimentos de escrita para redigir a resposta. 
Durante uma atividade, alunos interagem com outros alunos e com o educador, e nessas relações 
inúmeros valores e atitudes entram em jogo. Quando o professor, ao iniciar um debate, relembra as regras 
de participação com sua classe, está trabalhando conteúdos atitudinais ainda que o debate seja sobre 
reprodução celular. 
É preciso lembrar, ainda, que existem conteúdos, geralmente, valores ou atitudes, que são eleitos no 
Projeto de Escola, e que devem ser trabalhados em todas as atividades de sala de aula, bem como em 
todas as relações pessoais ocorridas no espaço escolar. Respeito mútuo e intolerância com qualquer tipo 
de discriminação étnica, de gênero ou classe social são dois exemplos desses conteúdos. 
 
Objetivos 
 
Os objetivos educativos do Planejamento do Ensino, também chamados objetivos didáticos ou 
específicos, ou ainda de expectativas de aprendizagem, definem o que os professores desejam que seus 
alunos aprendam sobre os conteúdos selecionados. A forma tradicional de redigir um objetivo é utilizar a 
frase “ao final do conjunto de atividades, cada aluno deverá ser capaz de...”. Não há problema em definir 
dessa forma os objetivos no Planejamento do Ensino, desde que os alunos não sejam obrigados a atingi-
los todos ao mesmo tempo. É possível definir esses objetivos descrevendo as expectativas de 
aprendizagem da forma que for mais fácil de compreendê-las. 
Os objetivos educativos do Planejamento do Ensino são importantes porque muitos conteúdos, os 
conceitos científicos entre eles, são aprendidos em processos que se complementam ao longo da 
escolaridade. Por exemplo, se um aluno das séries iniciais do Ensino Fundamental afirmar que célula é 
uma “coisa” muito pequena que forma o corpo dos seres vivos, pode-se considerar que seu conhecimento 
sobre o conceito de célula está em bom andamento. Mas, se esse for um aluno de 1a série do Ensino 
Médio, então, ele está precisando aprender mais sobre esse conceito. 
Os objetivos educativos do Planejamento do Ensino definem o grau de aprendizagem a que se quer 
chegar com o trabalho pedagógico. São faróis, guias para os professores, mas não devem se tornar 
“trilhos fixos”, em sequências que se repetem independentemente da aprendizagem de cada aluno. 
 
Organização das atividades 
 
Organizar as atividades: A principal função do conjunto articulado de atividades de ensino e 
aprendizagem que devem compor o Planejamento do Ensino é provocar nos alunos uma atividade mental 
construtiva em torno de conteúdo(s) previamente selecionado(s), no Projeto de Escola, no Planejamento 
do Ensino ou durante sua realização. 
 
Ao escolher uma atividade de ensino e aprendizagem para desenvolver com seus alunos, o 
professor precisa considerar principalmente a coerência entre suas intenções – explicitadas pelos 
conteúdos e objetivos – e as ações que vai propor a eles. Precisa também pensar em como aquela 
atividade irá se articular com a(s) anterior (es) e com a(s) seguinte(s). Uma atividade que está 
iniciando o trabalho sobre um ou mais conteúdos é muito diferente de uma atividade na qual os 
alunos estão discutindo um problema real, visto no jornal, por exemplo, baseados em seus 
estudos anteriores sobre conceitos que estão em jogo no problema. 
 
As atividades devem ser de acordo com aquilo que se quer ensinar, seja a curto, médio ou longo prazo. 
A diversidade é uma de suas características principais: assistir a um filme, a uma peça teatral ou a um 
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programa de TV; realizar produções em equipe; participar de debates e praticar argumentação e contra 
argumentação; fazer leituras compartilhadas (em voz alta); práticas de laboratório; observações em 
matas, campos, mangues, áreas urbanas e agrícolas; observações do céu; acompanhamento de 
processos de médio e longo prazo em Biologia e Astronomia. Idas a museus, bibliotecas públicas, 
exposições de arte. Pesquisa em livros e revistas, com ou sem uso de informática e Internet. Assistir a 
uma exposição por parte do professor. 
 
Novamente, deve-se insistir no fato de que a sequência de atividades que compõe o Planejamento do 
Ensino deve levar em conta as experiências dos próprios alunos no decorrer de cada atividade escolhida. 
Existem planos que se realizam quase integralmente, os que se realizam em grande parte, ou aqueles 
que, simplesmente, precisam ser refeitos tendo como critério a avaliação da aprendizagem dos alunos. 
 
