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Albinati, 2006

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Universidade Federal da Bahia 
Escola de Medicina Veterinária 
Mestrado em Medicina Veterinária Tropical 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Biomarcadores histológicos na avaliação de testes 
 de toxicidade com o herbicida Roundup® 
em Piauçu (Leporinus macrocephalus) 
 
 
 
Ana Catarina Luscher Albinati 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Salvador - Bahia 
 iii
ANA CATARINA LUSCHER ALBINATI 
 
 
 
 
BIOMARCADORES HISTOLÓGICOS NA AVALIAÇÃO DE TESTES DE 
TOXICIDADE COM O HERBICIDA ROUNDUP® EM PIAUÇUS (Leporinus 
macrocephalus) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dissertação apresentada à Escola de 
Medicina Veterinária da Universidade 
Federal da Bahia, como requisito para a 
obtenção do título de Mestre em Medicina 
Veterinária Tropical, na área de Saúde 
Animal. 
 
 
 
 
 
 
 
Orientador: Prof. Dr. Eduardo Luiz Trindade Moreira 
 
 
 
 
 
 
 
 
Salvador – Bahia 
2006 
 iv
FICHA CATALOGRÁFICA 
ELABORADA PELA BIBLIOTECA DA EMV - UFBA 
 
 
A335 ALBINATI,Ana Catarina Luscher 
 Biomarcadores histológicos na avaliação de testes 
 de toxicidade com o herbicida Roundup® em piauçus 
 (Leporinus macrocephalus)/Ana Catarina Luscher 
 Albinati –Salvador:A.C.L.A.,2006 
 48p. 
 
 Orientador: Eduardo Luiz Trindade Moreira 
 Dissertação (Mestrado em Medicina Veterinária 
 Tropical) –Universidade Federal da Bahia. Escola de 
 Medicina Veterinária. 
 
 
 
 CDD - 668654 
 
1. Roundup® 
2. Piauçu 
3. Biomarcadores 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 v
 
 
BIOMARCADORES HISTOLÓGICOS NA AVALIAÇÃO DE TESTES DE 
TOXICIDADE COM O HERBICIDA ROUNDUP® EM PIAUÇUS (Leporinus 
macrocephalus) 
 
 
ANA CATARINA LUSCHER ALBINATI 
 
Dissertação defendida e aprovada para obtenção do grau de Mestre em Medicina Veterinária 
Tropical. 
 
Salvador, 18 de setembro de 2006. 
 
Comissão Examinadora: 
 
 
 
 
--------------------------------------------------------- 
Prof. Dr.Eduardo Luiz Trindade Moreira - UFBA 
Orientador 
 
 
 
--------------------------------------------------------- 
Profª. Drª Sílvia Lima Costa - UFBA 
 
 
 
 
--------------------------------------------------------- 
Prof. Dr. Fernando Leandro dos Santos - UFRPE 
 
 
 
 vi
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Aos meus pais, Fátima e 
Ricardo e a Durval pelo amor 
que tenho a vocês. 
 
 
 
 vii
 
AGRADECIMENTOS 
 
 
Ao Professor Eduardo Luiz Trindade Moreira pela orientação, confiança e por ter aceitado o 
desafio de trabalhar com histopatologia de peixes. 
 
Ao Professor Ricardo Castelo Branco Albinati (Laboratório de Aqüicultura -UFBA), pela co-
orientação e pela grande ajuda durante todo o experimento. 
 
Aos estagiários do Laboratório de Aqüicultura da UFBA: Gisele, Jaciane, Alessandra, Ézer e 
Vítor, pelo apoio e imensa ajuda nos experimentos. 
 
Ao Professor Jean Nunes dos Santos (Laboratório de Histopatologia- Odontologia –UFBA) 
por gentilmente ceder o laboratório para o processamento do nosso material e à funcionária 
Maria de Lourdes Silva Santos que, com boa vontade e competência, processou o material. 
 
Aos professores do Mestrado em Medicina Veterinária Tropical –UFBA, pelos ensinamentos. 
 
Aos funcionários do Mestrado em Medicina Veterinária Tropical – UFBA, pelos serviços 
prestados e dúvidas tiradas 
 
Aos colegas de mestrado, pelos anos de convívio e batalha. 
 
Aos Professores José Eugênio Guimarães e Maria Consuelo Caribe Ayres, do Mestrado em 
Medicina Veterinária Tropical –UFBA, pelo incentivo para usar parâmetros hematológicos e 
bioquímicos neste trabalho. Infelizmente o sangue não deu! 
 
A Professora Cláudia Martinez (Laboratório de Ecofisiologia -UEL), que me acolheu mesmo 
sem me conhecer, me dando a grande oportunidade de conhecer a área de ecotoxicologia. 
 
Aos amigos do Laboratório de Ecofisiologia da UEL, que mesmo distante sempre me 
apoiaram. 
 
 viii
À amiga Marina Camargo, pelos trabalhos que me enviou por correio e a Vivian Langiano, 
pelo envio de sua dissertação, tão úteis neste trabalho. 
 
Ao Programa Proces e à Capes pelas bolsas concedidas. 
 
A Duca, que mesmo estando distante por dois anos, me apoiou em todos os momentos; e é 
claro por todo o amor e companheirismo. 
 
Ao meu pai Ricardo e minha mãe Fátima, por serem as pessoas maravilhosas que são e pelo 
incentivo, apoio, disposição a ajudar e carinho sempre concedidos. 
 
Aos meus irmãos, Mariana e Gabriel, pelo incentivo e carinho. 
 
Ao meu sobrinho Matheus, que nos traz tanta alegria. 
 
À família Baraúna pelo apoio e carinho. 
 
Aos amigos de sempre. 
 
Aos peixes, que contribuíram (mesmo que de forma impositiva) com suas vidas para a 
realização desse trabalho, meu agradecimento e minhas desculpas. 
 
A DEUS, por tudo isso e muito mais! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 ix
 
 
 
ÍNDICE 
 
 
 página 
RESUMO .................................................................................................................... x 
 
SUMMARY................................................................................................................... xi 
 
1 INTRODUÇÃO GERAL.......................................................................................... 1 
 
2. REVISÃO DE LITERATURA................................................................................ 4 
 
2.1 O glifosato.............................................................................................................. 4 
2.2 Biomarcadores histopatológicos............................................................................ 9 
2.3 Testes de toxicidade .............................................................................................. 13 
 
3 ARTIGOS CIENTÍFICOS........................................................................................ 17 
 
Toxicidade aguda do herbicida Roundup® para piauçu (Leporinus macrocephalus) 18 
 
Avaliação de biomarcadores histológicos para estudo de toxicidade crônica pelo 
 Roundup® em piauçu (Leporinus macrocephalus)....................................................... 29 
 
4 CONSIDERAÇÕES GERAIS...................................................................................... 42 
 
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...................................................................... 43 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 x
 
 
 
ALBINATI, A.C.L. Biomarcadores histológicos na avaliação de testes de toxicidade com o 
herbicida Roundup® em piauçus (Leporinus macrocephalus). Salvador, Bahia, 2006 48p. 
Dissertação (Mestrado em Medicina Veterinária Tropical) – Escola de Medicina Veterinária, 
Universidade Federal da Bahia, 2003. 
 
 
RESUMO 
 
 
O Roundup® (glifosato) é um herbicida amplamente utilizado tanto em áreas agrícolas como 
não agrícolas em todo o mundo. Apresenta propriedades muito características e diferentes da 
maioria dos pesticidas, o que dificulta o monitoramento em amostras ambientais. A exposição 
ambiental pode ocorrer por causa da deposição devido à derivae por lançamento acidental. O 
presente estudo objetivou avaliar a toxicidade aguda do herbicida Roundup® sobre o Piauçu 
(Leporinus macrocephalus), identificando a CL50 para a espécie e avaliando alterações 
hepáticas em peixes expostos a doses abaixo da CL50 do Roundup® por 96 horas. Além disso, 
objetivou também avaliar o uso de brânquias, fígado e rins como biomarcadores histológicos 
em ensaio de toxicidade crônica do herbicida em Piauçu. As concentrações testadas no teste 
agudo foram: 6,67; 13,33; 20,00; 26,67; e 33,33 ppm do Roundup® e a CL50 encontrada foi 
de 15,8 ppm do produto comercial, sendo considerado pouco tóxico de acordo com a 
classificação do IBAMA. No entanto, mesmo em concentrações abaixo da CL50, o herbicida 
foi capaz de causar danos ao fígado dos peixes expostos agudamente. No teste de toxicidade 
crônica, os peixes foram expostos à concentração de 1,58 ppm do herbicida Roundup®, 
equivalente a 1/10 da CL50, por 28 dias e avaliados nos dias 0, 14 e 28. Dentre as alterações 
observadas, hemorragia e necrose hepática e congestão renal apresentaram diferenças 
estatisticamente significantes entre os animais expostos e os não expostos. Apesar de não 
significativas, outras alterações também puderam ser observadas nos três órgãos avaliados. 
Dentre os órgãos usados como biomarcadores histológicos neste trabalho, o fígado foi o que 
apresentou os melhores resultados, seguido pelo rim. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Palavras-chave – Biomarcadores, Roundup®, Piauçu. 
 xi
ALBINATI, A.C.L. Histological biomarkers in assesssment of toxicity tests with Roundup® 
herbicide in piauçus (Leporinus macrocephalus). Salvador, Bahia, 2006 48p. Dissertation 
(Master of Science in Tropical Veterinary Medicine) – School of Veterinary Medicine, 
Federal University of Bahia, 2006. 
 
