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CRIMES CONTRA HONRA LUCIANO VIDAL

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INSTITUTO ENSINAR BRASIL - REDE DOCTUM
UNIDADE SERRA/ES
CURSO DE DIREITO
5° PERÍODO - NOTURNO - TURMA B
LUCIANO RODRIGUES VIDAL
 DOS CRIMES CONTRA A HONRA
Serra
2016
LUCIANO RODRIGUES VIDAL
DOS CRIMES CONTRA A HONRA
Atividade apresentada em sala pela disciplina Direito Penal III - Parte Especial, ministrada pela Professora Fabiane Aride Cunha, para avaliação no curso de Bacharelado em Direito da Rede de Ensino Doctum.
Serra
2016
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO		4
2. CONCEITO DE HONRA		5
3. CALÚNIA		7
4. DIFAMAÇÃO		9
5. INJÚRIA		11
6. DISPOSIÇÕES COMUNS AOS CRIMES CONTRA A HONRA		14
7. EXCLUSÃO DO CRIME		16
8. RETRATAÇÃO		17
9. PEDIDO DE EXPLICAÇÕES		18
10. AÇÃO PENAL NOS CRIMES CONTRA A HONRA		19
11. OUTRAS CONSIDERAÇÕES ACERCA DOS CRIMES		21
12. CONCLUSÃO		22
REFERÊNCIA		23
ANEXO I		24
1. INTRODUÇÃO
É de suma importância o conhecimento dos crimes contra a honra, pois fazem parte do dia-a-dia da sociedade, infelizmente. Por isso, os detalhes precisam ser minimamente esclarecidos para que não haja dúvidas. Ainda que imaterial, os crimes contra a honra são de valor inerente à dignidade humana. São conjuntos de atributos morais, físicos e intelectuais da pessoa, que lhe conferem autoestima e reputação. Quando tratamos de autoestima, falamos de honra subjetiva. A reputação está relacionada com a honra objetiva.
Em nosso sistema penal, não há livre censura de atributos alheios, ou de seus comportamentos, bem como não podemos expor nossos pensamentos a seu respeito. Essa é a essência dos raciocínios ligados com os crimes contra a honra. Ainda que seja “verdade” não deve ser dito. É que a ofensa sempre gera tumulto, violência na sociedade, e o Estado tenta a todo custo diminuir a violência.
Se o fato já é de conhecimento público, prevalece que não há difamação, pela ausência de risco ao bem jurídico. No entanto, é óbvio que as pessoas marginalizadas também têm honra, e direito a defendê-la.
Esta pesquisa tem como objetivo esclarecer e contrapor pontos específicos e nortear o leitor de direito acerca dos Crimes Contra a Honra, trazendo à baila questões relevantes para o estudo do tema, demostrando de maneira sistemática e bem difundida as visões de autores de renome no âmbito jurídico.
A luz dos doutrinadores e a cargo do desenvolvimento das lições acadêmicas obtidas para a realização do presente tema, a aludida pesquisa visa ainda, contribuir de maneira concisa, entretanto, proveitosa para a elucidação do tema, trazendo suas definições sob uma ótica apurada, vislumbrando sempre o aprimoramento do senso crítico do operador do Direito.
2. CONCEITO DE HONRA
Honra são atributos morais, intelectuais e físicos de um indivíduo, atributos estes que tornam o indivíduo merecedor de um apreço no convívio social e de certo modo promovem sua autoestima. Podemos destacar ainda a real necessidade da tutela da honra no diploma penal, visto que, a mesma é construída durante toda uma vida e por um atributo leviano pode ruir drasticamente.
Na precisa visão de MUÑOZ CONDE:
A honra é um dos bens mais sutis e mais difíceis de apreender desde o ponto de vista jurídico-penal. Isso se deve, sobretudo, a sua relativização, a existência de um ataque a honra depende das mais diversas situações de sensibilidade, do grau de formação, da situação tanto do sujeito passivo como do ativo, e também das relações recíprocas entre ambos, assim com das circunstancias do ilícito. (MUÑOZ CANDIDO, Francisco, Derecho Penal – Parte Especial, p. 274).
Torna-se crucial salientar ainda a expressa imposição constitucional ao preconizar em seu Art. 5°, inciso X “são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurando o direito a indenização pelo dano material decorrente da sua violação”.
2.1 HONRA SUBJETIVA E HONRA OBJETIVA
A doutrina costuma definir a honra como subjetiva e objetiva. Podemos caracterizar a honra subjetiva como sendo aquela que o próprio individuo atribui a si, sendo esta uma auto-atribuição de valores. De outro modo podemos definir a honra objetiva como sendo os atributos que o grupo social tem a respeito de cada indivíduo, basicamente é o que os outros pensam de nós.
Preleciona de maneira incisiva Rogério Greco acerca do tema:
Embora possamos identificá-los (os conceitos de honra subjetiva e objetiva), levando em consideração a relação de precipuidade, ou seja, onde a honra subjetiva, precipuamente, afeta o conceito que o agente faz de si mesmo, e a honra objetiva, também precipuamente, atinge a reputação do agente em seu meio social, não podemos considerá-las de forma estanque, completamente compartimentadas... Dessa forma, somente podemos considerar a distinção entre honra objetiva e honra subjetiva para identificar a classificação da figura típica, bem como para poder apontar, com mais segurança, o momento e consumação da infração penal pretendida pelo agente. (GRECO, Rogério, Direito Penal – Parte Especial, p. 397).
