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apostila parcial solos (1)

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1 
1 
SOLOS E PAISAGENS 
NOTAS DE AULA 
Dra. Cristiane Valéria Oliveira – IGC/UFMG 
 
1 - DEFINIÇÃO DE SOLO 
 
 O solo é o componente central (substrato) dos ecossistemas terrestres. É nele que 
praticamente se iniciam as reações químicas, físicas e biológicas, sob a influência climática, 
responsáveis pela vida na terra. 
 O papel do solo na natureza é complexo e inclui, de forma integrada, funções biosféricas, 
atmosféricas, hidrosféricas e litosféricas. Neste contexto, pode ser considerado a interface entre 
várias esferas que afetam as vidas humana e animal e isso define sua importância. 
 O homem, ao longo de sua evolução, sempre dependeu do solo para sua sobrevivência. 
Dentre outros atributos, pela sua importância direta ou indireta na produção de alimentos (de 
origem vegetal e animal), de madeira (confecção de instrumentos para a caça, para o cultivo, 
construções, energia), de fibra (vestuário, confecção de cestas, cordas etc.). Assim, o homem 
sempre teve a necessidade de saber algo a respeito do solo: o que ele é e o que não é, como usá-lo, 
como conservá-lo ou degradá-lo etc. Defini-lo nem sempre é simples e a definição varia com o 
conhecimento, interesse e sensibilidade de quem o faça. 
 Assim, um geólogo ou um engenheiro de minas poderia defini-lo como manto inconsolidado 
(regolito) ou detritos que cobrem as rochas ou os minerais. E neste contexto, constitui um 
empecilho a ser eliminado. Para um engenheiro civil, constitui o material que vai servir de leito de 
uma estrada ou que ainda vai sustentar uma edificação. Neste caso, só será de utilidade se suas 
características forem adequadas. 
 O agricultor, que depende do solo para a sobrevivência também emite sua definição sobre o 
solo: o terreno é bom, não precisa adubar, é de fácil lida, não adere muito aos implementos; “esta 
terra não presta nem para criar calango”, assim se refere quando a agricultura (inclui pecuária) é 
impraticável por razões diversas: baixa fertilidade, falta de água, pedregosidade excessiva etc. Neste 
caso ele se esquece que mesmo áreas inóspitas à agricultura são importantes na manutenção da vida 
(refúgio para animais etc). Seria dizer que sua preocupação, ao definir o solo, é com o 
desenvolvimento de plantas para seu sustento. 
 Uma dona de casa pode referir-se ao solo como material mais ou menos indicado para seus 
cultivos domésticos, ou ainda pela facilidade de aderir aos pés e sujar o assoalho. Neste último caso 
normalmente é um material detestado. 
 Ao longo da ciência do solo várias foram as conceituações emitidas sobre o solo. Destacam-
se aquelas referindo-se ao solo como substrato para o desenvolvimento das plantas, contemplando 
aspectos agrícolas práticos, e ainda aquelas de cunho geológico, onde o solo era tido como 
fragmento da rocha subjacente. Estes conceitos prevaleceram por muito tempo até a concepção de 
solo, por Dokuchaev, na Rússia, no final do século passado, como componente da natureza (corpo 
natural), resultante de alguns fatores de formação: material de origem (mo), clima (c), organismos 
(o), tempo (t), relevo (r). Este cientista propôs a seguinte equação para expressar a formação do 
solo: 
 
S ou s = f (c, o, p, r, t, ...) 
 Os pontos após o fator tempo, referem-se a fatores não especificados, mas que podem ter 
importância localmente (ex: concentração de sais, tiomorfismo etc). Na equação 
anterior, S (solo) ou s (propriedadedo solo) são variáveis dependentes e os fatores as variáveis 
independentes. O tratamento matemático dispensado na resolução desta equação foge aos objetivos 
do curso, não sendo tratado aqui. 
 A partir desta concepção de solo, como um corpo tridimensional integrado ao ecossistema, 
com características próprias, resultantes da ação integrada dos fatores de formação e não um 
 
 
2 
2 
simples amontoado de partículas de rochas alteradas em mistura com a matéria orgânica, é que a 
pedologia se consolidou como ciência. 
 Tentando sintetizar o que foi dito em uma definição, poder-se-ia adotar aqui, a definição de 
solo normalmente empregada em pedologia: 
"O solo é a coletividade de indivíduos naturais, na superfície da terra, eventualmente 
modificado ou mesmo construído pelo homem, contendo matéria orgânica e servindo ou sendo 
capaz de servir à sustentação de plantas ao ar livre. Em sua parte superior, limita-se com a 
atmosfera. Lateralmente, limita-se gradativamente com a rocha consolidada ou parcialmente 
alterada, água e gelo. O limite inferior é talvez o mais difícil de definir, sendo normalmente 
admitida a profundidade onde a atividade biológica é mais restrita o que pode coincidir com a 
profundidade do sistema radicular de plantas perenes nativas, devendo-se excluir de solo, o material 
que mostre pouco efeito das interações de clima, organismos, material de origem e relevo ao longo 
do tempo". (USA, 1975). 
 Ao se observar uma paisagem, durante um passeio ou mesmo uma viagem a trabalho, 
dificilmente presta-se atenção ao solo. De uma maneira geral o relevo, a vegetação e a hidrologia 
são os aspectos que mais atraem a atenção. Entretanto, são características do solo como fertilidade, 
profundidade efetiva (refere-se à espessura máxima do solo em que o sistema radicular não encontra 
barreira física ou química para penetrar livremente, facilitando a fixação da planta e servindo como 
meio de absorção de água e nutrientes (LEPSCH et al., 1983; SANCHEZ-MORA, 1988), 
capacidade de retenção de umidade e infiltração que resultam nas paisagens tal como elas se 
encontram no presente. 
 Os solos atuais, suas características e propriedades são resultado do balanço entre a taxa de 
pedogênese (ou intemperismo) e a taxa de erosão. Quando a primeira é maior que a segunda, o solo 
resultante tende a ser profundo e bastante evoluído. Já quando a erosão suplanta a pedogênese 
temos solos rasos e bem jovens. 
 A pedogênese ou intemperismo é o resultando das interações entre os fatores de formação do 
solo (já mencionados), já a erosão está relacionada a vários fatores. Tem-se, a seguir, um 
detalhamento relacionado a esses itens. 
 
2 - FATORES DE FORMAÇÃO DO SOLO 
 
 Os solos diferem entre si de um continente ou de uma região para outra, ou mesmo 
localmente. As diferenças são variáveis em termos de magnitude e encontram-se na dependência 
dos cinco fatores de formação do solo: material de origem, clima, organismos, relevo e tempo. Estes 
fatores apenas apontam para a possibilidade de formação dos solos, porém nada dizem sobre como 
eles se formam. 
 Muito embora estes fatores atuem de forma interrelacionada, serão discutidos aqui de forma 
isolada, com o intuito de tornar a compreensão mais fácil. 
 
2.1 - MATERIAL DE ORIGEM 
 
 Refere-se ao material geológico a partir do qual o solo se forma. Dentre eles citam-se: 
1 - Rochas ígneas - formadas a partir da consolidação do magma. Esta consolidação pode se 
verificar: 
a) a superfície - Neste caso, o contato com o ar permite o resfriamento rápido e, em consequência, o 
tamanho dos minerais formados é muito pequeno e praticamente impossível sua distinção a olho nu 
(ex: basalto, riolito etc); 
b) a grandes profundidades - Neste caso, o resfriamento é mais lento devido a menor dissipação do 
calor, e os minerais formados tiveram tempo para “maior crescimento” sendo, portanto, maiores e 
facilmente distinguidos com a vista desarmada (ex: granito, gabro etc); 
 
