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Empreendedorismo
1ª edição
2017
Empreendedorismo
3
3
Unidade de Estudo 3
Empreendedorismo no Brasil 
e no mundo
Para iniciar seus estudos
Nesta unidade, conversaremos sobre o contexto do empreendedo-
rismo no Brasil e no mundo. Estudaremos dois tópicos para abordar de 
que modo ocorre a formação da cultura organizacional, bem como sua 
importância. Por fi m, veremos às fontes de fi nanciamento e inovação no 
Brasil. Vamos lá? 
Objetivos de Aprendizagem
• Contextualizar o processo histórico do tema do empreendedo-
rismo no Brasil e no mundo e discutir sobre as limitações e/ou 
difi culdades para empreender no Brasil..
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Empreendedorismo | Unidade de Estudo 3 – Empreendedorismo no Brasil e no mundo
1.1 Contexto do empreendedorismo no Brasil e no mundo
Figura 14: Aumento do número de empreendedores. 
Legenda: Aumento do número de empreendedores.
Fonte: http://www.123rf.com/search.php?word=infographic++fl at&imgtype=0&t_word=&t_lang=en&oriSearch=infograp
hic+fl at+way&sti=n4o9pnsm5ip0t2sihb|&mediapopup=40686841
Embora o empreendedorismo sempre tenha feito parte das políticas brasileiras, ele ganhou força a partir da 
década de 1990, com a abertura da economia. Na época, investidores estrangeiros voltaram a aplicar seu dinheiro 
no Brasil, fazendo com que as exportações aumentassem. Com essa retomada da economia, naturalmente ocor-
reu o crescimento no número de empreendedores, que viram a oportunidade de desenvolver seu próprio negócio
Nos últimos 10 anos, também é possível constatar as importantes políticas de incentivo para 
o empreendedor brasileiro. Os incentivos vão desde a diminuição no percentual de impostos 
até as melhorias nos processos burocráticos, facilitando a abertura e a gestão das empresas. 
Interessante notar que esses benefícios têm favorecido empresas de diversos portes, porém, as principais políti-
cas são para organizações de pequeno e médio porte, que representam quase 80% do montante das empresas 
brasileiras.
No entanto, manter-se no mercado sempre foi um desafi o para os empreendedores no mundo todo. O fato de 
ter ideias criativas não é sinônimo de sucesso para o negócio; para além da boa ideia, é necessário perceber as 
infl uências e os sinais que o mercado traz a cada momento para o processo de amadurecimento da ideia e do 
próprio negócio.
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Empreendedorismo | Unidade de Estudo 3 – Empreendedorismo no Brasil e no mundo
De que modo é possível identifi car oportunidades para empreender e como escolher a área? Identifi car as opor-
tunidades de negócios representa tirar o sonho da mente, agindo para torná-lo real. Sampaio (2014) afi rma que 
“[...] se o sonho é o combustível, a atitude, ou, mais especifi camente, a atitude empreendedora, é o motor dos 
grandes projetos pessoais e profi ssionais”. Sendo assim, percebe-se que após sonhar e idealizar o empreendi-
mento, é chegada a hora de identifi car se o mercado tem a necessidade do negócio. Nesse processo, o Sebrae 
(2015) apresenta alguns pontos relevantes, vejamos:
Figura 15: Pontos relevantes para novos empreendimentos.
NECESSIDADES
IDENTIFICADAS
BUSCA DE
INFORMAÇÕES
ESCALA DIFERENCIAÇÃO
OBSERVAÇÃO
E ANÁLISE
Legenda: Pontos relevantes para novos empreendimentos.
Fonte: http://www.123rf.com/search.php?word=infographic+fl at+fi ve+steps&start=100
• Necessidades identifi cadas – observar as necessidades que a oportunidade busca atender ou quais pro-
blemas poderão ser resolvidos.
• Escala – fi car atento ao público-alvo e ao porte desse mercado; quanto maior for essa abrangência, maior 
a probabilidade de ser uma boa oportunidade.
• Diferenciação – quanto maior for o espaço para a inovação, maior é a chance de tornar-se um negócio 
efetivo. 
• Observação e análise – usar ferramentas que ajudem a fazer a análise de forma a conseguir uma iden-
tifi cação mais precisa. Analisar o fl uxo de pessoas, a frequência de repetição de determinados hábitos e 
costumes.
