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História do rádio

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História do rádio 
 A invenção do rádio é atribuída ao italiano Guglielmo Marconi, mas o instrumento reúne uma série de descobertas anteriores.
 No Brasil, a primeira transmissão ocorre em 1923, por Edgard Roquete Pinto e Henry Morize.
 O rádio é a união de três tecnologias, a telegrafia, o telefone sem fio e as ondas de transmissão. 
 Tudo começou em 1863 quando, em Cambridge - Inglaterra, James Clerck Maxwell demonstrou teoricamente a provável existência das ondas eletromagnéticas. Maxwell era professor de física experimental e a partir desta revelação outros pesquisadores se interessaram pelo assunto. O alemão Henrich Rudolph Hertz (1857-1894) foi um deles.
 O princípio da propagação radiofônica veio mesmo em 1887, através de Hertz. Ele fez saltar faíscas através do ar que separavam duas bolas de cobre. Por causa disso os antigos "quilociclos" passaram a ser chamados de "ondas hertzianas" ou "quilohertz".
James e Katherine Maxwell em 1869.
A Era do Rádio no Brasil
Jackson do Pandeiro e Almira Castilho apresentam-se na Rádio Nacional, um dos pilares da Era do Rádio no Brasil.
Bem mais além do que mero meio de comunicação, o rádio no Brasil possibilitou a consolidação de gêneros musicais e teve importante participação na conformação política do país ainda na primeira metade do século XX. As transformações urbanas que foram elementares na forma que a canção popular adquiriu no Brasil são o contexto do momento de crescimento e difusão das ondas radiofônicas e é, do mesmo modo, o advento do rádio sinônimo da modernização corrente nos idos das décadas de 1920 e 1930. Envolta na nostalgia dos mais antigos e na curiosidade de outras gerações, a Era do Rádio é até os dias de hoje motivo de pesquisa e interesse, sobretudo pela quantidade de informação e de figuras destacadas da cultura nacional em sua consolidação no nosso país.
A primeira transmissão radial ocorreu em 07 de Setembro de 1922 como parte dos comemorativos que celebravam o centenário da Independência do Brasil. A transmissão teve como destaque um discurso do então Presidente da República, Epitácio Pessoa. Também foram espalhadas nas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Niterói e Petrópolis, aproximadamente 80 receptores que captavam árias encenadas no Teatro Municipal de São Paulo d’O Guarani, de Carlos Gomes. A primeira transmissão por rádio já prenunciava, de alguma maneira, o futuro ligado às manifestações nacionalistas que seriam recorrentes durante o governo Vargas, época de maior expansão das ondas radiofônicas.
Ainda na década de 1920 dois episódios marcam o início da Era do Rádio no Brasil, de acordo com Sérgio Cabral: a fundação da Rádio Sociedade, por Roquette Pinto e Henrique Morize em 1923 e a fundação da Rádio Clube Brasil, no ano seguinte. Tais rádios funcionavam por poucas horas e em dias alternados, o que há, no entanto, no estudo de Sergio Cabral que nos chama a atenção é sua tese de que o rádio retira a música popular do terreno do amadorismo e a situa, em um processo paulatino, como também uma forma de profissionalização. Isso viria a ocorrer de modo mais acentuado durante a década de 1930.
A profissionalização do cantor com o advento do rádio veio junto de um repertório, por isso não foi ao acaso que a partir da década de 1930 o samba ganha cada vez mais relevância no cenário cultural brasileiro, se torna mais comercial e alia a figura do cantor às ondas radiofônicas, a venda de discos e ao gênero musical, em um circuito que nos permite visualizar uma lógica mercadológica sobre as canções. No entanto, quem eram os artistas e quais canções interpretavam? Foi a partir desse momento que passam a ser ouvidas com destaque as composições de Ismael Silva, Wilson Baptista, Noel Rosa e outros. Além disso, surgia a seara dos intérpretes, aqueles que se tornaram figuras recorrentes no rádio como Mário Reis e Francisco Alves (O rei da voz) e, entre as cantoras, Aracy de Almeida, Carmem Miranda e Dalva de Oliveira.
