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Etnocentrismo

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O etnocentrismo é um conceito da antropologia definido como a visão demonstrada por alguém que considera o seu grupo étnico ou Cultura o centro de tudo, em um plano mais importante que as outras culturas e sociedades. O etnocentrismo considera-se superior, considera que normas e valores de sua cultura são melhores que a das outras, o que da origem ao preconceito e ideias infundamentadas.
O etnocentrismo vem para valorizar o seu “eu” e desvalorizar o “outro”, o outro é o grupo diferente daquilo que o “eu” acredita. Ou seja, não come igual, não veste igual, não gosta das mesmas coisas, acredita em coisas diferentes, deuses diferentes e o choque gerado no etnocentrismo nasce na constatação dessas diferenças. E essa diferença é ameaçadora pois fere a nossa própria identidade cultural.
O grupo do “outro”, então, fica sendo engraçado, absurdo, chamados de macacos da terra ou ovos de piolho. O “eu” é a sociedade da civilização por excelência é onde existe o progresso e o trabalho, ou seja, o “outro” na visão etnocentrista nunca será igual ao “eu”. Entretanto, existe, paralelo à violência que a atitude etnocentrista encerra o pressuposto de que o “outro” deva ser alguma coisa que não desfrute da palavra para dizer algo de si mesmo. A atitude etnocêntrica tem um correlato bastante importante e que talvez seja elucidativo para a compreensão destas maneiras exacerbadas e até cruéis de encarar o outro, uma vez que cada cultura traduza nos termos de sua própria cultura o significado dos objetos cujo sentido original foi forjado na cultura do “outro”, pois o etnocentrismo passa exatamente por um julgamento do valor da cultura do “outro” nos termos da cultura do “eu”. Isso seria um etnocentrismo cordial, quando se tem atitudes sem maiores consequências o que acontece na história citada na obra do índio e o pastor, que ambos usaram objetos da cultura do outro no contexto de sua própria cultura.
Além disso, a estória vem mostrar que o outro e a sua cultura são apenas uma representação, uma imagem distorcida que é manipulada, o etnocentrismo vai passar a imagem do outro sempre distorcida por ser diferente da cultura deles, serão vistos como seres brabos e traiçoeiros. Um exemplo disso é como se trata os índios, a forma como são alugados para a História do Brasil para atender o mundo dos brancos, que sempre são trazidos nos livros didáticos com papéis diferentes. O terceiro papel que aparece no capítulo “Etnia brasileira” depois de trazido como “selvagens” ou “crianças “, como iriam falar de um povo -o nosso- formado por portugueses, negros e “selvagens”? Então aparece um novo papel e o índio num passe da mágica etnocêntrica, vira “corajoso”, “altivo”, cheio de “amor e liberdade”. Isso são as sutilezas, violências, persistências do etnocentrismo que faz a imagem que quiser do “outro “. Dessa forma, não só com os índios, mas também as ideias etnocêntricas que se tem sobre as “mulheres “, “negros”, “empregados “, os “paraíbas de obra”, os “vagabundos” os “gays” e os demais “outros”. 
Com toda essa ideia do etnocentrismo, encontra-se o relativismo, que é uma concepção da antropologia que vê divergentes culturas livres do etnocentrismo, definindo melhor esse segmento, é “não presumir o outro a partir de sua própria perspectiva”. Sendo assim, relativizar é deixar o julgamento de lado, afastando sua própria cultura a fim de entender melhor o outro.
Desse conceito, surge no século XIX a ciência chamada Antropologia social, a partir daí que começou o estudo sobre o desenvolvimento das diferenças entre os seres humanos. Entre os principais estudos dessa ciência, estão as ideias religiosas, a arte dominante em cada época, as formas de relação social, os valores e tradições, entre várias outras áreas que pode ser abordada.
Para uma compreensão melhor, a concepção do relativismo poder ser considerada antagônica ao etnocentrismo. O aspecto etnocêntrico aloca a sua própria cultura como ponto de comparação com as outras culturas. Em contrapartida, o relativismo vai usar o antagonismo cultural para problematizar a questão do certo e o errado, tentando entender a diversidade e como ela é referida por diferentes sistemas e práticas de outra sociedade.