• Busca de informações – fi car atento aos investimentos estruturantes que serão feitos no seu bairro, na 
sua cidade, na sua região. Estar atento à concorrência é essencial nesse processo. 
Mas é importante lembrar de outras informações, tais como valor do investimento e retorno, análise da concor-
rência e, principalmente, mercado potencial, ou seja, o que o mundo diz sobre o seu ramo de atuação.
Outra questão imprescindível para as empresas é adotar processos de inovação a tal ponto 
que seja possível estabelecer uma cultura organizacional inovadora
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Empreendedorismo | Unidade de Estudo 3 – Empreendedorismo no Brasil e no mundo
1.2 Estabelecendo a cultura organizacional
O que é cultura organizacional? Quais fatores são determinantes para a cultura da organização? Como ela 
influencia o perfil o empreendedor? E a inovação?
Costumes, crenças e valores que identificam uma organização ou empresa são chamados de cultura. Para Marras 
(2000), cada empresa ou organização possui crenças e valores próprios e estes formam sua cultura interna. 
Nesse sentido, cada organização possui suas próprias características e, influenciada pelas pessoas que a com-
põem, forma sua cultura. Essa cultura pode ser classificada como subjetiva dos traços de desenvolvimento cog-
nitivo das pessoas (conhecimento, inteligência etc.) e/ou objetiva, que são crenças, valores, a maneira de ser de 
cada indivíduo, que o difere dos demais (MARRAS, 2000).
Para entender melhor o assunto, são apresentadados os componentes da cultura:
a. Valores – são crenças e conceitos que moldam o contorno cultural do grupo, estabelecendo padrões de 
comportamento, de avaliação e de imagem.
b. Ritos – são praticados com a finalidade de perpetuar, no dia a dia, os valores organizacionais, e tornar a 
cultura mais coesa. Por exemplo: café da manhã com o diretor.
c. Mitos – são figuras imaginárias, geralmente oriundas da interpretação de fatos não concretos, e que são 
utilizadas para reforçar crenças organizacionais com o intuito de manter certos valores históricos. Por 
exemplo: nossa empresa é uma grande família.
d. Tabus – no processo cultural, os tabus têm a função de orientar comportamentos e atitudes, principal-
mente focando em questões de proibição ou de coisas não bem-vindas ou não permitidas. Por exemplo: 
questões religiosas, presença indesejada de mulheres (MARRAS, 2000).
No processo de formação e identificação da cultura, cabe ao gestor de pessoas gerir esse processo de identifi-
cação cultural. Nesse sentido, a busca de valores compartilhados, que são os valores tanto da organização como 
dos empregados, devem ser vistos como geradores dos impulsos dos comportamentos e das atitudes das pes-
soas envolvidas na organização (MARRAS, 2000).
De acordo com o tipo de gestão, a cultura pode ser determinante para o sucesso ou o fracasso da organização. 
Para Chiavenato (2010, p. 177), “[...] ela pode ser flexível e impulsionar a organização, como também pode ser 
rígida e travar o seu desenvolvimento”. Pessoas e organizações cada vez mais flexíveis são peças-chave para o 
sucesso. Integrar e absolver o melhor de cada pessoa, de cada organização, pode ser determinante para a exce-
lência nos relacionamentos e nos resultados organizacionais.
Nesse sentido, Chiavenato (2010) afirma que existem culturas adaptativas e não adaptativas. As organizações 
que adotam culturas adaptativas em geral promovem revisões e atualizações de suas culturas, e caracterizam-se 
pela criatividade, inovação e mudança, o que consequentemente gera um clima organizacional favorável para 
a geração de ideias, desafiando seus servidores a desenvolver novas formas de trabalho. Já as organizações que 
se caracterizam pela cultura não adaptativa são conservadoras, mantendo-se inalteradas, como se não tivessem 
sofrido nenhuma influência do mundo, continuando com seus valores e costumes arraigados.
Se uma empresa é composta porpessoas, então, a empresa possui uma cultura, e o grande desafio é a cultura 
para a inovação; a diversidade de ideias e visões pode ser benéfica porque a inovação exige essa variedade de 
saberes e beneficia-se ao desafiar e questionar as suposições dadas como certas. Já é possível perceber a existên-
cia de empresas que adotam métodos e processos para promover essa cultura para a inovação.