 
SUMMARY 
 
 
Roundup® (glifosato) is an widely used herbicide in such a way in agricultural areas as not 
agricultural in the whole world. It presents characteristic proprieties and different of the 
majority of pesticides, what makes difficult of monitoring in ambient samples. The ambient 
exposition can occur because of deposition due to drift and accidental launching. The present 
study objectified to evaluate the acute toxicity of the herbicide Roundup® to Piauçu 
(Leporinus macrocephalus), identifying the CL50 for the species and evaluating hepatics 
changes in fish exposed to concentrantions below of CL50 of the Roundup® for 96 hours. 
Moreover, it also objectified to evaluate the use of gills, liver and kidneys as histological 
biomarkers in assay of chronic toxicity of the herbicide in Piauçu. The concentrations tested 
in the acute test had been: 6,67; 13,33; 20,00; 26,67; e 33,33 ppm of the Roundup® and the 
CL50 founded was 15,8 ppm of commercial product, being considered little toxic in 
accordance with the classification of the IBAMA. However, concentrations below of the 
CL50 were able to acutely cause damages to the liver of the exposed fish. In chronic test fish 
were exposed to 1/10 of the CL50 per 28 days and assessed at day 0, 14 and 28. Amongst the 
observed changes, congestion, hemorrhage and hepatic necrosis and renal congestion had 
been presented statistics significant differences between the exposed animals and not exposed. 
Although not significant, other alterations could also have been observed in the evaluated 
organs. Amongst organs used as histological biomarkers in this work, liver presented the best 
ones resulted, followed by kidney. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Keywords: Biomarcadores, Roundup®, Piauçu. 
 1
 1 INTRODUÇÃO GERAL 
 
 
Aproximadamente 75% da superfície do planeta é coberta por água. A maior parte dessa água, 
cerca de 97,3% é salgada e está contida nos oceanos, somente o restante é água doce. Do 
volume total de água doce disponível no planeta, 75% está distribuído principalmente nos 
pólos, na forma de gelo e geleiras, e 23% constitui água subterrânea. Assim, apenas uma 
pequena quantidade da água doce (2%) está distribuída nos rios e lagos. Essa água representa, 
portanto, um recurso escasso essencial à vida e encontra-se muito comprometido em 
conseqüência da sua contaminação resultante das atividades humanas (MARTINEZ; 
CÓLUS, 2002). 
 
No Brasil, um dos países mais ricos em água doce do planeta, o desperdício e a má gestão da 
qualidade da água são alarmantes. Na agricultura brasileira em cerca de 93% dos quase três 
milhões de hectares irrigados, ainda se utilizam métodos que eram usados pelos egípcios, há 
3.500 anos a.C., como o espalhamento superficial (REBOUÇAS, 2002), o que agrava mais 
ainda com o uso indiscriminado de pesticidas, que vêm afetar a qualidade da água, em seu 
retorno aos aqüíferos subterrâneos ou ao leito dos rios. 
 
Existem centenas, talvez milhares de poluentes que afetam o ambiente aquático e cujos efeitos 
são preocupantes. Esse número cresce anualmente, considerando-se que novos compostos e 
formulações são sintetizados. A poluição aquática está comumente associada à descarga de 
efluentes domésticos, industriais ou agrícolas. Em áreas agrícolas, a lixiviação de águas 
superficiais e a infiltração da água intersticial para rios e lagos podem introduzir nutrientes (a 
partir de fertilizantes) e agrotóxicos, em quantidades substanciais, nesses corpos d’água. Os 
efeitos deste tipo de poluição podem ser sérios, mas freqüentemente são menos óbvios que 
aqueles de poluição originada em focos pontuais (MARTINEZ;CÓLUS, 2002). 
 
Uma das questões mais importantes em relação à utilização de agentes tóxicos nos trópicos 
refere-se ao uso indiscriminado de agroquímicos. A agroindústria brasileira utiliza uma ampla 
variedade de fungicidas, herbicidas e inseticidas, incluindo alguns que já foram proibidos em 
 2
outros países (MARTINEZ; CÓLUS, 2002). No modelo agrícola atual, os agrotóxicos são 
tidos como indispensáveis, sendo também um dos principais poluentes químicos que se 
difundem pelo planeta (GRISOLIA, 2005). 
 
A maioria dos problemas ambientais de atual interesse são atribuídos à produção e liberação 
de compostos químicos tóxicos, capazes de interagir com o ambiente e desequilibrar o 
ecossistema. Atualmente, muitos pesticidas são considerados seletivos e por isso têm sido 
intensivamente usados para destruir plantas daninhas, especialmente na agricultura. 
(ABDELGHANI et al., 1997). 
 
O consumo de herbicidas no Brasil cresceu 540% entre 1978 e 1998 (MINISTÉRIO DO 
DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO, 2006a), e desde 1994, os herbicidas dominam o 
mercado no Brasil, ultrapassando a 50% das vendas de agrotóxicos (GRISOLIA, 2005). 
 
A questão dos agrotóxicos no Brasil vem se tornando cada vez mais dramática, 
principalmente no que concerne à pressão das multinacionais sobre a Agência Nacional de 
Vigilância Sanitária (ANVISA) para a liberação de alguns produtos e/ou aumento de seu 
Limite Máximo de Resíduo (LMR). Em fevereiro de 2004, a Resolução nº 33 da Anvisa 
aumentou em 50 vezes o LMR do glifosato, de 0,2 para 10,0 mg/kg (MINISTÉRIO DO 
DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO, 2006 b). 
 
O glifosato é um herbicida pós-emergente, orgânico e não-seletivo que é usado tanto em áreas 
agrícolas como não agrícolas em todo o mundo. É aplicado em várias culturas com várias 
formulações comerciais. A principal formulação é o Roundup® da empresa Monsanto. As 
taxas de aplicação recomendadas não excedem 5,8kg de ingrediente ativo por hectare e são 
dependentes do tipo de uso. A exposição ambiental pode ocorrer por causa da deposição 
devido à deriva e lançamento acidental (WHO, 1994). 
 
Com a implementação dos transgênicos, resistentes a herbicidas, o glifosato tornou-se produto 
imprescindível para a agricultura. Na Argentina o consumo era de 1 milhão de litrosno início 
dos anos 90 e saltou para 150 milhões de litros. No Brasil, as estimativas são de que os 
 3
organismos geneticamente modificados (OGMs) poderão ocupar de 50% a 60% das lavouras 
de soja, resultando num consumo 46% maior de glifosato, chegando a 190 milhões de litros 
por ano. O consumo de herbicidas nas lavouras de soja transgênica nos Estados Unidos 
também tem aumentado: em 1996 eram consumidos 154 gramas de herbicida por hectare nas 
lavouras transgênicas e em 2004 o consumo alcançou 265 gramas/ha (CUNHA, 2005). 
 
Alguns herbicidas são autorizados para controle de plantas aquáticas invasoras em lagoas e 
canais. No entanto, o próprio manuseio e uso de herbicidas em áreas aquáticas são 
especialmente criticadas, pois derramamentos acidentais e superdosagens podem matar ou 
reduzir a população de peixes ou ainda, causar outros danos ao ambiente 
(JIRAUNGKOORSKUL et al., 2003). No Brasil não existe nenhum herbicida a base de 
glifosato que esteja registrado no Ministério da Agricultura para utilização no combate a 
plantas aquáticas invasoras, porém em vários países o uso do glifosato para esta finalidade é 
permitido. 
 
Entre os contaminantes aquáticos decorrentes das atividades antropogênicas, os agrotóxicos 
são os mais perigosos, justamente pelo fato de terem sido concebidos para eliminar alguma 
forma de vida e por isso atingirem também de modo letal espécies não-alvo. Muitas vezes, 
mesmo em concentrações aquáticas não letais, afetam a estrutura e a função das comunidades 
naturais. Na água, os agrotóxicos provocam impactos em múltiplos níveis, incluindo 
moléculas, tecidos, órgãos, indivíduos, populações e comunidades (GRISOLIA, 2005). 
 
O Brasil, com suas dimensões continentais, diferenças geográficas regionais e magnitude dos 
problemas de poluição, precisa desenvolver sua tecnologia de redes de monitoramento de 
qualidade de água e reconhecer a importância desse investimento (BRAGA et al., 2002). 
 
Neste contexto, visando proporcionar mais informações sobre biomarcadores histológicos, 
como ferramenta para o monitoramento da qualidade da água e do meio ambiente, tendo 
como foco os riscos de contaminação com resíduos de agroquímicos, o presente trabalho, teve 
o objetivo de avaliar biomarcadores histológicos em piauçus, espécie nativa do Brasil, 
expostos ao herbicida Roundup®. 
 4
2 REVISÃO DE LITERATURA 
 
 
2.1 O glifosato 
 
O glifosato é um herbicida do grupo dos fosfonatos, os quais são compostos estruturalmente 
similares aos organofosforados, exceto pelo fato da substituição de um oxigênio dos quatro 
que rodeiam o fósforo por um grupo orgânico, no caso do glifosato, o grupo orgânico é o 
aminoácido simples chamado glicina (BAIRD, 2002). É um herbicida pós-emergente 
classificado como não-seletivo e de ação sistêmica. Apresenta largo espectro de ação, o que 
possibilita um excelente controle de plantas daninhas anuais ou perenes, tanto de folhas largas 
como estreitas. (GALLI ;MONTEZUMA, 2005). Na agricultura são amplamente utilizados 
em culturas geneticamente modificadas tolerantes ao herbicida, mas são também usados em 
jardins, quintais e outras áreas não-agrícolas (COX, 2004). 
 