 
3 
3 
c) a profundidades intermediárias entre as anteriores - Os minerais assim formados apresentam 
características também intermediárias em relação às rochas anteriores, sendo os minerais 
razoavelmente visíveis a olho nu. 
2 - Rochas sedimentares - formadas através da consolidação de materiais (sedimentos)oriundos da 
alteração de rochas pré-existentes (ex: arenito, calcário, ardósia etc). 
3 - Rochas metamórficas - formadas pela alteração de rochas ígneas e sedimentares em condições 
de temperatura e pressões elevadas (ex: gnaisses, xisto, quartzito etc). 
4 - Depósitos (sedimentos) diversos - deposição por rios (aluviões); por vento (dunas, cinzas 
vulcânicas etc). 
 A formação do solo não deixa de ser a transformação do material geológico em solo, este 
último, naquela concepção vista anteriormente (corpo natural, tridimensional etc). Por material 
geológico ou, no caso presente material de origem, entende-se tanto a rocha consolidada, como 
sedimentos inconsolidados (aluviões, cinzas vulcânicas etc). 
 Nem sempre é fácil fazer inferências a respeito da influência dos materiais inconsolidados 
na gênese do solo, uma vez que os mesmos são transportados em épocas e condições às vezes 
bastantes variadas, requerendo estudos mais detalhados. Assim, os comentários a respeito do papel 
do material de origem na formação dos solos serão restritos as características principais das rochas. 
a) Composição química e mineralógica da rocha - As rochas nada mais são que uma associação de 
minerais. Como estes são muito variáveis em termos de composição química, parece lógico admitir 
que os solos originados serão também variáveis química, mineralógica e fisicamente. Assim é de se 
prever que características dos solos como: conteúdo de elementos nutrientes para as plantas, 
natureza da reserva mineral (minerais que após decomposição podem fornecer nutrientes), textura, 
mineralogia, cor etc, estão relacionadas com a composição dos minerais que compõem as rochas. 
 Assim, se uma rocha for constituída de minerais pobres em cálcio, não é de se esperar que o 
solo formado desta rocha seja rico quanto a este elemento. A menos que haja contribuição de 
materiais de outros locais (ex: uma fonte de calcário próxima etc). É difícil também prever que uma 
rocha pobre (uma pelítica aluminosa qualquer) dê origem a um solo eutrófico com quantidades 
expressivas de argilo minerais do grupo das esmectitas. 
 Por outro lado, uma rocha rica em minerais em cuja composição química se verifica cálcio, 
magnésio, potássio além de outros elementos, tende a originar solos de melhor fertilidade natural. 
Esta tendência, obviamente vai depender da intensidade dos outros fatores de formação do solo. 
 Em termos de textura, é muito difícil conceber, pela própria composição da rocha que um 
arenito vá originar solos com substanciais quantidades de argila. 
 No que se refere à influência do material de origem na cor dos solos, poder-se-ia tomar 
como exemplo solos desenvolvidos de basalto (rocha rica em minerais ferromagnesianos). Como a 
rocha apresenta minerais com contêm ferro em sua estrutura, poderão originar solos bastante 
vermelhos em condições de boa drenagem (formação de hematita - Fe2O3). Já em condições de 
drenagem mais reduzida, a coloração tenderá a ser amarelada, sugerindo formação de goethita 
(FeOOH). 
b) Estrutura das rochas - Diz respeito ao aspecto do arranjamento dos minerais nas rochas, 
refletindo na sua porosidade. Às vezes rochas contendo quantidades expressivas de minerais 
primários de fácil decomposição, resistem à alteração devido à sua compacidade, dificultando a 
ação intempérica. 
 
2.2 – CLIMA 
 
 O clima é tido por alguns autores como, talvez, o mais importante fator de formação do solo. 
Clima e organismos constituem os fatores mais ativos na gênese dos solos. 
 Embora vários fatores climáticos influenciem na gênese dos solos, serão feitos comentários 
breves apenas sobre o efeito da precipitação e temperatura. 
 
 
 
 
4 
4 
 
a) Precipitação 
 A água é um componente essencial na maioria das reações químicas no solo. Dessa forma 
sua presença é determinante no desencadeamento do intemperismo e, consequentemente na 
formação do solo. Neste aspecto, a água participa tanto de reações químicas (hidrólise, tida como 
uma das principais reações na gênese - vista posteriormente) quanto na lixiviação de produtos 
formados (íons diversos, sílica etc). 
 O solo é considerado mais desenvolvido ou evoluído quanto maior for número de camadas 
relacionadas pedogeneticamente que ele possui. Neste aspecto, a precipitação é determinante e os 
solos dos trópicos úmidos são exemplos clássicos deste fato. Jenny (1941) destacava que “o mais 
ativo agente no desenvolvimento de um perfil de solo é água percolando”. 
 Estas colocações podem ser melhor exemplificadas pela observação da figura 1. O autor 
tenta mostrar a mineralogia dos solos em função da intensidade do intemperismo e da intensidade 
de lixiviação. Observe que quanto maior a intensidade destes dois processos maior a tendência de 
formação de óxidos e, consequentemente, de solos mais intemperizados. 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 1- Mineralogia dos solos em função da intensidade do intemperismo e da lixiviação. (Fonte: 
Crompton, 1960) 
 
 Sherman (1952) também faz uma correlação interessante entre a precipitação, o teor de 
argila e a mineralogia dos solos do Havaí. Constatou-se que à medida que aumentava a precipitação 
maior era o conteúdo de argila e maior também era a participação dos componentes oxídicos nesta 
fração, nos solos daquele país. Certamente que, neste caso, as condições de drenagem também 
foram suficientes para promover expressiva lixiviação de bases e sílica do sistema. 
b) Temperatura 
 O papel da temperatura na formação do solo fica bem claro pelo seu efeito sobre as reações 
químicas. De acordo com o princípio de van’t Hoff para cada aumento de 10 graus em temperatura 
a velocidade das reações químicas aumenta 2 ou 3 vezes. 
 Pode-se dizer que, nos trópicos úmidos, o fator temperatura aliado ao fator precipitação, são 
os principais fatores responsáveis pelo desenvolvimento de grande parte dos seus solos, sobretudo 
os Latossolos. O inverso pode ser dito a respeito dos solos de regiões frias, como no Alasca, por 
0 10
INT. INTEMPERISMO
0
2
4
6
8
10
IN
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LIX
IV
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ÇÃ
O
ÓXIDOS
1:1
2:1
CROMPTON (1960)
 
 
5 
5 
exemplo, onde as baixas temperaturas inibem o desencadeamento das reações de intemperismo, 
particularmente aquelas relacionadas à atividade microbiana. 
 Deve ficar claro que só o fator temperatura não diz muito quanto à formação e 
desenvolvimento dos solos. Não adianta temperaturas elevadas sem que haja água em quantidades 
adequadas para que o solo evolua. 
 
2.3 – ORGANISMOS 
 
 Os organismos do solo (inclui população viva: bactérias, fungos, protozoários, nematóides, 
cupins, minhocas, formigas, tatus, entre vários outros, bem como a vegetação e o próprio homem) 
são de suma importância na formação do solo. Isso, em função do grande número de processos em 
que participam nos solos: fotossíntese, fixação de nitrogênio atmosférico, formação e transformação 
da matéria orgânica, nitrificação, desnitrificação, redução de ferro, manganês, sulfatos, estruturação 
(agregação), homogeneização (formação de galerias por animais e raízes) etc. 
 Nos estágios iniciais da formação do solo, dois dos principais elementos (C, N) 
indispensáveis à vida e ao desencadeamento do intemperismo não são muito abundantes na crosta 
terrestre. A colonização da rocha por algas fotossintetizadoras e fixadoras de nitrogênio assume, 
nestes estágios iniciais, papel decisivo no processo do intemperismo como um todo. Com o avançar 
do processo e o estabelecimento da vegetação desencadeia-se uma série de reações físicas, químicas 
e biológicas, que tem como produto uma mistura complexa de matéria orgânica e partículas 
minerais, que manifesta maior expressão na superfície da terra e que juntamentecom as fases 
líquida e gasosa vão constituir o solo. 
 Neste processo tanto os organismos responsáveis pela decomposição da matéria orgânica 
(lignina, proteínas, celulose, hemicelulose etc), com consequente formação de ácidos orgânicos 
(húmicos e fúlvicos) que também contribuem para a dissolução de minerais, bem como organismos 
maiores pela sua ação homogeneizadora, são de suma importância no desenvolvimento do solo. 
Certamente que aí inclui-se a vegetação, protegendo contra a radiação e precipitação diretas, 
reciclando elementos , incorporando material (queda de galhos, folhas etc), absorvendo íons, enfim 
reciclando elementos. 
 Nunca é demais lembrar que a interdependência é basicamente a lei do universo, e vários 
fatores do solo ou do ambiente afetam a atividade dos organismos no solo, particularmente os 
microrganismos responsáveis pela decomposição da matéria orgânica. Destacam-se: temperatura 
(extremos inibem a ação microbiana); relevo (condicionando umidade no solo); precipitação; 
textura; nutrientes; pH etc. 
 Finalmente não se pode deixar de fazer referência da ação humana que, quer por meio de 
desmatamentos, escavações para construções, exploração de minerais etc, quer por meio da 
mecanização agrícola e do emprego de pesticidas diversos, quase sempre sem se preocupar com a 
biota, não deixa de ser um fator importante na formação dos solos ou, no mínimo, na alteração de 
suas propriedade físicas, químicas e biológicas. 
 