É salutar a imperiosa visão do exímio autor, tendo em vista que, uma palavra que pode ofender a honra subjetiva de mesmo modo poderá ofender a honra objetiva, cite-se como exemplo chamar alguém de mau-caráter, além de atingir a dignidade do agente, macula sua imagem no grupo social.
2.2 IMUNIDADE PARLAMENTAR
De maneira expressa na Constituição está a Imunidade Parlamentar no Art. 53 “Os Deputados e Senadores são invioláveis, civil e penalmente por quaisquer de suas opiniões, palavras e votos”.
A imunidade material de Deputados e Senadores como expressa na Constituição Federal, está atrelada a defesa de seus mandatos, sendo assim podem sem medo de qualquer retaliação civil ou penal, emitir livremente opiniões e votar de acordo com a sua consciência.
Frise-se que a imunidade material só está atrelada a discussões de natureza política, ou seja, somente pode proferir “ofensas” a honra de terceiro no cumprimento de suas funções legislativas, caso ocorra o contrário o parlamentar será penalmente punido, para que haja um melhor discernimento ao que concerne o assunto é formidável salientar o que preleciona Damásio, elencando de maneira sabia e precisa requisitos para que se reconheça a imunidade material. 
Primeiro há que se observar se a ofensa é proferida no exercício do mandato, segundo, se há nexo de necessidade entre tal exercício e o fato cometido, ora, caso um parlamentar use a tribuna do parlamento para denegrir a imagem de um adversário atribuindo-lhe fato que venha a sujeitar sua imagem a ermo, por exemplo, dizer para aquele “tomar conta de sua esposa, visto, que é sabido que a mesma o tenha traído” vise-se que aqui, no fato descrito, as ofensas em nada tem relação política com o mandato de um, muito menos de outro, in casu, deverá o parlamentar ser responsabilizado pelo tipo penal que infringiu.
Importante mencionar ainda que, no caso de se tratar de vereadores, há certas restrições, tendo em vista que, os mesmos são imunes apenas dentro de sua circunscrição, ou seja, está limitado apenas ao território de seu município.
3. CALÚNIA
Caluniar é imputar a alguém, um fato concreto, definido como crime, onde o agente tem a consciência da falsidade desta imputação.
Art. 138 - Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato definido como crime:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa.
§ 1º - Na mesma pena incorre quem, sabendo falsa a imputação, a propala ou divulga.
§ 2º - É punível a calúnia contra os mortos.
3.1 EXCEÇÃO DA VERDADE
§ 3º - Admite-se a prova da verdade, salvo:
I - se, constituindo o fato imputado crime de ação privada, o ofendido não foi condenado por sentença irrecorrível;
II - se o fato é imputado a qualquer das pessoas indicadas no nº I do art. 141;
III - se do crime imputado, embora de ação pública, o ofendido foi absolvido por sentença irrecorrível.
3.2 BEM JURÍDICO
O bem jurídico protegido pelo delito de calúnia é a honraobjetiva, isto é, a reputação do indivíduo, aquilo que o agente entende que goza em seu meio social.
3.3 SUJEITOS
O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa física, desde que seja imputável, sem necessidade de reunir qualquer outra condição. A pessoa jurídica por faltar-lhe a capacidade penal, não pode ser sujeito ativo dos crimes contra a honra.
O sujeito passivo pode ser qualquer pessoa, inclusive os inimputáveis, sejam menores, sejam enfermos mentais, não se lhes exigindo, literalmente, qualquer condição especial.
3.4 TIPO OBJETIVO
Calúnia é a imputação falsa a alguém de fato definido como crime. É em outros termos, uma espécie de “difamação agravada” por imputar, falsamente, ao ofendido não apenas um fato desonroso, mas um fato definido como crime.
3.5 TIPO SUBJETIVO
O elemento subjetivo do tipo é o dolo de dano, a vontade específica de ofender a honra da vítima (animus calumniandi), o dolo pode ser direto ou eventual.
3.6 CONSUMAÇÃO E TENTATIVA
A consumação da calúnia se dá quando um terceiro passa a conhecer da imputação falsa de fato definido como crime. A tentativa, em regra, não é admitida, mas pode ocorrer dependendo do meio pelo qual é executado o delito. Se por exemplo, for através de documento escrito, onde uma pessoa está preparando folhetos caluniosos contra outro e, está prestes a distribuí-los, sendo interrompido por este, ocorre a tentativa, pois houve o início da realização do tipo, que não se findou por motivos alheios à sua vontade.
3.7 PENA E AÇÃO PENAL
A sanção penal é cumulativa, de seis meses a dois anos de detenção e multa, para a modalidade simples. Há previsão de duas majorantes: em um terço (art. 141, I,II e III) ou duplicada (art. 145, § único).
3.8 CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA
	Crime formal
	Consuma-se independente de o sujeito ativo conseguir obter o resultado pretendido
	Crime comum
	Podendo ser praticado por qualquer pessoa
	Instantâneo
	Consuma-se no momento em que a ofensa é proferida ou divulgada
	Conteúdo variado 
	Mesmo que o agente impute falsamente a prática de crime e a seguir a divulgue, não pratica dois crimes, mas apenas um
	Comissivo
	Em nenhuma de suas formas cabe a conduta omissiva
	Doloso
	Não há previsão de modalidade culposa
	Unissubsistente 
	Via oral
	Plurissubsistente
	Por escrito
4. DIFAMAÇÃO
É a honra, isto é, a reputação do indivíduo, a sua boa fama, o conceito que a sociedade lhe atribui.