Currículo – Ensino Fundamental5 
 
Até dezembro de 1996 o ensino fundamental esteve estruturado nos termos previstos pela Lei Federal 
n. 5.692, de 11 de agosto de 1971. Essa lei, ao definir as diretrizes e bases da educação nacional, 
estabeleceu como objetivo geral, tanto para o ensino fundamental (primeiro grau, com oito anos de 
escolaridade obrigatória) quanto para o ensino médio (segundo grau, não obrigatório), proporcionar aos 
educandos a formação necessária ao desenvolvimento de suas potencialidades como elemento de 
autorrealização, preparação para o trabalho e para o exercício consciente da cidadania. 
Também generalizou as disposições básicas sobre o currículo, estabelecendo o núcleo comum 
obrigatório em âmbito nacional para o ensino fundamental e médio. Manteve, porém, uma parte 
diversificada a fim de contemplar as peculiaridades locais, a especificidade dos planos dos 
estabelecimentos de ensino e as diferenças individuais dos alunos. Coube aos Estados a formulação de 
propostas curriculares que serviriam de base às escolas estaduais, municipais e particulares situadas em 
seu território, compondo, assim, seus respectivos sistemas de ensino. Essas propostas foram, na sua 
maioria, reformuladas durante os anos 80, segundo as tendências educacionais que se generalizaram 
nesse período. 
 
Em 1990 o Brasil participou da Conferência Mundial de Educação para Todos, em Jomtien, na 
Tailândia, convocada pela Unesco, Unicef, PNUD e Banco Mundial. Dessa conferência, assim como da 
Declaração de Nova Delhi — assinada pelos nove países em desenvolvimento de maior contingente 
populacional do mundo —, resultaram posições consensuais na luta pela satisfação das necessidades 
básicas de aprendizagem para todos, capazes de tornar universal a educação fundamental e de ampliar 
as oportunidades de aprendizagem para crianças, jovens e adultos. 
Tendo em vista o quadro atual da educação no Brasil e os compromissos assumidos 
internacionalmente, o Ministério da Educação e do Desporto coordenou a elaboração do Plano Decenal 
de Educação para Todos (1993-2003), concebido como um conjunto de diretrizes políticasem contínuo 
processo de negociação, voltado para a recuperação da escola fundamental, a partir do compromisso 
com a equidade e com o incremento da qualidade, como também com a constante avaliação dos sistemas 
escolares, visando ao seu contínuo aprimoramento. 
O Plano Decenal de Educação, em consonância com o que estabelece a Constituição de 1988, afirma 
a necessidade e a obrigação de o Estado elaborar parâmetros claros no campo curricular capazes de 
orientar as ações educativas do ensino obrigatório, de forma a adequá-lo aos ideais democráticos e à 
busca da melhoria da qualidade do ensino nas escolas brasileiras. 
 
Nesse sentido, a leitura atenta do texto constitucional vigente mostra a ampliação das 
responsabilidades do poder público para com a educação de todos, ao mesmo tempo que a Emenda 
Constitucional n. 14, de 12 de setembro de 1996, priorizou o ensino fundamental, disciplinando a 
participação de Estados e Municípios no tocante ao financiamento desse nível de ensino. 
A nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei Federal n. 9.394), aprovada em 20 de 
dezembro de 1996, consolida e amplia o dever do poder público para com a educação em geral e em 
particular para com o ensino fundamental. Assim, vê-se no art. 22 dessa lei que a educação básica, da 
qual o ensino fundamental é parte integrante, deve assegurar a todos “a formação comum indispensável 
para o exercício da cidadania e fornecer-lhes meios para progredir no trabalho e em estudos posteriores”, 
fato que confere ao ensino fundamental, ao mesmo tempo, um caráter de terminalidade e de continuidade. 
 
5 http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/livro01.pdf 
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Essa LDB reforça a necessidade de se propiciar a todos a formação básica comum, o que pressupõe 
a formulação de um conjunto de diretrizes capaz de nortear os currículos e seus conteúdos mínimos, 
incumbência que, nos termos do art. 9º, inciso IV, é remetida para a União. Para dar conta desse amplo 
objetivo, a LDB consolida a organização curricular de modo a conferir uma maior flexibilidade no trato dos 
componentes curriculares, reafirmando desse modo o princípio da base nacional comum (Parâmetros 
Curriculares Nacionais), a ser complementada por uma parte diversificada em cada sistema de ensino e 
escola na prática, repetindo o art. 210 da Constituição Federal. 
 