2.4 – RELEVO 
 
 O contorno, ou topografia, ou relevo da superfície da terra pode influenciar na formação do 
solo de várias maneiras, em geral, condicionando o movimento superficial da água ou influenciando 
na erosão. Assim, solos de uma determinada região, desenvolvendo-se sobre um mesmo material de 
origem e condições climáticas diferentes podem apresentar-se bastante diferenciados, dependendo 
da posição onde se desenvolveram-se. 
 Na parte superior e mais plana, as condições de relevo permitem maior penetração de água 
favorecendo o aprofundamento da frente de intemperismo, possibilitando a formação de solos mais 
evoluídos (Latossolos por exemplo). Onde o relevo é mais movimentado (superfície mais ondulada) 
a penetração da água é menor, tendendo a escorrer superficialmente carreando (erodindo) o solo. 
Tem-se aí a formação de solos mais jovens cuja profundidade vai depender da erosão (ou da energia 
 
 
6 
6 
da água). Se esta energia não é tão intensa pode-se formar solos moderadamente profundos como os 
Podzólicos por exemplo. Sendo um pouco mais intensa pode-se dar origem a solos com um 
desenvolvimento incipiente do horizonte B, portanto os Cambissolos. Quando a erosão é bastante 
intensa mal dá tempo para formação de horizonte B e o horizonte A encontra-se assentado 
diretamente sobre a rocha (Solos Litólicos). 
 Deve-se ficar claro que este é um exemplo hipotético, apenas colocado aqui objetivando 
facilitar o entendimento. Portanto, não significa que se tem solos jovens só em relevo movimentado 
e solos evoluídos somente em relevo plano. Deve-se ficar claro que o solo não é só função do 
relevo, conforme já mencionado quando se apresentou a equação de Dokuchaev. 
 Finalmente, deve-se registrar que no local de deposição de materiais (aluviões - figura 6) se 
o acúmulo de água for de tal magnitude que permita encharcamento prolongado desenvolvem-se 
solos hidromórficos (colorações acinzentadas refletindo a redução de ferro). 
 
5 – TEMPO 
 
 Diz respeito ao intervalo de tempo que vai desde a exposição da rocha e a imediata 
colonização por plantas até a formação do solo final. Não se refere ao tempo de deposição do 
material de origem. 
 O lapso de tempo requerido para que um solos desenvolva suas camadas geneticamente 
relacionadas (horizontes) depende também dos outros fatores de formação. Assim, os horizontes 
tendem a desenvolver-se mais rapidamente em condições de climas quentes e úmidos onde a 
intensidade de intemperismo e de lixiviação são favorecidas. 
 
3 - PROCESSOS DE FORMAÇÃO DOS SOLOS 
 
 Os processos de formação de solos referem-se aos mecanismos pelos quais os solos se 
formam, ou os perfis se desenvolvem, originando horizontes cujas características dependem dos 
mecanismos envolvidos. 
 Numa tentativa de facilitar a compreensão, os processos de formação de solo serão divididos 
em gerais e específicos. Antes de tratar destes processos propriamente ditos será feita uma breve 
revisão sobre algumas reações envolvidas no intemperismo que são determinantes na formação dos 
solos. 
 Os processos de formação dos solos se iniciam com o intemperismo de rochas e de minerais. 
Reações de natureza física (efeito da água, vento, gelo e organismos desintegrando as rochas) e 
química (hidrólise, hidratação, dissolução, quelação, oxi-redução e carbonatação) causam 
constantes e consideráveis mudanças na massa orgânica e mineral dos solos. Normalmente, nas 
condições tropicais os processos químicos prevalecem sobre os físicos, por esta razão apenas alguns 
dos primeiros serão tratados aqui. 
 
a - HIDRÓLISE 
 
 É o processo de intemperismo referente às reações entre os íons H
+ 
e OH
-
 da água com os 
elementos (ou íons) da rocha ou mineral. A água apesar de ser normalmente considerada pelo 
homem como um líquido neutro, nada tem de inerte, ela é um poderoso reagente químico suprindo 
íons ativos H
+ 
e OH
-
 para as reações. Pode-se dizer que para os feldspatos e outros minerais 
silicatados, a água é provavelmente o inimigo público nº 1. 
 
 Um exemplo de hidrólise pode ser dado pela alteração de um feldspato potássico (KAlSi2O8 
- ortoclásio): 
 
KAlSi3O8 + H
+ 
+ OH
-
 HAlSi3O8 + K
+
 + OH
-
 
 
 
7 
7 
 (sólido) (aquoso) (sólido) (solução) 
 
 Nota-se que nesta primeira etapa da reação houve substituição do potássio da estrutura do K-
feldspato pelo íon H
+
, o que altera sobremaneira a estabilidade do mineral. Continuando a hidrólise 
(significa quebra pela ação da água) tem-se a formação da caulinita: 
 
2 HAlSi3O8 + 5H
+ 
+ 5OH
-
 Al2Si2 (OH)4 + 4H4SiO3 
 (sólido) (aquoso) (caulinita-sólido) (solução) 
 
 Se continuar havendo água no sistema tanto para a continuidade da reação, como para 
remoção (lixiviação) dos produtos solúveis formados tem-se a formação da gibbsita: 
 
 Al2Si2 (OH)4 + 5H
+ 
+ 5OH
-
 2Al(OH)3 + 4H4SiO4 
 (caulinita-sólido) (aquoso) (gibbsita-sólido) (solução) 
 
 
 Nota-se que além da hidrólise essas reações apresentam dissolução e hidratação. O K
+
 e o 
H4SiO4 são solúveis e podem ser removidos pela água de drenagem ou submetidos à recombinações 
com formação de novos minerais secundários. A hidratação é evidente pela formação de óxido de 
alumínio, no caso representado pela gibbsita (o mecanismo de formação dos óxidos de ferro 
também é semelhante, obviamente que partindo de um mineral primário contendo este elemento em 
sua estrutura). 
 
 Em síntese, pode-se dizer que estas reações (hidrólise, hidratação e dissolução) intensificam 
a desintegração do mineral e, para haver a formação de óxidos, tem que ocorrer uma lixiviação 
intensa de bases e de sílica. Isto é, caso esta lixiviação não seja eficiente, estes produtos podem 
recombinar-se formando outros minerais. 
 
b - CARBONATAÇÃO 
 
 A carbonatação é a reação de um composto qualquer (no caso material geológico) com ácido 
carbônico (H2CO3), um ácido fraco produzido quando o CO2 (atmosférico ou da respiração 
biológica durante a decomposição da matéria orgânica) reage com a água. 
 
 O ácido carbônico assim formado e dissolvidona água é mais eficiente na dissolução de 
minerais do que a água “pura”. As reações envolvidas neste processo podem ser assim 
exemplificadas: 
 
CO2
 
 + 
 
 H2O H2CO3 (H
+
 + HCO3
-
) 
 (formas iônicas na água) 
 
 Estes íons dissolvidos na água, reagindo com uma rocha calcária (calcítica ou dolomítica) 
levam a formação de bicarbonatos solúveis: 
 
CaCO3 + H
+
 + HCO3
-
 Ca(HCO3)2 
 (muito solúvel) 
 
 O exemplo da reação envolvendo a dissolução da dolomita é também clássico: 
 
CaMg(CO3)2 + 2 H2O + 2CO2 Ca(HCO3)2 + Mg(HCO3)2 
 (muito solúveis) 
 
 
8 
8 
 
 Pela reação anterior, observa-se que aumentando a concentração de água a reação tende para 
a direita, no sentido de produzir íons carbonatos solúveis, que tenderiam a se perder por lixiviação. 
Isso significa dizer que, a acumulação de carbonatos no perfil do solo, tende a se verificar em 
regiões com déficit hídrico acentuado. 
 
c - OXIDAÇÃO-REDUÇÃO 
 
 Oxidação ocorre quando um átomo perde um elétron. A oxidação é muito evidente em 
rochas que contêm ferro, elemento de fácil oxidação. O ferro das rochas está na forma reduzida 
(Fe
2+
), quando ocorre oxidação a íon férrico (Fe
3+
) o cristal tende a se reajustar. Tal reajuste resulta 
em minerais menos estáveis que ficam sujeitos à desintegração e a decomposição. 
 
 As vezes, o Fe
2+
 pode ser liberado e quase concomitantemente ser oxidado. É o que ocorre 
por exemplo na hidratação da olivina, com liberação de óxido ferroso, que poderá ser oxidado para 
óxido férrico (no caso goethita ou hematita): 
 
3MgFeSiO4 + 2 H2O H4Mg3Si2O9 + SiO2 + 3FeO 
 (olivina) (serpentina) (óxido ferroso) 
 
4FeO + O2 + 2 H2O 4 FeOOH ou 
(óxido ferroso) (goethita) 
 
4FeO + O2 2 Fe2O3 
(óxido ferroso) (hematita) 
 
 Redução ocorre quando um átomo ganha um elétron (aumento de carga negativa). Nos solos 
esta reação ocorre em condições de escassez de oxigênio ou de encharcamento com água 
(hidromorfismo), onde os microrganismos transferem elétrons do carbono da matéria orgânica para 
outros átomos que não o oxigênio, tais como nitrogênio, ferro e manganês. Um exemplo é a redução 
da hematita: 
 
2 Fe2O3 + CH2O + 7CO2 + 3 H2O 4Fe
2+
 + 8HCO3
- 
 
 Em alguns solos as reações de oxidação e redução podem deixar seu registro em um mesmo 
perfil. Assim em locais onde o acúmulo de água é permitido, a redução de ferro é favorecida, 
verificando-se solos de coloração acinzentadas. Se, por alguma razão qualquer (mudanças 
climáticas, por exemplo), ocorrer um abaixamento do lençol freático (ou seja, melhoria das 
condições de drenagem ou de oxigenação em algum local do perfil) o ferro anteriormente reduzido 
(Fe
2+
) tende a oxidar-se (Fe
3+
) gerando locais de coloração vermelho-amarelada que normalmente 
distribuem-se no perfil mesclando com a massa acinzentada sob a forma de mosqueados. Estas 
pontuações avermelhadas são macias quando úmidas, mas endurecem irreversivelmente quando 
secam, formando plintita. 
 