Art. 139 - Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo à sua reputação:
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
4.1 EXCEÇÃO DA VERDADE
Parágrafo único - A exceção da verdade somente se admite se o ofendido é funcionário público e a ofensa é relativa ao exercício de suas funções.
4.2 SUJEITOS
Sujeito ativo – qualquer pessoa, sem qualquer condição especial;
Sujeito passivo - qualquer pessoa, até mesmo os inimputáveis, desde que tenham capacidade de entender que estão sendo ofendidos em sua honra pessoal.
4.3 TIPO OBJETIVO
É a imputação, a atribuição a alguém de fato ofensivo à sua reputação. O fato não precisa ser falso nem ser definido como crime.
4.4 TIPO SUBJETIVO
É o dolo de dano, vontade consciente de difamar o ofendido imputando-lhe a prática de fato desonroso, sendo irrelevante tratar-se de fato falso ou verdadeiro e é indiferente que o sujeito ativo tenha consciência dessa circunstância. O dolo pode ser direto ou eventual. 
4.5 CONSUMAÇÃO E TENTATIVA
Consuma-se quando o conhecimento da imputação chega a uma terceira pessoa; Em regra a tentativa não é admitida. Mas a tentativa será admitida quando existir um iter criminis que pode ser fracionado.
4.6 PENA E AÇÃO PENAL
A sanção penal é cumulativa, de três meses a um ano de detenção e multa. Pode ser majorada de um terço se o fato é cometido contra o presidente da República ou chefe de governo estrangeiro, contra funcionário público em razão de suas funções;
A ação penal, como regra geral, é de exclusiva iniciativa privada (art. 145). Será , porém, pública condicionada quando praticada contra os sujeitos citados acima.
4.7 CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA
	Crime comum
	Podendo ser praticado por qualquer pessoa, não sendo exigida nenhuma condição ou qualidade especial do sujeito ativo
	Crime formal
	Consuma-se independente de o sujeito ativo conseguir obter o resultado pretendido
	Instantâneo
	Consuma-se no momento em que a ofensa é proferida ou divulgada
	Comissivo
	Não pode ser praticado através de conduta omissiva
	Doloso
	Não há previsão de modalidade culposa
	Unissubisistente
	Via oral, completando-se com ato único
	Plurissubisistente
	Por escrito, que permite fracionamento
	Formas Qualificadas
	Não possui formas qualificadas, somente algumas figuras majoradas
5. INJÚRIA
É a honra subjetiva, isto é, a pretensão de respeito à dignidade humana, representada pelo sentimento ou concepção que temos a nosso respeito.
Art. 140 - Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro:
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
§ 1º - O juiz pode deixar de aplicar a pena:
I - quando o ofendido, de forma reprovável, provocou diretamente a injúria;
II - no caso de retorsão imediata, que consista em outra injúria.
§ 2º - Se a injúria consiste em violência ou vias de fato, que, por sua natureza ou pelo meio empregado, se considerem aviltantes:
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa, além da pena correspondente à violência.
§ 3o Se a injúria consiste na utilização de elementos referentes a raça, cor, etnia, religião, origem ou a condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência: (Redação dada pela Lei nº 10.741, de 2003)
Pena - reclusão de um a três anos e multa.(Incluído pela Lei nº 9.459, de 1997)
5.1 SUJEITOS
Sujeito ativo – qualquer pessoa, sem qualquer condição especial;
Sujeito passivo - qualquer pessoa, até mesmo os inimputáveis, desde que tenham consciência de que está sendo lesada sua dignidade ou decoro.
5.2 TIPO OBJETIVO
Injuriar é ofender a dignidade ou o decoro de alguém. É essencialmente uma manifestação de desprezo e de desrespeito suficientemente idônea para ofender a honra da vítima no seu aspecto interno.
5.3 TIPO SUBJETIVO
É o dolo de dano, vontade livre e consciente de injuriar o ofendido, atribuindo-lhe um juízo depreciativo.
5.4 CONSUMAÇÃO E TENTATIVA
Consuma-se quando a ofensa irrogada chega ao conhecimento do ofendido; Em regra a tentativa não é admitida. Mas a tentativa será admitida quando existir um iter criminis que pode ser fracionado.
5.5 PENA E AÇÃO PENAL
A sanção penal para a figura simples é alternativa, detenção de um a seis meses ou multa. Na injúria real é cumulativa, detenção de três meses a um ano e multa, além da pena correspondente à violência (§2º) e finalmente, a injúria por preconceito é sancionada, cumulativamente com reclusão de um a três anos e multa (§3º);
A ação penal, como regra geral, é de exclusiva iniciativa privada (art. 145). Será, porém, pública condicionada quando praticada contra presidente da República ou chefe de governo estrangeiro, contra funcionário público, em razão de suas funções. Outra exceção a regra geral, ocorre quando, na injúria real, da violência resultar lesão corporal (arts. 140, §2º, e 145, caput, 2ª parte).