Em linha de síntese, pode-se afirmar que o currículo, tanto para o ensino fundamental quanto para o 
ensino médio, deve obrigatoriamente propiciar oportunidades para o estudo da língua portuguesa, da 
matemática, do mundo físico e natural e da realidade social e política, enfatizando-se o conhecimento do 
Brasil. Também são áreas curriculares obrigatórias o ensino da Arte e da Educação Física, 
necessariamente integradas à proposta pedagógica. O ensino de pelo menos uma língua estrangeira 
moderna passa a se constituir um componente curricular obrigatório, a partir da quinta série do ensino 
fundamental (art. 26, § 5º). Quanto ao ensino religioso, sem onerar as despesas públicas, a LDB manteve 
a orientação já adotada pela política educacional brasileira, ou seja, constitui disciplina dos horários 
normais das escolas públicas, mas é de matrícula facultativa, respeitadas as preferências manifestadas 
pelos alunos ou por seus responsáveis (art. 33). 
O ensino proposto pela LDB está em função do objetivo maior do ensino fundamental, que é o de 
propiciar a todos formação básica para a cidadania, a partir da criação na escola de condições de 
aprendizagem para: 
 
 
 
“I - o desenvolvimento da capacidade de aprender, tendo como meios básicos o pleno domínio da 
leitura, da escrita e do cálculo; 
II - a compreensão do ambiente natural e social, do sistema político, da tecnologia, das artes e dos 
valores em que se fundamenta a sociedade; 
III - o desenvolvimento da capacidade de aprendizagem, tendo em vista a aquisição de 
conhecimentos e habilidades e a formação de atitudes e valores; 
IV - o fortalecimento dos vínculos de família, dos laços de solidariedade humana e de tolerância 
recíproca em que se assenta a vida social” (art. 32). 
 
 
Verifica-se, pois, como os atuais dispositivos relativos à organização curricular da educação escolar 
caminham no sentido de conferir ao aluno, dentro da estrutura federativa, efetivação dos objetivos da 
educação democrática. 
 
Currículo – Ensino Médio6 
 
O currículo, enquanto instrumentação da cidadania democrática, deve contemplar conteúdos e 
estratégias de aprendizagem que capacitem o ser humano para a realização de atividades nos três 
domínios da ação humana: a vida em sociedade, a atividade produtiva e a experiência subjetiva, visando 
à integração de homens e mulheres no tríplice universo das relações políticas, do trabalho e da 
simbolização subjetiva. 
 Nessa perspectiva, incorporam-se como diretrizes gerais e orientadoras da proposta curricular as 
quatro premissas apontadas pela UNESCO como eixos estruturais da educação na sociedade 
contemporânea: 
 
 
 
6
 http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/blegais.pdf 
1129184 E-book gerado especialmente para JULIO CESAR XAVIER
 
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Aprender a conhecer 
 
 Considera-se a importância de uma educação geral, suficientemente ampla, com possibilidade de 
aprofundamento em determinada área de conhecimento. Prioriza-se o domínio dos próprios instrumentos 
do conhecimento, considerado como meio e como fim. Meio, enquanto forma de compreender a 
complexidade do mundo, condição necessária para viver dignamente, para desenvolver possibilidades 
pessoais e profissionais, para se comunicar. Fim, porque seu fundamento é o prazer de compreender, de 
conhecer, de descobrir. 
 O aumento dos saberes que permitem compreender o mundo favorece o desenvolvimento da 
curiosidade intelectual, estimula o senso crítico e permite compreender o real, mediante a aquisição da 
autonomia na capacidade de discernir. 
 Aprender a conhecer garante o aprender a aprender e constitui o passaporte para a educação 
permanente, na medida em que fornece as bases para continuar aprendendo ao longo da vida. 
 
 Aprender a fazer 
 
 O desenvolvimento de habilidades e o estímulo ao surgimento de novas aptidões tornam-se processos 
essenciais, na medida em que criam as condições necessárias para o enfrentamento das novas situações 
que se colocam. Privilegiar a aplicação da teoria na prática e enriquecer a vivência da ciência na 
tecnologia e destas no social passa a ter uma significação especial no desenvolvimento da sociedade 
contemporânea. 
 