 
 
3.1 - PROCESSOS GERAIS DE FORMAÇÃO DE SOLOS 
 
 O grau de complexidade ou de interdependência dos fatores de formação comentados 
anteriormente, sugerem que os processos de formação (mecanismos pelos quais os solos são 
formados) também não devem ser simples. 
 
 
9 
9 
 A literatura é bastante rica em terminologia designando ou tentando designar processos 
específicos de formação de solos: Latolização - Laterização - Latossolização (processo de formação 
de Latossolos); Podzolização (formação de Podzóis e Podzólicos) etc. Alguns autores, entretanto, 
destacam que nos fenômenos pedogenéticos não ocorrem processos específicos na formação de um 
determinado solo. Apregoam que o que se passa é uma série de mecanismos (reações diversas) em 
comum, resultantes de processos variados que se manifestam de forma simultânea em praticamente 
todos os solos. 
 Dessa forma os processos de diferenciação de um solo Podzólico seriam praticamente os 
mesmos que aqueles de um Podzol ou mesmo de um Latossolo. A importância relativa de cada 
processo, operando na diferenciação dos horizontes, não seria uniforme em todos os solos podendo 
variar, também, ao longo do tempo. Por exemplo: a perda de sílica (dessilicificação) e bases em 
geral é mais marcante em um Latossolo que num Podzólico, onde isto também se verifica mas a 
perda de argila do A e acúmulo no B é mais marcante. A movimentação de óxidos de alumínio e 
ferro juntamente com a matéria orgânica é, por sua vez, mais importante na diferenciação de 
horizontes Podzóis que do Podzólicos. 
 Assim Simonson (1959) e depois outros autores introduziram os termos: adições, perdas ou 
remoções, transporte ou translocação e transformações contínuas de materiais, para referir-se aos 
processos gerais de formação dos solos. 
 
3.1.1 – ADIÇÕES 
 
 Tudo aquilo que é incorporado ao solo vindo da própria pedosfera ou do mundo exterior: 
energia solar, precipitação, poeiras, cinzas, nitrogênio atmosférico, sedimentos, sais, matéria 
orgânica, nutrientes, etc. 
 
3.1.2 – TRANSFORMAÇÕES 
 
 Todas as modificações químicas, físicas e biológicas dos constituintes residuais, importados 
ou neoformados, nos solos: minerais primários; minerais secundários; compostos orgânicos e 
organo-minerais etc. 
 
3.1.3 – TRANSLOCAÇÕES 
 
 Refere-se ao movimento seletivo de materiais residuais importados ou neoformados, no 
perfil do solo: íos em solução, tanto em movimentos descendentes como ascendentes (quando 
evaporação excede precipitação); de argila; de óxidos; de complexos organo-metálicos etc. 
 
3.1.4 – PERDAS 
 
 Processos onde os constituintes deixam o perfil: de nutrientes pelas colheitas, pela erosão, 
pelo fogo, pela lixiviação; por denitrificação; de partículas pela erosão eólica e hídrica etc. 
 Alguns autores distinguem ainda os chamados remanejos mecânicos ou movimentos não 
seletivos no interior do perfil (movimento do próprio material de origem, ação mecânica dos seres 
vivos, gelo e degelo etc). 
 Como estes processos refere-se aos mecanismos de formação dos solos de forma muito 
generalizada, nomenclaturas mais específicas, caracterizando ou tentando caracterizar processos 
específicos, são muito comuns na literatura. 
 
3.2 - PROCESSOS ESPECÍFICOS DE FORMAÇÃO DE SOLOS 
 
3.2.1 - LATOLIZAÇÃO 
 
 
10 
10 
 Também referido como latossolização ou laterização, refere-se ao processo de formação de 
solo caracterizado pela remoção de sílica e bases do perfil (ver o exemplo da reação de hidrólise), 
após intemperismo dos minerais. Em consequência, verifica-se acúmulo relativo de ferro, alumínio 
e mesmo titânio, por serem menos solúveis (Quadro 1). 
 
Quadro 1: Solubilidade relativa de alguns elementos segundo Polynov (1937), citado por Moniz 
(1975). 
 
Elementos Índice de Solubilidade* 
Cl
-
 100,0 
SO4
2-
 57,0 
Ca
2+
 3,0 
Na
+
 2,4 
Mg
2+
 1,3 
K
+
 1,2 
SiO2 0,2 
Fe2O3 0,04 
Al2O3 0,02 
* Baseou-se na concentração destes elementos nas águas de um rio de uma bacia hidrográfica, 
atribuindo o índice 100 para o elemento mais solúvel. 
 
 Na latolização praticamente não se verifica translocação de material (argila, óxidos, argila-
óxidos etc) do horizonte A, com o consequente acúmulo no B. 
 Os solos formados por este processo são aqueles com Blatossólico (Bw) e são chamados no 
Brasil de Latossolos. Estes solos são tidos como os mais desenvolvidos ( mais velhos) da crosta 
terrestre e localizam-se nas partes da paisagem há muito tempo expostas, ocupando, em geral, as 
superfícies mais elevadas (planaltos, “chapadões”). 
 Como estes solos são submetidos a intenso intemperismo e lixiviação ao longo do tempo de 
sua formação apresentam como características: são profundos, com pouca diferenciação entre os 
subhorizontes, apresentando predomínio de óxidos de Fe e Al e argilo minerais de estrutura 1:1, 
portanto de baixíssima capacidade de retenção de bases, virtual ausência de minerais primários 
facilmente decomponíveis, portanto, sem maiores reservas de nutrientes. Além disso, apresentam 
estrutura granular (“pó-de-café”), boa drenagem, sendo macio quando seco, de alta friabilidade 
quando úmido, o que facilita o trabalho no solo mesmo depois de chuvas. 
 Os Latossolos constituem a principal classe de solos do Brasil e, em função de suas 
características físicas e topográficas favoráveis, vêm sendo intensamente utilizados agricolamente. 
Como, na sua grande maioria, são distróficos ou álicos necessitam de correções e/ou adubações para 
o aproveitamento agrícola. 
 
 
 
 
 
3.2.2 – PODZOLIZAÇÃO 
 
 Abrange processos que se caracterizam pela translocação de materiais (argila, óxidos de Fe e 
Al, complexo matéria orgânica-óxidos de Fe e Al etc) dos horizontes superficiais (A ou E) com o 
consequente acúmulo no horizonte B. 
 O(s) horizonte(s) onde a remoção destes materiais é intensa é chamado eluvial e o processo 
associado é a eluviação (o horizonte E é o exemplo mais típico). O(s) horizonte(s) onde a 
 
 
11 
11 
acumulação do material removido por eluviação é expressivo é denominado iluvial e o processo 
associado é dito iluviação. 
 Se o material translocado for matéria orgânica associada a óxidos de Fe e de Al, o que 
geralmente acontece quando o material é pobre em argila (arenito, quartzito e sedimentos arenosos), 
com alguma restrição de drenagem, tem-se a formação de solos com horizonte B podzol (Solos 
Podzóis). Estes solos predominam em regiões de clima frio na terra, sob o domínio de vegetação de 
coníferas. Em regiões mais quentes, como no Brasil, em situações especiais como ao longo das 
áreas de Restinga, trechos de platôs litorâneos e, de forma bem expressiva em áreas arenosas da 
bacia do Rio Negro na Amazônia, estes solos também ocorrem. 
 Se o material translocado for argila silicatada (material de origem com potencial para gerar 
solo mais argiloso) que se deposita nas superfícies dos agregados do horizonte B, podendo inclusive 
formar cerosidade (aspecto lustroso da superfície do agregado indicando filmes ou películas de 
argila), tem um solo com B textural (Solos Podzólicos e outros que serão vistos posteriormente). 
 Desta forma pode-se inferir que os solos que sofreram o processo de podzolização têm os 
horizontes bem diferenciados, resultado da translocação de material. Apresentam ainda maior 
percentual de argila no horizonte B que no horizonte A, portanto, apresentam maior relação textural 
que os Latossolos. Se esta relação textural (% argila do B/ % argila do A) não for muito expressiva 
levando a confundi-lo com Latossolo, a presença de cerosidade é indispensável para a 
caracterização segura de um solo com horizonte B textural. 
 Tanto os solos com B textural (Bt) como com B podzol, quando encontram-se em relevo 
movimentado, tendem a ser facilmente erodíveis, por causa do material mais arenoso na superfície. 
No caso dos solos com B textural, a diferença de textura entre os horizontes A e B, dificulta a 
infiltração da água imediatamente abaixo do A, o que favorece o desencadeamento do processo 
erosivo. 
 Os Podzóis ocupam pequenas e localizadas áreas do território brasileiro e, pela sua textura 
arenosa e distrofia, são pouco utilizados agricolamente. 
 Os Podzólicos (Bt), depois dos Latossolos, são, talvez, a principal classe de solos do Brasil. 
Sua fertilidade é variável e sua utilização agrícola requer emprego de técnicas criteriosas de 
conservação. 
 