O glifosato é um ácido orgânico fraco constituído de uma glicina e metade de fosfometil. A 
fórmula molecular é C3H8NO5P. Glifosato é usualmente formulado como um sal de ácido de 
glifosato deprotonado e um cátion, como isopropilamina ou trimetilsulfonio. O grau de pureza 
do glifosato técnico é geralmente 90% e se apresenta como um pó branco cristalino inodoro 
com densidade específica de 1.704, pressão de vapor muito baixa e uma alta solubilidade em 
água. Devido as suas características iônicas e sua alta solubilidade em água, o glifosato não se 
bioacumula, fato, aliás, já confirmado em vários experimentos com peixes, crustáceos e 
moluscos (WHO,1994). 
 
A propriedade herbicida dessa molécula foi descoberta pela Monsanto em 1970 e a primeira 
formulação comercial foi lançada nos Estados Unidos em 1974, com o nome comercial de 
Roundup®. Hoje ela é utilizada em mais de 130 países, sendo aplicada para controle de 
plantas daninhas nas áreas agrícolas, industriais, florestais, residenciais e ambientes aquáticos, 
de acordo com os registros obtidos em cada país. O glifosato é uma das moléculas mais 
eficientes já introduzidas no mercado para controle de plantas daninhas e por isso seu uso 
 5
continua em expansão em todas as principais áreas agrícolas do mundo 
(GALLI;MONTEZUMA, 2005). 
 
As contaminações de recursos hídricos ocorrem mais freqüentemente por carreamento pelo 
solo, após aplicação e a ocorrência de chuvas, pela lavagem dos tanques de pulverização, por 
deriva após aplicação aérea (GRISOLIA, 2005), além de lançamento acidental (WHO,1994). 
O glifosato pode entrar em contato com águas superficiais através de três rotas: aplicação 
direta sobre vegetação aquática, ligado a partículas de solo arrastadas de campos tratados, ou 
por meio de derivação de áreas tratadas próximas a corpos d’água. Das aplicações terrestres, é 
esperado que uma pequena quantidade do glifosato aplicado possa entrar em contato com 
águas superficiais através de escoamento (MONSANTO, 2003). 
 
Os processos mais importantes de dissipação que podem estar envolvidos após aplicação de 
glifosato são a complexação em água com íons Ca+2 e Mg+2, a sorção para sedimento, a 
presença de partículas em suspensão na água e no solo, a fotodegradação em água e a retirada 
pelas plantas e biodegradação. O glifosato dissipa na água com valores de DT50 (dissipação) 
variando de poucos dias a mais de 91 dias. Sedimento e partículas em suspensão são tidas 
como os principais depósitos. O tempo requerido para que ocorra 50% de biodegradação do 
glifosato em todo o sistema de um teste com água e sedimento é superior a 14 dias sob 
condições aeróbicas e de 14-22 dias sob condições aneróbicas no laboratório. O principal 
metabólito no solo e na água é o ácido aminometilfosfônico (AMPA). A determinação do 
glifosato é geralmente trabalhosa, complexa e cara (WHO,1994). 
 
Resíduos de glifosato na água, resultantes de escoamento, são tipicamente sazonais e 
dissipam-se com o tempo. Em lagos ou riachos, o glifosato irá permanecer ligado a partículas 
de solo e sedimento, os quais serão filtrados por plantas ou assentados no fundo de corpos 
d’água. No sedimento, o glifosato é degradado com o tempo pelos microorganismos 
(MONSANTO, 2003). A principal rota de degradação do glifosato são os microrganismos do 
solo e da água (por processos aeróbicos e anaeróbicos), que o decompõem em compostos 
naturais. Uma característica importante do glifosato é a sua capacidade de ser adsorvido pelas 
partículas de solo e permanecer inativo até sua completa degradação. O glifosato é 
rapidamente degradado por microrganismos do solo, sendo que sua meia-vida média é de 32 
dias (GALLI ; MONTEZUMA, 2005). 
 6
Estudos de contaminação de águas pelo glifosato são limitados, porém novos resultados 
indicam que riachos podem ser comumente contaminados tanto em áreas agrícolas como 
urbanas (COX, 2004). É difícil mensurar precisamente a quantidade de herbicida que é 
largada como resíduo e que pode entrar em corpos d’água próximos por escoamento. As 
concentrações finais na água irão depender de diversos fatores, incluindo o nível inicial de 
herbicida aplicado, suas propriedades físicas e químicas, condições metereológicas, 
características do solo e localização do corpo d’água, considerando o ponto de aplicação do 
herbicida (ABDELGHANI et al., 1997). 
 
Smith et al.(1996) encontraram níveis de glifosato em uma subestação elétrica no Canadá 
após aplicação de uma solução de Roundup®. O maior pico (0.045mg/L) foi encontrado após 
7 semanas da primeira aplicação e 3 semanas após a segunda aplicação. O nível encontrado 
foi considerado seguro, uma vez que se encontra abaixo da concentração máxima aceitável 
para águas no Canadá. 
 
No Brasil, a presença do herbicida glifosato e do seu metabólito AMPA, foi detectada nas 
águas superficiais da microbacia Arroio Passo do Pilão, no Rio Grande do Sul, principalmente 
em pontos próximos às áreas de intenso cultivo. Em um dos pontos avaliados foi encontrada 
uma concentração acima de 100 ppb, aos 60 dias após a aplicação do produto. As 
concentrações detectadas foram todas abaixo dos limites de concentrações máximas 
permitidas para o produto pela legislação brasileira (SILVA et al., 2003). MATTOS et al. 
(2002) detectaram, em lavoura rizícola no sul do Rio Grande do Sul, a presença de Glifosato e 
de AMPA em amostras obtidas de águas superficiais, em concentrações abaixo do limite 
máximo permitido para água de consumo humano pela legislação brasileira (500 ppb) 
(BRASIL, 2001). 
 
Até o início de 2005, quando vigorava a Resolução nº 20 de 18 de junho de 1986 do Conselho 
Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), que classificava as águas e definia limites 
máximos de resíduos estabelecidos para alguns compostos, não eram citados muitos 
compostos de ampla utilização no Brasil, inclusive o glifosato (AMARANTE Jr. et al., 2002). 
Somente em 2005, a Resolução de nº 357 de 17 de março de 2005 do CONAMA traz 
referências ao glifosato, considerando como o máximo valor aceitável 65μg/L em águas doces 
 7
de classe I e 280μg/L em águas doces de classe III (BRASIL, 2005). Na Portaria de número 
1469 de dezembro de 2000 do Ministério da Saúde, que aprova a Norma de Qualidade da 
Água para Consumo Humano, foi estabelecido o valor máximo permitido de 500 μg/L de 
glifosato (BRASIL, 2001). 
 
Aspectos relacionados à toxicologia, ecotoxicologia, facilidade de manuseio, eficácia de 
controle, ganhos de produtividade e outros aspectos tornaram o produto líder mundial no 
controle de plantas daninhas. Embora o glifosato venha sendo utilizado no Brasil desde 1978 
em numerosas condições de agricultura, áreas urbanas, manutenção de estradas e ferrovias, 
envolvendo inúmeras formulações comerciais, produzidas por empresas em diferentes níveis 
tecnológicos, até o momento não há evidências cientificamente comprovadas de impactos 
importantes ao ambiente (PITELLI, 2005). 
 
Segundo trabalho de revisão realizado por COX (2004), o glifosato e herbicidas contendo 
glifosato causaram danos genéticos, em testes de laboratório, a células humanas, assim como 
em testes com animais de laboratório. Estudos com fazendeiros e outras pessoas expostas ao 
herbicida glifosato, tem demonstrado que essas exposições estão ligadas a um aumento do 
risco de câncer tipo linfoma não-Hodgkin’s, aborto e déficit de atenção. Existem também, 
evidências laboratoriais que o glifosato possa reduzir a produção de hormônios sexuais. 
Sintomas de exposição ao glifosato incluem irritação e ardor nos olhos, visão nublada, 
erupções, ardor ou prurido na pele, náusea, irritação na garganta, asma e dificuldade 
respiratória, dor de cabeça, letargia, sangramento no nariz e tontura. O glifosato causa danos 
genéticos e no sistema imune de peixes e em sapos causa alterações genéticas e 
desenvolvimento anormal (COX, 2004). 
 
Alguns trabalhos têm relatado danos à saúde de peixes quando expostos ao glifosato; 
respostas bioquímicas e histopatológicas foram encontradas em carpas (Cyprinus carpio) 
(NESKOVIC et al., 1996), em bagres (Rhamdia hilarii) (RIGOLIN-SÁ, 1999), em tilápias do 
Nilo (Oreochromis niloticus) (JIRAUNGKOORSKUl et al., 2002, 2003) e em curimbatás 
(Prochilodus lineatus) (LANGIANO, 2006); alterações ultraestruturais em hepatócitos de 
carpas (Cyprinus carpio) (SZAREK et al.,2000); imunossupressão em Tilapia nilótica (EL-
 8
GENDY et al., 1998); genotoxicidade em Tilapia rendalli (GRISOLIA, 2002) e diminuição 
do crescimento em piavas (Leporinus obtusidens) (LAZARI et al.,2004). 
 
O glifosato é um herbicida que apresenta propriedades muito características e diferentes da 
maioria dos pesticidas, o que dificulta o monitoramento em amostras ambientais, entretanto 
inúmeros trabalhos têm sido realizados em função de sua ampla utilização. Por ter 
propriedades herbicidas de amplo espectro, ser sistêmico e pouco tóxico a animais, tornou-se 
o mais utilizado no mundo, aumentando a necessidade de implementação de programas de 
monitoramento (AMARANTE Jr. et al., 2002). 
 