No final do século XV e início do século XVI, discutia-se sobre as possibilidades teóricas e os desenvolvimentos técnicos necessários à dilatação do Império e à consequente alteração das fronteiras do mundo conhecido. Nascia, aqui, novos paradoxos e interesses para o pensamento ocidental. O mundo do "eu" se viu obrigado, frente ao "outro" a pensar diferença. Destes encontros, entre a sociedade do "eu" e a sociedade do "outro", o século XVI se constituiu-se em uma das arenas principais. Ninguém entendia nada, mas já se esboçava algo que seria uma constante: as formas pelas quais as diferenças foram pensadas. Isto é, um esforço de compreensão da diferença, de comparação entre as sociedades sem pensar que uma delas deve ser a "dona da verdade". 
Do palco principal inicial do século XVI fica marcada a ideia de uma forte perplexidade que vai, pouco a pouco, cedendo lugar a novos conjuntos de ideias, sempre mais matizados, procurando compreender as diferenças. A noção de evolução é um marco fundamental para o pensamento antropológico. Mas, o que é, exatamente, evolução? Evolução no seu sentido mais amplo equivale a desenvolvimento. É o caminho da manifestação plena do que estava oculto. Evolução, em outras palavras, é o desenvolvimento obrigatório de uma unidade que revela, pelo processo evolutivo, uma segunda forma, mostrando, então, sua potencialidade. A noção de evolução pode estar ligada ao orgânico, ao nível biológico do desenvolvimento. O evolucionismo biológico e o evolucionismo social se encontram e o segundo passa a ser o novo modelo explicador da diferença entre o "eu" e o "outro". O resultado disso, é claro, vai ser a permanência do etnocentrismo agora traduzido na sociedade do "eu" como o estágio mais adiantado da sociedade do "outro" como o estágio mais atrasado. Para o evolucionismo antropológico a noção de progresso torna-se fundamental, pois é no seu rumo que a história do homem se faz. O homem é o caminho. A direção é a de um estádio superior de civilização. Saindo de estádio mais primitivos numa trajetória de permanente progresso onde o tempo é a teia que se teve a evolução. Assim, a origem da humanidade tem de ser num passado longínquo para que as etapas se sucedam na direção de uma civilização mais e mais avançada, e mais e mais absoluta em suas conquistas.
Podemos constatar que transparece uma visão da cultura como identificáveis, unitários, separados, que formam um “todo complexo”, como uma espécie de princípio geral, uma lei dentro da cultura dos problemas que se formam em toda parte. Talvez isso não exista em certas sociedades. Para os evolucionistas estas ideias foram extraídas de seus contextos, eles assumiam como se suas ideias fossem as melhores e mais bem-acabadas. Postulavam que entre todas as culturas tinham que dar conta de seus problemas idênticos, que os “primitivos” chegariam às formas da “civilização”. Assumiam que os itens da cultura se assemelhavam onde quer que se encontrasse a cultura, a sociedade do “eu” seria importante para a sua sociedade, a sociedade do “outro” seria importante para todas as demais.
É postulada uma eterna valorização destes itens para qualquer cultura, e pensando que a linha de evolução partiu de um pólo “primitivo” e por via da evolução da mudança nas sociedades, chegando ao pólo “civilizado”. Por consequência do aperfeiçoamento do espirito cientifico, este espirito teria soprado na sociedade do “eu” que por trás há o ser “civilizado”, assim vamos encontrando séries de homens até seu irmão mais “primitivo”. No qual parte que o etnocentrismo estava em achar que o “outro” era completamente dispensável como elemento de transformação da teoria. Os evolucionistas dispensam o “trabalho de campo” e a relativação, acreditando-se capazes de ter todo o conhecimento do “outro” dentro de si mesmos.
Cada item da cultura servepara demonstrar o percurso do primitivismo à civilização e encontrar para as sociedades um lugar neste caminho. Os itens culturais faziam papel de régua com a qual se media a distância histórica entre povos.
Segundo Lewis Morgan, “a acumulação do saber” e o progresso das “faculdades mentais e morais dos homens” vão marcando as mudanças de estádios no caminho da evolução e que foi exatamente calcular as sociedades segundo seu grau de evolução.
O século XX traz para a Antropologia um conjunto amplo e complexo de novas ideias formuladas por um grupo brilhante de pesquisadores. Ao nível do senso comum, das ideologias, dos cotidianos da sociedade ocidental, a visão etnocêntrica dos diversos “outros” deste mundo muito pouco se abala com as “revoluções” da Antropologia. Relativizar é uma palavra que, muito pouco se saiu das fronteiras do conhecimento produzido pela Antropologia. Mas, dentro da disciplina que estuda a diferença, na nossa ciência do “outro”, encontramos muitas conquistas. 