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Empreendedorismo | Unidade de Estudo 3 – Empreendedorismo no Brasil e no mundo
Porém, uma boa parte das empresas resiste em adotar a inovação em seus processos. Existe uma lista de des-
culpas: “nós tentamos isso antes”, “isso é muito louco para ser considerado”, “não precisamos mudar, está tudo 
certo“, “este não é o meu trabalho”, “em time que está ganhando não se mexe” etc. O pior de tudo é quando se 
ouve “nós não somos uma empresa inovadora, esse assunto é para Apple, Nike, 3M, Microsoft, e não para nossa 
fabriquinha de fundo de quintal”.
E quando se diz “nós”, incluímos todos os atores envolvidos no processo, desde a concepção da ideia até a che-
gada do produto ao seu consumidor final. Veja, se a organização é formada por pessoas, todos os envolvidos 
devem ter em mente a cultura inovadora, ter conhecimento sobre o que a organização quer ofertar no mercado. 
E, para implementar a inovação, a organização precisa ter todo o aporte dos seus fornecedores e parceiros, para 
assegurar a entrega de matérias-primas de acordo com a necessidade da empresa.
Um fator comum nas empresas que implementam uma cultura organizacional inovadora é o encorajamento 
para a geração de ideias, do novo, mostrando aos envolvidos a potencialidade do que se propõem a oferecer para 
o mercado. Dessa forma, é possível fazer com que eles assimilem essa cultura e comprometam-se com novos 
processos.
Vamos adotar como exemplo a empresa 3M, tradicional e inovadora, que adota regras para uma cultura inova-
dora. Essas regras constam nos relatórios da companhia (MITCHELL,1989):
Defina metas para a inovação: por determinação corporativa, 25% a 30% das vendas anuais devem ser 
de novos produtos, com cinco anos ou menos.
Compromisso com a pesquisa e o desenvolvimento: a 3M investe em Planejamento e Desenvolvi-
mento – P&D quase que duas vezes mais que as companhias americanas. Uma das metas do planeja-
mento é relacionada à redução de tempo pela metade para o lançamento de produtos.
Inspirar o empreendedorismo interno: líderes inovadores são encorajados a trabalhar em novas ideias 
e têm a oportunidade de gerenciar seus produtos como se estivessem dirigindo seu próprio negócio. Aos 
funcionários da 3M, é permitido dedicar 15% do seu tempo em pesquisas de interesse pessoal, mesmo 
que não estejam relacionadas com os projetos atuais da companhia.
Facilitar, não obstruir. as divisões são pequenas e é permitido operar com muita independência, além 
de os funcionários terem acesso constante a informações e recursos técnicos. Os pesquisadores com 
boas ideias são premiados com US$ 50 mil de subvenção para desenvolver seus brainstorms em novos 
produtos
Foco no cliente. a definição de qualidade da 3M é demonstrar que o produto pode fazer aquilo que o 
cliente deseja e não atender à exigência de algum padrão arbitrário.
Tolerar o fracasso. o pessoal da 3M sabe que se suas ideias fracassarem, ainda será possível encontrar 
outras ideias inovadoras. A administração sabe que erros serão cometidos e que a crítica destrutiva acaba 
com a iniciativa.
Enquanto a inovação está profundamente enraizada em comportamentos ligados à cultura da empresa, a licença 
e a autoridade para determinar o valor da inovação sempre iniciam-se a partir da liderança.
De acordo com Koulopoulos (2011), os líderes que esperam que sua empresa alcance altos níveis de inovação 
sustentada precisam superar a inércia da empresa e concentrar-se em quatro objetivos:
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Empreendedorismo | Unidade de Estudo 3 – Empreendedorismo no Brasil e no mundo
Figura: 3.3: Objetivos para alcançar altos níveis de inovação.
OBJETIVO 1
Separar no que a 
empresa é boa, dos 
demais negócios, 
focando a inovação 
para o que seria sua 
maior competência.
OBJETIVO 4
Criar uma estrutura que 
favoreça a inovação, 
sem burocracia, 
interdepartamental, 
foco no cliente, flexível.
