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AÇÃO DE CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO Vejam: pode-se definir a relação obrigacional como vínculo jurídico existente entre duas ou mais partes, por meio da qual uma delas, que é o credor, pode exigir de outra, o devedor, prestação economicamente apreciável (obrigação de dar, entregar, fazer ou não fazer algo). Mencionada no art. 334 do CC brasileiro, a consignação, consistente no depósito judicial ou extrajudicial de coisa devida, tem a mesma força liberatória que o pagamento. Em que pese seja o pagamento a forma normal de extinção das obrigações, é evidente em que haverá situações em que essa solução não será possível. Deste modo, sempre que se estiver diante de mora do credor em aceitar o cumprimento da prestação (mora accipiendi) ou então quando for impossível o pagamento por motivos não imputáveis ao devedor, poderá exonerar-se da obrigação por meio da consignação em pagamento. (MARINONI, Curso de processo civil, v. 3, p. 135). Obs. Consignação não é pagamento. A função da consignação é livrar-se da obrigação, evitando com isso permaneça com o encargo de responder pelos juros e pelos riscos sobre a coisa. Conceito: forma indireta de o devedor se livrar do vínculo obrigacional independentemente de aquiescência do credor, nos casos legais (art. 334 do Código Civil). O pagamento por consignação só terá eficácia liberatória quando concorrerem em relação às pessoas, ao objeto, ao modo e ao tempo, todos os requisitos sem os quais não é válido o pagamento. O devedor pode utilizar a consignação enquanto a prestação for útil ao credor. Hipóteses que autorizam a consignação (art. 335 do Código Civil): mora accipiendi, quando a dívida for provável; mora accipiendi, quando a dívida for quesível; devedor não pode receber a quitação válida; dúvida quanto à titularidade do crédito; litígio sobre o objeto do pagamento. Qual o objeto? A ação de consignação em pagamento só pode ter por objeto as obrigações de dar (dinheiro ou outro gênero da coisa). A prestação há de ser líquida e certa, ainda que indeterminada a coisa. Nos casos de obrigação bilateral, um dos obrigados pode valer-se da consignação. O outro só terá direito ao levantamento do depósito após comprovar que cumpriu a obrigação que lhe cabia. Obs. Existem duas modalidades de consignação: a extrajudicial e a judicial. A nós, interessa mais a judicial. EXTRAJUDICIAL: Hipótese – a critério do devedor quando a prestação for quantia em dinheiro e existir estabelecimento bancário no lugar do pagamento (art. 539, § 3º). Outros pressupostos - * credor certo, capaz e solvente; * certeza quanto ao objeto da obrigação. Procedimento – credor é cientificado do depósito. Havendo recusa manifesta, o devedor poderá ajuizar ação consignatória, no prazo de um mês. Não o fazendo, a obrigação continua em aberto (art. 539, § 3º). JUDICIAL: Necessariamente quando a obrigação tiver por objeto coisa diferente de dinheiro, quando não for possível utilizar a via extrajudicial (bancária) ou quando o devedor não tiver logrado êxito com a consignação extrajudicial. Pode seguir o procedimento previsto no CPC, ou, em se tratando de alugueis e encargos, o previsto no art. 67 da Lei nº. 8.245/91, admite-se, no âmbito do procedimento consignatório, ampla discussão acerca do débito e seu valor. Legitimidade ativa: qualquer interessado na extinção da dívida (devedor ou terceiro). Igual direito é conferido ao terceiro não interessado, se o fizer me nome e à conta do devedor, salvo oposição deste (art. 304 do CC). Tratando-se de consignação de alugueis, são legitimados o inquilino, seu cônjuge ou companheiro, o ocupante de habitação coletiva familiar, o sublocatário e o fiador. Legitimidade passiva: credor conhecido ou quem alegue tal condição ou ainda o credor incerto. Havendo dívida quanto à titularidade do crédito, ter-se-á formação de litisconsórcio passivo necessário que se intitulam credores. Foro competente: lugar do pagamento; se for consignação de aluguéis, foro da eleição ou situação do imóvel. Questões procedimentais: a oferta do pagamento há de ser real, isto é, acompanhada do efetivo depósito da coisa. Não sendo realizado o depósito, o processo é extinto sem resolução do mérito. Em caso de consignação de prestações sucessivas, consignada a primeira, pode o devedor continuar a consignar as que forem vencendo, desde que os depósitos sejam efetuados em até 5 dias, contados da data do vencimento. Valor da causa: será o valor da prestação da dívida. Na consignação de prestação sucessiva, o valor da causa será obtido pela soma das prestações a consignar, não ultrapassando o valor de uma anuidade (Súmula 449, STF). Atitudes do réu: após a citação, poderá o réu assumir três diferentes condutas: aceitar o depósito e levantá-lo; oferecer contestação e/ou qualquer outra modalidade de resposta; permanecer inerte. Observações últimas: 1 – alegando o réu insuficiência de depósito, será lícito ao autor complementá-lo, no prazo de 10 dias (art. 545, caput). 2 – ação dúplice: a sentença que julga insuficiente o depósito determinará, sempre que possível, o montante devido e valerá como título executivo. 3 – consignação principal e incidental: esta é postulada conjuntamente com outras pretensões e aquela constitui objeto único da ação proposta pelo devedor.
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