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fenomenologia e existencialismo

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Prévia do material em texto

Joaquim Iarley Brito Roque 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Considerações sobre Fenomenologia e Existencialismo 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Crato-2014 
Podemos afirmar que a fenomenologia (do grego phainesthai, aquilo que se apresenta 
ou que se mostra, e logos, explicação, estudo) representou e representa ainda hoje, uma reação 
à pretensão dos cientistas de eliminar totalmente a metafísica do campo científico-
epistemológico. Sabemos que a fenomenologia pretende tratar da descrição de fenômenos, 
entendidos como atos de conhecimento, no sentido puramente cognitivo e não psicológico. 
Colocado de outra forma, a fenomenologia se ocupa em abrir o ato intuitivo e mostrar o que 
há dentro dele, ou, de outra forma ainda, em descrever o conteúdo da intuição e não apenas se 
referir simbolicamente a ele. Para tanto, a fenomenologia usa a linguagem de forma diferente 
das formas quotidianas, científicas, literárias ou filosóficas. Mas é um uso que pretende 
desdobrar as implicações lógico-racionais de um conteúdo que, no entanto, na prática é 
captado de maneira intuitiva e imediata. Ou seja, é a tomada de consciência do que se passa 
no ato cognitivo. Neste sentido, a fenomenologia é uma auto-reflexão e um autoconhecimento. 
É o autoconhecimento da consciência, enquanto capacidade cognitiva, é saber o que é saber, 
saber o que se passa, efetivamente, no ato de intuição. A fenomenologia se pauta pelo respeito 
ao modo de apresentação das coisas. Em vez de suposições, as coisas são tomadas como estão. 
O sentido da fenomenologia hoje vigente foi o elaborado por Edmund Husserl, que 
designa fenômeno tudo que intencionalmente está presente à consciência. A fenomenologia é 
uma espécie de método que faz a mediação entre o sujeito e o objeto ou, dizendo de outro 
modo, entre o eu e a coisa. Ela pode ser dividida em três linhas de perspectivas: A 
transcendental, husseliana, a existencial, de Jean Paul Sartre e Maurice ponty, e a 
hermenêutica, cujos representantes maiores seriam Hans George Gadamer e Martin Heidegger. 
 Segundo Edmund Husserl (1859-1938), conhecido como o fundador da fenomenologia 
moderna, todos os fenômenos, do mais simples ao mais complexo, são reais à medida em que 
são compreendidos pela consciência. A fenomenologia de Husserl é uma tentativa de dar 
fundamentos apodíticos ao conhecimento. A fenomenologia não se interessa por argumentos, 
mas sim pela descrição precisa de fenômenos, do que aparece, do que acontece ante a 
consciência cognoscitiva. 
 Paul Ricoeur (1913-2005), dirá que há fenomenologia quando se trata como problema 
autônomo, a maneira de aparecer das coisas. A fenomenologia estabelece como postulado, que 
o fenômeno seja lastrado de pensamento, isto é, que seja logos ao mesmo tempo em que é 
fenômeno. 
 Segundo Emmanuel Kant (1724-1804), a coisa-em-si é o segredo que está dentro da 
coisa, que é a coisa na sua consistência interna, independentemente do nosso conhecimento. 
Ou seja, é a coisa na sua pura objetividade, desligada de qualquer subjetividade. Ora, essa 
noção é inconsistente e auto-contraditória. Coisa é aquilo que tem a capacidade de ser 
fenômeno; se não a tem, não pode se mostrar de maneira alguma para ninguém, e não pode, 
portanto, transmitir nenhuma informação de si a qualquer outro ser. A fenomenologia, em vez 
de perguntar, como Kant, se o conhecimento é possível, pergunta antes o que é o 
conhecimento, o que é o ato de conhecer, o que se passa precisamente quando se conhece 
alguma coisa. 
 Jean- Paul Sartre (1905-1980), utilizou o método fenomenológico como ponto de 
partida para chegar ao caráter intencional da consciência e para tentar apontar suas reflexões 
ontológicas. Assim foi possível o existencialismo sartreano. Mas devemos ressaltar que as 
origens do existencialismo remontam a um passado ainda bem distante, na filosofia de Sören 
Kierkegarrd. A fenomenologia de Sartre afirma que todo modo de consciência representa algo, 
revela algo, apresenta algo, está voltado e direcionado para algo fora dela mesma, daí dizer-se 
que a consciência é intencional. Ela não existe sem estar voltada, sem estar representando, 
criando a presença de um objeto. Os objetos da consciência são reais, ainda que alguns sejam 
ideais, eles existem como fenômenos, - como imagens -, e porque existem Sartre os considera 