OBJETIVO 2
Os líderes devem criar uma 
cultura para a inovação, que 
inclua atitudes e os 
comportamentos necessários 
para a sustentação, reforçada 
constantemente por 
programas que desenvolvem 
uma visão compartilhada em 
toda a empresa.
OBJETIVO 3
O sucesso é importante, 
mas não podemos nos 
acomodar, isso pode 
interferir na capacidade 
de aceitar e de explorar 
novas ideias, assim 
como, reconhecer 
novas tendências.
Legenda: Objetivos para alcançar altos níveis de inovação.
Fonte: http://www.123rf.com/photo_38436281_abstract-vector-4-steps-infographic-template-in-flat-style-for-layout-
-workflow-scheme-numbered-optio.html?term=infographic%2Bflat%2Bfour%2Bsteps&vti=lt8wyducwaxai1pi77
Defender a liderança dentro de uma empresa é um assunto muito discutido e pesquisado na última década. 
Alguns especialistas defendem que para melhorar a competitividade das empresas brasileiras, além de todo o 
apoio que devem ter por meio de políticas e programas governamentais, é necessário valorizar e estimular a 
criação de lideranças empresariais. 
Essas lideranças assumem riscos e são protagonistas nessa área empreendedora. Elas podem surgir em qualquer 
ambiente e porte de empresa, basta ter espaço para serem estimuladas e desenvolvidas.
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Empreendedorismo | Unidade de Estudo 3 – Empreendedorismo no Brasil e no mundo
O papel do líder pode até ser comparado ao do intraempreendedor, pois muitas vezes esse papel não é do funda-
dor da empresa, e, sim, de um gestor, diretor ou coordenador de área, que acaba assumindo um papel de muita 
relevância dentro da organização e também com os parceiros com os quais se relaciona: clientes, comunidade do 
entorno, governo e fornecedores.
Por fim, para ter condições de avaliar o seu negócio ou empresa quanto à capacidade de inovar, é só dirigir-se aos 
clientes e perguntar: “você acha que estamos sendo inovadores?”. Se a resposta for afirmativa: “o que estamos 
fazendo de inovações que agregam valor ao cliente?“. 
A partir dessas questões, dependendo das respostas que surgem, o empreendedor tem plenas condições de criar 
estratégias e diretrizes necessárias para estimular a inovação em qualquer setor da empresa.
Dependendo do tipo de empresa, por exemplo, a inovação em um processo interno faz com que o atendimento 
ao cliente seja mais ágil e confiável, o que ajuda a conquistar a confiança dos clientes já existentes e a angariar 
novos clientes. Em outros casos, a empresa pode ter necessidade de inovar, por exemplo, em algum equipamento 
ou serviço que está vinculado diretamente ao atendimento do cliente. Sim, isso deve ser pensado o tempo todo, 
pois o resultado final é a estabilização ou o aumento de faturamento, e na escala macroeconômica, esse resul-
tado individual da empresa contribuirá para o desenvolvimento da cidade na qual ela está instalada
Mesmo com todo o esforço e as novidades na legislação e nas políticas para as empresas brasileiras, os desafios 
enfrentados ainda são grandes. Uma das formas de analisar perfis das empresas e perfis dos empreendedores é 
por meio dos dados sobre o empreendedorismo publicados pelo projeto Global Entrepreneurship Monitor - GEM, 
iniciado em 1999 por uma parceria entre a London Business School e o Babson College. O objetivo principal do 
projeto é “[...] compreender o papel do empreendedorismo no desenvolvimento econômico e social dos países” 
(GEM, 2015, p. 21).
No relatório GEM, publicado em 2015, no item da pesquisa aplicada aos empreendedores brasileiros, diversas 
informações relevantes são destacadas. Quando esses dados são comparados com outrospaíses, vemos a dife-
rença interessante nas demandas, pois, conforme já conversamos, essas são específicas para cada país.
Na tabela a seguir, estão demonstrados os dados vinculados aos principais fatores favoráveis e também aos obs-
táculos para a abertura e a manutenção de novos negócios no Brasil. Esses dados foram obtidos em entrevistas 
a partir da avaliação dos empreendedores brasileiros nessa pesquisa de 2015.
