Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
DIREITO CONSTITUCIONAL AVANÇADO – CCJ0135 Professor: Fernando Monteiro Aluna: Eliane Guimarães Ferreira Turma: 3001 Representação de Inconstitucionalidade A arguição de descumprimento de preceito fundamental presta-se, outrossim, a fiscalizar os atos ou omissões não normativas do poder público. Vale dizer, pode ser empregada para controle dos atos concretos ou individuais do Estado e da Administração Pública, incluindo os atos administrativos, os atos ou fatos materiais, os atos regidos pelo direito privado e os contratos administrativos, além de abranger, outrossim, até as decisões judiciais e os atos políticos e as omissões na prática ou realização destes atos, quando violem preceitos constitucionais fundamentais. Assim, a significativa amplitude do objeto de arguição tornou possível o controle abstrato de constitucionalidade dos atos concretos e das atividades materiais do Estado. A sujeição dos atos à fiscalização concentrada do Supremo Tribunal Federal só vem corroborar a preocupação que motivou o constituinte na criação de um remédio eficaz e célere de defesa dos preceitos mais importantes da Constituição. Efetivamente, em face de seu amplo objeto, a arguição pode alcançar as decisões judiciais que violem o preceito fundamental, à semelhança do que ocorre com o recurso extraordinário, que pode ser interposto quando a decisão judicial contrariar dispositivo da Constituição (CF, art. 102, III, a). Desse modo, “caberá a propositura da arguição de descumprimento para se evitar a lesão a preceito fundamental resultante desse ato judicial do Poder Público, nos termos do artigo 1° da Lei n° 9.882/99”. É necessário, entretanto, esclarecer que a arguição somente alcança os atos judiciais não imunizados pela coisa julgada. Acrescente-se, ademais, que a arguição de descumprimento de preceito fundamental, pode incidir sobre os atos do poder público de qualquer das esferas políticas da Federação brasileira, sejam a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios. Vislumbra-se aqui também, uma outra importante inovação. È que, pela sistemática da ação direta de inconstitucionalidade traçada no art. 102, I, a, da Carta Magna, somente os atos normativos federais e estaduais contestados em face da Constituição Federal, sujeitavam-se ao controle concentrado de constitucionalidade no Supremo Tribunal Federal. Os atos municipais, todavia, ficavam de fora desse importante e eficiente modelo de controle, submetendo-se, tão somente, ao controle incidental de constitucionalidade (ou ao controle abstrato perante os Tribunais de Justiça, se contestados em face das Constituições Estaduais), circunstância que tornava as normas municipais, ainda que flagrantemente violadoras da Carta Federal, praticamente imunes à uma eficácia geral de declaração de inconstitucionalidade. A partir da consagração da arguição no direito brasileiro, entretanto, os atos municipais não estão mais a salvo do controle abstrato de constitucionalidade do Supremo Tribunal Federal, com o que passarão a sujeitar-se, à semelhança dos atos federais e estaduais, à eficácia erga omnes da decisão declaratória de inconstitucionalidade. Essa competência do Supremo para fiscalização abstrata dos atos municipais, normativos ou não, reforça o sistema de defesa da Constituição, que passa a contar com mais mecanismo de garantia da supremacia de suas normas. Por coerência, a arguição abrangerá, outrossim, as normas do Distrito Federal quando elaboradas no exercício de competência legislativa municipal (CF, art. 32, §1°). O equívoco do STF residia no fato de que as questões de inconstitucionalidade não se resolvem no plano do direito intertemporal ou do critério cronológico do lex posterio derogat lex priori, e sim no plano do critério hierárquico ou da validade de uma lei ou de um ato do poder público em face da Constituição que lhe serve de fundamento. Assim, se uma lei anterior, em face da nova Constituição, perde seu fundamento de validade, por não se compatibilizar materialmente com a nova ordem jurídico constitucional, ela é inválida, ou seja, inconstitucional. Com a arguição de descumprimento de preceito fundamental, que possibilitou expressamente, reitere-se, o controle da validade constitucional também por esse aspecto, sua posição e passe a acolher o fenômeno da inconstitucionalidade, superveniente como regra em todo sistema brasileiro de controle de constitucionalidade, alinhando-se em definitivo, à jurisdição constitucional de outros países como Portugal, Espanha, Itália e Alemanha, que admitem o controle constitucional. Isso porque, é inegável que essa posição soa mais vantajosa para o sistema constitucional pátrio, pois passa a contar com mecanismo mais eficiente de aferição da constitucionalidade do direito precedente. Pesquisa no livro do curso de Direito Constitucional Autor: Dirley da Cunha Júnior 5ª edição, revista, ampliada e atualizada conforme EC n. 67/2010
Compartilhar