3.2.3 – HIDROMORFISMO 
 
 Como o próprio nome indica, refere-se a alterações morfológicas e químicas nos solos, 
impostas pelo excesso de água no perfil (encharcamento). Nestas condições o arejamento tona-se 
deficiente o que condiciona lenta decomposição da matéria orgânica, provocando seu acúmulo. 
 O ambiente é tipicamente redutor (excesso de água e deficiência de oxigênio) onde a 
decomposição (mais lenta) da matéria orgânica é feita por microrganismos anaeróbios. Estes 
organismos transferem elétrons do carbono orgânico para outros elementos como o ferro e o 
manganês, reduzindo-os. Na forma reduzida estes elementos são mais solúveis, portanto, mais 
móveis no perfil, podendo inclusive, causar toxidez para as plantas. 
 A ausência de Fe
3+
 (forma oxidada) ou o predomínio de Fe
2+
 (forma reduzida) faz com que o 
solo desenvolva cores acinzentadas (gleizadas, daí o nome gleização também usado para este 
processo) abaixo de um horizonte mais escuro rico em matéria orgânica. 
 Os solos hidromórficos (ou Gleis) ocorrem nas depressões, isto é, nas partes mais baixas dos 
terrenos e apresentam grande potencialidade para exploração agrícola, sobretudo com arroz 
inundado. 
 
3.2.4 – TIOMORFISMO 
 
 Trata-se de uma particularidade de hidromorfismo em ambientes ricos em enxofre sob a 
forma de sulfetos (depressões litorâneas e manguezais). As reações envolvidas este processo podem 
ser assim apresentadas: 
 
 
12 
12 
Fe
2+
 + 2S
2-
 FeS2 
 (pirita) 
 
 FeS2 + 3 ½ O2 + H2O FeSO4 + H2SO4 
 (s) (g) (l) (s-aq) (aq) 
 
 O ácido sulfúrico em meio aquoso dissocia-se em 2H
+ 
+ SO4
2-
, portanto há redução de pH. 
Isso é facilmente comprovado quando se coleta amostra destes solos (Solos Tiomórficos) e 
determina seu pH em condições naturais (com umidade natural) e depois de deixá-la secar ao ar por 
cerca de 60 dias. O pH geralmente cai acentuadamente, sendo comum valores como 2,5; 3,0 etc. 
 Estes solos são de pequena expressividade em termos de área no Brasil. Sua utilização 
agrícola requer cuidados especiais, sobretudo quanto à drenagem. 
 
3.2.5 – CALCIFICAÇÃO 
 
 Consiste na translocação (redistribuição) de CaCO3 no perfil, com sua consequente 
concentração ou enriquecimento em algum horizonte do solo. Cálcio tende a ser o cátion 
dominante no complexo de troca dos solos influenciados por este processo. 
 Este processo se verifica em áreas calcárias onde a precipitação é de tal magnitude que 
permite intemperismo da rocha, mas não é suficiente para que haja remoção dos carbonatos (Ca e 
Mg principalmente). 
 Há uma tendência de complexação do cálcio com a matéria orgânica, formando grandes 
moléculas, cuja decomposição é lenta, permitindo a formação de horizonte superficial espesso, 
escuro, macio, com estrutura granular, eutrófico, chamado A chernozêmico (definido 
posteriormente). 
 Solos que sofreram a influência deste processo ocorrem de forma mais expressiva em 
regiões de vegetação graminóide (pradarias) e, mais raramente, sob florestas também sob climas 
mais secos. No Brasil não são muito abundantes. Registram-se ocorrências na Campanha Gaúcha, 
Pantanal, Norte de Minas e algumas áreas do semi-árido nordestino. 
 
3.2.6 – HALOMORFISMO 
 
 O excesso de sais imprime características peculiares aos solos e sérios problemas agrícolas. 
A maioria dos sais solúveis (aqueles mais solúveis que o gesso)são compostos de cátions como 
Na
+
, Ca
++
, Mg
++
, e ânions como Cl
-
, SO4
-
, HCO3
-
, e usualmente em menores quantidades K
+
, NH4
+
, 
NO3
-
, CO3
--
 além de outros. 
 Os sais que ocorrem nos solos são provenientes da intemperização dos minerais que 
compõem as rochas da crosta terrestre. Entretanto, esta intemperização raras vezes ocasionam 
grandes acumulações de sais em algum lugar. O normal é que os sais solubilizados das rochas sejam 
transportados ao mar ou, em menor escala, depositados em áreas de depressão na superfície da terra. 
Neste último caso, para que os sais se concentrem ou se mantenham no sistema, prevê-se baixa 
precipitação e elevada transpiração. 
 Nestas depressões, o excesso de sais leva à formação dos Solos Salinos, onde os Solonchaks 
são os principais representantes. O processo de formação relacionado com a gênese destes solos é 
chamado salinização. 
 Se o excesso de sais é removido, permanecendo, entretanto, muitos íons sódio adsorvidos 
nas argilas, tem-se a formação dos solos chamados Solonetz. O processo de formação associado é 
dito solonização. Se o sódio é removido e substituído pelo hidrogênio tem-se a formação dos Solodi 
e o processo associado é dito solodização. É comum a ocorrência de solos com elevado teor de 
sódio no horizonte B e hidrogênio no horizonte A, são os solos reconhecidos como Solonetz- 
Solodizado. 
 
 
13 
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 O excesso de sais induz à floculação da argila, tendendo a originar estrutura granular. Já o 
sódio tende a dispersá-la, facilitando sua eluviação e posterior deposição nos macroporos. Isso, em 
termos práticos, significa dizer que os solos salinos (Solonchaks) têm maior macroporosidade que 
os Solonetz. 
 
4 – EROSÃO 
 
No Brasil, a erosão que mais se destaca é a erosão pluvial, ou seja, aquela causada pela água 
(principalmente pela chuva). A água ao atingir o solo, pode seguir três caminhos. Ser novamente 
evaporada e retornar à atmosfera, infiltrar no solo ou escorrer pela superfície do terreno. Os dois 
últimos caminhos estão indiretamente relacionados, ou seja, quanto maior a capacidade de 
infiltração de um solo, menor vai ser sua taxa de escorrimento superficial e vice-versa. 
 Todo processo erosivo passa necessariamente por três fases: (a) desagregação: as partículas 
de solo são carreadas apenas quando estão dispersas; (b) transporte: erosão implica na saída do 
material do solo do sistema; (c) deposição: o material retirado é depositado em outros locais, 
normalmente no leito dos rios, onde provoca assoreamento. 
Vários são os fatores relacionados à erosão, dentre eles destaca-se: 
 
1 - Erosividade da chuva: é a habilidade da chuva em causar erosão. Neste caso a intensidade da 
chuva é muito mais importante que o volume final. 
2 - Cobertura vegetal, que funciona como uma proteção ao solo, diminuindo o impacto da gota de 
chuva (efeito splash) e consequentemente impedindo ou minimizando a ocorrência da 
desagregação. 
3 - Propriedades do solo: Erodibilidade: maior ou menor susceptibilidade do solo à erosão, o que 
sofre a influência de diversas características do solo. 
 
 Textura Porosidade (Infiltração) 
 Estrutura Estabilidade dos agregados 
 Densidade aparente Teor de matéria orgânica 
 Profundidade do solum (horizontes A + B) e espessura do horizonte C 
 
 
4 - Características das encostas: principalmente relacionadas à declividade e ao comprimento de 
rampa 
 
 Vale a pena ressaltar que a erosão é o resultado da interação de todos esses fatores, e que 
existem diferentes formas erosivas, destacando-se: 
A - erosão laminar (em lençol): é o tipo de erosão que se caracteriza por carrear de maneira quase 
uniforme a superfície do solo. Em função disso, é a erosão mais difícil de ser percebida e por 
isso causando danos econômicos consideráveis. Normalmente quando ela é detectada já se 
observa perda significativa do horizonte A e em alguns casos exposição das raízes das plantas. 
Seu monitoramento é feito através de uma rede de pinos. 
B - erosão em sulcos (ravinas): caracteriza-se pela formação de sulcos, normalmente superficiais no 
terreno, e nos locais onde se concentra a ocorrência de enxurradas. É facilmente percebida e 
combatida quando constatada no início do processo. 
C - erosão em voçoroca: resulta numa mudança drástica da paisagem local. São “sulcos” profundos, 
que normalmente atingem o horizonte C dos solos, podendo atingir comumente o lençol 
freático. Ocorrem normalmente em locais de solos pobres com solum (horizonte A + B) raso, 
com cobertura vegetal pouco densa. Práticas de recuperação e mesmo conservação em áreas de 
ocorrência de voçorocas são difíceis e em grande parte dos casos inviáveis economicamente. 
Após estabelecidas sua evolução pode ser feita através de uma rede de estacas. 
 