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Empreendedorismo | Unidade de Estudo 3 – Empreendedorismo no Brasil e no mundo
Tabela 5 – Fatores favoráveis e obstáculos para abertura e manutenção das empresas brasileiras
OBSTÁCULOS FAVORÁVEIS
Acesso a recursos financeiros ou financiamentos 
(empréstimos ou financiamentos)
49,1 19,3
Legislação e impostos (leis e carga tributária) 54,4 2,8
Programas de orientação para abrir ou manter um negócio 8,4 10,4
Educação fundamental, médio ou superior 2,8 5,9
Formação e capacidade de mão de obra 6,7 20,5
Serviços de apoio especializados (contador, consultor, 
advogado, etc.)
4,1 3,3
Fornecimento de água e energia, rede de esgoto e coleta de 
resíduos sólidos
0,6 2,7
Sistema de transportes (estradas, rodovias, portos) 0,6 3,2
Estrutura tecnológica dos meios de comunicação (cobertura 
telefônica, acesso a internet)
1,3 3,6
Mercado dominado por grandes empresas 2,8 2,3
Entendimento da população brasileira sobre iniciativas 
empreendedoras
1,8 10,2
Legenda: Fatores favoráveis e obstáculos para abertura e manutenção das empresas brasileiras
Fonte: GEM (2015, p. 89).
A partir dos dados apresentados, boa parte dos empreendedores cita dois obstáculos principais: 
• Legislação e impostos (leis e carga tributária), 49,1%; 
• acesso a recursos financeiros (empréstimos ou financiamentos), 54,4%. 
Os fatores favoráveis citados pelos empreendedores entrevistados não são tão significativos quanto os que se 
referem aos obstáculos para abertura e manutenção de novos negócios:
• formação e capacidade de mão de obra (20,5%); 
• acesso a recursos financeiros (empréstimos ou financiamentos), 19,3%; 
• entendimento da população brasileira sobre iniciativas empreendedoras (10,2%).
Outro dado interessante divulgado no relatório é a respeito das políticas governamentais. O resultado das entre-
vistas apontou que o acesso a recursos financeiros (empréstimos ou financiamentos) é indicado, de forma rela-
tivamente expressiva, como fator favorável com um percentual de 19,3%, ou como um obstáculo com um per-
centual de 49,1%.
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Empreendedorismo | Unidade de Estudo 3 – Empreendedorismo no Brasil e no mundo
Veja que os empreendedores apontam melhorias nas condições de acesso a recursos financeiros, mas conside-
ram que ainda são insuficientes ou inadequados no que se refere a disponibilidade, prazos, juros e exigências de 
garantias (GEM, 2015).
Com o resultado dessa pesquisa de 2015, nota-se que o empreendedor percebe as condições favoráveis e as 
explora, mas, por outro lado, boa parte da solução para os obstáculos não depende do empreendedor, mas, sim, 
de fatores externos, que, na maioria das vezes, interdependem de outros fatores.
Por exemplo, no modelo federativo brasileiro, nossos estados e municípios dependem de parte dos recursos do 
nível federal. Dependendo das políticas e estratégicas macroeconômicas, em alguns períodos, o empreendedor 
que possui uma pequena empresa pode beneficiar-se de alguns incentivos. Já em outro momento, o foco e as 
estratégias das políticas e dos programas governamentais estão voltados para empresas de portes maiores. E, em 
outros momentos, o incentivo é para empresas e investimentos estrangeiros.
Criar uma política ou um programa nem sempre é algo simples, não é mesmo? Ainda mais nesses processos eco-
nômicos globalizados, nos quais muitos pactos internacionais podem favorecer as empresas nacionais, porém, 
em alguns momentos, podem prejudicá-las. 
Cabe ao empreendedor manter-se atualizado com as novidades e alterações em leis, benefícios, incentivos e 
projetos de financiamento regional, que muitas vezes trazem respostas importantes para as empresas que aguar-
dam oportunidades de melhorar seu desempenho.
No próximo tópico, falaremos sobre algumas leis de incentivo à inovação empresarial e de que maneira os empre-
endedores podem acessar esses incentivos. Tais leis têm sido importantes fontes de estímulo de inovação para as 
empresas e também já começam a trazer resultados positivos nos indicadores de competitividade das empresas 
brasileiras – mas sabemos que ainda há muito o que ser feito.