Aprender a viver 
 
 Trata-se de aprender a viver juntos, desenvolvendo o conhecimento do outro e a percepção das 
interdependências, de modo a permitir a realização de projetos comuns ou a gestão inteligente dos 
conflitos inevitáveis. 
 
Aprender a ser 
 
 A educação deve estar comprometida com o desenvolvimento total da pessoa. Aprender a ser supõe 
a preparação do indivíduo para elaborar pensamentos autônomos e críticos e para formular os seus 
próprios juízos de valor, de modo a poder decidir por si mesmo, frente às diferentes circunstâncias da 
vida. Supõe ainda exercitar a liberdade de pensamento, discernimento, sentimento e imaginação, para 
desenvolver os seus talentos e permanecer, tanto quanto possível, dono do seu próprio destino. 
 Aprender a viver e aprender a ser decorrem, assim, das duas aprendizagens anteriores – aprender a 
conhecer e aprender a fazer – e devem constituir ações permanentes que visem à formação do educando 
como pessoa e como cidadão. 
 A partir desses princípios gerais, o currículo deve ser articulado em torno de eixos básicos 
orientadores da seleção deconteúdos significativos, tendo em vista as competências e habilidades que 
se pretende desenvolver no Ensino Médio. 
 Um eixo histórico-cultural dimensiona o valor histórico e social dos conhecimentos, tendo em vista o 
contexto da sociedade em constante mudança e submetendo o currículo a uma verdadeira prova de 
validade e de relevância social. Um eixo epistemológico reconstrói os procedimentos envolvidos nos 
processos de conhecimento, assegurando a eficácia desses processos e a abertura para novos 
conhecimentos. 
 
A Base Nacional Comum 
 
 É no contexto da Educação Básica que a Lei nº 9.394/96 determina a construção dos currículos, no 
Ensino Fundamental e Médio, “com uma Base Nacional Comum, a ser complementada, em cada sistema 
de ensino e estabelecimento escolar, por uma parte diversificada, exigida pelas características regionais 
e locais da sociedade, da cultura, da economia e da clientela” (Art. 26). 
 A Base Nacional Comum contém em si a dimensão de preparação para o prosseguimento de estudos 
e, como tal, deve caminhar no sentido de que a construção de competências e habilidades básicas, e não 
o acúmulo de esquemas resolutivos pré-estabelecidos, seja o objetivo do processo de aprendizagem. É 
importante, por exemplo, operar com algoritmos na Matemática ou na Física, mas o estudante precisa 
entender que, frente àquele algoritmo, está de posse de uma sentença da linguagem matemática, com 
seleção de léxico e com regras de articulação que geram uma significação e que, portanto, é a leitura e 
1129184 E-book gerado especialmente para JULIO CESAR XAVIER
 
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escrita da realidade ou de uma situação desta. Para tanto, deve-se entender que a linguagem verbal se 
presta à compreensão ou expressão de um comando ou instrução clara, precisa, objetiva. 
 A Base Nacional Comum também traz em si a dimensão de preparação para o trabalho. Esta 
dimensão tem que apontar para que aquele mesmo algoritmo seja um instrumento para a solução de um 
problema concreto, que pode dar conta da etapa de planejamento, gestão ou produção de um bem. E, 
indicando e relacionando os diversos contextos e práticas sociais, além do trabalho, requer, por exemplo, 
que a Biologia dê os fundamentos para a análise do impacto ambiental, de uma solução tecnológica ou 
para a prevenção de uma doença profissional. Enfim, aponta que não há solução tecnológica sem uma 
base científica e que, por outro lado, soluções tecnológicas podem propiciar a produção de um novo 
conhecimento científico. 
 