 
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5 – PERFIL DO SOLO 
 
Assim, em função do balanço entre intemperismo e erosão é que numa viagem, ao observar 
uma seção vertical de um barranco ou um corte de estrada, percebe-se, com relativa facilidade, que 
o solo é constituído de várias camadas de coloração e feições morfológicas distintas. Estas camadas 
são os horizontes dos solos, e o corte vertical em que se encontram organizadas é chamado perfil do 
solo. O perfil, quer observado em um corte de estrada, em um barranco de rio, em uma trincheira, 
ou mesmo examinado com um trado, é que constitui o objeto de identificação e de classificação de 
solos. Vários são os horizontes ou camadas que constituem o perfil do solo (Quadro 1) 
 
Quadro 1 - Simbologia e definição dos horizontes e camadas reconhecidos nos solos 
 
Horizonte ou Camada O 
Horizonte ou camada superficial, de constituição orgânica, normalmente sobreposto a horizonte ou camada mineral. 
Consiste de material orgânico, pouco ou nada decomposto, originado em condições sem excesso de água mas bastante 
úmidas. Provém, principalmente, de material de origem vegetal, como restos de folhas e galhos. 
Horizonte ou Camada H 
Horizonte ou camada de constituição orgânica, superficial ou não, composto de resíduos orgânicos, como restos de 
folhas e de raízes, acumulados em condições de prolongada estagnação de água. 
Horizonte A 
Horizonte mineral, superficial ou em seqüência a horizonte ou camada O ou H, cujas características são influenciadas 
pela presença de matéria orgânica, principalmente decomposta, o que lhe confere uma coloração escura. 
Horizonte E 
Horizonte mineral, cuja característica principal é a perda de argila, com resultante concentração de areia. Encontra-se, 
geralmente, abaixo de um horizonte A ou O, dos quais se distingue pela coloração mais clara, às vezes branca. 
Horizonte B 
Horizonte mineral formado sob um horizonte A, E ou H, comparativamente bastante modificado, em que pouco ou nada 
resta da estrutura original da rocha. Quando presente, é o horizonte de maior interesse para a classificação de 
determinados solos. 
Horizonte ou Camada C 
Horizonte ou camada mineral, normalmente situado sob o horizontes A e B, constituído de material inconsolidado, 
relativamente pouco alterado, onde ainda se identifica características da rocha de origem. 
Camada R 
Camada mineral de material consolidado que, quando úmido, não pode ser cortado com a pá. É constituído de rocha 
contínua ou praticamente contínua, quando ocorre aparecimento de fendas. 
 
Normalmente os solos não possuem todos os horizontes, e nem a organização dos horizontes 
é a mesma em todos os solos. Além disso, um mesmo horizonte pode possuir atributos diferentes, 
para os quais se estabelece parâmetros, principalmente para os horizontes A e B, definindo assim os 
chamados horizontes diagnósticos, que vão permitir a classificaçãodos solos (Quadro 2). 
 
Quadro 2 - Horizontes diagnósticos superficiais e subsuperficiais de solos utilizados pelo sistema 
brasileiro de classificação de solos. 
 
Horizontes diagnósticos 
Superficiais Subsuperficiais 
Horizonte A chernozêmico - horizonte mineral 
superficial, relativamente espesso e rico em 
matéria orgânica (maior que 1%) e com alta 
fertilidade natural (eutrófico). Não possui grande 
expressão geográfica no Brasil, sendo, entretanto, 
de fácil reconhecimento pela sua coloração 
escura. 
 
B latossólico (Bw) - horizonte mineral de aspecto poento (pó de 
café, ou estrutura granular), de coloração homogênea variando do 
amarelo ao roxo, com espessura maior que 50 cm, podendo atingir 
ou mesmo ultrapassar a 10 metros. Tem a mineralogia da argila 
dominada por caulinita e óxidos de ferro e de alumínio, refletindo 
sua intemperização acentuada, o que resulta em valores da relação 
Ki dada pela expressão(1,7 x SiO2/Al2O3) menor que 2,2. Não 
apresenta quantidades de argila muito maiores que aquelas 
verificadas no horizonte A sobrejacente e nem cerosidade. 
Horizonte A húmico - horizonte mineral, rico em B textural (Bt) - horizonte mineral, que apresenta um expressivo 
 
 
15 
15 
matéria orgânica, relativamente espesso, bastante 
escuro, e de baixa fertilidade natural. Ocorre, a 
exemplo do A proeminente, em áreas de maior 
altitude e clima ameno, diferindo daquele, por 
apresentar maior espessura e teor de matéria 
orgânica. 
aumento do teor de argila em relação aos horizontes A e/ou E a ele 
sobrejacentes. Algumas vezes apresenta aspecto brilhoso, como se 
tivesse sido engraxado, dado pela cerosidade (películas de argila 
que envolvem os agregados ou torrões). A espessura é variável, em 
geral superior a 15 cm. 
Horizonte A proeminente - semelhante ao 
horizonte A chernozêmico em cor, conteúdo de 
carbono orgânico e espessura, porém de baixa 
fertilidade natural (distrófico). Comum em áreas 
de maior altitude e de clima mais ameno. 
 
B incipiente (Bi) - horizonte mineral que sofreu alteração química 
e física não muito avançada, porém suficiente para 
desenvolvimento de cor; geralmente é pouco espesso (menor que 
50 cm), podendo ainda apresentar restos da rocha que lhe deu 
origem. Às vezes confunde-se com o horizonte Bw, diferindo do 
mesmo pelos seguintes atributos: relação silte/argila > 0,7; 
CTC > 13 cmol/kg, descontando a participação da matéria 
orgânica; mais do que 4% de minerais facilmente decomponíveis 
determinados na fração areia. 
Horizonte A moderado - horizonte mineral que 
apresenta teores de carbono orgânico variáveis, 
espessura e/ou cor que não satisfaçam aquelas 
requeridas para caracterizar qualquer outro tipo de 
horizonte A. É o horizonte superficial de maior 
ocorrência no Brasil. 
Horizonte B espódico (Bh, Bhs, Bs) - horizonte mineral 
caracterizado por acumulação de matéria orgânica, vinda do 
horizonte sobrejacente (A ou E), o que lhe imprime coloração 
escura (Bh). Algumas vezes a matéria orgânica pode estar 
acompanhada de óxidos de ferro (Bhs, Bs). Ocorre normalmente 
em material arenoso. 
Horizonte A fraco - horizonte mineral que 
apresenta teores de matéria orgânica baixos 
(menor 1%) e cores claras. É comum em áreas da 
região semi-árida do Brasil sob vegetação de 
caatinga. 
 
Horizonte plíntico - horizonte mineral com espessura maior ou 
igual a 15 cm, caracterizado pela presença de plintita, em 
quantidades iguais ou superiores a 15% do material constitutivo. A 
coloração de pontuações avermelhadas da plintita, contrastando 
claramente com as cores pálidas, acinzentadas e esbranquiçadas 
resultantes da redução de ferro, permitem a identificação fácil deste 
horizonte no campo. Este horizonte ocorre conjugado ao horizonte 
B ou C, sendo representado pela letra f (Bf, Cf). 
 
 Através da identificação dos horizontes diagnósticos, e em função de determinadas 
características morfológicas e atributos diagnósticos de cada um deles é que se determinada a classe 
dos solos. As principais características morfológicas são: cor, textura, estrutura, consistência e 
cerosidade. 
 