1.3 Inovação e leis de incentivo aos empreendedores
O mercado exige de governantes e empresários posturas inovadoras, as quais possam desenvolver e promover 
mudanças tecnológicas, estando voltadas ao desenvolvimento de pessoas e organizações, funcionando como 
meio de sobrevivência, de desenvolvimento econômico e social, bem como de incentivo à competitividade das 
empresas brasileiras.
Em função dessa necessidade, o Brasil vem trabalhando na promulgação de leis que incentivam a cultura da 
inovação e o desenvolvimento tecnológico. Essas ações de incentivos, em conjunto com instituições privadas, 
unem-se como atores principais no processo de fomento ao avanço tecnológico do país.
Ao longo desse próximo tópico, estudaremos leis, ações e programas desenvolvidos com esse propósito, a fim de 
oferecer ao mercado novas soluções, tecnologias, produtos e serviços inovadores que impactem positivamente 
as pessoas e a economia do país.
1.3.1 Investimentos em inovação e fontes de financiamento
Como forma de buscar a sobrevivência da empresa em um mercado cada vez mais competitivo, faz-se necessá-
rio o investimento em inovação. Nesse contexto, e com o intuito de unificar as definições e facilitar o entendi-
mento, em janeiro de 2016, foi publicada a Lei nº 13.243/2016, que dispõe sobre estímulos ao desenvolvimento 
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Empreendedorismo | Unidade de Estudo 3 – Empreendedorismo no Brasil e no mundo
científico, à pesquisa, à capacitação científica e tecnológica e à inovação, alterando o conteúdo de algumas leis 
anteriores.
Fazendo um resgate histórico da inovação no Brasil, verificamos que os primeiros registros são da década de 
1950, quando tiveram início as primeiras políticas públicas voltadas à ciência e à tecnologia. Surgiram assim 
algumas entidades que tinham como objetivo fomentar e profissionalizar os investimentos nessa área, apresen-
tando a seguinte estruturação dos órgãos nacionais:
Tabela 6: Entidades de fomento a inovação
ANO ENTIDADE OBJETIVO
1951 Conselho Nacional de 
Desenvolvimento Científico 
e Tecnológico (CNPQ)
“Promover e estimular o desenvolvimento da 
investigação científica e tecnológica, mediante a 
concessão de recursos para pesquisa, formação 
de pesquisadores e técnicos, cooperação com 
as universidades brasileiras e intercâmbio com 
instituições estrangeiras” (CNPQ, 2017)..
1951 Coordenação de 
Aperfeiçoamento de 
Pessoal de Nível Superior 
(CAPES)
“Assegurar a existência de pessoal especializado em 
quantidade e qualidade suficientes para atender 
às necessidades dos empreendimentos públicos e 
privados que visam ao desenvolvimento do país” 
(CAPES, 2016).
1962 FAP’s – Fundações de 
Amparo à Pesquisa
São agências estaduais de fomento à pesquisa. 
Distribuídas em 25 estados mais o Distrito Federal, 
são entidades que tem por finalidade estimular, 
apoiar e promover o desenvolvimento científico, 
tecnológico e de inovação do Distrito Federal, 
visando ao bem-estar da população, defesa do meio 
ambiente e progresso da ciência e tecnologia.
1967 Financiadora de Estudos e 
Projetos (FINEP)
“Dar apoio financeiro aos programas e projetos 
prioritários de desenvolvimento científico e 
tecnológico” (FINEP, 2016).
2010 SEBRAETEC (Sebrae) Oferece consultorias tecnológicas com soluções sob 
medida que permitem a micro e pequenasempresas 
e produtores rurais o acesso subsidiado a serviços 
em inovação e tecnologia.
Legenda: Entidades de fomento a inovação
Fonte: Organizada pela autora (2017).
A tabela traz os marcos de surgimento de entidades que fomentam a inovação do Brasil, apresentando o ano de 
constituição de cada uma delas e o seu objetivo: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnoló-
gico (CNPQ), Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), Financiadora de Estudos e 
Projetos (FINEP), Fundações de Amparo à Pesquisa (FAPs), SEBRAETEC (Sebrae).