5.6 CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA
	Crime comum
	Podendo ser praticado por qualquer pessoa, não sendo exigida nenhuma condição ou qualidade especial do sujeito ativo;
	Crime formal
	Consuma-se independente de o sujeito ativo conseguir obter o resultado pretendido que é o dano à dignidade ou ao decoro do ofendido;
	Instantâneo
	Consuma-se no momento em que a ofensa chega ao conhecimento do ofendido;
	Comissivo
	Dificilmente poderá ser praticado através de conduta omissiva;
	Doloso
	Não há previsão de modalidade culposa;
	Unissubisistente
	Via oral, completando-se com ato único;
	Plurissubisistente
	Por escrito, que permite fracionamento.Formas Qualificadas
	Injúria real – consiste em violência ou via de fato, que, por sua natureza ou pelo meio empregado, são considerados aviltantes;
	
	Injúria preconceituosa – praticada com a utilização de elementos referentes à raça, cor, etnia, religião, origem ou condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência.
6. DISPOSIÇÕES COMUNS AOS CRIMES CONTRA A HONRA
As penas dos crimes contra a honra sofrem um aumento da ordem de um terço nos seguintes casos:
Art. 141 - As penas cominadas neste Capítulo aumentam-se de um terço, se qualquer dos crimes é cometido:
I - contra o Presidente da República, ou contra chefe de governo estrangeiro;
No caso do Presidente da República é preciso atentar que pode haver crime da Lei de Segurança Nacional (art. 26), mas somente quando o crime contra a honra tem fim de abalar a Segurança Nacional, sendo aplicável o dispositivo nos demais casos que configuram crime comum.
Art. 141, II - contra funcionário público, em razão de suas funções;
Neste caso o aumento se justifica, tendo em vista que não há apenas o atingimento da honra da pessoa individualmente, mas também a honorabilidade e respeitabilidade da Administração Pública. Tenha-se sempre em vista que não basta para configurar o aumento o fato de ser o ofendido funcionário público, necessitando que a ofensa se dê em razão das funções.
Art. 141, III - na presença de várias pessoas, ou por meio que facilite a divulgação da calúnia, da difamação ou da injúria.
Neste inciso, para configurar várias pessoas deve haver uma quantidade considerável, como no caso de uma plateia em um espetáculo, numa palestra, numa sala de aula etc. Ainda nesse inciso, o meio que facilite a divulgação pode ser, por exemplo: impressos, alto-falantes, fotos, filmes, cartaz es etc.
Antes da declaração de inconstitucionalidade da Lei de Imprensa (Lei 5.250/67) pelo STF não podia o meio ser jornal, revista, rádio ou TV, pois nesses casos haveria configuração de Crime de Imprensa. Atualmente, com a referida manifestação do STF (ADPF 130/2009), a causa de aumento de pena pode ser normalmente aplicada nesses casos. Deve-se apenas atentar, nos casos do rádio e TV, para as tipificações especiais do Código Brasileiro de Telecomunicações.
Art. 141, IV - contra pessoa maior de 60 (sessenta) anos ou portadora de deficiência, exceto no caso de injúria. (Incluído pela Lei nº 10.741, de 2003)
Este inciso foi acrescentado pelo Estatuto do Idoso (Lei n. 10.741/2003), tendo por escopo ensejar uma maior proteção aos idosos e aos portadores de deficiência, bem como repudiar com maior eloquência atitudes preconceituosas. 
Note-se que é excetuado o caso da injúria, para a qual tal aumento de pena é inaplicável. Isso se deve ao fato de que o mesmo diploma legal acima mencionado também acrescentou como figuras de injúria qualificada pelo preconceito o fato de a ofensa ser relacionada com as condições de pessoa idosa (maior de 60 anos) ou portadora de deficiência. Nesses casos o agente j á responderá pelo crime qualificado, com pena consideravelmente mais gravosa nos termos do art. 140, § 3º , CP, de modo que a aplicação do aumento de pena previsto no inciso em estudo configuraria bis in idem.
Parágrafo único - Se o crime é cometido mediante paga ou promessa de recompensa, aplica-se a pena em dobro.
As penas são aplicadas em dobro se o agente atua movido por interesse pecuniário (paga ou promessa de recompensa).
7. EXCLUSÃO DO CRIME
As excludentes gerais da antijuridicidade – estado de necessidade, legítima defesa, estrito cumprimento de dever legal e exercício regular de direito – podem ocorrer normalmente nos crimes contra a honra. Podem existir ainda, circunstâncias especiais capazes de, excepcionalmente, justificar a prática da conduta geralmente ofensiva.
O art. 142, CP, em seus três incisos, alinha os casos em que a injúria ou a difamação não são puníveis. Por óbvio, à calúnia não se aplicam os citados dispositivos.
Art. 142 - Não constituem injúria ou difamação punível:
I - a ofensa irrogada em juízo, na discussão da causa, pela parte ou por seu procurador;
As partes ao digladiarem em juiz o devem contar com um mínimo de liberdade para manifestação de seus pontos de vista, ainda que sejam em certa medida ofensivos em relação aos demais envolvidos no processo. Por exemplo, um advogado deve ter liberdade para externar os motivos que o levam a aduzir a suspeição do juiz para determinado processo, sob pena de ser cerceado o exercício de sua profissão (art. 133, CF).
Embora a lei fale somente da discussão da causa em juizo, pensamos que por uma interpretação extensiva do dispositivo deve abranger toda atuação do advogado, inclusive em processos administrativos, inquéritos policiais etc. Destaque-se, porém, que esta excludente de punibilidade não é ilimitada, de modo que pode haver abusos que devem ser analisados com bom-senso em cada caso concreto.