No Brasil, existem registrados no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, 35 
produtos comerciais à base do ingrediente ativo glifosato e uso autorizado para 21 diferentes 
culturas, além de pastagens. Os produtos registrados apresentam classificação toxicológica 
que variam de II a IV e classe ambiental de II a III (AGROFIT, 2006). No ano 2000, mais de 
150 marcas comerciais já eram vendidas em 119 países. No Brasil, há mais de 25 marcas 
disponíveis comercializadas por cerca de 18 empresas nacionais e multinacionais (GALLI e 
MONTEZUMA, 2005). 
 
O Roundup® é a principal formulação do glifosato, utilizando surfactantes polietoxilados. A 
toxicidade aguda desse surfactante é mais alta que o próprio ingrediente ativo. Com relação a 
contaminação aquática, a preocupação ocorre com os componentes das formulações, 
especialmente os surfactantes. O Roundup® pode ser até trinta vezes mais tóxico aos peixes 
que o produto técnico glifosato, justamente por causa dos componentes “inertes” de suas 
formulações, as quais são utilizadas a campo. Muitas vezes, esses componentes são os 
responsáveis pela contaminação do homem e do meio ambiente, mais que o próprio glifosato 
(GRISOLIA, 2005). 
 
No Brasil, a linha Roundup® de herbicidas à base de glifosato da Monsanto encontra-se 
devidamente registrada no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – MAPA para 
fins agrícolas e no Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis 
– IBAMA do Ministério do Meio Ambiente para fins não agrícolas. Os registros são 
concedidos com base nas avaliações agronômicas, toxicológicas e ambientais realizadas pelo 
 9
MAPA, Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA do Ministério da Saúde e 
IBAMA, respectivamente, em conformidade com a Lei no 7.802, de 11 de julho de 1989, 
regulamentada pelo Decreto no 98.816, de 11 de janeiro de 1990, este substituído pelo 
Decreto no 4.074, de 4 de janeiro de 2002 e Portarias e Instruções Normativas pertinentes 
(GALLI e MONTEZUMA, 2005). 
 
O Roundup® Original é registrado no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, 
sob número 00898793 e na sua composição estão presentes 480g/L de sal de isopropilamina 
de N-(fosfometil) glicina, 360g/L de equivalente ácido de N-(fosfometil) glicina (Glifosate) e 
684g/L de ingredientes inertes. É um produto de classe toxicológica IV – pouco tóxico e 
classe III – perigoso ao meio ambiente. (AGROFIT, 2006). 
 
 
2.2 Biomarcadores histológicos 
 
A capacidade de um pesticida causar danos aos peixes e a outros animais aquáticos está ligada 
à sua toxicidade, tempo de exposição, dose e persistência no ambiente. Nem todos os 
pesticidas provocam morte imediata dos peixes e doses subletais podem causar mudanças 
comportamentais, perda de peso, queda na resistência a temperaturas extremas e redução da 
resposta imunológica, dentre outros problemas (HELFRICH et al., 1996). 
 
As alterações biológicas que expressam a exposição e os efeitos tóxicos dos poluentes 
presentes no ambiente podem ser usadas para identificar sinais iniciais de danos aos peixes, 
sugerir as relações de causa-efeito entre aexposição aos contaminantes e os efeitos 
observados no organismo e documentar os efeitos integrados do estresse químico nos peixes, 
atuando como biomarcadores da contaminação aquática. Estes biomarcadores são excelentes 
ferramentas para monitorar a saúde do ecossistema aquático e têm sido incluídos em vários 
programas de monitoramento ambiental (WALKER et al, 1996). Os contaminantes podem 
manifestar seus efeitos nos peixes em vários níveis de organização como: alterações 
estruturais em órgãos e tecidos, transtornos fisiológicos e modificações que podem prejudicar 
o crescimento e a reprodução (ADAMS, 1990). 
 
 10
Um biomarcador é definido como alterações biológicas (molecular, celular ou fisiológica) em 
resposta a mudanças ambientais, que podem estar relacionadas à exposição ou a efeitos 
tóxicos de químicos ambientais, ou seja, biomarcadores são respostas biológicas a um 
químico ambiental no organismo como todo ou parte dele, demonstrando um desequilíbrio da 
homeostasia (PEAKALL, 1994). 
 
Assim, o uso mais comum do termo biomarcador está relacionado a parâmetros bioquímicos, 
fisiológicos ou histológicos, tanto de exposição, quanto de efeito de xenobióticos, em nível de 
organismo ou mesmo de partes dele (BERNET et al., 1999). Os biomarcadores representam 
medidas de efeito, os quais podem estar relacionados à presença de agentes químicos 
ambientais, sendo utilizados como uma forma de interpretação de níveis ambientais de 
poluentes em termos biológicos (HOPKIN et al.,2005). 
 
A presença de um composto xenobiótico por si só, não indica efeitos danosos, portanto 
conexões devem ser estabelecidas entre a presença do poluente e seus efeitos deletérios sobre 
o ecossistema (PAMPANIN, 2006). A justificativa para o uso de biomarcadores é expressa 
pelo fornecimento de informações sobre efeitos biológicos de poluentes em vez de uma mera 
quantificação de seus níveis ambientais (van der OOST et al., 2003). 
 
Em ambientes aquáticos degradados, principalmente onde ocorrem poluentes em níveis 
subletais e crônicos, as mudanças estruturais e funcionais nos organismos aquáticos ocorrem 
mais freqüentemente do que mortalidade em massa, e isto justifica a utilização da análise 
morfológica de órgãos como um dos métodos para avaliar o efeito de poluentes sobre peixes 
(POLEKSIC; MITROVIC-TUTUNDZIC, 1993). 
 
Os biomarcadores histopatológicos são preciosos como indicadores de saúde geral de peixes, 
pois refletem os efeitos de exposição a uma variedade de poluentes antropogênicos (van der 
OOST et al., 2003). 
 
Alterações histológicas em tecidos de peixes constituem ferramentas sensíveis para detectar 
os efeitos tóxicos diretos de compostos químicos em órgãos-alvo e, portanto, são indicadores 
 11
potentes da exposição prévia a estressores ambientais (HINTON et al, 1992; SCHWAIGER, 
et al., 1997). A histopatologia traduz a lesão integrada em função da duração e intensidade da 
exposição sofrida e a capacidade adaptativa de um determinado tecido (FERREIRA, 2004). 
 
Bernet et al. (1999) afirmam que a exposição de peixes a agentes químicos ambientais pode 
induzir lesões em diferentes órgãos e cita, dentre os considerados mais importantes como 
biomarcadores, as brânquias, o fígado e os rins. 
 
As brânquias de peixes atuam como interface entre o animal e o seu ambiente e constituem o 
sítio de absorção e de eliminação de contaminantes, além de atuar na detoxificação e no 
metabolismo de alguns agentes tóxicos (MARTINEZ; CÓLUS, 2002). Mudanças estruturais 
em brânquias de peixes podem ser usadas para monitoramento de efeitos subletais e crônicos 
de poluentes. Este pode ser um método relativamente sensível para estimar efeitos nocivos de 
diferentes concentrações de um poluente específico e prejuízos a longo prazo para peixes 
expostos a diferentes níveis por um período limitado (POLEKSIC et al., 1994). 
 
As brânquias exercem funções vitais como respiração, osmoregulação e excreção, seu 
permanente contato com o ambiente aquático e sua grande superfície pouco protegida são as 
maiores razões para a sensibilidade particular deste órgão (POLEKSIC et al.,1994). No 
entanto, para Wood (2001), a maioria das lesões branquiais é mais severa nas exposições 
agudas letais do que nas crônicas subletais, sendo lesões não-específicas e não relacionadas a 
algum tipo específico de agente tóxico. Portanto, segundo o mesmo autor, as mudanças 
estruturais nas brânquias, embora indiquem um dano, não são uma boa ferramenta para 
afirmar que o agente tóxico é o causador dos danos. 
 
O fígado é considerado o principal órgão responsável pelo metabolismo das substâncias 
químicas, por meio de diferentes reações e processos enzimáticos. No processo de 
biotransformação, a toxicidade de compostos químicos pode ser alterada pelos mecanismos de 
detoxificação, originando muitas vezes, metabólitos mais tóxicos que o produto de origem. O 
fígado é um dos órgãos que tendem a concentrar as substâncias tóxicas em níveis superiores 
aos da corrente sanguínea. No homem, os efeitos das substâncias hepatotóxicas incluem o 
 12
aumento de volume do órgão, a necrose, a infiltração linfocítica, a fibrose, a cirrose, além das 
alterações granulomatosas, e o câncer (PEDROZO et al., 2002 ). 
 
Análises histológicas em órgãos de peixes, especialmente o fígado, mostraram ser uma 
ferramenta sensível para avaliar tanto processos adaptativos quanto efeitos prejudiciais 
induzidos por poluentes orgânicos. O fígado de peixes é considerado o mais importante sítio 
anatômico de armazenamento, biotransformação e excreção de pesticidas (CENGIZ E UNLU, 
2006). 
 
Em nível mundial, estudos intensivos e detalhados de lesões hepáticas representam os 
exemplos mais convincentes de relação causal entre doenças em peixes e poluição do 
ambiente aquático (van der OOST et al., 2003). A disfunção hepática é uma resposta comum 
a agentes químicos e dentre uma variedade de biomarcadores disponíveis encontram-se as 
alterações histológicas (TIMBRELL, 1998). 
 