A ordem “natural” em que se explicam estas conquistas é, a ordem de um tempo linear, feito de causas e consequências. O mais interessante é que a própria Antropologia vai ser capaz de relativizar a noção ocidental de tempo, assim como a noção ocidental de indivíduo, assim como outras tantas noções tão fundamentais à sociedade do “eu”. A Antropologia consegue ver que sociedades diferentes podem ter concepções da existência, tanto diversas entre si quanto igualmente boas para cada uma.
Franz Boas, gênio inquieto, procurou investigar muitas áreas do conhecimento humanístico, dando toques de primeira linha em inventiva e criatividade. Ao seu nome se liga toda uma escola que ficou conhecida como difusionismo ou escola americana. Com Boas, a Antropologia se transforma substancialmente. Nesta transformação, as ideias de cultura e história também se modificam. A articulação dessas ideias era um dos eixos da forma de pensar o ‘’outro’’ dentro do evolucionismo. Foi ele o primeiro a perceber a importância de estudar outras 
culturas humanas nos seus particulares. Este relativismo cultural visto por Boas é uma ruptura importante do centramento da absolutização da cultura do ‘’eu’’, no pensamento evolucionista. Toda vez que um campo de conhecimento se lança de frente para a complexidade, ele também se relativiza. Esta complexificação é quase sempre fecunda. No caso, ampliou conhecimentos e enriqueceu enfoques através dos quais as diversas culturas do ‘’outro’’ passaram a ser percebidas e estudadas. De qualquer forma, a Antropologia cresce e se transforma muito com esses aspectos. Como consequência de um pensamento tão fértil, uma grande geração de antropólogos vai ser influenciada e vai desenvolver pistas, toques e intuições que, de alguma forma, se ancoravam nos escritos e nos projetos de Boas. 
Do etnocentrismo à relativização, em diferentes planos e estratégias, a Antropologia dá andamento ao jogo entre o “eu”, que faz a Antropologia, e o “outro”, que cada vez mais pode nela intervir. 
Quem ler Casa Grande & Senzala de Gilberto Freyre, entenderá muita coisa sobre a cultura brasileira, também que a Antropologia Social se faz na observação de universos microscópicos. Juntamente com o quanto se pode revelar da cultura brasileira a partir de um sistema de interesses pelo cotidiano em geral dos brasileiros e da sua forma de pensar, o que faz dessa cultura única. Casa Grande & Senzala tem muito a ver com Boas, por vários motivos. O primeiro que nos leva a essa relação é a oscilação e criatividade que Gilberto Freyre tão bem captou de seu professor. O segundo é pela incrível capacidade de Boas para formação de alunos que perpetuam suas visões da cultura humana e do fazer da Antropologia. 
São, na verdade, visões da cultura que, comparando ao evolucionismo, a relativizam por colocar elementos próprios à vida do povo que produz essa cultura como chave para seu entendimento. No entanto são estudos que começam a escapar do etnocentrismo por conseguirem captar que o ambiente onde vive uma sociedade deve ser, por exemplo, importante para explicar a cultura. 
A cultura identifica as características que quer nos indivíduos formados pela escola, e ela mesma se torna papel do temperamento e da personalidade dos seus membros.
 Uma das maiores dificuldades desta corrente de pensamento, é o “reducionismo”, que significa a dificuldade de explicar alguma coisa que contém várias outras a partir de uma única das coisas contidas. O outro problema é a dificuldade de trabalhar com conceito de personalidade e de cultura, quando se usa um para explicar o outro. Existe o mesmo problema de reducionismo com o grupo que decidiu relacionar a cultura com a linguagem. 
Enquanto a escola personalidade e cultura deu início a um vasto debate entre Antropologia e Psicologia, o grupo cultura e linguagem procurou no debate entre Antropologia e a Linguística a principal fonte do seu pensamento.
Este grupo se torna importante por proporcionar uma base forte para uma série de estudos de linguística e comunicação, que procuravam relacionar, por exemplo, o emprego da linguagem e as diferenças de classes sociais. Seu desenvolvimento também foi bastante influente no avanço de disciplinas. O desenvolvimento de uma Antropologia inquieta, propondo diálogos com outras disciplinas em volta, transformando pelo enfrentamento do risco que significa estudar a diferença. Assim, o “outro” deixa de ser apenas um relato de momentos primitivos
do “eu” e passa a ocupar um cargo mais destacado, transformando a teoria antropológica e pode servir de muitas maneiras, para dimensionar a sociedade do “eu”.
IMPERATRIZ
2017

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