 Essa educação geral, que permite buscar informação, gerar informação, usá-la para solucionar 
problemas concretos na produção de bens ou na gestão e prestação de serviços, é preparação básica 
para o trabalho. Na verdade, qualquer competência requerida no exercício profissional, seja ela 
psicomotora, sócioafetiva ou cognitiva, é um afinamento das competências básicas. Essa educação geral 
permite a construção de competências que se manifestar-se-ão em habilidades básicas, técnicas ou de 
gestão. 
 A Base Nacional Comum destina-se à formação geral do educando e deve assegurar que as 
finalidades propostas em lei, bem como o perfil de saída do educando sejam alcançadas de forma a 
caracterizar que a Educação Básica seja uma efetiva conquista de cada brasileiro. O desenvolvimento 
de competências e habilidades básicas comuns a todos os brasileiros é uma garantia de democratização. 
A definição destas competências e habilidades servirá de parâmetro para a avaliação da Educação Básica 
em nível nacional. 
 O Art. 26 da LDB determina a obrigatoriedade, nessa Base Nacional Comum, de “estudos da Língua 
Portuguesa e da Matemática, o conhecimento do mundo físico e natural e da realidade social e política, 
especialmente do Brasil, o ensino da arte [...] de forma a promover o desenvolvimento cultural dos alunos, 
e a Educação Física, integrada à proposta pedagógica da escola”. 
 Quando a LDB destaca as diretrizes curriculares específicas do Ensino Médio, ela se preocupa em 
apontar para um planejamento e desenvolvimento do currículo de forma orgânica, superando a 
organização por disciplinas estanques e revigorando a integração e articulação dos conhecimentos, num 
processo permanente de interdisciplinaridade e transdisciplinaridade. Essa proposta de organicidade está 
contida no Art.36, segundo o qual o currículo do Ensino Médio “destacará a educação tecnológica básica, 
a compreensão do significado da ciência, das letras e das artes; o processo histórico de transformação 
da sociedade e da cultura; a língua portuguesa como instrumento de comunicação, acesso ao 
conhecimento e exercício da cidadania”. 
 
A organicidade dos conhecimentos fica mais evidente ainda quando o Art. 36 da LDB estabelece, em 
seu parágrafo 1º, as competências que o aluno, ao final do Ensino Médio, deve demonstrar: 
 
Art. 36, § 1º. “Os conteúdos, as metodologias e as formas de avaliação serão organizados de 
tal forma que ao final do ensino médio o educando demonstre: 
I - domínio dos princípios científicos e tecnológicos que presidem a produção moderna; 
II - conhecimento das formas contemporâneas de linguagem; 
III - domínio dos conhecimentos de Filosofia e de Sociologia necessários ao exercício da 
cidadania.” 
 
O perfil de saída do aluno do Ensino Médio está diretamente relacionado às finalidades desse ensino, 
conforme determina o Art. 35 da Lei: 
 
 Art. 35 “O Ensino Médio, etapa final da Educação Básica, com duração mínima de três anos, 
terá como finalidade: 
I - a consolidação e aprofundamento dos conhecimentos adquiridos no ensino fundamental, 
possibilitando o prosseguimento de estudos; 
II - a preparação básica para o trabalho e a cidadania do educando como pessoa humana, 
incluindo a formação ética e o desenvolvimento da autonomia intelectual e do pensamento crítico; 
III - a compreensão dos fundamentos científico-tecnológicos dos processos produtivos, 
relacionando a teoria com a prática, no ensino de cada disciplina.” 
 
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 É importante compreender que a Base Nacional Comum não pode constituir uma camisa-de-força que 
tolha a capacidade dos sistemas, dos estabelecimentos de ensino e do educando de usufruírem da 
flexibilidade que a lei não só permite, como estimula. Essa flexibilidade deve ser assegurada, tanto na 
organização dos conteúdos mencionados em lei, quanto na metodologia a ser desenvolvida no processo 
de ensinoaprendizagem e na avaliação. As considerações gerais sobre a Lei indicam a necessidade de 
construir novas alternativas de organização curricular comprometidas, de um lado, com o novo significado 
do trabalho no contexto da globalização econômica e, de outro, com o sujeito ativo que se apropriar-se-á 
desses conhecimentos, aprimorando-se, como tal, no mundo do trabalho e na prática social. Ressalve-
se que uma base curricular nacional organizada por áreas de conhecimento não implica a 
desconsideração ou o esvaziamento dos conteúdos, mas a seleção e integração dos que são válidos 
para o desenvolvimento pessoal e para o incremento da participação social. Essa concepção curricular 
não elimina o ensino de conteúdos específicos, mas considera que os mesmos devem fazer parte de um 
processo global com várias dimensões articuladas. O fato de estes Parâmetros Curriculares terem sido 
organizados em cada uma das áreas por disciplinas potenciais não significa que estas são obrigatórias 
ou mesmo recomendadas. O que é obrigatório pela LDB ou pela Resolução nº 03/98 são os 
conhecimentos que estas disciplinas recortam e as competências e habilidades a eles referidos e 
mencionados nos citados documentos. 
 
As três áreas 
 
 A reforma curricular do Ensino Médio estabelece a divisão do conhecimento escolar em áreas, uma 
vez que entende os conhecimentos cada vez mais

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