"seres em si", completos, acabados, de fato existentes. Porém, há também um conhecimento 
ou consciência de que se é consciente, isto é, uma consciência da consciência. Então, diz 
Sartre, a consciência é um ser "para si". Sem seu objeto, a consciência é um nada, um não-ser, 
pois que somente existe na relação de si mesma com o "ser em si". Ela procura o "ser em si" 
para fundar a si mesma, o que significa que ela destrói o "ser em si", transformando-o no seu 
próprio nada. "O ser e o nada", título de seu livro, refere-se a esses dois tipos de ser: o "ser em 
si" (fenômeno) e o "ser para si" (consciência). 
 Heidegger (1889-1976), produziu uma reviravolta que na visão de Husserl, levaria a 
fenomenologia para um caminho totalmente diferente. Em suas análises filosóficas na obra 
Ser e Tempo, procura refletir acerca da questão do “sentido do ser” usando o método 
fenomenológico. Encontramos esse questionamento filosófico do sentido do ser a partir de 
uma analítica ontológica da existência. Em sua ontologia fundamental, ele abre novos 
caminhos buscando o que ficou enterrado pelo turbilhão do raciocínio pragmático e 
tecnológico, onde o ser ficou esquecido em primazia do ente. É o desafio de se pensar o 
homem não somente no plano do “ente”, mas fundamentalmente no plano do “ser”, sendo por 
isso ao mesmo tempo ôntico e ontológico. Heidegger o denomina dasein, no sentido de que o 
homem é o aí-do-ser, ou seja, o lugar em que se dá a revelação do ser, a “clareira do ser”. A 
revelação do ser só é possível a partir do des-velamento do mundo. Trata-se de recuperar a 
estranheza das coisas, ou melhor, o estranhamento do homem diante das coisas para tentar 
mostrar que o cotidiano e o habitual, em sua aparente monotonia, esconde o mistério do ser. 
 Bem antes dos pensadores antes apontados, o filósofo alemão G.W.F. Hegel (1770-
1831), definiu a fenomenologia como “o saber da experiência que faz a consciência”. A 
intenção de Hegel na Fenomenologia é articular com o fio de um discurso científico – ou com 
a necessidade de uma lógica – as figuras do sujeito ou da consciência que se desenham no 
horizonte do seu afrontamento com o mundo objetivo. 
 Em Hegel, História e dialética se entrelaçam no discurso da Fenomenologia. Uma face 
histórica, porque as experiências aqui recolhidas são experiências de cultura, de uma cultura 
que se desenvolveu no tempo sob a injunção do pensar-se a si mesma e de justificar-se ante o 
tribunal da razão. Uma face dialética, porque a sucessão das figuras da experiência não 
obedece à ordem cronológica dos eventos, mas à necessidade imposta ao discurso de mostrar 
na sequência das experiências o desdobramento de uma lógica que deve conduzir ao momento 
fundador da ciência: ao saber absoluto como adequação da certeza do sujeito com a verdade 
do objeto. Em outras palavras, Hegel intenta mostrar que a fundamentação absoluta do saber é 
resultado de uma gênese ou de uma história cujas vicissitudes são assinaladas pelas oposições 
sucessivas e dialeticamente articuladas entre a certeza do sujeito e a verdade do objeto. 
 Foi de grande importância e de grande impacto o pensamento fenomenológico na 
psicologia, mas a Fenomenologia deu provavelmente sua maior contribuição no campo da 
psiquiatria, no qual o alemão Karl Theodor Jaspers(1883-1969), um destacado existencialista 
contemporâneo, ressaltou a importância da investigação fenomenológica da experiência 
subjetiva de um paciente. 
 No estudo fenomenológico a consciência está numa “relação ao mundo” definida pela 
“intencionalidade”, isto é, pela significação dada aos seres, às situações. Vários estudiosos 
desenvolveram métodos fenomenológicos como observamos anteriormente, mas não existe 
“um” ou “o” método fenomenológico, mas uma atitude. Atitude de abertura do ser humano 
para compreender que se mostra (abertura no sentido de estar livre para perceber o que se 
mostra e não preso a conceitos e predefinições). A pesquisa fenomenológica, portanto, parte 
da compreensão do nosso viver – não de definições ou conceitos – da compreensão que 
orienta a ação para aquilo que se vai investigar. 
 
Referências 
 
 EWALD, Ariane P. Fenomenologia e Existencialismo: articulando nexos e costurando 
sentidos. 
 
HUSSERL, Edmund. A crise da humanidade européia e a filosofia transcendental/ 
Introdução e tradução. Urbano Zilles. – 2.ed Porto Alegre : EDIPUCRS, 2002. 
 
DARTIGUES, André. O que é a fenomenologia? /ed. 2005;Editora: CENTAURO.

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