COR 
 
 A cor é uma das características dos solos de mais fácil percepção e determinação, sendo 
importante no estudo dos solos, pois ela é a primeira característica a ser observada tanto na 
diferenciação de perfis de solo, como na separação de horizontes de um mesmo perfil. 
 Os principais agentes pigmentantes dos solos são: matéria orgânica, responsável pelas 
colorações escuras, e óxidos de ferro, ditando cores cinzentas, amarelas e vermelhas a depender de 
sua forma nos solos: 
 
Fe (II) 
cinzenta 
 Fe (III) 
amarela 
 FeOOH 
 Fe (III) 
vermelha 
 Fe2O3 
 Goethita Hematita 
 
A cor dos solos pode ser considerada uma das suas mais importantes propriedades, em razão 
do número de características acessórias a ela relacionada. Destacam-se: 
 drenagem: cores cinzas normalmente sugerem restrições de drenagem e, consequentemente, pior 
aeração. Em condições de excesso de água o ambiente é de redução, ou seja, o Fe
3+
 transforma-se 
em Fe
2+
, induzindo a formação de cores acinzentadas, nos horizontes imediatamente abaixo da 
camada mais rica em matéria orgânica dos Solos Hidromórficos (Gleis) (comuns em várzeas 
cultivadas com arroz inundado). Normalmente, quanto mais acinzentado o solo, pior a drenagem e a 
 
 
16 
16 
aeração. Cores amarelas, ditadas pela presença de goethita e vermelhas, impingidas pela hematita, 
indicam melhores condições de drenagem e aeração. 
 matéria orgânica: ainda que não constitua uma generalização universal, é bem aceito que quanto 
mais escuro for o solo maior o teor de matéria orgânica. A matéria orgânica por sua vez, é 
responsável por importantes propriedades dos solos como a agregação, retenção de água e cátions. 
Solos escuros também absorvem mais radiação durante o dia que solos mais claros, emitindo mais 
calor à noite. 
A cor dos solos, ou dos horizontes é determinada através da utilização de escalas de padrões 
comparativos, sendo a mais empregada a Escala Munsell (Munsell Soil Color Charts, 1954), sendo 
determinada por três variáveis: o matiz, o valor e o croma. 
Cada página da escala representa um matiz, que traduz o comprimento de onda dominante 
da luz refletida pelo solo. O matiz é designado por número e letra(s), sendo que o primeiro indica a 
gradação da cor, e as letras dizem respeito à cor dominante (Y – amarelo, em inglês yellow; R – 
vermelho, em inglês red; YR – vermelho-amarelo, ou seja uma mistura das cores anteriores). 
A escala tem normalmente os seguintes matizes: 5R (vermelho pleno); 7,5R; 10R; 2,5YR; 
5YR; 7,5YR; 10YR; 2,5Y; 5Y (amarelo pleno). 
Além do matiz, existem nas páginas variações na tonalidade da cor, o que é representado 
pelo valor, cuja escala se encontra na vertical das páginas. O valor traduz a proporção de branco e 
preto combinada com o matiz específico, variando para solos de 2 (2/10 de branco e 8/10 de preto) 
a 8 (8/10 de branco e 2/10 de preto). 
A última variável a ser considerada é o croma, que representa a pureza da cor, ou seja a 
intensidade do colorido, que tem sua escala na horizontal de cada página. Para solos o croma varia 
de 0 a 8, sendo que o 0 indica cores acromáticas, ou seja, cinzento, preto ou branco puros, sem 
influência de matizes vermelhas ou amarelas. 
A cor dos solos varia com a umidade, por isso ela pode ser medida seca ou úmida, sendo 
necessária identificar a qual grau de umidade determinada cor corresponde. Se numa descrição do 
solo não houver qualquer especificação nesse sentido e porque a cor foi determinada com o solo 
úmido, poisnuma descrição de campo é mais fácil umedecer o solo do que secá-lo. 
 
 
 
A cor final de um solo fica assim representada: 2,5YR 5/6 - vermelho 
 
2,5YR 5/6 
 
 
 Matiz 
Croma 
 
Valor 
 
TEXTURA 
 
 A parte sólida dos solos engloba componentes minerais e orgânicos. A porção mineral é 
constituída de partículas de diferentes tamanhos: argila (< 0,002 mm), silte (0,002 - 0,05 mm), areia 
(0,05 - 2 mm), cascalho (2 mm - 2 cm), calhau (2 - 20 cm) e matacão (> 20 cm). 
 
 
17 
17 
 A textura do solo refere-se à proporção relativa das frações areia, silte e argila e depende do 
material de origem e do seu grau de intemperização. Para se determinar a composição 
granulométrica (proporção das diferentes classes de partículas), emprega-se agentes dispersantes 
(NaOH, Calgon) em uma pequena porção de terra fina seca ao ar, separando a fração areia por 
peneiramento e as frações argila e silte por sedimentação diferencial. De posse dos percentuais 
areia, silte e argila entra-se no chamado triângulo textural para determinação da classe textural. 
No Brasil tem-se reconhecido treze classes texturais, convencionadas de acordo com a 
proporção relativa das frações argila, silte e areia. Como na classificação textural estão incluídas 
somente partículas minerais de diâmetro menor que 2 mm, o somatório do percentual de cada uma 
destas frações deve perfazer 100%. Assim, conhecendo-se o percentual de duas frações, a terceira é 
automaticamente fixada. Desta forma, um solo que após análise textural revelou 65% de argila, 
20% de areia, tem, por diferença, 15% de silte e o nome da classe textural é muito argilosa. 
 Visando atender aos trabalhos de levantamento de solos, convencionou-se agrupar as treze 
classes de textura apresentadas no triângulo acima, em cinco grupamentos textura. Assim, os 
seguintes grupamentos texturais, que normalmente acompanham o nome das classes nas legendas 
dos mapas de solos, são reconhecidos: 
 
Textura arenosa compreende as classes texturais areia e areia franca. 
Textura argilosa compreende classes texturais ou parte delas cuja composição 
granulométrica tem de 35 a 60% de argila. 
Textura muito argilosa compreende a classe textural muito argilosa, ou seja, mais de 
60% de argila. 
Textura média compreende classes texturais ou partes delas tendo na compo-
sição granulométrica menos de 35% de argila e mais de 15% 
de areia, excluídas as classes texturais areia e areia franca. 
Textura siltosa compreende parte das classes texturais que tenham silte maior 
que 50%, areia menor que 15% e argila menor que 35%. 
 
 A textura constitui-se numa das principais características dos solos importante para o 
manejo, e a utilização dos mesmos, pois em parte, a textura influencia na taxa de infiltração e no 
armazenamento de água, na aeração, na facilidade de mecanização e ainda em aspectos de 
fertilidade do solo, como na difusão de determinados nutrientes (fósforo por exemplo). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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ESTRUTURA 
 
 Viu-se que a textura de um solo é a proporção relativa de areia, silte e argila, ditas partículas 
primárias dos solos. A maneira como estas partículas se organizam, juntamente com a fração 
orgânica dos solos, uma em relação à outra, é que define a chamada estrutura do solo. 
 A estrutura do solo nada mais é que o arranjamento de partículas em pequenos grupamentos, 
ou unidades secundárias, chamados agregados. Para que estes se formem, há necessidade da ação de 
agentes cimentantes: substâncias orgânicas, óxidos de ferro e de alumínio, carbonatos, sílica e 
argila, principalmente. 
 Em alguns solos, entretanto, não se observam agregados de forma nítida. Nestes casos, duas 
situações são mais comuns: 1) grãos simples: massa inconsolidada nos solos arenosos, onde os 
grãos encontram-se individualizados pela falta de agente cimentante, agindo independentemente um 
em relação ao outro; 2) estrutura maciça: como o próprio nome sugere, refere-se a uma massa 
coesa, sem planos naturais de clivagem, comuns nos horizontes compactados e encrostados 
(encrostamento superficial, pé de arado ou grade) e adensados (constituindo os horizontes 
endurecidos geneticamente). No primeiro caso a movimentação de água e a troca gasosa são 
facilitadas (Areias Quartzosas), no segundo caso, estes fatores são dificultados (Latossolos e 
Podzólicos de tabuleiros). 
Quando existentes, os agregados, por sua vez, ligam-se uns aos outros formando unidades 
maiores, manifestando formas bastante diferentes. 
 A estrutura do solo é uma característica determinada no campo, segundo três atributos: 
forma, tamanho e grau de desenvolvimento. 
A forma define o tipo da estrutura e pode ser laminar, prismática, colunar, blocos angulares 
e subangulares e esferas. 
 Com relação ao tamanho, são reconhecidas as seguintes classes: muito pequena, pequena, 
média, grande, muito grande. Para auxiliar nesta determinação, existe um manual de descrição e 
coleta de solo no campo (Lemos e Santos, 1996), no qual se encontram padrões de tamanho para os 
diferentes tipos de estrutura. 
 Com relação ao grau de desenvolvimento a estrutura pode ser fraca, moderada ou forte, 
referindo-se à resistência de agregados, sua distinção e a proporção de materiais agregados e não 
agregados. 
A estrutura do solo é uma das mais importantes características físicas dos solos. Influencia 
de forma marcante o crescimento das raízes, o movimento da água e do ar no solo, a atividade 
microbiana etc. É, entretanto, uma característica variável no tempo e no espaço, em função de 
fatores climáticos, ciclos de umedecimento e secagem, atividade biológica e atividade humana 
(práticas de manejo). 
 