Art. 142, II - a opinião desfavorável da crítica literária, artística ou científica, salvo quando inequívoca a intenção de injuriar ou difamar;
A crítica deve realmente ser livre, pois caso contrário não teria razão de existir. Ela é salutar e propicia o desenvolvimento e aprimoramento das atividades que tem por objeto. Malgrado isso, também aqui há que considerar que pode haver abusos a impedirem a aplicação da norma excludente, configurando-se normalmente o crime. Neste caso específico a lei é inclusive expressa a respeito, ao ressalvar a hipótese de ser “inequívoca a intenção de injuriar ou difamar”.
Art. 142, III - o conceito desfavorável emitido por funcionário público, em apreciação ou informação que preste no cumprimento de dever do ofício.
Também neste caso há que se reservar alguma liberdade ao funcionário encarregado de emitir apreciações ou informações no cumprimento de seus deveres, sob pena de tornar sua função desprovida de utilidade.
Art. 142, Parágrafo único - Nos casos dos ns. I e III, responde pela injúria ou pela difamação quem lhe dá publicidade.
É claro que a divulgação voluntária e descabida do conteúdo de uma discussão judicial ou de uma deliberação funcional não pode encontrar abrigo nas excludentes. No entanto, deve-se atentar para o fato de que a atuação do sujeito, para configurar crimes contra a honra, deve ser dolosa, de maneira que pretenda com a divulgação atingir a honra das pessoas implicadas, ou seja, atua sem justa causa. Isso porque não se pode olvidar o Princípio da Publicidade, que orienta os processos judiciais e administrativos em geral. O dispositivo não menciona o caso do inciso II porque a crítica (literária, artística ou científica) abriga em sua própria natureza a divulgação, de modo que não pode ser apenado aquele que divulga tais manifestações no exercício natural dessa atividade
8. RETRATAÇÃO
Art. 143 - O querelado que, antes da sentença, se retrata cabalmente da calúnia ou da difamação, fica isento de pena.
Parágrafo único. Nos casos em que o querelado tenha praticado a calúnia ou a difamação utilizando-se de meios de comunicação, a retratação dar-se-á, se assim desejar o ofendido, pelos mesmos meios em que se praticou a ofensa. (Incluído pela Lei nº 13.188, de 2015)
Retratar-se significa desdizer-se, declarar que errou, retirar o que disse, sendo causa de extinção de punibilidade nos termos do art. 107, VI, CP. Porém, a retratação não é aplicável a todo e qualquer caso de crime contra a honra. Em primeiro lugar ela só se aplica aos casos de ação penal privada, já que o art. 143 menciona a palavra “querelado”. A retratação também só se aplica à calúnia e à difamação.
Não tem cabimento na injúria, uma vez que esta atinge a honra subjetiva primordialmente, de maneira que a retratação não teria o condão de reparar o mal ocasionado. Nos casos de calúnia e difamação que têm como objeto a honra objetiva, a retratação pode ocasionar um efeito reparador da reputação da vítima no seio social. Havendo coautores, a retratação de um deles não aproveita aos outros. Ademais,ela deve ser cabal, completa, não servindo a parcial ou condicional. A retratação não depende de aceitação do ofendido.
9. PEDIDO DE EXPLICAÇÕES
Art. 144 - Se, de referências, alusões ou frases, se infere calúnia, difamação ou injúria, quem se julga ofendido pode pedir explicações em juízo. Aquele que se recusa a dá-las ou, a critério do juiz, não as dá satisfatórias, responde pela ofensa
O pedido de explicações é cabível quando há dúvida sobre a intenção de ofender ou a quem se queria ofender. Trata-se de medida preparatória e facultativa na qual o juiz só decide sobre a satisfatoriedade ou não das explicações, mas não há condenação ou pré-julgamento. Poderão ocorrer duas situações:
Se o juiz considera as explicações satisfatórias, a ação penal não pode ser intentada por falta de justa causa; 
Se o juiz considera as explicações insatisfatórias ou elas não são apresentadas, cabe ao ofendido intentar a ação penal respectiva. É importante ressaltar que o juiz não profere decisão no pedido de explicações. Ele será objeto de análise somente posteriormente no processo-crime, no momento da sentença.
10. AÇÃO PENAL NOS CRIMES CONTRA A HONRA
Art. 145 - Nos crimes previstos neste Capítulo somente se procede mediante queixa, salvo quando, no caso do art. 140, § 2º, da violência resulta lesão corporal.
Parágrafo único - Procede-se mediante requisição do Ministro da Justiça, no caso do n.º I do art. 141, e mediante representação do ofendido, no caso do n.º II do mesmo artigo.
Parágrafo único. Procede-se mediante requisição do Ministro da Justiça, no caso do inciso I do caput do art. 141 deste Código, e mediante representação do ofendido, no caso do inciso II do mesmo artigo, bem como no caso do § 3º do art. 140 deste Código. (Redação dada pela Lei nº 12.033. de 2009)
Em regra a ação penal nos crimes contra a honra é privada. Atualmente a Lei n. 9.099/95 pode ser aplicada aos crimes contra a honra (art. 61 da Lei n. 9.099/95). Excetuam-se a calúnia com aumento de pena (art. 138 c/c 141, CP) e a injúria por preconceito (art. 140, § 3º, CP), vez que nestes casos a pena máxima ultrapassa 2 anos. 