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Empreendedorismo | Unidade de Estudo 3 – Empreendedorismo no Brasil e no mundo
Com a criação desses órgãos, verifica-se o interesse em potencializar o crescimento econômico e a geração de 
emprego por meio das inovações em produtos e processos, como também uma oportunidade de internaciona-
lização das pesquisas por meio de convênios firmados e intercâmbios realizados nos diversos projetos em exe-
cução, possibilitando e oportunizando aos pesquisadores e investidores brasileiros a troca de experiências para 
incrementar a inovação no país.
A) Leis de incentivo
No Brasil, o incentivo e fomento à inovação são relativamente novos. Os primeiros registros são encontrados 
na década de 1950, porém, o destaque maior por parte de incentivos governamentais data da década de 1990. 
Vejamos a ordem cronológica dos marcos legais que contribuíram para o incentivo e fomento da inovação no 
Brasil na figura a seguir.
Figura 17: Evolução legal e regulamentária dos incentivos em inovação.
Legenda: Evolução legal e regulamentaria dos incentivos em inovação
Fonte: INVENTTA, 2014, p. 5.
Merecem atenção especial a Lei de Inovação e a Lei do Bem (leis 10.973/04 e 11.196/05, respectivamente), pois 
são consideradas norteadoras de todas as iniciativas de fomento à inovação no Brasil, servindo como base para 
a constituição de leis estaduais com o mesmo propósito.
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B) Lei n. 10.973/04 – Lei de inovação
A Lei de Inovação estabelece, já em seu artigo 1º, medidas de incentivo à inovação e à pesquisa científica e tec-
nológica no ambiente produtivo, com vistas à capacitação tecnológica, ao alcance da autonomia tecnológica e 
ao desenvolvimento do sistema produtivo nacional e regional do País (BRASIL, 2004).
A Lei de Inovação foi organizada em três eixos: constituir um ambiente propício a parcerias estratégicas entre 
universidades, institutos tecnológicos e empresas; estimular a participação de institutos de ciência e tecnologia 
no processo de inovação; e estimular a inovação na empresa.
Para Matias-Pereira e Kruglianskas (2005), ao colocar a inovação como foco principal, a Lei de Inovação estabe-
lece que o investimento desprendido no apoio à ciência, à tecnologia e à pesquisa e ao desenvolvimento deve 
gerar como resultado para o mercado a transformação e a oferta de novos produtos e processos. 
Pereira e Kruglianskas (2005) destacam três eixos principais para essa perspectiva:
a. a constituição de um ambiente propício a parcerias estratégicas entre universidades, institutos tecnoló-
gicos e empresas; 
b. estímulo à participação de instituições de ciência e tecnologia no processo de inovação;
c. o incentivo à inovação na empresa. 
A promulgação dessa lei foi de extrema importância, pois fez o país despertar para o tema. A notoriedade que 
o tema ganhou fez com que muitos atores dessem maior ênfase à inovação, a exemplo das universidades e do 
próprio setor privado. É, portanto, tema central para a competitividade das empresas e para o desenvolvimento 
do país.
A Lei de Inovação prevê ainda autorizações para a incubação de empresas no espaço público e a possibilidade de 
compartilhamento de infraestrutura, equipamentos e recursos humanos, públicos e privados para o desenvol-
vimento tecnológico e a geração de processos e produtos inovadores, bem como financiamento para a compra 
de máquinas e equipamentos. Estabele também regras para que o pesquisador público desenvolva pesquisas 
aplicadas e incrementos tecnológicos. 
Os principais mecanismos utilizados para aplicação da lei são bolsa de estímulo à inovação e pagamento ao ser-
vidor público de adicional variável não incorporável à remuneração permanente, ambos com recursos captados 
pela própria atividade; e participação nas receitas auferidas pela instituição de origem com o uso da propriedade 
intelectual e a licença não remunerada para a constituição de empresa de base tecnológica, edital para subven-
ção de aquisição máquinas e equipamentos.
Sendo assim, percebe-se que foi um passo de grande avanço para o fomento à inovação no país, destacando que 
há muito ainda o que progredir no desenho dos instrumentos de apoio à inovação nas empresas.
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Empreendedorismo | Unidade de Estudo 3 – Empreendedorismo no Brasil e no mundo
Para mais informações, conheça a Lei na íntegra <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_
ato2004-2006/2004/lei/l10.973.htm>. Visite a Midiateca da disciplina para ter acesso ao 
link. Lá, você terá acesso ao texto completo da Lei da Inovação e conhecerá todos os benefí-
cios oriundos da promulgação da Lei.