A função dos rins dos teleósteos na osmoregulação, síntese de cortisol e eliminação de 
resíduos pode ser afetada por dano celular induzido por agentes tóxicos. Uma diminuição na 
eficiência de qualquer um desses processos renais pode sucessivamente, ter um significante 
efeito no crescimento, reprodução e sobrevivência dos indivíduos expostos. Portanto, o rim de 
peixes pode ser um importante órgão-alvo de ação tóxica para alguns xenobióticos, sendo que 
a maioria das descrições de nefrotoxicidade em peixes tem focado alterações histológicas e 
enzimáticas (LARSEN E PERKINS Jr., 2001). É sabido que o tecido renal passa por alta 
variação estrutural quando exposto a situações específicas, na tentativa de reorganização, e 
alterações morfológicas renais podem induzir mudanças no sistema de defesa, prejudicando a 
homeostase e saúde do animal (VEIGA et al., 2002). O rim, assim como o fígado, é também 
um dos órgãos que tendem a acumular as substâncias tóxicas em concentrações superiores aos 
da corrente sanguínea, em função do alto grau de vascularização e importância fisiológica e 
toxicocinética (PEDROZO et al., 2002 ). 
 
Deste modo, as brânquias são marcadores primários para poluição aquática, pois exibem 
grande superfície que estão direta e permanentemente em contato com potenciais irritantes. O 
fígado desempenha um papel-chave no metabolismo e conseqüentemente na excreção de 
 13
xenobióticos e o rim é importante para manutenção do ambiente interno estável quanto à água 
e sal, excreção e parcialmente para o metabolismo de xenobióticos (BERNET et al., 1999). 
 
O uso de biomarcadores na toxicologia ambiental é inestimável. Em termos ecotoxicológicos,biomarcadores seriam mais valiosos se eles pudessem ser relacionados a efeitos adversos 
individuais tão bem quanto efeitos populacionais e ecossistêmicos (EASON, 2002). 
 
 
 
2.3 Testes de toxicidade 
 
A avaliação do impacto do uso de agrotóxicos sobre organismos não-alvo é realizada por 
meio de um elenco de testes. São considerados, em tais testes, organismos representativos dos 
principais grupos que sofrem a ação tóxica desses compostos, como pequenos mamíferos e 
pássaros, microorganismos do solo, insetos polinizadores, como as abelhas e as vespas, e 
organismos aquáticos, como peixes, zooplâncton, fitoplâncton e microcrustáceos 
(GRISOLIA, 2005). 
 
A base dos estudos de Toxicologia Aquática é formada pelo desenvolvimento principalmente 
de dois testes experimentais, os de toxicidade aguda e o de toxicidade crônica (LOMBARDI, 
2004). Para adquirir conhecimentos sobre os efeitos dos agentes químicos para a biota 
aquática, têm sido utilizados testes de toxicidade com organismos de águas continentais, 
estuarinas e marinhas, em condições laboratoriais e/ou de campo. Esses testes possibilitam 
estabelecer limites permissíveis para várias substâncias químicas e, ainda, avaliar o impacto 
de misturas de poluentes sobre os organismos aquáticos dos corpos hídricos receptores 
(BERTOLETTI, 1990). 
 
Os testes de toxicidade para peixes surgiu primeiramente na Grã-Bretanha nas décadas de 
1920 e 1930, onde os peixes eram expostos a águas de drenagem de minas de chumbo e 
zinco. Na década de 1940 surgiram os primeiros estudos recomendando o uso de testes com 
peixes para avaliar a toxicidade de despejos industriais. Somente na década de 1960, os testes 
 14
de toxicidade aguda foram padronizados dentro de metodologias em Toxicologia Aquática 
(BERTOLETTI, 1990). 
 
Segundo Rand e Petrocelli (1985), a caracterização dos efeitos tóxicos de substâncias 
químicas e de outras substâncias antropogênicas nos organismos aquáticos pode se dar pela 
mortalidade (efeito letal), por alterações no crescimento, no desenvolvimento e na reprodução 
e pela presença de fenômenos patológicos, bioquímicos e fisiológicos (efeitos subletais). De 
acordo com esses mesmos autores, pode-se encontrar, sob a denominação de bioensaios, 
diversas modalidades de testes, como teste de toxicidade aguda, de toxicidade crônica, de 
biodegradação e de bioacumulação, além dos testes subletais, que podem ser resumidos em 
três grupos básicos: bioquímicos / fisiológicos, histológicos e comportamentais. 
 
Os testes de toxicidade aguda proporcionam rápidas respostas na estimativa dos efeitos letais 
de um agente tóxico sobre organismos aquáticos. Compreendem análises experimentais de 
curta duração (24-96 horas), que visam determinar a concentração letal média (CL50), que é 
definida como a concentração do agente tóxico que causa mortalidade de 50% na população 
dos organismos submetidos ao teste. O índice exato de 50% de mortalidade dificilmente pode 
ser atribuído com precisão a uma determinada concentração testada, este valor deve ser 
estimado através de análise gráfica da curva de mortalidade e/ou, principalmente, através de 
métodos estatísticos desenvolvidos para isso. Os testes de toxicidade crônica simulam a 
situação ambiental na qual o organismo é exposto, durante longos períodos de tempo, a baixas 
concentrações de um agente tóxico (LOMBARDI, 2004). 
 
Para os testes de toxicidade aguda existem três tipos de sistema: sistema estático, onde não há 
renovação da solução teste; sistema semi-estático, com renovação periódica da solução; e o 
sistema de fluxo contínuo, com renovação contínua da solução teste (MACHADO, 1999). 
 
Os testes de toxicidade aguda geram dados que servem de base para a elaboração de outros 
estudos subseqüentes, como os testes de toxicidade crônica e avaliações de risco 
ecotoxicológico. Os testes de toxicidade crônica são experimentos de longa duração para o 
estudo de efeitos não letais de agentes tóxicos, que são geralmente avaliados através de 
 15
exposições prolongadas dos organismos a concentrações subletais. Os testes de toxicidade 
crônica em peixes geralmente abordam apenas uma fase do ciclo de vida que pode variar de 
sete dias a meses (LOMBARDI, 2004). 
 
No Quadro 1 observa-se uma classificação dos agrotóxicos, segundo a CL50 para organismos 
aquáticos, elaborado por consultores do Ibama e apresentado por Machado (1999). 
 
Quadro 1. Classificação dos agrotóxicos de acordo com a CL50 para organismos aquáticos 
Fonte: Machado, 1999. 
 
No Quadro 2 podem-se observar diversos trabalhos com determinação da CL50 do glifosato 
para diferentes espécies de peixes, com diferentes formulações comerciais, tipos de sistema de 
bioensaio, qualidade da água, dentre outros fatores. Observa-se a pequena presença de 
trabalhos realizados com espécies de peixes nativos do Brasil. 
 
De acordo com os dados apresentados no Quadro 2, nota-se uma toxicidade aparentemente 
maior do produto Roundup® em relação ao Rodeo® e ao produto técnico glifosato, fato 
confirmado por Mitchel et al. (1987) que encontrou em salmonídeos uma maior toxicidade do 
Roundup® em relação ao Rodeo®. Em todos os trabalhos apresentados o Roundup® pode ser 
classificado segundo as normas do Ibama como produto pouco tóxico e o Rodeo® como 
praticamente não tóxico. Animais jovens parecem também ter uma sensibilidade maior, como 
demonstrado por Jiraungkoorskul et al.(2002). 
 
 
 
 
CL50(PPM) FATOR CLASSIFICAÇÃO 
>100 4 Praticamente não tóxico 
10 - 100 3 Pouco tóxico 
0,1 - 10 2 Moderadamente tóxico 
< 0,1 1 Altamente tóxico 
 16
Quadro 2. CL50 de produtos a base de glifosato para diferentes espécies de peixes. 
 
 
Saliente-se que as concentrações subletais de produtos tóxicos no ambiente aquático não 
necessariamente resultam em mortalidade imediata dos organismos, entretanto elas têm 
significantes efeitos sobre os indivíduos, podendo provocar inúmeros distúrbios fisiológicos. 
Os efeitos subletais muitas vezes se manifestam atingindo as estruturas celulares do 
organismo, de forma molecular e bioquímica, ou mesmo o próprio material genético 
(FERREIRA, 2004). 
Espécie Produto Utilizado CL50 96hs Autor 
truta arco-iris (Salmo 
gairdneri) 
Roundup® 15 a 26mg/l ( Mitchell et al., 1987) 
truta arco-iris (Salmo 
gairdneri) 
Rodeo® 1100mg/l. ( Mitchell et al., 1987) 
bagre do canal 
(Ictalurus punctatus) 
Roundup® 13mg/l ( Folmar et al., 1979) 
bagre do canal 
(Ictalurus punctatus) 
Roundup® 4,9mg/l (Abdelghani et al., 
1997) 
bagre do canal 
(Ictalurus punctatus) 
glifosato puro 130mg/l ( Folmar et al., 1979) 
Fathead minnows 
(Pimephales promeeri) 
Roundup® 13mg/l ( Folmar et al., 1979) 
Fathead minnows 
(Pimephales promeeri) 
Glifosato puro 97mg/l ( Folmar et al., 1979) 
Dourado (Carassius 
auratus) 
Produto comercial a 
36% ia 
9,207mg/l ( Antón, et al., 1994) 
Dourado (Carassius 
auratus) 
Produto comercial a 
38%ia 
9,5mg/l ( Antón, et al., 1994) 
Dourado (Carassius 
auratus) 
Produto comercial a 
54,9%, 
7,620mg/l ( Antón, et al., 1994) 
Tilápias do Nilo jovens 
(Oreochromis niloticus) 
Roundup® 16,8 mg/l ( Jiraungkoorskul, et al., 
2002) 
Tilápias do Nilo adultas 
(Oreochromis niloticus) 
Roundup® 36,8 mg/l ( Jiraungkoorskul, et al., 
2002) 
Carpas (Cyprinus 
carpio) 
glifosato técnico 620mg/l ( Neskovic et al., 1996) 
Tambaqui (Colossoma 
macropomum) 
Roundup® 19,94 mg/l ( Miyazaki et al.,2004) 
Tambacu (C. 
Macropomum X 
Piaractus 
mesopotamicus) 
Roundup® 24,90 mg/l ( Miyazaki et al.,2004) 
Jundiá (Rhamdia 
hilarii) 
Roundup® 10,6mg/l ( Rigolin-Sá, 1998) 
 17
3 ARTIGOS CIENTÍFICOS18
TOXICIDADE AGUDA DO HERBICIDA ROUNDUP® PARA PIAUÇU (Leporinus 
macrocephalus) 
 
ACUTE TOXICITY OF THE HERBICIDE ROUNDUP® FOR PIAUÇU (Leporinus 
macrocephalus). 
 