A difamação, a injúria e mesmo a injúria real, ainda que com aumento de pena, configuram infrações penais de menor potencial ofensivo, pois mesmo com o eventual acréscimo não ultrapassam o patamar máximo de 2 anos. Também a calúnia simples tem pena máxima de 2 anos, não fugindo do conceito de infração de menor potencial ofensivo. São exceções em que a ação penal é pública:
10.1 PÚBLICA INCONDICIONADA, NOS CASOS DE INJÚRIA REAL COM LESÕES CORPORAIS (ART. 145, CP)
Para isso deve sofrer a vítima lesões corporais, ainda que leves, pois se houver apenas vias de fato o crime continua sendo normalmente de ação penal privada. A doutrina tem revisto a interpretação desse dispositivo do Código Penal, considerando a modificação dessa situação com o advento da Lei n. 9.099/95, que estabeleceu que o crime de lesões corporais leves seria de ação penal pública condicionada a representação (art. 88 da Lei n. 9.099/95). 
Tratando-se então de injúria real com lesões leves, a ação penal deveria tornar-se pública sim, mas condicionada a representação do ofendido. Somente continuariam sendo de ação penal pública incondicionada os casos de injúria real com lesões corporais de natureza grave ou gravíssima.
10.2 PÚBLICA CONDICIONADA
10.2.1 - A requisição do Ministro da Justiça nos casos do art. 141, I, CP.
São os casos em que a vítima é o Presidente da República ou chefe de governo estrangeiro. O condicionamento da ação penal deve-se a razões de ordem política que podem orientar a oportunidade ou conveniência da ação penal. Observe-se que no caso do Presidente da República, se tratar-se de crime contra a Segurança Nacional, a ação penal será pública incondicionada.
10.2.2 A representação do ofendido no caso do art. 141, II, CP.
Este é o caso em que a vítima é funcionário público e a ofensa refere-se ao exercício de suas funções. Sobre o tema há a Súmula 714 do STF, que estabelece o seguinte:
É concorrente a legitimidade do ofendido, mediante queixa, e do Ministério Público, condicionada a representação do ofendido, para ação penal por crime contra a honra de servidor público em razão do exercício de suas funções.
Assim sendo há duas orientações: a legal, que estabelece a ação penal pública condicionada para tais casos, e a construção pretoriana, que permite alternativa entre a ação penal pública condicionada e a ação penal privada intentada diretamente pelo próprio ofendido por meio de seu advogado.
Observe-se que no caso do funcionário público, para que a ação penal possa ser pública condicionada, a ofensa deve ser irrogada em razão das funções, caso contrário será normalmente privada.
10.2.3 Representações do ofendido nos casos de injúria qualificada pelo preconceito, de acordo com o art. 140, § 3º CP. 
A Lei n. 12.033, de 29 de setembro de 2009, acrescentou uma parte final no parágrafo único do art. 145, CP, estabelecendo que doravante a ação penal seja pública condicionada à representação nesses casos.
11. OUTRAS CONSIDERAÇÕES ACERCA DOS CRIMES
Auto calúnia não é crime, a não ser no caso de configurar autoacusação falsa (art. 341, CP).
Atribuir a alguém a prática de Contravenção Penal não infamante – por exemplo, dirigir embarcação em águas públicas sem habilitação –, não caracteriza difamação porque não atinge a honra.
Na difamação não interessa se o fato é verdadeiro ou falso, pois pretende-se evitar que um se arvore em censor do outro.
Injúria contra funcionário público no exercício ou em razão das funções configura desacato (art. 331, CP).
Injúria contra morto, dependendo do caso (ex.: cuspir ou esbofetear o defunto), pode configurar vilipêndio a cadáver (art. 212, CP).
O Estatuto do Idoso (Lei n. 10.741/2003) previu em seu art. 105 a conduta criminosa de “exibir ou veicular, por qualquer meio de comunicação, informações ou imagens depreciativas ou injuriosas à pessoa do idoso”.
A pena prevista é de detenção de 1 a 3 anos e multa. Esse tipo penal parece não tutelar a honra individual, mas sim aquela que se refere ao idoso considerado como categoria ou grupo social. Assim sendo, distingue-se dos demais crimes contra a honra previstos no Código Penal e legislações especiais porque abrange condutas que depreciem ou atinjam a honra da “pessoa do idoso” considerada como categoria abstrata, e não pessoa(s) determinada(s).
Quando um idoso em específico seja atingido diretamente pela ofensa, configurar-se-á crime contra a honra com aumento de pena nos termos do art. 141, IV, CP; 140, § 3º, CP (idoso) ou infração prevista em outros diplomas específicos (v.g. Código Penal Militar, Código Brasileiro de Telecomunicações etc.).
12. CONCLUSÃO
Neste trabalho, foi realizado uma análise dos artigos 138 a 145 do atual Código Penal brasileiro, com observância dos verbos da estrutura típica e outros elementos importantes. A conduta típica é marcada por um ou mais verbos. Normalmente, a sanção penal é formada com penas isoladas de reclusão ou detenção, que vem isolado ou cumulado com a pena de multa, aparecem alternadas as penas de reclusão ou detenção.
O Código penal brasileiro descreve a conduta criminosa no seu preceito primário e estabelece a sanção penal, em seu preceito secundário. Outra curiosidade, é que os crimes geralmente são dolosos. Os crimes culposos são excepcionais. A maior parte dos crimes culposos está no título dos crimes contra a incolumidade pública.