Empreendedorismo
C) Lei n 11.196/05 – Lei do Bem
A Lei do Bem cria a concessão de incentivos fi scais às pessoas jurídicas que realizarem pesquisa e desenvol-
vimento de inovação tecnológica, permitindo, de forma automática, o uso de incentivos fi scais pelas pessoas 
jurídicas que realizem pesquisa tecnológica e desenvolvimento de inovação tecnológica. 
É sabido que o crescimento dos países deve ser alicerçado pelo investimento em pesquisa, desenvolvimento e 
inovação. O governo federal utiliza esse mecanismo por meio do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação 
(MCTI), incentivando investimentos em inovação por parte do setor privado e aproximando as empresas das uni-
versidades e dos institutos de pesquisa, potencializando assim os resultados em P&D.
O objetivo da aprovação desta lei é estimular investimentos privados nessas atividades, seja na concepção de 
novos produtos ou no processo de fabricação. Busca-se também a agregação de novas funcionalidades ou 
características ao produto ou processo e que implique em melhorias incrementais e efetivo ganho de qualidade 
ou produtividade, o que resulta em maior competitividade no mercado.
Segundo a consultoria da Sogedev, os incentivos fi scais previstos na lei representam até 20,4%, enquanto que 
as despesas com projetos de PD&I representam 27,2%, podendo chegar a 34% por meio dos seguintes critérios:
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Empreendedorismo | Unidade de Estudo 3 – Empreendedorismo no Brasil e no mundo
Figura 18 Critérios e pré-requisitos para obter os incentivos fi scais da Lei do Bem
 
Legenda: Critérios e pré-requisitos para obter os incentivos fi scais da Lei do Bem
Fonte: http://www.123rf.com/photo_66586965_notebook-school-isolated-icon-vector-illustration-design.html?term=b
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A fi m de facilitar o entendimento sobre o tema, o governo, ao criar a Lei do Bem, utilizou-se dos conceitos do 
Manual de Frascati para defi nir o que realmente faz parte de Pesquisa e Desenvolvimento. A seguir, consta a defi -
nição de P&D subdividida em três grupos:
• Pesquisa básica ou fundamental: consiste em trabalhos experimentais ou teóricos realizados principal-
mente com o objetivo de adquirir novos conhecimentos sobre os fundamentos de fenômenos e fatos 
observáveis, sem considerar um aplicativo ou um uso em particular.
• Pesquisa aplicada: consiste na realização de trabalhos originais com a fi nalidade de aquisição de novos 
conhecimentos; dirigida principalmente a um objetivo ou determinado propósito prático.
• Desenvolvimento experimental: consiste na realização de trabalhos sistemáticos, baseados em conheci-
mentos preexistentes, obtidos por meiode pesquisa e/ou experiência prática, tendo em vista a fabricação 
de novos materiais, produtos ou dispositivos, processos, sistemas e serviços, ou melhorando considera-
velmente os já existentes.
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Empreendedorismo | Unidade de Estudo 3 – Empreendedorismo no Brasil e no mundo
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Por fi m, as vantagens em se aproveitar dos incentivos fi scais da Lei do Bem são assim apresentados: 
• possibilidade de reinvestir os valores deduzidos na área de Pesquisa e Desenvolvimento,
• melhoria contínua dos produtos, serviços e processos,
• maior competitividade no mercado,
• a geração de inovação alavanca o crescimento das organizações,
• ser considerada uma empresa inovadora pelo MCTI.
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Considerações fi nais
No encontro de hoje, trabalhamos o contexto do empreendedorismo no 
Brasil. Também foram apresentados aspectos da cultura organizacional 
inovadora e de que modo envolver todos da organização nos própositos 
desta, dando-lhes a devida importância no processo de inovar e fazendo 
com que cada um perceba sua importância para o processo da inovação.
Por fi m, abordamos leis, ações e programas desenvolvidos com o propó-
sito de incentivar a inovação, a fi m de oferecer ao mercado novas solu-
ções, tecnologias, produtos e serviços inovadores que impactem positiva-
mente as pessoas e a economia do país.
Referências bibliográfi cas
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BRASIL, F. Iniciativas. Benefícios fi scais da Lei do Bem. Disponível em: 
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