1. Ana Catarina Luscher Albinati – mestranda – UFBA – Mestrado em Medicina Veterinária 
Tropical e-mail: catialbinati@gmail.com 
2. Eduardo Luiz Trindade Moreira – professor adjunto II– UFBA – Departamento de 
Patologia e Clínicas e-mail; bteluiz@terra.com.br 
3. Ricardo Castelo Branco Albinati – professor adjunto IV – UFBA – Departamento de 
Produção Animal e-mail: albinati@ufba.com.br 
 
Resumo: O Roundup® (glifosato) é um herbicida amplamente utilizado tanto em áreas 
agrícolas como não agrícolas em todo o mundo. A exposição ambiental pode ocorrer por 
causa da deposição devido à deriva e lançamento acidental. O presente estudo objetivou 
avaliar a toxicidade aguda do herbicida Roundup® sobre o Piauçu (Leporinus 
macrocephalus), identificando a CL50 para a espécie e avaliando alterações hepáticas em 
peixes expostos a doses abaixo da CL50 do Roundup® por 96 horas. As concentrações testadas 
foram: 6,67; 13,33; 20,00; 26,67; e 33,33 ppm do Roundup®. A CL50 do Roundup® para 
piauçus foi de 15,8 ppm do produto comercial, sendo considerado pouco tóxico de acordo 
com a classificação do IBAMA. No entanto, mesmo em concentrações abaixo da CL50, o 
herbicida foi capaz de causar alterações hepáticas aos peixes expostos. 
 
Summary: Roundup® (glifosato) is a widely used herbicida in such a way in agricultural 
areas as not agricultural in the whole world. The ambient exposition can occur because of the 
deposition due to drift and accidental launching. The present study objectified to evaluate the 
acute toxicidade of the herbicida Roundup® to Piauçu (Leporinus macrocephalus), 
identifying the CL50 for the species and evaluating hepatics changes in exposed fish to doses 
below of the CL50 of the Roundup® for 96 hours. The tested concentrations had been: 6,67; 
13,33; 20,00; 26,67; and 33,33 ppm of the Roundup®. The CL50 of the Roundup® for piauçus 
was 15,8 ppm of the commercial product, being considered little toxic in accordance with the 
classification of the IBAMA. However, exactly in concentrations below of the CL50, the 
herbicida was able to cause damages to the liver of the exposed fish. 
 
Palavras-chave: glifosato; CL50 ; histopatologia-peixe 
Key-words: Glyphosate; LC50 ; fish-histopathology 
 
1. Introdução: 
 
Existem centenas, talvez milhares, de poluentes que afetam o ambiente aquático e cujos 
efeitos são preocupantes. Esse número cresce anualmente, considerando-se que novos 
compostos e formulações são sintetizados. A poluição aquática está comumente associada 
com descarga de efluentes domésticos, industriais ou agrícolas. Em áreas agrícolas, a 
lixiviação de águas superficiais e a infiltração da água intersticial para rios e lagos podem 
 19
introduzir nutrientes (a partir de fertilizantes) e agrotóxicos, em quantidades substanciais, 
nesses corpos d’água (MARTINEZ; CÓLUS, 2002). 
 
O glifosato é um herbicida do grupo dos fosfonatos (BAIRD, 2002), pós-emergente, orgânico 
e não-seletivo que é usado tanto em áreas agrícolas como não agrícolas em todo o mundo. 
Embora seja aplicado em várias culturas, em diferentes formulações comerciais, sua principal 
formulação é o Roundup®, da indústria Monsanto. A exposição ambiental pode ocorrer por 
causa da deposição devido à deriva e lançamento acidental (WHO, 1994). Na agricultura são 
amplamente utilizados em culturas geneticamente modificadas tolerantes ao glifosato e 
também em jardins, quintais e outras áreas não-agrícolas (COX, 2004). 
 
Com a implementação dos transgênicos, resistentes a herbicidas, o glifosato tornou-se produto 
imprescindível para a agricultura, tendo seu consumo aumentado significativamente 
(CUNHA, 2005). 
 
Os testes de toxicidade possibilitam estabelecer limites permissíveis para várias substâncias 
químicas, além de avaliar o impacto de misturas de poluentes sobre os organismos aquáticos 
dos corpos hídricos receptores (BERTOLETTI, 1990). 
 
Segundo Lombardi (2004), os testes de toxicidade aguda são experimentos de curta duração, 
que proporcionam rápidas respostas em estudos sobre efeitos tóxicos letais, onde o objetivo é 
determinar a Concentração Letal Média (CL50) de uma certa substância, sobre os organismos 
aquáticos, em um tempo de 24 a 96 horas de exposição. 
 
Muitas vezes, mesmo em concentrações aquáticas não letais, os agrotóxicos afetam a estrutura 
e a função das comunidades naturais. No ambiente aquático, os agrotóxicos provocam 
impactos em múltiplos níveis, incluindo moléculas, tecidos, órgãos, indivíduos, populações e 
comunidades (GRISOLIA, 2005). Peixes são relativamente sensíveis a mudanças no ambiente 
e efeitos tóxicos de poluentes podem ser evidentes em nível celular e tecidual, antes que 
mudanças significativas no comportamento ou na aparência externa possam ser identificadas 
(van DYK, 2005). 
 
Os hepatócitos podem ser considerados alvos primários de agentes tóxicos, o que lhe confere 
adequação como biomarcadores de poluição ambiental (BRAUNBECK, 1998). 
 
Nesse trabalho optou-se por utilizar o Roundup®, principal formulação comercial a base de 
glifosato (WHO,1994; GRISOLIA, 2005), pois na agricultura são utilizadas formulações 
comerciais e não os ingredientes ativos. 
 
No Brasil, a literatura pertinente a estudos de toxicidade do Roundup® com espécies nativas, 
é ainda escassa, merecendo destaque trabalhos com o Tambaqui (Colossoma macropomum) 
(MIYAZAKI et al., 2004), Jundiá (Rhamdia hilarii) (RIGOLIN-SÁ, 1999), Jundiá (Rhamdia 
 20
quelen) (SILVA et al., 2004) e Curimbatá (Prochilodus lineatus) (LANGIANO, 2006). O 
piauçu (Leporinus macrocephalus) é uma das espécies nativas de peixe de água doce 
cultivadas no país (MARTINS; YOSHITOSHI, 2003; TATAJE; ZANIBONI FILHO, 2005). 
 
O presente estudo objetiva avaliar a toxicidade aguda do herbicida Roundup® sobre o Piauçu 
(Leporinus macrocephalus), identificando a CL50 para a espécie e avaliando alterações 
histológicas no fígado dos animais sobreviventes. 
 
2. Material e Métodos: 
 
2.1 Animais 
 
O experimento foi realizado com piauçus (Leporinus macrocephalus) adquiridos de uma 
criação comercial no Estado de Mato Grosso do Sul. Foi utilizado um total de 90 peixes com 
peso médio de 2,0 gramas e 5,0 cm de comprimento total. Os animais foram previamente 
aclimatados em tanques de amianto com aeração artificial e oferta de ração comercial (Pirá 40 
– Guabi) com 40% de proteína bruta, três vezes ao dia, por um período de 10 dias antes do 
início do experimento. A alimentação foi suspensa 24 horas antes do início do experimento, 
de acordo com as recomendações das normas de ensaio de toxicidade aguda com peixes da 
Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT (ABNT, 1993). O experimento foi 
desenvolvido no Laboratório de Aqüicultura da Escola de Medicina Veterinária da 
Universidade Federal da Bahia. 
 
2.2 O herbicida 
 
O herbicida utilizado foi o Roundup®, produto comercial a base de glifosato, produzido pela 
empresa Monsanto e registrado no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, sob 
número 00898793 (AGROFIT, 2006). Na sua composição estão presentes 480 g/L de sal de 
isopropilamina de N-(fosfometil) glicina, 360g/L de equivalente ácido de N-(fosfometil) 
glicina (Glifosate) e 684g/L de ingredientes inertes. É um produto de classe toxicológica IV – 
pouco tóxico e classe III – perigoso ao meio ambiente. 
 
2.3 Qualidade da água 
 
Os parâmetros de qualidade da água como oxigênio dissolvido, pH, temperatura e 
condutividade foram medidos antes do início do experimento e a cada 24 horas, a alcalinidade 
e amônia total foram medidas no início do período experimental. O oxigênio dissolvido foi 
medido com medidor de oxigênio dissolvido (InstruthermMO-880); o pH por meio de 
medidor de pH digital portátil de bolso (Instrutherm pH-1700); a temperatura com 
termômetro de espeto digital (TE-300); a condutividade com condutivímetro de bolso 
(Instrutherm-CD-840) e a amônia total e alcalinidade com kit colorimétrico (Alfakit). 
 