O Código Penal distribui os seus tipos em ação penal de iniciativa pública, incondicionada e condicionada à representação da vítima ou de seus representantes legais, ou ainda mediante requisição do Ministro da Justiça nos crimes praticados contra a honra previstos no artigo 145 do CP. A ação de iniciativa penal privada é prevista como regra nos crimes contra a honra, artigos 138, 139 e 140 do CP, sendo exclusiva e personalíssima.
REFERÊNCIA
BITENCOURT, Cezar Roberto.Tratado de Direito Penal: parte especial, volume 2. - 7. Ed. Rev e atual. – São Paulo: Saraiva, 2007.
CABETTE, Eduardo Luiz Santos. Direito penal: parte especial I / Eduardo Cabette. – São. Paulo: Saraiva, 2012.
CAPEZ, Fernando. Curso de direito penal. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 2010. v. 2.
COSTA JUNIOR, Paulo José da. Direito penal – Curso completo. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 1999.
GRECO, Rogério. Código Penal: comentado. 3. ed. – Niterói, RJ: Impetus, 2009.
GRECO, Rogério, Direito Penal Parte Especial, v, p. 441;
HUNGRIA, Nelson. Comentários ao Código Penal. 3. ed. Rio de Janeiro: Forense, 1967. v. VII.
JESUS, Damásio Evangelista de. Direito penal. 27. ed. São Paulo: Saraiva, 2005. v. 2
MIRABETE, Júlio Fabbrini. Manual de direito penal. 28. ed. São Paulo: Atlas, 2011. v. II.
NORONHA, Edgard Magalhães. Direito penal. 24. ed. São Paulo: Saraiva, 1990. v. 2 e 3.
NUCCI, Guilherme de Souza. Código Penal comentado. 4. ed. São Paulo: RT 2003
TELES, Ney Moura. Direito penal. São Paulo: Atlas, 2004. v. II.
ANEXO I
Nesta oportunidade, replico ipsis litteris, como anexo deste trabalho, o Artigo publicado na página Canal Ciências Criminais em 06/01/2016 (acesso em 15/05/2016) pelo Mestre em Ciências Criminais, Dr. Carlo Velho Masi sobre as mudanças no âmbito dos Crimes Contra a Honra previstas na Lei 13.188/2015, que dispõe sobre o direito de resposta ou retificação do ofendido em matéria divulgada, publicada ou transmitida por veículo de comunicação social. É que o Art. 10 da Lei supra citada, é alvo da ADI nº 5.415 no STF.[1: http://canalcienciascriminais.com.br/artigo/os-crimes-contra-a-honra-e-as-novas-dimensoes-do-direito-de-resposta/][2: Mestre em Ciências Criminais, Especialista em Direito Penal Econômico, Especialista em Direito Penal Criminal, Advogado Criminalista]
“NOVAS DIMENSÕES DO DIREITO DE RESPOSTA
A lei nº 13.188, de 11 de novembro de 2015, disciplina o exercício administrativo e judicial do direito de resposta ou retificação do ofendido, de forma gratuita e proporcional ao agravo, em “matéria” divulgada, publicada ou transmitida por veículo de comunicação social (mídias escrita, televisiva e radiofônica e internet) que caracterize ilícito contra a honra (injúria, calúnia ou difamação), do qual pode ser vítima tanto a pessoa física quanto a jurídica (de direito público ou privado.
“Matéria”, para efeitos desta lei, é “qualquer reportagem, nota ou notícia divulgada por veículo de comunicação social, independentemente do meio ou da plataforma de distribuição, publicação ou transmissão que utilize, cujo conteúdo atente, ainda que por equívoco de informação, contra a honra, a intimidade, a reputação, o conceito, o nome, a marca ou a imagem de pessoa física ou jurídica identificada ou passível de identificação”. Ficam expressamente excluídos deste conceito os “comentários realizados por usuários da internet nas páginas eletrônicas dos veículos de comunicação social”.
A retratação ou a retificação espontânea da matéria não impede o exercício do direito de resposta, tampouco prejudica a ação de reparação pelo dano moral causado (art. 2º, §3º). Na esfera penal, contudo, de acordo com o art. 143 do CP, o querelado fica isento de pena (escusa absolutória), nos delitos de calúnia e difamação, caso se retrate até a publicação da sentença (art. 143, caput, do CP), o que acarreta a extinção da punibilidade do crime (art. 107, VI, do CP). Agora, o Código Penal passa a contar com uma nova disposição: “Nos casos em que o querelado tenha praticado a calúnia ou a difamação utilizando-se de meios de comunicação, a retratação dar-se-á, se assim desejar o ofendido, pelos mesmos meios em que se praticou a ofensa” (art. 143, parágrafo único). Trata-se de uma evolução no tratamento do tema, haja vista que possibilita a imediata satisfação do ofendido, sem a necessidade de ajuizamento de ação penal privada.