Um fato é importante para pensarmos a difusão radiofônica no Brasil na década de 1930: um aspecto que é mecânico, mas que ao mesmo tempo tornou-se político-cultural e diz respeito ao modo como as emissoras operavam. As antigas estações transmitiam apenas em AM (Amplitude Modulation), em ondas curtas ou longas. Não entraremos no mérito das questões físicas do funcionamento do rádio, mas basta compreendermos que as ondas longas possuem baixo alcance da frequência, ao passo que as curtas tem maior irradiação. Os aparelhos, por sua vez, chegavam aos lares dos brasileiros com dispositivos capazes de sintonizar o tipo de onda que se queria captar. Dessa maneira, uma família residente da cidade de São Paulo podia escolher ouvir o rádio por meio de ondas longas, e sem problema sintonizaria a Rádio Record e aproveitaria a programação disponível, repleta em programas de auditório e variedades musicais, como do mesmo modo, poderia sintonizar o rádio em ondas curtas e para apreciar a programação das emissoras cariocas, como a Roquette Pinto, a Tupi ou a Rádio Nacional. Essa capacidade de alcance que possuía o rádio foi um filão a ser explorado por Getúlio Vargas a partir da instauração do Estado Novo em 1937.
Como classificam Francisco Weffort, Maria Helena Capelato e outros autores, o governo de Vargas pode ser compreendido pela chave do populismo: um fenômeno político de bastante recorrência na América Latina que tem por objetivo ser paternalista, desenvolvimentista e patriótico. Getúlio operou mudanças significativas na vida do povo brasileiro, que se estendem desde a criação e consolidação das leis trabalhistas, por meio da neutralização da ação sindical, como pela fundação de indústrias de base capazes de tornar o Brasil um país competitivo do ponto de vista industrial. Todavia, seus feitos sempre se davam pela negociata com os mais poderosos para que a população mais pobre, que era maioria, tivesse acesso algum tipo de bem – material ou cultural. Segundos os autores acima, um dos recursos mais visíveis em governos populistas são as propagandas, por isso Getúlio estampava até mesmo em livros didáticos os valores morais que perpassavam seu governo, desse modo, se a educação de crianças já convivia com o varguismo, os pais aprendiam a cartilha do governo por meio de programas radiofônicos, onde se exaltava a pátria e as ações do presidente.
Getúlio tratou criar um aparelho estatal nas rádios brasileiras, a exemplo do que fez também outro presidente sul-americano, também populista e contemporâneo de Vargas, Juan Domingo Perón, na Argentina. Desse modo, a Rádio Nacional que quando criada em 1936 tinha o caráter de empresa privada, tornou-se em 1940 uma empresa pertencente ao governo brasileiro. Seu modo de operar por meio de ondas curtas fez com que todo o território brasileiro fosse preenchido pelas ondas da emissora. O Estado Novo, mais precisamente o DIP (Departamento de Imprensa e Propaganda) criou um modelo de programação onde jornalismo e entretenimento caminhavam lado a lado na Rádio Nacional, desse período data o surgimento da “Hora do Brasil”, dedicado às notícias do executivo brasileiro, o “Repórter Esso”, jornalismo de plantão que informava em primeira mão os fatos emergenciais, e programas humorísticos que consagraram artistas brasileiros como o “Balança, mas não cai” e “PRK-8” onde atuavam como protagonistas, Paulo Gracindo, Walter D’Ávila e Brandão Filho. Mais tarde, o entretenimento adquire outros contornos com a estreia das radionovelas. 
O recurso, entretanto, que viria a subsidiar a propaganda governamental e o funcionamento do rádio com sua programação musical e humorística, era extraído do patrocínio. Getúlio permitiu que diferentes empresas fossem divulgadas no rádio, popularizando marcas e hábitos, acentuando a consolidação da Indústria Cultural no Brasil. Esse modo de operar economicamente  foi a princípio um recurso restrito a Rádio Nacional do Rio de Janeiro, mas já na segunda metade da década de 1940 tornou-se lugar-comum nas diferentes estações
de rádio do país. No início do texto chamávamos atenção ao status profissionalizante que o rádio conferiu aos artistas brasileiros, isso sem dúvida foi também propiciado pelo patrocínio, pois existindo o recurso as rádios de diferentes regiões eram capazes de contratar artistas para manterem em seu cast e tornar diversificada a programação.
Carmem Miranda: Divas, comércio e patrocínios na Era Do Rádio 
História da comunicação 
http://www.musicaesociedade.com.br/era-do-radio-no-brasil-sociedade-e-cultura-1930-1960

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