 21
2.4 Delineamento experimental 
 
O experimento foi realizado num período total de 96 horas, com observação e quantificação 
de mortalidade a cada 24 horas. Para tanto, foram utilizadas 18 caixas plásticas com 15 litros 
de água declorada, em sistema estático com aeração artificial. Foram utilizadas cinco 
diferentes concentrações do herbicida e um controle, com três repetições por tratamento. As 
concentrações utilizadas foram 6,67; 13,33; 20,00; 26,67 e 33,33 ppm do produto comercial 
Roundup®, baseadas em testes preliminares realizados no nosso laboratório. Foram utilizados 
5 peixes por caixa, perfazendo um total de 15 peixes por tratamento. Ao final do experimento 
foram coletados 5 animais, de forma aleatória, das duas concentrações mais baixas, onde não 
houve mortalidade total, para análise histológica de fígado. Para tanto, os animais foram 
anestesiados com benzocaína (100mg/L) e a eutanásia realizada através de secção medular. 
 
Os procedimentos utilizados nesse experimento estiveram de acordo com os Princípios Éticos 
na Experimentação Animal, recomendados pelo Colégio Brasileiro de Experimentação 
Animal (COBEA). 
 
2.5 Histologia 
 
Os fragmentos de fígado utilizados para análise histológica foram fixados em alfac (85% 
álcool a 80%, 10% formol a 40% e 5% de ácido acético) durante aproximadamente 16 horas, 
após o que a solução foi substituída por álcool 70%. Seguiu-se o processamento histológico 
de rotina e a coloração utilizada foi hematoxilina e eosina (HE) (LUNA, 1968). Os cortes 
foram analisados em microscópio de luz e após análise das lâminas, as alterações encontradas 
foram registradas, fotografadas e classificadas individualmente de acordo com o grau de 
freqüência da lesão no tecido. Para tanto foi utilizada a seguinte pontuação por 
ocorrência/distribuição da alteração por lâmina: 0 – alteração não observada; 1- discreta (até 2 
ocorrências da alteração por lâmina); 2- moderada ( 3 a 5 ocorrências da alteração por lâmina) 
e 3- intensa (acima de 5 ocorrências da alteração por lâmina). Com esses valores de pontuação 
foi calculada uma média do grau de alteração para cada grupo e estes foram classificados em 
discreto (0,1 a 1,0), moderado (1,1 a 2,0) e intenso (2,1 a 3,0). 
 
2.6 Estatística 
 
Para a determinação da CL50 os dados de mortalidade observados foram avaliados com o 
programa estatístico Trimed Sperman Karber (HAMILTON et al., 1977). Na análise das 
alterações histológicas foi utilizado o teste não paramétrico de Kruskal-Wallis, seguido do 
teste de Dunn quando aplicável, sendo considerados significantes os valores de P £ 0,05. 
 
3. Resultados e Discussão 
 
A qualidade da água avaliada durante o período experimental não diferiu entre os dias nem 
entre os diferentes tratamentos, mantendo-se em média com 7,6mg/L de oxigênio dissolvido, 
 22
0,29 mS/cm de condutividade, pH de 8,0 e uma temperatura média de 28,1°C. A amônia total 
mostrou-se inferior a 0,5mg/L e a alcalinidade em torno de 30 mg/L. Esses resultados 
encontram-se dentro da faixa determinada como ideal para peixes de água doce 
(OSTRENSKY; BOEGER, 1998; MOREIRA et al., 2001; ARANA, 2004). 
 
Em estudos realizados por Folmar et al., (1979) o Roundup® foi mais tóxico para truta e 
bluegill nos testes com temperaturas mais elevadas e no pH 7,5 em comparação com pH 6,5. 
A toxicidade não aumentou com pH de 8,5 ou 9,5. De acordo com essas observações, nota-se 
que o presente trabalho foi realizado em condições ideais para avaliação de toxicidade. 
 
O valor de CL50 96 horas do Roundup® para piauçu, encontrado neste trabalho foi de 15,18 
ppm; o Quadro 1 apresenta os valores de CL50 calculados em ppm do produto comercial total 
em 24, 48, 72 e 96 horas e seus limites de confiança. 
 
Quadro1. CL50 do Roundup® para piauçus 
Tempo de exposição CL50 (ppm de Roundup®) 
24 horas 15,74 (14,67 – 16,89) 
48 horas 15,18 (13,78 - 16,71) 
72 horas 15,18 (13,78 - 16,71) 
96 horas 15,18 (13,78 - 16,71) 
CL50 ( limite inferior - limite superior) 
 
Mitchell et al., (1987) encontraram em salmonídeos, CL50 96 horas para o Roundup® que 
variaram de 15mg/l a 26mg/l, podendo ser considerado ligeiramente tóxico de acordo com a 
U.S. Fish and Wildlife Service. De acordo com a classificação dos agrotóxicos segundo a 
CL50 estabelecida pelo IBAMA em 1990 (MACHADO, 1999) (Quadro2), o Roundup® pode 
também ser considerado pouco tóxico para piauçus. 
 
Quadro 2. Classificação dos agrotóxicos de acordo com a CL50 para organismos aquáticos 
definida pelo IBAMA. 
 Fonte: Machado, 1999 
 
A maioria dos estudos de toxicidade aguda com o glifosato referem-se a espécies de clima 
temperado, poucos foram encontrados com espécies de clima tropical. Ensaios com espécies 
nativas do Brasil foram realizados por Langiano (2006) com curimbatá (P. lineatus), 
CL50 (ppm) CLASSIFICAÇÃO 
>100 Praticamente não tóxico 
10 – 100 Pouco tóxico 
0,1 – 10 Moderadamente tóxico 
< 0,1 Altamente tóxico 
 23
Miyazaki, et al. (2004), com tambaqui (C. macropomum), Silva, et al. (2004) com jundiá 
(Rhamdia quelen) e por Rigolin-Sá (1999) com jundiá (Rhamdia hilarii). O Quadro 3 
apresenta diferentes relatos de toxicidade aguda com o Roundup® em diferentes espécies. Os 
resultados encontrados não diferem muito entre si, estando todos dentro da faixa descrita 
como pouco tóxico de acordo com a classificação dos agrotóxicos segundo a CL50 
estabelecida pelo IBAMA em 1990 (MACHADO, 1999). 
 
A CL50 encontrada para piauçus neste experimento demonstra uma maior sensibilidade dessa 
espécie em relação a outras espécies tropicais como o tambaqui e tambacu (MIYAZAKI et 
al.,2004) e uma menor sensibilidade quando comparado com o jundiá (RIGOLIN-SÁ, 1999; 
SILVA, et al., 2004) e curimbatá (LANGIANO, 2006) (Quadro 3). 
 
 Quadro 3. CL50 Roundup® para diferentes espécies de peixes dulcícolas 
Espécie Cl50(96h) 
Roundup® 
Autor 
Piauçu 
(Leporinus macrocephalus) 
15,18 ppm Presente trabalho 
Curimbatá 
(Prochilodus lineatus) 
13,69 ppm Langiano (2006) 
Tambaqui 
(Colossoma macropomum) 
19,94 mg/l Miyazaki et al.(2004) 
Tambacu (C. Macropomum 
X Piaractus mesopotamicus) 
24,90 mg/l Miyazaki et al. (2004) 
Jundiá (Rhamdia quelen) 10mg/l Silva, et al. (2004) 
Jundiá (Rhamdia hilarii) 10,6mg/l Rigolin-Sá (1999) 
Channel catfish 
(Ictalurus punctatus) 
14,5mg/l Abdelghani et al. (1997) 
Bleugill sunfish 
(Lepomis macrochirus) 
13 mg/l Abdelghani et al. (1997) 
Tilapia do Nilo 
(Oreochromis niloticus) 
jovem 
16,8 ppm Jiraungkoorskul, et al.(2002) 
 
Tilapia do Nilo 
(Oreochromis niloticus) 
adulta 
36,8ppm Jiraungkoorskul, et al. (2002) 
Cauda de véu 
(Carassius auratus) 
25,605mg/l Antón, et al.(1994) 
Chinook salmon 
(Oncorhynchus tshawytscha) 
20mg/l Mitchell et al.(1987) 
Coho salmon 
( Oncorhynchus kisutch) 
22mg/l Mitchell et al.(1987) 
Truta arco-íris 
(Salmo gairdneri) 
26mg/l Mitchell et al. (1987) 
 
A CL50 é um dado muito importante para a avaliação de toxicidade de uma substância, porém, 
nem todos os pesticidas provocam morte imediata dos peixes e doses subletais podem causar 
outros distúrbios a saúde desses animais, portanto as alterações histológicas em tecidos de 
 24
peixes constituem ferramenta sensível para detectar os efeitos tóxicos diretos de compostos 
químicos em órgãos-alvo, sendo indicadores potentes da exposição prévia a estressores 
ambientais (HINTON et al., 1992; SCHWAIGER, et al., 1997). 
 
Alguns trabalhos têm demonstrado a presença de lesões histológicasem órgãos de peixes 
expostos ao glifosato. Neskovic et al. (1996), trabalhando com carpas expostas a 2,5; 5 e 
10mg/L de glifosato por 14 dias e Rigolin-Sá (1999) estudando bagres expostos a 
concentrações de Roundup®, que variaram de 8 a 12mg/L, por 96 horas relataram alterações 
hepáticas, renais e branquiais. Da mesma forma, Jiraungkoorskul et al. (2002) observaram 
alterações em brânquias, fígado e rins de tilápias expostas a 36 ppm de Roundup® por 24, 48, 
72 e 96 horas. Langiano (2006), trabalhando com curimbatá, em exposições a 7,5 e 10,0 ppm 
de Roundup®, por 6, 24 e 96 horas, encontrou alterações hepáticas, que embora reversíveis, 
comprometem o funcionamento normal do órgão. 
 