O direito de resposta ou retificação tem prazo decadencial de 60 (sessenta) dias, contados “da data de cada divulgação, publicação ou transmissão da matéria ofensiva” ou, no caso de divulgação, publicação ou transmissão continuada e ininterrupta, “da data em que se iniciou o agravo”, devendo ser exercido, pelo próprio ofendido ou seu representante legal (caso o ofendido esteja ausente do país ou tenha falecido, por cônjuge, descendente, ascendente ou irmão), mediante encaminhamento de correspondência com aviso de recebimento a cada um dos veículos de comunicação social ou a quem por eles responda, “independentemente de quem seja o responsável intelectual pelo agravo” (ou seja, independente de quem seja o efetivo autor da matéria ofensiva). Ao que se nota, o prazo para exigir retratação ou retificação é bastante exíguo, o que assegura que o agravo seja realmente lesivo à honra do ofendido.
De um modo geral, a resposta ou retificação deve ter o mesmo destaque, publicidade, alcance (municípios, Estados, p. ex.), periodicidade, dimensão e duração da matéria ofensiva original, podendo o ofendido requerer sua divulgação, publicação ou transmissão “nos mesmos espaço, dia da semana e horário do agravo”.
O veículo de comunicação social terá o prazo de 7 (sete) dias, contados do recebimento do pedido extrajudicial, para publicitar a resposta ou retificação. Caso não o faça, fica caracterizado o interesse jurídico na propositura de ação com esta finalidade no domicílio do ofendido ou, por sua opção, no lugar onde o agravo obteve maior repercussão. A ação destinada a garantir o direito de resposta ou retificação seguirá o rito especial previsto na lei (art. 6 e ss.) e não fica suspensa durante férias forenses.
Nos termos do art. 6º, parágrafo único, “O agravo consistente em injúria não admitirá a prova da verdade”, até porque trata-se de delito que tutela a honra subjetiva da vítima. O mesmo não ocorre com a calúnia (falsa imputação de fato definido como crime) e na difamação (falsa imputação de fato ofensivo à reputação) de funcionário público por fato relativo ao exercício de suas funções (arts. 138, §3º, e 139, parágrafo único, ambos do Código Penal).
Havendo prova da verossimilhança do pedido ou justificado receio de ineficácia do provimento final, é facultado ao juiz conceder antecipação de tutela para, 24 horas após a citação, fixar “desde logo as condições e a data para a veiculação, em prazo não superior a 10 (dez) dias, da resposta ou retificação”, podendo esta se dar na edição imediatamente seguinte do periódico onde publicada a ofensa. Tal medida pode ser reconsiderada ou modificada a qualquer momento, bem como imposta ex officio multa diária ao réu pelo seu descumprimento, que não se compensa com eventual reparação ou indenização em ação própria.
A sentença deverá ser prolatada em 30 (trinta) dias, a partir do ajuizamento da ação, exceto se o pedido for convertido em reparação por perdas e danos (materiais, morais e à imagem), hipótese em que o prosseguimento se dará pelo rito ordinário.
O art. 10 da Lei 13.188/2015 é alvo da ADI nº 5415, ajuizada pelo Conselho Federal da OAB, que busca declarar a inconstitucionalidade da exigência de um “juízo colegiado prévio” com o fim de, verificada a plausibilidade e urgência da medida, conceder efeito suspensivo às decisões que asseguram o direito de resposta. Alega a OAB que tal exigência fere os princípios da igualdade entre as partes, do acesso à justiça, da separação de poderes e do devido processo legal. O relator, Min. Dias Toffoli, concedeu medida cautelar para suspender a eficácia do dispositivo, alegando que “admitir que um juiz integrante de um tribunal não possa, ao menos, conceder efeito suspensivo a recurso dirigido contra decisão de juiz de 1º grau é subverter a lógica hierárquica estabelecida pela Constituição, pois é o mesmo que atribuir ao juízo de primeira instância mais poderes que ao magistrado de segundo grau de jurisdição” (veja aqui).
Por fim, a lei deixa expresso que as medidas administrativas e judiciais nela previstas não impedem o ajuizamentoparalelo de ações de natureza cível e criminal contra o veículo de comunicação ou seu responsável pela violação da honra.
Cumpre recordar que a ação penal nos crimes contra a honra é, via de regra, de iniciativa privada (art. 145 do CP). O prazo decadencial do direito de queixa é de 6 (seis) meses, contados do dia em que o ofendido tomou ciência de quem praticou o crime (art. 103 do CP) e de que este direito não pode ser exercido se houver renúncia (art. 104 do CP) expressa ou tácita (ato incompatível com a vontade de exercê-lo, sem prejuízo do recebimento de indenização pelo dano causado pelo crime) ou for concedido perdão (art. 105 do CP). Ademais, existe uma independência relativa entre as instâncias civil, administrativa e criminal, com prevalência desta última para exame da existência material do fato (art. 63 e ss. do CPP; art. 935 do CC; e arts. 125 e 126 da Lei nº 8.112/90).
Portanto, a nova lei do direito de resposta traz um regramento objetivo e célere para o seu exercício pela via administrativa e, caso necessário, judicial, por meio de ação com processamento por rito especial, satisfazendo prontamente o interesse do ofendido (pessoa física ou jurídica) em ver sua reputação restaurada por matéria que atente contra sua honra subjetiva ou objetiva.
Com a alteração do Código Penal, a retratação espontânea efetivada pelo mesmo meio em que se praticou a ofensa tem o potencial de relegar ao Direito Penal exclusivamente aqueles casos mais graves em que for absolutamente necessária sua intervenção, onde as partes não puderem chegar ao consenso por vias mais amenas e onde a imposição de uma pena for a ultima e extrema ratio que demande a intervenção estatal no conflito estabelecido.”

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