CONSISTÊNCIA 
 
 Refere-se à propriedade que apresentam os materiais dos solos de se romperem ou 
deformarem mediante uma força aplicada. 
 Duas forças principais são responsáveis pela manifestação da consistência no solo: 1) coesão 
que é a união de partículas adjacentes resultantes de mecanismos físico-químicos como a atração 
eletrostática entre cargas negativas e positivas dos colóides dos solos, força de Van der Waals, 
ligações catiônicas, tensão superficial de curvatura de meniscos nas interfaces ar-água sempre 
 
 
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presente em argilas saturadas etc; 2) adesão refere-se à atração da fase líquida à superfície da fase 
sólida. Pela ação dessa força, as moléculas de água aderem-se à superfície de partículas do solo ou 
mesmo de objetos como implementos agrícolas, máquinas etc. 
Certamente que estas duas forças não atuam de forma separada nos solos e a resultante de 
sua ação faz com que a consistência manifeste duas faixas de máximo e duas faixas de mínimo. Ou 
seja, é maior no extremo seco devido à coesão e novamente quando o solo encontra-se úmido 
devido à adesão. 
 A faixa de umidade mais recomendável para o preparo do solo é a de friabilidade, onde 
verifica-se uma quantidade adequada de água que facilita os tratos culturais, não levando à 
pulverização (comum quando o solo encontra-se seco), nem a aderência (solo plástico e pegajoso) e, 
ou, deslizamento (solo saturado) excessivos. 
 A consistência é uma propriedade dinâmica do solo que varia com seu estado de umidade. 
Assim, é normalmente avaliada com o solo seco (seco ao ar), caracterizando a dureza ou tenacidade 
do solo; úmido (conteúdo de água entre a capacidade de campo e seco ao ar), caracterizando a 
friabilidade; molhado (conteúdo de água ligeiramente acima da capacidade de campo), 
caracterizando a plasticidade ou capacidade do material do solo mudar de forma pela ação de uma 
força aplicada,e a pegajosidade que se refere à capacidade do solo aderir a outros objetos 
(KOHNKE, 1968; LEMOS e SANTOS, 1996). 
 
Síntese da descrição da consistência no campo 
 
CONSISTÊNCIA 
Solo Seco (Dureza) Solo Úmido (Friabilidade) 
Solto; não coerente - entre o polegar e o indicador Solto; não coerente 
Macio; pressão muito leve, fracamente coerente e frágil Muito friável; pressão muito leve 
Ligeiramente duro; quebra fácil - polegar e indicador Friável; pressão fraca e moderada 
Duro; quebra difícil - polegar e indicador Firme; pressão moderada 
Muito duro; quebra com dificuldade nas mãos Muito firme; esboroamento difícil - polegar e 
indicador 
Extremamente duro; não pode ser quebrado com as 
mãos 
Extremamente firme; não se consegue quebrar 
entre o polegar e o indicador 
 
 
Solo Molhado (Plasticidade) Solo Muito Molhado (Pegajosidade) 
Não plástico; não forma fio Não pegajoso; não coerente 
Ligeiramente plástico; fio facilmente deformável Ligeiramente pegajoso; adere-se a um dedo 
Plástico; fio com moderada resistência à deformação Pegajoso; adere-se a ambos os dedos 
Muito plástico; fio com resistência grande à deformação Muito pegajoso; alonga-se bastante 
Fonte: LEMOS e SANTOS (1996) 
 
CEROSIDADE 
 
 Sob essa denominação, são designados os revestimentos de aspecto lustroso e brilho graxo 
que se podem apresentar em superfícies de unidades estruturais do solo. Sua ocorrência está 
relacionada a horizonte B ou raramente C. É uma das características importantes na identificação de 
horizonte B textural. 
 A cerosidade é identificada quanto ao desenvolvimento, isto é, nitidez – fraca, moderada e 
forte; quanto à quantidade – pouca, comum e abundante; e quanto à distribuição – contínua, 
descontínua e fragmentária (OLIVEIRA et al., 1992). 
 
Além das características morfológicas, para estabelecer as classes, assim como diferenciar 
os horizontes diagnósticos alguns atributos inerentes aos solos, e dependentes de determinações de 
laboratório, são de determinação essencial, sendo alguns deles apresentados a seguir: 
Atividade de argila - Refere-se à Capacidade de Troca de Cátions da argila (CTC, ou valor T = Ca2+ + Mg 2+ + Na+ + 
 
 
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K+ + H + Al), determinada a pH 7,0 e descontada a contribuição da matéria orgânica, de acordo com a expressão: CTCr 
={[ CTCpH 7,0 - (%C x 4,5)]/% argila}x 100. É referida ao horizonte diagnóstico B ou mesmo ao C, quando não existir 
B, ou ainda ao horizonte A, quando não ocorrer B e C. Contempla solos de argila de atividade alta (Ta), quando a CTCr 
for igual ou superior a 24 cmol/kg e de argila atividade baixa (Tb) quando inferior. Este atributo é omitido para 
determinadas classes, que por definição serão ou Ta ou Tb. 
Distrofia e eutrofia - Referem-se à proporção de cátions básicos trocáveis em relação a CTCpH 7,0, ou valor T, referida 
como valor V, expresso em percentagem, de acordo com a fórmula: V = 100 x S /T, em que S = (Ca2+ + Mg2+ + Na+ + 
K+). São avaliados no horizonte diagnóstico B ou mesmo ao C, quando não existir B, ou ainda no horizonte A, quando 
não ocorrer B e C, caracterizando solos eutróficos (mais férteis) e distróficos (menos férteis), quando V% for maior ou 
igual a 50%, ou inferior a este valor, respectivamente. O atributo eutrófico é omitido para classes, cuja definição já o 
contempla. 
Caráter álico - Refere-se ao estado do solo quanto à saturação por alumínio, expressa em percentagem, de acordo com 
a fórmula: Al = 100 x Al3+/(S + Al3+). É avaliado no horizonte diagnóstico B ou mesmo ao C, quando não existir B, ou 
ainda no horizonte A, quando não ocorrer B e C, caracterizando solos álicos quando o valor encontrado for maior ou 
igual a 50%. Implica em solos pobres e com problemas relacionados a toxidez causada pelo alumínio às plantas. 
Material orgânico - Refere-se a material com expressiva proporção de material orgânico, normalmente acumulado em 
condições de encharcamento, onde o teor de carbono orgânico deve ser: a) - maior que 12%, quando a fração mineral 
contiver 60% ou mais de argila; b) - maior que 8%, em ausência de argila na fração mineral; c) - maior que 8 + 0,067 x 
%argila, no caso de teores de argila da fração mineral entre 0 e 60%. Este atributo separa os Solos Orgânicos dos 
minerais. 
Caracteres solódico e sódico - Referem-se à proporção de sódio trocável (PST) em relação à CTC determinada a pH 
7,0, conforme a fórmula: PST = 100 Na
+
/ CTCpH 7,0. Os solos caracterizados como solódicos apresentam valores de PST 
entre 6 e 15%. Valores maiores que 15%, caracterizam os solos sódicos e o horizonte nátrico. Importante na 
classificação porque quanto mais sódio contiver o solo, menor é o número de plantas adaptadas que consegue 
sobreviver, o que inviabiliza a exploração agrícola. 
Ki - Índice indicativo de intemperização - refere-se à relação molecular entre a sílica e o alumínio, determinados após 
ataque da amostra com ácido sulfúrico, obtido pela relação Ki = 1,7 x %SiO2/Al2O3. Quanto menor este índice, maior o 
estágio de intemperização, ou seja os solos tornam-se mais oxídicos e poentos (tipo pó de café). O valor 2,2, representa 
o limite superior admitido para o horizonte B latossólico, valores acima deste, já sugere a presença de argilo minerais 
mais ativos na fração argila. 
 
 
 
 
 
Minerais facilmente decomponíveis - Diz respeito a minerais primários pouco ou medianamente resistentes à 
decomposição tais como olivina, piroxênios, anfibólitos, feldspatos que são mais instáveis em relação a outros minerais 
como o quartzo, zircão, turmalina etc. Sua ocorrência dá idéia a respeito da reserva potencial do solo, quanto a alguns 
elementos nutrientes (feldspatos liberando potássio; olivina liberando cálcio e magnésio etc.) , em alguns casos, é 
determinante na separação de algumas classes de solos. 
Mudança textural abrupta - Refere-se ao aumento acentuado do teor de argila dentro de uma pequena distância 
vertical (8 cm), que se verifica entre o horizonte A ou E e o horizonte subseqüente B, conforme as seguintes 
especificações: a) - se o A ou E apresentar menos que 20% de argila, o B deve ter o dobro de argila; caso o A ou E 
tenha mais que 20% de argila, o B deve ter 20% a mais em valor absoluto (por exemplo: 22 para 42) e o dobro ou mais 
em alguma parte. Solos apresentando esta característica são muito susceptíveis à erosão. A água penetra facilmente no 
A (mais arenoso) e muito lentamente no B (muito mais argiloso), isso desestabiliza o horizonte A que começa a ser 
erodido. 
Plintita e petroplintita - A plintita consiste de segregações de ferro e, secundariamente alumínio, associadas com 
material argiloso, quartzo, dentre outros, pobres em matéria orgânica, compondo material brando ou semibrando 
(cortável com instrumento cortante como pá, canivete, faca), individualizadas como porções avermelhadas (mosqueado) 
em um massa de cores acinzentadas, esbranquiçadas ou pálidas, em padrão vesicular ou reticulado. Quando exposta à 
vários ciclos de umedecimento e secagem, tende a endurecer irreversivelmente, formando as concreções ou 
petroplintita. A presença de plintita é indicadora da flutuação do lençol freático durante a formação do solo.

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