Na análise histopatológica do fígado dos animais desse experimento foi observado uma 
vacuolização moderada no controle e no grupo exposto a 6,67ppm de Roundup®, e discreta no 
grupo exposto a 13,3 ppm, além de intensa congestão de sinusóides nos grupos expostos ao 
herbicida (Tabela 1 e Figura 1). 
 
Tabela 1. Médias e desvios-padrão do grau de alterações encontradas no fígado dos peixes do 
grupo controle e dos grupos expostos ao Roundup® por 96 horas. 
 
 CONTROLE 
 
6,67ppm 13,3ppm 
Vacuolização 1,4 ± 0,5 a 
(moderado) 
 
1,4 ± 0,5 a 
(moderado) 
0,8 ± 0,4 a 
(discreto) 
Congestão 0,4 ± 0,5 a 
(discreto) 
2,8 ± 0,4 b 
(intenso) 
2,2 ± 0,8 a b 
(intenso) 
Média ± desvio-padrão, n = 5 
Médias seguidas das mesmas letras, na mesma linha, não diferem entre si (P≤ 0,05). 
 
 
Figura 1 A- fotomicrografia de fígado de piauçu do grupo controle demonstrando vacuolização moderada. 
B – fotomicrografia de fígado de piauçu exposto a 13,3 ppm de Roundup® demonstrando vacuolização 
discreta. HE 400x. C - fotomicrografia de fígado de piauçu do grupo exposto a 6,67ppm de Roundup® 
demonstrando intensa congestão (setas). HE 100x 
 
A B C 
 25
A congestão de sinusóides, além de início de fibrose foi uma alteração também relatada por 
Neskovic et al.(1996) em carpas expostas 10mg/L de glifosato por 14 dias. Langiano (2006), 
além de outras alterações, também encontrou congestão hepática em curimbatás expostos a 
7,5 e 10,0 ppm de Roundup®, por 6, 24 e 96 horas. 
 
Embora os hepatócitos estejam geralmente cheios de glicogênio ou gordura neutra se a 
alimentação for suficiente (ROBERTS, 1981), durante as fases de resposta ao estresse podem 
ocorrer três situações: a) uma mobilização do glicogênio hepático na fase de alarme; b) na 
fase de resistência e adaptação, o glicogênio pode estar baixo ou não; e c) na fase de exaustão 
ocorre uma depleção do glicogênio hepático (HEATH, 1995). A vacuolização discreta 
encontrada no fígado dos animais do grupo exposto a 13,3ppm do Roundup® sugere uma 
mobilização de glicogênio por estresse químico. 
 
4. Conclusão: 
 
A CL50 em 96 horas do Roundup® para piauçus (Leporinus macrocephalus), nas condições 
experimentais utilizadas, foi de 15,8 ppm do produto comercial, sendo considerado pouco 
tóxico segundo normas de classificação do IBAMA. Apesar disso, os peixes expostos ao 
herbicida nas concentrações de 6,67 e 13,3 ppm apresentaram características hepáticas 
condizentes com desequilíbrio da homeostasia dos mesmos. 
 
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 29
AVALIAÇÃO DE BIOMARCADORES HISTOLÓGICOS PARA ESTUDO DE 
TOXICIDADE CRÔNICA PELO ROUNDUP® EM PIAUÇU (Leporinus macrocephalus) 
 
EVALUATION OF HISTOLOGICAL BIOMARKERS FOR STUDY OF CHRONIC 
TOXICITY FOR ROUNDUP® IN PIAUÇU (Leporinus macrocephalus) 
 
1. Ana Catarina Luscher Albinati – mestranda – UFBA – Mestrado em Medicina Veterinária 
Tropical e-mail: catialbinati@gmail.com 
2. Eduardo Luiz Trindade Moreira – professor adjunto II – UFBA – Departamento de 
Patologia e Clínicas e-mail: bteluiz@terra.com.br 
3. Ricardo Castelo Branco Albinati – professor adjunto IV – UFBA – Departamento de 
Produção Animal e-mail: albinati@ufba.com.br 
 
 
Resumo: O glifosato é um herbicida que apresenta propriedades muito características e 
diferentes da maioria dos pesticidas, o que dificulta o monitoramento em amostras ambientais. 
A maior razão para usar biomarcadores é que eles podem fornecer informações sobre efeitos 
biológicos de poluentes em vez de uma mera quantificação de seus níveis ambientais. A 
principal formulação comercial do herbicida é o Roundup®. O presente estudo objetivou 
avaliar o uso de brânquias, fígado e rins como biomarcadores histológicos em ensaio de 
toxicidade crônica com o herbicida Roundup® em Piauçu (L. macrocephalus). Para tanto, os 
animais foram expostos a 1/10 da CL50 (1,58ppm) para a espécie por 14 e 28 dias, sendo 
utilizados 5 animais por tratamento( dia 0, dia 14 e dia 28). Dentre as alterações observadas, 
hemorragia e necrose hepática e congestão renal foram aquelas que apresentaram diferenças 
estatisticamente significantes entre os animais expostos e os não expostos. Apesar de não 
serem estatisticamente significantes, outras alterações também puderam ser observadas nos 
três órgãos avaliados. Dentre os órgãos usados como biomarcadores histopatológicos neste 
trabalho, o fígado foi o que apresentou os melhores resultados, uma vez que, os animais 
expostos à concentração de 1,58 ppm do herbicida Roundup® por 14 e 28 dias apresentaram 
alterações hepáticas mais severas, seguido pelo rim. 
 
Summary: Glifosate is a herbicide that presents characteristic proprieties and different of the 
majority of pesticides, what makes difficult the monitoring in ambient samples. The biggest 
reason to use biomarkers is that they can supply information on biological effect of pollutants 
instead of a mere quantification of its ambient levels. The main commercial formulation of 
this herbicide is Roundup®. The present experiment objective evaluate the use of gills, liver 
and kidneys as histological biomarkers in assay of chronic toxicity with herbicide Roundup® 
in Piauçu (L. macrocephalus). For in such a way, the animals had been exposed to 1/10 of 
CL50 (1,58ppm) for the species per 14 and 28 days, being used 5 animals for treatment (day 
0, 14 day and day 28). Amongst the observed changes, congestion, hemorrhage and hepatic 
necrosis and renal congestion had been the alterations that had presented statistics significant 
differences between the exposed animals and not exposed. Although not significant, other 
alterations could also have been observed in the evaluated organs. Amongst organs used as 
histological biomarkers in this work, the liver presented the best ones resulted, a time that, 
piauçus exposed to 1,58ppm of the herbicide Roundup® per 14 and 28 days had presented 
more severe hepatics alterations, followed for the kidney. 
 
Palavras-chave: Toxicidade crônica; glifosato; histopatologia-peixes 
Key-words:Chronic toxicity;glyphosate; histopathology- fish. 
 30
1. Introdução: 
 
Entre os contaminantes aquáticos decorrentes das atividades antropogênicas, os agrotóxicos 
são os mais perigosos, justamente pelo fato de terem sido concebidos para eliminar alguma 
forma de vida e por isso atingirem também de modo letal espécies não-alvo. Muitas vezes, 
mesmo em concentrações aquáticas não letais, esses produtos afetam a estrutura e a função 
das comunidades naturais. No ambiente aquático, os agrotóxicos provocam impactos em 
múltiplos níveis, incluindo moléculas, tecidos, órgãos, indivíduos, populações e comunidades 
(GRISOLIA, 2005). 
 
O glifosato é um herbicida que apresenta propriedades muito características e diferentes da 
maioria dos pesticidas, o que dificulta o monitoramento em amostras ambientais, entretanto 
muitos trabalhos tem sido realizados em função de sua ampla utilização. Por ter propriedades 
herbicidas de amplo espectro, ser sistêmico e pouco tóxico a animais, tornou-se o mais 
utilizado no mundo, aumentando, assim, a necessidade de implementação de programas de 
monitoramento (AMARANTE Jr. et al., 2002). Embora seja aplicado em várias culturas, em 
diferentes formulações comerciais, sua principal formulação é o Roundup®, da industria 
Monsanto (WHO, 1994). 
 
Os testes de toxicidade crônica são geralmente avaliados através de exposições prolongadas 
dos organismos a concentrações subletais. Em peixes geralmente abordam apenas uma fase do 
ciclo de vida, que pode variar de sete dias a meses (LOMBARDI, 2004). 
 
Alterações histológicas em tecidos de peixes constituem ferramentas sensíveis para detectar 
os efeitos tóxicos diretos de compostos químicos em órgãos-alvo e, portanto, são indicadores 
potentes da exposição prévia a estressores ambientais (HINTON et al., 1992; SCHWAIGER, 
et al., 1997). A histopatologia traduz a lesão integrada em função da duração e intensidade da 
exposição sofrida e a capacidade adaptativa de um determinado tecido (FERREIRA,2004). 
 
Peixes são relativamente sensíveis a mudanças no ambiente. Assim, efeitos tóxicos de 
poluentes podem ser evidentes em nível celular e tecidual, antes que mudanças significativas 
no comportamento ou na aparência externa possam ser identificadas (van DYK, 2005). 
 
Alguns trabalhos têm descrito danos à saúde de peixes quando expostos ao glifosato; 
respostas bioquímicas e histopatológicas foram encontradas em carpas (Cyprinus carpio) 
(NESKOVIC et al., 1996), em bagres (Rhamdia hilarii) (RIGOLIN-SÁ, 1999), em tilápias do 
Nilo (Oreochromis niloticus) (JIRAUNGKOORSKUl et al., 2002, 2003) e em 
curimbatás(Prochilodus

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